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Criado como núcleo fortificado em 1567 almejando à conquista da Baía de Guanabara,

algumas décadas depois a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro já havia assumido uma
nova função: a de porto exportador do açúcar originários das áreas canavieiras do recôncavo
da Guanabara.

No século XVIII, o Rio passou a servir de escoadouro da riqueza aurífera extraída de Minas
Gerais e substituiu a cidade do Salvador como capital do Vice-Reino do Brasil.

Contudo, foi apenas no século XIX, que ocorreu sua grande expansão territorial, beneficiada
pelas melhorias introduzidas com a chegada da família real portuguesa (1808) e fortalecendo
assim, sua posição político-administrativa como capital do Império e, principalmente, como
centro financeiro e econômico da grande área produtora de café instalada em terras
fluminenses e mineiras. Tornada metrópole regional de larga porção do sudeste do Brasil
acrescentou às demais outra função: a industrial. Com isso, “o rio foi o laboratório da
urbanidade do país.” (LESSA, 2000, p. 61).

Qualquer expansão da cidade no Rio teve que ser feita a partir de aterros dos
mangues, lagoas e mar, demolição ou perfuração de seus morros. A gestação do
espaço sempre foi complicada no Rio de Janeiro, e seu custo bastante elevado. A
terra, no Rio, não foi apenas conquistada, mas construída. 1

A cidade passou por grandes transformações geográficas e territoriais ao longo de sua


história. Confira abaixo, alguns dos principais vetores transformadores do Rio de Janeiro:

Escravo:

Com o comércio em movimento, o século XVI foi marcado por uma importante saída de
escravos da África para o Rio de Janeiro.

A cidade era o entreposto comercial entre três rotas que ligava o Rio à Ásia, à Europa e à
África, além da rota nacional que ligava o Rio de Janeiro ao Rio da Prata. A atividade
econômica e a prosperidade do Rio colonial pré-Gerais eram da natureza mercantil urbana,
por conta de suas articulações externas. O porto era o principal equipamento e a razão de ser
da vila e foi decisiva para a cidade a vantagem da rota Rio-África.

1
LESSA, Carlos. O Rio de todos os Brasis: uma reflexão em busca de
auto-estima. Rio de Janeiro. Ed. Record, 2000, p. 26.
O comércio com o Prata cresceu de importância para o império português, porém eram os
escravos a principal mercadoria daquela época.

A produção da cidade orientada para o comércio com a África e também com o Rio da Prata
era beneficiada pelo suprimento da mão-de-obra escrava mais barata – dada a proximidade
relativa de Angola. Contudo, o coração estratégico do desenvolvimento do Rio foi o tráfico
combinado com o contrabando. Com isso, surgiu o “complexo virtuoso” para o fortalecimento
urbano.

Os escravos, vindos da África, tiveram grande participação na criação da riqueza do Rio de


Janeiro à medida que o surto cafeeiro aumentava, ao longo do Vale do Paraíba. Este fato
atribuiu à província o título de mais rica e mais poderosa entre todas as outras do país.

Açúcar:

O Rio cresceu em território no século XVI através da penetração que abriam na floresta. Seus
habitantes estabeleceram engenhos de açúcar, alguns dando origem a futuros distritos e
bairros. Continuando a expansão por todo o estado, alcançaram os Vales do Paraíba do Sul,
Paraibuna, Paquequer e Magé.

A agroindústria açucareira era o grande esteio econômico. A cidade se revelava o centro ativo
no que atualmente são os bairros da Zona Sul e os subúrbios da Zona Norte, uma grande área
de engenhos em plena produção e não apenas por ser a capital da capitania.

Café:

O café, introduzido inicialmente como espécie exótica interessante, começou a ser cultivado e
obteve grandes e reais resultados. Em 1779, o Rio exportava para Lisboa 57 arrobas; em 1797
esse número subiu para 8.302 arrobas em sua totalidade.

Entretanto, com a chegada da Corte no Rio de Janeiro, a província se desenvolveu


rapidamente e com isso, a cidade passou a exportar diretamente para os mercados de consumo
na Europa, principalmente a Inglaterra, o café e entre outros produtos.
O café impulsionou o desenvolvimento de parte do povoamento da capitania devido ao seu
cultivo intenso. Foi em Resende o seu passo inicial, porém várias outras fazendas surgiram
em direção do Vale do Paraíba ou do Caminho Novo, para São Paulo. Porém para que tudo
isso fosse feito, era necessário derrubar as matas para o plantio e com isso novas áreas eram
descobertas.

