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EMENTA
PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. CANDIDATO. ELEIÇÕES 2018.
DEPUTADO ESTADUAL. INÉRCIA DO CANDIDATO PARA JUSTIFICAR OMISSÃO DE
DESPESAS. AFRONTA AO ART. 56, I, “G” DA RTSE Nº 23.553/2017. VALOR ELEVADO.
PERCENTUAL ACIMA DE 10%. INAPLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. IRREGULARIDADE GRAVE. ÓBICE
À FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DAS CONTAS. CONTAS DESAPROVADAS.
1. Na espécie, a medida sugerida pela Secretaria de Controle Interno foi acolhida pela
Procuradoria Regional Eleitoral, que também entendeu haver, entre as inconsistências relatadas,
uma grave o suficiente para justificar a desaprovação das contas.
2. Omissões relativas às despesas constantes da prestação de contas em exame e aquelas
constantes da base de dados da Justiça Eleitoral, obtidas mediante circularização e/ou
informações voluntárias de campanha e/ou confronto com notas fiscais eletrônicas de gastos
eleitorais, revela indícios de omissão de gastos eleitorais, infringindo o que dispõe o art. 56, I,
“g”, da Resolução TSE nº 23.553/2017.
3. A omissão de despesas é considerada falha grave o suficiente para macular as contas e gerar
sua desaprovação, somado o fato de o candidato ter quedado inerte quanto ao referido item, não
trazendo qualquer esclarecimento acerca da falha, demonstrando desinteresse quanto à
transparência das contas de campanha e criando óbice à atividade fiscalizatória da Justiça
Eleitoral.
4. Inaplicáveis os postulados da razoabilidade e da proporcionalidade, pois os gastos omitidos
somam o montante de R$ 26.581,60, não podendo ser considerado de pequena monta, pois
atingiu quase 12% do total de gastos da campanha do candidato.
5. “Inaplicabilidade dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade ante a existência de
irregularidades graves, que representam mais de 10% do montante global arrecadado”. (Agravo
Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 25641, Acórdão de 01/10/2015, Relator(a) Min.
GILMAR FERREIRA MENDES, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 211,
Data 09/11/2015, Página 82-83).
6. Contas desaprovadas.
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ACORDAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, por unanimidade, em julgar desaprovadas as contas de
campanha, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Fortaleza, 18/12/2018
PODER JUDICIÁRIO
RELATÓRIO
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cumprimento à Lei nº 9.504/97, regulamentada pela Resolução TSE nº 23.553/2017, que dispõe sobre a
arrecadação e os gastos de recursos por partidos políticos e candidatos e sobre a prestação de contas nas
eleições.
1
Publicado edital para os fins do art. 59 da referida Resolução e decorrido o prazo legal,
não houve impugnação à presente prestação de contas.
Antes de seguir para nova análise pelo setor técnico, o candidato atravessou nos autos
petição, apresentando justificativas às irregularidades constatadas no relatório preliminar –
tempestivamente, segundo sua advogada –, pleiteando, ao fim, a aprovação das contas.
Por fim, foi então elaborado por esse Órgão, Parecer Técnico Conclusivo, o qual,
considerando o resultado dos exames técnicos empreendidos, constatou, na conclusão de exames,
impropriedades e irregularidades, sugerindo fossem consideradas prestadas, mas desaprovadas as contas
2
do candidato, nos termos do art. 77, III , da RTSE nº 23.553/2017.
É o relatório, no essencial.
1Art. 59. Com a apresentação das contas finais, a Justiça Eleitoral disponibilizará as informações a que se refere o inciso I do
caput do art. 56 desta resolução, bem como os extratos eletrônicos encaminhados à Justiça Eleitoral, na página do TSE na
internet, e determinará a imediata publicação de edital para que qualquer partido político, candidato ou coligação, o Ministério
Público, bem como qualquer outro interessado, possa impugná-las no prazo de 3 (três) dias.
2 Art. 77. Apresentado o parecer do Ministério Público e observado o disposto no parágrafo único do art. 76 desta resolução, a
Justiça Eleitoral verificará a regularidade das contas, decidindo (Lei nº 9.504/1997, art. 30, caput):
(...)
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III – pela desaprovação, quando constatadas falhas que comprometam sua regularidade;
PODER JUDICIÁRIO
VOTO
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Após minuciosa análise efetuada pelo Setor competente e diante da inércia do candidato
em apresentar todos os esclarecimentos e ajustes necessários para análise de suas contas, foi sugerida a
desaprovação das contas de Guilherme de Figueiredo Sampaio.
Nesse caso, como bem salientou a Secretaria de Controle Interno, não houve prejuízo
para a análise das contas.
O mesmo se deu em relação ao item “b”, em que foram detectadas doações em data
anterior à entrega da prestação parcial, mas não informadas naquela época. O candidato justificou
tratar-se de vício formal, que não impõe nulidade.
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Decerto, a inconsistência acima, apesar de contrariar a regra de regência, não constitui
óbice ao exame das contas, principalmente quando lançados na prestação final, mitigando a falha e
caracterizando um vício meramente formal, incapaz de macular as contas, ao ponto de desaprová-las.
A justificativa apresentada pelo candidato foi a de que “o presente caso se justifica pelo
fato de que a prestação de contas da despesa correspondeu ao seu pagamento, data em que se deu a
conclusão dos serviços, sendo considerado que se tratavam se serviços continuados.”
Portanto, analisando as inconsistências acima descritas, fica claro que houve, de certa
forma, esclarecimentos por parte do candidato, quando intimado do primeiro relatório preliminar. No
entanto, apesar de não elidirem as impropriedades detectadas, não foram suficientes a frustrar a análise
das contas, sugerindo a aposição apenas de ressalvas.
