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Índice

1. Introdução ............................................................................................................................................. 2
1. Pessoa como ser livre ............................................................................................................................ 3
2. A pessoa como ser responsável ............................................................................................................. 4
3. O que não é liberdade? .......................................................................................................................... 4
4. O que é liberdade? ................................................................................................................................ 5
4.1 Liberdade e Ética .............................................................................................................................. 7
4.2 Liberdade na Filosofia ...................................................................................................................... 7
5. O certo e errado, o bem e mal, a verdade e mentira .............................................................................. 8
5.1 O certo e o errado .............................................................................................................................. 8
5.2 O que é certo e o que é errado — como saber?................................................................................. 8
5.3 Como ter a força para fazer o que é bom .......................................................................................... 9
5.4 O Bem e o Mal ................................................................................................................................ 10
5.5 A Verdade e Mentira ....................................................................................................................... 11
5.6 Mentira no ponto de vista ético ....................................................................................................... 13
5.7 A cultura da mentira........................................................................................................................ 14
5.8 Mentira na política .......................................................................................................................... 15
6. Conclusão............................................................................................................................................ 18
7. Referência Bibliográfica ..................................................................................................................... 19
1. Introdução
Neste presente trabalho, submetido a Faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade
Católica de Moçambique como requisito parcial para avaliação em Ética Geral temos como
objectivo abordar sobre cinco aspectos, nomeadamente:
 A pessoa como ser Livre
 A pessoa como ser responsável
 O que não é liberdade
 O que é liberdade
 O certo e o errado, o bem e o mal, a verdade e a mentira.
Tendo sido utilizado o método de pesquisa bibliográfica para a elaboração do presente trabalho

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1. Pessoa como ser livre
O que é ser livre?

Segundo SILVIA MALAMUD, todos nós, ao longo da vida, passamos por momentos especiais
onde temos a oportunidade de abrirmos os olhos para urgência de acordarmos e vivermos na
plenitude o significado de sermos livres. Muito poucos, porém, conseguem fazer algo a respeito
disso no momento em que se deparam com questões dessa natureza. A grande maioria, por não
estar acostumada a se levar a sério, deixam toda essa activação passar, esfriando por completo o
princípio motivador. Como consequência, retornam as mesmices de suas vidas, que acabam
levando-os de volta nada, alugar nenhum.

A falta de coragem para ser livre rouba de nós mesmos as infinitas possibilidades criativas que
poderíamos ser e das quais já mais saberemos se não usarmos.

Ser livre implica no exercício de fazer as próprias escolhas. É quando ninguém mais pode
escolher por nós. Ser livre é aprender a lidar com os próprios acertos e erros sem precisar
responsabilizar ninguem. Isso é ser literalmente livre e muito pouca gente sabe lidar com isso.

Por outro lado, quando se conquista a liberdade, um novo desenho de vida começa a ser
esboçado e um ónus é cobrado. Por mais incrível que possa parecer, a vida em movimento passa
ater um preço na medida em que se começa a ter ideias independentes do pensamento comum de
onde sempre se existiu.

Ser livre é se experimentar de modo responsável, independente do olhar crítico e julgador do


outro. Quando se chega nesse ponto, não existe mais cegueira. Nessa etapa, existe o risco de que
a pessoa que conquistou a própria liberdade possa ser vista como diferente, não fazendo parte.

Para ser livre, é necessário trabalhar profundamente a independência em todas as áreas da vida.
Se quiser estar com alguém, será por escolha consciente, já mais por necessidade.

Existe pessoas que nunca conseguem ficar sozinhas com elas mesmas. Na tentativa de burlar a
sensação do vazio, da solidão e de um possível encontro com o interior, vivem na Internet, nas
redes sócias ou no que seja buscando a ilusão da aceitação e apoio do outro. Poucas são as
pessoas que ousam entrar em contacto com essas dificuldades, maioria se quer concebe que pode
dar conta de amadurecer nesse sentido. Vivem de aparências, driblando um verdadeiro inferno
interior, quando por fora fazem o jogo do consente fingindo estar tudo bem. Como resultado,
costumam agir de modo impulsivo e desenfreado totalmente activados por suas angústias, sem se
aperceberem.

Para ser livre de verdade e no sentido exacto da palavra, o grande êxito e você se permitir
accionar a força motriz do interior para fora. É lembrar se de que, ao virmos para terra aceitamos
corrigir inúmeras facetas em nome de continuarmos com os nossos desenvolvimentos.
Escolhemos isso e ninguém disse que seria uma tarefa fácil.

