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AVALIAÇÃO DE PROFESSORES DE UMA PROPOSTA DE ENSINO DA HIDRODINÂMICA

ATRAVÉS DO ESPORTE

João Daniel Krula (jdkrul@yahoo.com.br)


Christiano Nogueira b (christiano.nogueira@ufpel.edu.br)
a
Centro Universitário Campos de Andrade
b
Universidade Federal de Pelotas

R ESUMO
Neste trabalho, apresentamos a avaliação de professores sobre uma proposta de ensino da
Hidrodinâmica utilizando o esporte como ferramenta de ensino. É muito comum que os conceitos
envolvidos no estudo desta área da Física não estejam inseridos no plano docente. A proposta foi
elaborada levando em consideração os fenômenos físicos que ocorrem no cotidiano dos alunos ,
principalmente os esportes. Procuramos nas aulas propostas a possibilidade de utilizar-se de
experimentos simples e também com apresentação de vídeos. Relacionando o conteúdo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais e o Referencial Curricular do Estado do Paraná, verificamos a
possibilidade de ensino desses conceitos aos alunos e que possivelmente não são abordados devido
à complexidade dos mesmos. Na avaliação, os professores comentaram sobre os conteúdos, a
didática das aulas, o formalismo matemático e a distribuição das aulas. A partir de dados coletados
dos professores detectamos que poucos são licenciados em Física e o restante e m outras áreas como
Matemática, Química, Engenharias, Ciências Contábeis e Biologia. Para a maioria deles, haveria
necessidade de se buscar mais subsídios para a aplicação da proposta, principalmente em relação à
motivação dos alunos. Dentre eles, quase todos concordaram com a duração das aulas, embora, para
todos, o material esteja escrito de uma forma acessível para os alunos. Quanto à aplicação dos
experimentos sugeridos em sala de aula, houve aceitação e os professores concordaram que os
materiais sugeridos e a forma de aplicação se torna viável pelo baixo custo e facilidade de
manuseio. Para as principais melhorias sugeridas está um maior espaço para reflexão dos alunos.

