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Materiais de Construção Civil e Princípios de Ci!

ocià Baaenhad
Geraldo CecheUa Isaia (OrganizadorJF.ditor) e a de Maleriais
© 2010 IBRACON. Todos direitos reservados.

Capítulo 38

Madeir a como Material Estrutural


Pedro Afonso de O/freira Almeida
&cola Politécnica da Universidade de São Paulo

38.1 Introdução

O desenvolvime nto tecnológico mundial da madeira como material


estrutural cresceu substancialme nte nas últimas décadas. Aumentou a
industria_lizaç~o das construções.em madeira e surgiram novos produtos à base
de maderra, tais como o MDF (mediwn densityfibreboard) e o OSB (oriented
strand board) I.
A madeira como material estrutural normalmente se encontra em diferentes
formas, tais como: madeira em tora. madeira errada, madeira laminada
colada, madeira compensada e madeiras reconstituídas. O comportamento
estrutural desses diferentes tipos de madeira está relacionado com o arranjo da
estrutura interna, que, dependendo da forma final do produto, resulta em maior
ou menor grau de anisotropia. Normalmente, as madeiras reconstituídas têm
propriedades isotrópicas, o que garante seu excelente desempenho estrutural,
diversificando seu emprego nas construções. Portanto, sua aplicação como
material estrutural exige domínio do conhecimento sobre a estrutura interna
dos diferentes tipos de madeira para orientar as técnicas de detalhamcnto das
ligações e de regiões especiais das estruturas, garantindo-se a segurança e
durabilidade das construções de madeira.
Neste capítulo, apresentam-se informações.básicas sobre a estrutura ~nterna
da madeira e suas propriedades estruturais, bem como as relaçoes de
interdependência dessas propriedades com as ações, levando-se em c~)nta ~s
carac erísticas intrínsecas de seu comportament o estrutural. Tambcm sao
apre1.icntados exemplos de aplicação da madeira como material estrutural, com
o O ~jctivo de d ifundirem-se as qualidades de desempenho estrutural e de
dur· h1 1dtde da madeira.

1
\:t Capítulos 39 e 46 sobre o assunto.
38.2.1.J :Estrutura intema2
A madeira é um material originário do tecido ve;etal com cara_cterísticas
intrínsecas definidas pela fisiologia da árvore. A fonnaçao da estrutura mtema da
madeira pode ser considerada um sistema de tubifonne que transporta tanto a seiva
bruta (da raiz até as folhas) quanto à seiva elaborada (das folhas p~ o tronc?- após
a fotossíntese), irrigando radialmente o tronco, tal como esquemat1za~o n! Figura I.
A fisiologia da árvore define um sistema vascular orientado na d1reçao vertica]
Oongitudinal) e radial ao tronco, formado por elementos "tubulares" denominados de
fibras (traqueídes), esquematizados na Figura 2. Esses elementos são estruturas
macroscópicas, com dimensões da ordem de milímetros, podendo alcançar até 3,5
mm (caso do eucalipto). Esses elementos tubulares são estruturados por fios de
celulose de alta resistência espiralados e "cementados" por uma matriz de lignina
(extrativos), formando, assim, uma estrutura tubular preferencialmente nas direções
longitudinal e radial ao tronco, tal como esquematizada na Figura 3. Durante o
crescimento da árvore, esses tecidos vão se superpondo em forma de cones, com
maior atividade durante as estações quentes (verão) e menor intensidade nas estações
frias (inverno), quando há menor intensidade solar e poucas chuvas. Assim, as
camadas de verão são de maiores espessuras e de tonalidades daras, e as camadas de
inverno são de menores espessuras e com tonalidades escurecidas, denominadas de
anéis de crescimento (Figura 4). Portanto, os anéis de crescimento são formados por
colorações dos tecidos, não resultando em uma estrutura resistente da madeira,
apenas uma coloração anelar na seção da peça que ajuda a identificar as superfícies
de clivagem da estrutura interna da madeira (OLIVEIRA ALMEIDA, 1990).
folha

tronco:
madeira
estrutural

seção transversal do tronco

Figura l - Diagrama esquemático da fisiologia da árvore.

2 Infonnações adicionais sobre a estrutura interna da madeira encontram-se no Capítulo 1. 7 d livro.


L

Figura'.! -Arranjo esquemático da estrutura interna da madeira (OLIVEIRA ALMEIDA, 1990).

unem
água livre

----+----- ligrina - cinento:


água de lmpregnaçio

f-lgurn 3 _ IJiagrnma esquemático do trnqueíde.


Figura 4 - Anéis de crescimento como indicação da estrutura interna da madeira (OLIVEIRA ALMEIDA, 1990).

