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Justificativa da aula
Uma decisão do início de agosto paralisou parte das ações acatando o
pedido dos advogados de dois executivos da Samarco. Eles dizem que
provas foram obtidas ilegalmente.
DESASTRE DE MARIANA – O QUE FOI?
Maior desastre ambiental do Brasil
Em 5 de novembro de 2015, uma barragem que armazenava 55 bilhões de litros de
rejeitos de minério de ferro (volume equivalente ao de nove lagoas como a Rodrigo
de Freitas, no Rio de Janeiro), da empresa Samarco, de propriedade da Vale e da
anglo-australiana BHP Billiton, ruiu abruptamente na cidade de Mariana, em Minas
Gerais.
A lama oriunda da mineração invadiu um distrito de Mariana, cidade histórica de
Minas Gerais, deixou 19 mortos e percorreu 700 km no rio Doce até desaguar no
oceano Atlântico. Cerca de 1.500 hectares de matas próximas ao rio foram
devastados, e incontáveis animais morreram.
DESASTRE DE MARIANA – O QUE FOI?
Grandes lixões
A lama e a areia que surgem do tratamento do minério são jogadas pelas
mineradoras em barragens de rejeitos, espécies de lixões. A Samarco
utilizava em sua unidade de Mariana a barragem de Germano, que foi
construída em 1976, e a Cava (mina exaurida) do Germano, onde o rejeito
era armazenado apenas na forma de areia.
Como a capacidade dos dois reservatórios estava no limite (a de Germano,
que contém 200 bilhões de litros de rejeitos, esgotou-se em 2009), e a
produção da mineradora aumentava ano a ano, ela decidiu construir no
vale do córrego de Fundão, grudado à barragem de Germano, um novo
reservatório. Achar um local é um desafio para as mineradoras devido às
exigências ambientais e proximidade de comunidades. Estudos de 2005
mostravam que o terreno onde a barragem foi erguida era a melhor
opção, pois, dali, a empresa poderia lançar a água drenada da estrutura
em outra imediatamente abaixo, chamada de Santarém.
DESASTRE DE MARIANA – BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
Pilha do Vale
Ao lado de Fundão, existia uma
estrutura chamada pilha de
estéril (um amontoado de
minerais sem uso ou valor
econômico) da Vale. As águas
das chuvas que caíam sobre ela
escorriam para a lateral
esquerda da barragem da
Samarco, o que interferia em
sua estabilidade. Um lago
chegou a se formar no pé da
pilha. Houve vários vazamentos
de água na lateral da barragem.
Esse problema foi identificado
ainda em 2012.
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
Pilha do Vale
Desde 2005, o Estudo de
Impacto Ambiental já
reconhecia que isso iria ocorrer.
"Nas cotas mais superiores, a
partir da elevação 880 m,
poderá haver interferência com
o pé de uma pilha de estéril já
implantada", afirma trecho do
documento. O relatório
propunha que, quando a
interferência de uma estrutura
na outra fosse observada, a
Samarco e a Vale teriam de
pensar juntas numa solução.
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
Pilha do Vale
Para resolver o problema da
água que vinha da pilha da
Vale, a empresa precisava de
espaço para as obras. Por isso,
modificou a geometria da
barragem. Ela recuou a parede
de Fundão para dentro do
reservatório, a fim de ter espaço
suficiente para realizar as
intervenções. Em abril de 2013,
foi feita uma drenagem da água
no pé da estrutura da Vale: um
dreno conduziria o líquido para
fora do reservatório da
Samarco. Em agosto de 2014, a
mineradora tirou toda a água
do pé da estrutura da Vale e
preencheu o local com rejeito
arenoso.
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
Recuo
Além de estar ligado à pilha da
Vale, o recuo também foi aberto
por causa da drenagem
deficiente na lateral do
reservatório. As duas coisas
foram percebidas na mesma
época. Em setembro de 2012, a
mineradora considerou que a
galeria secundária, no lado
esquerdo de Fundão, não
estava suficientemente
dimensionada para o volume de
rejeitos que a barragem
receberia.