INTRODUÇÃO
A utilização do esporte como ferramenta de ensino vem sendo pouco utilizada, porém possui
um potencial pedagógico e didático muito grande, pois possibilita inúmeras maneiras de abordar
diversos conteúdos da Física. O ensino de hidrodinâmica é uma questão pouco discutida em sala de
aula, pois possivelmente há uma complexidade na compreensão dos alunos e na didática utilizada
pelo professor. Em geral, a hidrostática é mais abordada no Ensino Médio, possivelmente devido a
uma forte influência dos livros didáticos na prática pedagógica do professores que em geral
apresentam quase sempre os mesmos conteúdos e quase sempre as mesmas seqüências. Com a
utilização do esporte, acredita-se que há uma grande vantagem para ambos os lados ao serem
apresentados os conceitos relacionados. Neste trabalho, buscamos abordar este tema como uma
proposta de ensino, pois embora os PCNs e o Referencial Curricular do Estado do Paraná permitam
abordá-lo, isto não ocorre em geral, principalmente utilizando como base a Física no esporte. A
partir disso, acredita-se na possibilidade de abrir as portas de um novo conhecimento que poderá
explicar diversos fenômenos que estão no cotidiano do aluno.
COMO E POR QUE SE ENSINAR HIDRODIN ÂMICA ?
A proposta é utilizar os fenôme nos que ocorrem no cotidiano do aluno como ferramenta de
ensino, mais especificamente no ensino da hidrodinâmica. Possivelmente, existiria uma dificuldade
de assimilação por parte dos alunos. Assim, podemos relacioná-los com acontecimentos que
ocorrem nos esportes preferidos dos estudantes, como o futebol, as corridas automobilísticas,
voleibol, entre outros. O conteúdo encaixa-se dentro das competências dos PCN’s e do conteúdo
proposto na parte de Movimento: variações e conservações, pois a hidrodinâmica aborda conceitos
do cotidiano e sua dedução vem da conservação de energia.
As pesquisas sobre as aplicações dos estudos sobre fluidos em movimento no Ensino Médio
já foram realizadas por diversos autores. Aguiar & Rubine (2004), apresentam uma análise do
número de Reynolds para bolas de diferentes esportes e estudos efetuados sobre a bola de futebol
durante uma partida, analisando uma famosa jogada de Pelé. Nesse artigo são considerados todos os
efeitos físicos atuantes na bola e associado com uma simulação de computador, foi possível discutir
várias possibilidades sobre a mesma jogada. Para Ferreira (2005), baseado nestes autores, nos
apresenta a provável posição de impulsão aplicada à bola.
Um estudo de Weltner, Ingelman-Sundbe rg & Esperidião (2001), mostra uma explicação
convencional da utilização da equação de Bernoulli para a sustentação da asa do avião apresentando
alguns equívocos cometidos em sala de aula. Ele baseia -se nas Leis de Newton para uma coerente
sustentação do avião, mostrando que a velocidade do ar acima é maior do que a de baixo e, como
decorrência, a baixa pressão. Apresenta ainda outros equívocos em utilizar esta lei, que segundo ele,
é incompleta e a causa-efeito aparecem trocados.
Para Breuckmann & Lins (1997), que fazem uma abordagem mais pedagógica, mostra um
estudo baseado em questionamentos de estudantes sobre a má distribuição de água no bairro onde
vivem. São mostrados os dados coletados de experimentos realizados pelos alunos, onde estes
montaram um esquema contendo um reservatório ligado a quatro ramais por conexões T, em que
cada ramal apresentava determinada altura, são confrontados com os dados teóricos e, ao mesmo
tempo, são dadas sugestões de trabalhos com os alunos em sala de aula.
Realizamos uma análise dos conceitos envolvidos na hidrodinâmica e consideramos dez
aulas como suficientes. Realizamos um planejamento das aulas redigindo para cada uma, o material
do professor com sugestões pedagógicas, e o material do aluno. Na aula 1 abordamos os conceitos
históricos da hidrodinâmica e relacionamos com acontecimentos que ocorrem no cotidiano e suas
aplicabilidades, embora de forma incipiente, no vôo de asas delta, sustentação de aeronaves através
de suas asas, possibilidade de manobra de submarinos, aerofólio de automóveis, etc. Na aula 2
abordamos a definição do que é um fluído e regimes de escoamento através de atividades
experimentais. Na aula 3 abordamos a viscosidade e a resistência no escoamento de um fluído
utilizando-se também de atividades experimentais como colocar num plano inclinado água e óleo
para escorrer. Comentamos também sobre as modernas roupas utilizadas para atletas profissionais
de natação que diminuem este tipo de atrito. Na aula 4 abordamos os conceitos de resistência
viscosa (Lei de Stokes) e resistência dinâmica (Lei de Newton). Nesta aula não foi proposta uma
abordagem experimental e sim uma abordagem utilizando novamente os exemplos como aerofólios
de carros de fórmula 1, trajetória da bola em uma cobrança de falta, as asas de um avião, etc. Na
aula 5 abordamos a velocidade limite interagindo com os alunos sobre um corpo em queda com e
sem a resistência do ar, mostrando que o número de Reynolds unifica a resistência dos fluídos
independendo do regime de escoamento. Propomos uma análise qualitativa com os alunos sobre as
diferenças do número de Reynolds para bolas de futebol, voleibol, tênis, beisebol, golfe, basquete e
tênis de mesa. Na aula 6 abordamos a equação de Bernoulli deduzindo-a a partir do teorema da
energia cinética e propomos exercícios, por exemplo, comparar a utilidade de um aerofólio num
carro de fórmula 1 com um carro de passeio equipado com este dispositivo. Nesta aula dedicamos
uma atenção especial em relação aos aspectos pedagógicos relacionados ao raciocínio dedutivo das
equações. Na aula 7 abordamos a análise de Torricelli em relação à pressão que varia quando um
líquido vaza de um barril com um furo lateral. Também para esta aula abordamos o tubo de Pitot e
suas aplicações. Na aula 8 abordamos o tubo de Venturi e o efeito Magnus relacionando-os com
conceitos do cot idiano e atividades experimentais demonstrativas. Na aula 9 propomos relacionar
todos os conceitos estudados nas aulas anteriores com o mundo do esporte, por exemplo, através de
um vídeo a trajetória da bola em um famoso chute de Pelé. Uma análise deste chute caso fosse no
vácuo. Também com a apresentação de um vídeo com algumas jogadas de vôlei que apresentam
efeito semelhante. Na aula 10 propomos uma avaliação complementar, já que durante as aulas o
professor possui condições de avaliar o desenvolvimento dos alunos, na qual apresentamos
sugestões de questões. A seguir apresentamos como exemplo das aulas, parte do material dos alunos
referente às aulas 5, 8 e 9.

