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UNIVERSIDAD SAN CARLOS

MESTRADO EM CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

SORAIA SANTOS MENDES

A CALCULADORA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA


APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DA MATEMÁTICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL II

Asunción, Paraguay
Enero, 2018
SORAIA SANTOS MENDES

A CALCULADORA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA


APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DA MATEMÁTICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL II

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em


Ciências da Educação, da Universidad San Carlos,
como requisito final para a obtenção do titulo de
Mestre em Ciências da Educação.

Linha de pesquisa: Educação e Tecnologia

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Arsênio Villaba

Asunción, Paraguay
Enero, 2018
Soraia Santos Mendes.

A calculadora como ferramenta pedagógica na aprendizagem significativa da


matemática no Ensino Fundamental II.
.
Total de páginas: 102

Tutor: Prof. Dr. Osvaldo Villaba

Tesis académica de Maestría en Ciencias de la Educación

Universidad San Carlos, Paraguay, 2017.

Áreas temáticas: 1.Calculadora 2. Ensino Fundamental II 3. Matemática

Código de biblioteca:
SORAIA SANTOS MENDES

A CALCULADORA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA


APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DA MATEMÁTICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL II

Dissertação de Mestrado submetida a Banca de Defesa Pública do curso de


Ciências da Educação, como requisito final para à obtenção de título em Mestre em
Educação

Membros da Banca:

________________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Célia Benitez Lara
Presidente

________________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Célia Conceição de Melo
Membro

________________________________________________________________
Prof. Dr. Hercules
Membro

________________________________________________________________
Prof Dr. Osvaldo Arsênio Villalba
ORIENTADOR
À minha amada família que sempre
me deu todo o apoio necessário para
que eu continuasse na minha
caminhada.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que permitiu a saúde e coragem


necessárias ao enfrentamento das adversidades para que eu conseguisse chegar
até aqui.
À minha família por todo o apoio e compreensão, pelos momentos em que
estive ausente e que pude contar com o apoio incondicional de minha irmã Sueli
meu cunhado Tarcísio e minha querida mãe que se ausentaram dos seus lares para
vim cuidar do meu filho nos vinte e dois dias que estive ausente na busca do
conhecimento ao meu esposo pela força, amor e companheirismo de todos os dias e
aos meus dois filhos Gabriella e José Neto que foram e sempre serão os meus
incentivos em qualquer caminhada e em qualquer passo dado em minha vida, ao
meu irmão Djalma e família que Também sempre me apoiaram, enfim mas que
consegui compartilhar um pouco dos meus dias mais alegres.
Agradeço pelas contribuições preciosas à construção deste trabalho e a profª
Drª Maria Cristina Elyote Marques Santos e seu esposo prof. Dr. Paulo César Santos
que muito contribuíram na busca do meu conhecimento me acolheu em sua casa
com todo carinho e atenção.
Por fim, agradeço aos colegas de profissão, alunos e todos que de alguma
forma contribuíram na realização dessa pesquisa e dedicaram um pouco do seu
tempo a acrescentar informações preciosas para a melhoria do nosso ambiente de
trabalho e de um ensino de qualidade.
"A matemática não mente. Mente quem faz
mau uso dela."

(Albert Einstein)
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – O uso da calculadora como aliado no ensino-aprendizagem


Gráfico 2 – A calculadora proporciona oportunidade de aprendizado aos
alunos
Gráfico 3 – Clareza sobre os objetivos metodológicos para uso 58
calculadora nas aulas de matemática
Gráfico 4 – Pontos positivos na utilização da calculadora. 64
Gráfico 5 – Pontos negativos na utilização da calculadora 65

Gráfico 6 – Pontos positivos se sobrepõem aos negativos 66


71
Gráfico 7 – Uso da calculadora sem proporcionar dependência ao
aluno
Gráfico 8 – Se os pais são contra o uso da calculadora no ensino da 71
matemática
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Instrumento de coleta de dados 52


Quadro 2 – Perfil dos profissionais do Colégio Municipal Rubem 55
Carneiro da Silva
Quadro 3 – Utilização de ferramenta tecnológica como aprimoramento 59
do método pedagógico
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Organização do Ensino Fundamental de 9 anos 48

Tabela 2 – Sujeitos da pesquisa 49


LISTA DE SIGLAS

BA – Bahia (Unidade Federativa do Brasil)


IBGE – instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
PPP – Projeto Político Pedagógico
ProInfo – Programa Nacional de Informática na Educação
TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura
RESUMO

O presente trabalho é fruto de pesquisa desenvolvida nas turmas de 9º ano do Colégio Municipal
Rubem Carneiro da Silva, na cidade de Água Fria-Bahia-Brasil. Esta análise refere-se ao uso da
calculadora no processo de ensino-aprendizagem com a perspectiva pedagógica da aprendizagem
significativa da Matemática. O problema central interroga como o uso da calculadora pode fazer
desse instrumento um aliado nas aulas de matemática a fim de potencializar a aprendizagem sem
comprometer o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos, na perspectiva de avaliar seu
emprego como ferramenta pedagógica de aprendizagem da Matemática. Apesar do uso pedagógico
da calculadora ser previsto e sugerido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, vale destacar que
uma efetiva implementação em aulas de Matemática tem ocorrido de forma tímida, apesar de ser um
aparato de fácil acessibilidade, encontrado em computadores, telefones celulares e de ser de relativo
baixo custo. Assim, como objetivo principal buscou-se analisar o emprego da calculadora como
ferramenta pedagógica de aprendizagem da matemática, com o auxílio de objetivos específicos como
a abordagem da história da calculadora e seu uso nas aulas de matemática; caracterização de
aspectos positivos e negativos deste uso; apresentação de exemplos de atividades de matemática
que façam o uso da calculadora; e, análise da receptividade e clareza dos pais, professores, gestor e
alunos quanto ao uso da calculadora como instrumento aliado ao ensino-aprendizagem da
matemática no Ensino Fundamental II. Optou-se por utilizar a observação participante para que o
pesquisador tivesse uma maior imbricação com a situação estudada bem como o sujeito pesquisado,
a ser observado pelo fato da calculadora ser considerada como um dos recursos didáticos
importantes no processo ensino e aprendizagem. Espera-se que o uso adequado da calculadora
venha a destacá-la como mediadora/facilitadora tanto do ensino quanto da aprendizagem da
Matemática, bem como da Física, por exemplo. No entanto, é preciso que incursões com segurança
teorico-metodológica sejam feitas de maneira consistente, planejadas, para que o processo aconteça
de forma sólida, bem embasada do ponto de vista teórico-prático que um ambiente educacional
requer.

Palavras-Chave: Calculadora. Ensino Fundamental II. Matemática.


RESUMEN

Este trabajo es el resultado de la investigación desarrollada en las clases de 9º grado de la Escuela


Municipal Rubem Carneiro da Silva, en la ciudad de Água Fria-Bahia-Brasil. Este análisis se refiere a
la utilización de calculadoras en el proceso de enseñanza-aprendizaje con la perspectiva pedagógica
del aprendizaje significativo de las matemáticas. Las preguntas centrales de problemas como el uso
de la calculadora se pueden hacer de este instrumento un aliado en las clases de matemáticas con el
fin de mejorar el aprendizaje sin comprometer el desarrollo del pensamiento lógico de los estudiantes
con el fin de evaluar su uso como una herramienta pedagógica para el aprendizaje de las
matemáticas. Aunque de la enseñanza del uso de la calculadora se planifica y se sugirió por los
Parámetros Curriculares Nacionales, vale la pena señalar que una implementación efectiva en las
clases de matemáticas han sido tímidamente, aunque un aparato de fácil accesibilidad, que se
encuentra en las computadoras, los teléfonos celulares y estar un costo relativamente bajo. Por lo
tanto, el objetivo principal trató de analizar el uso de la calculadora como herramienta pedagógica
para el aprendizaje de las matemáticas con la ayuda de objetivos específicos, tales como el enfoque
de la historia de la calculadora y su uso en las clases de matemáticas; caracterización de aspectos
positivos y negativos de este uso; presentación de ejemplos de actividades de matemáticas que
hacen uso de la calculadora; y el análisis de la capacidad de respuesta y la claridad de los padres,
maestros, directivos y alumnos cómo utilizar la calculadora como herramienta combinada con las
matemáticas de enseñanza y aprendizaje en la enseñanza primaria II. Se optó por utilizar la
observación participante para que el investigador tenía un mayor solapamiento con la situación bien
estudiado como el sujeto de la investigación, para ser observado por el hecho de que la calculadora
ser considerado como un importante recursos didácticos en la enseñanza y el aprendizaje. Se espera
que el uso adecuado de la calculadora destacará como un mediador / facilitador tanto de la
enseñanza y el aprendizaje de las matemáticas y la física, por ejemplo. Sin embargo, es necesario
incursiones con la seguridad teórica y metodológica se hace de forma coherente, planificada, por lo
que el proceso ocurre en un sólido, bien fundamentada en el punto teórico y práctico de la opinión de
que un ambiente educativo requiere.

Palabras clave: Calculadora. Educación Fundamental II. Matematica.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15

CAPÍTULO 1- BREVE HISTÓRIA DA CALCULADORA E OS PRIMEIROS USOS


EM AULAS DE MATEMÁTICA................................................................................. 20
1.1 Aspectos positivos e negativos do uso da calculadora na aprendizagem da
matemática............................................................................................................... 26
1.2 A aprendizagem significativa da matemática ................................................. 31
CAPÍTULO 2 - A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E OS
USOS DA CALCULADORA EM AULAS DE MATEMÁTICA................................... 33
2.1 O preparo do professor para o uso de TIC como ferramenta de auxílio no
ensino da matemática ............................................................................................ 35
2.2 Uso da calculadora no Ensino Fundamental II ............................................... 37
2.3 Exemplos de atividades auxiliadas por calculadora em turmas de Ensino
Fundamental II ......................................................................................................... 40

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA .............................................................................. 43


3.1 Classificação da pesquisa ................................................................................ 43
3.1.1 Quanto à abordagem ....................................................................................... 43
3.1.2 Quanto à natureza ............................................................................................ 44
3.1.3 Quanto aos objetivos ........................................................................................ 45
3.1.4 Quanto aos procedimentos .............................................................................. 45
3.2 Lócus da pesquisa ............................................................................................ 46
3.2.1 Colégio Municipal Rubem Carneiro da Silva .................................................... 46
3.3 Sujeitos da pesquisa (população e amostragem) .......................................... 48
3.4 Indicadores do estudo ...................................................................................... 49
3.5 Aspectos éticos da pesquisa ........................................................................... 49
3.6 Instrumento de coleta de dados ...................................................................... 50
3.7 Método de análise de dados ............................................................................. 51

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................ 54


4.1 A Calculadora enquanto aliada do ensino aprendizagem ............................. 55
4.1.1 Questionário aplicado aos alunos .................................................................... 55
4.1.2 Questionário Pais, Professores e Gestor ........................................................ 57
4.2 Benefícios da calculadora: pontos positivos e negativos ............................. 62
4.2.1 Questionário aplicado aos alunos .................................................................... 62
4.2.2 Questionário Pais, Professores e Gestor ....................................................... 65
4.3 Os pais e professores enquanto principais atores do ensino aprendizagem
.................................................................................................................................. 69
4.3.1 Questionário aplicado aos alunos .................................................................... 69
4.3.2 Questionário Pais, Professores e Gestor ....................................................... 71

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 74


RECOMENDAÇÕES ................................................................................................. 78
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 80
APENDICE - A .......................................................................................................... 86
APENDICE - B .......................................................................................................... 88
15

INTRODUÇÃO

Apesar de todo o avanço tecnológico vivenciado por nossa sociedade com a


criação da internet, computadores e diversos outros aparatos e recursos, bem como
do empenho da sociedade em estabelecer políticas públicas de ensino voltadas para
a inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas salas de aula,
ainda é notória a resistência de muitos professores, pais e gestores em relação ao
uso desses recursos.
Um aspecto proeminente que se percebe é que essa oposição ocorre pelo
fato dos professores não terem o domínio do uso das mesmas ou por
permaneceram com entendimentos antiquados que permeiam o universo
educacional sobre o uso do papel, do lápis e da lousa, como únicas tecnologias para
o aprendizado dos alunos; ou por imaginar que as utilizações das tecnologias atuais
trariam dispersão e por fim atrapalhariam o processo já bastante conturbado na sala
de aula. No entanto, as discussões sobre o uso das novas tecnologias no espaço
educacional, em particular a calculadora visando à aprendizagem dos alunos, tem
sido ampliadas.
Segundo os PCN‟s (BRASIL, 1997), a calculadora é um instrumento que
contribui no aprimoramento do ensino da matemática, podendo ser utilizada como
uma ferramenta motivadora na realização de tarefas que busquem explorar a
curiosidade do aluno, levando-o a perceber a importância do uso de ferramentas
tecnológicas disponíveis atualmente na sociedade.
Atualmente, o uso da calculadora é frequente na vida cotidiana dos alunos
pois são de custo baixo, de fácil manuseio e encontradas incorporadas em objetos
usados por eles como relógios, celulares e outros. Mas a escola ainda se mostra
bastante tímida em relação ao seu uso, mesmo tendo como base para essa
utilização os PCN‟s e a literatura. Pesquisadores incentivam o manuseio da
calculadora na sala de aula como objeto facilitador da aprendizagem, fazendo a
recomendação de que para isso é necessário que o professor esteja preparado e
seguro para o uso dessa ferramenta, podendo assim auxiliá-lo na promoção da
aprendizagem.
A reflexão sobre o uso desse instrumento tão acessível nos tempos atuais e
como a maneira correta e planejada da sua utilização, pode contribuir para o
aprendizado de diversos conteúdos matemáticos. Desse modo, ela pode
16

desenvolver a capacidade de investigação, resolução de problemas, levantar


hipóteses, induzir e deduzir de forma que os alunos busquem coerência em seus
cálculos e argumentem suas ideias com clareza, contribuindo assim para a formação
de indivíduos preparados para intervirem numa sociedade em que a tecnologia
ocupa um espaço cada vez maior.
Nesse cenário, são necessários indivíduos com formação para a diversidade,
para enfrentar novos desafios, investigar, codificar, se comunicar, tomar decisões,
aprender por si, o que exige homens e mulheres com tal formação, não importando
qual a sua profissão. É importante que os alunos dominem e façam uso desse
recurso que faz parte do dia-dia de toda a sociedade: a calculadora.
No entanto, alguns professores não utilizam esse instrumento tendo em vista
que se sentem ameaçados pela questão do novo e argumentam que a sua
impressão é a de que os alunos deixam de saber realizar os cálculos, podendo
tornar-se dependentes desse aparato ou mesmo que venham a calcular sem
raciocinar.
Para ele,
Contrariamente a essa percepção e, à luz de diversos autores, a calculadora
é um instrumento que motiva o aluno no aprendizado da matemática, gerando mais
questionamentos, criando a motivação e melhorando essa aprendizagem.
Como se percebe, há argumentos a favor e contra o uso da calculadora como
mediador-motivador do aprendizado dos alunos. Nesse sentido surgiu o seguinte
problema geral: o uso da calculadora, como ferramenta de aprendizagem promove a
melhoria na atividade docente, para a qual os professores de matemática precisam
estar preparados para fazer uso dela como um importante recurso pedagógico em
suas salas de aula?
surgiram algumas inquietações que resultaram no seguinte problema geral: o
uso da calculadora pode fazer desse instrumento um aliado nas aulas de
matemática a fim de potencializar a aprendizagem sem comprometer o
desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos?
A busca de resposta, direcionou para a hipótese geral ora apresentada:
verifica-se que, o uso da calculadora, enquanto instrumento de aprendizagem, pode
se constituit em um aliado do professor no ensino das aulas de matemática, a fim de
potencializar a aprendizagem sem comprometer o desenvolvimento do raciocínio
lógico dos alunos. Assim sendo, apontou o seguinte objetivo geral, verificar se o
17

emprego da calculadora pode ser um suporte uma ferramenta pedagógica de


aprendizagem da matemática, a fim de potencializar a aprendizagem, fortalecendo o
desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos e promovendo a motivação no
estudo da disciplina.
Além disso, buscou-se alcançar os seguintes problemas específicos:

1. A verificação teórica sobre a invenção da calculadora e o seu uso como


ferramenta tecnológica nas aulas de matemática é transmitida na trajetória do
percurso da história? 2. Os aspectos positivos e negativos do uso da calculadora na
aprendizagem da matemática é percebida nas aulas dessa disciplina? 3. As
atividades de matemática podem ser facilitadas com o uso da calculadora sem
causar embotamento ao conhecimento do aluno? 4. A investigação e análise do
nível de receptividade dos pais, professores, gestor e alunos quanto ao uso da
calculadora como instrumento aliado ao ensino-aprendizagem da matemática no
Ensino Fundamental II.

Essas questões reportaram para as seguintes hipóteses específicas: 1.


Buscou o conhecimento e a verificação teórica da invenção da calculadora e seu
uso como ferramenta tecnológica nas aulas de matemática é transmitida na trajetória
do percurso da história; 2. Teve a perspectiva de responder da dinâmica nas aulas
de matemática, os aspectos positivos e negativos do uso da calculadora na
aprendizagem da matemática. 3. Trilhou os aspectos da realização do ensino e
aprendizagem de matemática e de como a calculadora pode ser facilitadora sem
causar embotamento ao conhecimento do aluno; 4. Procedeu-se a investigação e a
análise do nível de receptividade dos pais, professores, gestor e alunos quanto ao
uso da calculadora como instrumento aliado ao ensino-aprendizagem da matemática
no Ensino Fundamental II. Do exposto, foram sinalizados os seguinte objetivos
específicos: 1. Verificar a percepção teórica da invenção da calculadora e seu uso
como ferramenta tecnológica nas aulas de matemática é transmitida na trajetória do
percurso da história; 2. Observar a dinâmica das aulas de matemática, nos aspectos
positivos e negativos do uso da calculadora na aprendizagem da matemática; 3.
Trilhar os aspectos da realização do ensino e aprendizagem de matemática e de
como a calculadora pode ser facilitadora sem causar embotamento ao conhecimento
do aluno; 4. Investigar e analisar o nível de receptividade dos pais, professores,
18

gestor e alunos quanto ao uso da calculadora como instrumento aliado ao ensino-


aprendizagem da matemática no Ensino Fundamental II.

