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GEOTECNOLOGIAS
APLICADAS ÀS ÁREAS DE
VÁRZEA DA AMAZÔNIA
Trabalhos apresentados no
Workshop realizado em
Manaus, de 17 a 18 de
julho de 2007.
Ministério do Meio Ambiente – MMA Assessoria de Comunicação
Marina Silva Jane Dantas, Juliana Belota e Marília Rocha
Catalogação na Fonte
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
W926 Workshop Geotecnologias Aplicadas às Áreas de Várzea da Amazônia (2007: Manaus, AM)
Workshop Geotecnologias Aplicadas às Áreas de Várzea da Amazônia: trabalhos apresentados no workshop
realizado em Manaus, de 17 a 18 de julho de 2007. – Manaus: Ibama, 2007.
104 p.
Realizado pelo Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis, Projeto Piatam e Petrobrás.
ISBN 978-85-7300-255-3
1. Geotécnica. 2. Várzea – Conservação. I. Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea. II. Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea. III. Projeto
Piatam. IV. Petrobrás. V. Título.
AGRADECIMENTOS
À equipe do Subcomponente SIG composta por:
César Teixeira – Gerente Técnico
Willer Almeida – Gerente Administrativo
Anselmo Oliveira – Técnico em Geoprocessamento
Flávio Bocarde – Analista Ambiental
Maria Luiza G. Souza – Analista Ambiental
Às equipes de todos os componentes do Projeto ProVárzea,
em especial aos coordenadores:
Figura 14. Mapeamento da localização e atuação do AAVs nas Mauro Luis Ruffino e Marcelo Bassols Raseira
áreas pilotos. Aos colegas que trabalharam em algum momento com o
SIG – ProVárzea:
Flávio Simas de Andrade, Urbano Lopes Júnior, Nilson Fer-
reira, Emerson Carlos Soares, Simone Nunes Fonseca, Marcelo
3.8 Outros órgãos que solicitaram produtos e Parise e José Armando Silva de Oliveira.
serviços do subcomponente SIG:
Orgãos federais: Iphan, Amazonastur, Sipam, Embrapa, Se-
cretaria de Saúde e outros;
Universidades: Ufam,Uea, Ufpa ,UnB;
Outros departamentos do Ibama: Coair – Dilic, PrevFogo,
CSR – Cemam, Difap;
Prefeituras de Santarém e Parintins;
Ongs: Iara e Ipam.
2.2 Aplicativos
Os aplicativos do SIG-ProVárzea estão divididos em dois
grupos, sendo que no primeiro estão os aplicativos respon-
Figura 5. Descrição dos atributos de um dado geográfico sáveis por aquisição e processamento de dados geográficos,
contido em Geodatabase do SIG-ProVárzea além da exibição de informações geográficas. No segundo
grupo, estão os aplicativos destinados à distribuição de infor-
mações geográficas.
tem-se vários tipos de rodovias, tais como rodovia pavimenta- Os dois grupos de aplicativos do SIG-ProVárzea foram con-
da, rodovia sem pavimentação, de pista simples, de pista du- cebidos utilizando-se como plataforma de desenvolvimento
pla, em construção, etc. Dessa forma, no Geodatabase é pos- os programas computacionais ArcMap e ArcReader, ambos in-
sível explicitar esses subtipos. Esse tipo de recurso é bastante tegrantes dos conjuntos de programas do ArcGIS, versão 9.2.
útil, pois preserva a integridade semântica do dado. Como linguagens de programação para o desenvolvimento
Os subtipos são muito úteis na utilização do SIG-ProVárzea, dos aplicativos foram adotados o Visual Basic 6.0 bem como
pois ao carregar o dado geográfico, ele é apresentado com os o ModelBuilder, também disponível no ArcGIS 9.2. A Figura 9
subtipos explícitos, além disso, o dado fica diretamente orien- ilustra o desenvolvimento dos aplicativos do SIG-ProVárzea no
tado às características geográficas do mundo real e não ape- ambiente do Visual Basic 6.0.
nas aos aspectos gráficos do dado, tornando, dessa forma, a
edição, manutenção e apresentação diretamente relacionada
com o mundo real que o dado representa. Essa característica
está documentada nos modelos de dados dos Geodatabases
do SIG-ProVárzea, conforme ilustra a Figura 6.
3.RESULTADOS
Os aplicativos para aquisição, processamento e exibição
de dados e informações geográficas foram desenvolvidos para
o ArcMAP e estão distribuídos em um menu e uma toolbox,
Figura 12. Caixa de diálogo para o mapeamento de
conforme a Figura 11.
desflorestamentos a partir de produtos MOD13Q1
Para que os aplicativos funcionem corretamente é neces-
sário que o usuário realize a parametrização do sistema. Essa
etapa é executada acessando a opção parâmetros do SIG-Pro- imagens de média resolução espacial (15 a 30 metros), tais
Várzea e em seguida especificando cada um dos diretórios do como os sensores ETM e CCD, a bordo dos satélites Landsat
sistema. e CBERS, respectivamente. A Figura 13 apresenta a caixa de
diálogo para o mapeamento de desmatamentos a partir de
imagens de média resolução temporal.