Velocidade limite
Se deixarmos um objeto cair de certa altura, podemos dizer que está atuando sobre este
objeto a força da gravidade que chamamos de peso e a força de resistência que o ar impõe. Como
vimos na aula anterior, conforme a velocidade durante a queda aumenta a força de resistência do
ar também aumenta. Assim quando a força de resistência do ar equivaler à força peso, ambas se
anularão e o movimento se tornará uniforme. Quando o objeto atinge esta velocidade dizemos que
ele chegou à chamada velocidade limite.
Vejamos algumas considerações quando fazemos este experimento:
- quanto maior for a velocidade limite maior será a força peso ;
- se deixarmos cair dois objetos de mesmo tamanho, mas de diferentes densidades, a velocidade
limite será maior no objeto de maior densidade;
- quando são lançados objetos que possuem velocidade maior que a velocidade limite, a força de
resistência do ar funciona como um freio e faz com que o objeto atinja a velocidade limite, ou seja,
retarda o movimento.
Quando estudamos a queda livre, desprezamos a força de resistência do ar. Assim, esta
velocidade limite existe porque agora consideramos a força de resistência do ar. Galileu realizou
seus experimentos no plano inclinado para poder desprezar esta força.

Para discutir com os colegas:


Se soltássemos do alto de um prédio uma bola de tênis de mesa (pingue-pongue) e uma bola
de futebol ao mesmo tempo, qual chegará primeiro. Por quê?
Vamos agora fazer para uma pequena altura, por exemplo, de cima da mesa, qual chegaria
primeiro. Por quê?

Efeito Magnus
Em 1853, Magnus estudou um efeito que ocorria quando eram colocados esferas ou
cilindros imersos em um fluido escoando. Ele observou que as linhas de escoamento se
comportavam de maneira diferente das já estudadas quando era introduzida certa rotação (ou uma
velocidade angular) nessas esferas ou cilindros.
De uma forma geral, ao analisarmos as figuras abaixo, pode-se observar que a velocidade
acima se torna maior e a velocidade abaixo, mais lenta. Essa diferença de velocidade faz com que
crie uma diferença de pressão entre a parte superior e a inferior, sendo maio r em cima e menor em
baixo. Isso faz com que os objetos imersos ao fluido tenham a tendência de se movimentar para a
região de menor pressão.

Fig.02 – Comportamento de uma esfera sob o efeito Magnus


NUSSENZVEIG, M. H., Curso de Física básica. 3. ed. v. 2. São Paulo: Edgard Blücher, 1996, p. 30.
Vejamos agora dois vídeos. O primeiro com o famoso chute de Pelé que ocorreu na Copa de
70 em uma partida contra a Tchecoslováquia. Nele percebemos a trajetória da bola “curvada”
devido ao efeito descrito acima. Para os jogadores de futebol utiliza -se o termo chutar a bola com
“efeito”. O segundo vídeo mostra uma partida de tênis de mesa na qual um dos jogadores gera um
efeito semelhante ao do chute de Pelé.

Atividade com os colegas:


Vamos tentar realizar o efeito que estudamos chutando bola na quadra do colégio. Discuta
com seus colegas como chutar a bola para este efeito. Com a parte de dentro ou de fora dos pés?
Vamos tentar também jogando algumas partidas de pingue-pongue. Como conseguimos este efeito?
As duas perguntas anteriores podem também serem respondidas se vocês souberem: Com fazer a
bola gerar uma rotação?