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) tem sido tema de


debates e reflexões já razoavelmente antigos. Esta é uma temática que instiga
estudiosos desde final do Século XX, fazendo com que a utilização deste artefato
seja recomendada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais da Matemática como
um dos recursos didáticos importantes no processo ensino e aprendizagem,
merecendo, no entanto, “estar integrados a situações que levam ao exercício da
análise e da reflexão, em última instância, a base da atividade matemática”
(BRASIL, 1997, p. 19).
Além disso, é preciso ressaltar que “o acesso a calculadoras, computadores e
outros elementos tecnológicos já é uma realidade para uma parte significativa da
população” (BRASIL, 1997, p. 34). Porém, mesmo em meio a tanto desenvolvimento
tecnológico ainda há pouca utilização das novas tecnologias de informação e
comunicação nos espaços formativos de modo que venha a contribuir com a
aprendizagem dos alunos. No caso do ensino da matemática, principalmente, na
educação básica, o que se nota é que o uso das TIC‟s ainda se efetiva de maneira
incipiente, tendo em vista medos e resistências dos professores em manipular tais
ferramentas.
A presente proposta de trabalho busca articular conhecimentos do uso da
calculadora como uma aliada nas aulas de matemática de maneira a não
comprometer o raciocínio dos alunos, tendo em vista que a literatura nesta área de
pesquisa já evidencia que a calculadora é instrumento motivador aprimora o ensino
da matemática, promovendo a realização de tarefas exploratórias e de investigação
(BRASIL, 1997, p.34).
Estudos desenvolvidos por pesquisadores como Borba (1995), Brito (2011),
D‟Ambrósio (1986), Giongo (2008, 2011), Girotto (2008), Guinther (2001),
Hetkowskiet al (2012), Lima (1991), Magalhães & Paiva (2012), Pierro Neto (1979),
Ponte (1989), Silva (1989) permitem refletir sobre o uso de tecnologias como
ferramentas mediadoras do processo ensino e aprendizagem, buscando a
motivação do estudante em descobrir e aprender a ser um pesquisador com o uso
das tecnologias atuais ao seu dispor.
19

Como para tudo na vida há a maneira correta e a maneira errada de se utilizar


as coisas, assim é no uso de uma ferramenta como a calculadora enquanto
mediadora da aprendizagem. Se for utilizada de forma inadequada ela virá a ser
mais um incentivo à dispersão do que à reflexão como sugerem os PCN‟s da
matemática (BRASIL, 1997). A calculadora deve ser introduzida no cronograma de
aulas de matemática enquanto parte de um projeto educativo que a sustente, o
próprio Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, poderá alicerçar a
aplicabilidade da calculadora na metodologia de ensino, sem provocar insegurança
em professores e alunos (SILVA, 1989, p.3)
O fato de ser docente de matemática nas turmas de 9º ano do Colégio
Municipal Rubem Carneiro da Silva, na cidade de Água Fria-BA, fez com que a
realização da pesquisa fosse nesse ambiente escolar, tendo como sujeitos da
pesquisa os alunos matriculados na referida escola, nos anos de 2016 – 2017, bem
como os professores responsáveis pela disciplina no citado período escolar, para a
pesquisa de campo e futuras análises e reflexões decorrentes desta investigação.
Tendo em vista a metodologia que se pretende empregar, que é a observação
participativa, que pode permitir ao sujeito pesquisado “assumir, de forma cada vez
mais lúcida e autônoma, seu papel de protagonista e ator social” (OLIVEIRA &
OLIVEIRA, 1984, p. 27) é de se esperar como resultados da investigação proposta:
propiciar aos sujeitos envolvidos na pesquisa (professores e alunos) uma visão
global dessa ferramenta como mediadora da aprendizagem, criar um ambiente que
favoreça ao ensino e aprendizagem da matemática, bem como favorecer ao
município de Água Fria um projeto piloto que venha a melhorar os índices da
educação básica em matemática.
Essas inquietações tiveram como justificativa pessoal a experiência da
pesquisadora deste estudo que, durante o curso de licenciatura em matemática
quando, no início das aulas de conhecimentos específicos da disciplina de
Introdução ao Cálculo, informou que a partir de então todos os alunos iriam utilizar
uma calculadora científica, da qual fariam uso constante, inclusive nas avaliações.
Naquele momento, ficou clara a inquietação e perplexidade acarretadas pela
situação, que foram praticamente generalizadas. Percebeu-se pois, que a grande
maioria não sabia como manusear esse aparato tecnológico, por se constituir em um
fato novo para todos, visto que os alunos nunca tinham usado calculadora, nem
mesmo a mais simples delas nas suas aulas no ensino fundamental,.
20

A partir deste momento a autora desse estudo percebeu que, como


educadora, precisava repensar sobre a metodologia de ensino empregada nas aulas
das turmas das séries finais do Ensino Fundamental. Do exposto, verifica-se a
importância do uso dessa ferramenta na comunidade escolar, que pode ser
considerada como uma justificativa social, emergindo a necessidade de repensar a
metodologia a ser empregada nas aulas de matemática para facilitar o aprendizado
e permitir uma educação que promova o fortalecimento da cidadania dos jovens das
séries finais do Ensino Fundamental.
Através dessas reflexões provenientes da experiência e observação da
pesquisadora surgiu a justificativa teórica, visto que a autora, enquanto aluna e
também professora da disciplina de matemática do Ensino Fundamental II, do
colégio Municipal Rubem Carneiro da Silva, na cidade de Água Fria-Ba, buscou os
embasamentos teóricos necessários para permear a sua investigação bibliográfica,
ã luz de obras de autores que se debruçaram na investigação desses aspectos.
As considerações finais e as considerações encerraram esse estudo
acadêmico.
21

CAPÍTULO 1
BREVE HISTÓRIA DA CALCULADORA E OS PRIMEIROS USOS EM AULAS DE
MATEMÁTICA

A história da calculadora está diretamente ligada à da informática, pois,


provém de uma série de evoluções das máquinas e da necessidade de processar
grandes quantidades de dados e fazer cálculos grandiosos.
Explicam Sousa Filho e Alexandre (2014), que o ábaco foi um dos primeiros
instrumentos a auxiliar as pessoas a realizarem cálculos, sem ter como afirmar onde
foi criado, especula que muitos atribuem sua criação à China, mas que existem
evidências da existência deste instrumento na Babilônia (em 300 a.C.).

A ideia básica do ábaco é considerar as contas (bolinhas) contidas na parte


inferior chamada de chão do Ábaco com valor unitário, e cada conta contida
na parte superior chamada de céu do Ábaco com valor de cinco unidades.
Cada valor unitário tem representação diferente dependendo da coluna em
que se encontra, logo, uma unidade na primeira coluna tem valor 1 em
nosso sistema numérico, já uma unidade na segunda coluna tem valor 10
(SOUZA FILHO; ALEXANDRE, 2014).

Alves (2011) complementa que o ábaco é um dos mais antigos mecanismos


utilizados para realizar cálculos em sistema decimal, realizando quatro operações
básicas da matemática, sendo utilizado mundialmente na educação infantil (suas
derivações) de forma lúdica, a fim de ensinar às crianças o sistema decimal.
Na sequência, baseado em sua descoberta dos cálculos logarítmicos, em
1614, John Napier inventou um método para acelerar cálculos complicados, que
auxiliava na realização de multiplicações, conhecido por “Ossos de Napier” (SOUZA
FILHO; ALEXANDRE, 2014).
Tratava-se de um conjunto de bastões (dez) com números gravados, a fim de
simplificar cálculos de multiplicação mais complexos. Poderiam ser em pedaços de
madeira ou em ossos e as pessoas também faziam cálculos de raízes quadradas e
cúbicas, além de divisões (STERLING, 2010).
Já em 1632, na Inglaterra, foi criada a Régua de Cálculo retilínea por William
Oughtred, cujo pai ensinava analfabetos a escrever. Essa régua consistia na junção
de duas réguas com marcações de escalas logarítmicas de forma que, ao deslizar a
régua contrapondo um número contra o outro, se trona viável ler multiplicações e
divisões (STRATHERN, 2000).
22

Para Kotler e Trias de Bes (2015) a régua de cálculo se configurava em um


dispositivo de madeira ou plástico, com diversos números impressos, que possuía
partes deslizantes a fim de resolver a maioria das operações aritméticas.
Anos mais tarde, Oughtred teve a ideia de uma régua de cálculo circular,
formada por um disco móvel no interior de um anel, porém, um de seus alunos lhe
roubou a ideia e a publicou (STRATHERN, 2000).
A primeira calculadora mecânica surge em 1642, com a criação do filósofo
francês Blaise Pascal que buscava um auxílio no trabalho de contabilidade que
desenvolvia no escritório de coleta de impostos do seu pai, realizando operações
simples de soma e subtração (OKUYAMA, et al., 2014).
Pascal inventa um dispositivo mecânico que realiza cálculos, conhecido como
“as rodas dentadas de Pascal” ou “Pascaline”. Ele e seu pai utilizam um instrumento
parecido com o ábaco na realização do trabalho com cálculos, mas, sentindo-se em
um trabalho entediante com este instrumento, desenvolveu outro que realizava
somas e subtrações. O funcionamento da Pascaline se baseava em girar
engrenagens em um sentido para realizar operações de soma, no sentido inverso
para as operações de subtração e vários giros da soma, de forma manual, realizava
operações de multiplicação (SOUZA FILHO; ALEXANDRE, 2014).
De acordo com Rodrigues (2014, p.11), a Pascaline foi a primeira máquina
que o homem inventou “ao qual fornecia uma resposta/informação com base a
determinados dados inseridos”, sendo considerada por diversos estudiosos como o
“avô do computador”.
De acordo com Null e Lobur (2010), Wilhelm Schickard foi o primeiro inventor
conhecido da calculadora mecânica, cuja data é desconhecida. Sua criação, o
Relógio Calculadora, adicionava e subtraía números contendo até seis dígitos e
após ele, surge a descoberta de Blaise Pascal.
Trinta anos após a Pascaline, o matemático alemão Gottfried Leibniz inventou
a “calculadora de passos” com as funções de multiplicar e dividir, através da
composição de um cilindro dobrado à mão, composto por vários dentes que se
engrenavam em rodas com números (ISAACSON, 2014).
Diferente de Pascal, Leibniz não possuía tantos conhecimentos de
engenharia nem conhecia pessoas que os tivessem, não conseguindo produzir
versões operacionais confiáveis do mecanismo inventado (ISAACSON, 2014). A
23

calculadora que realizava as quatro operações foi inventada em 1672, sendo que
Leibniz foi precursor na defesa do sistema binário, atualmente utilizado pelos
computadores digitais (SOUZA FILHO; ALEXANDRE, 2014).
É da opinião de Sautoy (2013) que as calculadoras mecânicas elaboradas por
Leibniz eram belíssimas, acentuando que o processo utilizado por uma delas para a
realização de adições (se baseava em um rolamento de esferas que representavam
1 e a ausência delas para representar o 0), transformava um processo em uma
fantástica máquina mecânica.
Essa linguagem artificial que aparece em Leibiniz transparece o
desenvolvimento da lógica que o conduziu até o processo de mecanização do
raciocínio, demonstrando que ele bem captou as vantagens que os símbolos
apresentam na Aritmética e na Álgebra libertando a Lógica de possíveis
ambiguidades (FONSECA FILHO, 2007).
As aplicações dessa calculadora previam a economia de esforços e
promoveriam precisão na contabilidade, administração ou levantamento de dados,
com a pretensão de uma versão mais ampla, proposta por Leibniz, que mecanizasse
todos os processos de raciocínio, uma vez que sua calculadora fora projetada
especificamente para cálculos de multiplicar e dividir (ROSS, 2001).
A primeira calculadora mecânica teve seu primeiro aprimoramento em 1671
com a introdução da documentação do conceito da calculadora realizar
multiplicações e divisões através de sucessivas adições e subtrações. Esse conceito
foi implementado por Leibniz, que desenvolveu um sistema lógico matemático
utilizando o sistema binário (0 e 1) em 1703, que inspirou a origem da lógica binária
que surgiria no futuro (OKUYAMA, et al., 2014).
Já Null e Lobur (2010), iluminam que nenhuma da invenções de Leibniz
permitia a programação ou possuíam memória para acumular dados, precisavam
que o utilizador fizesse suas próprias intervenções, manualmente, a cada passo dos
cálculos.
Em 1822, surge a Máquina Diferencial do matemático inglês Charles
Babbage, que ocupava uma sala inteira. Seu propósito era de corrigir erros das
tabelas de logaritmos utilizados pela navegação britânica (SOUSA FILHO;
ALEXANDRE, 2014).
Complementam Null e Lobur (2010):
24

Babbage também projetou uma máquina de propósito geral em 1833,


denominada Máquina Analítica. Embora Babbage tenha falecido antes de
construí-la a Máquina Analítica teria sido capaz de realizar qualquer
operação matemática. Ela incluía muitos dos componentes associados aos
computadores modernos: uma unidade aritmética para realizar cálculos
(p.50).

Considera-se que Babbage projetou a primeira calculadora mecânica, com


funções de armazenamento e memorização de números executando uma
diversidade de cálculos. Algum tempo depois, o matemático aprimorou sua criação
através da elaboração da Máquina Analítica, que contribuiria na exatidão dos
cálculos (RODRIGUES, 2014).
Esse dispositivo se utilizava de uma técnica de cálculo conhecida como
método das diferenças, mecanizando o cálculo de funções polinomiais,
caracterizando-se como uma calculadora.
Complementa Rodrigues (2014):

A caminho da revolução eletrônica e durante a Segunda Guerra Mundial,


um grupo de matemáticos, liderados por John William Mauchly e John
Presper Eckert Jr, da Moore School of Electrical Engineering da University
os Pensylvania, começaram a desenvolver uma máquina eletrônica
chamada ENIAC – Eletronic Numerical Integrator and Calculator. O objetivo
da construção do ENIAC era acelerar os cálculos de tabelas visando dirigir
a pontaria para a artilharia de guerra. O protocomputador foi inaugurado em
1946 e comportava 17 mil válvulas, pesava trinta toneladas e enchia uma
sala imensa (p.11).

Em 1970, o suíço Niklaus Wirth cria uma linguagem de programação


estruturada a qual deu o nome de Pascal, em homenagem a Blaise Pascal
(OKUYAMA, et al., 2014).
De acordo com Okuyama (et al., 2014):

Embora essas primeiras máquinas fossem capazes de realizar cálculos,


ainda estavam longe de serem consideradas computadores pelo simples
fato de receberem apenas números como entradas. Assim, não eram
programáveis, pois não havia possibilidade de receberem instruções como
entrada para manipular os números (p.37).

Velloso (2011, p.35), cita algumas criações e criadores de importante


destaque para em diferentes momentos históricos:
25

 Em 1936, o inglês Alan Mathison Turing desenvolve a teoria da Máquina


Universal, em que problemas diversos seriam resolvidos sob a condicionante
de a máquina estar carregada com um programa pertinente;
 Em 1941 surgem as calculadoras automáticas, com destaque para o
instrumento desenvolvido pelo alemão Konrad Zuse;
 Em 1944, surge a primeira máquina totalmente automática, o Mark I, do
americano Koward Ailsen; e,
 em 1946, surge o primeiro computador eletrônico, o ENIAC.

É perceptível que o homem procurou buscar, ao longo de sua história, meios


que facilitassem o trabalho com cálculos de forma a contribuir na sua otimização e
exatidão, aprimorando suas técnicas em favor da melhoria da qualidade do serviço
prestado. Os próprios matemáticos buscaram facilitar a forma de calcular com suas
invenções e, com isso, contribuíram para que todas as demais pessoas pudessem
utilizá-las em seu cotidiano.

Pode-se dizer que o desenvolvimento humano tem como base a


matemática. Sem ela, toda a evolução, conquistas, desenvolvimento
tecnológico não seriam possíveis. [...] Não só as grandes descobertas, mas
também o uso cotidiano da matemática é importante para as pessoas. E
não apenas a utilização aritmética simples nas atividades diárias, mas sim,
e principalmente, o desenvolvimento do raciocínio trazido pela utilização dos
princípios matemáticos em nossas ações diárias (PIVA et al., 2011, p.78).

Portanto, é notório que as grandes descobertas favorecem a resolução de


problemas em atividades desenvolvidas cotidianamente, servindo de suporte para os
conhecimentos adquiridos sobre aritmética simples, soma, multiplicação, divisão e
subtração, e até sobre deduções lógicas.
Atualmente, equipamentos como computadores e calculadoras são recursos
conhecidos como Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Essas
tecnologias ampliam as possibilidades do ensino-aprendizagem, agrupando
benefícios diversos para alunos e professores. Sua utilização deve promover
maneiras diversas de ensinar e aprender atribuindo também, um novo tipo de
interação social (JOLY, 2002).
O educador deve sempre questionar os recursos tecnológicos que pode
empregar na sua prática e a melhor aplicabilidade que pode dar a eles, pois, esses
recursos não devem ser utilizados apenas para dar mais criatividade às aulas, mas
26

devem servir de instrumentos capazes de favorecer o aprendizado e o


desenvolvimento do aluno.
Para Kenski (2007):

A grande revolução do ensino não se dá apenas pelo uso mais intensivo do


computador e da internet em sala de aula ou em atividades à distância. É
preciso que se organizem novas experiências pedagógicas em que as TICs
possam ser usadas em processos cooperativos de aprendizagem, em que
se valorizem o diálogo e a participação permanentes de todos os envolvidos
no processo (p.88).

Esses recursos estão disponíveis e, portanto, podem e devem ser utilizados


pelos educadores de forma a dinamizar a sua prática e criar novos caminhos para o
desenvolvimento econômico e social desses jovens, além de permitir uma inovação
sobre os modelos tradicionais de ensino (ALMEIDA; FREITAS, 2013).
No Brasil, foi criado em 1997 o Programa Nacional de Informática na
Educação (ProInfo), através da Portaria nº 522/1997, posteriormente revogada pela
Portaria nº 1.322/2012/MEC, a fim de aprimorar práticas docentes através da
disseminação do uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação
“nas escolas públicas de ensino fundamental e médio pertencentes às redes
estadual e municipal” (BRASIL, 1997).
A partir de 2007, o ProInfo passou a ser Programa Nacional de Tecnologia
Educacional, através do Decreto nº 6.300/2007 que dispõe sobre os objetivos do
ProInfo e outras providências.