Figura 11. Aplicativos do SIG-ProVárzea no ArcMap Figura 13. Ferramenta para mapeamento de
desflorestamentos a partir de imagens de média resolução
temporal
AGRADECIMENTOS
O autor deste artigo agradece a equipe do Projeto ProVár-
zea pela colaboração no fornecimento de dados e informações
relevantes à produção do artigo.
2. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
O Projeto de Manejo dos Recursos Naturais da Várzea
– ProVárzea tem produzido uma extensa base de dados
geográficos que integra os mais diversos tipos de dados
geograficamente referenciados. Essa base de dados
geográficos representa toda a área geográfica da calha dos rios
Solimões e Amazonas, além de outra base de dados em escala
de maior detalhe, representando as áreas-piloto do projeto,
compreendidas pelos municípios de Santarém e Parintins. A
Figura 1 ilustra a arquitetura da base de dados geográficos do
Provárzea.
A maioria dos dados que integram a base de dados Figura 1. Arquitetura da base de dados geográficos do
geográficos da calha dos rios Solimões e Amazonas, foram ProVárzea.
HEDINALDO LIMA3
3
Universidade Federal do Amazonas – Ufam
hedinaldo@ufam.edu.br
WARLEY ARRUDA5
5
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
warleyarruda@hotmail.com
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os gleissolos e os neossolos flúvicos são os solos predo-
minantes na planície aluvial ou várzea do rio Amazonas. De
idade pleistocênica e holocênica são formados principalmen-
te a partir de sedimentos provenientes de processos erosivos
naturais na Cordilheira dos Andes.
As Figuras 6, 7 e 8 apresentam os mapas compilados e a
legenda atualizada das unidades de mapeamento.
A Tabela 1 mostra as unidades de mapeamento identifica- Figura 5 – Mapa semi detalhado dos solos de várzea do
das na área de estudo. Foram identificadas 13 unidades de município de Manacapuru (Fonte: CETEC, 1986 – Adaptado
mapeamento em que a classe dominante foi o gleissolo com por Teixeira et al. 2006).
características eutróficas e distróficas. A segunda classe domi-
Tabela 1 – Principais unidades de mapeamento das várzeas do rio Solimões – Amazonas no Estado do Amazonas (Compilado
da Base do SIPAM, 2001)
Figura 8 - Mapas dos solos de várzea próximos a calha do rio Solimões no trecho denominado Médio Solimões – Baixo
Amazonas, entre os municípios de Beruri e Nhamundá.
Tabela 2. Áreas em hectares e os percentuais das classes velocidades reduzidas de intemperismo e do processo de
de solos dominantes das várzeas próximas à calha dos rios pedogênese, sendo por isso os solos mais novos da paisa-
Solimões–Amazonas no estado do Amazonas. gem nessa região. Solos mais novos são menos estruturados,
Classe de Solo ha % apresentam teores mais elevados de areia e silte e são mais
Gleissolos eutróficos 3.428.856 56.1 susceptíveis a perdas por erosão. Contudo, na maior parte das
várzeas estudadas o processo erosivo não causa perdas aos
Neossolos Flúvicos eutróficos 2.159.141 35.3
gleissolos, especialmente, devido a sua ocorrência em rele-
Gleissolos distróficos 508.867 8.3 vo plano e suave ondulado, onde se encontram, e à pequena
Neossolos Flúvicos distróficos 14371 0.2 diferença de cota entre o nível do solo e o nível das águas. As
Total 6.111.235 100 maiores perdas desses solos são devido ao “fenômeno das
terras caídas”, que consiste do desbarrancamento dos solos
solos e neossolos quartzarénicos. nas margens do rio, fenômeno que chega a ocorrer em grande
Na Tabela 2 são apresentadas as áreas em hectares e os extensão, em algumas áreas, mesmo sendo recobertas pela
percentuais das classes dominantes das unidades de mapea- vegetação original.
mento. Nessa análise estatística foi feita uma divisão também Os neossolos flúvicos estão associados principalmente ao
levando-se em consideração a classificação da fertilidade do dique aluvial (barranco do rio) e às partes mais elevadas do in-
solo (características eutróficas e distróficas). terior da várzea, enquanto os gleissolos ocorrem na parte mais
Na Tabela 2 verifica-se que mais de 60% dos solos da vár- interior e mais rebaixada da várzea, por isso mais freqüente-
zea, no trecho em estudo, são gleissolos, sendo que entre es- mente encontram-se saturados ou completamente submer-
tes, mais de 50% são eutróficos. Os neossolos flúvicos eutró- sos. Quando associados aos igapós, chavascais, aningais ou
ficos somam mais de 2.000.000 ha. Estes dados mostram que outras áreas muito baixas, no interior da várzea, os gleissolos
poucas áreas da várzea apresentam limitação de fertilidade não são cultivados.