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Nos tempos passados, o ser humano vivia por normas exageradamente rígidas e alguns
psicólogos acabaram concluindo que a verdadeira liberdade consistia em jogar fora essa camisa
de força, guiando nos a partir de nossos desejos. Aldeia é boa, mas na prática é inviável. A vida
em grupo exige que se preste atenção também aos outros. O amor e a solidariedade que sentimos
naturalmente dentro de nos pedem isso. Não posso magoar as pessoas que amo sem sofrer. Nesse
caso, antes de satisfazer a vontade, tenho que reflectir muito, avaliando e pensando nas
consequências.

Liberdade é a sensação íntima de prazer que deriva da coerência entre o que pensamos em forma
como actuamos.

Todos nos, se quisermos, podemos activar e honrar as nossas sagradas missões. E a principal
delas é a de se fazer feliz. Por tanto, seja gentil com sigo mesmo desenvolvendo-se na sua auto
consciência que gera a liberdade e o universo lhe agradecera.

De nada valera a sua vida se você não saber vivê-la de modo pleno. Há muita coisa boa para se
viver! Lembre-se constantemente de priorizar o seu estar bem.

2. A pessoa como ser responsável.

Ser responsável é cumprir com o combinado. Uma pessoa responsável não é aquela que se
amontoa de deveres para passar para outras pessoas a ideia de que é um super-herói capaz de
resolver todos problemas. Uma pessoa responsável é aquela que sabe e conhece as suas
limitações (mais que procura crescer, melhorar) e não se atreve a fazer algo que sabe que não vai
dar tempo ou ter a oportunidade de fazer.

A maior diferença entre ser responsável e ser irresponsável é simples: enquanto uma pessoa
responsável assume o seu papel em qualquer situação e aprende com seus erros, uma pessoa
irresponsável põe a culpa de seus erros em outras pessoas ou fatos e comete as mesmas falhas
repetidas vezes. Existem 3 passos que você pode seguir para se tornar uma pessoa mais
responsável: entender que a reponsabilidade é conquistada, parar de inventar desculpas, ver – se
como um criador e não vítima das ciscunstãncias.

3. O que não é liberdade?

Segundo Carlos Prado A não liberdade começa quando alguém decide escolher pelo outro o seu
destino, quando confundimos a liberdade com libertinagem.

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Segundo o filósofo inglês Herbert Spencer a liberdade de cada um termina onde começa a
liberdade do outro.

Marx se esforça por demonstrar os limites da liberdade burguesa, ressaltando que sob o modo de
produção capitalista a liberdade é contraditória. O homem “é” e “não - é”livre.

A não - liberdade dos agentes económicos se revela diante do processo de reificação, os


produtores de mercadorias aparecem simplesmente como servos e escravos submetidos aos
ditames das criaturas criadas por eles próprios, ou seja, servos das mercadorias.

A não -liberdade na esfera da produção

A esfera da produção (seções III a VI – capítulos V a XX) é o segundo momento fundamental da


exposição de O Capital. Marx vai além da aparência do mercado, além da circulação de
mercadorias, ultrapassa os gigantes muros que cercam as indústrias, para então, revelar os
segredos guardados pelo capital. As relações baseadas na igualdade, liberdade e independência
entre os contratantes, característica da esfera da circulação, não se repetem nas relações sociais
rígidas e disciplinadas que são estabelecidas no interior da fábrica. Na esfera da produção, a luta
de classes é posta e no lugar da livre vontade de ambos, prevalecem os ditames do capitalista.
Marx caracterizou as relações estabelecidas na produção como “despotismo de fábrica”,
fundamentada numa “autocracia do capital”. Nesse sentido, ao contrário da esfera de circulação
que aparece como a esfera da liberdade, na esfera produtiva parece reinar a não -liberdade, a
ditadura do capital sob o trabalhador. Não obstante, se trata de uma não -liberdade que tem como
pressuposto a liberdade, pois o operário só entra na fábrica como trabalhador livre, como não -
propriedade. A liberdade aparece como pressuposto para a não -liberdade.

4. O que é liberdade?
Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria
vontade, desde que não prejudique outra pessoa, é a sensação de estar livre e não depender de
ninguém. Liberdade é também um conjunto de ideias liberais e dos direitos de cada cidadão.

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Liberdade é classificada pela filosofia, como a independência do ser humano, o poder de ter
autonomia e espontaneidade. .A liberdade é um conceito utópico, uma vez que é questionável se
realmente os indivíduos tem a liberdade que dizem ter, se com as mídias ela realmente existe, ou
não. Diversos pensadores e filósofos dissertaram sobre a liberdade, como Sartre, Descartes,
Kant, Marx e outros.