São objetivos do ProInfo: I - promover o uso pedagógico das tecnologias de


informação e comunicação nas escolas de educação básica das redes
públicas de ensino urbanas e rurais; II - fomentar a melhoria do processo de
ensino e aprendizagem com o uso das tecnologias de informação e
comunicação; II - promover a capacitação dos agentes educacionais
envolvidos nas ações do Programa; IV - contribuir com a inclusão digital por
meio da ampliação do acesso a computadores, da conexão à rede mundial
de computadores e de outras tecnologias digitais, beneficiando a
comunidade escolar e a população próxima às escolas; V - contribuir para a
preparação dos jovens e adultos para o mercado de trabalho por meio do
uso das tecnologias de informação e comunicação; e VI - fomentar a
produção nacional de conteúdos digitais educacionais (BRASIL, 2007).

Portanto, o ProInfo incentiva e apoia o uso de recursos tecnológicos no


aprimoramento das práticas pedagógicas dos profissionais de educação,
estimulando sua adequação aos conteúdos educacionais, porém cada município e
escola deve fornecer infraestrutura adequada à implementação desse serviço.
27

Para Morigi e Pavan (2004) a influência das TIC‟s na vida da sociedade tem
forte impacto, e são caracterizadas por uma autonomia que já não pode mais ser
desvinculada da contemporaneidade:

Nesta ótica, ainda que determinista, percebe-se uma interação entre as


tecnologias de informação e comunicação e a sociedade. Tais tecnologias,
ao mesmo tempo em que moldam a sociedade, também são moldadas por
ela. As tecnologias de informação e comunicação exercem influências
profundas na vida cotidiana. Contudo elas não são autônomas e, portanto,
não podem ser desvinculadas do contexto social em que foram produzidas
(p.2).

Para Rangel (2012, p.32) é necessário ver a relação entre os aspectos do


desenvolvimento cognitivo que contribuem para a análise da prática pedagógica,
com o intuito de que se redirecionem para as necessidades que a criança realmente
possui e que favorecerão seu desenvolvimento.
Fainguelernt e Nunes (2012) deixam claro que os exercícios comuns de
cálculo não precisam ser extintos pela utilização de recursos tecnológicos como a
calculadora, mas, que devem ser permeados pelo enfrentamento de problemas
complexos e diversos.
Desta forma, o estudante será estimulado a „fazer‟ matemática, investigando
as informações recebidas e utilizando os recursos disponíveis para executar a teoria
e colocá-la em prática. Torna-se necessário não apenas incrementar as aulas de
matemática com a utilização de calculadora para tornar o processo de ensino-
aprendizagem mais criativo, mas, permitir que ela seja o ambiente propício ao
encorajamento à participação dos educandos, em que eles participam da proposição
de soluções e exploram possibilidades e hipóteses a fim de justificar e validar seu
raciocínio (FAINGUELERNT; NUNES, 2012).
Para ressaltar que conceitos ultrapassados sobre o uso da tecnologia tornam
o aluno mais preguiçoso e não contribuir para o desenvolvimento do raciocínio
lógico, é necessário perceber algumas vantagens e desvantagens da utilização da
calculadora enquanto recurso aceito e disponível para aulas de matemática no
ensino fundamental. A ideia de que o aprendizado da matemática ligada a uma
relação de dependência com a tecnologia, não é mais aceitável, pois se confirma
que suas potencialidades a torna um verdadeiro instrumento pedagógico
(FOLLADOR, 2007).
28

1.1 Aspectos positivos e negativos do uso da calculadora na


aprendizagem da matemática

Ainda que a sociedade atual viva em um mundo organizado pela tecnologia e


pela informação a utilização de ferramentas tecnológicas contemporâneas para o
ensino da Matemática ainda provoca muitos debates. Pais, alunos e até professores
discutem se essas ferramentas realmente promovem boas contribuições para o
desenvolvimento conceitual dos alunos.
Para Van de Walle (2009):

O termo tecnologia no contexto de matemática escolar se refere


principalmente às calculadoras de qualquer tipo e aos computadores,
incluindo o acesso à internet e outros recursos disponíveis (softwares,
aplicativos, ferramentas) para uso com esses dispositivos. [...] ela é uma
ferramenta essencial para a aprendizagem e o ensino de matemática
(p.130).

Muitos educadores temem que os alunos tornem-se dependentes do uso da


calculadora, não conseguindo realizar cálculos simples de cabeça ou outros mais
complexos, a lápis e papel. Essa resistência demonstra o quanto as práticas
pedagógicas dos educadores devem ser revistas, devendo considerar a contribuição
do uso da calculadora para a aprendizagem e não temer a um dano que seu uso na
educação pode causar.
De acordo com o conselho americano de professores de matemática, o
National Council of Teachers of Mathematics (NTCM, 1991):

As calculadoras permitem às crianças a exploração de ideias numéricas e


de regularidades, a realização de experiências importantes para o
desenvolvimento de conceitos e a investigação de aplicações realistas, ao
mesmo tempo em que colocam a ênfase nos processos de resolução de
problemas. O uso inteligente das calculadoras pode aumentar, quer a
qualidade do currículo, quer a qualidade da aprendizagem (p.23).

É importante que o professor não veja a tecnologia como um fardo, algo que
ele ainda tem que adicionar à sua carga de trabalho, ao contrário, o uso dessas
tecnologias em sala de aula serve de instrumento que contribuem no aprendizado da
matemática pelos jovens. A tecnologia deve ser vista como um instrumento
integrante do arsenal de ferramentas do professor na relação ensino-aprendizagem
(VAN DE WALLE, 2009).
29

De acordo com Lorente (2010):

Além das formas mencionadas onde demonstra que a calculadora permeia


a vida dos alunos deve-se ainda destacar que a calculadora tem um custo
baixo, o que consequentemente, também contribuí para a sua
disseminação. Assim como outros aparelhos eletrônicos, a calculadora é um
instrumento de uso popular. Ela é fruto do desenvolvimento tecnológico
alcançado pela humanidade, faz parte do nosso presente e fará do nosso
futuro (p.2).

Para o NTCM (2000) as calculadoras são instrumentos tecnológicos com


potencial de garantir que todos os alunos tenham um ensino apropriado e adequado
às suas capacidades, promovendo de maneira significativa a oportunidade para que
todos possam aprender a matemática, igualmente. Além disso, ressalta que é
necessário que as calculadoras sejam instrumentos acessíveis a todos os alunos.
De acordo com Mercê (2008, p.5), uma comissão para acompanhamento de
programas em escolas primárias na França, elaborou um documento com
orientações aos professores para uma melhor utilização da calculadora em sala de
aula, direcionando seu uso para quatro vertentes:

 Enquanto instrumento de cálculo, para dar mais rapidez nos cálculos de um


problema ou encontrar a operação que satisfaça a situação a resolver e
também em momentos de reforço da escrita de números inteiros e decimais,
da compreensão das operações e do domínio do cálculo;
 enquanto um instrumento cujo funcionamento e funcionalidades se procuram
gradualmente compreender;
 como suporte à exploração de fenômenos numéricos; e,
 como fonte de problemas e exercícios.

A calculadora é um instrumento de baixo custo e, portanto, pode ser


facilmente utilizado nas aulas de matemática, dependendo apenas de uma iniciativa
da escola em adquirir o equipamento. A escola deve fornecer o acesso aos alunos a
uma educação contemporânea que respeita seus direitos em ter uma educação de
qualidade e com o aparato tecnológico disponível que aprimore o método educativo.
Defendem Selva e Borba (2010):
30

A discussão sobre o uso da calculadora nas salas de aula do Ensino


Fundamental – em particular nos anos iniciais de escolarização – suscita
embates semelhantes no amplo uso dessa ferramenta em situações
matemáticas de fora da sala de aula e o fato de que calculadoras simples
são acessíveis às diferentes camadas da sociedade. Um argumento
desfavorável é o de que crianças novas, que ainda não aprenderam a
realizar as operações aritméticas, não devem ser expostas ao uso da
calculadora, pois deixarão, assim, de aprender a realizar as contas básicas
– com números naturais e números racionais – envolvidas em problemas
matemáticos (p.10).

Enquanto ferramenta que agiliza o cálculo, a calculadora deve ser utilizada


quando o educador achar mais apropriado, sendo o mais importante que o aluno
seja quem resolve o problema, uma vez que a calculadora só fará a operação de
acordo com os dados nela inseridos.
Van de Walle (2009, p.130-131) cita alguns dos benefícios do uso das
calculadoras em sala de aula:

1. As calculadoras podem ser usadas para desenvolver conceitos – a


calculadora está além de um dispositivo de cálculo, permitindo que o aluno aprimore
sua compreensão conceitual através de atividades que desenvolvam conceitos com
a calculadora (por exemplo: calcular o resto inteiro de uma divisão, encontrar um
número que quando multiplicado por ele mesmo resultará em 43 ou, até mesmo, a
extração de raízes quadradas);
2. As calculadoras podem ser usadas para exercitar – a calculadora é um
dispositivo que dispensa uma tecnologia mais aprimorada como computador ou
software. Existem calculadoras com funções de resolução de problemas com as
quais os alunos podem praticar cálculos básicos, desenvolver listas de cálculos e
testar equações ou desigualdades com expressões aritméticas em qualquer dos
lados do símbolo relacional;
3. As calculadoras economizam tempo – a resolução de cálculos à mão
demanda tempo e existem diversas situações em que o estudante pode facilmente
utilizar a calculadora para otimizar o tempo, como: realizar o somatório dos números
para encontrar o perímetro de um polígono, identificar médias, achar porcentagens,
converter frações em decimais, entre outros;
4. As calculadoras são comumente usadas na sociedade – em diversos
ambientes a calculadora é utilizada pela sociedade para dar mais praticidade,
exatidão e otimizar tempo na resolução de atividades corriqueiras. Nas escolas, os
31

alunos devem saber como utilizar uma calculadora, bem como devem saber julgar
quando é apropriada sua aplicação. Neste caso, é importante que os alunos sejam
treinados a utilizar melhor este instrumento a fim de melhor reconhecer erros brutos
que são geralmente feitos em calculadoras.
Para CACCURI (2013), a utilização da calculadora (por exemplo) fundamenta-
se em um processo chamado de alfabetização digital, onde o aluno desenvolve
habilidade em operar e manejar os diferentes dispositivos tecnológicos que
encontram-se disponíveis em seu meio social, trabalhando também suas
competências sobre a busca e o tratamento das informações.
Para Aragão e Vidigal (2016) a calculadora é um recurso cheio de potencial
que deve ser devidamente explorado pelo educador e pelo aluno, para que não se
torne um equipamento subutilizado e limitado:

Além da aprendizagem de conceitos específicos, a calculadora propicia a


formulação de hipóteses, a observação de regularidades e a resolução de
problemas mais complexos. Nesse sentido, colabora muito com o processo
de ensino e aprendizagem, pois permite com facilidade a tentativa e a
autocorreção, a checagem de hipóteses e a construção de modelos ou
representações [...] Finalmente, mas não menos importante, com a
calculadora, ao mesmo tempo que o aluno aprende matemática e valiosas
formas de pensar, ele passa a conhecer esse recurso, as possibilidades e
limitações da calculadora e se insere no mundo da tecnologia. Não se trata
de tornar os alunos especialistas em calculadora, mas de se apropriar de
uma ferramenta para aprender (p.73).

De acordo com estudos realizados por Selva e Borba, em 2005, com 48


crianças da 3ª e 5ª séries de uma escola pública, comprovou-se a importância do
uso de diferentes representações na resolução dos problemas propostos, inclusive
pelo uso da calculadora que se apresentou como ferramenta de auxílio ao educador,
promovendo uma maior reflexão entre as crianças estudadas sobre os números,
principalmente, sobre os decimais resultantes de divisões com resto (SELVA;
BORBA, 2010).
O importante é que o educador tenha em mente as vantagens e
desvantagens do uso da calculadora em sala de aula fazendo o melhor proveito
desse recurso tecnológico nas suas aulas (MENDES, 2009).
Revela outro estudo realizado por Selva e Borba em 2009, através da
sondagem de vinte professores de escolas públicas e vinte da rede particular de
ensino, atuantes no 4º e 5º anos do ensino fundamental, a respeito de suas
concepções e propostas para a utilização da calculadora em sala de aula, os
32

educadores concordaram que a principal desvantagem do seu uso refere-se à


dependência do estudante na utilização exclusiva da máquina para a realização dos
cálculos, sem fazer qualquer esforço em realizar corretamente os cálculos para a
resolução dos problemas propostos.
Além desta desvantagem, as autoras supracitadas indicam outra revelação
feita pelos professores investigados em seu estudo: a desvantagem provocada pelo
uso da calculadora pode enfatizar a resposta de problemas e não seu processo de
resolução (SELVA; BORBA, 2009).
Em contraposição a essas desvantagens, Van de Walle (2009, p.132-133)
traz uma abordagem sobre mitos e medos a respeito do uso de calculadoras nas
aulas de matemática, conforme disposição a seguir:

1. Mito: se as crianças usarem calculadoras, elas não aprenderão os


“fundamentos” - estudos afirmam que a disponibilidade de calculadoras não tem
efeito negativo sobre as habilidades tradicionais, devendo o professor deixar claro
para os pais dos alunos que o domínio de cálculos básicos e o cálculo mental
permanecem sendo a principal meta do currículo. A resolução de operações feitas à
mão não significa que houve pensamento, argumentação e resolução dos
problemas, não justificando o demérito do uso da calculadora;
2. Mito: a calculadora torna os estudantes preguiçosos - quando utilizadas
adequadamente, as calculadoras aumentam a aprendizagem permitindo que o
intelecto pessoal de cada um seja utilizado de forma significativa, uma vez que
quase nenhum pensamento matemático envolve a resolução cálculos rotineiros
feitos à mão;
3. Mito: os estudantes devem aprender o “modo real” antes de usar
calculadoras – salienta-se que as técnicas realizadas a lápis e papel não devem ser
abandonadas, pois, as explorações introdutórias de cada temática são melhor
executadas sem o uso da calculadora. A não utilização da calculadora não irá fazer
com que o aluno compreenda a lógica por trás dos métodos empregados para a
realização de determinadas operações, como o método de inverter e multiplicar
usado na divisão de frações, poucos sabem explicar o porquê desse método fazer
sentido;
4. Mito: os estudantes se tornarão dependentes demais de calculadoras – a
proibição do uso da calculadora faz com que os alunos abusem de sua utilização,
33

quando o professor a permite. Neste caso, é essencial que o domínio da técnica,


cálculo mental e fatos básicos permaneçam sendo exigidos dos estudantes,
mantendo a calculadora longe quando o objetivo da lição for a verificação dessas
habilidades. Quando o professor ajuda o aluno a desenvolver essas habilidades,
raramente ele utilizará a calculadora de forma inapropriada.
Fica claro que, através das análises apresentadas, as vantagens da utilização
da calculadora nas aulas de matemática para o Ensino Fundamental superam as
suas desvantagens. Essas últimas podem ser facilmente contornadas pelo
profissional de educação que, bem treinado e íntimo do aparato tecnológico,
consegue adequar a utilização da calculadora de forma a aprimorar o aprendizado
dos alunos.
O professor deve ter em mente os objetivos da utilização desta ferramenta
tecnológica para aprimorar o seu método e para desenvolver uma relação de ensino-
aprendizagem que auxilie na evolução do estudante, sem prejudicá-lo de qualquer
forma.

1.2 A aprendizagem significativa da matemática

Para Oliveira (2002) a matemática moderna se propõe à eliminação da


técnica de memorização de regras matemáticas a fim de unificar a linguagem da
própria disciplina, dividida por seus diversos segmentos.
Corroboram essa afirmação Gigante e Santos (2012), quando informam que
trabalhar os conteúdos isoladamente, não contribuem para a aprendizagem
significativa da matemática que se dá através do esforço do professor em utilizar
ferramentas e recursos que auxiliam os alunos na aprendizagem, colaborando com
o entendimento do tema proposto e na resolução de problemas, ampliando e
enriquecendo ideias e favorecendo a “aprendizagem significativa de novos conceitos
matemáticos” (p.60).
A aprendizagem significativa requer busca constante pelo conhecimento, em
que a curiosidade e o desejo de compreensão rompem com a passividade e levam o
aluno a se mover em relação ao próprio conhecimento (GIGANTE; SANTOS, 2012).
A teoria da aprendizagem significativa parte do psicólogo norte-americano D.
P. Ausubel, cuja proposta é de que deve-se valorizar os conhecimentos prévios dos
alunos para que, sozinhos eles busquem estruturar mentalmente conceitos e
34

técnicas levando-os a descobrir e redescobrir outros conhecimentos, produzindo


uma aprendizagem eficaz e prazerosa (PELIZZARI et al., 2002). Para ele:

[...] o principal fator que influencia a aprendizagem é a estrutura cognitiva


daquele que aprende. [...] a estrutura cognitiva do ser humano é
hierarquicamente organizada, isto é, conceitos e proposições mais
inclusivos, com maior poder de generalização, estão claros e disponíveis no
todo da hierarquia e abrangem conceitos menos inclusivos. Isto significa
que, se a estrutura cognitiva de um aluno for organizada adequadamente,
será mais fácil a aprendizagem e a retenção de um assunto novo. Se ela for
desorganizada, ambígua e instável, a aprendizagem ficará prejudicada
(MASINI, 1993, p.25).

Portanto, o professor deve buscar maneiras de conduzir o educando a edificar


essa cognição em uma estrutura equilibrada, para que ele consiga desenvolver a
aprendizagem de forma mais eficaz e com mais clareza de ideias.
Portanto a aprendizagem significativa deve pressupor que:

a) o aluno manifeste uma disposição para a aprendizagem significativa, isto


é, uma disposição para relacionar, de forma não-arbitrária e substantiva, o
novo material com conceitos e representações existentes em sua estrutura
cognitiva; b) que o material aprendido seja potencialmente significativo –
tenha um significado lógico e seja passível de ser incorporado à sua
estrutura de conhecimentos, por meio de uma relação não-arbitrária e
substantiva (MASINI, 1993, p.26).

