Professional Documents
Culture Documents
Maçonaria é uma entidade que prima pela precisão de cálculos, ações, detalhes entre
outros fatos que não se coadunam com sua origem incerta, sem referências claras e
ausência de registros documentais.
No mais das vezes são informações sem precisão de datas e locais, sem medidas exatas.
Mas é uma instituição que nós aderimos, e ela a nós, de tal forma que temos o interesse
de desvendar esses nebulosos e incertos caminhos do passado.
No mundo não se sabe ao certo onde e quando tivemos as primeiras ações e atitudes
essencialmente maçônicas, ficando para os construtores do passado essa lendária e
legendária origem.
Nem mesmo Anderson em seu livro “as constituições...” (1723) soube definir com exatidão.
Mas vamos fazer aqui algumas breves análises e comentários sobre a maçonaria no Brasil,
que neste ano completará 218 anos de existência documentada. 1
Não temos o conhecimento, a sabedoria, muito menos biblioteca ou acesso a documentos
importantes. Esta breve e despretensiosa missiva é fruto da vontade de conhecer melhor a
Ordem Maçônica, pedindo desde já ao autor escusas pela ausência de erudição.
Relembrar que Pindorama (nome que os indígenas usavam) foi descoberto pelos
portugueses no longínquo ano de 1.500. A “Ilha de Vera Cruz”, “Terra de Santa Cruz” e
posteriormente “Brasil”, era habitado apenas por índios, enquanto na Europa e Oriente a
civilização já estava bem adiantada em todas as atividades, profissões, religiões, políticas,
científica, com imensas e elaboradas construções (castelos, catedrais, mosteiros, palácios,
mesquitas...), com grandes avanços militares, na medicina, matemática, astrologia,
agricultura entre tantos outros melhoramentos sociais.
Teria ele, nosso herói Tiradentes, iniciado na maçonaria? Teria sido no Brasil ou no
exterior? Essa loja (ou lojas) funcionava mesmo ou eram reuniões políticas libertárias?
Como dito antes, nada de documentos ou provas fidedignas chegaram aos dias atuais.
Há dúvidas se foi ou não uma loja maçônica. O dicionário eletrônico Wikpédia informa ser
a primeira loja maçônica do Brasil. O que era incerto passou a ser certo, pois foi fundada
(ou restaurada) uma loja como mesmo nome e no mesmo local. A loja “Areópago de Itambé”
está regular e em atividade (GOEPE/COMAB).
Um ano após, em 1797, em Salvador, numa fragata francesa “La Preneuse”, que depois
revisando documentos soube-se que esse navio jamais esteve no Brasil ... teria sido em
outro barco, o “Boa Viagem”... talvez, quem sabe, existido ali uma loja denominada
“Cavaleiros da Luz”. Mais uma informação sem documentação ou comprovação. De
qualquer modo, zarpando aos mares, o barco e a loja se foram.
Finalmente no último ano do século 18, em 1800, em Niterói, foi fundada a loja “União”, que
passou para “Reunião” tempos depois, apoiada pelo “Grand Orient d’Ilhie de France”,
usando o rito Adonhiramita.
Nessa época, percebe-se que nos EUA já funcionava o Real Arco (1797), criaram o primeiro
Supremo Conselho do Grau 33 do REAA (1801), na Alemanha implantava-se o Ritual de
2
Schröder (1801), se alinhava a união das grandes lojas inglesas (em 1813), bem como já
estavam estabelecidas, funcionando e desenvolvendo os princípios maçônicos, de
relevante história para a maçonaria mundial, conforme breve ordem cronológica:
Grande Loja de Londres - 1717
Grande Loja da Irlanda - 1725
Grande Oriente da França – 1728
Grande Loja da Pensilvânia (EUA) – 1731
Grande Loja de Massachusetts (EUA)– 1733
Grande Loja da Suécia - 1735
Grande Loja da Escócia – 1736
Grande Loja "dos antigos" - 1751
No Brasil ainda colônia de Portugal não havia, evidentemente, condições políticas,
econômicas e sociais para se desenvolver plenamente a maçonaria libertária, porém novas
lojas foram fundadas a partir da loja “União”.
Em 1808 o Rei Dom João deixa Portugal devido a invasão francesa, vindo ao Brasil residir
e proíbe todas as lojas maçônica de se reunir.
Entretanto, em 1813, na Bahia, cinco lojas criaram um Grande Oriente Nacional, a primeira
obediência no solo brasileiro.