No meio jurídico, existe a liberdade condicional, que é quando um indivíduo que foi condenado
por algo que cometeu, recebe o direito de cumprir toda, ou parte de sua pena em liberdade, ou
seja, com o direito de fazer o que tiver interesse, mas de acordo com as normas da justiça. Existe
também a liberdade provisória, que é atribuída a um indivíduo com cunho temporário. Pode ser
obrigatória, permitida (com ou sem fiança) e vedada (em certos casos como o alegado
envolvimento em crime organizado)

A liberdade de expressão é a garantia e a capacidade dada a um indivíduo, que lhe permite


expressar as suas opiniões e crenças sem ser censurado. Apesar disso, estão previstos alguns
casos em que se verifica a restrição legítima da liberdade de expressão, quando a opinião ou
crença tem o objetivo discriminar uma pessoa ou grupo específico através de declarações
injuriosas e difamatórias.

Com origem no termo em latim libertas, a palavra liberdade também pode ser usada em sentido
figurado, podendo ser sinónimo de ousadia, franqueza ou familiaridade. Ex: Como você chegou
tarde, eu tomei a liberdade de pedir o jantar para você.

A liberdade pode consistir na personificação de ideologias liberais. Faz parte do lema


"Liberdade, Igualdade e Fraternidade", criado em 1793 para expressar valores defendidos pela
Revolução Francesa, uma revolta que teve um impacto enorme nas sociedades contemporâneas e
nos sistemas políticos da actualidade.

No âmbito da música, várias obras foram dedicadas ou inspiradas pelo conceito de liberdade. Um
exemplo é o Hino da Proclamação da República do Brasil, escrito por Medeiros de Albuquerque:
"Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!"

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4.1 Liberdade e Ética
De acordo com a ética, a liberdade está relacionada com responsabilidade, uma vez que um
indivíduo tem todo o direito de ter liberdade, desde que essa atitude não desrespeite ninguém,
não passe por cima de princípios éticos e legais.

4.2 Liberdade na Filosofia


Segundo a filosofia, liberdade é o conjunto de direitos de cada indivíduo, seja ele considerado
isoladamente ou em grupo, perante o governo do país em que reside; é o poder qualquer cidadão
tem de exercer a sua vontade dentro dos limites da lei.

Diversos filósofos estudaram e publicaram suas obras sobre a liberdade, como Marx, Sartre,
Descartes, Kant, e outros. Para Descartes a liberdade é motivada pela decisão do próprio
indivíduo, mas muitas vezes essa vontade depende de outros fatores, como dinheiro ou bens
materiais.

Segundo Kant, liberdade está relacionado com autonia, é o direito do indivíduo dar suas próprias
regras, que devem ser seguidas racionalmente. Essa liberdade só ocorre realmente, através do
conhecimento das leis morais e não apenas pela própria vontade da pessoa. Kant diz que a
liberdade é o livre arbítrio e não deve ser relacionado com as leis.

Para Sartre, a liberdade é a condição de vida do ser humano, o princípio do homem é ser livre. O
homem é livre por si mesmo, independente dos fatores do mundo, das coisas que ocorrem, ele é
livre para fazer o que tiver vontade.

Karl Marx diz que a liberdade humana é uma prática dos indivíduos, e ela está directamente
ligada aos bens materiais. Os indivíduos manifestam sua liberdade em grupo, e criam seu próprio
mundo, com seus próprios interesses.

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5. O certo e errado, o bem e mal, a verdade e mentira

5.1 O certo e o errado


Vários filósofos escreveram ensaios sobre o que é certo e errado sob a perspectiva da ética.
Apesar de várias tentativas, os pensadores nunca conseguiram definir com sucesso as diferenças
entre o certo e o errado, uma vez que essa análise é subjetiva e depende da avaliação pessoal de
cada cidadão.

No entanto, a maioria dos filósofos afirma que o tempo é responsável por determinar o que é
certo ou errado. Para a filosofia, essa discussão deve ser feita com base em experiências do
passado, o livre arbítrio, os ensinamentos religiosos e o conhecimento das limitações humanas.

Para Platão, era preciso ensinar a virtude ao invés de copiar sistematicamente o que todos os
outros faziam. Isso porque o homem já havia se dedicado a criar leis para servirem como
referencial do que é certo ou errado.