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
Recuo
Para resolver os problemas de
drenagem no local, agravados
pela água oriunda da pilha da
Vale, a Samarco recuou em
outubro daquele ano a parede
da barragem no canto
esquerdo, em 80 metros. A
parede do reservatório, então
em linhas retas (como era
previsto em seu projeto
original), formou um desenho
parecido com um "S". O recuo
servia para abrir espaço para
obras na galeria secundária e
para a drenagem do pé da pilha
vizinha. O platô do recuo era
como uma praça, um canteiro
de obras. Durante as
investigações, os diretores da
Samarco afirmaram que o recuo
foi feito sem projeto.
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
Recuo
Em novembro de 2012, houve a
abertura de um buraco em cima
da galeria secundária,
vazamentos e carregamento de
rejeitos de dentro para fora da
estrutura. Fundão estava com
860 metros (em relação ao nível
do mar). No mês seguinte, o
recuo avançou mais 70 metros
para dentro do reservatório,
totalizando 150 metros sobre a
lama. A medida desrespeitava
novamente a exigência do
projeto para que a praia mínima
tivesse 200 metros (a distância
era necessária para manter a
água presente na lama distante
da frente de Fundão).
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
As trincas
As investigações da Polícia
Federal descobriram um
momento chave na história da
barragem: setembro de 2014.
Naquele mês, o engenheiro
Joaquim Pimenta de Ávila,
projetista da barragem de
Fundão até 2012, vistoriou a
estrutura, já na condição de
consultor da Samarco, e
identificou trincas no recuo do
reservatório. Seu depoimento
mostrou à PF que indícios de
rupturas já existiam um ano
antes da tragédia e que a
Samarco tinha ciência dos riscos
de a barragem ruir.
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
As trincas
As trincas transversais
tinham surgido em agosto
de 2014, segundo a
empresa informou ao
engenheiro. Em
depoimento à PF, Ávila
afirmou ter interpretado as
trincas como um "princípio
de ruptura" por liquefação
(quando o material da
barragem, por estar muito
encharcado de água, passa
do estado sólido para o
líquido, o que pode fazê-la
se romper).
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
As trincas
Ele recomendou
redimensionar um reforço
que já existia no local,
instalar no recuo ao menos
nove piezômetros
(equipamentos para medir
a pressão da água no solo)
e acompanhar diariamente
a posição da água na
barragem. Caso a pressão
subisse naquele ponto, a
Samarco deveria bombear
a água para fora,
rebaixando o nível 20
metros abaixo do solo.
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
As trincas
Até então, não havia
nenhum instrumento de
monitoramento no recuo,
segundo depoimento do
engenheiro. A Samarco
alega que Ávila nunca
alertou a empresa em um
tom que sugerisse que algo
grave estivesse ocorrendo,
afirma que instalou 12
piezômetros no local (mais
do que o solicitado) e que
cumpriu todas as
recomendações feitas pelo
engenheiro.
DESASTRE DE
MARIANA –
BARRAGEM DE
FUNDÃO
Os problemas
As trincas
O problema das trincas foi
tratado internamente numa
troca de mensagens de
diretores da Samarco. As
conversas foram
encontradas pela Polícia
Federal durante operação
de busca e apreensão na
empresa.
Em 29 de agosto de 2014, o
então presidente da
Samarco, Ricardo Vescovi, é
avisado pelo diretor de
operações, Kleber Terra, da
existência das trincas.
DESASTRE DE MARIANA – O QUE CONTRIBUIU
PARA A RUPTURA
Crescimento acelerado
Segundo engenheiros que estudam barragens de rejeitos, é recomendável
que uma estrutura como Fundão cresça, de forma segura, de 4,57 a 9,14
metros por ano. A conclusão é feita com base em empreendimentos bem-
sucedidos. A elevação da parede do reservatório da Samarco que ruiu em
2015 foi elevado, em média, em 13 metros por ano.
Apenas na região do recuo, onde houve a ruptura, a barragem cresceu da
cota 875 m para 898 m (ou seja, aumentou 23 metros) em três meses, de
setembro a novembro de 2015.