Portanto, nesta teoria a nova informação realmente interage com a estrutura


de conhecimento específico já existente no aluno, quando o oposto disto ocorre, ou
seja, a nova informação aprendida não consegue conectar-se ao conhecimento
preexistente, obtém-se uma aprendizagem mecânica. Para Ausubel, quando as
novas informações são aprendidas, mas não interagem com o conhecimento
relevante já existente, se dá a aprendizagem mecânica em que apenas foi decorada
a informação para atingir determinado fim, não tendo qualquer significado para a
aprendizagem (PELIZZARI et al., 2002).
Corrobora esta informação Masini (1993), que diz que para Ausubel a
aprendizagem mecânica pode ser definida como a aquisição de novas informações
que não possuem, ou possuem poucos, conceitos relevantes na estrutura cognitiva
do indivíduo, que se dá de forma arbitrária sem qualquer interação com a informação
anteriormente apreendida por ele.
35

CAPÍTULO 2
A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E OS USOS DA
CALCULADORA EM AULAS DE MATEMÁTICA

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são utilizadas através


de meios diversos (calculadora, internet, filmes, televisão, jogos, livros, entre outros),
sendo consideradas ferramentas imprescindíveis para o aprimoramento do
conhecimento e da cognição humana, devido aos estímulos proporcionados pelo
contexto social existente na maioria das comunidades mundiais (BIEGING;
BUSARELLO, 2014).
Inclui-se também, como contribuição das TIC‟s para a educação, a
capacidade de criar meios para o desenvolvimento da economia já que capacita os
alunos para o mercado de trabalho, proporcionando-lhes visibilidade. Além disso,
contribui na redução das desigualdades por promover a inclusão digital, cria novos
canais de comunicação e encerra conceitos antigos e tradicionais sobre o processo
de ensino-aprendizagem (ALMEIDA; FREITAS, 2013).
Por inclusão digital entende-se como a “democratização do acesso às
tecnologias da informação, de forma a permitir a inserção de todos na sociedade da
informação” (GEBRAN, 2009, p.164). Dessa maneira, a inclusão digital se baseia
também em inserção social, formação cidadã e participação do sujeito de forma
ativa na sociedade em que está inserido.
É nítido que o Brasil precisa melhorar a aplicação das TIC‟s nas salas de aula
da rede pública de ensino, mas, além disso, é necessário que haja uma maior
preocupação com o aprimoramento das competências do professor para a sua
aplicabilidade. A importância agregada à incorporação da TIC ao sistema
educacional abrange desde o melhor desenvolvimento do aprendizado do educando
até a redução da exclusão digital que ainda persiste no país.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), coopera com o governo brasileiro a fim de promover ações para
solucionar questionamentos sobre a utilização das TIC‟s e as formas de aplicação
para que contribuam na cobertura educacional, preparando indivíduos e sociedade
ao domínio das tecnologias existentes em todos os setores da vida, a fim de melhor
usufruir o que elas podem oferecer (UNESCO, 2016).
36

Caracteriza-se esse processo como „letramento digital‟, pois ele decorre da


utilização frequente das TIC‟s por elas auxiliarem no processo de ensino-
aprendizagem (UNESCO, 2016). Para o aluno, contribui no aprendizado, para o
professor, trata-se de transformar a informação em conhecimento mediado pela
tecnologia.
De acordo com Hung (et al, 2015), a disponibilidade de equipamentos TIC nas
escolas públicas, ou a sua subutilização, além de outros obstáculos encontrados nas
instituições de ensino, demonstra que ainda há enorme necessidade de
intervenções governamentais para que sejam realmente bem aproveitados esses
recursos na educação.
A calculadora é um instrumento também considerado como tecnológico, pois
o auxílio proporcionado por ela no aprimoramento do processo de esnino e
aprendizagem da matemática é bastante relevante. A vida em sociedade acaba
impondo o aprendizado permanente, porém, as condições para o desenvolvimento
deste saber formal acaba excluindo muitos do acesso à educação e da qualidade
que recai sobre ela.
Na opinião de Giongo (2016), a incorporação da calculadora às atividades
pedagógicas junto aos alunos do Ensino Fundamental ainda é motivo de polêmica,
exatamente pelo fato de não se compreender seu uso como ferramenta de
importância para o processo pedagógico, mas enquanto instrumento que
compromete a aprendizagem das crianças.
Para Pinheiro e Campiol (2005), este artefato já se faz presente na vida dos
alunos, mas que passou a ser um fato ignorado por muitos pais e professores que
acabaram criando uma nova realidade da qual a calculadora não faz parte, mas na
verdade, isso só promove uma inconformidade na vida escolar.
Mercado (2008) complementa que quando se aprimoram as Tecnologias da
Informação e comunicação as possibilidades de aprofundamento e
compartilhamento de conhecimento são aumentadas e ressignificadas. Contudo, é
preciso que os espaços de ensino se adaptem a essas transformações,
desenvolvendo novas competências profissionais para o aprimoramento da prática
pedagógica que contribua também no processo de inclusão digital.
Dessa forma, as TIC‟s são consideradas como parte do contínuo avanço
tecnológico mundialmente existente, sendo completamente passíveis de adaptação
e aplicabilidade em métodos educacionais.
37

Redefinir o papel dos professores para desenvolver o processo de ensino-


aprendizagem não é a única forma de contribuir na melhoria da educação. É preciso
analisar o contexto social em que esses profissionais trabalham e o nível de
aproveitamento dos equipamentos disponíveis dentro e fora dos cenários de ensino
(HUNG et al, 2015).

2.1 O preparo do professor para o uso de TIC como ferramenta de auxílio


no ensino da matemática

É imprescindível que o profissional de educação reconheça e desperte para a


importância do uso das TIC‟s e em como esse auxílio tecnológico pode contribuir no
aprimoramento de sua prática. Dessa forma, ele se tornará mais do que um
transmissor de conhecimentos, mas um colaborador do ensino-aprendizagem que
tornaria seus alunos mais do que meros receptores de informações.
Quando o professor é leigo no uso das tecnologias, principalmente quando
elas contribuiriam muito no cotidiano escolar, ele passa a ser parte da exclusão
digital que refletirá numa exclusão digital dos seus alunos, até porque passa a não
desenvolver necessidades exigidas pela própria sociedade (MERCADO, 2008).
A inclusão digital proporciona a potencialização das habilidades pedagógicas
do educador por subsidiar o trabalho do docente, facilitando a comunicação e troca
de informações, além de auxiliar o aluno na resolução de questões ou pesquisas
indispensáveis para o processo educativo (MERCADO, 2006).
De acordo com Area (2001, p.128 apud MERCADO, 2008):

Aqueles cidadãos que não estiverem qualificados para o uso das TIC terá
altas probabilidades de ser marginalizados culturalmente na sociedade do
século XXI. Este analfabetismo tecnológico provocará, seguramente,
maiores dificuldades no acesso e promoção no mercado de trabalho,
indefesa e vulnerabilidade diante da manipulação informativa e
incapacidade para utilização dos recursos de comunicação digitais (p.18).

Portanto, o próprio educador deve favorecer o ensino, proporcionando ao


docente a oportunidade de conhecer, desenvolver e aprimorar o uso das tecnologias
de informação tanto no dentro quanto fora do ambiente escolar. A calculadora é um
recurso que depende de orientação para uso, ela sozinha não ensinará ao aluno e
38

sim, a presença do professor quem deve orientar, observar e analisar a eficácia da


sua utilização em sala de aula (MERCADO, 2006).
Se a calculadora será benéfica ou não, enquanto ferramenta tecnológica de
auxílio no aprendizado da matemática dependerá da forma que é empregada em
sala de aula. A calculadora é um recurso empregado didaticamente que deve ser
encarada desta forma, e ser parte de um planejamento cuidadoso do professor para
que favoreça ao aprendizado (UNGLAUB, 2012).
Conforme afirma Mercado (2006), a presença do recurso tecnológico em sala
de aula não confirma que a educação será melhor, isso só ocorrerá a depender de
como ele está sendo utilizado, exigindo que o professor se familiarize com essas
ferramentas e estejam realmente capacitados para o uso dos recursos tecnológicos
no conteúdo escolar.

Então, os professores devem trabalhar com seus alunos uma forma de fazer
uso inteligente da calculadora, tendo muito claros os objetivos e os
diferentes métodos com os quais ela pode contribuir para a aprendizagem.
Para que as abordagens de tópicos de matemática usando novas
tecnologias possam ser bem sucedidas, é necessário antes de qualquer
coisa que o professor esteja preparado para planejá-las (UNGLAUB, 2012,
p.126).

Para tanto, os métodos de ensino do educador devem demonstrar elementos


essenciais em seu conteúdo, como: problematização, experimentação metodológica,
confronto com situações complexas e a intenção de solucioná-las. É primordial que
ele utilize o seu próprio conteúdo e busque o aprimoramento contínuo da prática
metodológica que já utiliza com os discentes (PIMENTA, 1999).
Para D‟Ambrosio (1996) o diálogo entre o aluno e o professor e entre os
próprios alunos pode ser enriquecido com um intercâmbio com outros que também
estejam imersos no mesmo processo, através da comunicação. Assim é possível
gerar conhecimento como ação, pois o supracitado autor considera que a
comunicação é um pacto, um contrato selado entre os indivíduos que permite o
compartilhamento e desenvolvimento de processos individuais como a captação da
informação e seu processamento.
As políticas que se voltam para a formação do profissional de educação
buscam reforçar a aplicabilidade das TIC‟s na educação formal e evidenciar o
aproveitamento educacional através de sua implantação, isso porque a formação do
professor está envolvida em tensões teórico-metodológicas que acabam por
39

complicar esse processo de implementação de TIC em seu método (LORENZATO,


2006).
Para Schlünzen Junior (2009), a linguagem das TIC‟s ainda é desconhecida
para o professor, inclusive em sua formação inicial, algo que pode prejudicar o
profissional no futuro, pois ele não conseguirá estabelecer o uso adequado das
tecnologias em seu método de ensino.
Portanto, o preparo do profissional para atuar com o uso de TIC‟s, neste caso,
a calculadora, é de extrema importância para que esses recursos tecnológicos
sejam efetivamente implantados e que funcionem em consonância com os recursos
tradicionais já presentes na formação e desenvolvimento de conceitos no cotidiano
escolar (UNGLAUB, 2012). O educador deve sempre avaliar o seu método de
ensino e planejar sua proposta de abordagem baseando-se, também, em recursos
tecnológicos aplicáveis à disciplina ensinada.
Para Bigode (2000, p.18 apud UNGLAUB, 2012):

Não cabe mais discutir se as calculadoras devem ou não ser utilizadas no


ensino, o que se coloca é como utilizá-las. [...] Cabe ao professor explorar
por si as calculadoras e as atividades a elas associadas, propondo aos
alunos situações didáticas que os preparem verdadeiramente para enfrentar
problemas reais (p.126).

O educador não pode estar vulnerável ao uso desmedido da calculadora, por


falta de preparação, ou ao não uso por falta de informação/capacitação. É
necessário que investimentos sejam feitos para que os professores não se tornem
os excluídos digitalmente, por não possuírem capacitação inicial ou continuada que
desenvolva suas potencialidades, enquanto mediadores do conhecimento, com o
auxílio das TIC‟s (MERCADO, 2006).
A elevação das potencialidades pedagógicas com a inclusão digital aprimora
o trabalho docente e suas habilidades em mediar o conhecimento, pois o professor é
convocado a aprender permanentemente, para ampliar as possibilidades do saber
de forma contínua (MERCADO, 2008).
Fica claro que a presença das TIC‟s na escola não significa que a educação
será de excelência, pois sua eficácia se definirá através do uso constante das suas
ferramentas e a habilidade do profissional de educação em implementá-las. Por isso,
os educadores devem estar familiarizados com essas ferramentas de trabalho, e
40

devidamente capacitados para uma aplicação adequada dos recursos tecnológicos


em seu método de ensino.

2.2 Uso da calculadora no Ensino Fundamental II

As técnicas de ensino utilizadas pelos educadores compõem os agentes de


transformação social, não só pelas suas diferentes formas e usos, mas também
pelos impactos que provocam sobre a vida dos alunos.
No Ensino Fundamental os conteúdos para os currículos de matemática
devem ser selecionados de forma que atendam ao estudo de números e operações,
o espaço e as formas, grandezas e medidas. Outros conteúdos devem ser
abordados e devem estar integrado aos demais como lógica, probabilidade e
proporcionalidade (BRASIL, 1997).
Neste sentido, o professor deve se atentar aos desafios implicados na
identificação destes campos, a respeito da sua pertinência para o desenvolvimento
intelectual, as competências, a criatividade, a intuição e em hábitos e valores
socialmente relevantes para os alunos (BRASIL, 1997).
Para o desenvolvimento dessa capacidade crítica no educando, os PCN
estabelecem objetivos gerais do ensino da matemática no Ensino Fundamental que
devem desenvolver no aluno as seguintes competências (BRASIL, 1997, p.37):

 A identificação dos conhecimentos matemáticos como meios de compreensão


do mundo em que está inserido, desenvolvendo a percepção do caráter de
jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto de estímulo ao
interesse, à curiosidade, ao espírito de investigação e ao desenvolvimento da
capacidade para resolver problemas;
 A promoção de observações sistemáticas de aspectos quantitativos e
qualitativos sobre o conhecimento e a formação do maior número possível de
relações entre eles, utilizando para isso o conhecimento matemático
(aritmético, geométrico, métrico, algébrico, estatístico, combinatório,
probabilístico);
 A seleção, organização e produção de informações relevantes, para
interpretá-las e avaliá-las criticamente;
41

 A resolução de situações-problema, desde que validando estratégias e


resultados, desenvolvendo formas de raciocínio e processos, como dedução,
indução, intuição, analogia, estimativa, e utilizando conceitos e procedimentos
matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos disponíveis;
 A comunicação matemática também deve ser privilegiada através da
descrição, representação e apresentação de resultados com precisão e
argumentação sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral e
estabelecendo relações entre ela e as diversas representações matemáticas;
 O estabelecimento de conexões entre temas matemáticos de diferentes
campos e entre esses temas e de outras disciplinas que compõem o currículo
(interdisciplinaridade);
 Permitir que o educando se sinta seguro sobre a própria capacidade de
construir conhecimentos matemáticos, e que desenvolva a autoestima e a
perseverança na busca de soluções para qualquer problema que venha a
surgir;
 A interação e cooperação com os colegas, realizando um trabalho coletivo na
busca de soluções para problemas propostos, além da identificação de
aspectos consensuais ou não na discussão de um assunto, respeitando o
ponto de vista dos colegas e aprendendo a partir das sugestões que
propõem.

Verifica-se através destes objetivos que existe uma preocupação com o


ensino-aprendizagem da matemática, além de ficar clara a importância que a
disciplina possui sobre o cotidiano humano. Não é apenas na escola que a
matemática servirá, mas em todas as instâncias da vida ela é utilizada e auxilia na
resolução de problemas que se apresentam no dia a dia.
Para Smole e Diniz (2016) a calculadora não é um fim em si mesma e objetiva
dar suporte às atividades, incentivando o aluno na construção de ideias ou
procedimentos que o levem a refletir e produzir seus resultados. Portanto, o aluno é
incentivado a refletir sobre o que aprendeu e passa a valorizar esse aprendizado.
Além disto, estes Parâmetros incluem os Recursos às Tecnologias da
Informação como um dos principais agentes transformadores da sociedade,
42

conforme as novas possibilidades educativas que promovem inclusive pela utilização


das calculadoras.
Para Rodrigues (2014):

A calculadora, por exemplo, é um instrumento que pode contribuir para a


melhoria do ensino da Matemática. A justificativa para essa visão é o fato de
que ela pode ser usada como instrumento motivador na realização de
tarefas exploratórias e de investigação. Além disso, ela abre novas
possibilidades educativas para o aluno por é um recurso para verificação de
resultados, correção de erros, podendo ser um valioso instrumento de
autoavaliação (p.15).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais incluem também a importância dos


recursos tecnológicos para o aprendizado da matemática em que, o recurso
tecnológico auxilia o discente no aprendizado junto aos seus erros e a comparação
com os trabalhos dos colegas, aprendendo coletivamente. Além disso, esclarece
que o este é um elemento de apoio ao aprendizado, uma ferramenta que contribui
no desenvolvimento de habilidades diversas dos alunos.

Ele é apontado como um instrumento que traz versáteis possibilidades ao


processo de ensino e aprendizagem de Matemática, seja pela sua
destacada presença na sociedade moderna, seja pelas possibilidades de
sua aplicação nesse processo. Tudo indica que seu caráter lógico-
matemático pode ser um grande aliado do desenvolvimento cognitivo dos
alunos, principalmente na medida em que ele permite um trabalho que
obedece a distintos ritmos de aprendizagem (BRASIL, 1997, p.35).

Não se pode esquecer o incentivo à autonomia, não só por está preconizado


nos PCN, mas também pela importância sobre o desenvolvimento da capacidade
cognitiva do educando ligada tomada de decisões, além da autonomia do professor
em desenvolver os objetivos propostos através de meios que ele defina como
apropriados e que sejam orientados por práticas pedagógicas bem discutidas e
embasadas.

2.3 Exemplos de atividades auxiliadas por calculadora em turmas de ensino


fundamental II

Alguns autores contribuem de forma simples e significativa para a aplicação


da calculadora em aulas de matemática. Para Frõse Suhr (2008), o professor pode
propor um exercício que exija o manuseio da calculadora e a utilização de níveis
43

crescentes para que os alunos resolvam de forma individual. Desta forma, o


professor observará, a princípio, quantos e quais alunos ainda apresentam
dificuldades no manuseio do recurso a fim de inserir todos no processo de utilização
de TIC no aprendizado da matemática.
Para Giongo (2016), o professor deve possuir um modo mais sistemático para
avaliar o desenvolvimento dos alunos com atividades auxiliadas pelo uso da
calculadora. Neste caso, ela aconselha que os trabalhos sejam alternados entre o
uso de calculadoras simples e científicas e sugere atividades como as seguintes:

1) Um estudante, digitou na calculadora simples 10 x 4 – 20 : 5 + 30 x 2 =,


encontrando como resultado 68 . Outro estudante digitou as mesmas teclas numa
calculadora científica e obteve como resultado 96.

a) Por que os resultados são diferentes? Nesse caso, qual a vantagem do uso
da calculadora científica?
b) É possível utilizar as teclas da memória de uma calculadora simples para
“acertar” o cálculo acima? Explique qual o caminho seguido e procure
justificar esse procedimento.
c) Em síntese, qual a utilidade das teclas de memória na calculadora simples?
E na calculadora científica?