Assim, a avaliação do certo e errado deve ser feita com base na justiça, no conhecimento dos
direitos alheios e nos pactos sociais.

No final do século XX, o entendimento do certo e do errado já começa a passar por um filtro
consolidado por uma maior consciência humana.

5.2 O que é certo e o que é errado — como saber?


QUEM tem a autoridade de estabelecer os padrões do que é certo e do que é errado? Essa
pergunta surgiu no começo da história humana. Segundo o livro bíblico de Gênesis, Deus
escolheu certa árvore no jardim do Éden para representar o “conhecimento do que é bom e do
que é mau”. ( Gênesis 2:9) Deus instruiu o primeiro casal humano a não comer o fruto daquela
árvore. No entanto, o inimigo de Deus, Satanás, o Diabo, insinuou a Adão e Eva que, se eles o
comessem, seus olhos ‘forçosamente se abririam’ e eles ‘forçosamente seriam como Deus,
sabendo o que é bom e o que é mau’. — Gênesis 2:16, 17; 3:1, 5; Revelação (Apocalipse) 12:9.

Adão e Eva tinham de tomar uma decisão — aceitariam as normas de Deus sobre o que é bom e
o que é mau ou seguiriam as suas próprias? (Gênesis 3:6 ) eles escolheram desobedecer a Deus e
comer do fruto da árvore. O que significava esse simples ato? Por se recusarem a respeitar os

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limites estabelecidos por Deus, Adão e Eva afirmavam que eles e seus descendentes se sairiam
melhor se estabelecessem as suas próprias normas do que é certo e do que é errado. Será que a
humanidade tem sido bem-sucedida em tentar agir como Deus, estabelecendo seus próprios
padrões?

As opiniões variam porque depois de analisar os ensinos de pensadores destacados no decorrer


dos séculos, a Enciclopédia Britânica declara que, desde os tempos do filósofo grego Sócrates até
o século 20, as pessoas ‘não tinham conseguido chegar a um comum acordo ao tentar definir o
que é bom, e o padrão que determina o certo e o errado’.

Por exemplo, os sofistas eram um grupo importante de instrutores gregos do quinto século AEC.
Eles ensinavam que a opinião popular determinava as normas do que é certo e do que é errado.
Um desses instrutores disse: “Aquilo que parece certo e aceitável para uma cidade, continuará
sendo certo e aceitável naquele lugar enquanto os que moram ali pensarem assim.” Segundo essa
norma, Jodie, citado no artigo precedente, devia ficar com o dinheiro, visto que a maioria na sua
comunidade, ou “cidade”, faria isso.

5.3 Como ter a força para fazer o que é bom


O primeiro passo para aprender a amar a Deus é se convencer de que seus mandamentos são
realmente razoáveis e práticos. “O amor de Deus significa o seguinte”, disse o apóstolo João,
“que observemos os seus mandamentos; contudo, os seus mandamentos não são pesados”. ( 1
João 5:3) Por exemplo, a Bíblia contém conselhos práticos que podem ajudar os jovens a
distinguir o certo do errado quando precisam decidir se devem tomar bebidas alcoólicas, usar
drogas ou ter relações sexuais antes do casamento. A Bíblia pode ajudar os casais a saber como
resolver diferenças, e pode dar aos pais orientações sobre como criar os filhos. As normas de
moral da Bíblia, quando aplicadas, beneficiam tanto jovens como idosos, não importa qual seja a
sua formação social, educacional ou cultural.

Assim como o alimento nutritivo nos dá forças para trabalhar, a leitura da Palavra de Deus pode
fortalecer-nos para viver segundo as suas normas. Jesus comparou as declarações de Deus ao pão
que sustenta a vida. ( Mateus 4:4 ) Ele disse também: “Meu alimento é eu fazer a vontade
daquele que me enviou.” ( João 4:34 ) Assimilar alimento espiritual da palavra de Deus equipou
Jesus a resistir a tentações e a fazer decisões sábias. — Lucas 4:1-13 .

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No começo, você talvez ache difícil nutrir a mente com informações da Palavra de Deus e adotar
as normas dele. Mas lembre-se de que quando você era mais jovem talvez não gostasse de certos
alimentos que fazem bem à saúde. Para ficar forte, teve de aprender a gostar de tais alimentos
nutritivos. Do mesmo modo, talvez leve tempo para você desenvolver gosto pelas normas de
Deus. Se não desistir, passará a amá-las e a ficar espiritualmente forte. ( Salmo 34:8; 2 Timóteo
3:15-17 ) Aprenderá a confiar em Jeová e a ser motivado a fazer “o bem”. — Salmo 37:3 .

