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ÍNDICE
1 Introdução........................................................................................................... 6
1.1 Importância da condição corporal em ruminantes .......................................... 7
1.2 Qual o significado de condição corporal? ....................................................... 7
1.3 O ciclo produtivo e a condição corporal .......................................................... 8
2 Condição corporal em pequenos ruminantes ............................................... 12
2.1 O ciclo de produção e o escore recomendado.............................................. 12
2.2 O ciclo de produção e o escore recomendado.............................................. 14
2.3 O Flushing..................................................................................................... 20
3 Manejo e condição corporal em vacas leiteiras ............................................ 24
3.1 O balanço de energia em vacas leiteiras ...................................................... 24
3.2 O Período seco ............................................................................................. 26
3.3 O início da lactação ...................................................................................... 27
3.4 Alterações metabólicas e funções reprodutivas............................................ 28
3.5 O período de serviço..................................................................................... 29
3.6 O método de avaliação da condição corporal............................................... 30
3.7 Literatura....................................................................................................... 33
4 Avaliação visual da condição corporal em vacas leiteiras........................... 36
4.1 O sistema de escore de condição corporal na prática .................................. 36
4.2 Avaliação de vacas com escore de condição corporal inferior a 3................ 40
4.3 Avaliação de vacas com escore de condição corporal acima de 3 ............... 44
4.4 Esquemas explicativos para avaliar o ECC .................................................. 46
5 Manejo e condição corporal em vacas de corte ............................................ 50
5.1 Introdução ..................................................................................................... 50
5.2 O ciclo de produção ...................................................................................... 50
5.3 Fatores que afetam as exigências de vacas de corte ................................... 52
5.4 Condição corporal da vaca ........................................................................... 53
5.5 A orientação dos resultados de pesquisa ..................................................... 57
5.6 Literatura....................................................................................................... 60
6 Avaliação visual da condição corporal em vacas de .................................... 63
6.1 A avaliação da condição corporal em gado de corte .................................... 63
6.2 A condução do processo de avaliação ao longo do ano............................... 69
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estágio do ciclo de produção ......................................................................8
Figura 2 - Prioridade de nutrientes no corpo ...............................................................9
Figura 3 - Como avaliar o ECC..................................................................................10
Figura 4 - Prática de manejo com uso da mão. .........................................................12
Figura 5 - Condição 1 (Emaciado). ............................................................................15
Figura 6 - Condição 2 (Magra)...................................................................................16
Figura 7 - Condição 3 (Média). ..................................................................................17
Figura 8 - Condição 4 (Gorda)...................................................................................17
Figura 9 - Escore 3. ...................................................................................................18
Figura 10 - Escore 1. .................................................................................................19
Figura 11 - Escore 5. .................................................................................................19
Figura 12 - Escore 2. .................................................................................................20
Figura 13 - Escore 4. .................................................................................................20
Figura 14 - Exigências energéticas, consumo de energia, balanço energético,
variação no ECC e fertilidade em vacas leiteiras ao longo do ciclo de produção......25
Figura 15 - Restrição de energia na dieta e modulação da função reprodutiva em
vacas. ........................................................................................................................29
Figura 16 - Áreas específicas de avaliação. ..............................................................36
Figura 17 - Demais áreas específicas de avaliação. .................................................37
Figura 18 - Formação de V pelo ângulo formado entre as extremidades dos ossos. 37
Figura 19 - Destaque para a formação do V pelo ângulo formado entre as
extremidades dos ossos. ...........................................................................................38
Figura 20 - Formação de U pelo ângulo formado entre as extremidades dos ossos.38
Figura 21 - Destaque para a formação do U pelo ângulo formado entre as
extremidades dos ossos. ...........................................................................................39
Figura 22 - Vaca angular V........................................................................................39
Figura 23 - Vaca arredondada U. ..............................................................................40
Figura 24 - Tuberosidade ilíaca arredondada ECC=3. ..............................................40
Figura 25 - Tuberosidade ilíaca angular ECC≤2,75...................................................41
Figura 26 - Tuberosidade isquiática arredondada ECC<2,75....................................41
Figura 27 - Ísquio angular ECC<2,75. .......................................................................42
Figura 28 - Avaliação da cobertura de gordura. ........................................................42
Figura 29 - Avaliação da cobertura de gordura. ........................................................43
Figura 30 - Avaliação da visibilidade dos processos transversos..............................43
Figura 31 - Avaliação da visibilidade dos processos transversos..............................44
Figura 32 - Visibilidade dos ligamentos. ....................................................................45
Figura 33 - Visibilidade dos ligamentos. ....................................................................45
Figura 34 - Visibilidade dos ligamentos. ....................................................................46
Figura 35 - Esquema do corte transversal.................................................................47
Figura 36 - Resumo dos 5 pontos auxiliadores ao escore. Edmonson ET AL. (1989).
