Professional Documents
Culture Documents
ACADÊMICOS
PRESIDENTE PRUDENTE
2007
2
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP
FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
ACADÊMICOS
PRESIDENTE PRUDENTE
2007
ii
A Deus, pela elaboração e concessão do
magnífico projeto que perpassa os caminhos
de tantas maravilhosas personagens nessa
obra grandiosa chamada vida.
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, que dedicaram suas vidas à luta que a vida impõe
àqueles que almejam realizar seus anseios, ultrapassando, com
muito labor, as barreiras encontradas nesse caminho entre a
realidade humilde imposta por um mundo desigual e à realização
do sonho de garantir a sua descendência, através da
oportunidade rara da educação, uma vida mais justa e digna.
iv
A Taluana Laiz Martins Torres, pelo auxílio na busca e pela
concessão de parte da bibliografia necessária à realização desta
monografia.
v
SUMÁRIO
Apresentação ........................................................................................................... 01
Introdução ................................................................................................................. 04
1. Objeto, objetivo e relevância do tema ...................................................... 06
2. Seleção das fontes, metodologia de análise e apresentação das obras
selecionadas ............................................................................................. 07
Capítulo I – Sexualidade e adolescência.................................................................. 12
Capítulo II – A gravidez na adolescência: um problema social? .............................. 18
Capítulo III – Sexualidade, gravidez na adolescência e suas relações com a escola
pública ................................................................................................................
...... 34
Considerações finais ............................................................................................... 44
Apêndices ................................................................................................................ 46
Referências .............................................................................................................. 55
vi
RESUMO
vii
ABSTRACT
This monograph deals with the adolescents pregnancy in respect to the school
education and is based on the analysis of how this topic of discussion is broached in
four academic works proceeding from different instances and academic fields of
research. They are: The social psychology master’s degree dissertation of Calazans
(2000); the education master’s degree dissertation of Quintana (2004); the
conclusion of health specialization course monograph of Belentani (2002) and the
conclusion of specialization in sciences education monograph of Barbosa, Montanari
and Alves (2001). It is about a comparative study between the cited workmanships,
carried through from the Bardin’s analysis of content criterion and the Bakhtin’s
language theory. It is looked to analyze the knowledge and concepts present int the
academic speeches, deal whit the ways how the “adolescents pregnancy” is
evaluated by the researchers, as well as which are their interpretations about the
schools functions and actions, regarding to the sexualitty and the pregnancy in this
phase of the students life.
viii
APRESENTAÇÃO
1
Monografia de conclusão do curso de graduação em Letras, orientada pelo Prof. Ms. José Carlos
Damasceno.
2
Trata-se de um artigo produzido juntamente com os alunos Philipe Thadeo Lima Ferreira de
Albuquerque e Sílvia Gonçalves, exigido no módulo “Avaliação – uma Prática Inclusiva” ministrado
pela Profª Drª Ana Maria dos Santos Costa Menin, desse curso de especialização que finalizo com
este trabalho monográfico.
1
de apoio montadas entre a própria comunidade. Entretanto, a percepção do campo
extremamente amplo das propostas de análise presentes nesse projeto levou-me a
substituí-lo por essa análise bibliográfica devido, especialmente, ao fato de o prazo
para entrega desse trabalho, assim como as condições de trabalho desse
pesquisador, ser incompatível com o que fora proposto inicialmente.
Proponho-me, entretanto, a analisar os discursos acadêmicos sobre o tema
em questão, em um estudo exclusivamente bibliográfico, considerando-se, para fins
metodológicos, que os significados desses discursos podem se fazer mais explícitos
justamente a partir de uma análise transversal que permita observar os pontos em
que eles se cruzam e interpenetram. Entende-se que, nestes pontos, é possível
levantar quais são os centros organizadores do conjunto dos enunciados,
pressupondo-se, como afirma Bakhtin (1990 apud MOREIRA, 1999), que tais
“centros” correspondem e “falam”, exatamente, do meio social que envolve os
indivíduos. “O centro organizador de toda enunciação, de toda expressão, não é
interior, mas exterior, está situado no meio social que envolve o indivíduo”
(BAKHTIN, 1990, p.121).
Também são utilizadas as referências para os procedimentos de análise,
segundo as orientações propostas por Bardin (1977), que apresenta uma proposta
de “análise de conteúdo”3, da qual destaco o aspecto em que ele sugere a produção
de uma análise transversal dos conteúdos de modo que possam ser constituídas
categorias temáticas da análise, com base em recortes e cruzamentos do material
coletado e de sua separação por temas.
Este estudo se baseia na análise de como as questões sobre a gravidez na
adolescência e sua relação com a educação escolar são abordadas em quatro
trabalhos acadêmicos, definidos como fontes básicas após trabalho de análise e
seleção das referências bibliográficas levantadas, provenientes de diferentes
instâncias e campos de pesquisa acadêmicos. São eles: a dissertação de mestrado
em Psicologia Social, de Calazans (2000), intitulada “O discurso acadêmico sobre
gravidez na adolescência: uma produção ideológica?”; a dissertação de mestrado
em Quintana (2004), intitulada “A gravidez na adolescência e sua relação com a
escola pública: visibilidade ou exclusão?”; a monografia de conclusão de curso de
3
BARDIN, 1977 apud LIBÓRIO, 2003.
2
Especialização em Ensino de Ciências, de Barbosa, Montanari e Alves (2001),
intitulada “Reflexões na escola sobre as causas da gravidez na adolescência” e a
monografia de conclusão de curso de Especialização em Saúde Pública, de
Belentani (2000), cujo título é “Grávidas e desinformadas? Estudo sobre as falhas da
educação na prevenção da gravidez entre adolescentes de Taquaritinga – SP”.
Através dessas obras, procurarei analisar os saberes e conceitos presentes nos
discursos acadêmicos, tratando dos modos como a “gravidez na adolescência” é
avaliada pelos pesquisadores, bem como quais são as suas interpretações acerca
do papel e das ações que caberiam às escolas, diante da sexualidade e da
gravidez, nesta fase de vida das alunas.
A redação desta monografia está organizada da seguinte forma: a introdução,
que apresenta o objetivo deste trabalho, as obras selecionadas e o tema proposto,
reafirmando a importância desse no meio acadêmico; o capítulo I, que trata das
discussões teóricas envolvidas com os conceitos de sexualidade e adolescência /
juventude, buscando definições adotadas pelos autores nas quatro obras analisadas
neste estudo e também em outros estudos bibliográficos; o capítulo II, que aborda o
tema gravidez na adolescência através da óptica dos autores das obras analisadas,
buscando identificar os que tratam o tema como problema social e os que criticam
essa visão e propõem compreensões diferentes para o tema objeto deste estudo; e
o capítulo III, onde trato das relações entre a educação escolar, a sexualidade e a
gravidez na adolescência na perspectiva adotada pelos autores das obras
analisadas. A seguir são apresentadas as “considerações finais”, seguidas por dois
apêndices e as referências bibliográficas finais.
3
INTRODUÇÃO
4
ROSÂNGELA, In: QUINTANA 2004, p 64.
5
BOZON, 2004.
4
A independência da mulher e a necessidade cada vez maior
dela participar do orçamento familiar fizeram com que a mãe
saísse de seu lar em direção ao mercado de trabalho, vindo a
somar-se à força de trabalho masculina e “terceirizar” a
educação dos filhos. Isto quando a condição sócio-econômica
permite, senão ficam abandonados à própria sorte.