A estrutura interna da madeira desenvolvida durante o crescimento da árvore é


um eficiente sistema de vascular que pode transferir para a atmosfera até 400 ?tros
de água em um dia quente de verão (referência a uma árvore adulta de eucalipto),
quando normalmente encontra-se uma massa de água cinco vezes maior que a
massa de madeira seca (tecidos) (500% de umidade), dada por:
V(%)= (Jllj-msJ/11\, sendo mi a massa inicial de madeira mais água e ms é a massa
da madeira seca em temperatura de 103ºC, até que a massa do corpo se tome
constante. Esse sistema vascular permanece ativo parcialmente após o abate da
árvore (corte da tora). Em poucas horas após o abate, ocorre uma rápida redução
de água para duas vezes a massa de água relativa à massa de madeira seca (mJ
Esse processo de secagem natural da madeira, naturalmente, continua a se
desenvolver durante as fases de transporte, desdobro e aparelhamento ,
decrescendo a valores de umidade da ordem de 100% a 30% num período de até
três meses. A secagem natural continuará a se desenvolver até chegar à umidade
de equilíbrio com o ar ambiente, que leva, no mínimo, um ano de duração e atinge
valores de 18%, no caso da cidade de São Paulo. A extração da água da madeira,
para teores de umidade abaixo de 30%, em pouco tempo exige procedimentos de
secagem aqui denominados de secagem artificial da madeira. Ademais, a extração
dessa água resulta em movimentações sigruficati vas da estrutura interna,
provocando retrações em planos preferenciais orientados pela estrutura interna do
sistema vascular.
A extração da água da madeira poderá provocar mudanças importantes na
microestrutura, que, normalmente, leva retrações exageradas. Podem ocorrer
fraf:Uramentos ~ estru~ra interna, denominados defeitos de secagem. o defeito
mais comum e o ~endilhamento dos troncos ou das peças de ma<.:' ira maciça
(serradas ou falqueJadasJ. Essas retrações são orientadas preferer,·jh "lente pelo
siSrema vascular definidos pelas fibras
corte que é realizado na fase de desdob:udaese d~nvol~em em função do tipo de
madeira (Figura 5).
L

~ L

Madeira de excelenle
deS9111)effl() estnull can
baixa vmiablldade
se torne t R dimensional e san def9itos
de secagem
bate da Figura 5 - Sistema de desdobro orientado pela estrutura interna da madeira(anéis de crescimento).
redução
(mJ.
A saída de água da madeira resulta na retração das paredes das fibras. Isso
µa a se aumenta sua compacidade, que leva a um aumento tanto da resistência quanto da
~mento,- rigidez do material. Esse fenômeno tem sua intensidade aumentada rapidamente
D de ate
quando o teor de umidade é reduzido abaixo de 25%, até valores próximos de 5%.
r1Ídade Esse fenómeno, na presença do aumento de temperatura, aumenta a resistência
r_ªf~ge
tadeII"à,
mecánica da madeira, chegando a dobrar seu valor de umidade de referência ( 12%)
em temperatura'> acima de 200ºC (ALMEIDA, P. A. O & SOUZA 1996). Isso toma
ptoS ~e a madeira um materiaJ com excelente desempenho em situações de incêndio. pois
<traçao retarda ao máxjmo o colapso da estrutura (Figura 6). O retardamento do colapso é
0 terI1ª·
devido ao aument() da resistência, em função de o aumento da temperatura ser
:rna do maior que a perda de resistência da seção pelo avanço da queima pelo fogo. Esse
; meno ocorre até um tempo limite, necessário para que ocorra a evacuação da
ação. que nonnalmente tem 1 hora de duração.
in e ugar_:ão do efeito da temperatura na madeira e no concreto foi realizada
,ç, cnrpo -de-pro 1a apresentados na Figura 6a, e os resultados estão nos
ma dac, figuras r5b e 6c. Nessa investigação, os corpos-de-prova foram
10cm 9

defini
k 5cm 'éUDlª
anual,
Corpo de prova d1 madeira
Corpo de provi de concrato
7190
Figura 6a - Corpos-de-prova utilizados no experimento.

Efilto da Temparatura na Re1l1têncla


re IT(l) •1 /fcrr(8848,9+118,27(TIT0)-3,2(T/T0)•2+0,04(T/T0)•3-2E-4(T/TO) •4+2E-7(T/TO)•SJ
E 100
E 160 • Madeira )pê dados
a 140 experirrentais LEM-EPUSP

·1 120
a.1100
g~ 80
-<11 60
:~ 40
~ 20
~ 04-----.----.----.---,----,r---.---~
o 50 100 150 200 250 300 350
Temperatura T, ("C) Ac~
umida
Figura 6b - Variação da resistência da madeira em função da temperatura até a combustão espontânea lllodifi
(ALMEIDA, P. A. O & SOUZA, 1996)