para a produção agrícola. As áreas de solos com característi- Apesar de apresentarem, especialmente, os neossolos flú-
cas distróficas geralmente estão associadas às margens de la- vicos elevada fertilidade natural e elevada reserva de nutrien-
gos onde a carga de sedimentos ricos em nutrientes é menor. tes, as condições de drenagem e a elevação sazonal do nível
Essas áreas também têm a tendência de apresentar sedimen- das águas tornam-se freqüentemente limitantes ao cultivo
tos mais finos (textura argilosa e muito argilosa) em contraste desses solos em parte significativa do ano. A Figura 5 mostra
com a grande quantidade de silte que apresentam os solos uma classificação adicional pelo período de alagamento nas
próximos da calha do rio. Abaixo, são discutidas as principais diferentes posições da paisagem das várzeas próximas de Ma-
características das classes predominantes nessa área de estu- nacapuru. Esse tipo de classificação das várzeas por período
do dos gleissolos e neossolos flúvicos. provável de alagamento é de fundamental importância em es-
A natureza do material de origem, a posição na paisagem, tudos de zoneamento dessas áreas.
as condições restritas de drenagem e as inundações peri- Na várzea, os solos eutróficos, normalmente, possuem teo-
ódicas a que podem estar sujeitos esses solos resultam em res elevados de silte e de areia fina, com elevada capacidade
1. INTRODUÇÃO dos quais 11% foram estimados como cobertos por 6.510 la-
A bacia fluvial amazônica, a maior do mundo em dimensão gos, sendo que somente 10% são maiores que 2 km2 (Sippel
e vazão líquida, possui também a maior diversidade morfo- et al., 1992).
lógica de planícies aluviais ou várzeas do planeta. Se somar- Adicionalmente, Sippel et al. (1992) estimou que as várzeas
mos outras bacias que estão parcialmente cobertas pela flo- nos 400 km finais dos cursos baixos dos principais afluentes
resta amazônica, como é caso da bacia Araguaia-Tocantins e ocupam ~62.033 km2 e que a abundância de lagos varia entre
Orinoco, essa diversidade incrementa-se ainda mais. Dos 34 5 a 12% nos rios Purus, Negro, Japurá e Madeira, em relação à
maiores rios tropicais do mundo, em vazão líquida, 18 formam área total da planície aluvial.
parte da bacia fluvial amazônica ou estão relacionados com a O modelamento hidrológico da onda de cheias ao longo
floresta amazônica (Latrubesse et al., 2005). do canal principal sugere que até 30% da vazão do sistema
Os rios da Amazônia, então, podem ser classificados de do canal tem intercâmbio com a planície aluvial (Richey et al.,
forma geral dentro de dois grandes grupos em função da car- 1989).
ga de sedimentos e em diversos subgrupos relacionados aos O intercâmbio de sedimentos entre o canal principal e as
ambientes geológicos que drenam a geomorfologia de seus planícies aluviais, estimado a partir de modelos de transporte,
canais e planícies aluviais. teria que ser 12 vezes o valor de fluxo registrado na estação de
Os rios que transportam abundantes cargas de sedimentos Óbidos, no Baixo Amazonas (Dunne et al., 1998).
são ricos em nutrientes dissolvidos, enquanto os que trans- Porém, a planície aluvial do Amazonas não se inunda to-
portam baixas quantidades de sedimentos transportam pou- talmente durante cheias típicas (Tricart, 1977; Iriondo, 1982).
cos nutrientes e outros solutos (por exemplo, o rio Negro) ou Mertes et al. (1996), utilizando a interpretação geomorfológi-
um conteúdo intermediário de solutos (o rio Tapajós). ca de Iriondo estimou que 40.000 km2 da planície aluvial e
Em relação ao contexto geomorfológico-geológico, os rios 4.000 km2 de ilhas são inundadas por inundação direta entre
que fluem ao longo de faixas fluviais lineares podem ser agru- Vargem Grande e Óbidos. Cerca de 20.000 km2 de depósitos
pados em: relacionados a cinturões orogênicos montanhosos, de faixa fluvial permanecem relativamente secas ou são inun-
platôs e plataformas de rochas mesozóicas, sedimentares e dadas por águas locais providas por pequenos tributários, se-
basaltos, crátons pré-cambrianos, ou de planícies dissecadas epage subterrâneo ou água local de chuvas (Mertes, 1997).
de sedimentos cenozóicos ou de ambientes mistos (Tabela 1 - Estudos mais recentes (Hess et al., 2003), estimaram por
Anexo) (Latrubesse et al., 2005). meio do uso de imagens JERS que 70% de 1,77 milhão de km2
As planícies aluviais ou várzeas são geradas por processos de uma área retangular (quadrat) na Amazônia central, incluin-
fluviais e sustentam uma diversidade de ambientes. Na ba- do os rios Solimões-Amazonas desde águas abaixo do Napo
cia amazônica a grande variedade de padrões de canais e a até a confluência com o Tapajós, o rio Negro ao sul do Vaupés e
existência de planícies aluviais complexas em tempo e espaço os baixos cursos dos rios Tapajós, Trombetas, Madeira, Purus,
induzem à geração de um mosaico ambiental de áreas inundá- Japurá, Juruá e Içá estão ocupados por áreas alagadas (wetlan-
veis e lagos de diversas origens, formas e funcionamento. ds) inundadas entre 96% e 26% durante o período de cheias
Embora tenham avançado, significativamente, os estudos ou vazante, respectivamente. Em relação a esta estimativa, a
sobre as várzeas da Amazônia têm se concentrado no pro- metade das áreas inundáveis (wetlands) estão ocupadas por
cessamento de produtos de sensores remotos ou têm tido planícies aluviais e canais dos rios Solimões-Amazonas e seus
um enfoque puramente limnológico, direccionado à ecologia principais afluentes. Hess et al. (2003) remarcam que 70% das
de ambientes aquáticos, sem um conhecimento concreto da áreas inudáveis estão cobertas por mata de várzea ou igapó.
