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um interlocutor oculto faz- numa dinâmica à lá tentativa & erro- 3 afirmações que
procuram definir à priori o tema da história que será contada.
PARTE I
(2ª tentativa)
Essa é uma história sobre :
Quando nos machucamos à nós próprios.
(3ª tentativa)
Essa é uma história sobre :
Quando deixamos de nos machucar .
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PARTE II
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PARTE III
(definição)
“ Uma estrutura em que se queima o corpo humano como parte de um
funerário.”
Tua PIRÀ,
tu a levas outra e outra e mais outra à tua boca sem fundo e sem fim .
Tu e teu isqueiro sucessivo e eterno.
Aqui ele se cala por um instante, dá o tempo de quem para pra respirar e então,
tornando a olhar em direção ao seu ouvinte presente/ausente, como quem continua
a falar numa frase do tipo ponto na mesma linha, retoma o fôlego e vem para a 4ª
parte de seu monólogo acusatório
------x----
PARTE IV
4ª cena : olhando em direção ao presente/ausente, como quem continua uma fala
depois de uma longa respiração, ele diz :
Agora ele para um pouquinho pra retomar a fala num tom quase que filosófico
tecendo algumas considerações tanto sobre a existeência física e cotidiana, quanto
como a metafísica da tal pessoa imaginária.
Sobre ela, ele fará perguntas e insinuaçòes provocativas as quais ele mesmo
responderá e tirará suas próprias conclusões
O TEMPO ?!
Que paraste de gastar as solas dos sapatos. Estes que na verdade trás nos pés, nunca
saíram do lugar.
Que trajas esta tua única roupa e que a janela não é olhada .
Não falas.
De fato eu que sei bem quem sou, diante de Ti, fico tão confuso que acabo me
perguntando:
Existe mesmo esse pronome pessoal do caso reto -> TU, ou tu, na tua ausência, és,
na verdade uma coisa inexistenete ?
Tu, pra desaparecer e deixar de existir-se acabaste afinal por queimar com tua PYRá
a tua pessoa e todas as garantias de uma gramática perfeita ?
(ele sai da elocubração metafísica e volta pra ausência das coisas bem cotidianas e continua
falando...)
As comidas secas
dentro dos armários
estão intactas
e duraram todos estes anos.
Não precisaram ser repostas .
Não apodreceram.
Isso, penso,
só pode ser
por causa da secura da casa.
Sem água,
não há bactérias
sem bactérias
as coisas duram.
O que é seco
dura mais
do que
o que é
congelado.
Tu és seca ou congelada ?
Resta, contudo,
o oxigênio.
O oxigênio
para a pira
para a tua pyrá
(para um pouquinho, respira e continua em outro tom, num tom de quem aponta o dedo e de quem
se sente capacitado para definir o outro com clareza, Assim...)
SOBRE TU :
Paralisia Voluntária.
Moça.
Sem fome
e sem sede.
Incrível que
sendo moça
não tivesses
nem fome
nem sede
Projeto acabado.
Executado.
As essências da vida trancadas dentro da mala-sem-chave-pra-sempre.
Ahhh, foste tão eficiente em administrar capital, estratégia, projeto e execução !!!
Toda a fortuna que herdaste - porque foste moça sem fome e sem sede- gastaste no
projeto da mala fechada e sem chave que esperaria pra sempre encostada num canto
com seus pertences mais preciosos e essenciais e na aquisição do estoque vitalício
das tuas piras intermináveis que pelo resto da sua vida tragaria no lugar do oxigênio,
desde o dia em que acendendo a chama da tua 1ª pyrá iniciaste a tua auto-cremação
e levando o primeiro cigarro e outro, outro, outro, outro, outro,outro .... à tua boca sem
fundo e sem fim,
fumando,
esperaste a vida passar.