5.4 O Bem e o Mal


A questão do bem e do mal não é mera formulação de uma mente humana pouco ocupada, mas,
ao contrário, é uma realidade viva que se apresenta a cada um de nós desde as primeiras páginas
da Sagrada Escritura e em tantos outros documentos históricos dos primórdios das diversas
civilizações.

A título de definição precisa, à luz da Filosofia, constatamos que pode ser chamado de bem “tudo
o que possui um valor moral ou físico positivo, constituindo o objeto ou fim da ação humana”.
Para Aristóteles, o bem ‘é aquilo a que todos os seres aspiram’; ‘O bem é desejável quando ele
interessa a um indivíduo isolado, mas seu caráter é mais belo e mais divino quando se aplica a
um povo e a Estados inteiros’. “Tanto para os antigos quanto para os escolásticos, o bem
designa, em última instância, o Ser que possui a perfeição absoluta: Deus” (...) “Enquanto
conceito normativo fundamental na ordem ética, o bem designa aquilo que é conforme ao ideal e
às normas da moral” (H. Japiassú; D. Marcondes. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro:
JZE, 1999).

O mal, por sua vez, designa “em um sentido geral, tudo o que é negativo, nocivo ou prejudicial a
alguém”. ‘Podemos considerar o mal em um sentido metafísico, físico ou moral. O mal
metafísico consiste na simples imperfeição, o mal físico no sofrimento, e o mal moral no pecado’
(Leibniz)” (idem ). Contra a tese maniqueísta – segundo a qual há dois princípios coeternos, um
bom e um mal que têm existência em si mesmos – a filosofia e a teologia cristãs se levantaram,
especialmente com Santo Agostinho, século V, que fora maniqueísta, para dizer que o mal não
existe em um sentido absoluto, mas apenas como imperfeição, limitação de um ser. Desse modo,
a escuridão não tem existência própria, ela só pode surgir na falta da luz.

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‘O bem é desejável quando ele interessa a um indivíduo isolado, mas seu caráter é mais belo e
mais divino quando se aplica a um povo e a Estados inteiros’.

5.5 A Verdade e Mentira


Na maioria das sociedades, os valores da verdade e da mentira são vistas como opostos.
Normalmente atribuímos à mentira características negativas, a vemos como sinônimo de trapaça
e/ou injustiça. Ao contrário, enxergamos a verdade como o belo, o justo, o que devemos
alcançar. Friedrich Nietzsche foi um dos primeiros filósofos a perceber os contornos obscuros
que envolvem a mentira e a verdade. Em sua obra “Sobre a verdade e mentira no sentido
extramoral”, escrita em 1873, ele afirma que a grande maioria daquilo que atribuímos como
verdade, só é considerada como tal, devido a uma construção social, linguística e cultural. Desse
modo, concluiu que as falsas moralidades funcionam mais como prática de uma ética de mentiras
do que de virtudes autênticas.

Os métodos científicos podem ajudar a desanuviar as sombras metafísicas que se acumulam em


torno do conhecimento. No momento em que aprendemos a questionar as coisas e a nós mesmos,
a verdade talvez acabe por revelar uma não verdade à sua base, prestando um testemunho
inteiramente inesperado sobre si próprio (NIETZSCHE, 2007, p. 56).

O filósofo alemão acreditava que a mentira ganha forma de verdade quando a pessoa que é
enganada não possui provas ou pensamentos lógicos para refutar o que lhe foi transmitido, dessa
forma, a mentira pode se prolongar durante muito tempo, sendo considerada uma verdade
inquestionável. Por isso que muitos são enganados pela mentira, porque pensam que a mesma é
verdade.

O que é portanto a verdade? Uma multidão móvel de metáforas, metonímias e


antropomorfismos; em resumo, uma soma de relações humanas que foram realçadas, transpostas
e ornamentadas pela poesia e pela retórica e que, depois de um longo uso, pareceram estáveis,
canônicas e obrigatórias aos olhos de um povo: as verdades são ilusões das quais se esqueceu
que são, metáforas gastas que perderam a sua força sensível, moeda que perdeu sua efígie e que
não é considerada mais como tal, mas apenas como metal(NIETZSCHE, 2007, p. 56).