5
jovens são sobre as questões relativas à sexualidade e à reprodução. Mesmo
sabendo-se que são indicadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – temas
transversais (PCNs), as aulas que contemplam temas como sexualidade, gravidez,
contracepção e DSTs muitas vezes são exclusividades de algumas disciplinas, como
ciências e biologia, e mesmo assim esses temas são tratados apenas de forma
conteudista e não paralelamente a seu caráter social. Não afirmo aqui que não
houvesse estratégias com finalidades moralizantes implícitas no contexto escolar,
porém, aparentemente o que se faz necessário é que se trate de forma mais
explicita das questões de sexualidade, visto que o modelo anterior, supostamente,
não surte os resultados esperados pela sociedade contemporânea, dos quais
enfatiza-se o adiamento da maternidade para após a plena formação familiar,
psicológica e profissional.
6
aprofundar-me nesse tema visando não somente produzir trabalhos de pesquisa no
meio acadêmico, mas também me qualificar em minhas atividades docentes.
O tema “gravidez na adolescência” não é recente em estudos acadêmicos,
porém muitos desses estudos são frutos de pesquisas nas áreas da sociologia ou da
saúde, reduzindo-se, portanto, as expectativas de encontrar-se grande variedade
desses trabalhos na área da educação, afirmação essa que pretendo comprovar
após levantamento de bibliografia disponível, atendo-me às pesquisas que tratem da
gravidez na adolescência em uma óptica educacional, enfocando, principalmente, a
abordagem da prática docente sugerida ou questionada pelos pesquisadores, além
do desfecho na vida escolar das adolescentes alvos desses estudos.6
Procurarei ressaltar, neste trabalho, a posição de profissionais do meio
acadêmico e dos educadores sobre as questões que incluam a temática proposta,
principalmente no tocante à visão pedagógica do processo de formação de jovens, e
identificar as expectativas desses profissionais quanto ao seu desempenho
profissional, tendo em vista a possibilidade de propor reflexões em torno da
formação de educadores mais preparados para lidar e se posicionar diante de
questões sociais tão relevantes como a sexualidade e a gravidez, especialmente nos
casos em que esta é citada como indesejada ou não planejada. Como preparar
profissionais que saibam lidar, de forma pertinente, com os aspectos biológicos,
sociais e psicológicos envolvidos com tal dimensão da vida juvenil? Trata-se de
temas que ainda são considerados tabus e cuja discussão ainda é considerada, por
alguns educadores, responsabilidade exclusiva da sociedade e da família, enquanto
se pretende eximir a responsabilidade às instituições de ensino.
A proposta atual foi tema de múltiplas discussões com minha orientadora que,
após indicar-me a obra “A gravidez na adolescência e sua relação com a escola
pública: visibilidade ou exclusão?” de Eduardo Quintana, ajudou-me a optar por um
6
O tema “gravidez e adolescência” será melhor explanado no primeiro capítulo dessa monografia.
7
estudo de natureza bibliográfica, que possibilitasse a análise de como tem ocorrido a
discussão acadêmica sobre o tema “gravidez na adolescência e educação escolar”.
A limitação do prazo para entrega desse estudo foi também relevante para
outra decisão: seriam levantados e utilizados apenas artigos, monografias,
dissertações de mestrado e teses encontradas no acervo das bibliotecas vinculadas
a rede “Athena” da Universidade Estadual Paulista, mesmo que não fossem
resultados de estudos de alunos dessa instituição. Fora deste campo, também
poderiam ser utilizadas produções cujos volumes já estivessem em posse de minha
orientadora.
O critério fundamental para a primeira seleção do “corpus” a ser analisado foi
o de que a menção à educação escolar estivesse inclusa no título dos trabalhos que
tratam da “gravidez na adolescência”, ou, então, presente nas palavras-chave do
trabalho. 7
Foram encontrados, porém, obstáculos à realização desse levantamento. Foi
localizada, no acervo da instituição local, apenas uma obra que correspondesse aos
critérios estabelecidos. Entre aquelas encontradas em bibliotecas de outras
unidades da UNESP, os temas “educação”, “sexualidade e gravidez” foram
localizados, porém, não eram em todas as obras abordados paralela ou
articuladamente.
Além disso, alguns pedidos de empréstimo de volumes localizados no acervo
de bibliotecas de outros campi da UNESP foram negados, sob a alegação de que
tais obras não circulam por estarem extraviadas ou por existir apenas um exemplar
em posse das referidas bibliotecas. Por fim, alguns volumes solicitados, segundo
informação da própria biblioteca da Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP –
de Presidente Prudente, não fazem parte do acervo da rede de bibliotecas atendidas
pelo sistema de empréstimos conhecido como “EEB” (Empréstimo Entre
Bibliotecas), das quais fazem parte os campi da UNESP, UNICAMP e USP. Por e-
mail me foram transmitidas as seguintes informações:
7
Encontra-se, no Apêndice I, a relação das chaves utilizadas no site da instituição para localizar as
obras, além dos resultados obtidos a partir de cada combinação de palavras.
8
Atenciosamente,
Márcia – Biblioteca8
8
MÁRCIA. EEB [Mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <gulo_fabio@yahoo.com.br> em 03
out. 2006.
9
LAIRCE. EEB [Mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <gulo_fabio@yahoo.com.br> em 26
set. 2006.
10
LAIRCE. EEB [Mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <gulo_fabio@yahoo.com.br> em 31
out. 2006.
11
O Apêndice II contém uma relação das obras pré-selecionadas, constando título, autor, ano de
publicação, campus em que se encontra, disponibilidade para empréstimo, adequação às normas
pré-estabelecidas para seleção dos títulos a serem analisados, e resumo do trabalho, retirado, na
íntegra, da folha de rosto da obra.
9
Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo 12; as
monografias “Grávidas e desinformadas? Estudo sobre as falhas da educação na
prevenção da gravidez entre adolescentes de Taquaritinga-SP”, de Ketriri Cristina
Belentani; e “Reflexões na escola sobre as causas da gravidez na adolescência”, de
Léia Pettenuci Miranda Barbosa, Sônia Maria Montanari e Vera Lúcia Guastalle
Alves, ambas apresentadas como trabalhos de conclusão de cursos de
especialização na Universidade Estadual Paulista, respectivamente nos campi de
Araraquara e Presidente Prudente. A esses trabalhos foi somada a dissertação de
mestrado de Eduardo Quintana (2004), intitulada “A gravidez na adolescência e sua
relação com a escola pública: visibilidade ou exclusão?”, defendida junto ao
Programa de Pós Graduação do Centro de Educação e Humanidades da UERJ.
A dificuldade em encontrar estudos acadêmicos sobre sexualidade e gravidez
na juventude pela ótica da educação tem como contrapartida a valorização de tal
questão em várias outras áreas do conhecimento. Gabriela Calazans constatou, em
mapeamento de trabalhos acadêmicos, a forma como o tema “gravidez na
adolescência” é tratado em vários trabalhos como um problema, principalmente nos
da área da saúde. A autora cita ainda alguns nomes de grande importância na área
das ciências sociais como Dirce de Paula, que aborda o tema como um “drama
social”; Diana Pearce que trata da formulação de políticas públicas para a questão
da gravidez na adolescência e Alberto Reis que trata de questões e significados
sociais atribuídos a esse fenômeno, porém nenhum pesquisador em educação ou
que enfoque a educação escolar é mencionado pela autora. Essa afirma que suas
pesquisas foram realizadas, prioritariamente, no âmbito da saúde, visto que não
foram localizadas referências provenientes de outras áreas, como educação
(CALAZANS, 2000).