dinâmica hidrofísica dos sistemas e dos processos históricos Porém, as classes de fisionomias vegetacionais e suas carac-
envolvidos na sua formação. Os estudos sobre os processos terísticas de inundação mostram grandes variações quando se
físicos que conformam o arcabouço arquitetural das planícies comparam rios de águas brancas ou pretas devido às particu-
aluviais ou várzeas é muito fraco e mais ainda as pesquisas laridades geomorfológicas das planícies aluviais.
que tentam inter-relacionar aspectos físicos com os aspectos Os resultados mencionados e tantos outros de caráter mais
bióticos das planícies aluviais. específicos, obtidos na bacia, são muito valiosos, porém,
Embora valiosos, muitos resultados que existem são extre- nota-se uma falta de estudos e mapeamentos detalhados e
mamente gerais. Por exemplo, é conhecido que ao longo do o estabelecimento de relações mais claras e precisas entre
sistema principal dos rios Solimões-Amazonas (~2.800 km) a hidrogeomorfologia e vegetação, por exemplo, assim como
planície aluvial ou várzea ocupa aproximadamente 92.400km2 percebe-se o uso da hidrologia sem ter em conta a dinâmica
e a natureza do ambiente físico. Isso dificulta um melhor en-
ANEXOS
Tabela 1:
Tapajos,
a) Vales bloqueados, vales inundados, muita baixa carga de
Xingu, Tefé, - Lagos de vales bloqueados
sedimentos suspensos
Coarí
b) Vales amplos com ilhas alternando com estreitos setores com Negro,
corredeiras ou pontos nodais, muito baixa carga de sedimentos Trombetas, - Lagos de diques e floresta de Igapó
suspensos. Aripuanã
b) Orogênicos + plataformas + crátons (+ terras baixas): complexos -Lagos de diques marginais, lagos redondo de
sistemas, principalmente com tendência a braided, baixa tendência Madeira, planície de inundação, lagos de ilhas controlados
ao entrlaçamento, alguns rios exibem corredeiras alternando com Solimões por diques marginais, lagos gerados por deltas
largos setores aluviais, Alta carga de sedimentos (dominantemente Amazonas na planície de inundação, lagos gerados por
carga suspensa) espiras de meandros, lagos de canal abandonado.
1
Universidade Federal de Alagoas/UFAL/Campus Arapiraca/Pólo Penedo – Curso de Engenharia de Pesca.
E-mail: soaemerson@gmail.com
2
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – ProVárzea
willer.pinto@ibama.gov.br, cesar.teixeira@ibama.gov.br, anselmo.oliveira@ibama.gov.br,
mparise13@yahoo.com.br, flaviobocarde@yahoo.com.br e monaf@uol.com.br
Figura 4. Verificação In loco das áreas de pesca em Parintins/ Figura 5. Verificação In loco das áreas de pesca em Santarém/
AM. PA.
CLAUDIA A. TOCANTINS
Atech Tecnologias Críticas
claudia@atech.br
3. QUANTIFICAÇÃO DA CARGA DE
2. Área de Estudo
A área de estudo está inserida no Médio rio Araguaia, de- FUNDO
limitada em um trecho de planície aluvial do Médio curso, na Para quantificar o transporte de sedimentos de fundo (Qsf),
localidade de Aruanã, pertencente ao estado de Goiás (Figura ao longo do canal, na região de Aruanã, foram utilizados dois
1). Nesse trecho de cerca de 76.300 km² de bacia hidrográfica métodos: um para estimar a carga de fundo sensu stricto e
está situada a Estação Fluviométrica de Aruanã. outro para estimar a carga total de sedimentos arenosos (de
O trecho pesquisado do rio Araguaia concentra-se em um fundo e em suspensão).
dos principais pontos turísticos de Goiás, sustentado pela A carga de fundo é a que circula pelo leito do rio e as par-
utilização de praias (na fase de estiagem) e pesca esportiva, tículas de sedimentos podem se mover de diferentes formas,
além de fazer parte de uma área úmida de grande importân- dependendo da relação existente entre seu tamanho e a capa-
cia para a biodiversidade, onde existem diversos projetos de cidade dos fluxos de transportá-las. Os mecanismos de trans-
conservação e proteção ambiental, como por exemplo, a APA porte são: rolamento, deslizamento, saltação e suspensão. A
Meandros do Araguaia, que ocupa 75% das áreas inundáveis soma total do transporte, pelos distintos mecanismos mencio-
do rio Araguaia, e representa um dos últimos remanescentes nados, representa a carga total de fundo num canal fluvial.
do Cerrado. A carga de fundo é estimada através de equações de trans-
Aruanã é uma das estações fluviométricas operadas pelo porte de hidráulica fluvial, mas a carga de fundo no sentido
CPRM-GO/Serviço Geológico do Brasil e está localizada em sensu stricto também pode ser estimada indiretamente atra-
um setor relativamente representativo dos fenômenos acon- vés de medições das morfologias móveis do fundo.