Erelto da Temperatura na Res istência


fclT(l) =1/fcrr(8848,9+116,27{T/T0)-3,2{TIT0)•2+0,04(TIT0)•3-2E-4{Trro)•4+2e.7{T/T0)•5]
E 100.-----------------------.
6 160
'; 140 • Madeira lpê dados

'! 120
a. í?100
experinentais LEM-EPI.JSp

E~ 80
8
·<U
-- 60
<U
·g
•Q)
40
E 20

~ 0-t----r--
o 50 -r---,---- .----r----
100
:~=-- _j
150 200 250 300
Temperatura T, ("C) 350
Figura 6c - Variação da resistência do concreto em função da temperatura (ALMEIDA. P. A. ~ OUZA, 1996)
0
38.2.1.2 Umidade
Com o mat eria l e trut ural , a mad eira é .
hom ogê neo . Sua pro prie dad e ão d t . con side rada um ma
padr~o de refe rênc ia. com teor de um i~a ~:~ :ªf; ~ p:,ra uma. cond1çléW
amb ient e que leve m a outr o teor es de . o. ara apb caç ões em
físic as da mad eira dev em er corr i ida umi dad e, todas as propriedades
outr as situ açõ es de u, 0 do material~ s com equ açõ es que contemplem
Par a o pro jeto de e trut ura de made · d ·
da ~~i dad e nas pro prie dad e de resi ;::~ ci:v :-;f g~~ : d;ra r ~ infl~ência
51
1
~efm1das a~ clas se, de umi dad e, nas qua is O teor de u~i d::: e ::o ~r~ m
1
e uma fun çao da umi dad e rela tiva do ambiente u em se I éde!'8
anu al d Q amb uva or m 10
st
·( mo ra o no uad ro 1, corr esp ond ente à atual Tabela 7 da NB R
719 0 AB NT. 199 7).

Quad ro 1 - Clas ·es de umidade (ALMEIDA et ai 1996)

Classes de Umidade relativa do


ambiente Umidade de equlllbrlo da
umidade madeira Uecauu
Uamb
1 $65% 12%
2 65% < Uamb $ 75% 15%
3 75% < Uamb $ 85% 18%
U amb > 85%
4 ~25 %
durante lonaos oeríodos

A cor reçã o das pro prie dad e de resi stên cia e rigi dez dev ida ao teor de
umi dad e, par a valo re de pro jeto . será con side rada por coe fici ente s de
mod ific açã o k mod defi nido s a egu ir.
ntânea
38.2.1.3 Densidade
A den sida de da mad eira será defi nida a part ir da hipó tese de mat eria l
hom ogê neo com o sen do a rela ção entr e a mas sa es pec ífic a e o volu me
cor resp ond ente . amb a a gran dez as med idas no mes mo teor de umi dad e.
Par a emp reg o em pro jeto de e trut uras , a den sida de foi den omi nad a de
den sidade apa ren te P apar. metú> = m,u, / V,ui e esp ecif icad a para a con diçã o-
pad rão de refe rê ncia de U = 12% de teor de umi dad e, para cad a clas se de
resi stên c ia da madeira pub lica da a eguir.
Alé m da den sida de apa ren te. é usu a l tam bém a den sida de bás ica P bas,ca
da mad eira defi nid a pela rela ção entr e a mas sa sec a da mad eira (m ) e o
vol ume satu rad o ( V d ) . que é uma gra nde za de fáci l dete rmi naç ão,
saturJ o
ma não em pre gad a dire tam ent e cm pro jeto de e stru tura s
( 1- .. = 111 s / \/~aturado) ·
~8~1;~. i,1.S1.l!I.C
A.: ~aêffiua serradâ apresenta três planos de simetria elástica
preferenciais, orientados nas direções longitudinal (1), radial (2) e
tangencial (3), caracterizand o-se, assim, o modelo ortótropo. A
representação da rigidez da madeira no modelo ortótropo exige a
determinação de nove coeficientes elásticos independentes representados
pela Equação 1 e em valores de engenharia pela matriz da Figura 7. Todos
esses valores podem ser determinados por ensaios uniaxiais de blocos de
madeira serrada, tais como demonstrados por Oliveira Almeida (1990).

(Equação 1)

( _l -v12 -v13
o o o l
E1 Ei ~ 1 Figura
1 1
1-v21 1 -v23 1
1- o o o 1
1 E1 Ei ~
1· 1 Para o
1-V3} -V32 1 1 considerad
1- o o o 1 sem levar-
D - 1 E1
qr- 1
Ei ~ 1 ,
valor médi
1
o o o 1 ~lação si~
1 o o 1
as fibras é
1 G12 1
1 1
1 o o o o 1
o 1
1 G23 1 E
1
1
1
1 o o o o o _!_ 1
\ G31)
Figura 7 - Constantes elásticas para o modelo ortótro d .
po a madeira.

