Semana passada, foi apresentado na televisão um documentário sobre pessoas que
tiveram a chamada “Experiência de Quase-Morte” que, em síntese, significa que elas vivenciaram o momento pós-traumático de maneira consciente, relatando-o em detalhes. Esses fatos têm sido bastante difundidos ultimamente, porém até o presente - como sempre, senão não seriam misteriosos -, as explicações continuam vagas ou carentes de uma fundamentação científica mais consistente. Tudo tem início quando o indivíduo sofre um acidente (de ordem cardiovascular; afogamento; choques elétricos, complicações cirúrgicas, etc.) ou seja, suas funções orgânicas cessam definitivamente, ou quase, porque isto não deve acontecer, evidentemente, uma vez que ele depois sobrevive ao choque para relatar minuciosamente o que sentiu e viu durante o tempo em que esteve “fora do ar”, em termos físicos. Contam que viram seu corpo de carne deitado na maca, inerte, como se estivesse morto. Flutuam no teto e têm seus cinco sentidos ainda ativos, apesar do cérebro físico estar aparentemente inoperante. Nesse momento, segundo os pesquisadores, devido ao trauma, o cérebro começa a secretar grande quantidade de endorfina, substância que atenua o choque, mas contribui para que o processo alucinógeno tenha início de maneira mais intensa. Eis o que impede os estudiosos em obter uma opinião mais definida acerca do que realmente acontece com aquele que passa pelo momento de quase-morte. O que não se explica de maneira cabal também, é porque uns lembram, outros não, uma vez que o cérebro se comporta igualmente em todos os que sofrem paradas cardíacas, respiratórias e ficam em coma para depois recobrar a consciência plena. Outro mistério seria pelo fato de a pessoa ter ficado inconsciente fisicamente e, de forma quase instantânea, fica consciente a fim de poder contar o ocorrido naqueles momentos cruciais de sua vida que provavelmente ficou no seu limiar. Portanto, se o cérebro ficou, de certa maneira, “dopado”, como conseguiu concatenar as idéias durante o momento de quase extinção das funções orgânicas? Se houve falta de oxigênio, como se processou esse evento? Outra coisa: não são conhecidos relatos dados por pessoas de diferentes princípios filosóficos e religiosos. Como seriam, então as experiências de morte iminente e recuperação posterior contadas, por exemplo, pelos ateus ou céticos? Teria o indivíduo necessariamente de “ver” um túnel de luz, encontrar com parentes já mortos, assistir a um filme de toda a sua vida em poucos segundos, ou fazer uma espécie de “viagem astral”? E por qual motivo “voltam” à consciência (o termo adequado seria “re-consciência”, pois houve um processo consciente durante aquele momento de aparente inconsciência) durante o processo? Afinal, para que possa contar a aventura, a pessoa teria que ser “puxada” de volta ao seu corpo, querendo ou não. Dizem os mais chegados ao transcendental que tal puxão se dá porque o chamado “cordão de prata” (fio invisível feito de energia que ligaria o corpo físico ao corpo espiritual) não se rompera apesar do trauma. Os motivos seriam diversos: a pessoa deveria “voltar” para completar sua missão; não gostaria de morrer, pois não seria sua hora; teria sido rejeitada, enfim, as razões do regresso abrupto seriam diversas. Dizem, ainda, que o tempo físico dessa vivência “entre-planos” poderia ser variado, ou seja, algumas experiências durariam alguns segundos, outras poderiam levar de 3 a 10 minutos. Outro enigma: será que o cérebro suportaria ficar sem oxigenação todo esse período sem sofrer seqüelas? E o mistério há de perdurar, uma vez que a verdade absoluta, obviamente, jamais será conhecida, visto que não houve a morte no seu sentido mais amplo. Logo, seria uma experiência crível? Como afirmar que houve “quase- morte” se a morte efetivamente não foi conhecida? Acrescente-se a esta indagação um outro questionamento dado por um pesquisador do tema “EQM”: “Fica claro que, se temos como verificar o ‘Outro Lado’ sem precisar ‘emprestar’ nosso corpo como meio (através do médium) para manifestações de outras consciências, por que então esperar um momento de desespero e estresse para que tal realidade extra-física nos seja revelada?”. Uma última questão: não seria essa sensação um tipo de sonho recorrente? Eterna dúvida...