tecidos na Alta bacia e nas sub-bacias dos rios Caiapó, Claro Em um canal aluvial com leito arenoso o sedimento se
e Vermelho, algumas das mais impactadas pelo homem no move, se organiza e se movimenta segundo certos ordena-
estado de Goiás. mentos geométricos. As menores morfologias são ondas de
Este estudo tem o objetivo de caracterizar e quantificar a pequenos tamanhos (ondulações)– ripples, que apresentam
carga de fundo dos canais do Araguaia, bem como integrar perfil longitudinal triangular com declividade suave em dire-
4. SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO OU DE
LAVADO
Como o nome indica, a carga em suspensão ou carga de
lavado (wash load) é a carga constituída pelas partículas se-
dimentares menores (silte e argila) que são transportadas
suspensas dentro da massa d’água. Para quantificar o trans-
porte de sedimentos em suspensão (Qss), ao longo do canal
do Araguaia, a concentração de sedimentos em suspensão foi
determinada para a Estação Hidrológica de Aruanã em cinco
campanhas. As datas de coleta dos dados estão expostas na
Figura 4.
As amostras foram obtidas utilizando garrafas de Van Dorn
em pelo menos três verticais na seção transversal. As amostras
tiveram o volume de 1,0 lt, coletado (com réplica). O método
de determinação da concentração de sedimentos suspensos
utilizado é o definido por Orfeo (1991) e se constitui na filtra-
gem de uma parte da amostra através de membrana de éster
celulose de 0,45 µm de poro e 47 mm de diâmetro (Millipore),
previamente pesada. A determinação da quantidade de filtra-
do foi feita posteriormente por pesagem do filtro seco.
A estimativa da vazão de sedimentos suspensos foi obtida
mediante o valor de concentração média, obtido na seção es-
tudada, e da vazão média para o dia da coleta.
No total foram analisadas 50 amostras com uma média de
10 amostras por seção transversal, ou seja, aproximadamente
3 amostras por vertical e 4 no setor mais profundo.
As concentrações médias obtidas para a seção em cada
Figura 3: A) Ponto de localização da seção ecobatimétrica. B) campanha e os cálculos de transporte para cada dia de coleta
Sobreposição dos perfis ecobatimétricos feitos em diferentes encontram-se na Tabela 2. O cálculo de transporte foi obtido
campanhas. C) Comparação das dunas. da seguinte equação: Qss = 0,0864 x Q x C = (t/dia), onde:
ALEXANDRE RIVAS
Universidade Federal do Amazonas - Ufam – Manaus - AM
Inteligência Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia (Piatam) – Manaus - AM
alex.rivas@piatam.org.br
Figura 6 – Representação em diagrama (gráfico de barras) do Figura 9 – Representação em diagrama (gráfico de pizza) do
percentual da população residente nas comunidades. percentual de moradores por cômodo servindo de dormitório.
AGRADECIMENTOS
O desenvolvimento do diagnóstico sociodemográfico do-
miciliar e individual efetuado nas nove comunidades na área
de atuação do Projeto Piatam, que gerou dados para este tra-
balho, só foi possível devido ao apoio da Financiadora de Es-
tudos e Projetos - Finep e da empresa Petróleo Brasileiro S.A
– Petrobrás, por meio do Programa Piatam.
1. Introduction 70.99 o (far range). In order to cover the entire test site initially
Synthetic Aperture Radar (SAR) L-band data constitute an requested, sixteen strips of data were obtained. The R99SAR
invaluable tool to map flood inundation beneath forest cano- data were processed at the SIPAM operational center in Ma-
pies. The accurate delineation of the extent of inundation pro- naus, generating 16-bit images geometrically co-registered
vides important information that can guide management deci- and with no radiometric calibration.
sions in the event of oil spills in a high sensitivity area such as Considering the initiative to adapt the acquired R99SAR
the Amazon floodplain. data to the MAPSAR mission, all the strips were joined together
MAPSAR (Multi Application Purpose SAR) is a Brazilian- in order to compose a resampled mosaic with approximately 10
German initiative to produce a multipolarimetric, spaceborne meters of spatial resolution. As the incidence angle interval of
L-band SAR system with high-resolution capability as an aid to MAPSAR ranges from 20o to 45o, only the interval from 39.57o
assessment and monitoring of natural resources. The objective to 45o of each strip was used in this mosaic. This corresponds
of the present study is to simulate potential MAPSAR results in to an average width of 4 km at the near range of each strip. As a
the floodplain region near Coari City. result, SAR image mosaics of LHH, LHV and LVV configurations
were composed (Figures 1, 2, and 3).