Este material proposto permaneceu por duas semanas com os professores do Ensino Médio
para analisar a viabilidade de sua aplicação. Após este prazo eles responderam um questionário (em
anexo) elaborado com dezoito questões relacionadas a esta viabilidade. Neste questionário não
houve a necessidade de identificação do professor. Na questão 1 buscou-se saber qual é a formação
do professor e sua experiência profissional. É um fato que é comum encontrar professores de Física
que não possuem formação nesta área. Na questão 2 procuramos identificar se os professores
ministram suas aulas em escolas públicas e/ou privadas. Na questão 3 procurou-se identificar qual é
o público alvo da escola, como estão os pré-requisitos dos alunos e as pe rspectivas para a
aprendizagem.
Com um caráter mais pedagógico da proposta a partir da questão 4, nesta, pretendeu-se
saber, na perspectiva dos professores, se o esporte poderia ser utilizado como uma ferramenta para
o ensino de Física. Na questão 5 pretendeu-se verificar na visão destes professores a coerência no
planejamento e na distribuição das aulas propostas. Na questão 6 pretendeu-se ver ificar se a
metodologia proposta é viável visto que uma abordagem de conceitos mais complexos no Ensino
Médio, poderia existir dificuldades de assimilação dos alunos. Na questão 7 pretendeu-se verificar a
linguagem utilizada nesta proposta, já que poderia existir dificuldade s de interpretação de conceitos
científicos.
Nas questões 8 e 9 pretendeu-se verificar a utilização de experimentos para uma melhor
assimilação dos conceitos, já que a abordagem experimental se torna mais difícil à medida que
aumenta a complexidade dos experimentos. Buscou-se assim, identificar a facilidade de utilização
dos experimentos propostos além de avaliar o entendimento dos conceitos por parte dos alunos. Na
questão 10 pretendeu-se verificar a relação dos exercícios propostos aos alunos com as atividades
teóricas e experimentais propostas anteriormente bem como se os exercícios apresentados permitiria
a compreensão dos conceitos.
A questão 11 analisou se os conteúdos apresentados são suficientes para uma boa
interpretação dos conceitos. Na questão 12 pretendeu-se verificar se o formalismo matemático
apresentado são compreensíveis por seus alunos, já que em geral, esta abordagem não é bem vista
por estes. Nas questões 13 e 14, investigamos se os exemplos que apresentamos em nossa proposta
estão dentro do cotidiano do aluno e se há outros exemplos interessantes a serem abordados.
Com a questão 15, pretendeu-se verificar se a proposta de avaliação proposta está coerente
com o sistema de avaliação geralmente utilizado no Ensino Médio. Na questão 16 pretendeu-se
verificar se o conteúdo está disposto de forma que haja uma coerência e um seqüencial adequado.
Nas duas últimas questões, 17 e 18, buscamos a participação do professor no sentido de
contribuir com alguma melhoria a ser feita em nossa proposta bem como verificar a utilização como
quaisquer outros conteúdos da Física na grade curricular do Ensino Médio.
COLETA DE DADOS E ANÁLISE
Este questio nário foi entregue a vinte e seis professores do Ensino Médio de escolas da rede
pública e privada. Destes, cinco foram respondidos por professores de instituições privadas e o
restante das escolas públicas. Destes professores, 27% são professores licenciados em Física, 31%
licenciados em Matemática e 42% são formados em outras áreas do conhecimento, como química,
engenharia, ciências contábeis e biologia. Na pesquisa verificamos que a maioria dos professores
formada em Física é de escolas da rede privada.
Os dados mostram que, em geral os alunos são de classe média baixa, com uma formação
precária (em sua maioria chegam do ensino fundamental sem os pré-requisitos necessários). As
condições sociais dos alunos são desfavoráveis e eles. Segundo os professores dos 60% dos alunos
de cada turma demonstram interesse pelas aulas de Física. Em relação à aprendizagem, os
professores estimam que os alunos conseguem um aproveitamento em torno de 60% também. Um
dado interessante, segundo os professores, esta média está com uma forte tendência em cair.
Nas perguntas relacionadas à proposta em si, todos os professores acreditam que o esporte é
uma importante ferramenta para ensino de Física já que faz parte do cotidiano destes alunos. Eles
relataram que os planejamentos das aulas estão coerentes com a proposta, mas teria que haver um
empenho a mais do professor, pois eles teriam que buscar mais subsídios para as aulas no sentido de
motivar mais os alunos além do que está proposto. Outro dado que chamou a atenção foi uma
possível inviabilidade de aplicar a proposta devido aos professores possuírem um número reduzido
de aulas semanais, o que para eles é muito pouco já que estão preocupados com o conteúdo
programático oficial.
A metodologia utilizada pela proposta é aceita pelos professores, entretanto há um
questionamento muito grande quanto à duração das aulas. Por mais que as aulas sejam curtas, as
discussões teóricas e os questionamentos feitos durante as aulas podem acabar comprometendo o
andamento da teoria. Algumas respostas chamam a atenção para a distribuição das aulas em forma
de momentos, ou seja, eles comentam que as aulas estão tendo começo, meio e fim e às vezes não
fica claro a ligação entre uma aula e outra e/ou conteúdo e outro, embora o material esteja escrito de
uma forma acessível e atraente para os alunos.
Quanto à aplicação dos experimentos sugeridos em sala de aula, as respostas foram
positivas, com o destaque de que os materiais sugeridos e a forma de aplicação se tornam viáveis
pelo baixo custo e facilidade de manuseio. Para os professores, a compreensão dos alunos é uma
questão que possui algumas variações e, em geral, os alunos conseguem compreender. No entanto,
as práticas que trazem situações problemas, como o movimento da bola, teriam que ser mais
exploradas.
A utilização dos exercícios foi bem aceita sem muitos comentários. Naqueles apresentados ,
foi proposto que as perguntas poderiam ter um caráter mais investigatório que simplesmente o de
descrever o fenômeno. As equações apresentadas foram questionadas, pois, mesmo não sendo
exploradas a fundo, os professores sugeriram que deveria ser mais investigada cada equação,
principalmente a equação de Bernoulli, que foi bem demonstrada, mas não foi muito explorada
conceitualmente.
Todos os exemplos utilizados são do cotidiano do aluno, contudo uma resposta dada por um
professor chamou a atenção: “O deslocamento de ar causado por veículos em estradas, pode ser
um bom exemplo”. Após a entrega do questionário, este professor fez alguns comentários gerais
com ênfase nesta resposta. Segundo ele, este exemplo é de extrema importância, pois poderia
aumentar ainda mais a curios idade dos alunos já que é um fenômeno que ocorre no dia-a-dia. Uma
pergunta sugerida por ele como uma possível indagação aos alunos é:

“Você está andando com sua bicicleta em uma rua, que julga tranqüila, de
repente passa na sua esquerda um caminhão em alta velocidade, você
sente o ar se deslocando de forma violenta. Você poderá cair? Se cair,
para que lado você cairia?”.
Na avaliação sugerida, os comentários foram favoráveis à proposta apresentada. As
principais melhorias sugeridas estão em relação a fornecer mais espaço para os alunos refletirem e
pesquisarem sobre o assunto. Existiria assim uma maior necessidade de atividades, como
experimentos individuais, relatórios, pesquisas sobre o tema, alguns cálculos e até mesmo algum
tipo de apresentação formal, como em uma feira de ciências.
Por fim os professores consideram que este conteúdo poderia ser adicionado à grade
curricular. Alguns professores lembraram ainda que este assunto era abordado na grade curricular e
que posteriormente foi retirado. Entretanto, alguns consideram a aplicação da proposta como uma
extensão da grade curricular, como uma matéria optativa aos alunos, pois alguns conceitos
apresentados são mais específicos para algumas áreas, como, por exemplo, a engenharia, embora os
PCNs estejam de acordo com a aplicação destes conceitos como quaisquer outros que normalmente
são abordados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após analisarmos todos os questionários e as sugestões propostas pelos professores de
forma verbal e/ou por escrito, concluímos que a proposta apresentada é viável de ser aplicada.
Observamos também que existem algumas melhorias a serem realizadas, como a utilização do
formalismo matemático, fornecer mais espaços aos alunos promovendo pesquisas na área e
apresentações em feira de ciências.
A idéia era não utilizar o formalismo matemático, porém os professores consideram
interessante explorar mais este lado da Física, uma vez que os alunos ainda sentem muita
dificuldade em interpretar os resultados obtidos nos cálculos. Assim, segundo os professores a
matemática utilizada está acessível aos alunos, devendo ser mais explorada, utilizando exemplos
onde eles , além de efetuar cálculos, realizem algumas interpretações conceituais dos resultados.
Esses resultados mostram que, revistos alguns pontos, esta proposta pode ser inserida no
plano docente do Ensino Médio embora o número de aulas semanais seja reduzido.
Um dos maiores problemas que encontramos na confecção deste trabalho foi o tempo
utilizado pelos professores para a devolução dos questionários. A princípio tínhamos proposto
aproximadamente um mês para que os professores respondessem, porém houve um atraso
significativo nestas devoluções em que os últimos foram entregues com mais de um mês de atraso,
totalizando quase dois meses e meio para a obtenção de todos os questionários.
Outro aspecto interessante foi em relação à qualidade das respostas analisadas. Devido ao
fato da maioria dos professore s entrevistados não possuírem formação em Física, encontramos
algumas dificuldades na análise das respostas, pois estas foram simples e fixaram-se apenas na
análise clássica das aulas (aulas tradicionais), e as respostas mais objetivas foram dos questionários
dos professores com formação e m Física.
Para obter mais informações nesta área, poderiam ser realizadas outras pesquisas como a
aplicação da proposta com os alunos, comparativo das respostas entre professores como formação e
sem formação em Física e até a utilização do esporte com ferramenta de ensino em toda a dinâmica
do Ensino Médio.