, Ei.são_os módulos de elasticidade nas d' -


as d~r~çoes longitudinal (1), radial ( ) treçoes ~, 2 e 3, correspondent es
2
coeficientes de Poisson e os m, d 1 e tangencial (3). Os v G .. são os
plano 1-2, 2-3 e 3- 1, respectiv~m~ os de elasticidade transve1~~aii ara o
pelo desenho esquemático da Figur~t:_- Esses planos estão represe~tados
r
Dtt(S
ºPo
..ePre
~Ura 7
de b ·
(1910

onde o •i>CD 1 - dirac;lo longit.udinal


2 - direçl.o radial
. . _ 3 - di reçlo 1.angenc1 al
Figura 8 - Onentaçao dos planos preferenciais de simetria elástica do modelo ortótropo da madeira
(OLIVEIRA ALMEIDA, 1990).

P~a o projeto de estruturas de madeira, a rigidez, normalmente, será


considerada apenas em relação às direções paralela e normal ao feixe de fibras
sem lev~-~e em conta a rigidez n~ ~eção tangencial. Portanto, emprega-seu~
valor_ m~dio 9ue represente a vanaçao entre as direções radial e tangencial. A
relaçao srmplificada entre os módulos de elasticidade na direção normal e paralela
às fibras é dada pela expressão:

1
E w9o =20 Ewo (Equação 2)

onde Ew90 é o modulo de elasticidade na direção normal às fibras (a= 90 graus).


e Ewo é o módulo de elasticidade na direção paralela as fibras (a= O grau).
A influência da umidade na rigidez da madeira para valores de projeto será
considerada por coeficientes de modificação kmod definidos a seguir.

38 .2.1.5 Resistência
Em razão do seu caráter anisotrópico, a madeira pode ter suas resistências
dentes representadas em modelo ortótropo. Entretanto, para aplicação e1n projeto. a
são os res ~tência da madeira será representada de modo simplificado, tomando-se como
para 0 re ência a orientação do feixe de fibras , na direção paralela às fibras a = O grau
1tad0S e rmal às fibras a = 90 graus. Assim, as resistências são apresentadas em
\. ,s relativos entre elas, como especificadas no Quadro 2, en1 que .t:u:.:.
e, 1 ;ponde à resistência à tração paralela às fibras inclinadas de a = O grau ou
U=:'.90;gtaos, em valor caractenS ~;/~
paralela às fibras (a = O grau) ou me
.
tl
ª
e= a • A • '
s nde à resIStencia a compressão
~bras = 90 graus), em valor
característico (k).
. tural em valores característicos
Quadro 2 - Rela~ entre as resistências da rnaCOderraCnALILair 1986)
(0UVEIRAALMEIDA ' FUS ' ·• .
Relac6e• entre resistência• caracterfstlcas Valores de raferlncla
0,77
fctJklf,o
1,00
f,u11/f,n11
0,05
(t90k/ft0k
0,25
f,~rulfd'Jk
1,00
feoklfc0k
1,00
fe90 k/ fcO.lc
fvo kl fc0 k (para coníferas) 0,15
fvoklfc0k (para dlcotiledõneas folhosas) 0,12

38.2.2 Classes de resistência


A madeira como material estrutural, normalmente, é clas~ificada em quatro
tipos: madeira serrada, madeira laminada colada, maderra compensada e Amade·
madeira recomposta. uma sobre
A madeira serrada é obtida diretamente do desdobro das toras. ~eu normalmen .
comprimento final é determinado pelo comprimento das toras estabelecido mm. Essas
durante o abate, tal como mostrado na Figura 5. _ comprimen
A madeira laminada colada é obtida a partir da montagem pela qual sao colocados
superpostas peças de madeira serrada, com espessura de até 20 mm, unidas por do novo ma
filmes de adesivos (cola). As peças de madeira laminada colada podem compensado
alcançar comprimentos acima de 40 m. Empregam-se, para isso, as emendas
levando ao l
defasadas ao longo da altura da seção das peças de madeira serrada, que,
normalmente, têm comprimentos da ordem de 5 m. Da mesma maneira, as são muito se
peças de madeira laminada colada podem ter a altura da seção transversal ~ºaumento,
necessária e suficiente para vencer grandes vãos, podendo atingir valores t'asticament
maiores que 2 m. Pelas características de fabricação da madeira laminada
colada, em que são empregadas peças com teor de umidade baixo para garantir
bom desempenho do adesivo e madeira sem defeitos, essas peças podem tern
vida útil longa e podem ser empregados em estruturas de madeira de longa
duração (Figura 9). As propriedades de resistência e ri oidez da madeira
laminada colada são baseadas nas propriedades da madeir; serrada. Deve-se
dar especial atenção às ligações da peças, que normalmente são realizadas corn
emendas encaixadas. ~ortanto, para a aplicação da madeira laminada colada,
emp!eg~-se as pr3pnedades b!sicas da madeira serrada empregada em sua \l

fabncaçao. Em razao d~ forma.çao do emprego dos filmes de adesivos entre as


peças serradas, a madeua laminada colada é formada por madeira serrada de
baixa a média densidade O que me)h
O
fenolformaldeído come~i alment e ora desempenho dos adesivos i
encontrados no mercado.