The individual R99SAR image mosaics were processed
using the Unsupervised Semivariogram Textural Classifier
2. Test Site (USTC). Promising results using this classification approach in
Petrobras built a pipeline that transports 50 thousands bar-
the Western Amazon were obtained by Miranda et al. (2005).
rels of oil per day from the Urucu oil and gas province to the
USTC is a deterministic classifier, which provides the option
Solimões Terminal (TESOL) in the vicinities of Coari City. This
of combining both textural and radiometric information. Ra-
oil is then shipped to another terminal in Manaus using the
diometric information is conveyed by the despeckled digital
fluvial route of the Solimões River. TESOL is located in an area
number (DNdsp) value. The speckle noise reduction algorithm
characterized by a flat landscape, in which topographic varia-
to be used is the adaptive Frost filter. Textural information is
tions range approximately from 35 to 70 meters. Water level
described by the shape and value of the circular semivario-
changes between dry and wet seasons usually reach a diffe-
gram function.
rence of 14 meters. As a result, the extension of flooding can
reach up to 30 kilometers beyond the Solimões River banks
at the high flood season, in which flooded forest and flooded
vegetation form the most oil-sensitive habitats. 4. Results
4.1 DN statistics and semivariogram behavior
3. Methodology The Unsupervised Semivariogram Textural Classifier (USTC)
Data acquisition at Coari City was carried out on 01 June was used to discriminate and map cover types associated
2006, high-flood season, using the L-band (quad-pol) Synthe- to the following scattering mechanisms: (1) predominantly
tic Aperture Radar (SAR) system, known as R99SAR, which is forward scattering (flooded vegetation with low to intermedia-
installed onboard the SIPAM (System for the Protection of the te values of biomass above water, but also pasture and clear
Amazon) aircraft. This acquisition is part of the MAPSAR Mis- cuts); (2) specular reflection (mostly open water and airstrips);
sion simulation. (3) diffuse backscatter (upland forest); (4) double bounce
The quad-pol L-band airborne R99SAR data were acquired (mostly flooded forest, but also urban areas).
using a NNE-SSW flight path with a swath width of 20 km (dis- Considering knowledge gained in previous field campaigns
tance from nadir varying from 14.63 km in the near range to in the Coari region, image samples of arbitrary size (11 rows by
34.62 km in the far range) and 6 meters of ground spatial reso- 11 pixels) were selected as representative of the aforementio-
lution. The incidence angle ranges from 39.57o (near range) to ned surface cover types. They were used to obtain DN statistics
Table 1 – DN statistics of 11x11-pixel samples in the L-band, Table 4 – Confusion matrix (LHH) for USTC classification
HH polarization
VEGETATION
LHH CONFIGURATION %
FLOODED
FLOODED
UPLAND
PIXELS
FOREST
FOREST
FLD. UPL. FLD.
WATER
DN STATISTICS WATER CLASS (HH)
VEG. FOR. FOR.
Median: 106 21 177 243 WATER 100 0 0 0
FLOODED
Mean: 104.0 20.9 174.8 241.6 0 90.9 9.1 0
VEGETATION
Variance: 231.0 4.0 462.2 81.0 UPLAND FOREST 0 0 100 0
FLOODED
0 0 0 100
Table 2 – DN statistics of 11x11-pixel samples in the L-band, FOREST
HV polarization Table 5 – Confusion matrix (LHV) for USTC classification
LHV CONFIGURATION VEGETATION
%
FLOODED
FLOODED
FLD. UPL. FLD.
UPLAND
PIXELS
FOREST
FOREST
DN STATISTICS WATER
WATER
%
FLOODED
FLOODED
PIXELS
FOREST
FOREST
WATER
Figure 2 – R99SAR original LHV image mosaic (A), and corresponding USTC classification result (B). Pixels are labeled as: water
(blue) = 34.6%; flooded vegetation (cyan) = 3.2%; upland forest (green) = 62.1%; flooded forest (yellow) = 0.1%.
Table 7 – Covariance (A) and correlation (B) matrixes of the R99SAR image mosaics
(A) COVARIANCE MATRIX (B) CORRELATION MATRIX
HH HV VV HH HV VV
HH 6109.21 HH 1.0000
HV 4257.20 3310.94 HV 0.9466 1.0000
VV 6275.12 4583.54 6926.38 VV 0.9646 0.9571 1.0000
getation is misclassified as upland forest. processed (Figure 5). Results of LHH+LHV USTC classification
Regarding the LHV image mosaic, the confusion matrix constituted an improvement in the delineation of some surfa-
highlighted that 98.3% of flooded forest is misclassified as ce cover types (mostly flooded vegetation and clear cuts).
upland forest. This result can be explained by visual inspection The confusion matrix for LHH+LHV USTC classification is
of semivariograms in Figure 4B, in which both surface cover shown in Table 8, where 100% of pixels are correctly classified
types present similar behavior. Furthermore, the double boun- for water, upland forest and flooded forest. A limited misclas-
ce mechanism characteristic of flooded forest is not observed. sification is observed for flooded vegetation (1.7% of pixels is
The confusion matrix for the LVV image mosaic shows that pi- misclassified as upland forest). The confusion matrix of Table
xels in the flooded vegetation sample are completely misclas- 8 presents better results if compared with the ones correspon-
sified as upland forest. ding to the individual mosaics (Tables 4, 5, and 6).