R EFERÊNCIAS
AGUIAR, C.E. e RUBINI, G. A aerodinâmica da bola de futebol. Rev. Bras. Ens. Fis., out./dez.
2004, v. 26, no.4, p.297-306.

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros


Curriculares Nacionais: para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 1999.

BREUCKMANN, Henrique J., LINS, e Marlene S.K. Estudo do escoamento de um fluido real.
Rev. Bras. Ens. Fis., dez. 1997, vol.14, no.2, p.188-193.
FERREIRA, G.F. Leal. Nota complementar sobre o famoso chute de Pelé. Rev. Bras. Ens. Fis.,
out./dez. 2005, vol.27, no.4, p.619-620.

HALLIDAY, RESNICK, WALKER. Fundamentos de física. 6. ed. v. 2. Rio de Janeiro: LTC,


2002, p. 56-62.

MUNSON, Bruce R., YOUNG, Donald F., OKÜSHI, Theodore H. Fundamentos da mecânica
dos fluidos. 2. ed. v. 1. São Paulo: Edgard Blücher, 1997.

MUNSON, Bruce R., YOUNG, Donald F., OKÜSHI, Theodore H. Fundamentos da mecânica
dos fluidos. 2. ed. v. 2. São Paulo: Edgard Blücher, 1997.

NUSSENZVEIG, Moysés H., Curso de física básica. 3. ed. v. 2. São Paulo: Edgard Blücher, 1996,
p. 17-37.

TIPLER, Paul A. Física. 4. ed. v. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2000, p. 357-365.

WELTNER, Klaus , INGELMAN-SUNDBERG, Martin , ESPERIDIAO, Antonio Sergio. A


dinâmica dos fluidos complementada e a sustentação da asa. Rev. Bras. Ens. Fis., dez. 2001,
vol.23, no.4, p.429-443.

ANEXO : Q UESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES .


1) Qual é a sua formação e experiência profissional?
2) A escola em que você ministra suas aulas é pública ou particular?
3) Qual é o perfil dos alunos da escola em relação às condições sociais, pré-requisitos,
perspectivas e aprendizagem?
4) O esporte poderia ser utilizado como ferramenta de ensino?
5) O planejamento e a distribuição das a ulas estão coerentes com a proposta apresentada?
6) A metodologia utilizada é aplicável em sala de aula?
7) O material proposto está escrito em uma linguagem acessível aos alunos?
8) Os experimentos sugeridos são de fácil realização?
9) É possível uma boa compreensão dos alunos? Faça o comentário em cada experimento,
levando em consideração se os experimentos podem ou não ser executados em sala de aula.
10) Os exercícios propostos estão dentro dos conteúdos abordados?
11) A quantidade de conteúdos a ser aplicada aos alunos em cada aula está de acordo com a
atual realidade da sala de aula? Por quê? Caso necessário, cite exemplos.
12) O formalismo matemático utilizado é acessível aos alunos?
13) Os exemplos utilizados para a aplicação e exemplificação dos conteúdos estão dentro do
cotidiano do aluno?
14) Existem outros exemplos que poderiam ser utilizados?
15) Com a avaliação proposta, é possível verificar se os alunos realmente compreenderam o
conteúdo apresentado? Justifique.
16) O conteúdo apresentado obedece a um seqüencial lógico?
17) Você gostaria de propor alguma melhoria a ser feita nesta proposta? Caso sim, quais?
18) Em sua opinião, esta é uma proposta que poderia ser introduzida oficialmente no ensino
médio?

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