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Maquiavel, em sua obra “O Príncipe”, também teceu considerações a respeito quando disse que
uma mentira contada mil vezes se torna uma verdade. Segundo Nietzsche (2007, p. 59), quando
justamente a mesma imagem foi gerada milhões de vezes e foi herdada por muitas gerações de
homens [...] então ela termina por adquirir, ao fim e ao cabo, o mesmo significado para o
homem, assim como um sonho que se repete eternamente seria, sem dúvida, sentido e julgado
como efetividade. O mentiroso utiliza a linguagem como a principal forma de parecer real o que
é irreal, para normalmente conseguir alguma vantagem ou prejudicar alguém. Se agir por algum
desses motivos e suas mentiras forem descobertas, perderá seu crédito perante a sociedade, que
pode até o excluir.

Os homens fogem menos da mentira do que do prejuízo provocado por uma mentira.
Fundamentalmente, não detestam tanto as ilusões, mas as conseqüências deploráveis e nefastas
de certos tipos de ilusão. É apenas nesse sentido restrito que o homem quer a verdade. Deseja os
resultados favoráveis da verdade, aqueles que conservam a vida; mas é indiferente diante do
conhecimento puro e sem conseqüência, e é mesmo hostil para com as verdades que podem ser
prejudiciais e destrutivas (NIETZSCHE, 2007, p. 60).

Para Nietzsche, algumas mentiras possuem um papel importante na nossa sociedade, por
contribuírem para a melhoria da convivência social, afirmando, inclusive, que muitas vezes, o
homem gosta de ser enganado. Por isso afirmou com tanta veemência que o homem não foge da
mentira, mas das consequências que ela pode trazer, portanto, quando a verdade traz
consequências nefastas, o homem também irá fugir dela.

Desta feita, tanto a verdade quanto a mentira possuem o mesmo valor na sociedade, ambas
podem ser construídas e demolidas por intermédio da argumentação e manipulação de seus
elementos constituintes. Se o que acreditamos que seja mentira pode em algumas hipóteses ser
verdade, ou então que a mentira, em determinadas situações, pode trazer melhores consequências
para o homem do que a verdade, então pode ser possível encontramos uma ética na mentira.
Como o conceito de ambas é pessoal, o que realmente conta é a motivação que antecede o fato
em sua essência, sendo este que vai dar à mentira um caráter bom ou ruim.

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5.6 Mentira no ponto de vista ético
Ao longo do pensamento ocidental, duas posições básicas têm sido tomadas em relação a
problemática Ética da mentira. De um lado, os que a consideram o ato de mentir inadmissível em
toda e qualquer circunstância (Santo Agostinho e Kant, são casos clássicos), do outro, os que
consideram mentir um ato desonroso, mas admitem haver exceções em que a mentira é
eticamente justificável (Platão e Benjamin Constant são os mais destacados defensores desse
raciocínio). A ideia lógica de haver Ética em mentir pode ser muito bem sintetizada a partir do
pensamento de Platão quando ele diz que a verdade deve ser apreciada acima de todas as coisas,
enquanto a mentira não passa de algo útil em determinadas circunstâncias, exatamente como um
remédio de gosto amargo, mas de efeito benéfico. A sensatez pode ser a medida da linha de
pensamento que compreende ser a mentira a substituição de um mal maior por um menor,
quando dizer a verdade acarreta maiores prejuízos. É prudente mentir numa situação em que
dizer a verdade não é possível, por ferir o sentimento de outras pessoas, por ser desnecessária a
colocação e não prejudicar a ninguém a omissão, ou por qualquer motivo diverso que tenha
como sustentáculo a ideia de “menos ruim” (mentira) quando o melhor (dizer a verdade) não
torna-se possível. Benjamin Constant, em um artigo intitulado “As reações políticas”, dita que
se adotássemos o dever de dizer a verdade como um dever absoluto, incondicional, a sociedade
humana tornar-se-ia simplesmente impossível. A outra linha de raciocínio, que não admite a
Mentira em qualquer circunstância, é baseada em princípios, mais especificamente no princípio
ético da veracidade. Como defensor, Santo Agostinho rejeitou todo e qualquer tipo de mentira,
não aceitando nenhuma justificativa para tal; encarou a mentira como o uso condenável do dom
divino da palavra que fora concedido ao homem para transmitir seus pensamentos aos seus
semelhantes e não para enganá-los. Neste particular, não endossou o pensamento de seu grande
mestre Platão. Kant, por sua vez, apreende a mentira, qualquer tipo que seja, como um
aniquilamento da dignidade humana. A condenação moral da mentira é também princípio ético
tradicional da cultura cristã. Passagens bíblicas podem mostrar a adoção dessa posição: “Não
dirás falso testemunho contra teu próximo” (Êxodo 20,16) ou “Os lábios mentirosos são
abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a verdade são o seu deleite” (Provérbios 12,22). A
mentira é, em suma, considerada uma nódoa vergonhosa na conduta humana. É necessário
analisar, todavia, que os princípios comportam exceções, inclusive os que aparentam dotados de
maior inviolabilidade, como “não matar”, que admite a configuração da “legítima defesa”. O