A citada autora analisou obras publicadas entre 1990 e 1999, e, neste estudo,
as obras selecionadas têm sua produção datada a partir do ano 2000. Além disso,
diferentemente de Calazans, tenho como objetivo discutir, especificamente, as
seguintes questões: 1) Como os trabalhos analisados enfocam as questões
educacionais?; 2) Qual a relevância da educação no processo de formação para a
12
Mesmo fazendo parte do acervo da biblioteca de um dos campi da UNESP, a obra consta no
Apêndice II como indisponível a empréstimo via EEB, porém passou a constar como fonte
bibliográfica nesta monografia após ser fornecida cópia por Taluana Laiz Martins Torres, também
orientanda da Profª Drª Maria de Fátima Salum Moreira.
10
sexualidade dos jovens? 3)Qual é a importância da abordagem do tema
“sexualidade e gravidez” em cursos de formação de professores?
Após leitura e estudos bibliográficos, evidenciarei, nas obras selecionadas, os
recortes a respeito da sexualidade e da gravidez no currículo escolar e da
importância da atuação docente na formação dos jovens, proporcionando a análise
comparativa das intervenções sugeridas ou questionadas nesses trabalhos
acadêmicos.
11
CAPÍTULO I – SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA
13
BOZON (2004)
14
PERRY, 1998. apud BELENTANI, 2002
12
origem, até mesmo sem que haja nenhuma preocupação com as questões de
reprodução. A autora ainda cita a maior liberação dos costumes em relação à
sexualidade e a disponibilidade de métodos contraceptivos para justificar os novos
“percursos” observados no período compreendido entre a infância e a idade adulta,
a que chama de “juventude”.
Outros autores utilizam as questões de sexualidade como uma das bases
para definir a adolescência, como fazem Gherpelli e Mariana, cujas citadas
definições são destacadas, respectivamente, nas obras de Calazans e de Barbosa,
Montanari e Alves:
15
GHERPELLI, 1996. apud CALAZANS, 2000. p. 150
16
MARIANA, 1992. apud BARBOSA, MONTANARI e ALVES, 2001. p. 28
13
se caracterizam e se diferenciam “por suas especificidades fisiológicas, psicológicas
e sociológicas”.
Esse trecho citado, porém, é a única alusão do autor ao termo “juventude”.
Em seu trabalho, Quintana utiliza o termo “adolescente” para se referir às meninas
alvos de seu estudo, e define o termo da seguinte forma: “A adolescência constitui
um processo fundamentalmente biológico, durante o qual se aceleram o
desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade”.
Quintana utiliza as definições do ECA para definir adolescência que, segundo
o mesmo estatuto, abrange as idades de 10 a 19 anos, podendo ser dividida em
“pré-adolescência”, compreendida entre os 10 e os 14 anos, e “adolescência”
propriamente dita, compreendida entre os 15 e os 19 anos. Ainda segundo o ECA,
ocorrendo uma gravidez nesse período, tal deve se caracterizar como “gravidez na
adolescência”.
Calazans (2000) tem outra abordagem para diferenciar adolescência de
juventude. Segundo a autora, reafirmando o que diz Sposito 17, os dois termos são
utilizados de acordo com a área do conhecimento em que são aplicados, e cita, para
tanto, a psicologia e a sociologia. A psicologia privilegia o termo “adolescência” para
se referir à faixa etária que representa “um momento privilegiado de formação da
identidade individual”. Já a sociologia procura “privilegiar questões como a
configuração da juventude como categoria social, a transmissão da herança cultural,
a normatização e o desvio nas relações entre jovens e adultos”. 18
Assim como Calazans, procurarei evidenciar os significados sociais
atribuídos a categoria estudada, assim como os significados atribuídos nas
interpretações sobre a gravidez entre jovens presentes nas obras analisadas
privilegiando as abordagens sociológicas. Em conformidade com o que foi
esclarecido, seria oportuno privilegiar o termo “jovens” referindo-se aos indivíduos
alvos desse estudo, termo esse que acredito ser o mais apropriado, porém, levando-
17
SPOSITO, 1997. apud CALAZANS, 2000, p. 24
18
Entre os autores que tem como objeto de estudo a sexualidade, apenas Calazans e Quintana
apresentam em suas obras alguma definição de “juventude” e “adolescência”, distinguindo essas
duas nomenclaturas. Nas monografias de Belentani e de Barbosa, Montanari e Alves, no que diz
respeito à terminologia utilizada (adolescente x jovem), aparentemente não existe uma lógica na
utilização dos dois termos. Tanto no título quanto no corpus dos trabalhos, as autoras utilizam o termo
“adolescência” repetidas vezes, porém, existem incidências do termo “jovem”, sem nenhuma
explicação lógica ou seqüência aparente que justifique tais ocorrências, e principalmente, sem que
haja qualquer diferenciação no uso desses vocábulos nos citados trabalhos.
14
se em consideração que grande parte dos estudos analisados ou utilizados como
bibliografia nessa monografia utilizam a terminologia “adolescente”, farei uso desse
mesmo vocábulo em concordância com tais trabalhos, até mesmo para que não
haja, no decorrer desse estudo, dubiedade das informações, incoerências dos
pensamentos ou utilização de termos inapropriados em conformidade com as
análises efetuadas. E é com o mesmo propósito que evidenciarei, neste ponto, as
definições do termo “adolescente” utilizadas pelos autores, cujas obras serão
analisadas nesta monografia.
Os autores destacados, inicialmente, sugerem a adolescência como uma
“fase de transição” entre a infância e a idade adulta19. Independentemente do termo
utilizado, adolescente ou jovem, Quintana, Calazans, Belentani e Barbosa,
Montanari e Alves, concordam com essa primeira definição, porém atribuem alguns
significados diferentes em suas respectivas definições de adolescência.
Calazans (2000, p. 24) destaca essa transição da infância para a idade adulta
ressaltando outros valores como a responsabilidade e a autonomia adquiridas
durante esse processo. Para a autora, um fator importante que ajuda a determinar
essa fase da vida é o cuidado demandado pelos pais, ou seja, o cuidado
normalmente observado nos adultos em relação às crianças. O momento em que
essas “crianças” deixam de exigir esse cuidado e passam a cuidar de si próprios ou
de seus filhos, visto que justamente a maternidade é o alvo desse estudo,
caracteriza o processo de transição mencionado. Além desse, existem outros fatores
como a formação familiar, ingresso no mercado de trabalho, circulação mais ampla
no universo público etc., que ajudam a caracterizar o indivíduo nessa fase da vida.
Esse processo, ainda segundo Calazans, é caracterizado por diversas crises. Entre
elas “a crise da puberdade”, relativa às transformações corporais; “a crise da
adolescência”, associada à formação da identidade desses adolescentes e “a crise
da juventude” que é “fundada nas dificuldades de adequação ao mundo adulto e no
questionamento de normas e instituições sociais”.