...................................................................................................................................48
Figura 37 - Exigência de energia da vaca. ................................................................51
Figura 38 - Exigência de energia da vaca. ................................................................53
Figura 39 - Sistema de produção de gado de corte...................................................56
Figura 40 - Efeito dos dias para o parto na produção de alimentos necessários para
atingir o ganho diário desejado para uma vaca com 500kg de peso vivo saindo de
ECC4 para ECC5. Adaptado de Buskirket Al. (1992).Ganho diário desejado (kg/dia).
...................................................................................................................................59
Figura 41 - O que olhar? Onde olhar?. ......................................................................63
Figura 42 - Vaca emaciada........................................................................................64
Figura 43 - Vaca muito magra. ..................................................................................64
Figura 44 - Vaca magra. ............................................................................................65
Figura 45 - Vaca magra para condição moderada. ...................................................66
Figura 46 - Vaca em condição moderada..................................................................66
Figura 47 - Vaca em condição boa. ...........................................................................67
Figura 48 - Vaca em condição muito boa. .................................................................68
Figura 49 - Vaca obesa. ............................................................................................68
Figura 50 - Vaca muito obesa....................................................................................69
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Escore ideal para cada fase do ciclo produtivo de ovelhas e cabras. ......13
Tabela 2 - Concentração de gordura, proteína e energia no vazio de ovinos em
diferentes escores de condição corporal. ..................................................................15
Tabela 3 - Período de flushing necessário em função do ECC. ................................21
Tabela 4 - Energia líquida de lactação perdida ou depositada, para vacas em
diferentes ECC e com diferentes pesos, quando perdem ou ganham peso..............28
Tabela 5 - Relação entre perda de ECC nas primeiras 5 semanas após o parto e
reprodução. ...............................................................................................................30
Tabela 6 - Recomendações do escore corporal para cada estágio da lactação
(Pennsylvania State University). ................................................................................31
Tabela 7 - Composição do peso corporal vazio (PCVz), PCVz em relação ao ECC 3,
e EL de lactação depositada ou perdida, para cada kg de ganho ou perda de peso.
...................................................................................................................................32
Tabela 8 - Prioridades no uso da energia pela vaca de corte....................................50
Tabela 9 - Condição corporal da vaca. ......................................................................54
Tabela 10 - Composição corporal do PCVz à diferentes escores corporais..............55
Tabela 11 - Reservas de energia para vacas com diferentes tamanhos e condições
corporais....................................................................................................................57
Tabela 12 - Padrão para avaliação de escore corporal em vacas de corte. ..............57
Tabela 13 - Escore de condição corporal e taxa de gestação. ..................................58
Tabela 14 - Efeito do ECC no parto sobre o intervalo pós parto. ..............................58
Tabela 15 - Efeito da alteração do ECC pós-parto sobre a taxa de prenhes.............59
Tabela 16 - Efeito do ECC durante a estação de reprodução sobre a taxa de
prenhes......................................................................................................................70
1 Introdução
Através dos processos fisiológicos que ocorrem em cada fase do ciclo de produção
das matrizes, o organismo determina quais as prioridades para atender as diferentes
funções, e a partir disto, define a partição biológica e o uso dos nutrientes
absorvidos através do trato digestório. Esta prioridade tem em um extremo as
exigências para manutenção como função primordial, e no outro, o acúmulo de
reservas corporais, como de baixa prioridade (Figura 2).
Durante a avaliação deve-se considerar que alguns fatos podem nos levar a cometer
erros, e entre estes destacamos o enchimento do trato digestório, a gestação, a
quantidade de pelo ou lã e a quantidade de músculo.