~~ã ~

Figura 9 - Madeira laminada colada.

A madeira compensada é formada por Iamina'i delgada'i de madeira montadas


as. Seu uma sobre as outras com as fibras orientadas a 90 graus, formando chapas,
normalmente, com sete camadas. Essas chapas atingem espessuras usuais de 20
elecido
mm. Essas lâminas de madeira são extraídas por torneamento de troncos com
comprimento padronizado. de modo contínuo. Na formação da chapa, são
ual são colocados filmes adesivos entre as camadas de lâmina'i para solidarizar a formação
das por do novo material. Em razão da formação das camadas de lâminas, as chapas de
podem compensado têm boas propriedades de resistência e rigidez para esforços no plano,
endas levando ao bom desempenho estrutural de chapa e placa. Entretanto. essa~ chapas
, que, são muito sensíveis à ação da umidade e do aumento da temperatura. Na presença
ira, as do aumento de umidade, apresentam delaminação (esfoliação), que reduz a vida útil
versal drastica mente (Figura 10).
alores
·nada
rantir ,,
tem
onga
. deira •.,·
ve-se
com
Jada, (a) (b)
5ua
Figura lo - •~- 1d .
. v a eira com
pensada·. a) pro<luça-o de lâminas <lt! madeira b) placa de compen\ado
e as com 5 camadas com as oricntaçõe da libras
.

a de
~;;. ié brlginária de pequenas partículas
de madeira
®ln.,POaLll h as ou barras. Usualmente, são
cu o '.Olliibras longas) molda~as e~ocm:ada chapas de madeira MDF
denotnlliada de chapas de ma~eira :ira HDF (high density fiber) e OSB
(médium density fiber)' chasas d e ma hapas já se encontra um novo tipo
(oriented. strand board). AI. mas ~:~:deira ~om matriz de plástico, cujas
de m~tenal for~ado yor fibr Dentre essas madeiras, as que
propriedades nao serao tratad~s n~s!e t~xto. de MDF HDF e 0SB
mais se destacam na construçao civtl sao as chapas . ' ·
O OSB estão hoje, substituindo as chapas de mad~ira dcombp~l~dsadda por
apresentarem ' melhor desempen ho es trut u ral e maior ura 1 1 a e em
ambiente externo (Figura 11).

(a) (b)

Figura 11 - Madeira reconstituída: a) madeira aglomerada b) madeira extrudada p


volu~
made
Para o projeto de estruturas de madeira, as propriedades estruturais da resist
madeira serrada estão relacionadas nos Quadros 3 e 4 - "Classes de carac
Resistência das madeiras coníferas e dicotiledôneas (aqui denominadas
folhosas). Os valores das propriedades estruturais dessas tabelas têm como
objetivo a padronização das propriedades das mais de 500 espécies de
madeiras catalogadas no Brasil, orientando a escolha da madeira para
estruturas apenas pela propriedade de referência, que é a ''resistência à
compressão paralela às fibras fcok", em seu valor característico (k) . Essas
tabelas são resultado de um sistemático estudo estatístico realizado por
pesquisadores da EPUSP (Escola Politécnica da USP) e EESC-USP
Os
(Escola de Engenharia de São Carlos , USP) para a NBR 7190 (ABNT,
1997). Íi~ :
forín
Os efeitos da umidade nas propriedades de resistência e rigidez da
Os
madeira para efeitos de projeto de estruturas são considerado, por...meio do difere
coeficiente de modificação kmod definidos nos Quadros 3 e -+.
COfri~
Quadro 3 - Classes de resistência das coníferas (QJ nn.n.. • A T i...-......
_,.QUU\~A; FUSCO; CALIL., 1986)
Corifliiãi
(valores na COndlcão da~ U ,)
--·~ a =12%
Classes fdJ,k C-) p Bparenle
Eco,m
C20
(MPa) (MPa)
20 4
'*(MPa)
P bas,m
Oca/m3)
{kgfm3)
3,500 400
C25 25 5 8,500 500
C30 30 6
450 550
14,500 500
r) definida como Mal V.., 600