VEGETATION
FLOODED
FLOODED
UPLAND
%
FOREST
FOREST
WATER
PIXELS
CLASS (HH+HV)
WATER 100 0 0 0
FLOODED
VEGETATION 0 98.3 1.7 0
6. Reference
Miranda, F.P., Beisl, C.H., Forsberg, B.R., Arruda, W., Pe-
droso, E.C. Application of seasonal JERS-1 SAR full
resolution image mosaics for identification of oil spill
sensitivity in Western Amazonia, Brazil. In: I Congres-
Figure 5 – USTC classification result of LHH+LHV image so Internacional do Piatam: Ambiente, Homem, Gás
mosaics. Pixels are labeled as: water (blue) = 34.7%; flooded e Petróleo. Anais do 1º Congresso Piatam: Ambiente,
vegetation (cyan) = 3.2%; upland forest (green) = 54.7 %; Homem, Gás e Petróleo, Manaus, 2005, p. 153.
flooded forest (yellow) = 7.4%
Figura 1. A Bacia Amazônica com suas 4 principais unidades 3 Objetivos e modo de abordagem
morfo-estruturais (1-Cadeia Andina; 2-Escudo das Guianas; Dentro do contexto este artigo pretende apresentar uma
3-Escudo Brasileiro e 4-Planície fluvial) e seus principais breve síntese dos últimos trabalhos desenvolvidos sobre o
cursos d’água. Fonte: modificado de Filizola (2003). fluxo de MES na bacia amazônica, em especial, destacando
4. resultados e discussão
Tabela 1 – Estimativa de fluxo sólido a partir de amostragem
4.1 As campanhas de campo Hibam realizada durante as campanhas Hibam, de 1995 a 1998.
Em vista da ausência de campanhas de campo do Programa Também para o mesmo período o cálculo da vazão média
Hibam, em todos os períodos do ciclo hidrológico, o valor de anual e o percentual de representatividade de cada estação
QS médio anual para o período de 1995 a 1998 foi calculado a em relação aos valores obtidos para a estação de Óbidos
partir das relações QS=f(Q), onde Q é a vazão. Essas relações (última estação com medição regular de vazão no rio
foram, então, elaboradas para cada estação de amostragem Amazonas, antes de ele alcançar o oceano). Fonte: Filizola
com dados Hibam e com o auxílio das séries de dados de (2003).
vazão fornecidos pela ANA. Os resultados permitiram propor Vazão Fluxo sólido
uma primeira avaliação geral dos fluxos de MES nas principais m3.s-1 106 ton.ano-1
estações de controle, assim como do fluxo ao Oceano Atlântico
Manacapuru, R. Solimões 96 230 447
(Tabela 1). Os mesmos resultados, apesar de pouco dispersos
no interior de um ciclo hidrológico, permitem uma avaliação Paricatuba, R. Negro 32 230 8
de sua evolução temporal (Figura 5). Em março, no início da Faz. Vista Alegre, R. Madeira 26 820 371
subida das águas, o fluxo de MES do rio Madeira é superior ao Óbidos, R. Amazonas 161 100 715
do rio Solimões e a tendência é de sedimentação (-23%) entre Sol. + Neg. + Mad. 155 280 826
Manacapuru e Óbidos. O valor de QS é próximo de 3.106ton. Diferença obs. 5 820 -111
dia-1. No mês de abril, a subida das águas continua, os rios
Agradecimentos
Os autores agradecem aos colegas do antigo DNAEE, da
CPRM, da Aneel, da ANA e do IRD, pelo apoio na realização
dos trabalhos aqui reportados, em suas inúmeras fases. Agra-
decem o auxílio recebido do Ceap/Petrobrás e do Fundo Se-
Figura 8 – Espacialização dos índices de irregularidade das torial de Recursos Hídricos (CR-Hidro) no que diz respeito à
vazões extremas para as “áreas de contribuição hidrológica” infra-estrutura de apoio que vêm oferecendo, permitindo dar
utilizadas no estudo. Fonte: Filizola (2003). continuidade aos trabalhos aqui apresentados. Agradecem
também ao Projeto Piatam, à Universidade do Estado do Ama-
zonas – UEA e à Universidade Federal do Amazonas - Ufam,
parceiros que têm auxiliado em boa parte dos trabalhos ne-
cessários para o funcionamento da base do Programa Ore-
Hybam, em Manaus.
Referências bibliográficas
Aalto, R., Maurice-Bourgoin, L., Dunne, T., Mon-
tgomery, D.R., Nittrouer, C., and Guyot, J.L. 2003.
Episodic sediment accumulation on Amazonian floo-
dplains influenced by El Niño/Southern Oscillation.
Nature. 425:p. 493-497.
Baby P., Guyot J.L., Hérail G. (in press). The high Ama-
zonian basin of Bolivia: tectonic control, erosion and
sedimentation. Hydrological Processes.
Figura 9 – Espacialização dos índices de irregularidade das
descargas sólidas extremas para as “áreas de contribuição Bordas M.P. 1991. An outline of hydrosedimentologi-
hidrológica” utilizadas no estudo. Fonte: Filizola (2003). cal zones in the Brazilian Amazon basin. In Water
Management of the Amazon Basin, Braga B.P.F. &
Fernandez-Jauregui C. (eds.), Publ. Unesco-Rostlac,
Montevideo, 191-203pp.
as contribuições do rio Solimões e mesmo as máximas do rio
Amazonas, em Óbidos, durante seu pico de máxima. Bordas M.P., Lanna A.E., Semmelmann F.R. 1988.