Em ovinos, o peso corporal é tido como uma medida indireta e pouco sensível para
se avaliar o estado nutricional. Nessa espécie, os aspectos de presença ou não de
lã, diferentes raças, estado e gestações simples, duplas ou triplas, limitam o uso do
peso para estimar o estado nutricional. Por outro lado, inúmeros trabalhos têm
sugerido a avaliação do escore de condição corporal (ECC) como um método
preciso e prático do nível nutricional de um rebanho (DUCKER & BOYD,1977;
GUNN et al., 1984).
A Tabela 1 mostra quais são os escores de condição corporal ideais para cada fase
do ciclo produtivo de ovelhas e cabras, para sistema de avaliação com escore
variando em 5 pontos. Observa-se que a fase na qual o ECC deve estar mais alto é
aquela que precede a parição. E na fase de desmama pode atingir 2 sem maiores
problemas, pois haverá tempo para recuperação dos animais.
Tabela 1 - Escore ideal para cada fase do ciclo produtivo de ovelhas e cabras.
A avaliação da condição corporal das ovelhas e das cabras do rebanho deve ser
feita em pelo menos três períodos críticos durante o ano, ou seja, 4-6 semanas
antes do parto, no desmame, e 4-6 semanas antes da época de reprodução. Estas
avaliações permitirão detectar problemas e solucioná-los a tempo. É importante
frisar que os produtores devem manter os registros da avaliação para que possam
acompanhar o que ocorre com cada indivíduo.
Ovelhas e cabras quando magras não ovulam e quando ovulam, não produzem o
número de óvulos desejado. Assim, é importante avaliar a possibilidade de se utilizar
o flushing, ou seja, o fornecimento de uma quantidade adicional de ração, 2-3
semanas antes do início da estação de reprodução, o que permitirá a recuperação
do escore de condição corporal para níveis desejados.
Após a parição, o escore de condição corporal das ovelhas e das cabras se tornará
crítico, e o melhor escore de condição corporal deve ocorrer nesta ocasião (parição),
pois estes animais estão entrando no período de maior demanda de nutrientes, ou
seja, a lactação. No caso de ovelhas e cabras que parem mais de uma cria, a
ingestão voluntária de matéria seca é insuficiente para atender as exigências de
energia no pico de produção de leite. Assim, é normal que as ovelhas e as cabras
percam peso de forma mais significativa nas primeiras seis semanas após o parto,
pois as reservas de gordura corporal são usadas para atender a demanda de
energia para a produção de leite. Ovelhas e cabras que parem magras produzirão
crias mais leves, menor quantidade de colostro e menor quantidade de leite, e este
fato levará à maior mortalidade da prole e menor peso ao desmame.
DUCKER & BOYD (1977) observaram que ao mesmo peso corporal, ovelhas de
tamanho pequeno e alto ECC tiveram maior taxa de ovulação do que ovelhas
grandes com baixo ECC. Por outro lado, GUNN et al. (1984) encontraram pouca
influência do estado nutricional na taxa de ovulação, durante o período de
encarneiramento, quando o ECC média das ovelhas foi de 2,5, sugerindo, assim, ser
esse o escore crítico mínimo para se obter taxas de ovulação aceitáveis.
Da mesma forma como ocorre com a ovulação, a taxa de concepção parece ser
maior nas ovelhas com moderado ECC quando comparadas com ovelhas com baixo
ECC, no entanto, a diferença não é significativa quando o ECC médio das ovelhas é
superior a 2,5 (GUNN et al., 1991). No mesmo trabalho, foi verificado que ovelhas
com ECC < 2,5 no encarneiramento e mantidas com baixa oferta alimentar foram
incapazes de manifestar sua capacidade reprodutiva, mostrando uma baixa taxa de
natalidade.
A avaliação da condição corporal das ovelhas e das cabras do rebanho deve ser
feita em Na Tabela 2 encontramos a concentração de gordura, proteína e energia no
corpo vazio de ovinos em diferentes escores de condição corporal. Estes dados
foram obtidos pelos autores Sanson et al. (1993) e Cannas et al. (2004) e publicados
no NRC (2007). Observa-se que a concentração de proteína no corpo vazio sofre
Escore 1
Escore 2
Escore 3
Escore 4
Escore 5
Em rebanhos bem manejados mais de 90% dos animais devem apresentar escore
entre 2 e 4. Para facilitar o manejo é recomendado atribuir escores intermediários,
como 2,5. Os escores intermediários são úteis e importantes quando a condição do
animal não é muito clara. A exatidão é difícil, e podemos afirmar que se errarmos ao
atribuir os escore como 3 ao invés de 3,5 não temos grandes problemas, mas se
atribuirmos escores errados como 2 ao invés de 3,5 o problema será grande.
