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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Centro de Ciências Agrárias


Farmácia

FARMACOGNOSIA
RELATÓRIO DA AULA PRATICA III

João Victor Matos


Thais Martins

Alegre
2016
1. INTRODUÇÃO

Os glicídios são as biomoléculas mais abundantes no planeta, tendo diversas funções


como: energética e estrutural. Estes podem ser classificados quanto a sua origem,
como poliidoxialdeido ou poliidroxicetona ou substâncias que liberam estes compostos
por hidrolise. Em sua maioria são formados por carbono, hidrogênio e oxigênio,
podendo também apresentar nitrogênio, fósforo e enxofre. (LEHNINGER, 2006)
De acordo com o tamanho de sua cadeia carbônica estão divididos em três classes
principais, são estas: monossacarídeos (moléculas mais simples, que possuem
apenas uma unidade de poliidroxialdeido ou cetona como a glicose), oligossacarídeos
(compostos por cadeias mais curtas de unidades monossacarídicas, um exemplo
deste é sacarose) e os polissacarídeos (polímeros que contem 10 ou mais unidades
de monossacarídeos, podendo chegar a centenas e milhares de unidades, como a
celulose). (LEHNINGER, 2006)
Os glicídios podem ser classificados ainda como OSES ou OSIDEOS. OSES são
monossacarídeos (moléculas simples), já os OSIDEOS são substâncias resultantes
da união de unidades de oses, através de ligações osídicas e que ainda podem ser
divididos em HETEROSIDEOS (genina +ose) ou holosideos que oligossacarídeos ou
polissacarídeos.

As gomas e mucilagem são polissacarídeos aniônicos, substância vegetal viscosa que


aumenta de volume sob a ação da água, ficando com consistência gomosa com
consequentes propriedades adesivas e espessantes. As mucilagens são utilizadas
como reguladoras do trânsito intestinal, como emolientes e como veículo de misturas
com substâncias sólidas.
Devido suas propriedades reológicas como a alta solubilidade em solventes polares,
seus produtos de reação podem também alterar a cor, cristalizáveis, alteram da
consistência e retém água nos alimentos, sabor doce de intensidade variável
conforme o açúcar, os glicídios possuem uma grande utilização na farmacotécnica,
como agente umectante, gelificante, lubrificante, desintegrastes, flavorizante sendo
então incorporados em medicamentos, cosméticos. Porém, as suas propriedades vêm
relatando atividades biológicas como o efeito laxativo, antiiflamatório, anticoagulante,
antitumoral e imunoestimulante.
A caracterização dos glicídios objetiva-se a identificação de glicídios, glicídios
redutores, diferenciação entre aldoses e cetoses e hidrolise de dissacarídeos e
polissacarídeos, estes são possíveis através dos métodos de Molisch, Seliwanoff e
lugol.
O método de Molisch consiste na desidratação do glicídio por ácido sulfúrico
concentrado, que quebra as ligações glicosídicas gerando monossacarídeos que são
facilmente desidratados por ácidos fortes, essa desidratação promove a geração de
produtos que se condensam com o alfa-naftol dando origem a um produto colorido
(roxo). Por este método é possível distinguir um glicídio de outro tipo de composto.
O teste de Seliwanoff permite diferenciar aldoses de cetoses, que sob ação
desidratante de ácidos concentrados são transformados em derivados do furfural, que
por sua vez se condensam com o resorcinol formando um composto vermelho de
composição incerta. A reação com cetoses é mais rápida do que com as aldoses
permitindo diferenciá-los.
Já o teste de lugol permite diferenciar e identificar polissacarídeos, amido e glicogênio
através da reação com o iodo. Os fatores que determinam o desenvolvimento de
coloração quando o iodo interage com os polissacarídeos são o comprimento e a
ramificação da cadeia sacarídea. O iodo em solução produz uma reação colorida,
apresentando uma cor avermelhada para o glicogênio e azul para o amido.
O índice de intumescência ou índice de intumescimento é a medida do volume
ocupado pelo intumescimento de 1 g da droga, pela adição de água ou outro agente
intumescente, sob condições definidas (ANVISA, 2010)

2. OBJETIVO

Essa prática teve como objetivo a caracterização de glicídios e cálculo do índice de


intumescimento de drogas.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

- Água

- 1 Grama de planta seca


- Proveta

- 18 Tubos de ensaio

- 6 Amostras surpresas (A, B,C,D,E e F)

- 6 Pipetas identificadas para as amostras

- Reagente de Molisch

- Reagente de Seliwanoff

- Lugol

- Ácido sulfúrico concentrado

Índice de intumescimento

A planta previamente seca e pesada foi colocada em uma proveta de 25 ml, anotou-
se o volume ocupado por esta planta na proveta. Em seguida completou-se o volume
da proveta com agua até a sua graduação e agitou-a. O procedimento de agitação se
repetiu a cada dez minutos por um tempo de quarenta minutos. Então anotou-se o
volume ocupado pela planta novamente.