2) Quais dos cálculos abaixo apresentam como resultado número maior ou menor
que 800? Estime e depois verifique o resultado com a calculadora.
a) 23,4 x 45,001 =
b) 18,77 x 40,03 =
c) 9,3 x 9,3 x 9,3 =
d) 346,778 + 453,33 =

Conforme analisa Brito (2011) em seus estudos sobre livros didáticos de


matemática, ela informa que a calculadora pode ser utilizada nas séries finais do
Ensino Fundamental II como ferramenta de agregação de conhecimento. No caso do
6º ano, cita algumas atividades que podem ser desenvolvidas com o uso de
calculadoras, como: operações com números naturais; expressões numéricas;
44

cálculo de estimativas; transformações de frações em números decimais e no


cálculo de porcentagem (BRITO, 2011, p. 23-24).
Para o 7º ano a autora cita atividades que envolvem operações com números
decimais, divisão de frações na obtenção de dízimas periódicas, porcentagem e
juros simples que podem ser realizadas com o uso da calculadora, bem como, para
o 8º ano ela relaciona operações aritméticas (soma, adição, subtração e divisão) e
raízes quadradas de números decimais (BRITO, 2011, p.24).
Para Brito (2011), diversos são os conteúdos que podem ser explorados pelo
professor com o auxílio da calculadora, nas séries finais do Ensino Fundamental (8º
e 9º ano): lucro líquido; raízes quadradas não exatas; Teorema de Pitágoras; uso de
potências e radicais com números reais; raízes de funções do 1º e 2º grau;
trigonometria no triângulo retângulo e no triângulo qualquer; proporcionalidade;
áreas de figuras planas; volume; estatística e probabilidade.
Um exemplo de atividade desenvolvida pela autora supracitada, para turmas
de 9º ano, refere-se ao uso da calculadora na geometria plana, na compreensão do
uso de fórmulas. Para isso ela informa que para descobrir o valor da diagonal do
quadrado, apenas deve-se mostrar aos alunos as fórmulas da diagonal, obtida
através do Teorema de Pitágoras, mas focar o trabalho no uso da calculadora.
Brito (2011, p.35-36) sugere a atividade da seguinte forma:

Informação para compreensão da atividade - A diagonal do quadrado divide-o em


dois triângulos retângulos congruentes. Sendo o lado e a diagonal, segue que:

d 2 = l2 + l2 = 2l2

Finalmente, o comprimento da diagonal é encontrado como:

d = √21² = l√2

Divisão em grupos para iniciar a atividade - Os alunos devem se dividir em


grupos de 3 e devem resolver as questões a seguir com a utilização da tecla [ √ ], na
calculadora. O professor deverá fazer uma breve explicação sobre aproximações
(arredondamentos), antes de iniciar a atividade.
45

QUESTÃO 1 - Dê o que se pede, com o auxílio da calculadora.

a) quanto mede a diagonal de um quadrado, quando...


-... cada lado medir 2 cm?
-... cada lado medir √ 5?
-... cada lado medir 5√2?
-... o perímetro for igual a 50 cm?

Os alunos usarão a calculadora para achar a raiz aproximada e fazer


arredondamentos do valor final. No item seguinte, pede-se o valor do lado e
fornecemos a diagonal:

b) Descubra o valor do lado de um quadrado quando

i - A diagonal mede 8√2


ii - A diagonal mede 3√2

Eles procederão da mesma forma, podendo usar o Teorema de Pitágoras ou


usar a fórmula diretamente (d=L√2), mas precisam fazer uso da máquina para
encontrar as raízes e depois fazer aproximações.

É notório que diversos são os conteúdos que os professores podem utilizar,


nas séries finais do Ensino Fundamental com o auxílio da calculadora, que apenas
servirá de estímulo à criatividade dos alunos, fazendo com que eles desenvolvam a
sua capacidade de interpretação e motivando-os ao aprendizado da matemática.

CAPÍTULO 3
METODOLOGIA

Os saberes da humanidade são provenientes da sua curiosidade e busca por


novas descobertas e vivências. Contudo, nessa busca por saberes o homem
aprendeu a desenvolver métodos e técnicas que contribuem em suas pesquisas,
essas podem ser feitas de formas diversificadas, sendo os tipos principais: a
46

pesquisa documental, a bibliográfica, descritiva, experimental e a qualitativa-


participante (RAMPAZZO, 2005).

Para Pádua (2004), toda pesquisa possui uma intencionalidade intrínseca a


ela em que o pesquisador busca agregar conhecimentos que lhe dê subsídios para a
compreensão e transformação da realidade analisada. Fazer pesquisa requer
aprender metodologia de pesquisa enquanto instrumento de investigação científica,
através de diretrizes que facilitam e colaboram no processo da investigação do
objeto de estudo (TOZONI-REIS, 2010).

3.1 Classificação da pesquisa

A pesquisa subdivide-se em procedimentos metodológicos, conforme ilumina


Fröhlich e Dorneles (2011): quanto à abordagem (pesquisa qualitativa e
quantitativa); quanto à natureza (pesquisa básica e pesquisa aplicada); quanto aos
objetivos (pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa); quanto
aos procedimentos (pesquisa experimental, pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental, pesquisa de campo, pesquisa ex-post-facto, pesquisa de levantamento,
pesquisa com survey, estudo de caso, pesquisa participante, pesquisa-ação,
pesquisa etnográfica e pesquisa etnometodológica).

3.1.1 Quanto à abordagem

Neste tipo de estudo pode-se optar pela abordagem qualitativa ou


quantitativa. Para Rampazzo (2005), a pesquisa qualitativa fornece dados não
isolados ao pesquisador, através de acontecimentos captados por sua observação
de fenômenos que ocorrem de forma frequente ou ocasionalmente, valorizando o
ser humano.
Dessa forma, a pesquisa qualitativa mantém seu foco em aspectos da
realidade que não podem ser mensurados, como a dinâmica que ocorre no
interrelacionamento social, observando seus significados, valores, crenças,
motivações, tendendo ao empirismo e à subjetividade, podendo envolver o lado
emocional do pesquisador (FONSECA, 2002).
47

Já a pesquisa quantitativa procede a partir da análise de informações que


podem ser quantificadas através de amostras grandes, dentre os grupos de
pesquisa definidos (SCHMITT; SIMONSON, 2002). Uma das diferenças entre a
pesquisa qualitativa da quantitativa é exatamente a quantificação dos seus
resultados, devendo possuir amostras representativas da população estudada para
que, desta forma, sirvam de parâmetro para toda ela (FONSECA, 2002).
Neste sentido, pode-se dizer que a pesquisa qualitativa facilita a quantitativa
por produzir hipóteses para serem testadas e para a composição dos questionários
aplicados como instrumentos de coleta de dados. Além disso, a pesquisa
quantitativa resulta num maior destaque para as preocupações do pesquisador a
respeito do que busca em seu trabalho (POPE; MAYS, 2009).
Esses dois tipos de pesquisa se complementam quando se trata de uma
abordagem mais quantitativa, pois a objetividade e o positivismo são fatores
presentes nela partindo da análise de dados brutos coletados através de
instrumentos padronizados. Assim, ela recorre a uma linguagem numérica para
descrever as causas do fenômeno que o pesquisador pretende observar
(FONSECA, 2002). Neste estudo foram utilizadas as duas abordagens por perceber
que sua complementação fornece subsídios para uma melhor compreensão do
fenômeno estudado.

3.1.2 Quanto à natureza

De acordo com a sua natureza a pesquisa pode ser considerada básica ou


aplicada. A pesquisa básica refere-se a problemas teóricos enquanto a aplicada
costuma lidar com problemas imediatos, utilizando-se dos sujeitos disponíveis no
ambiente a ser investigado (THOMAS et al, 2012).
Complementam Paranhos e Rodolpho (2014, p.36), que a pesquisa básica
promove novos conhecimentos que contribuem para “o avanço da ciência sem
aplicação prática prevista” e que a aplicada, apesar de também gerar
conhecimentos, refere-se à aplicação da prática voltada para a realidade instalada.
Conforme ilumina Mattar (2014) a pesquisa básica é reconhecida como uma
pesquisa pura, motivada pela curiosidade intelectual e que se utiliza da
compreensão para atingir seus objetivos. No caso da aplicada investiga-se os
sujeitos que estão diretamente ligados à aplicação e utilização prática do
48

conhecimento. Este estudo se baseia na pesquisa aplicada, uma vez que busca a
orientação/solução para um problema específico.
3.1.3 Quanto aos objetivos

No que diz respeito aos objetivos a pesquisa pode ser classificada em


explicativa, pesquisa descritiva e pesquisa exploratória. Considera-se a pesquisa
explicativa como a mais complexa por demandar a busca por fatores que
influenciam a realização de determinados acontecimentos, ou seja, visa identificar
quais são os fatores que promovem influência direta sobre o fenômeno estudado.
Dessa forma, ela objetiva o aprofundamento sobre o conhecimento da realidade
estudada, procurando conhecer a razão para que as coisas aconteçam (BASTOS,
2009).
A pesquisa descritiva parte da análise dos fatos observados, classificando-os
e interpretando-os sem a menor interferência do pesquisador em qualquer uma
dessas etapas. São caracterizadas pelo estudo dos fenômenos pelo homem, mas
sem a sua interferência (BASTOS, 2009). Esta também é considerada como uma
pesquisa completamente quantitativa, por considerar que o problema está muito
bem definido (TEIXEIRA et al, 2010).
A exploratória contribui imprescindivelmente na delimitação do tema
pesquisado, definindo melhor seus objetivos, o questionamento principal, agregando
novas informações que aprimoram a percepção do pesquisador sobre o tema
estudado (BASTOS, 2009). Este tipo de pesquisa também é considerada como
qualitativa, exatamente por auxiliar na compreensão do problema ou fenômeno
estudado (TEIXEIRA et al, 2010), sendo a opção mais adequada à realização deste
estudo por fornecer ao pesquisador mais informações sobre o tema investigado,
familiarizando-o ao problema.

3.1.4 Quanto aos procedimentos

É nítido que a base de toda pesquisa é o referencial teórico baseado na


pesquisa bibliográfica. Este procedimento envolve desde o uso de livros, artigos
científicos, bases de dados virtuais, para melhor fundamentar todas as etapas de
elaboração da pesquisa (SOUZA et al., 2013). O principal objetivo da revisão
49

bibliográfica é atualizar os conhecimentos do pesquisador para que tenha suporte


para realizar seu estudo com aprofundamento (GRESSLER, 2004).
Além disso, foi necessário realizar um estudo de caso em que coleta-se
dados junto a pessoas envolvidas com o problema pesquisado, com o auxílio de
diversos recursos e tipos de pesquisa (pesquisa ex-post-facto, pesquisa-ação,
pesquisa participante, entre outros) (CÓRDOVA; SILVEIRA, 2009).
Neste sentido o auxílio da pesquisa participante, que permite o envolvimento
do pesquisador com as pessoas investigadas (FONSECA, 2002), promove o suporte
adequado à coleta de dados realizada. Portanto, o estudo de caso objetiva a
verificação do como e do porquê de uma determinada situação ocorrer, já que
promove o conhecimento do pesquisador a respeito dos fenômenos que ocorrem
com indivíduos ou grupos de pessoas ou organizações, podendo envolver um ou
vários casos permitindo ao pesquisador revelar o objeto de estudo conforme ele o
percebe (YIN, 2015).

3.2 Lócus da pesquisa

As escolas estão sempre buscando o aprimoramento da dinâmica de ensino a


fim de melhor executar seus objetivos de promover o ensino-aprendizagem. Neste
intuito, a calculadora vem como ferramenta de grande colaboração para o ensino-
aprendizagem, auxiliando o aluno na sua autonomia em resolução de questões.
Esta seção busca identificar e traçar um breve perfil sobre a instituição de
ensino pesquisada, a fim de melhor compreender o enfoque deste estudo, cuja
análise sobre a utilização de um recurso de TIC como a calculadora, prevê
benefícios para a aprendizagem dos educandos.

3.2.1 Colégio Municipal Rubem Carneiro da Silva

Para melhor compreender o universo pesquisado é preciso contextualizá-lo


também territorialmente. Neste caso, o estado da Bahia situa-se na região nordeste
do Brasil, limitada ao norte com os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e
Piauí; a leste com o Oceano atlântico; a oeste, com os estados de Tocantins e
Goiás; e, ao sul com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo (OLIVEIRA,
2003).
50

O estado da Bahia possui um total de 417 municípios, com população


estimada de 15.203.934 habitantes e área de 564.732,642 km² (IBGE, 2015). Dentre
estas, encontra-se a cidade de Água Fria distando cerca de 155 km da capital,
Salvador, possuindo população estimada de 17.431 habitantes, cuja área territorial
se estende por 661,859 km².
Este município possui como cidades limítrofes os territórios de Irará,
Santanópolis, Ouriçangas, Aramari, Inhambupe, Sátiro Dias, Lamarão e Biritinga
(Figura 1) e é nele em que está localizada a instituição pesquisada, o Colégio
Municipal Rubem Carneiro da Silva, situado à Av. Antônio Sérgio Carneiro, s/n,
Centro, Água Fria – BA.
Figura 1 – Mapa do Estado da Bahia com recorte para município de Água Fria-BA

Fonte: Adaptado de IBGE, 2016.

Em relação ao sistema de ensino, o município possui cerca de 284 docentes


entre instituições públicas e privadas, considerando-se que dentre eles 136 estão
distribuídos entre as instituições públicas municipais de Ensino Fundamental e 6
pertencem a instituições privadas. Além disso, possui 24 escolas de Ensino
Fundamental, sendo apenas 1 instituição privada e todas as outras instituições
públicas municipais, apresentando 2.586 matrículas no ano de 2015 para o Ensino
Fundamental, sendo 87 em escolas privadas e 2.499 em escolas municipais (IBGE,
2015).
51

Este estudo se desenvolveu em uma instituição pública caracterizada como


de Ensino Fundamental II. É importante esclarecer quais séries envolvem o ensino
fundamental, pois, desde o ano de 2004 elas estão sob uma nomenclatura comum
às múltiplas possibilidades de organização desse nível de ensino, conforme indicado
na Tabela 1.

Tabela 1 - Organização do Ensino Fundamental de 9 anos


ENSINO FUNDAMENTAL
ANOS INICIAIS ANOS FINAIS
1º 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano 8º ano 9º ano
ano
Fonte: BRASIL, 2004.

Neste sentido, o Colégio Municipal Rubem Carneiro da Silva está na


classificação de Ensino Fundamental II, que se refere aos anos finais do ensino
fundamental (do 6º ao 9º ano). Em sua infraestrutura possui: 01 cozinha, 03
banheiros, 01 secretaria, 01 sala de coordenação, 01 sala da Diretoria, 01 sala de
almoxarifado, 10 salas de aula, 01 quadra poliesportiva, 01 sala do professor. Possui
ainda um anexo contendo 04 salas de aula, 01 cozinha, 01 banheiro e 01 secretaria.
Além disso, conta com 31 professores, 01 coordenador, 18 funcionários e
cerca de 750 alunos matriculados nos três turnos (à noite mantém a classe de
Educação para Jovens e Adultos – EJA). No que diz respeito ao enfoque deste
estudo, a quantidade de alunos nas duas turmas do 9º ano é de 88 no total.

3.3 Sujeitos da pesquisa (população e amostragem)

A pesquisa objetiva implantar ações significativas da utilização da calculadora


enquanto ferramenta de auxílio no aprendizado dos alunos de 9º ano, viabilizando a
construção de conhecimentos significativos para o aprimoramento do método de
ensino da matemática e do seu aprendizado. A população da pesquisa corresponde
à totalidade dos sujeitos com características iguais (FONSECA, 2002) de onde será
retirada uma amostra. Essa população aqui escolhida refere-se aos professores,
alunos, pais e o gestor do Colégio Municipal Carneiro da Silva de Água Fria-BA.
Constitui a amostra 3 (três) professores de matemática, 4 (quatro) pais, 24
(vinte e quatro) alunos das turmas de 9º ano (sendo doze do 9º ano A e outros doze
do 9º ano B) e 1 (um) gestor, conforme ilustra a Tabela 2.
52

Tabela 2 – Sujeitos da pesquisa


Grupo População Amostra
Professores 31 3
Pais 160 4
Alunos 80 24
Gestor 1 1

Total 272 39
Fonte: Dados da pesquisa.

Ainda que intencionalidade da amostra permita a seleção de um grupo


mínimo de pessoas que possuem características comuns, a amostra mais
representativa é a dos alunos, dos quais foram escolhidos 30% de cada turma para
melhor representar suas opiniões sobre o uso da calculadora como auxílio das aulas
de matemática. As duas turmas do 9º ano possuem 40 alunos, justificando os 12
alunos escolhidos em cada uma delas para representar o quantitativo total. O
mesmo princípio foi escolhido para analisar as opiniões dos educadores.
Quanto aos demais sujeitos, as amostras são apenas para uma visualização
das opiniões de alguns pais e do gestor, a fim de melhor compreender as
divergências de opinião e quais problemas elas oferecem para a efetiva
aplicabilidade da calculadora nas aulas de matemática. Assim, pode-se conseguir
perspectivas diversas ao problema proposto pela pesquisa (VIEIRA, 2004).
No caso da amostragem intencional busca-se a obtenção de amostras que
representem significativamente a população, em que o pesquisador busca nos
sujeitos investigados, os dados que ele procura na comunidade da qual fazem parte
estes atores (GAYA et al, 2008).

3.4 Indicadores do estudo

Como objetivo principal, este estudo visa avaliar o emprego da calculadora


como ferramenta pedagógica de aprendizagem da matemática, em uma escola com
turmas de Ensino Fundamental II, no município de Água Fria-BA.
Com a aplicação de questionário contendo 10 (dez) questões abertas,
aplicados aos pais, professores e gestor, e questionário contendo 08 (oito) questões
53

de múltipla escolha para os alunos. Sendo necessário dividir a análise em


indicadores para auxiliar na interpretação dos dados coletados. O indicador serve
como um elemento que relaciona os diferentes níveis de produção teórica,
funcionando como parte de um processo de construção do conhecimento, não
agregando valor isolado, (GONZÁLEZ REY; LUIS, 2005), contribuindo na
compreensão dos aspectos mais semelhantes resultantes da aplicação dos
questionários.
Neste caso, os indicadores foram divididos da seguinte forma:

 A calculadora enquanto aliada do ensino aprendizagem;


 Benefícios da calculadora: pontos positivos e negativos;
 Os pais e professores enquanto principais atores do ensino aprendizagem.