Figura 9 - Escore 3.
Figura 10 - Escore 1.
Figura 11 - Escore 5.
Figura 12 - Escore 2.
Figura 13 - Escore 4.
2.3 O Flushing
Muitas vezes, quando as matrizes não atingem o ECC ideal antes da parição, será
necessária a intervenção do homem de forma a assegurar a rápida recuperação da
condição corporal. Tal necessidade decorre da necessidade de termos as ovelhas e
as cabras ciclando normalmente, e atingindo alta percentagem de concepção, o que
será possível apenas com a condição corporal ideal para a fase de reprodução.
Dessa forma, o objetivo é aumentar a ingestão de nutrientes e melhorar a condição
corporal antes e durante o período de reprodução, e o manejo nutricional adotado é
chamado de flushing. O objetivo desta prática é aumentar a taxa de ovulação e,
conseqüentemente, a taxa de concepção.
O flushing tem uma resposta muito positiva quando aplicado às ovelhas com ECC
entre 2 e 2,5 no sentido de elevar para 3 a 3,5. Ovelhas num plano nutricional
crescente têm melhores taxas de ovulação. Normalmente uma pastagem de boa
qualidade pode colocar 1 escore de condição corporal num período de 6 semanas.
As taxas de concepção em vacas leiteiras são baixas e têm diminuído por diversas
décadas. As pesquisas com vacas leiteiras têm demonstrado que a condição
corporal influencia a produtividade, a reprodução, a saúde e a longevidade das
vacas.
• Metrite;
• Cistos no ovário;
• Mastite;
• Laminite.
energia diminui, e após o parto, as vacas permanecem em balanço negativo por pelo
menos 5-7 semanas, ou seja, 35 a 42 dias.
Por outro lado, vacas com excesso de condição corporal no período seco, ou seja,
gordas, quando parem também apresentam problemas, pois têm menor ingestão de
matéria seca após o parto, maior mobilização de tecido adiposo e maior incidência
de doenças metabólicas e infecciosas, o que produzirá um impacto negativo sobre o
desempenho reprodutivo das vacas. Uma causa comum para o excesso de condição
corporal são os prolongados períodos secos ou o excesso de alimentação neste
período.
É importante destacar, que é muito mais difícil manejar as vacas de alto mérito
genético. Assim, é fundamental a avaliação de cada rebanho, no sentido de definir
as estratégias mais adequadas para atender a demanda de nutrientes imposta pela
genética, mantendo a saúde e a fertilidade das vacas.
Tabela 4 - Energia líquida de lactação perdida ou depositada, para vacas em diferentes ECC e
com diferentes pesos, quando perdem ou ganham peso.
• Vacas muito magras tendem a ter longos períodos entre o parto e a retomada
da atividade ovariana, e assim, aumenta o período entre parto e concepção;
• Vacas muito magras apresentam picos reduzidos de LH;
• A condição corporal deve ser estável ou estar em processo de melhora
durante o período de inseminação;
• Mudanças na condição corporal geralmente são mais críticas do que o ECC
em si mesmo;
• As mudanças no ECC durante as primeiras 10 semanas de lactação é uma
referência para avaliar a fertilidade do rebanho;
• A perda de mais de 1 ponto no escore (ou mais de 10% do peso vivo) no
início da lactação está associado com fertilidade reduzida, baixas taxas de
gestação e uma alta incidência de doenças metabólicas (Tabela 5);
• Vacas que continuam perdendo ECC ou peso (> 1%/semana) no período da
inseminação têm reduzida taxa de prenhes;
• O efeito da perda de ECC sobre a fertilidade parece ter maior impacto em
vacas mais velhas, multíparas, quando comparado à novilhas de primeira
lactação.