19
Apenas Eduardo Quintana, citando trecho do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), faz uma
referência contrária a essa definição de adolescência. Segundo o ECA “adolescência é uma etapa
evolutiva peculiar ao ser humano, não podendo ser considerada meramente uma etapa da transição
entre infância e a idade adulta, pois é nela que culmina todo o processo de maturação biopsicossocial
do indivíduo”. Quintana, porém, também cita, em suas afirmações, que a adolescência é esse citado
período de transição (QUINTANA, 2004, passim)
15
Quintana (2004, p. 4) utiliza, em sua definição de “adolescente”, algumas
afirmações de Calazans, como o fato de ser esse um período de transição entre
“criança e adulto”, “dependente e autônomo”, em que se assumem
responsabilidades mesmo diante de tantos conflitos:
Para Barbosa, Montanari e Alves (2001, p. 16), assim com afirmam Quintana
e Calazans, a adolescência é caracterizada por um período muito confuso, em que
já não se aceita o termo “criança” como definição e, principalmente, em que se
começa a experimentar “as primeiras sensações do prazer sexual”. Ainda segundo
as autoras, nesse período da vida, o indivíduo acredita ser capaz “de qualquer
proeza”, ou seja, esse é um período em que existe grande autoconfiança por parte
desses adolescentes.
As autoras completam sua definição de “adolescência” demonstrando uma
visão negativa dessa fase da vida. Na visão das autoras
16
se intromete na vida de ninguém. Tudo sempre dará certo na
onipotente certeza desses jovens.20
20
BARBOSA, MONTANARI e ALVES, 2001, p. 31
21
CALLIGARIS, 2000, apud BELENTANI, 2002, p. 16
22
BELENTANI, 2002, p. 12
17
CAPÍTULO II – A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:
UM PROBLEMA SOCIAL?
18
problema, e quais são os estigmas e preconceitos observados, pelos autores, em
afirmações, tanto desses pesquisadores selecionados, quanto dos autores citados
em seus estudos.
1. Eduardo Quintana
19
alguns desses problemas são geradores de exclusão social e exclusão educacional,
e que esses são mais graves que os riscos biológicos gerados pela gravidez. Ao
citar a gravidez como excludente, o autor reafirma a visão negativa que tem da
gestação entre meninas nessa faixa etária.
O termo “problema”, referindo-se à gravidez entre adolescentes, ainda é
citado em outras passagens, como no momento em que o autor se refere aos altos
índices de gravidez entre adolescentes26; quando se refere às falhas na educação
sexual27; bem como ao citar uma adolescente mãe como “autoridade entre as
colegas”, referindo-se ao poder de influência dessa adolescente diante de outras por
já ter vivenciado tal “problema” (nesse caso referindo-se ao fato de essa “ter sentido
na pele a falsa ludicidade da maternidade na adolescência”)28; além da introdução e
da conclusão, em que não cita o termo “problema” mas refere-se à gestação entre
alunas como um “fenômeno”, e à escola como “espaço privilegiado para seu
enfrentamento”. A importância da escola nesse processo será abordada no capítulo
subseqüente, porém cabe, nesse ponto, observar-se a posição do autor diante do
fato estudado, principalmente por atribuir à escola uma função de tamanha
importância social, se virmos, assim como o pesquisador em questão, a sexualidade
e a gravidez na adolescência como problemas sociais.
É importante destacar, nesse ponto, que a pesquisa realizada pelo autor é
fruto de um trabalho realizado em 2004, que teve como um dos procedimentos de
pesquisa o levantamento de informações através de entrevistas realizadas com
alunas (adolescentes gestantes ou mães) de uma escola da cidade do Rio de
Janeiro.
Entre os depoimentos registrados chamou-me à atenção o de duas
adolescente, cujos nomes fictícios “Cristina” e “Lílian” lhes são atribuídos. Apesar de
haverem depoimentos de quatro adolescentes, essas são as únicas que expõem
suas opiniões sobre a gravidez na adolescência, mesmo que timidamente através de
seus relatos. As outras entrevistadas apenas relatam suas vivências, não
qualificando o fato como positivo ou negativo.
Segundo Cristina, 20 anos, que foi mãe aos 15 anos:
26
Ibid, p. 93
27
Ibid, p. 85
28
Ibid, p. 86
20
É difícil né, é difícil e é legal. (...) eu tenho o apoio da minha
mãe, pra estudar, pra sair. (...) é uma responsabilidade que a
gente (...) vai ter (...) desde o momento que já tá grávida. (...)
Filho fica doente, filho gasta, filho come, filho tem plano de
saúde, tem isso, tem aquilo.
29
QUINTANA, 2004, p. 85
30
Ibid. p. 86
21
A aluna, ainda em entrevista ao citado autor, confirma o desejo de meninas
adolescentes em serem mães: “(...) elas são doidas para serem mãe. (...) elas falam:
- Eu sou doida para ter um filho”. Com essa afirmação a aluna deixa bem claro que
existe o desejo à maternidade, o que torna impróprio, nesses casos, o uso do termo
“indesejada” para referir-se à gravidez. Porém, em outro ponto da entrevista, a aluna
ressalta os aspectos negativos da maternidade, e afirma que incentiva às amigas a
não serem mães nessa fase da vida31.
Outra mãe adolescente entrevistada, chamada pelo autor pelo nome fictício
de “Priscila” relata o momento em que soube de sua gravidez:
22
Foi um choque terrível, tremendo, nossa! Até hoje, assim... Às
vezes quando eu paro pra pensar... É... Me pergunto como
aconteceu? Como é que eu pude? (...) Se não fosse por ele (o
primo), eu acho que eu me desesperaria na hora. (...) foi uma
coisa difícil pra mim, a primeira semana, a segunda semana,
eu chorava muito. (...) até hoje eu fico meio abalada com que
está acontecendo. A perspectiva do futuro, o que eu vou fazer
depois? Se eu chegar a ter essa criança, o que vai ser...
34
CAMPOS & MORAES, 1986, apud QUINTANA, 2004, p. 14
35
HEIBORN, 1998, apud QUINTANA, 2004, p. 14
36
LYRA, 1998, apud QUINTANA, 2004, p. 15
37
CAVASIN & ARRUDA, 1998, apud QUINTANA, 2004, p. 15
38
Confirmam essa afirmação todas as falas do autor em que a gravidez na adolescência é citada com
um grave problema social ( QUINTANA, 2004, passim)
39
CAMARANO, 1998, apud QUINTANA, 2004, p. 15
23
Ferreira40 a precocidade para a gravidez, mesmo que desejada, pode acarretar
resultados indesejados para as adolescentes, entre eles o abandono à escola.
As afirmações dos autores citados por Quintana e os relatos das
adolescentes entrevistadas, citados em sua dissertação, mostram visões diferentes
e pontos de vista divergentes das questões levantadas sobre a gravidez na
adolescência quanto a ser essa, ou não, um problema social. Visões diferentes tanto
no que diz respeito à sexualidade e à gravidez na adolescência quanto às questões
relacionadas aos recortes temporais e sociais, e divergentes por destacarem, alguns
deles, apenas os aspectos negativos da gravidez na adolescência, assim como o
próprio Eduardo Quintana, como por destacarem, outros autores citados, as
possibilidades de haverem conseqüências positivas, tanto para as adolescentes
grávidas quanto para as pessoas que mantêm relações diretas com essas futuras
mães.
2. Gabriela Calazans
40
FERRAZ & FERREIRA, 1998, apud QUINTANA, 2004, p. 15
24
“ao alimentar o imaginário sobre a pobreza, tal discurso (referindo-se ao discurso
produzido pelas mesmas instituições sociais) indica a incapacidade das famílias
pobres de dar conta de seus filhos.” (CALAZANS, 2000, p. 09 - 10).
