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INTRODUÇÃO À LEGENDA PARA SURDOS E ENSURDECIDOS (LSE)

Este material é uma compilação de conceitos e de noções estudadas e aplicadas na


produção de LSE da Secretaria de Educação a Distância da UFRN. Com o objetivo de
padronizar, o exposto neste material seleciona, organiza e adapta estudos lidos pelos
membros da equipe, além dos cursos e debates que oferecidos pelo setor para melhor
qualificar seus profissionais. Na SEDIS, a produção de LSE é realizada primeiramente no
Subtitle Edit 3.4.10 e salvadas no formato .srt (SubRip); em seguida, insere-se essas
legendas no vídeo com o programa Adobe Premiere Pro CC 2018.

POR QUE LEGENDAGEM PARA SURDOS?


Diferentemente das legendas para ouvintes, a LSE possui outras características. Pode-se
dizer que uma das principais marcas da LSE é a descrição dos sons relevantes para
compreensão geral do material audiovisual.
1. Representação de sons, ruídos e informações que não são contemplados pela
legenda comum nem apreendidos pelo espectador com surdez ou perda auditiva.
2. Volume de informações X tempo de exibição.
3. Critérios de legendagem:
Redução: eliminação de palavras redundantes.
Condensação: priorização pelo uso de palavras curtas.
Segmentação: visual (pelos cortes e movimentos de câmera); retórica (pela pausa ou pelo
ritmo da fala) e gramatical (pela sintaxe).

Dos critérios acima, a professora Élida (UECE), em uma das consultorias aqui na SEDIS,
enfatizou a importância de segmentar bem uma legenda. Nas palavras da professora em
relatório: “a maior atenção para segmentação das legendas, seja no mesmo bloco ou
entre blocos diferentes”.
GLOSSÁRIO

Legenda interlinguística e intralinguística: a nomenclatura diz respeito à relação entre


o idioma do produto audiovisual e o da legenda produzida.
Legenda fechada: também conhecida como Closed caption. De acordo com a
disponibilidade, é acessada por controle remoto.
Legenda aberta: a legenda é inserida no vídeo já pronto, antes da exibição e,
normalmente, passa por um processo mais elaborado de edição.
Roll-up: as legendas são lançadas continuamente e “rolam” pela tela ou de baixo para
cima ou da esquerda para a direita. Essa configuração é mais utilizada em programas ao
vivo e na programação de editoras de TV.
Pop-on: a legenda aparece e desaparece em blocos. Essa configuração é utilizada
normalmente em produtos pré-gravados, como filmes, séries e documentários.
Tradução X Transcrição: a legenda é uma tradução da modalidade oral para a
modalidade escrita e segue um parâmetro específico de produção. Se fossemos
transcrever a fala, isso acarretaria em sérios problemas de compreensão, uma vez que
fala e escrita possuem elementos organizacionais distintos.

CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS
• Máximo de duas linhas, sendo que cada linha deve conter até 34 caracteres (dar
preferência a menor segmento possível);
• Quando houver necessidade de reduzir informações, é possível:
• buscar sinônimos mais curtos;
• eliminar locuções verbais;
• substituir certas palavras por suas siglas ou algarismos (quando já aceitos pela
língua portuguesa);
• cortar termos repetitivos, pronomes pessoais, artigos ou outros elementos cuja
retirada NÃO prejudique a compreensão do todo da informação.
• Em casos de voz off, a legenda é escrita em itálico.
• Ruídos, sons e falantes, quando necessários, são identificados entre colchetes
(ex: ♫, [latidos], [Luiz], [choro de criança] etc.).
• O intervalo entre as legendas deve ser de pelo menos 5 frames (taxa padrão de
quadros: 29,971).
• Tempo de duração da legenda na tela: entre 15 e 18 caracteres por segundo.
• Sincronia com a fala do locutor.
• Identificação dos falantes e de efeitos sonoros: quando os falantes não estiverem
visíveis na tela, deve-se inserir a identificação entre colchetes.*
• Quando houver um texto na tela inteira (no formato cartela) e esse texto é lido por
alguém, deve-se colocar a expressão: “[Em tela]”.
• Travessão: só em diálogos de duas ou mais pessoas na mesma legenda.
• Segmentação gramatical (I): conjunção – não separada do resto da sentença, caso
integre mesma função sintática.
• Segmentação gramatical (II): segmentar por oração, sempre que possível.
• Fontes sem serifa, como Arial ou Helvetica.
• Cores mais utilizadas: branco e amarelo, com ou sem borda, com ou sem fundo.
• Alinhamento centralizado.
• Localização: comumente na parte inferior da tela.*

*O modelo europeu de legendagem não adota alguns desses parâmetros.

REFERÊNCIAS
ARAÚJO, V. L. S.; NASCIMENTO, A. K. P. Investigando parâmetros de legendas para
Surdos e Ensurdecidos no Brasil. In: FROTA, M. P.; MARTINS, M. A. P. (orgs.). Tradução
Audiovisual (TAV). Tradução em Revista, v. 2, p. 1-18, 2011.

ARAÚJO, V.L.S. Por um modelo de legendagem para o Brasil. In. Tradução e


Comunicação. Revista Brasileira de Tradutores. São Paulo: número 17, 2008, 59-76.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15290: acessibilidade em


comunicação na televisão. Rio de Janeiro, 2005.

BAKHTIN, M. (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas


fundamentais do método sociológico na Ciência da Linguagem. 6ª ed. São Paulo:
Hucitec, 1992.

_____. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

NAVES, Sylvia Bahiense (org.). Guia para produções audiovisuais acessíveis. São
Paulo: Mais Diferenças, 2016.

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