Tabela 5 - Relação entre perda de ECC nas primeiras 5 semanas após o parto e reprodução.
usada. Na Tabela 6 são mostrados os ECC ideais para cada fase do ciclo produtivo
das vacas, e na Tabela 7 pode-se ver a composição corporal das vacas nos
diferentes ECC. Além disso, na Tabela 4 são mostrados o peso corporal vazio em
diferentes ECC em relação ao ECC 3, bem como a quantidade de EL de lactação
perdida ou exigida para cada kg ganho ou perdido, respectivamente. Atualmente há
um substancial interesse em usar o escore de condição corporal inclusive em
avaliações para programas de melhoramento animal.
No parto:
No meio da lactação:
No final da lactação:
No período seco:
3.7 Literatura
Butler, W.R., Smith, R.D. Interrelationships Between Energy Balance and Postpartum
Reproductive Function in Dairy Cattle. Journal of Dairy Science, 72:767-783,
1989.
Holtenius, K., Agenas, S., Delavaud, C., Chilliard, Y. Effects of feeding intensity
during the dry period. 2. Metabolic and hormonal responses. Journal of Dairy
Science, 883–91, 2003.
Markusfeld, O., Galon, N., Ezra, E. Body condition score, health, yield and fertility in
dairy cows. The Veterinary Record, 141:67–72, 1997.
Pryce, J.E., Coffey, M.P., Simm, G. The relationship between body condition score
and reproductive performance. Journal of Dairy Science, 84:1508–1515, 2001.
Wathes, D.C., Bourne, N., Cheng, Z., Taylor, V.J., Mann, G.E., Coffey, M.P. Multiple
correlation analyses of metabolic and endocrine profiles with fertility in primiparous
and multiparous cows. Journal of Dairy Science, 90:1310–1325, 2007.
Wathes, D.C., Fenwick, M., Cheng, Z., Bourne, N., Llewellyn, S., Morris, D.G.,
Kenny, D., Murphy, J., Fitzpatrick, R. Influence of negative energy balance on
cyclicity and fertility in the high producing dairy cow. Theriogenology, 68S, S232–
S241, 2007.
Westwood, C.T., Lean, I.J., Garvin, J.K. Factors influencing fertility of Holstein dairy
cows: a multivariate analysis. Journal of Dairy Science, 85:3225–37, 2002.
Figura 19 - Destaque para a formação do V pelo ângulo formado entre as extremidades dos
ossos.
Figura 21 - Destaque para a formação do U pelo ângulo formado entre as extremidades dos
ossos.
Esta decisão poderá ser difícil, especialmente se o ECC for próximo de 3 ou 3,25.
Se a diferença entre um U e um V não é clara, vá para trás do animal e observe o
mesmo ângulo. Avalie o ângulo entre as tuberosidades. Vacas com ângulo agudo,
em V, terão ECC menor ou igual a 3. Vacas com tuberosidades arredondadas e
cobertas de gordura, em U, terão ECC acima de 3.
Agora vamos refinar o ECC ≤ 2,75. Neste momento devemos avaliar a tuberosidade
isquiática e verificar se é arredondada ou angular.
Vamos agora passar ao refinamento dos ECC maiores que 3, ou seja, vacas em U.
Inicie a avaliação pela inserção da cauda e pelos ligamentos sacrais. O ligamento
entre a inserção da cauda e o ísquio é visto? O ligamento sacral localizado entre a
coluna vertebral e o ílio é visto? A visibilidade destes ligamentos auxiliará na
definição de ECC destas vacas. Devemos verificar quais ligamentos são vistos.
Quando a área entre as extremidades dos ílios e dos ísquios estiver preenchida por
gordura, mas as pontas dos processos transversos forem visíveis o ECC = 4.
Quando a área entre as extremidades dos ílios e ísquios estiver preenchida por
gordura e as pontas dos processos transversos forem muito pouco visíveis o ECC =
4,25.
Quando a área entre as extremidades dos ílios e dos ísquios for preenchida por
gordura, as pontas dos processos transversos não forem visíveis e as extremidades
dos ísquios também não, então o ECC = 4,5.
Quando a área entre as extremidades dos ílios e dos ísquios for preenchida por
gordura, as pontas dos processos transversos não forem visíveis e as extremidades
dos ílios e dos ísquios também não, então o ECC = 4,75.
Quando a vaca apresentar uma estrutura óssea não visível então o ECC = 5.