3.5 Aspectos éticos da pesquisa

A ética define como a sociedade vive a partir de um determinado padrão de


conduta que lhe diz o que é “certo” ou “errado”, seja para os pensamentos ou
comportamentos dos homens em sociedade (GHILLYER, 2015). Enquanto princípio
básico de ética na pesquisa estima-se que as pessoas concordem em colaborar no
projeto após lhes ser passadas todas as informações correspondentes à mesma,
principalmente os seus objetivos, métodos e resultados esperados (ANGROSINO,
2009).
Os entrevistados foram voluntários na pesquisa, pois a mesma se deu sem
custo ou qualquer remuneração. Além disso, cada participante estava ciente de que,
a qualquer momento, poderia desistir de participar e retirar seu consentimento sem
prejuízo ou qualquer penalização. Todos foram orientados sobre os aspectos éticos
deste estudo, tendo em mãos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) do qual, após leitura atenta, assinaram os que concordaram em participar
deste estudo.
Dessa forma, a privacidade de cada participante foi assegurada através do
anonimato dos seus discursos utilizando-se uma nomenclatura específica para
identificar cada um deles. Os alunos estão identificados com a letra A enumerados
do 1 ao 24 (A1 ao A24), conforme a ordem em que devolveram os questionários; os
54

professores estão identificados sob o mesmo preceito, do P1 ao P3; os pais, do C1


ao C4; e, o gestor, G1.

3.6 Instrumento de coleta de dados

Para a coleta dos dados primários foram utilizados questionários compostos


por 08 (oito) questões de múltipla escolha para os alunos e 10 (dez) questões para
os demais participantes, dos quais foram enviados para os pesquisados e por eles
devolvidos com suas próprias considerações.
O questionário é um instrumento elaborado pelo pesquisador e utilizado em
pesquisa de campo a fim de lhe dar suporte na coleta de dados, necessitando ser
claro e objetivo para a melhor compreensão do entrevistado (LOPES, 2006). De
acordo com Rampazzo (2005), o questionário deve ser respondido sem a presença
do pesquisador, devendo este enviá-lo aos participantes (e-mail ou através de um
portador) que os receberá após o preenchimento.
O questionário aplicado aos alunos possuía 08 (oito) questões de múltipla
escolha a fim de otimizar o tempo e facilitar sua compreensão sobre o questionário.
Para os demais participantes, os questionários continham 10 (dez) questões com
respostas abertas, pois, assim permitiam liberdade nas respostas dos pesquisados,
conforme exemplifica o Quadro 1 (FONSECA, 2002).

Quadro 1 – Instrumento de coleta de dados


Pesquisados Instrumento utilizado
Pais Questionário semi-
estruturado
Professores Questionário semi-
estruturado
Alunos Questionário semi-
estruturado
Gestor Questionário semi-
estruturado
Fonte: Dados da pesquisa.

A pesquisadora já possuía contato com os participantes e então, após


explicar do que se tratava a pesquisa e ter seu consentimento, entregou os
55

questionários para que cada um respondesse sem a sua presença, tendo retorno
dois dias depois.

3.7 Método de análise de dados

Este estudo se desenvolveu através do método de análise de conteúdo


devido à credibilidade acadêmica proporcionada por sua técnica de análise de dados
qualitativos, ou seja, os textos resultantes das entrevistas ou questionários que não
excluem a necessidade de utilização de um método que auxilie o tratamento e
interpretação desses materiais (DELLAGNELO; SILVA, 2005).
Para Campos (2004) a análise de dados pode ser considerada como de
grande importância à pesquisa científica, bem como um dos seus momentos mais
exaustivos e, portanto, o pesquisador deve manter atenção e cuidado na exploração
dos dados devido à riqueza de possibilidades por eles oferecida. Neste sentido a
análise de conteúdo compreende também a análise de informações sobre o
comportamento humano buscando explorar o conjunto de opiniões apresentadas no
instrumento de coleta de dados (GOMES, 1993).
A análise de conteúdo pode se utilizar de diversas técnicas para tratamento
das informações coletadas sejam elas de sustentação linguística ou estatística,
podendo direcionar a análise também para uma perspectiva quantitativa
(DELLAGNELO; SILVA, 2005).
Além disso, essa análise tem início na leitura dos depoimentos constantes no
instrumento de coleta, de forma exaustiva, aprofundando-se até que seja
ultrapassada a compreensão das informações manifestadas analisando-as
criticamente através dos significados explícitos ou ocultos (CHIZZOTTI, 2006).
Após a leitura dos questionários, foram categorizados quatro indicadores para
contribuir na compreensão das informações ali transcritas e atingir aos objetivos
propostos por este estudo. Portanto, foi necessário agrupar as questões
correspondentes a cada um dos indicadores verificados.
Contudo, neste estudo os questionários aplicados abrangeram professores,
pais, gestor e alunos, referindo-se a 8 (oito) questões de múltipla escolha no
questionário aplicado aos alunos (APÊNDICE A) e 10 (dez) questões discursivas
nos questionários direcionados aos pais, professores e gestor (APÊNDICE B).
56

Devido a essa estrutura diferenciada, os indicadores ficaram dispostos da


seguinte forma:

Questionário aplicado aos alunos


 A calculadora enquanto aliada do ensino aprendizagem – agrupa as questões
1, 2 e 7 do questionário aplicado;
 Benefícios da calculadora: pontos positivos e negativos – foram consideradas
as questões 3, 4 e 8 para este indicador;
 Os pais e professores enquanto principais atores do ensino aprendizagem –
foram consideradas as questões 5 e 6.

Questionário Pais, Professores e Gestor


 A calculadora enquanto aliada do ensino aprendizagem – agrupa as questões
2, 3, 4, e 9 do questionário aplicado;
 Benefícios da calculadora: pontos positivos e negativos – foram consideradas
as questões 5, 6 e 10 para este indicador;
 Os pais e professores enquanto principais atores do ensino aprendizagem –
foram consideradas as questões 7 e 8.

A questão de número 1 do modelo de questionário aplicado aos professores e


gestor foi utilizada para traçar um perfil de cada um desses participantes, dentro da
sua área de competência na vida do educando.
Em um primeiro momento foi realizada a leitura exaustiva de cada
questionário para melhor compreender o sentido geral de cada uma das respostas
apresentadas nos questionários e o seu sentido geral, a fim de identificar o que
demonstrasse maior significado aos dados obtidos; o segundo momento foi de
ordenação desses dados separando-os através de indicadores e agrupando neles
as questões com maior semelhança de sentido; e por fim, revela-se em uma análise
final o significado destes dados para a pesquisa e como se mostrou o fenômeno
estudado.
57

CAPÍTULO 4
ANÁLISE DOS RESULTADOS

O objetivo deste capítulo é analisar os dados coletados através dos


questionários aplicados na instituição de ensino, Colégio Municipal Rubem Carneiro
da Silva, situado no município de Água Fria - Bahia.
58

A opinião dos pais, educadores, gestor e alunos além das suas percepções
sobre o ensino-aprendizagem da matemática, somado ao desenvolvimento de novos
métodos de ensino para essa disciplina com o auxílio de TIC, neste caso, a
calculadora, é devidamente caracterizado por aqueles que estão diretamente ligados
a essa prática.
O instrumento de coleta de dados aplicado aos professores e gestor abrangeu
questões que possibilitam a identificação do perfil de cada um destes pesquisados,
mantendo a identidade dos sujeitos envolvidos na pesquisa, preservada. Dentre os
participantes deste estudo, o Quadro 2 apresenta a visão de cada um dos
educadores, e do gestor, sobre as atribuições pertinentes ao trabalho por eles
desempenhado.

Quadro 2 – Perfil dos profissionais do Colégio Municipal Rubem Carneiro da Silva


Pesquisad Cargo/Função Atribuições pertinentes ao desempenho do
os trabalho
P1 Professor de Contribuir significativamente no processo de
matemática ensino e aprendizagem discente, garantindo que
o mesmo adquira conhecimentos necessários
para dar prosseguimento nos estudos. Tendo em
vista que será necessário sempre se fazer uma
auto-avaliação docente na busca constante de
um melhor aprendizado e aperfeiçoamento da
aprendizagem do estudante.
P2 Professor de Ministrar aulas promovendo o aprendizado
matemática escolar e de vida para que meus alunos possam
fazer uso do seu aprendizado no seu dia-a-dia.
P3 Professor de Pesquisas e estudos dirigidos na abordagem dos
matemática conteúdos trabalhado nas aulas, planejamento
semanal e anual, elaboração de exercício em
grupo ou individual, preparação de Slides para
explanação de conteúdo, pesquisa de campo,
atividades extraclasse, dentre outros.
G1 Diretor Cuidar da parte burocrática da escola,
acompanhando aos docentes e discentes,
traçando metas para que todos possam
desempenhar as suas funções da melhor
maneira possível.
Fonte: Dados da pesquisa.

As falas destes profissionais transparecem a forma como eles trabalham suas


metodologias e como veem o seu trabalho diante da importância para o ensino-
aprendizagem dos seus alunos. A partir desta síntese, observa-se que estes
profissionais compreendem não apenas os seus objetivos, mas também a sua
59

importância para o desenvolvimento dos educandos e o compromisso com o ensino-


aprendizagem.
Assim sendo, os indicadores a seguir trazem a percepção de todos os
pesquisados sobre a utilização da calculadora, enquanto instrumento de Tecnologia
de Informação e Comunicação, para auxiliar o ensino-aprendizagem da matemática.

4.1 A calculadora enquanto aliada do ensino aprendizagem

4.1.1 Questionário aplicado aos alunos

Neste indicador foram agrupadas as questões 1, 2 e 7 referentes ao


questionário aplicado aos alunos. Na Questão 1, procurou-se compreender a opinião
do educando sobre a utilização da calculadora nas aulas de matemática, enquanto
aliada na relação ensino-aprendizagem.
Percebeu-se que a maioria dos alunos (67%), identifica a calculadora como
aliada na educação para a matemática, enquanto que apenas 33% discordam dessa
afirmação, conforme ilustra o Gráfico 1.

Gráfico 1 – O uso da calculadora como aliado no ensino-

aprendizagem
Fonte: Dados da pesquisa.

Além disso, percebeu-se que a turma do 9º ano A se mostra dividida quanto a


esta afirmativa, sendo que metade dos alunos acredita que o uso da calculadora é
um aliado na relação ensino-aprendizagem da matemática e a outra metade
discorda. Já na turma do 9º ano B, apenas 2 alunos discordam da afirmativa
demonstrando que a maioria compreende o uso desta TIC como aliado.
60

Os alunos confirmam o que lecionam CACCURI (2013) e Van de Walle (2009)


a utilização da calculadora deve se dar de forma a beneficiar o ensino-aprendizagem
e é importante que professor e aluno tenham clara essa percepção.
No questionamento de número 2, intenciona-se compreender se o educando
acredita que a calculadora oportuniza a aprendizado aos alunos, permitindo maior
acessibilidade e auxílio desta ferramenta, para uma melhor cognição do discente. No
Gráfico 2 é possível verificar que os alunos possuem opiniões divididas quanto a
este questionamento.

Gráfico 2 – A calculadora proporciona oportunidade de aprendizado aos


alunos

Fonte: Dados da pesquisa.

Em ambas as turmas a opinião dos alunos divide-se na metade


transparecendo um pouco de insegurança destes quanto à oportunidade de
aprendizagem proporcionada pelo uso da calculadora nas aulas de matemática.
Para tanto, a Questão 7 possibilita analisar um pouco melhor essa divisão de
opiniões.
Neste item buscou-se compreender se para os próprios discentes, o aluno já
possui clareza dos objetivos metodológicos para a correta utilização da calculadora
nas aulas de matemática, nas séries finais do ensino fundamental. O Gráfico 3
ilustra seus posicionamentos.
61

Gráfico 3 – Clareza sobre os objetivos metodológicos para uso calculadora nas


aulas de matemática

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com a turma do 9º ano A, 7 dos 12 alunos pesquisados acreditam


que sim, que eles possuem clareza dos objetivos metodológicos para uma utilização
correta da calculadora nas aulas de matemática. Já no 9º ano B, a turma mais uma
vez possui opiniões exatamente divididas.
Portanto, compreende-se que boa parte dos alunos não acredita que a
calculadora proporciona oportunidade de aprendizado e isso pode se dar ao fato de
que eles não compreendem claramente quais os objetivos metodológicos para a
correta utilização da calculadora, nas aulas de matemática. É necessário que o
aluno e o professor percebam o potencial deste recurso, para que consigam explorar
ao máximo sua utilizada e funcionalidade, conforme afirmam Aragão e Vidigal
(2016).

4.1.2 Questionário Pais, Professores e Gestor

Neste indicador foram agrupadas as questões 2, 3, 4 e 9 referentes ao


questionário aplicado aos pais, professores e gestor. Neste caso, por não haver uma
amostra significativa para apresentação de dados quantitativos, serão apresentadas
as falas destes participantes caracterizando a pesquisa qualitativa.
Na Questão 2, procurou-se compreender se os professores e o gestor já
utilizaram alguma ferramenta tecnológica para aprimorar o seu método pedagógico e
62

quais os resultados obtidos por eles. O Quadro 3, a seguir, exibe as respostas dos
profissionais.

Quadro 3 – Utilização de ferramenta tecnológica como aprimoramento do método


pedagógico
Educadores Já utilizou? Resultados obtidos
e gestor
P1 Sim Os resultados esperados foram
alcançados em torno de 80% a 85%, com
envolvimento mútuo de professor e aluno,
com troca de experiência usando as novas
TIC‟s.
P2 Sim Com a utilização de calculadoras,
celulares, computador, Datashow,
notebook, DVD‟s, obtive resultados
favoráveis, pois, além de contribuírem nas
minhas aulas, incentivei o uso de
ferramentas que estão disponíveis em sua
maioria para os alunos.
P3 Sim Data show, Lousa Digital, Computador,
Programas: geogebra, Winplot e
Aplicativos para construção de gráficos.
G1 Sim Quando em sala de aula buscava inovar
com uso de TV, DVD, Celular/internet,
datashow, lousa digital, mas foi por pouco
tempo.
Fonte: Dados da pesquisa.

É interessante notar que todos já utilizam ou utilizaram alguma ferramenta


tecnológica para aprimorar a metodologia do ensino da matemática, com o intuito de
inovar e tornar este aprendizado menos enfadonho para seus alunos. O professor
compreende que o aluno é o principal ator do ensino-aprendizagem, que é com ele
que o aprendizado se constrói e por ele deve buscar o aprimoramento constante das
suas técnicas de ensino, reafirmando o lecionado por Van de Walle (2009).
Conforme a fala do professor P1:

O processo de ensino e aprendizagem utilizando os meios tecnológicos nos


leva a refletir positivamente sobre como se dá tal ensinamento, no entanto, é preciso
o envolvimento discente e docente a fim de termos sucesso nessa aprendizagem.
63

Portanto, percebe-se o empenho desses professores em trabalhar para a


construção do saber em parceria com seus alunos, levando em consideração as
inovações tecnológicas e utilizando-se delas para beneficiar o ensino e a
aprendizagem.
Apesar de esta questão estar inserida no questionário fornecido aos pais, não
se aplica a eles e, portanto, nenhum deles respondeu este questionamento.
Na Questão 3, pergunta-se se o uso da calculadora pode ser um aliado na
relação ensino-aprendizagem e tanto os professores quanto o gestor respondem de
forma positiva. Sobre este posicionamento os profissionais complementam:

P1:
Com certeza. Desde que o discente ou até mesmo o próprio docente detenha
os conhecimentos básicos necessários para a aplicabilidade de tais conhecimentos
prévios, a fim de adquirir novos aprendizados.
P2:
Sim, se usado com orientação pode auxiliar no aprendizado dos alunos,
assim como na administração das aulas.
P3:
Sim, pois a calculadora estabelece relações que auxiliam o desenvolvimento
dos cálculos de diversas situações dos conhecimentos matemáticos.
G1:
Claro, pois ajuda o estudante no desenvolvimento e comprovação do que
pode fazer, além do auxílio ao professor que tem mais um aliado a seu favor.

Percebe-se que o preparo do profissional para a utilização de tecnologia da


informação e comunicação nas suas aulas, torna-se um fator preponderante para
alguns desses docentes. É notório que se o professor desconhece os usos e
funcionalidades da calculadora, ele não pode implementar seu uso na prática
pedagógica, pois em vez de aprimorar o ensino-aprendizagem ele só irá confundir
os seus alunos. Isto demonstra o lecionado por Rangel (2012), em que o autor
esclarece a necessidade em redirecionar o uso da calculadora à real necessidade
que o educando possui, tornando esta ferramenta uma verdadeira aliada do método
pedagógico e da aprendizagem.
64

Já os pais pesquisados, apesar de não representarem uma amostra


significativa para compreender a população referente a todos os alunos do 9º ano,
conseguem transmitir um pouco da sua compreensão sobre o uso da calculadora
enquanto aliado no ensino-aprendizagem.

C1:
Sim, pois será mais fácil e rápida a aprendizagem.
C2:
Não. Por que os alunos não desenvolvem o seu raciocínio lógico nas
sentenças matemáticas, e faz com que os mesmos não tenham interesse em
aprender os conteúdos propostos nas aulas.
C3:
Sim. Dependendo do momento. Durante a aprendizagem do aluno ele não
deve usar a calculadora para que se esforce mais; já nas avaliações aceito o uso do
material, tanto porque já sabe do assunto estudado.
C4:
Não.

Esses quatro participantes, exceto pelo identificado como C4, demonstram


clareza nas opiniões quanto ao questionado. Através da fala do participante C2,
verifica-se que ainda é forte o mito de que a calculadora atrapalha no aprendizado
do aluno.
Na Questão 4, questiona-se se os profissionais acreditam que esta (a
calculadora) seja uma ferramenta que proporciona a oportunidade de aprendizado
aos alunos. Dois professores e o gestor concordam que sim, a calculadora é um
instrumento que oportuniza o aprendizado, enquanto que um dos professores se
posiciona de forma contrária:

P3:
Não, pois a calculadora é apenas um aliado que pode auxiliar a aprendizagem
dos alunos.