Quadro 4 - Classes de resistência das folhosas (OLIVEIRA ALMEIDA- FUSCO· e


, , ALIL, 1996).
Folh~ (Dlcottlectc,neas)
(valores na condicão oadrão de referência u = 12%)
Classes fc0,k fv1c EdJ,m
r> P aparente
(MPa) P bas,m (kgtm3)
(MPa) (MPa)
(kg/m3)
C20 20 4 9.500 500 650
C30 30 5 14.500 650 800
C40 40 6 19.500 750 950
C60 60 8 24.500 800 1.000
(*) definida como M/V881

Para a estimativa da resistência caracteóstica da madeira de um lote. com


volume não maior que 12 m3, devem-se extrair pelo menos seis exemplare para
ais da madeiras conhecidas ou doze exemplares para madeira pouco conhecidas. A
resistência característica da madeira será obtida a partir de um estimador de valore -
es de característicos expressado pela equação 3:
nadas
como
es de
para (Equação 3)
eia à
ssas
por
rUSP Os resultados dos ensaios da amostra devem ser colocados em ordem crescente
NT, J;sh s ... <fn, desprezando-s e o valor mais alto se o número de corpos-de-p:°~'ª
for ímpar. não se tomando para..fvi.. valor inferior af1, nem a 0,7* f mdo valor n~ed10.
da Os ensaios podem ser realizados em_corpos-de: pr?va com teor ~~ um~~a~e
do dife "'ntes de 12%, que é a condição-padr ao de referencia, para, em seºmda. · trem
cor lo~ pela expressão:

r - f,
12- U¾ l
3(U%
1 + __;_
. r
_ _- 12)1
100
_
J (Equação 4)
llJJliJ
umidad
êea
fU%
A:.c
resis~ncia ~ madeira na condi ão- -
e a resistência medida ~ padrão de referência a 12%
e uuerente de 12~ E de
entre 10% :s U% :s 20~ N etamente do ensaio
ssa expressão tem validade para teo ~m ~r de
expressão U = 20%, poj'; ai;~~ de ~al?fl;S ~aiores que 20%, :nsi:era-se
Essa mesma expressão de çao n_ao e significativa.
Uoudade
na
referê~cia também pode ser ~~~~~ao~e valores para a condição-padrão d
experunentalm ente em corpos-de ga para a correção da rigidez mecr e
. •da
deve-se empregar a expressão d d-prova com teores diferentes de 12% · Para isso, Os
a a por:
estão
E12= Eu%.f1 + 2(U%- 12)1
L 100 J (Equação 5)

o_nde E12 é o valor médio do módul d . . ,


f1 bras, determinado exper. t 1 o e elasticidade a compressão paralela às
diferentes da condição padrã:;1àen ~ m~nt~ em corpos-de-pro va com teores
_Para efeito de projeto, consid:r:~s!r~ncia 1~%. . " .
faixa usual de utilização de lOºC a 60º;sprezivel a influencia da temperatura na

38.2.3 Valores representativos das propriedades estruturais da madeira

38 .2.3 .1 Valores de cálculo das resistências Os


O v~or de cálculo Xdé determinado a partir do valor característico Xk,inf · resist
denommado de Xd , dado pela Equação 6: ' aqm condi

(Equação 6)

onde k mod é o
coeficiente de modificação das resistências, resultante do produto de
k modl *kmodZ*kmod.3 , que leva em consideração a modificação da resistência
característica devida à duração do carregamento, o teor de umidade diferente da
condição-pad rão de referência para projeto e a qualidade da madeira (primeira ou
segunda categoria), respectivamente. O Yw é o coeficiente de minoração das
resistências resultantes do produto de Ymi * Ym2* ym3, que considera a variabilidade Aq1
intrínseca da madeira do lote considerado, as usuais diferenças anatômicas Para p
enqua
aleatórias existentes entre as madeiras empregadas na fabricação dos corpos-de-
prova e da estrutura e outras reduções das resistências efetivas em relação ~
38.2.3
resistências teóricas consideradas no projeto, respectivamente. Os valores usuais
An
de yw estão relacionados na Quadro 5 a seguir. llladei
deieté
llladei
detern;
Os valores de kmoo1' que levam em considera - -
estão relacionados na Quadro 6. çao ª duraçao do carregamento,

Quadro 6 - Valores de kmod J (OLIVEIRA ALMEIDA; FUSCO;


CALll.., 1996).
TIDOS de madeira
Classes de Madeira serrada
carregamento Madeira lamlnada colada Madeira
Madeira compensada recomposta
Permanente 0,60 0,30
Longa duração 0,70 0,45
Média dur açã o 0,80 0,65
Curta duração 0,90 0,90
Instantânea 1,10 1,10

?s,..v~ ore s de km002 que modificam a resistência especificada nas classes de


res1s~e~cia para emprego em ambientes onde o teor de umidade é diferente da
cond1çao-padrão de referência estão relacionados na Quadro 7.