Reação de Molisch

O 6 tubos de ensaios foram identificados de acordo com as amostras a serem


utilizadas (A,B,C,D,E e F), posteriormente foi acrescentado à eles 1 ml de cada
amostra, respectivamente. Logo após colocou-se 2 gotas do reagente de Molisch e 1
ml de ácido sulfúrico concentrado em cada um dos tubos de ensaio, sendo esse último
procedimento realizado na capela. Após um tempo verificou-se a coloração.

Reação de Seliwanoff

Utilizou-se 1 ml de cada amostra surpresa (identificadas como: A, B,C,D,E e F) nos 6


tubos de ensaios identificados. Colocou-se 3 ml do reagente de Seliwanoff em cada
tubo de ensaio, que por sua vez foram submetidos ao banho-maria em uma
temperatura de 50ºC por um tempo de 10 minutos. A cada 3 minutos observou-se a
coloração.

Reação com Iodo

O 6 tubos de ensaios foram identificados de acordo com as amostras a serem


utilizadas (A, B,C,D,E e F), posteriormente foi-se acrescentado a eles 1 ml de cada
amostra. Foi introduzido então 2 gotas do reagente lugol. Misturou-se e verificou-se a
coloração.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

TABELA 1 – Resultados das reações de cada amostra


AMOSTRA REAÇÃO DE REAÇÃO DE IODO
MOLISCH SELIWANOFF
A – GLICOSE FICOU ROXO REAGIU DEVAGAR NÃO REAGIU
B – FRUTOSE FICOU ROXO REAGIU RÁPIDO NÃO REAGIU
C – SACAROSE FICOU ROXO REAGIU RÁPIDO NÃO REAGIU
D – AMIDO FICOU ROXO REAGIU DEVAGAR FICOU AZUL
E – CASEÍNA NÃO REAGIU NÃO REAGIU NÃO REAGIU
F – ÁGUA NÃO REAGIU NÃO REAGIU NÃO REAGIU

A reação de Molisch é positiva para glicídios, e é caraterizada pela mudança da cor


da amostra para violeta (REMIÃO, et al. 2003). Portanto, o resultado está de acordo
com a literatura, pois glicose, frutose, sacarose e amido são glicídios (LEHNINGER,
2006). Já na reação de Seliwanoff, o resultado é caracterizado pela mudança da cor
da amostra para vermelho, sendo positivo para cetoses (reage mais rápido) e aldoses
(reage mais devagar) (REMIÃO, et al. 2003). Glicose e amido, por terem reagido mais
lentamente, foram caracterizados como aldoses. Já a frutose e sacarose foram
caracterizados como cetoses. O resultado também está de acordo com a literatura,
visto que a glicose é realmente uma aldose e o amido é um polímero de glicose, e a
frutose é uma cetose e a sacarose libera frutose ao sofrer hidrólise (LEHNINGER,
2006). Na reação de Iodo, a reação é positiva para o amido quando ocorre mudança
da cor para azul, logo o resultado também foi correto, visto que a amostra D que ficou
azul é realmente amido (REMIÃO, et al. 2003).
Para o cálculo do índice de intumescimento, foi utilizada a seguinte fórmula:
ÍNDICE = VOLUME DA DROGA INTUMESCIDA – VOLUME INICIAL
O volume da droga intumescida foi de 8,3 ml, subtraído do volume inicial 3,4 ml,
apresentou como resultado 4,9. O resultado apresentado se deve ao fato de que as
mucilagens tem como uma de suas principais funções a retenção de água, e essa
retenção permitiu que a droga ficasse intumescida (SIMÃES, 2004).

5. CONCLUSÕES

Conclui-se que as reações de Molisch, Seliwanoff e com Iodo são muito úteis na
caracterização de glicídios, podendo ser utilizadas para identificar materiais de origem
vegetal fraudados ou adulterados. O índice de intumescência permite avaliar a
característica de retenção de água pelas drogas, efeito geralmente apresentado
devido a presença de mucilagem.

6. REFERÊNCIAS

ANVISA. Farmacopeia Brasileira, volume 1. 5ª Ed. Brasília, 2010b.


LEHNINGER, A.L.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica. 2. ed. São
Paulo: Sarvier, 2000. 839p.

REMIÃO, J.O.R.; SIQUEIRA, A.J.S.; AZEVEDO, A.M.P. Bioquímica: guia de aulas


práticas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. 214p.
SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamen-
to. 5.ed. Porto Alegre /Florianópolis: Editora da Universidade UFRGS / Editora da
UFSC, 2004.

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