Para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, a estrutura, que
apresentava um histórico grande de problemas, cresceu muito rápido,
tendo a empresa assumido o risco de que ela pudesse se romper.
DESASTRE DE MARIANA – O QUE CONTRIBUIU
PARA A RUPTURA
DESASTRE DE MARIANA – O QUE CONTRIBUIU
PARA A RUPTURA
Monitoramento falho
Para controlar a água na barragem, a Samarco instalava medidores de
nível d'água e piezômetros (equipamentos que medem a pressão da água
no solo). Fundão possuía cerca de 70 aparelhos, entre manuais e
eletrônicos, que transmitiam os dados por uma rede sem fio. Em
depoimentos à Polícia Federal, os responsáveis pelo monitoramento da
estrutura não souberam sequer esclarecer qual era a proporção de
manuais e eletrônicos.
Mesmo os equipamentos eletrônicos eram lidos manualmente, porque os
dados transmitidos por rede sem fio possuíam inconsistência. Nos dez
dias que antecederam a tragédia, nenhuma leitura manual foi feita por
funcionários da Samarco. À PF eles não explicaram os motivos. Nos dias 3,
4 e 5 do mês da tragédia (Fundão ruiu em 5 de novembro), os
equipamentos eletrônicos estavam desligados, passando por manutenção,
devido a uma interferência no sistema de transmissão de uma obra que
estava sendo realizada na barragem.
DESASTRE DE MARIANA – O QUE CONTRIBUIU
PARA A RUPTURA
DESASTRE DE MARIANA – O QUE CONTRIBUIU
PARA A RUPTURA
Os tremores
Investigações das Polícia Civil e Federal e do Ministério Público do Estado de
Minas descartaram os tremores de terra na região como causa da tragédia. Uma
apuração feita por um escritório internacional contratado pela Samarco e por
suas controladoras considera, entretanto, que os sismos podem ter sido o gatilho
para o desastre.
Seis tremores de terra foram registrados na região da barragem entre as 13h e as
16h do dia da tragédia, pelas estações da Rede Sismográfica Brasileira, segundo
dados do Centro de Sismologia da USP. Os mais significativos ocorreram na
sequência, às 14h12 e às 14h13, de 2,4 e 2,6 pontos na escala Richter,
respectivamente. Eles foram sentidos por funcionários da Samarco, cerca de uma
hora e meia antes do desastre. Vistorias foram feitas na barragem pela empresa,
logo após os sismos, mas nenhuma anomalia foi identificada.
Segundo o Centro de Sismologia da USP, tremores iguais ou menores do que 3
pontos não causam danos em construções e são sentidos apenas levemente. Eles
ocorrem praticamente todos os dias no Brasil, segundo relatório feito pelo órgão.
Mas a Samarco, em suas próprias apurações, admite que Fundão não se
encontrava em boas condições de segurança e que, numa estrutura com tantos
problemas, os sismos poderiam ter desencadeado a ruptura.
DESASTRE DE MARIANA – O QUE CONTRIBUIU
PARA A RUPTURA
DESASTRE DE MARIANA – O QUE CONTRIBUIU
PARA A RUPTURA
Os tremores
DESASTRE DE MARIANA – O QUE CONTRIBUIU
PARA A RUPTURA
Econômico
Social Ambiental
Político
DESASTRE DE MARIANA – CONSEQUÊNCIAS
Lama tóxica?
DESASTRE DE MARIANA – CONSEQUÊNCIAS
Lama tóxica?
DESASTRE DE MARIANA – CONSEQUÊNCIAS
Criação de grupos independentes para trabalhar com o desastre.
Site: http://giaia.eco.br1/2015
DESASTRE DE MARIANA – POR QUE OS
PROCESSOS ESTÃO PARALISADOS
Histórias perdidas
DESASTRE DE MARIANA – ALGUMAS REFLEXÕES
E os problemas continuam
DESASTRE DE MARIANA – ALGUMAS REFLEXÕES
E os problemas continuam
DESASTRE DE MARIANA – ALGUMAS REFLEXÕES