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princípio da veracidade, por sua vez, comporta exceções sempre que dizer a verdade acarreta
consequências mais danosas e indesejáveis do que dizer uma mentira. Por outro lado, o emprego
de um meio eticamente reprovável condena toda e qualquer ação, mais benéfica e louvável que
possa ser a finalidade atingida ou meramente almejada.

Em suma, a sensatez e a prudência constituem o caráter, os limites e a medida da Ética da


Mentira.

5.7 A cultura da mentira


Todo ser humano possui a incrível capacidade de se diferenciar dos demais, mas temos muita
dificuldade para coloca-la em prática, visto que nossas ações e escolhas são baseadas em nossa
cultura, que está baseada em nossos valores morais, crenças, religião, dentre outros. Alguns
costumes sociais estão tão intrínsecos ao nosso cotidiano que, às vezes, se torna quase impossível
identificá-los. Algumas posições e opiniões são pré-estabelecidas e incorporadas na rotina do
indivíduo social, o que muitas vezes não nos permite reavaliar valores, crenças ou hábitos como,
por exemplo, a questão da mentira. Culturalmente, em nosso país, costuma-se ver a mentira
como algo que possibilita a conquista de um desejo de forma mais rápida, sem a necessidade de
empregar maiores esforços, sendo esta pratica um dos motivos da consolidação do fenómeno
denominado “jeitinho brasileiro”. Ao analisar os diferentes tipos de mentira já expostos, não é
difícil perceber que no nosso país estamos mais do que acostumados a praticá-los,
principalmente, as ditas “mentiras utilitárias”. Aprendemos em nossa cultura, desde que
nascemos, que mentir é feio, entretanto percebemos que as pessoas que nos dizem isso fazem
constante uso da mentira com as seguintes justificativas: “uma mentirinha não faz mal à
ninguém”, “a verdade é bonita, mas é dura e não compensa”, “é mais importante parecer do que
ser”. Desta feita, compreendemos que a mentira deve ser evitada, que devemos buscar e praticar
a verdade, mas em determinadas situações possuímos o “álibi” de mentir, e acabamos mentindo,
consagrando a ética da mentira. A mentira, desse modo, pode tornar-se um hábito e deste defluir
um vício, pois sempre que o indivíduo tiver medo da verdade ou precisar escondê-la, fará uso da
mentira. Em contrapartida, ninguém quer ser visto como mentiroso, mesmo que o seja.

Ninguém assume coisa alguma. Ninguém jamais confessa nada. Sempre há um bom pretexto,
uma estória mirabolante a justificar qualquer coisa, por mais estranha e inverosímil que possa

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parecer. Inventam-se álibis, desculpas esfarrapadas e enredos dos mais diversos para escapar. E o
pior de tudo é que, na maioria das vezes, cola (MARANHÃO2). Essa prática, tão comum na
nossa sociedade, pode ser notada com clareza quando analisamos as posturas dos nossos
representantes políticos, que fazem falsas promessas aos cidadãos, desviam o dinheiro público e
mesmo com tantas provas evidentes, negam que o tenham feito. Esse costume de mentir, que foi
consolidado ao longo dos anos, gera consequências gravosas. Como possuímos o hábito de
mentir, acabamos não percebendo com facilidade determinada mentiras e, por conseguinte,
disseminamos esse costume por ser uma das maiores dificuldades do homem, se não a maior,
perceber, atribuir um juízo de valor, sobre o que estamos acostumados a fazer ou pensar, se é
correto ou errado.

Apenas a distância em relação a nossa sociedade nos permite fazer esta descoberta, aquilo que
tomávamos por natural em nós mesmo é de fato, cultural, aquilo que era evidente é infinitamente
problemático (...). De fato, presos a uma única cultura, somos não apenas cegos a dos outros,
mas míopes quando se trata da nossa. A experiência da alteridade (e a elaboração dessa
experiência) leva-nos a ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar dada a nossa
dificuldade em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que consideramos
“evidente”. Aos poucos, notamos que o menor dos nossos comportamentos (gestos, mímicas,
posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de “natural” (LAPLANTINE, 2003, p. 12).
Ou seja, a mentira é aceita de forma inconsciente, mas é de forma consciente que às vezes se
percebe as consequências dessas mentiras, principalmente no campo político brasileiro, o que
nos leva a questionar essa contradição. Urge mencionar que o problema da corrupção é universal,
o que o diferencia, em cada país, é a intensidade e a reação dos povos diante do problema.