A autora considera legítima a hipótese de que “jovens brasileiros pobres, em
alguns momentos, antecipem (em relação ao padrão, tido como dominante, ou seja,
da classe média) o acesso a um dos atributos da maturidade, o da reprodução e da
formação da família de procriação”, baseada em argumentos de diversos
pesquisadores, porém não classifica negativamente a gravidez entre adolescentes,
mantendo um certo distanciamento ao citar o que afirmam os pesquisadores por ela
estudados.41
Calazans afirma existir, nas produções acadêmicas que analisa, uma forte
ênfase no caráter de “indesejável” referindo-se à gravidez na adolescência, e
justifica sua afirmação ao citar estudos de Arilha-Silva42 e Lyra da Fonseca43,
apresentando dois componentes principais encontrados por esses no discurso
social: “o discurso dos riscos obstétrico-pediátricos e dos riscos psicossociais para
as adolescentes (...) e da des-responsabilização, ou esvaziamento da
responsabilidade, de meninos, pais ou parceiros sexuais das adolescentes”
Tanto o discurso acadêmico quanto o discurso adulto do senso comum,
afirma Calazans (2000, p. 16, 50, 142), refere-se negativamente a gravidez na
adolescência, qualificando-a como “precoce”, “indesejada”, “não-planejada”,
“problema” etc. Do mesmo modo, suas conseqüências, segundo tais discursos, são
sempre negativas. Afirma, ainda, existir no discurso acadêmico, “produzido e
veiculado por pesquisadores das Ciências Humanas, Sociais e da Saúde”,
caracterização da gravidez na adolescência “como um evento, em si,
necessariamente indesejável e prejudicial”, agravando-se na medida em que tal
discurso é consumido e reproduzido por vários elementos da sociedade, inclusive
por educadores44, e completa com a afirmação de Paula45 de que existe a premissa
social de que gravidez na adolescência é um drama social que acarreta
conseqüências “desastrosas” às jovens.
41
CALAZANS, 2000, p. 34
42
ARILHA-SILVA, 1999, apud CALAZANS, 2000, p. 11
43
LYRA DA FONSECA, 1997, apud CALAZANS, 2000, p. 11
44
CALAZANS, 2000, p. 17
45
PAULA, 1992, apud CALAZANS, 2000, p. 17
25
A autora destaca duas tendências, citadas por Rosemberg46, existentes na
bibliografia dedicada ao tema “gravidez na adolescência”, surgidas e mantidas na
década de 90, das quais:
26
diversos argumentos. A autora reconhece, porém, que eventualmente podem ser
observadas “sugestões de ganhos, vantagens ou conseqüências positivas”,
referindo-se à gravidez entre adolescentes, nas obras por ela analisadas, porém,
classifica tais afirmações como “ambíguas” , visto que sempre são mencionadas
como “uma situação de difícil equacionamento”49, ou seja, por mais que apareçam
citações de possíveis benefícios ocorridos em conseqüência da gravidez, tais
citações sempre são acompanhadas de uma gama de aspectos negativos, o que
dificulta tal classificação como positiva. Como exemplo disso pode-se citar uma das
afirmações de Amazarray et al50:
49
CALAZANS, 2000. p. 168
50
AMAZARRAY at al, 1998. apud CALAZANS, 2000, p. 168.
51
ARILHA-SILVA, 1999, apud CALAZANS, 2000, p. 18
27
se tomar tais decisões, como a maternidade/paternidade, para somente depois, já
possuidores dessa característica que classificaria os elementos como adultos, optar
pela gestação e não utilizá-la, irresponsavelmente, como um trampolim para essa
outra fase da vida. Segundo Calazans52 “enquanto os jovens acreditam que algumas
experiências concretas, tais como a da reprodução, levam-nos a realizar tal
passagem, os discursos adultos enfatizam que se deveria garantir a efetivação
dessa transição para que, somente então, ocorram as experiências da reprodução”.
Calazans afirma ainda, em sua pesquisa, que a adjetivação, presente nas
obras acadêmicas, das gravidezes na adolescência, difere completamente da que é
atribuída às gravidezes entre as mulheres adultas. Segundo a autora, referindo-se
aos estudos analisados por ela, para essas cabem adjetivos relacionados à
legitimidade, ao desejado, ao planejado enquanto para as adolescentes, cabe o não-
desejado, o não-planejado, o ilegítimo, em afirmações que classificam a sexualidade
dessas adolescentes como “irresponsável, descontrolada, impulsiva, instável,
experimental” etc53.
Apesar de ressaltar tantos aspectos negativos relacionados, pelos
pesquisadores contemporâneos, à gestação entre adolescentes, a autora não faz
dessas afirmações as suas próprias. Buscando se distanciar, Calazans faz um
panorama das obras acadêmicas com o intuito explicito de evidenciar a dialética
apresentada em obras publicadas por pesquisadores, principalmente os da área da
saúde. A pesquisadora demonstra, porém, sua insatisfação diante da forma como o
tema está sendo abordado e propõe que se reconsidere a compreensão da gravidez
e da sexualidade na adolescência enquanto “desvios”. Entre as quatro obras
analisadas nesta monografia, a de Calazans é a única que não faz menção à
maternidade adolescente como fator negativo no contexto social, porém, não afirma
ser, tal fato, algo positivo ou que devesse ser alvo de incentivo, critica apenas a
forma como o discurso é apresentado, muitas vezes, preconceituosa, estigmatizada
ou generalizadamente.
Por não classificar positiva ou negativamente a gravidez na adolescência,
apenas ao fazer um levantamento de obras que tratam do tema e apresentar a
forma como esse é desenvolvido, a autora não se obriga a sugerir propostas de
52
CALAZANS, 2000. p. 18
53
Ibid. p. 173, 174
28
enfrentamento para a gestação e maternidade entre adolescentes, visto que não
apresenta o tema como um problema social, diferentemente dos outros autores
citados, que assim o classificam. Além disso, a autora apresenta um estudo sobre
obras desenvolvidas na área da saúde, e não na área da educação, o que reduz
ainda mais as possibilidades de encontrar-se a escola sugerida como forma ou
espaço de enfrentamento das questões propostas.
29
extirpado, a incidência da gravidez na adolescência vem crescendo nestes últimos
anos”. E a classificam, ainda, como “uma das conseqüências mais sérias e com
mais fortes repercussões na vida sexual dos jovens”56.
Segundo as autoras, toda essa problemática se justifica pelo fato de, a mãe
adolescente, ter seus estudos e sua profissão dificultados, além de ter de assumir
responsabilidades. Citam ainda a dificuldade de inserção no mercado de trabalho,
ou a submissão diante de salários reduzidos visto que elas, as mães adolescentes,
não possuem “larga qualificação” em função do não término de seus estudos.
Barbosa, Montanari e Alves chegam a classificar a gravidez como uma experiência
“rica e bem-vinda”, porém não para as “jovens” (atente-se aqui para a não
continuidade na utilização do termo “adolescentes” pelas autoras57), visto que essas
ainda “não se encontram com recursos para desfrutá-la” 58, sem citar, no entanto,
quais seriam esses recursos necessários para o efetivo direito à maternidade.