Com a expansão territorial e a intensificação do trabalho agrícola, pequenos núcleos urbanos


da capitania chegaram à condição de vilas-sedes de novos municípios: Macaé (1813), Maricá
(1814), Itaguaí (1818), Pati do Alferes (1820), entre outros.

O Rio, como capital do Império e por ser o principal centro urbanizado, acabava comandando
a vida nacional e atraia para si as grandes atenções. Com isso, seu crescimento era natural e
através disso acabou por acontecer um refinamento cultural.

No interior da cidade, o processo de povoamento prosseguia e a lavoura cafeeira se


intensificou, o que acabou representando um grande motivo para a conquista de áreas mais
afastadas.

“No século XIX, a plantação cafeeira tem um capítulo inicial essencialmente urbano.”
(LESSA, 2005, p. 61) e com o crescimento da província em importância nacional, uma vasta
rede de centros urbanos começou a gerar mudanças em grande velocidade. No período entre
1837 a 1850, novos municípios acabaram surgindo, como Piraí (1837), Capivari (1841), Barra
de São João (1846), Rio Bonito (1850), Rio Claro (1849) e São Fidelis (1850).

Indústria:

Toda uma fisionomia nova passou a marcar a cidade e através do aumento da população, foi
criado um parque industrial, o segundo maior do país.

Em 1937, com a instalação do Estado Novo, Com. Ernâni do Amaral Peixoto foi nomeado
interventor e assim governou por quase 8 anos. Por ser genro de Getúlio Vargas, acabou
realizando muito pelo Estado, que através deste período encadeou um impulso decisivo para a
industrialização e, por conseguinte, a expansão urbana carioca. Em 1942, um exemplo deste
processo, foi à construção do grande complexo siderúrgico de Volta Redonda. Já em 1951,
deu-se prioridade à execução dos ambiciosos planos rodoviários e também à expansão da
produção industrial.
O setor industrial, que muito ajudou no ritmo acelerado do crescimento demográfico, acabou
fazendo com que a cidade se expandisse para além do litoral.

Trens e Bondes:

As estradas de ferro foram de grande importância para a urbanização e a expansão da cidade


do Rio de Janeiro. Um exemplo disso foi à zona suburbana que foi ocupada ao longo das vias
férreas.

Os bairros suburbanos da Estrada de Ferro Central do Brasil, foram expandidos com mais
velocidade. Essa estrada de ferro, primeira a ser realizada e eletrificada, foi à principal e
também a que possuia a maior quantidade de trens em circulação ao longo da cidade, a
serviço dos bairros. Madureira e Méier foram os bairros de maior destaque no comércio. Já ao
longo da E.F. Leopoldina, sobressaem Penha e Bonsucesso.

Em torno destas duas linhas férreas e de outras tantas, surgiram novos núcleos suburbanos ao
longo do tempo, como Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, entre outros.

Não podemos deixar de citar também que surgiram alguns problemas de circulação no Rio,
principalmente nas zonas Norte e Sul, por conta do alongamento resultante na expansão da
cidade. A topografia carioca urbana apresenta regularidade apenas nos trechos de planíces,
porém muitas vezes interrompidas por cristas isoladas ou morros. Com isso, vem o
característico traçado de várias ruas ao longo da cidade.

“Uma das feições características do antigo Rio de Janeiro foi, depois da construção da
Estrada de Ferro D.Pedro II, o bonde urbano sobre trilhos e de atração de muar. Uma
companhia americana estabeleceu a primeira linha entre a Rua do Ouvidor e o Jardim
Botânico, em 1868. [...] Anteriormente, os transportes para São Cristovão eram
efetuados por meio das diligencias, chamadas “maxambombas” que faziam de ponto
de partida para o Largo de S.Francisco de Paula.” (DE CARVALHO, 1990, p.75)

Os bondes também tiveram uma grande importância para as zonas suburbanas, já que “a
cidade estendeu-se com o bonde pelas praias, em direção ao oceano e, pelos eixos
ferroviários, para o interior, fundando os subúrbios.” (LESSA, 2000, p. 11).
Bibliografia:

CARVALHO, Delgado. História da cidade do Rio de Janeiro. Prefeitura da Cidade do Rio de


Janeiro/ Secretaria Municipal de Cultura. 1990 (Coleção Bliblioteca Carioca, v.6).

LESSA, Carlos. O Rio de todos os Brasis: uma reflexão em busca de


auto-estima. Rio de Janeiro. Ed. Record, 2000, p. 26.

ENCICLOPÉDIA BARSA, Vol. 12, Encyclopaedia Britannica Editores Ltda, Rio de Janeiro,
1979.

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