Evaluation des risques d’érosion et de sédimenta-
tion au Brésil à partir de bilans sédimentologiques
5. Conclusão rudimentaires. In Sediment Budgets, Bordas M.P. &
Este trabalho procurou mostrar um resumo das atualidades Walling D.E. (eds.), IAHS Publ., 174 , 359-368pp.
em relação aos estudos sobre o fluxo de matéria em suspensão
Carvalho N.O., Filizola N., dos Santos P.M.C., Lima
nos principais grandes rios da bacia amazônica, realizados no
escopo do Programa Hibam, no Brasil, e que atualmente se en-
J.W. 2000. Guia de Práticas Sedimentométricas.
contram sob uma nova perspectiva num contexto mais amplo Ed.ANEEL/PNUD/OMM, Brasília. 154 p.
(Pan-Amazônia) através do consórcio internacional Ore-Hy- Chapman D. 1992. Water Quality Assessments – A
bam. Mostrou a importância desses estudos quanto ao aporte guide to the use of biota, sediments and water in en-
de MES ao oceano, carreado pelo rio Amazonas, o modo como vironmental monitoring. Pub. UNESCO/WHO/UNEP,
cada grande tributário participa nesse contexto, revelando a London. 585 p.
importância no aspecto regional dos rios andinos no cômputo
geral dos efeitos de sedimentação e ressuspensão, identifi- DUNNE T, MERTES LAK, MEADE RH, RICHEY JE, FORSBERG
cados no seio da bacia, onde áreas podem reter anualmente BR. 1998. Exchanges of sediment transport between
até 200.106.ton.ano-1 de material que depois entra novamente the floodplain and channel of the Amazon River in
em suspensão, aparentemente por efeito do gradiente hidráu- Brazil. Geological Society of America Bulletin 110(4):
lico (Meade et al., 1985). Assim, são indicadas proposições 450-467.
de valores de QS, em especial a confirmação do aporte do rio
Amazonas ao Oceano Atlântico como sendo da ordem de 600 Edwards T.K., Glysson G.D. 1988. Field methods for
a 800 106 ton.ano-1, valor também confirmado por Guyot et al. measurement of fluvial sediment. USGS OFR 86-531,
(2005). Também se apresentou um hidrossedimentograma Reston-VA. 118 p.
1.Reativação Wealdeniana.
2.Transpressão Tapajônica.
(Mioceno).
3.Transtensão Manauara.
(Plioceno)
4.Transpressão Marajoara.
(Quaternário)
Daniel Oliveira
CPRM- Serviço Geológico do Brasil
daniel@ma.cprm.gov.br
Conclusão
O monitoramento hidrológico na Amazônia Ocidental tem
entre seus objetivos principais o de acompanhar a evolução
dos eventos de cheias e vazantes dos rios, que ocorrem dis-
tintamente no tempo e no espaço, na extensão continental
da bacia hidrográfica amazônica. O ciclo anual das cheias
recebe a influência do regime de chuvas do Hemisfério Sul e
do Hemisfério Norte, iniciando nos rios da margem direita do
Solimões-Amazonas, como o Madeira e o Purus, e terminando
com a enchente do rio Branco, em Roraima, no mês de agosto.
Figura 06: Cotagrama médio para o rio Negro em Manaus. Na calha central da bacia amazônica as cheias ocorrem em ju-
(Andrade&Oliveira, 2006) nho e a vazante ao final de outubro, com 234 dias de ascensão
e 131 dias de descida das águas, que são valores médios para
o rio Negro.
A previsão das cheias para Manaus e o entorno é facilitada
pela grande extensão da bacia e sua baixa declividade, o que
leva a uma lenta propagação da onda de cheia, possível de se
prever com antecedência de 75 dias do pico máximo a ser al-
cançado em junho. No caso da vazante, devido ao decaimento
exponencial das cotas, sua abrupta inflexão no final da curva
e a influência da descarga das águas subterrâneas, levam a
mais incertezas para a sua previsão. Em ambas, só foi possível
a elaboração de modelos de previsão porque existe uma série
histórica centenária para os níveis do rio Negro, no Porto de
Manaus.
Em termos de atividade econômica para a população ribei-
rinha as cheias acarretam na interrupção da pesca e da agricul-
tura, feitas intensamente no período de águas baixas. Porém,
problemas para a navegação, isolamento de comunidades e
acesso à água potável ocorrem na vazante, sendo mais acen-
Figura 7: Rede de Monitoramento para Eventos Críticos. tuados os seus efeitos nos lagos que estão topograficamente
acima do nível dos rios.
O monitoramento hidrológico na bacia amazônica é efeti-
vo com a operação permanente da rede hidrometeorológica
básica, cuja obtenção de séries hidrológicas, de longo prazo,
é fundamental. Ademais, os eventos críticos de baixa freqüên-
cia e alta magnitude são influenciados por sistemas climáticos
globais, com variabilidade natural de centenas ou milhares de
anos. Os registros dessa variação podem ser procurados nos
depósitos sedimentares dos lagos amazônicos, que guardam
as informações dos paleoambientes.
A análise das séries hidrológicas e o entendimento de sua
variabilidade no passado poderão descortinar o cenário das
mudanças climáticas na Amazônia.