Na conclusão do trabalho, porém, as autoras admitem existir o caráter de
“desejável” em alguns casos de gravidez, e justificam59:
30
Estadual Paulista – UNESP – algumas definições utilizadas pelo Ministério da Saúde
para definir adolescência. Para a autora, utilizando-se de dados do citado Ministério,
a gravidez entre adolescentes é classificada como “de risco”, entre outros fatores,
se ocorrer, entre outros fatores, em mulheres:
31
conseqüência o abandono aos estudos e prejuízo na profissionalização dessas
meninas, tudo em função de ela, a mãe adolescente, ter que cuidar de uma criança
recém-nascida. Classifica ainda o fato como “preocupante” e faz uma “previsão”
para essas jovens:
32
CAPÍTULO III – SEXUALIDADE, GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA E SUAS
RELAÇÕES COM A ESCOLA PÚBLICA
60
QUINTANA, 2004, p. 89
33
interpretaram a função, tanto da escola, enquanto espaço de formação, quanto dos
profissionais docentes, cuja ligação com as adolescentes se faz de forma direta, e
quais responsabilidades atribuíram a essa instituição no enfrentamento daquilo que
classificam como problemas sociais. Faz-se importante lembrarmos, porém, que
apenas três obras fazem alusão à gravidez na adolescência como fator negativo,
sejam o de Quintana (2004), o de Belentani (2002) e o de Barbosa, Montanari e
Alves (2001), visto que, como já destacado neste trabalho, a obra de Calazans
(2000) apenas analisa estudos acadêmicos sem que haja intervenção da autora no
tocante a classificação da gravidez entre adolescentes como fator positivo ou
negativo.
Para Quintana (2004, p. 03) não é função da equipe escolar enfrentar esse
“problema”61, porém a escola, enquanto espaço de grande concentração de jovens,
pode se constituir um ambiente privilegiado para se combatê-lo, ou seja, mesmo não
sendo sua principal função, tal instituição torna-se um espaço ideal para tratarem-se
tais questões. O autor, porém, não cita a quem caberia tal função, já que não
responsabiliza a equipe escolar. O autor ainda cita a escola como “o lugar ideal para
se discutir sobre a superexposição do corpo e da sexualidade humana, da
erotização precoce de nossas crianças, das relações de gênero e de debater sobre
essa pulsante realidade pelas quais passam nossos adolescentes”.
As opiniões dos docentes entrevistados pelo autor, porém, se divergem muito
nesse ponto. Alguns depoimentos tentam eximir, à escola, a responsabilidade de tal
enfrentamento, enquanto outros são enfáticos em depositar tal responsabilidade
nessa instituição de ensino. Segundo Rosângela, uma das professoras entrevistadas
por Quintana, cabe à sociedade discutir tais questões, enquanto, à escola, cabe o
ensino e a construção do conhecimento62:
34
enfrentar, eu acho que isso é uma questão social, como outras
questões que interferem na escola [...] então que não cabe a
escola estabelecer estratégias de enfrentamento.
63
Ibid. p. 57
64
Ibid. p. 64
65
QUINTANA, 2004. p. 63, 64
35
combater a gravidez entre adolescentes e responsabiliza os estigmas sociais pela
oposição desses profissionais a tais questões:
66
Ibid. p. 70
67
Ibid. p. 71
36
A família joga a bola às vezes pra escola. Mas ela, de uma
certa forma, quer definir, aquilo que ela gostaria que fosse
oferecido ao filho. Ainda há pessoas que temem a informação,
que ela aguça a curiosidade. Discutir sobre droga iria
incentivar o uso, discutir sobre a gravidez na adolescência iria
estimular a gravidez na adolescência. Eu creio que essas
barreiras são do próprio medo, da própria dificuldade da
educação desses filhos que os pais, às vezes, impeçam esse
trabalho.
37
porém, no ato sexual, é o corpo e a emoção que falam mais alto. Sob esses
argumentos, poder-se-ia afirmar, ainda, que em muitos casos, os adolescentes
portam o preservativo, mas deixam-se levar pela emoção e não o utilizam, em um
momento em que “a informação deixa de existir”69.
Freqüentar a escola, para o autor, não é suficiente para que se combata o
que ele classifica como “problema dos altos índices de gravidez na adolescência”. O
autor afirma que é necessário que se receba a informação, mas que se a
compreenda, e cita outros fatores como a baixa escolaridade, a falta de auto-estima,
a falta de perspectiva, as violências sofridas pelas adolescentes e o nível social,
como co-responsáveis nesse processo70.
Quintana aponta ainda, no caso específico do estado do Rio de Janeiro, onde
realizou sua pesquisa, o descaso da Secretaria Estadual de Educação (SEE) com os
projetos sociais desenvolvidos nas escolas. Segundo o autor, os projetos são
válidos, e são uma opção viável para se tratar das questões de sexualidade e
gravidez entre adolescentes, porém não se concretizam, e tudo o que ele observou
“não passam de tentativas dissimuladas em projetos que são abandonados após
sua implantação”. Grande quantidade desses projetos, afirma, são arquivados, até
mesmo para que sejam posteriormente revitalizados e, então, novamente
engavetados.
Para o autor, a imposição dos projetos, sem a participação efetiva da
comunidade escolar em sua elaboração, é algo que dificulta o trabalho dos
profissionais envolvidos. Para que se alcancem resultados realmente satisfatórios, é
necessária a participação da escola em que o projeto será desenvolvido,
principalmente porque são os profissionais da educação e a comunidade local que
podem afirmar quais são os pontos principais a serem buscados, quais os principais
problemas vividos pela escola e quais as possíveis soluções.
No caso da sexualidade, caberia à escola, sob o ponto de vista de Quintana,
participação na elaboração desses projetos visando maior envolvimento dos
docentes que serão os multiplicadores dos ideais propostos, em contato direto com
os adolescentes. Segundo os professores entrevistados por Quintana, falta a
abertura para a participação deles na elaboração dos projetos, visto que o “pacote” ,
69
Ibid. p. 75, 76
70
Ibid. p. 93, 94
38
como os chamam, já chega pronto, e é encaminhado aos docentes que, muitas
vezes, não sabem muito bem o que vão encontrar. Além disso, ainda segundo o
autor, não existem recursos, tampouco apoio, para a realização desses projetos,
principalmente no tocante à concessão de tempo para a realização das atividades.
Belentani, 2002, apresenta uma realidade diferente da apresentada por
Quintana, principalmente no tocante a discussão dos temas sexualidade e gravidez
no ambiente escolar. Tais diferenças entre os sujeitos e as práticas investigadas
podem ser justificadas, entre outros fatos, por se tratarem de lugares cujas políticas
e projetos para a educação são bastante diferentes. Um autor apresenta os estudos
realizados em escolas públicas da capital fluminense, um dos mais importantes
centros urbanos e culturais do país, enquanto a outra apresenta dados coletados
junto a uma instituição pública de ensino em Taquaritinga, uma pequena cidade no
interior paulista.
Segundo a autora, baseada nos dados estatísticos que apresenta em sua
obra, as adolescentes alegam não discutirem, na escola, os temas citados. Os
dados apresentados indicam que 55,6% das adolescentes alegam conversar apenas
“às vezes” sobre os temas na escola, enquanto 33,3% afirmam que nunca falam
sobre sexualidade e gravidez nessa instituição. (BELENTANI, 2002, p. 45). A autora
firma ainda:
71
BELENTANI, 2002, p. 47
39
tenta-se abordar tal tema com a mesma freqüência, de acordo com o que é proposto
pelas políticas educacionais. Nesse caso, a falha estaria, segundo afirma, na forma
como o tema é abordado, visto que se tenta “inculcar” valores da classe média para
esses adolescentes classificados pela autora como “indivíduos cuja classe social é
menos favorecida”, em um processo gerador de um “abismo da distância social” que
prejudica a comunicação entre os educadores e os adolescentes72.