5.8 Mentira na política


A política é vista, por muitos, como um campo exclusivo, regido por regras diferentes dos
demais. Para a manutenção do poder e a garantia da segurança nacional é necessário, por muitas
vezes, a utilização da mentira, como ensina Maquiavel, o pai da ciência política.

Desde Maquiavel que a coragem e a habilidade - a força do leão e a astúcia da raposa - têm sido
consideradas as virtudes relevantes no domínio da ação política, ao passo que a veracidade nunca

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foi considerada uma virtude política, como observou Hannah Arendt (1973). No referido
domínio, as mentiras têm se mostrado tradicionalmente justificáveis, tudo dependendo das
circunstâncias (GUERREIRO4).

Portanto, a mentira na política é analisada dentro de um "código de ética" diferente, ou seja, a


mentira é avaliada de outra maneira e acaba sendo totalmente aceita quando é compatível com o
interesse público. Essa teoria se contrapõe ao dever dos governantes de falar sempre a verdade a
seus governados, visto que estes os elegeram baseados na confiança, sentimento que é abalado
ou extinguido na percepção de mentiras e, portanto, possuem o direito de exigir a verdade em
quaisquer circunstâncias.

De acordo com Lafer, Norberto Bobbio (1984) entende que a democracia é uma forma de
governo que procura integrar as duas supramencionadas acepções de “público” pressupondo que
tudo aquilo que é de interesse público deve ser de conhecimento de todos. Decorre daí o tópico
da transparência do poder. Segundo ainda Lafer, a Constituição de 1988, no Artigo 37, diz que a
administração pública, em todos os níveis e modalidades, deve obedecer ao princípio da
publicidade (transparência) (1995, p.87).

Ou seja, para a manutenção de um Estado Democrático, que exige a participação e fiscalização


do povo, o direito à informação dos governados deve prevalecer diante do direito de mentir dos
governantes. Cabe ressaltar que em determinadas hipóteses, a título de excepção, o inverso é que
deve ser posto em prática como, por exemplo, nas chamadas “razões de Estado”, na qual é
preciso omitir ou mentir para proteger a nação diante de inimigos externos ou internos. O grande
problema encontrado em muitas sociedades, é que o segredo e a mentira passaram a ser a regra e
a verdade a excepção. Desse modo, sempre que um político faz uso da mentira, se justifica como
sendo uma mentira trivial, que foi necessária para a segurança nacional ou para o benefício do
povo. Depois das primeiras mentiras, as barreiras psicológicas ficam mais frágeis, e as próximas
ficam mais fáceis de serem produzidas e vão se afigurando cada vez mais como necessárias e
menos repreensíveis.

Isso acontece muito com as mentiras dos governantes. Daí em diante, as mentiras vão escalando
num crescendo incontrolável no pressuposto de que todas elas são utilitárias e triviais, quando na

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realidade raras delas efectivamente o são. Confunde-se então o direito de omitir uma informação
perigosa com o direito de mentir (PASTORE5).

Mas, não são todas as sociedades que aceitam de uma forma pacífica qualquer tipo ou quantidade
de mentiras por parte dos governantes.

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6. Conclusão
Com a realização deste trabalho tornámos – nos capazes de compreender melhor e de forma
sistematizada acerca dos temas abordados, pois eles não são desconhecidos para nós, podendo a
pessoa saber o que é e não saber conceptualizar ou expressar verbalmente aquilo que é a sua
percepção acerca do assunto. Sendo assim quando formos questionados acerca de um desses
assuntos não hesitaremos em responder temendo expor aquilo que é a nossa percepção, pois será
uma junção do conhecimento que já tínhamos do senso comum, com o conhecimento científico.

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7. Referência Bibliográfica
 Malamud. S. O que é ser livre .Recuperado em
www.somostodosum.com.br/artigos/psicologia/o -que-é-ser’livre-14626.html

 Prado. C (2011). Liberdade e não liberdade em o capital de Karl Marx. VOL 3. Theoria
revista electrónica de filosofia
 P. N. de, Amorim. P. L. de.(2013) Ética da mentira. Brazil
 Kelle. G. O que significa de facto ser responsável. Recuperado em
https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20071122135658AAHC3ow

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