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FACULDADE M.

DIREITO ADMINISTRATIVO ECONOMICO


PROFa. E. S.

Síntese do artigo da Profª. Letícia Queiroz de Andrade:


“PODER NORMATIVO DAS AGÊNCIAS REGULADORAS (legitimação,
extensão e controle)”

JLK

Março de 2010
O artigo da Profa. Andrade aborda sobre as agencias reguladoras quanto a
competência normativas a elas atribuída. Aponta que, ainda que regulem normas individuais
e concretas, são as normas gerais e abstratas por elas produzidas, que integram a
expressão “poder normativo”.
Estas apresentam maior abrangência e permanência no sistema jurídico, devido a
capacidade de atingir número indeterminado de sujeitos e possibilidade de aplicação a um
número indeterminado de casos concretos.
Tais competências foram atribuídas tanto pela lei de criação como por legislações
específica de sua área de atuação.
A autora mostra que os limites e fundamentos do poder normativo conferido as
agencias reguladoras já foram palco de muita discussão doutrinária, sendo inclusive
examinado pelo STF na ADIN 1688. Segundo este tribunal,
Tratando-se de a produção normativa visando a concretização das leis editado
pelo Chefe do Executivo, a quem assiste a competência regulamentar executiva, estas
teriam o papel terciário. Estariam então subordinadas à legislação, e, eventualmente, às normas
de segundo grau.
Alerta a autora para o fato da decisão do STF não ter submergido nos
acontecimentos fáticos, onde constata-se que, as normas gerais e abstratas baixadas pela
agência não são, em sua maioria, mera concretização de regulamentos executivos. De fato
elas não se restringem a tornar mais concreta a execução da lei, e tampouco dependem de
anterior edição de regulamento por parte do Chefe do executivo, tendo sido atribuída
diretamente ás agências reguladoras a disciplina normativa de determinadas matérias.
É reportado o tema sob a luz de duas teorias:
- a atribuição de poder normativo às agências reguladoras seria resultado de uma
delegação de competências legislativas, com base na técnica da deslegalização ou
delegificação, bastante estudadas no direito europeu;
- o poder normativo atribuído às agências reguladoras tem natureza regulamentar;
o poder normativo das agências reguladoras tem por objeto a disciplina de vínculos
especiais de supremacia ou sujeição estabelecidos com o Poder Público.
Esta teoria baseia-se em entender que teria ocorrido uma delegação de
competência legislativa nas respectivas leis de criação das agencias reguladoras. Porém, no
ordenamento brasileiro, encontra-se no art. 25 do ADCT, vedação expressa à delegação de
competência legislativa.
A lógica é que vivemos uma democracia onde o povo elege seus representantes
legisladores, para a produção de leis, e a delegação desta competência implicaria na quebra
deste vinculo constitucional, a representação popular.
Ainda que suas leis de criação lhes outorguem competência complementar, faz-se
importante elucidar que esta normatização não diz respeito aos denominados regulamentos
de execução, que tem por finalidade o fiel cumprimento da lei, uma vez que este é de
competência privativa do Presidente da República e Ministros de Estado, e sim aos
regulamentos de complementação, que podem ser editados tanto pelas agências como
por quaisquer órgãos ou entidades tecnicamente especializados da Administração Pública.
Este tem por objetivo especificar as obrigações introduzidas por leis que demandem
complementação técnica.
Não há de se falar na quebra do princípio da legalidade, uma vez que a criação da
obrigação pressupõe lei anterior.
A edição de regulamentos de complementação reveste-se do pressuposto da
necessidade de especialização técnica, sendo inadequado que fossem atribuídos ao Chefe
do Executivo, que não detém competência especializada.
O princípio da legalidade não é posto em jogo no chamado vínculo de supremacia
ou sujeição especial, uma vez que nestes terceiros vinculam-se ao Poder Público
consensualmente, sob determinadas condições, como no caso de uma licitação, onde as
normas regulamentadoras ao Poder Público e aquele que espontaneamente quis contratar.
Não há nesse caso a imperatividade ou extroversão dos atos administrativos.
A atuação das agências se dá na regulação de serviços públicos prestados por
terceiros, na regulação da utilização de bens públicos por terceiros, na regulação da
atividade de fomento, na regulação de atividade econômica monopolizada, e na regulação
de atividade econômica ou social aberta à iniciativa privada. Note que, diferentemente das
demais, esta última apresenta vínculo geral de sujeição, cujas obrigações dependem de
expressa previsão legal.
O exercício de poder normativo por parte das agências reguladoras submete-se
aos mesmos controles aplicáveis atos da administração pública, com toda a especificidade
que envolve o controle acerca da competência discricionária.
O Supremo Tribunal Federal tem decidido no sentido de que os regulamentos não
podem ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade, uma vez que seus
eventuais vícios atingiram tão somente reflexamente, a Constituição.
A usurpação da competência regulamentar pode ser reconhecida não só pelo
Poder Judiciário como também pelo Poder Legislativo, com fundamento no que estabelece o
art. 49, V, da Constituição Federal.
Em privilégio da autonomia, a maioria das leis relativas às agências reguladoras
estabelece expressamente que seus conselhos diretores detêm a última instância decisória
na esfera administrativa. Diversamente a isto, parecer recente da Advocacia Geral da União
(Parecer nº AC – 051), aprovado pelo Presidente da República, expressou o entendimento
de que caberia recurso hierárquico impróprio para revisão dos atos relacionados às
atividades meio das agências e também daqueles que contrariem políticas públicas
governamentais.

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