É nítido que o professor supracitado reconhece os benefícios da calculadora,


porém, não a enxerga como oportunidade de aprendizado, mas como aliada que
65

apenas presta auxílio a esse aprendizado. Almeida e Freitas (2013) concordam que
os educadores devem enxergar a calculadora como ferramenta auxiliadora,
dinamizadora da sua prática e traçar novos caminhos de ensino e aprendizagem
com ela. Por isso a importância em o educador permanecer em educação
continuada para aprimoramento da prática pedagógica.
Os outros profissionais concordam que, desde que seja bem utilizado, esse
aparato pode ser sim um instrumento de oportunização do aprendizado:

P1:
Com certeza. Desde que o indivíduo envolvido nesse aprendizado detenha
conhecimentos prévios e domine com clareza e objetividade esses conhecimentos.
Para a maioria dos pais pesquisados, a calculadora é um instrumento que
pode ser sim utilizado para aprimorar o aprendizado dos seus filhos:

C1:
Sim. Pode proporcionar muito aprendizado, porém os alunos não devem ficar
dependentes dessa ferramenta e sim, usá-la de forma correta.
C2:
Não, por que não leva os alunos a aprenderem a matemática de forma
correta.
C3:
Sim. Quando usado de forma e hora corretas.
C4:
Sim.

É notório que alguns dos pais percebem que a calculadora é uma aliada à
aprendizagem da matemática, desde que seja utilizada de forma correta, enquanto
que o participante C2, expressa paradigmas persistentes quanto à “forma correta” de
se aprender matemática.
Na Questão 9, os profissionais de educação ao serem questionados sobre a
sua percepção sobre a clareza dos educandos a respeito dos objetivos
metodológicos para a correta utilização da calculadora nas aulas de matemática, foi
possível extrair as seguintes falas:
66

P1:
É fato que muitos estudantes ainda não tenham ao certo qual é o verdadeiro
papel de uma calculadora, no entanto, se a escola dispõe de recursos tecnológicos
além dos próprios celulares e outros recursos que o aluno já disponibiliza, é certo
afirmar que este estudante já detém conhecimentos necessários ao final das séries
finais do Ensino Fundamental para o uso correto da calculadora.
P2:
Nem sempre, ainda existem professores que não tem o domínio de todos os
recursos que uma calculadora oferece, e por isso, não permite o uso dessa
tecnologia em suas aulas.
P3:
Não, pois a maior parte dos alunos não possui habilidade do cálculo mental,
além disso, apresenta dificuldades nos procedimentos das operações matemática.
G1:
Acho que não.

Prevalece, entre esses profissionais, a opinião de que os alunos não possuem


a completa lucidez sobre os objetivos metodológicos para uma correta utilização da
calculadora. O professor P1 acredita que nas séries finais do Ensino Fundamental
os alunos podem sim ter essa compreensão, enquanto que os outros dois
professores salientam, mais uma vez, o preparo do profissional de educação para o
uso e aplicação da calculadora em suas aulas.
Os pais se posicionam de forma parecida aos profissionais, conforme se
verifica nas suas falas:

C1:
Sim, se for usada como as citações acima, os alunos nas séries finais do
ensino fundamental saberá utilizar de forma correta.
C2:
Não, muitos ainda não sabem as quatro operações de contas e jogos de
sinais por isso não tem capacidade de usar a calculadora de forma correta.
C3:
Sim. Toda aprendizagem é boa.
C4:
67

Não.

A fala do participante C2 demonstra uma realidade que preocupa. É incerto se


ele fala de forma generalizada ou apenas reproduz a realidade sobre o seu filho,
pois as séries finais do Ensino Fundamental não mais lidam com as quatro
operações básicas da matemática, devendo o aluno estar em um processo muito
mais avançado de aprendizado nesta etapa.

4.2 Benefícios da calculadora: pontos positivos e negativos

4.2.1 Questionário aplicado aos alunos

Neste indicador foram agrupadas as questões 3, 4 e 8, pois todas se referem


à consideração de aspectos positivos e negativos sobre os benefícios da calculadora
enquanto ferramenta auxiliar às aulas de matemática. Na Questão 3, foram
enumeradas (de 1 a 8) algumas das principais afirmações sobre os pontos positivos
do uso da calculadora, com base na experiência prática da pesquisadora enquanto
professora de matemática atuante na instituição de ensino pesquisada e na literatura
utilizada para este estudo.
O Gráfico 4 aponta para uma maioria de 23% dentre as duas turmas do 9º
ano, que acreditam que a calculadora economiza tempo e isso é extremamente
benéfico. A intenção com a economia de tempo é exatamente fazer com que os
alunos se concentrem mais em resolver os problemas propostos, seguindo a
sequência lógica transmitida, sem perder tempo com longos cálculos que não
comprometem a qualidade do seu aprendizado.

Gráfico 4 – Pontos positivos na utilização da calculadora


68

Fonte: Dados da pesquisa.

O item 2, que afirma que as calculadoras podem ser usadas para exercitar, foi
a segunda escolha da maioria dos alunos, 14%, que afirmam ser este mais um
ponto positivo da utilização deste instrumento de auxílio no aprendizado da
matemática.
Outro ponto positivo escolhido pelos estudantes de ambas as turmas é o item
5, com 12%, que informa que a utilização da calculadora não interfere no
aprendizado dos fundamentos da matemática. Conforme indica a própria literatura,
segundo John Van de Walle (2009), especialista que estuda como as crianças
aprendem matemática, não há motivo para tirar o mérito do uso da calculadora
quando o domínio de cálculos básicos e o cálculo mental fazem parte dos objetivos
principais do currículo desta disciplina.
A Questão 4 elucida quais os pontos negativos sobre a utilização da
calculadora para o ensino-aprendizagem da matemática. Observa-se que 27% dos
alunos concordam que a calculadora torna o estudante preguiçoso para a realização
de problemas matemáticos (Gráfico 5).

Gráfico 5 – Pontos negativos na utilização da calculadora


69

Fonte: Dados da pesquisa.

O fato desta visão distorcida pode ser proveniente do mito existente de que a
calculadora resolve os problemas. Mas só quem pode fazer isto é o aluno, pois é ele
que detém o conhecimento, a teoria, o aprendizado dos fundamentos que o guiam
na resolução dos problemas propostos e, até mesmo, para inserir na calculadora as
informações que ele necessita para lhe auxiliar na solução destas questões.
O mesmo pode ser dito sobre o resultado total de 25% que considera que os
alunos podem se tornar dependentes demais da calculadora por utilizá-la como
ferramenta auxiliar. Outros 21% acreditam que, ao utilizar a calculadora os alunos
não aprenderão os fundamentos da matemática. Conforme dito anteriormente, não
há como desacreditar dos benefícios da calculadora por este motivo, pois o
professor não deixará de trabalhar com os fundamentos da matemática e nem a
calculadora poderá ensinar isso ao aluno, já que não é esta a sua serventia.
Por fim, a Questão 8 tenta identificar se o estudante acredita que os
benefícios da utilização da calculadora, enquanto ferramenta tecnológica, se
sobrepõem aos pontos negativos. Através do Gráfico 6 pode-se notar, mais uma
vez, a divisão de opiniões dentre os 24 alunos pesquisados.

Gráfico 6 – Pontos positivos se sobrepõem aos negativos


70

Fonte: Dados da pesquisa.

Infere-se deste resultado a turma do 9º ano A possui uma maioria que


concorda que os pontos positivos da utilização da calculadora como ferramenta
tecnológica de auxílio no ensino-aprendizagem da matemática, sobrepõem qualquer
ponto negativo. Contudo, número igual na turma do 9º ano B, acredita exatamente
no contrário.

4.2.2 Questionário Pais, Professores e Gestor

Neste indicador, agruparam-se as questões 5, 6 e 10 dos questionários


aplicados aos pais, professores e gestores por possuírem temáticas semelhantes.
Na Questão 5 questionou-se quais os pontos que percebem como positivos para a
utilização da calculadora na sua prática pedagógica e se percebem maior ou menor
dificuldade dos alunos na resolução das tarefas. As falas a seguir traduzem essas
percepções.

P1:
Os pontos positivos são o uso do processo tecnológico no aprendizado
discente. Por se tratar de disciplinas que envolvem cálculos, sempre existe uma
maior dificuldade no desenvolvimento, na resolução das tarefas.
P2:
71

Quando bem orientado, os alunos podem desenvolver habilidades para


resolução de suas tarefas.
P3:
A dinamização das aulas, a participação dos alunos e a criatividade na
resolução dos exercícios. Menor dificuldade.
G1:
Não disponho de informação completa, mas acredito que sim.

Os professores compreendem que a utilização da calculadora renova o


processo de ensino-aprendizagem, além de poder ser considerada também como
ferramenta de inclusão que beneficia os alunos no desenvolvimento do seu
aprendizado, levando o aluno a ser criativo e o professor à dinamização das aulas.
Para os pais, os pontos positivos que envolvem o uso da calculadora no
ensino-aprendizagem da disciplina de matemática, são os seguintes:

C1:
Mais rapidez nas respostas, lembrar das respostas, usá-la como teste para
aprimorar a resolução das tarefas e com tudo isso podemos afirmar que os alunos
sentem menor dificuldade nas tarefas.
C2:
Os alunos sentem dificuldade principalmente os que não domina as quatro
operação de contas e mais sentenças aplicadas.
C3:
O aluno já sabe determinado assunto nada mais justo que ele use a
calculadora no momento da avaliação, tanto porque o tempo é corrido e curto para
determinadas equações. Será uma ajuda para os alunos.
C4:
É que com a calculadora as tarefas são feitas de maneira mais fáceis e sem
dificuldade.

O participante C2 reforça a sua opinião sobre o despreparo dos alunos do 9º


ano para lidar com operações simples e por isso não concorda que usem a
calculadora para auxiliar na resolução de qualquer tarefa matemática, restando
ainda a dúvida se esta é uma realidade que recai sobre o seu filho. Os demais
72

participantes, apesar de concordarem com o auxílio deste aparato tecnológico,


demonstram não compreender exatamente a sua aplicabilidade na metodologia do
ensino da matemática.
De acordo com a literatura, para o NTCM (2000) as calculadoras são
instrumentos tecnológicos que possuem a capacidade de garantir um ensino-
aprendizagem equiparável entre todos os alunos, respeitando suas faculdades
cognitivas plurais e oportunizando o aprendizado da matemática de forma
equivalente.
A Questão 6, compreende o questionamento sobre os pontos negativos que
podem ser atribuídos ao uso da calculadora na prática pedagógica, sobre isso, os
profissionais se posicionaram da seguinte forma:

P1:
Um dos pontos negativos na utilização das atividades com a calculadora
pelos discentes é não deter os conhecimentos prévios necessários para tal
resolução, isso não avança conhecimentos, nem tampouco aprendizagem.
P2:
Sem orientação adequada os alunos podem usá-las apenas como um
instrumento de resolução de cálculos, de forma mecânica, sem aprendizado e deixar
de perceber que pode ser uma ferramenta de auxílio ao seu aprendizado.
P3:
O estímulo do cálculo mental, e os procedimentos dos cálculos armados nas
operações matemática.
G1:
Acho que o comodismo por parte do educando.

Percebe-se que as falas se complementam, pois, como pontos negativos os


profissionais citam que é preciso que o aluno possua conhecimentos prévios dos
fundamentos da matemática, que o professor provoque o exercício de estimular o
cálculo mental e que o educando não se acomode após inserir a calculadora no seu
aprendizado.
Já os pais demonstram certo desconhecimento sobre os usos da calculadora
ao responder a Questão 6, conforme suas falas a seguir deixam claro.
73

C1:
A dependência de muitos alunos que se encostam no uso da calculadora e
simplesmente não aprendem nada.
C2:
Não parar pra interpretar os problemas nas atividades. Nervosismo em saber
que não se pode usar a calculadora nas aulas. Aí termina se atrapalhando.
C3:
Determinados alunos podem ficar dependentes dela por falta de interesse e
força de vontade de estudar.
C4:
É que com o auxílio da calculadora o aprendizado pedagógico diminui, pois os
alunos não se dedicam a aprender.

Percebe-se que o uso da calculadora é algo não muito claro na mente desses
pais/participantes, pois os mitos ainda existentes nas suas falas são claros. Inclusive
retratam alguns dos mitos abordados por Van de Walle (2009), citados no primeiro
capítulo deste estudo.
Por fim, questionou-se aos professores e gestor sobre os benefícios da
aplicação da calculadora nas aulas de matemática se sobrepõem aos pontos
negativos (Questão 10).

P1:
Em um mundo de constante transformação tecnológica, os recursos antes
utilizados em sala de aula, atualmente estão sendo substituídos por um novo modelo
de ensino no qual o estudante moderno e contemporâneo faz uso desse novo
modelo de aprendizado, facilitando assim a aprendizagem.
P2:
Sim, porque a tecnologia foi criada para auxiliar o ser humano no
desenvolvimento de suas atividades.
P3:
Não, pois os alunos irão continuar com dificuldades nos procedimentos das
operações matemáticas, como também, com dificuldade no cálculo mental.
G1:
Devido ao auxílio que pode proporcionar na relação conhecimento-interesse.
74

Percebe-se que o professor P2 discorda e acredita que mesmo com o auxílio


da calculadora as dificuldades dos alunos permanecem, principalmente pela
dificuldade de aprimorar a técnica do cálculo mental. Para os demais profissionais,
os benefícios se sobrepõem aos pontos negativos sim, pois, promove auxílio neste
aprendizado além de incorporar as tecnologias do mundo contemporâneo à prática
pedagógica.
Já para os pais os benefícios do uso da calculadora para auxiliar o ensino-
aprendizagem da matemática não se sobrepõem aos seus efeitos negativos,
conforme suas falas:

C1:
Não. Depende da forma utilizada pelos alunos e professores.
C2:
Por que ele leva o aluno a ser um aluno gaiola, preso a ela sem saber
resolver as sentenças de matemática por seu conhecimento próprio.
C3:
Não. Dependendo de cada momento e situação.
C4:
Por causa da sua correta utilização.

Percebe-se que os pais possuem muitos receios a respeito da calculadora


enquanto ferramenta benéfica para o aprendizado da matemática. Mas demonstram
muita lucidez a respeito das formas de uso, que são peça chave para um efetivo
aprendizado.

4.3 Os pais e professores enquanto principais atores do ensino aprendizagem

4.3.1 Questionário aplicado aos alunos

Neste indicador foram agrupadas as questões 5 e 6, considerando sua


similaridade quanto ao papel de pais e professores a respeito da utilização da
calculadora na disciplina de matemática.
75

A Questão 5 refere-se a como o professor conduz o ensino-aprendizagem


através de metodologias que não só permitam ao aluno utilizar a calculadora de
forma autônoma, mas também possibilitam que este não desenvolva qualquer
dependência deste uso. No Gráfico 7, verifica-se que 58% dos alunos concordam
que os professores conseguem atingir a este objetivo, onde os alunos não se
consideram dependentes do uso da calculadora para a resolução dos problemas
propostos.

Gráfico 7 – Uso da calculadora sem proporcionar dependência ao aluno

Fonte: Dados da pesquisa.

Neste questionamento percebe-se que ambas as turmas de 9º ano têm uma


visão mais positiva sobre seu aprendizado da disciplina de matemática, com auxílio
da calculadora, em que 14 dos 24 alunos concordam com a afirmação.
Na Questão 6, foi perguntado se os estudantes acreditam que os pais de
alunos são contra a utilização deste aparato tecnológico no ensino de matemática,
conforme ilustra o Gráfico 8.

Gráfico 8 – Se os pais são contra o uso da calculadora no ensino da


matemática
76

Fonte: Dados da pesquisa.

Percebe-se que a maioria dos pesquisados não acreditam que os pais de


alunos sejam contra esse uso. A maior parte dos alunos do 9º ano B (9 alunos)
concorda que os pais não possuem motivos para serem contra, enquanto que
apenas 5 alunos do 9º ano A, acreditam nesta afirmativa.
É possível que essas respostas estejam direcionadas aos próprios genitores,
fazendo com que os alunos falem por experiência própria, onde seus pais
recriminam a utilização da calculadora no aprendizado da matemática.

4.3.2 Questionário Pais, Professores e Gestor

Este indicador agrupa as Questões 7 e 8 dos questionários aplicados aos pais


e profissionais de educação. Na Questão 7 perguntou-se a opinião do pesquisado
sobre as formas de utilização da calculadora como recurso tecnológico que auxilia
no aprendizado da matemática, acreditando que não provoque a dependência do
seu uso pelo aluno.

P1:
Sim, com certeza. A dependência às vezes é vista como a falta de
conhecimento de determinada situação, com a matemática não é diferente. Se o
estudante não domina as operações fundamentais é provável que este estudante se
torne dependente da calculadora, é preciso dominar tais conhecimentos prévios.
P2:
77

Sim, orientando ele a usá-la como ferramenta de auxílio, sem deixar de


executar os passos necessários ao desenvolvimento do aprendizado.

Percebe-se através das falas acima que os educadores acreditam que essa
dependência só não pode existir quando o aluno já possui conhecimento suficiente
dos fundamentos da matemática e domínio do cálculo mental para então manejar a
calculadora apenas como instrumento de auxílio ao seu desenvolvimento. Para o
educador P3 é impossível não existir a dependência do uso da calculadora pelo
aluno. Já o gestor prefere não opinar por não possuir comprovação sobre este
questionamento.
Sobre este mesmo questionamento, os pais se posicionaram da seguinte
forma:

C1:
Sim. Usar somente quando necessário. Exemplo, quando o aluno tiver
dificuldade em algumas resoluções, usar em atividades que ensinem e divirtam os
alunos.
C2:
Sim. Na questão de somar, subtrair, multiplicar e dividir qualquer número
rápido.
C3:
Claro que sim, da determinada forma que citei na questão de nº 03. (refere-se
à seguinte resposta: Sim. Dependendo do momento. Durante a aprendizagem do
aluno ele não deve usar a calculadora para que se esforce mais; já nas avaliações
aceito o uso do material, tanto porque já sabe do assunto estudado.)
C4:
Não.