Em sua conclusão, ainda no tocante à discussão do tema, ou sua ausência,
no ambiente escolar, a autora sugere, como proposta de solução para a questão,
sua abordagem de forma exaustiva no cotidiano dos adolescentes, o que reduziria,
segundo Belentani, os índices de gravidez e a transmissão de doenças sexualmente
transmissíveis entre os mesmos73.
A autora porém, nesse ponto, não sugere a mudança na forma como o tema é
abordado, o que se faria necessário, considerando-se a afirmação anterior que
admite existirem problemas de comunicação entre as parte envolvidas no processo,
apenas indica, em outro trecho de seu trabalho, que a “orientação” sobre
sexualidade seja feita aos jovens de maneira diferenciada em substituição à forma
imposta com a qual é apresentada, e que se priorize a participação dos pais em uma
abordagem que não apenas trate das questões da gravidez, mas também que se
destaque as questões de saúde74.
Para Barbosa, Montanari e Alves (2001, p. 10), reafirmando o que dizem
alguns pesquisadores, nunca houve tanta informação sobre sexualidade e métodos
contraceptivos aos adolescentes, não só partindo da escola, mas também de outras
instituições. Nessa obra, as autoras atribuem à escola, um papel fundamental na
formação para a sexualidade dos adolescentes, e na sua inserção na sociedade em
que vivem, e denunciam o descaso do poder público em assumir para si tal
responsabilidade.75
Ainda segundo essas autoras, outro fator que prejudica o cumprimento, pela
escola, de suas funções, é a crescente responsabilidade atribuída aos educadores
pela sociedade e pela própria instituição de ensino (provavelmente referindo-se à
direção e/ou coordenação, ou ainda aos órgãos que supervisionam ou regem a
72
Ibid. p. 32
73
Ibid. p. 47
74
Ibid. p. 29
75
Barbosa, Montanari e Alves 2001, p. 20, 21
40
instituição). Afirma que esta não mantém controle algum sobre o que acontece nas
aulas, demonstrando posições que tentam selecionar conteúdos e disciplinas que
deverão abordar o tema, enquanto as autoras defendem a livre decisão, tomada
tanto pelos educadores quanto pelos próprios adolescentes, por afinidades, tanto
nas disciplinas, como as que envolvem relações interpessoais76:
76
Ibid. p. 22
77
Ibid. p. 23
41
Quanto à reação dos pais diante da abordagem de temas como a
sexualidade, as autoras são enfáticas ao afirmar, também como fizera Quintana, que
esses são muitas vezes contrários e mantêm posturas rígidas contra a exposição
dos filhos a temas tidos como pervertidos78:
Por fim, as autoras concluem que é necessário que haja a efetiva participação
da escola no processo de transformação da realidade observada, referindo-se às
taxas de gravidez entre adolescentes, e sugerem que seja feito um trabalho de
forma “aberta”, sem preconceitos e, na ocorrência da gravidez, que haja contato com
a família da adolescente e esclarecimento sobre “repercussões psicossomáticas” da
gravidez, os possíveis riscos e a necessidade da existência de apoio e
compreensão79. Para tanto as autoras citam, em outro ponto de seu trabalho, a
necessidade de haver “uma atenção mais qualificada”80, o que se faz necessário à
coerência dos fatos, visto que em outros pontos, inclusive em outras obras, os
educadores são citados como despreparados para cumprir tais funções81.
78
Ibid. p. 24
79
Ibid. p. 55
80
Ibid. p. 41
81
Ibid. passim
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS
43
Um desses “problemas sociais” é a gravidez de meninas com idade entre 10 e
19 anos, para as quais se traçam projetos que apenas incluem atividades escolares
e de preparação profissional, além de uma gama de responsabilidades que
envolvem a instituição familiar, seja no tocante à submissão aos pais, seja na
responsabilidade de preparar-se para formar uma nova família, desde que, para
tanto, sejam galgados degraus que incluam em sua base uma formação profissional
sólida, e somente no topo a maternidade.
Em todas as pesquisas que analisei, os autores concordam com as
afirmações de que cabe à escola combater o que classificam como problema, a
gravidez na adolescência. Dentre esses trabalhos, apenas o de Gabriela Calazans
(2000) não se referia à gestação nessa fase da vida como sendo um grave problema
social, nem à escola como principal forma de se combatê-lo, conquanto a autora
também não atribua apenas aspectos positivos a essa questão.
Ao atribuir tais responsabilidades aos profissionais docentes, os
pesquisadores investigados esbarram em outro problema, o despreparo das
entidades e dos profissionais docentes no cumprimento da atribuída função de
educar e orientar os adolescentes no tocante à sexualidade. Atribui-se então tal
papel aos órgãos governamentais responsáveis pela educação, tanto no
planejamento quanto no desenvolvimento de projetos que contemplem a educação
para a sexualidade, indicando-se que não só conscientizem os jovens, mas também
que os apóiem caso esses venham a experimentar a gravidez ainda enquanto
adolescentes. Para tanto, ainda se insiste tanto na necessidade do apoio da família
nesse processo, quanto se reitera a importância do apoio das instituições de ensino
no processo de formação dos adolescentes.
Observa-se, ainda, a insistência para que haja tanto uma participação efetiva
na vida deles, contribuindo para que se evitem tais “problemas” como também para
que ocorra a ressocialização das jovens mães. Nesse “jogo” de responsabilidades,
não se define, com clareza, a quem cabe ajudar a resolver os problemas que
envolvem a educação para a sexualidade, a gravidez na adolescência e o apoio às
jovens mães. Nos três trabalhos que discutem o envolvimento da escola, é notório,
entretanto, que não há nenhuma tentativa de responsabilização do próprio meio
acadêmico que tem como uma de suas funções formar profissionais preparados na
44
formação de jovens para o exercício da cidadania. Também não se observam
definições mais precisas quanto ao que “fazer” no âmbito do trabalho escolar. São
desconsiderados os procedimentos e as ações a serem desenvolvidos, levando-se
em conta as reais condições da formação dos professores e as atuais características
organizativas das escolas públicas brasileiras.
Segundo Moreira (2005, p. 158,159) é necessário formar professores “a partir
de estudos e debates mais consistentes acerca do sujeito e do mundo que se
pretende construir”. Afirma ainda que “os cursos de formação de professores
deveriam tomar como elemento central da organização de seus currículos o
propósito de um debate sobre a idéia de sujeito, prática social, sociedade e
conhecimento”.
45
Apêndice I – Relação dos descritores utilizados na pesquisa por títulos na base de
dados “Athena” da Universidade Estadual Paulista. 42
1. Gravidez + adolescência43
Resultado
42
As tabelas contidas neste anexo foram extraídas na íntegra do site da instituição
43
ATHENA, Banco de dados bibliográficos da Universidade Estadual Paulista. Disponível em
<http://aleph.cgb.unesp.br:4505/ALEPH>. Acesso em: 19 set 2006.
46
Barbosa, Reflexões na escola
Fac.-C.-
Léia sobre as causas da
9 2001 Tecnol.----
Pettenuci gravidez na
P.-Prudente
Miranda. adolescência /
Campus-
de-Botucatu
Fac.-H.-D.-
e-S.S.---
Franca
Barroso, Gravidez na
10 1986. Fac.-de-
Carmen. adolescencia /
Farmacia---
Araraquara
Fac.-de-
Filosofia---
Marilia
Belentani, Fac.-de-
Grávidas e
11 Ketriri 2002 Farmacia---
desinformadas? :
Cristina. Araraquara
O discurso
Calazans,
acadêmico sobre Campus-
12 Gabriela 2000
gravidez na de-Botucatu
Junqueira
adolescência :
Campus-
Coates,
13 Gravidez / 1999 de-Rio-
Anne.