Quadro 7 - Valores de kmocl2 (OLIVEIRA ALMEIDA; FUSCO; CALIL, 1996)


Madeira serrada
Classes de Madeira
Madeira laminada colada
umidade recomposta
Madeira compensada
(1) e (2) 1,0 1,0
(3) e (4) 0,8 0,9
Para o caso da madeira submersa, considera-se o valor de kmod2 = 0,65.

A qualidade da madeira é considerada, no projeto, como de primeira categoria


para peças isentas de defeitos, com km003 = 1,0. Peças de segunda categoria são
enquadradas aque las em que se admitem pequenos defeitos, com k1110c1-' = 0.8.

3~ " Va lor es efe tiv os da s pr op rie da de s de rig ide z da ma de ira


ez da made ira a se r co ns ide rad a no pro jet o da s est rut ura s de
w am bé m de ve se r mo dif ica da pa ra se lev are m cm co nta os efe ito s
dt. da du raç ão do ca rre ga me nto , da um ida de e da qu ali da de da
m a se r co ns ide rad a na co ns tru çã o. Pa ra efe ito de pro jet o, a
d<. 1 çã o da rig ide z efe tiv a Eco.er é da da pe la mo dif ica çã o do va lor
d E é O valor médio do módulo de elasticidade o~tid.o da tabela das
~ras:esc~: resistência, para a condição-pad~ão de refere~cia. ,
Considerando a característica anisotróp1ca da madeira, 0 ~odulo de
elasticidade transversal, para efeito de projeto, pode ser determmado pela
Equação 8:

(Equação 8)

onde Ger é o módulo de elasticidade transversal obtido a partir do módulo


de elasticidade na direção paralela às fibras da madeira, em valores
efetivos, em que já se consideram os respectivos efeitos deletérios da
duração do carregamento, da umidade e do tipo de material a ser
considerado na construção.
Assim , a resistência de cálculo l?oderá ser estimada para a avaliação de
segurança em Estados Limites Ultimas a partir da consideração dos
valores dos k mod para cada tipo de carregamento a ser considerado na vida
útil da estrutura, atendendo às situações de projeto em questão.

~,
38.3 Ligações

38.3.1 Ligações mecânicas

38.3.1.1 Ligações com pinos metálicos


~f p~ojeto de ligações das estruturas de madeira a segurança é
v~1 icaf a em relação aos modos de ruptura esquematizad os na Fioura 12
e aos a astamentos e espaçam t , · 0
13
p t t . d en os mrn1mos apresentados na Fioura ·
or an o, respeita as essas condi ,..,
das ligações pode , d
· º " ·
. çoes, aqm esquematizad as, a resistenci
a
7190 (ABNT 199~ª) sd erd etermma?a pelas expressões analíticas da NBR
, , a as a segmr.

t
Fi
"


,
F
l o) l b) (C) (dl
FI.EXÃO 00 ! MeuTIME~TO
PINO CtSAlHAMENTO

a a av
--
nsidei 1, ,
FENOILHAMENTO
iderad
Figura 12 - Modos de ruptura das ligações de estruturas de madeira (OLIVEIRA ALMEIDA. 1990).
estão.

l,Sd 1 , Sd

Í 3d
1,Sd ..,_,._..,_....,.._ % 3d
1,Sd

pregos , cavilhas
parafusos afastadc
n = 6

parafusos
n =4
l,Sd

t
d
nd d
d l,Sd

1, Sd I· 1·3d+·I l, Sd
· · (OI f\'HRA .\1 ~1cmA: FUSCO: CAUL. 1996J
, At,1,1a1111.:1110 e c~pa~·aflll'lllO~ mmtmns
t
F

Figura 14 - Esforços solicitantes numa ligação (OLIVEIRA ALMEIDA, J990).

sego
A resistência da ligação é determinada para uma seção de corte (Figura 16),
pelas Equações 9 ou 11, que devem ser escolhidas a partir da relação B= t / d.
quando comparada com o valor de f3lim , dado a seguir:
2
t
Rvd 1=0,40-!-J
· {3 ed
para f3 ~ f3um (Equaçã o 9)

Substituindo-se f3 na Equação 9, tem-se:

Rvd' 1=0,40· t · dj ed (Equaçã o 10)

R,,d,1=0,6 25_g_ Jyd (comf3=f3,._ ) llUI para f3 > f31im (Equação 11)
/3 lim

onde f3 ~ t ~ d (espes~ura tia madeira te o diâmetro do pino t), e f31im é um valor


<lt; referenc1~ determmado pela raiz quadrada da relação entre a resistência de
cálculo do pmo e a resistência de cálculo da madeira , para a respectiva classe.