Mais uma vez a compreensão dos pais a respeito da calculadora transparece


desconhecimento sobre as formas de sua utilização. O currículo do educando exige
o desenvolvimento do cálculo mental e o uso da calculadora não pode suprimir isso.
Conforme afirmam Fainguelernt e Nunes (2012), os exercícios comuns de
cálculo devem se basear em problemas complexos e variados a fim de estimular o
78

aluno a „fazer‟ matemática, o que demonstra o desconhecimento desses pais a


respeito das formas de aplicação da calculadora no cotidiano escolar.
Na Questão 8, perguntou-se aos professores e gestor se acreditam que os
pais dos alunos são contra a utilização desse aparato tecnológico no ensino de
matemática, os profissionais se posicionaram da seguinte forma:

P1:
Na minha opinião não, mas para isso é preciso que esse pai conheça seu
filho dentro e fora da escola, só então saberá se realmente o discente desenvolve
com perfeição o seu aprendizado.
P2:
Não, os pais têm munido os seus filhos com aparelhos com tecnologias cada
vez mais avançadas.
P3:
Sim, por que pode prejudicar o desenvolvimento do raciocínio lógico dos
alunos frente aos conhecimentos matemáticos.
G1:
Acredito que não, mesmo porque poucos se interessam pelo processo de
aprendizagem dos seus filhos.

É interessante notar que os profissionais concordam, em maioria, que os pais


dos alunos não se opõem que os professores ensinem aos seus filhos a utilizar a
calculadora como recurso auxiliar no ensino-aprendizagem da matemática, ainda
que sob crenças diferentes a respeito das motivações que os pais possuem. O
professor P3 acredita que a maioria dos pais se opõe, sim, ao uso desse
instrumento para o aprendizado da matemática.
Já para os pais pesquisados a opinião da maioria é de que os outros pais são
contra a utilização da calculadora como recurso auxiliar:

C1:
Sim. Porque eles acham que a calculadora só faz dar as respostas e não
ajuda a ensiná-los. Eles acham que é uma forma de não querer pensar e dar a
resposta através dessa ferramenta.
C2:
79

Sim. Por que deixa os alunos preguiçosos sem querer ter trabalho em
resolver suas atividades.
C3:
Não. Quando usado da forma correta.
C4:
Na minha opinião eu acho que eles são contra.

Percebe-se que alguns não se posicionam a respeito, indicando apenas o que


acham que os outros pais pensam. O pesquisado C3 deixa claro que não há motivo
em se opor, desde que seja utilizada corretamente.
80

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Historicamente a calculadora surgiu para auxiliar o homem nas atividades que


envolviam cálculos sendo aprimorada com o passar do tempo para atender, cada
vez mais, às necessidades da sociedade de cada época. Com a invenção de
instrumentos que permitiam o cálculo através da inserção de dados nesses
instrumentos, a sociedade evoluiu em diversas tecnologias da informação e
comunicação, inclusive com a inserção do código binário do qual se baseiam os
computadores.
Pode-se considerar que a calculadora sempre foi utilizada como ferramenta
auxiliar à atividade humana e a sociedade não estagnou em evolução devido ao uso
deste complemento, nos cálculos matemáticos. Pelo contrário, a calculadora
possibilitou a descoberta e invenção de diversos instrumentos e conceitos
matemáticos que auxiliam ainda mais o homem no desenvolvimento das suas
tarefas profissionais e pessoais.
Através da análise dos questionários aplicados foi possível identificar que
maior parte dos alunos das séries finais do Ensino Fundamental considera que o uso
da calculadora é um aliado que potencializa a aprendizagem sem comprometer o
desenvolvimento do raciocínio lógico do educando.
Outro ponto importante a ser citado é que as opiniões dos alunos se dividem
quanto aos reais benefícios da incorporação da calculadora no ensino-aprendizagem
da matemática, pois, metade deles considera que possuem clareza quanto aos
objetivos metodológicos para a correta utilização da calculadora nas aulas de
matemática e, a outra metade discorda.
Para os alunos que discordam, a calculadora não proporciona oportunidade
de aprendizado, evidenciando que não possuem clareza quanto aos objetivos
metodológicos para a correta utilização deste instrumento no ensino-aprendizagem
da matemática.
Outro ponto relevante foi levantado pelos profissionais de educação em que
afirmam que o professor de matemática deve dominar a tecnologia que ele propõe
inserir na sua metodologia de ensino, isso por que se o profissional não possui
preparo para lidar com qualquer TIC, ele confundirá o processo de aprendizagem
dos seus discentes e não ajudará no desenvolvimento dos mesmos.
81

Quando o profissional desconhece os usos e funcionalidades da calculadora,


que é o instrumento aqui proposto como aliado ao ensino-aprendizagem da
matemática, ele não consegue utilizá-la em benefício da prática pedagógica, pois em
vez de aprimorar o ensino-aprendizagem ele irá dificultar a compreensão dos
educandos.
É evidente que o ensino-aprendizagem é uma relação que depende de todas
as partes envolvidas para funcionar. Muitas opiniões transcritas neste estudo
coincidem com a informação de que a calculadora não contribui no desenvolvimento
do raciocínio lógico nas sentenças matemáticas, pelos educandos. Ora, mas como o
aluno saberá quais códigos inserir na calculadora, sem antes ele analisar e
interpretar as sentenças matemáticas propostas?
Não se pode deixar de dizer que este recurso não é o único meio de
aprimorar o ensino da matemática e tornar o aprendizado mais interessante ao
aluno. O profissional precisa buscar métodos de ensino que tornem as aulas de
matemática mais atrativas aos estudantes, para que eles tenham interesse em
aprender os conteúdos propostos nas aulas.
Os mitos que ainda envolvem a sociedade a respeito da matemática e do uso
da calculadora para contribuir no seu aprendizado predomina também entre alunos,
pais e profissionais de educação. Alguns pais posicionam-se de forma positiva a
este uso, considerando a calculadora como um instrumento que vem somar na
relação ensino-aprendizagem, mas outros acreditam que os jovens não estão
preparados nem para as quatro operações básicas da matemática, muito menos
para incorporar este recurso ao seu aprendizado.
Alguns dos pais, apesar de positivos quanto à metodologia do ensino que
insere a calculadora na didática, demonstram não saber exatamente quais são
esses benefícios. Por diversas vezes expressam que é existe uma “forma correta”
para se aprender matemática, e que a calculadora só pode ser usada após o aluno
desenvolver essa “forma correta”.
Através dessas opiniões ficou claro que nem os pais e nem os alunos sabem
exatamente como deve ser a utilização da calculadora no método de ensino. Os pais
transparecem, por vezes, que os estudantes não sabem nem mesmo resolver
tarefas simples das quatro operações básicas (somar, subtrair, multiplicar e dividir),
contudo, as séries finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) possuem um
currículo que já não lida mais com operações básicas simples, elas vão de cálculos
82

de medidas de tendência central; produtos notáveis; frequência estatística;


problemas que envolvem juntas as operações de adição, subtração, multiplicação,
divisão, radiciação e potenciação; até fatoração de polinômios, dentre diversos
outros conteúdos.
Acredito que os resultados desta pesquisa respondem à questão norteadora
do trabalho e aos objetivos formulados, contribuindo para o conhecimento a respeito
do tema discorrido. Neste sentido, foram analisadas as opiniões de pais,
professores, gestor e alunos quanto ao uso da calculadora como instrumento aliado
ao ensino-aprendizagem da matemática no Ensino Fundamental II e identificou-se
como positiva a inserção da calculadora como aliada ao ensino-aprendizagem da
matemática para a maioria dos pesquisados.
Os objetivos específicos foram igualmente cumpridos através da pesquisa
qualitativa, quantitativa, descritiva, bibliográfica e de campo. Ao abordar a história da
calculadora, pode-se perceber que a sua própria invenção foi realizada para facilitar
o trabalho do homem e não para cessá-lo. Se assim fosse, a sociedade jamais teria
evoluído nas mais diversas tecnologias que se baseiam em cálculos auxiliados por
calculadoras, e a sua própria evolução em TIC‟s mais avançadas, como os
computadores.
Ao se caracterizar os aspectos positivos e negativos do uso da calculadora,
com base na literatura e relacionar às pesquisas realizadas por estudiosos da área
de educação matemática, foi possível comparar com os resultados dos questionários
aplicados neste estudo, em que se confirmam os mitos e paradigmas ainda
existentes sobre a utilização da calculadora como um instrumento de comodismo e
não de colaboração.
Algumas atividades de matemática foram apresentadas a fim de exemplificar
como a incorporação da calculadora auxilia o aluno na aprendizagem e não
compromete o seu raciocínio lógico ou a execução do cálculo mental.
Por fim, conforme preestabelecido nos objetivos específicos, analisou-se a
receptividade e clareza dos pais, professores, gestor e alunos quanto ao uso da
calculadora como instrumento aliado ao ensino-aprendizagem da matemática no
Ensino Fundamental II.
Foram também identificadas nos resultados da pesquisa, as formas como os
professores de matemática atuam pedagogicamente inserindo a tecnologia de
informação e comunicação no seu método de ensino. Além da calculadora,
83

informaram utilizar computadores, datashow, DVDs, telefones celulares e quaisquer


ferramentas que dominem e possam utilizar no aprimoramento do ensino-
aprendizagem da matemática.
Através da pesquisa ficou claro, também, que o preparo dos professores para
as TIC‟s é fundamental, pois, sem isso eles não conseguem ter sucesso na
construção dos saberes junto aos discentes. Um professor que insere a calculadora
em seu método de trabalho precisa não só dominar a técnica para sua utilização,
mas também saber o momento certo ou a necessidade exata para incentivar o seu
uso.
Verificou-se através das falas dos professores, que é necessário um trabalho
conjunto entre o docente e discente para que o avanço positivo da aprendizagem
auxiliada por instrumentos tecnológicos seja bem sucedido.

Portanto, este estudo abre espaço para o aprofundamento desses e de outros


questionamentos a respeito da inserção da calculadora no ensino-aprendizagem da
matemática, enquanto aliada desse processo, que podem ser demandados por
futuras pesquisas. E, embora os resultados e conclusão não tenham um caráter
generalizável, poderá contribuir para um melhor conhecimento sobre o tema, sendo
passível de utilização na prática para enfrentar as diversas situações que ocorrem
no dia a dia do ambiente escolar.
A partir disso, a escolha dos instrumentos que compuseram o método fica
clara a adequação e pertinência deste estudo, desde o formato inicial até o trabalho
de campo, passando pela pesquisa bibliográfica, análise do material, escolha dos
indicadores de análise e resultados obtidos. Esse foi o caminho percorrido durante
todo o percurso da pesquisa, o que promoveu várias descobertas, muitas
comprovações, ainda que temporárias e mutáveis muitas ideias foram reafirmadas e
outras refeitas.
84

RECOMENDAÇÕES

Após a análise dos objetivos propostos durante toda a pesquisa, foi possível
aprender e reaprender a respeito das informações pertinentes à esta temática,
demonstrando que essas são comprovações temporárias e passíveis de modificação
a partir de uma realidade futura. Devido a essa natureza mutável, os resultados não
podem ser generalizados, mas podem contribuir efetivamente para o entendimento
da temática abordada e para o enfrentamento de situações que ocorrem
cotidianamente no ambiente escolar.
Os resultados aqui apresentados referem-se a uma instituição pública de
ensino específica e que, ainda nesse contexto não são resultados imutáveis.
Considerando a realidade dinâmica e diferenciada em diversos locais e momentos
históricos, um estudo voltado para este tema sempre poderá capturar resultados
diferentes.
A análise dos depoimentos quanto à percepção das participantes sobre a
inserção da calculadora como ferramenta auxiliar e aliada ao ensino-aprendizagem
da matemática, demonstrou que muitos mitos ainda fazem parte da realidade desses
pais. Contudo, de forma persistente um dos participantes afirmou que os estudantes
não possuem preparo nem mesmo para tarefas simples que se baseiam nas quatro
operações matemáticas, e se fosse permitido a esses alunos o uso da calculadora,
jamais poderão avançar no aprendizado da matemática.
Apesar deste estudo se referir a alunos de 9º ano, cujo preparo para as
operações mais básicas da matemática já deve estar dominado, é preciso
recomendar que os educadores se voltem um pouco mais para os seus alunos e
vejam quais as maiores dificuldades deles neste contexto.
A aplicabilidade da calculadora para uma turma de 9º ano é bastante
pertinente, mas como a dúvida a respeito do desenvolvimento dos alunos quanto à
disciplina foi persistente, recomendo que seja realizada uma avaliação que sempre
teste os conhecimentos prévios das classes de 9º ano no início de cada ano letivo,
para então definir se a classe possui a habilidade de cálculo mental e no mínimo
consegue resolver questões de cálculos básicos da matemática, para então verificar
a possibilidade de inserção da calculadora no processo de ensino-aprendizagem.
85

Para estudos futuros, pode-se pensar em ampliar a amostra de pesquisados,


investigar mais profundamente as contribuições da calculadora na aprendizagem
dos alunos e no seu desenvolvimento na disciplina de matemática.

Como sugestões, pode-se acrescentar: avaliar trimestralmente o grau de


autonomia dos alunos para a realização dos cálculos mentais, a fim de averiguar a
interferência do uso da calculadora no aprendizado; inserir no cronograma de
reuniões com pais e mestres a solicitação aos responsáveis pelos educandos que
averiguem como eles avaliam o desenvolvimento dos filhos no que diz respeito à
matemática auxiliada pela calculadora; e estabelecimento de parcerias mais
aprofundadas com a Secretaria de Educação na busca por novas estratégias de
aprimoramento do ensino-aprendizagem.
Não há como exaurir as proposições e questionamentos aqui apresentados,
mas evidencia-se como é prioritária a sincronia entre a prática do professor, seu
aprimoramento continuado para a utilização de TIC‟s e uma parceria com os
discentes para o estabelecimento da aplicabilidade da calculadora e da correta
forma de sua utilização para o fortalecimento do trabalho desenvolvido por todos, em
favor do educando e do seu desenvolvimento no aprendizado da matemática.
86

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UNGLAUB, Eliel. (Org.). Desafios metodológicos do ensino. Engenheiro Coelho,


SP: Unaspress – Imprensa Universitária Adventista, 2012.

VAN DE WALLE, John A. Matemática no ensino fundamental: formação de


professores e aplicação em sala de aula. 6. ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2009.

VELLOSO, Fernando de Castro. Informática: conceitos básicos. 8. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2011.

VIEIRA, Gerson Alvez. Cultura de valores organizacionais: um estudo na


Faculdade de Ciências Humanas. São Paulo: Annablume; Belo Horizonte: FUMEC,
2004.

YIN, Robert K. Estudo de caso: Planejamento e métodos. 5. ed. São Paulo:


Bookman, 2015.
92

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos alunos

UNIVESIDADE SAN CARLOS


MESTRADO EM EDUCAÇÃO

Nome: __________________________________________
Cargo/ Função ocupada: __________________________.

1) Na sua opinião, o uso da calculadora pode ser um aliado na relação ensino-


aprendizagem?

Sim ( ) Não ( )

2) Na sua opinião, esta é uma ferramenta que proporciona oportunidade de


aprendizado aos alunos?

Sim ( ) Não ( )
93

3) Quais os pontos POSITIVOS que percebe na utilização da calculadora?

1. As calculadoras podem ser aliadas para desenvolver conceitos


2. As calculadoras podem ser utilizadas para exercitar
3. As calculadoras economizam tempo.
4. As calculadoras são comumente usadas na sociedade.
5. Utilizar a calculadora não interfere no aprendizado dos fundamentos.
6. A calculadora não torna os estudantes preguiçosos.
7. Os estudantes devem aprender o mundo real antes de usar calculadora.
8. Os estudantes se tornarão dependentes demais da calculadora.

4) Quais os pontos NEGATIVOS que percebe na utilização da calculadora em


sua prática pedagógica?

1. As calculadoras podem ser aliadas para desenvolver conceitos


2. As calculadoras podem ser utilizadas para exercitar
3. As calculadoras economizam tempo.
4. As calculadoras são comumente usadas na sociedade.
5. Se as crianças usarem calculadora elas não aprenderão os fundamentos.
6. A calculadora torna os estudantes preguiçosos.
7. Os estudantes devem aprender o mundo real antes de usar calculadora.
8. Os estudantes se tornarão dependentes demais da calculadora.

5) O professor proporciona formas de utilizar a calculadora sem que você se


torne dependente do uso deste aparato?

Sim ( ) Qual?____________________. Não ( )

6) Na sua opinião, os pais de alunos são contra a utilização desse aparato


tecnológico no ensino da matemática?

Sim ( ) Não ( )
94

7) Considera que, nas séries finais do ensino fundamental, o aluno já possui


clareza dos objetivos metodológicos para a correta utilização da calculadora
nas aulas de matemática?

Sim ( ) Não ( )

8) Acredita que os benefícios da aplicação da calculadora nas aulas de


matemática, enquanto ferramenta tecnológica, se sobrepõem aos pontos
negativos?

Sim ( ) Não ( )

APÊNDICE B – Questionário aplicado aos pais, professores e gestor

UNIVESIDADE SAN CARLOS


MESTRADO EM EDUCAÇÃO

Nome: __________________________________________
Cargo/ Função ocupada: __________________________.

1) Quais as atribuições pertinentes ao desempenho do seu trabalho?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_____

2) Você utiliza, ou já utilizou, alguma ferramenta tecnológica para aprimorar o


seu método pedagógico? Teve os resultados que esperava (se sim, quais?)?
95

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_____

3) Na sua opinião, o uso da calculadora pode ser um aliado na relação ensino-


aprendizagem?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____

4) Na sua opinião, esta é uma ferramenta que proporciona oportunidade de


aprendizado aos alunos?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____

5) Quais os pontos POSITIVOS que percebe na utilização da calculadora em


sua prática pedagógica? Os alunos sentem maior ou menor dificuldade na
resolução das tarefas?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____

6) ) Quais os pontos NEGATIVOS que percebe na utilização da calculadora em


sua prática pedagógica?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_____
96

7) Na sua opinião, existem formas de utilizar a calculadora como recurso


tecnológico que auxilia no aprendizado da matemática, sem que o aluno se
torne dependente de seu uso? Se sim, quais seriam?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_____

8) Na sua opinião, os pais de alunos são contra a utilização desse aparato


tecnológico no ensino de matemática? Se sim, por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____

9) Considera que, nas séries finais do ensino fundamental, o aluno já possui a


clareza dos objetivos metodológicos para a correta utilização da calculadora
nas aulas de matemática?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____

10) Acredita que os benefícios da aplicação da calculadora nas aulas de


matemática, enquanto ferramenta tecnológica, se sobrepõem aos pontos
negativos? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____

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