Claro
Coates, Campus-
14 Gravidez / 1994.
Anne. de-Botucatu
Fac.-C.-
O parto na
15 Darze, Elias. [19--] Tecnol.----
adolescência /
P.-Prudente
Anemia ferropriva em
gestantes
Dias, Ana Fac.-de-
adolescentes
16 Catarina 2000 Farmacia---
atendidas em postos
Perez. Araraquara
de saúde de
Araraquara - SP /
Campus-
Duarte, Gravidez na
17 2002 de-Rio-
Albertina. adolescência :
Claro
Fac.-C.-e-
Duarte, Gravidez na
18 1998 Letras---
Albertina. adolescência :
Assis
47
Fac.-de-
Filosofia---
Marilia
Representações de
gestantes
Garcia, adolescentes Fac.-H.-D.-
19 Telma solteiras sobre 1984. e-S.S.---
Ribeiro. aspectos de sua Franca
problemática
psicossocia
Justo, José Rumos do saber Campus-
20 1998
Sterza. psicológico / de-Bauru
Estudo
Soares,
epidemiológico Campus-
28 Elisabeth de 2001
descritivo de recém- de-Botucatu
Oliveira
nascidos vivos de
48
mães adolescentes
e adultas, no munic
Vieira, Leila Abortamento na Campus-
29 2005
Maria. adolescência : de-Botucatu
2. Gestação + adolescência
Resultado
Resultado
Resultado
49
No. Sistema 0024217
Autor Principal Garcia, Telma Ribeiro.
Representações de gestantes adolescentes
solteiras sobre aspectos de sua problemática
Título
psicossocial : implicações para a enfermagem
obstétrica / Telma Ribeiro Garcia. -
Local Public. São Paulo :
Editora [s.n.],
Ano Public. 1984.
Descrição Física 140f.
Nota Geral Orientador: Maria Jacyra de Campos Nogueira.
Dissertação (mestrado) - Universidade de São
Dissertação/Tese
Paulo, Escola de Enfermagem.
Assunto Tópico Gravidez na adolescência - Aspectos psicológicos.
Grau Cod. de
TESE
tese
Grau Cod. de
TM
tese
Entrada Secund. Nogueira, Maria Jacyra de Campos.
Entrada Secund. Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem.
Resultado
50
Resultado
Resultado
Resultado
Resultado
Resultado
51
APÊNDICE II – RELAÇÃO DOS VOLUMES SOLICITADOS ÀS BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL
Enquadramento
Atendimento aos critérios
ordem Autor Título ano Campus Descrição
à solicitação pré-
estabelecidos
Monografia apresentada
ao curso de
Especialização em Saúde
Pública da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas
Grávidas e desinformadas? Estudo
da Universidade Estadual
sobre as falhas da educação na Fac.-de-Farmacia---
2 Belentani, Ketriri Cristina. 2002 Sim Sim Paulista "Júlio de
prevenção da gravidez entre Araraquara
Mesquita Filho", para
adolescentes de Taquaritinga-SP
obtenção do título de
Especialista em Saúde
Pública. Orientadora:
Profa. Dr. Maria de Fátima
Ferreira.
A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:
UMA ABORDAGEM Fac.-C.-e-Letras---
3 MELO, APARECIDA VIEIRA DE 1993 Sim Não ////////////////////////////45
MULTIDISCIPLINAR /MESTRADO/ Araraquara
PUC
8244
Não é possível identificar se o volume se enquadra nos critérios devido ao fato de esse não poder ser retirado da biblioteca onde se encontra.
83
Não foi possível fazer o levantamento de tais informações devido ao fato de o volume não poder ser retirado da biblioteca onde se encontra e tais informações
não estarem disponíveis no site da biblioteca, ou as informações não eram relevantes pelo fato de o volume não se enquadrar nos critérios pré-estabelecidos.
4
5
52
Monografia apresentada
ao curso de
especialização "Ensino de
Ciências" da Universidade
Reflexões na escola sobre as causas Fac.-C.-Tecnol.----
Barbosa, Léia Pettenuci Miranda. 2001 Sim Sim Estadual Paulista, para
da gravidez na adolescência P.-Prudente
obtenção do título de
especialista. Orientador:
4
Prof. Ms. Décio Gomes de
Oliveira
5 Almeida, José Miguel Ramos de Adolescência e maternidade 2003 Campus de Bauru Sim Não /////////////////////////////45
6 Vieira, Leila Maria. Abortamento na adolescência : 2005 Campus de Botucatu Não //////////////////////44 /////////////////////////////45
Dissertação apresentada
ao programa de pós
graduação em serviço
social - nível mestrado -
da faculdade de história,
direito e serviço social, da
universidade estadual
Gravidez na adolescência: análise da Fac.-H.-D.-e-S.S.--- "Julio de Mesquita Filho" -
8 Sakamoto, Dulcinéia Luccas. 2003 Sim Não
reincidência Franca UNESP - campus de
Franca, área de
concentração, serviço
social: trabalho e
sociedade, para obtenção
do título de mestre, sob
orientação do Prof. Dr. Pe.
Mário José Filho.
4
5
4
4
4
5
53
Monografia apresentada
ao curso de
especialização em Saúde
Pública da Faculdade de
Ciência Farmácia da
Fac.-de-Farmacia--- Universidade Estadual
Silva, Ana Lúcia da. Adolescente grávida : 2003 Sim Não
Araraquara Paulista "Júlio de
Mesquita Filho" para
obtenção do título de
9
especialista em saúde
pública. Orientadora:
Maria de Fátima Pereira.
4
4
4
5
84
O símbolo “?” representa a data de publicação do volume que não se encontrava informado no site da instituição, fonte deste levantamento
85
Os volumes solicitados não foram solicitados por não conterem a data de publicação expressa entre as informações disponíveis no site da biblioteca ou por ter
sua publicação em ano anterior ao ano 2000.
4
4
4
5
4
6
4
7
4
4
4
5
4
7
4
4
4
5
54
Fac.-C.-e-Letras---
14 Almeida, Maria Isabel Mendes de. Maternidade: um destino inevitavel? 1987. ///////////////47 ///////////////////////44 ////////////////////////////////////45
Assis
Fac.-H.-D.-e-S.S.---
15 Rubin, Isadore. Sexo e adolescência : 1970 /////////////// 47 //////////////////////44 ////////////////////////////////////45
Franca
4
7
4
4
4
5
4
7
4
4
4
5
55
REFERÊNCIAS
56
CAMPOS, M. M.; MORAES, M. L. Q. de. Introdução e comentários
finais. In: BARROSO, C. (org.). Gravidez na adolescência. Brasília, DF:
1986. p. 11-17/117-122.
LYRA, J. et al. “A gente não pode fazer nada, só podemos decidir sabor
de sorvete”. Adolescentes: de sujeito de necessidades a um sujeito de
direitos. Cadernos Cedes, Campinas, v.22, n. 57, p. 9-22, ago 2002.
57
PAULA, D. M. B. de. Gravidez na adolescência: uma estratégia de
inserção no mundo adulto. 1992. 241 f. Dissertação (Mestrado em
Psicologia Social). Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 1992.
58