Some-se a isso o fato de o candidato ter quedado inerte quanto ao referido item, não
trazendo qualquer esclarecimento acerca da falha, demonstrando desinteresse quanto à transparência das
contas de campanha, criando óbice à atividade fiscalizatória da Justiça Eleitoral.
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“Contudo, no item 3.1 foram identificadas despesas de campanha não informadas na
prestação de contas, o que representa uma irregularidade grave já que a comprovação
de omissão de gastos eleitorais no valor de R$ 26.581,00, que, representam mais de 10%
do valor total, de fato, compromete a análise da prestação de contas”.
1. Pode o relator proferir decisão monocrática, nos termos do art. 36, § 6º, do RITSE, para
negar seguimento a recurso manifestamente improcedente ou contrário à jurisprudência
do Tribunal sem que isso caracterize usurpação da competência do Plenário ou
cerceamento de defesa.
3. Suposta ilicitude da prova - o documento juntado pelo Parquet eleitoral seria oriundo de
gravação ambiental. O Regional, ao apreciar os declaratórios, assentou que a questão não
fora ventilada no recurso eleitoral, cuidava-se de inovação recursal, o que impede sua
apreciação em recurso especial eleitoral, ante a ausência do imprescindível
prequestionamento. Na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, "a alegação
tardia de matéria constitucional, só suscitada em sede de embargos de declaração, não
supre o requisito do prequestionamento. Precedentes: ARE 693.333-AgR, Rel. Min.
Cármen Lúcia, Primeira Turma, DJe de 19.9.2012; e AI 738.152-AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 8.11.2012" (ARE nº 861275 AgR/RJ, rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 28.4.2015). Nem mesmo os recorrentes afirmaram, nas razões
recursais, que se tratava de gravação ambiental realizada por um dos interlocutores, mas,
conforme consta do acórdão regional, de filmagem de veículos padronizados com
determinado adesivo, prova que, obviamente, nada tem de ilícita, pois "não configura
prova ilícita gravação feita em espaço público, no caso, rodovia federal, tendo em vista a
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inexistência de 'situação de intimidade' (HC nº 87341-3, Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE, Julgamento: 7.2.2006)" (STJ: MS nº 12429/DF, rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 23.5.2007, Terceira Seção).
Negritei
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financeiros movimentos durante a campanha. Precedentes do TSE.
(TRE-AM - RE: 22582 RIO PRETO DA EVA - AM, Relator: ANA PAULA
SERIZAWA SILVA PODEDWORNY - NÃO USAR, Data de Julgamento: 17/07/2018,
Data de Publicação: DJEAM - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 137, Data 25/07/2018,
Página 10)
Negritei
Negritei
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ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PRESTAÇÃO
DE CONTAS DE CAMPANHA. RETIFICADORA APRESENTADA A DESTEMPO.
JULGAMENTO DAS CONTAS COMO NÃO PRESTADAS. IMPOSSIBILIDADE.
ART. 30 DA LEI Nº 9.504/97 QUE NÃO PREVÊ ESSA HIPÓTESE.
PROCESSAMENTO REGULAR DAS CONTAS NOS TERMOS DO ART. 4º DA
RES.-TSE Nº 23.376/2012. IMPOSSIBILIDADE, CONTUDO, DE EFETIVO
CONTROLE POR PARTE DESTA JUSTIÇA ESPECIALIZADA. CONTAS
PRESTADAS, PORÉM DESAPROVADAS. PROVIMENTO.
Negritei
Negritei
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ELEIÇÕES 2016. PRESTAÇÃO DE CONTAS. CARGO DE VEREADOR.
DESAPROVAÇÃO NA ORIGEM. OMISSÃO DE REGISTRO DE DESPESA.
IRREGULARIDADE CONFIGURADA. SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÕES QUE
OBSTA A ANÁLISE DAS CONTAS. IMPOSSIBILIDADE APLICAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. IMPROVIMENTO
DO RECURSO. DESAPROVAÇÃO DAS CONTAS.
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3
Por fim, diante do disciplinado no art. 84 da Resolução do TSE nº 23.553/2017 e eis
que identificado o recebimento de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha em
desacordo com os critérios de distribuição apresentados pelo Tribunal Superior Eleitoral, conforme
consignado no Parecer Técnico Conclusivo da SCI,remetam-se cópias do processo ao Ministério
Público Eleitoral para os fins que entender cabíveis.
DISPOSITIVO
É como voto.
Relator
1Art. 48. Ressalvado o disposto no art. 65 desta resolução, a prestação de contas, ainda que não haja movimentação de
recursos financeiros ou estimáveis em dinheiro, deve ser composta, cumulativamente:
(…)
2 Art. 77. Apresentado o parecer do Ministério Público e observado o disposto no parágrafo único do art. 76 desta resolução, a
Justiça Eleitoral verificará a regularidade das contas, decidindo (Lei nº 9.504/1997, art. 30, caput):
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(...)
III - pela desaprovação, quando constatadas falhas que comprometam sua regularidade;
3Art. 84. Desaprovadas as contas, a Justiça Eleitoral remeterá cópia de todo o processo ao Ministério Público Eleitoral para os
fins previstos no art. 22 da Lei Complementar nº 64/1990 (Lei nº 9.504/1997, art. 22, § 4º).
EXTRATO DA ATA
Decisão: ACORDAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, por unanimidade, em julgar
desaprovadas as contas de campanha, nos termos do voto do(a) Relator(a).
SESSÃO DE 18/12/2018.
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