/3 -12sJf,,,
lim ' .,
J ed (Equaçao
- ·') .1.-

•. . -~~ -
Os valores de t a serem considerados nas expressões
determinados pelos critérios esquematizados na Figura 15.

-
-
d - t é o menor l==ll===-1
t1 t4_ valor entre
valor entr....__ ... t1 e t
L..+- 2 t é o menor
t1 e t t2 (t4 ii!: 12d) valor entre
2
(Q 2d ) __-+-_._ t e t
'
t4 < t2 1 2

( PARAFUSOS ) (PREGOS)

Figura 15 - Espessuras ta serem consideradas na resistência de cálculo R..i.

Para a determinação da resistência de cálculo da ligação, todas as seções de


corte devem ser consideradas, tais como esquematizados nas Figuras 16 e 17 a
segmr.

INTERFACES
DE COIITE

1 J6 _ Interfaces de cortes de uma ligação (OLIVEIRA ALMEIDA. 1990).


UIADDI

CPC 1 c,ca
COITE COIITE
IINPLII DUPLO

(a)
t
... ..
r- Cf'TS

COIIIIJUIITA
CPT4

CNAPA
INDIIIETA PIIEeO

= r-.
-

- ..., -
f
(b)
ENSAIOS DE TRAÇIO - CORPOS DE PROVA USADOS Figura
t
.-
CPT 2 CPT 1

CORTE
..- ..... DUPLO
CO"TE
SIMPLES
.,,,
-
o "
o o
0 O
0 O

..... ..... 0 O

-
(e)
Figura 17 - Arranjos de ligações de estruturas de madeira.

38.4 Exemplos de aplicação da madeira como material estrutural

34.4J Madeira se"ada e laminada colada

A seguir, são apresentadas características de estrutu ras de madeir a


construídas com madeira serrada e madeira laminada. Esses exemplos visam
demonstrar o emprego de madeira como um material de construção durável
(Figuras 18, 19, 20 e 21).
Madeira como Material &trutural

Figura 18 . Eslrutum de madeira crn arco 1· '


- em Lre iça. Selor de Compras das 1..o· M .
Sao Paulo. SP. consLrufda a ma· d 50 ~as ansa,
is e anos atrás.

(a)
(b)
Figura 19 - Ponte de madeira em vioa reta co aJm 1· • ·
? m a em tre iça mulnpla. vão livre de 30m, Iperó, São Paulo,
conslru1da em 1988. a) vista laLeral: b) \ista inferior.

(a) (b)

(e) (d)

s 1rela <.k pedestre • com 12 metro de vão livre, fabricada em madeira laminada protendida, Cidade
ia. Sao Paulo. construída em 2005. a) vista panorâmica; b) detalhe da protensão do tabuleiro com
RB 190 e) pa\ imentação rígida de 4 cm, com malha de d=4mm, fixada por pregos; d) detalhe da
montagem do tabuleiro sem a armação.
Figura 21 - Estrutura em madeira laminada colada. a) vista lateral da viga laminada colada h=2.80m:
b) detalhe da estrutura de cobertura com vigas laminadas.

38.4.2 Madeira compensada e reconstituúla


figura
A seguir, são apresentadas estruturas fabricadas com madeira compensada e a)

madeira reconstituída (Figuras 22, 23 e 24).

(a)

(e) (d)

Figura 22 - Seçoes
- de vigas
· c_om ~~ em madeira compensada a) seção duplo T: b) seção caixão simples:
e) seçao caucao com duplo T; d) seção caixão com 2 células.
Figura 23 - Estrutura de madeira reconstituída tipo OSB , sede do LSE em Osasco, SP, construída em abril de 2005.
a) arranjo da estrutura; b) detalha das paredes de canto; e) detalhes das paredes antes do fechamento; d) vista
externa da fachada principal com texturato e lateral em acabamento .

.J-
(a)

· - habitacional
. San Francisco, CA, USA, fotos do
. '. , . d ainéis de OSB; b) detalhe
1 '4 farruturas m1q;i,; mctál1c.as e madeira. con~truçao
xẠsiJllPltS ª'
mllo 2007 . vi•,la l:ilcrnl da c.',tnitura com pórticos metállcos.e d1v1s.onas \P d
do p«írtu.;o misto, pilar metálico e viga de madeira laminada coa a.
ALMEIDA,S. M. B. Ponte estalada de madeira. Tese de Doutorado. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - PEF. EPUSP,
1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro: ABNT,
1997.

Sugestões para estudo complementar


lni
STEP STRUCTURAL TIMBER EDUCATION PROGRAM 1 - 2. Structun:s cn bois aux états limites - lntroduclion à l'eurocodc
5-Materiaux et Bases de calcuJ. Pari~: SEDIBOIS, 1996.

39

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