5.1 Introdução
Período 1 - Pós-parto
Conforme pode ser observado na Figura 37, este é o período mais crítico do ciclo
produtivo das vacas em termos de produção e eficiência reprodutiva. Após o parto,
em um período muito curto, não superior a 90 dias, a vaca deverá estar pronta para
uma nova gestação. Assim, uma nutrição inadequada nesta fase leva a menor
produção de leite, menor peso do bezerro ao desmame e menor porcentagem de
animais apresentando cio.
Esta fase poderá ser atendida com pastagem de boa qualidade, boa oferta de massa
de forragem e suplementação mineral. Como em vacas de corte o desmame
normalmente é feito com aproximadamente 210 dias (7 meses), se considerarmos
uma prenhes com 90 dias após o parto, teremos apenas 120 dias de gestação
conjuntamente com a lactação, e desta forma as exigências de gestação são
desconsideradas pelo fato de serem de pequena monta.
Durante esta fase a vaca não produz mais leite e as exigências para crescimento
fetal ainda não são elevadas. Portanto, é o período em que se podem utilizar as
Período 4 - Pré-parto
Tamanho da vaca
Produção de Leite
Idade da Vaca
A idade das matrizes é importante, pois animais jovens como fêmeas de 1ª, 2ª e 3ª
crias podem ainda estar em crescimento, e principalmente após o parto, demandam
nutrientes para manutenção, lactação e crescimento. E não podemos esquecer que
as exigências para crescimento ocupam o segundo lugar na lista de prioridades.
Muitos pecuaristas dizem que a maioria das matrizes vazias são vacas de 3 a 4
anos, mostrando que houve erro no manejo de novilhas. É muito comum as vacas
continuarem o crescimento até a quarta parição, e desde que os pesos a cada parto
estejam dentro dos limites considerados normais para a raça não há nada de
anormal. O problema é que normalmente isto não é considerado, e estes animais
são tratados após o primeiro parto, como vacas adultas, mas, no entanto, devem
receber uma atenção especial em função destas observações.
Atividade Física
A condição corporal das vacas é mais um dos fatores que afetam as exigências de
nutrientes, e aqui será abordado separadamente. O ECC é um indicativo do
percentual de gordura corporal que os animais apresentam. Na Figura 38 vemos os
locais onde devemos concentrar nossa avaliação visual para obtermos o ECC destas
vacas, os quais são os mesmos que adotamos para vacas leiteiras. Para avaliar as
vacas de corte quanto a este parâmetro utilizamos uma graduação que vai de 1 a 9.
O alvo do manejo adequado é manter as vacas numa condição corporal entre 5 e 6.
Quando consideramos os sistemas de cria, conforme pode ser visto na Figura 39, é
importante destacar que durante o período de reprodução devemos adotar
avaliações que permitam de forma eficiente, o descarte das vacas improdutivas. Nas
fazendas que fazem o ciclo completo, além dos animais em recria, ou seja, as
novilhas que não foram selecionadas para repor as matrizes, e os machos, ambos
seguindo para a terminação, também teremos anualmente o abate das vacas
descarte.
Tabela 11 - Reservas de energia para vacas com diferentes tamanhos e condições corporais.
Outro aspecto ligado ao manejo de vacas de cria é que quando mais próximo do
parto, mais difícil será a recuperação para atingir o ECC ideal. Os ganhos de peso
diários deverão ser maiores, e dependermos de alimentos de melhor qualidade em
maiores quantidades. Este fato é evidenciado na Figura 40 em trabalho publicado
em 1992 por Buskirk e colaboradores .
Figura 40 - Efeito dos dias para o parto na produção de alimentos necessários para atingir o
ganho diário desejado para uma vaca com 500kg de peso vivo saindo de ECC4 para ECC5.
Adaptado de Buskirket Al. (1992).Ganho diário desejado (kg/dia).