Em 1815 no Rio de Janeiro nasce uma importante loja, a “Commercio e Artes”, apoiada
pelo Grande Oriente Lusitano. Dessa loja que em junho de 1822 nasceram mais duas lojas
e foi criado o Grande Oriente Brasiliano, fechado em outubro do mesmo ano pelo então
imperador D. Pedro I, recém-entronado no independente Brasil (7 de setembro de 1822).
Com a proibição de lojas funcionarem no território nacional, somente em 1827 quando D.
Pedro I retornou a Portugal para lutar contra seu irmão Miguel, pelo trono Português, que a
maçonaria recomeçou, lentamente, a funcionar, para jamais deixar de ampliar suas
atividades.
Em 1929 Joaquim Gonçalves Ledo funda no RJ a loja “Educação e Moral”, primeira loja no
REAA. Loja de prestígio, chegou a ter em seus quadro mais de 91 obreiros.
Em 1832 surge o Grande Oriente (Nacional) Brasileiro apelidado “do passeio”, pois estava
sediado na Rua do Passeio, no Rio de Janeiro. Em 1933 José Bonifácio de Andrada e Silva
restaura (ou reinstala) o Grande Oriente Brasiliano ou Brasílico (as duas grafias foram
encontradas nas atas), alterando o nome para G.O. do Brasil, rivalizando e dividindo espaço
com o G.O. “do passeio”.
Era um período de confusão política, pois o imperador foi a Portugal e, depois, abdicou.
Seu filho, D. Pedro II, com 4 anos de idade, passou a ser o imperador com uma comissão
de regência, formada por pessoas nomeadas pelo seu pai. As dificuldades políticas e
estruturais do país, imenso e sem estradas e linhas férreas, navegação sofrível, telégrafo
inoperante, acessos difíceis, produção mineral e agrícola incipiente, entre diversos fatores
de fraca infraestrutura, somados a dissenso de identidade nacional, complicada ainda mais
pela miscigenação, tornaram o Brasil um país múltiplo, com dificuldades de formar unidade.
Concluindo, destacamos que a maçonaria brasileira teve origem no sistema Francês, dele
derivando seus primeiros rituais (adonhiramita, moderno, francês, REAA), seu sistema de
grande oriente, atuante no campo político ideológico, entre outras características, embora 5
no século 20 se distanciando das alterações alternativas francesas, se ligando fortemente
no tradicionalismo inglês.
Adota na maioria das potencias regulares o sistema republicano tripartido, com constituição,
na pluralidade de ritos (com dificuldades e até desinteresse pelos sistemas inglês, norte-
americano e alemão), destacando-se o REAA que, somado nas três linhas mestras (GOB,
CMSB e COMAB) é utilizado em mais de 90% das lojas.
Porém estamos aqui, fortes e saudáveis, crescendo, trabalhando, edificando, mesmo com
a péssima administração política do nosso grande país, ainda temos patriotismo e alegria
em bradar “Viva o Brasil!”
Referências bibliográficas
Caderno de pesquisas 21. Encontros da Loja Fraternidade Brazileira de estudos e pesquisas. Ed. A Atrolha.
Pr. 1996.
PROBER, Kurt. "Isa Ch'an". Achegas para a história da maçonaria no Brasil, 1ª parte; maçonaria heroica. RJ.
Edição própria. 1968.
PROBER, Kurt. "Isa Ch'an". Achegas para a história da maçonaria no Brasil, 2ª parte; maçonaria política. SP.
Edição própria. 1969.
PROBER, Kurt. "Isa Ch'an". Achegas para a história da maçonaria no Brasil, 3ª parte; maçonaria
contemplativa. RJ. Edição própria. 2002.
PROBER, Kurt. Cadastro das lojas maçônicas do Brasil. Ativas, abatidas e inativas. RJ. Edição própria. 1975.
PROBER, Kurt. Explicação necessária. Porque querem seja irregular o Supr. Conselho do Brasil do R.E.A.A?.
RJ. Edição própria. 1991.
CASTELLANI, José. O supremo conselho do Brasil. Síntese de sua história. Ed. A Trolha. Pr. 2000.
PIRES, Joaquim da Silva. Rituais maçônicos brasileiros. Ed. A Trolha. Pr. 1996.
PIRES, Joaquim da Silva. O suposto rito de York e outros estudos. Ed. A Trolha. Pr. 2000.
PIRES, Joaquim da Silva. Rituais maçônicos brasileiros. Ed. A Trolha. Pr. 1996.
CARVALHO, Willian Almeida de. José Castellani. História do Grande Oriente do Brasil. Ed. Madras. Sp. 2009.
WIKPÉDIA. Dicionário eletrônico na web. Diversos acessos.
List of lodges 1916.
Caderno de endereços CMSB 2017.
Relação COMAB 2017.
Relatório anual GOB 2016.
www.masonic.com.br