Em 2005 Hess e colaboradores publicaram uma revisão que teve como base os
últimos 15 anos de publicações no Journal Animal Science, e constataram que: a) a
nutrição pré-parto é mais importante que após o parto para determinar a extensão do
anestro pós-parto; b) a energia da dieta inadequada durante o final da gestação
prejudica a fertilidade, mesmo que esta seja ajustada durante a lactação; c) um
O intervalo que vai do parto até o primeiro estro, e a taxa de gestação, em vacas de
corte expostas a touros férteis são influenciados pela nutrição antes do parto,
nutrição após o parto, condição corporal e presença do bezerro. Os efeitos da
presença do bezerro sobre o anestro têm maior magnitude em primíparas e em
vacas magras. Estes fatores afetam as atividades hipotalâmicas, da hipófise, e
atividade ovariana e, assim, inibem o desenvolvimento folicular. Durante o anestro, a
ovulação não ocorre a despeito do desenvolvimento folicular ovariano, porque o
folículo em crescimento não amadurece. O escore de condição corporal das vacas
tem muitas implicações práticas, e a condição ao parto está associada com duração
deste intervalo, e também com a produção de leite, saúde e vigor da cria e incidência
de problemas no parto. O escore de condição corporal das vacas na estação de
reprodução afeta o número de serviços, intervalo de partos, e porcentagem de vacas
vazias.
O intervalo entre o parto e uma nova gestação geralmente é mais longo para
primíparas do que para multíparas, contribuindo assim, para menores taxas de
gestação em novilhas. Este intervalo é ainda maior quando as matrizes se
apresentam com baixo escore de condição corporal, ou quando antes do parto a
ingestão de nutrientes é limitante. Para primíparas em balanço negativo de energia
antes do parto, a variação no escore de condição corporal no parto, é o principal
fator determinante da duração do período de anestro após o parto. Uma redução
mínima no intervalo pós-parto é conseguida pelo incremento de peso e condição
corporal no início da lactação. Normalmente quando as novilhas parem com ECC
igual ou inferior a quatro, nem mesmo o aumento para ECC igual a 6 trará benefício
significativo.
Períodos longos para reprodução não são a solução para o problema de baixo
escore de condição corporal. Não é o tempo longo após o parto que definirá as taxas
de prenhes e sim a condição corporal das vacas. Vacas com baixa condição corporal
podem levar até 200 dias para apresentarem condições de reprodução. Assim,
podemos concluir que com uma rotina de avaliação de ECC e planos nutricionais
adequados podemos contornar estes problemas e atingir altos índices de
desempenho repdrodutivo.
5.6 Literatura
Houghton, P.L., Lemenager, R.P., Horstman, A., Hendrix, K.S., Moss, G.E. Effects of
body composition, pre- and postpartum energy level and early weaning on
reproductive performance of beef cows and preweaning calf gain. Journal of
Animal Science, 68: 1438, 1990.
Bowman, J., Sowell, B. Feeding the beef cow herd. In: Kellems, R.O., Church, D.C.
(Ed.) Livestock Feeds and Feeding (4th Ed.) p. 243, 1998. Prentice-Hall, Upper
Saddle River, N.J.
Short, R.E., Bellows, R.A., Staigmiller, R.B., Berardinelli, J.G., Custer, E.E.
Physiological mechanisms controlling anestrus and infertility in postpartum beef
cattle. Journal of Animal Science, 68:799-816, 1990.
National Research Council. 1996. Nutrient Requirements of Beef Cattle, 7th rev. ed.
Washington, D.C.: National Academy Press.
Os locais mais importantes de serem avaliados são: a região da paleta, das costelas,
da 12ª e 13ª costelas, das pontas dos ísquios e dos ílios, a fossa de inserção da
cauda, os processos transversos e espinhosos, e os membros posteriores.
Vaca emaciada.
Vaca magra.
Costelas craniais (peito) não visíveis e, 12ª e 13ª costelas ainda de fácil observação.
Processos espinhosos e transversos são identificados individualmente apenas com
palpação, mas ao tato sente-se uma superfície arredondada. Quarto posterior com
musculatura cheia, mas sem estar lisa.
As costelas, 12ª e 13ª, não são mais visíveis ao olho, mas apenas com o animal em
jejum. Os processos transversos não são mais vistos e podem ser sentidos apenas
com firme pressão, através da qual sentimos a superfície arredondada. Os espaços
entre eles também não são vistos, e são distinguidos apenas com firme pressão. A
área de inserção da cauda apresenta discreta incidência de gordura.
Extremidades dos processos espinhosos são sentidas apenas com forte pressão. Os
espaços entre os processos são distinguidos ligeiramente e com dificuldade.
Abundante gordura de cobertura ao redor da inserção da cauda. Costelas lisas.
Vaca obesa.
Épocas