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RESUMO

O presente trabalho estuda o Direito Ambiental no tocante ao direito de um meio


ambiente sadio e equilibrado como fundamental ao homem e seu desenvolvimento.
Caracteriza-se o meio ambiente, e com base nisso, traça-se um histórico evolutivo
sobre os direitos fundamentais, em especial os direitos de terceira geração, que
amparam o meio ambiente e o bem ambiental. Por fim faz-se uma análise a respeito
daemergência dos perigos ecológicos e a reação da sociedade contemporânea a
esses perigos, bem como as alternativas e soluções para frear a degradação do
meio ambiente, reconstruindo uma consciência ética e sustentável.

Palavras-chave: Meio Ambiente; Sadio; Fundamental; Desenvolvimento.


ABSTRACT

The present work studies the Environmental Law with regard to the right of a healthy
and balanced environment as fundamental to man and his development. The
environment is characterized and based on this, an evolutionary history is traced on
fundamental rights, especially the third generation rights, which protect the
environment and the environmental good. Finally, an analysis is made of the
emergence of ecological dangers and the reaction of contemporary society to these
dangers, as well as the alternatives and solutions to curb the degradation of the
environment, rebuilding of an ethical and sustainable consciousness.

Key words: Environment; Healthy; Fundamental; Development.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 MEIO AMBIENTE .................................................................................................. 12
2.1 Evolução dos Direitos Fundamentais: ................................................................. 14
3MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO E SADIO COMO DIREITO HUMANO
FUNDAMENTAL ....................................................................................................... 20
3.1 Meio Ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental
indissociável a qualidade de vida .............................................................................. 23
4 A EMERGÊNCIA DOS PERIGOS ECOLÓGICOS E A REAÇÃO DA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA A ESSES PERIGOS ............................................................... 29
4.1 Alternativas e soluções para frear a degradação do meio ambiente a partir da
(re)construção de uma consciência ética e sustentável ............................................ 32
4.2 Meios processuais para proteger o meio ambiente sadio ................................... 38
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 40
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41
9

1 INTRODUÇÃO

A destruição do meio ambiente acontece há tanto tempo que é impossível


datar com certeza quando o processo começou. Desencadeado junto a relação do
homem com a natureza, a devastação do meio ambiente acontece quase que de
forma automática, já que o uso ou desfrute dos recursos provenientes do meio
ambiente é o que vem possibilitando ao homem o seu desenvolvimento e vida no
planeta.
Contudo, o processo de destruição do meio ambiente e natura vem se
intensificando com o passar dos anos, mostrando de forma cada vez mais evidente
os resultados nocivos desse comportamento desequilibrado. Para Machado (2013,
p. 66) o estado de equilíbrio não visa uma situação de estabilidade ambiental
absoluta, em que nada se altere. É um constante desafio científico, social e político
permanente decidir se as mudanças são positivas ou não.
É no século XX e início do século presente que se observa com maior
intensidade a degradação do meio ambiente em que habita o homem e outros seres,
em sua singularidade ou coletividade.
Por coincidência é em meados do século passado que se pode observar a
construção de uma das conquistas mais importantes para o homem, positivada por
meio da revolução Francesa de 1789: a garantia dos direitos fundamentais
relacionadas ao regime constitucional, estabelecendo a cada indivíduo uma esfera
legal de ação, bem como delimitando o campo em que o Estado poderá ou deverá
atuar, conforme o caso.
Mais recentemente passou se a falar em uma terceira geração de direitos
humanos fundamentais, criação moderna essa que asseguraria o direito à paz, ao
desenvolvimento sadio, e respeito ao patrimônio comum da humanidade e ao meio
ambiente, causando assim uma interação entre Estado, cidadãos e meio ambiente
sadio, como um conjunto.

Desde a segunda metade do século XX, a humanidade vem


experimentando um processo de ampliação dos direitos sociais e humanos.
Para Norberto Bobbio, o mais importante dos direitos sociais e humanos é o
reivindicado pelos movimentos ecológicos: o direito de viver num ambiente
não poluído. (ANTUNES, 2012, p. 5).
10

Dentro da lógica da evolução histórica, tem-se pela primeira vez em uma


Constituição Federal Brasileira a introdução do cuidado e responsabilidade em
relação ao meio ambiente em que se vive, de forma específica e clara. Segundo
Silva (2013, p. 49), as Constituições Brasileiras anteriores à 1988 não traziam nada
a respeito da proteção ao meio ambiente, sendo essa a pioneira a tratar de forma
deliberada a respeito da questão ambiental, assumindo a matéria em termos amplos
e modernos, trazendo um viés humano ao tema.
A proteção ao meio ambiente no Direito Brasileiro tem sua veia ligada ao
direito internacional, como defendem alguns autores ao exemplo de Paulo Affonso
Leme Machado, e essa influência se traduz em leis importantes para o Direito
Ambiental, tais quais: Lei nº 6.938 de 1987 (Política Nacional do Meio Ambiente) e
Lei º 7.347 de 1985, anteriores à Constituição de 1988, bem como a própria carta
magna de 1988.
É sabido que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado pertence
a todos como uma coletividade, concomitantemente ao direito individual – o direito
de cada um -, sendo uma de suas preocupações principais uma melhor qualidade de
vida aos seres humanos dessa e das próximas gerações, de forma equilibrada e
preservando a natureza.
Nessa linha de pensamento, a Conferência de Estocolmo declarou ser o
homem resultado do meio que o cerca, meio ambiente esse que lhe oferece
condições para o sustento material e oportunidade de desenvolver-se intelectual,
moral e espiritualmente.
Os dois aspectos do meio ambiente, seja o natural e o artificial, são
essenciais para o bem-estar do Homem e para que ele goze de todos os direitos
humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma.
Por isso é tão importante a questão da proteção e melhora do meio
ambiente. Pois esta afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do
mundo inteiro. Nesse sentido, a Declaração do Meio Ambiente firmou alguns
princípios fundamentais para a proteção ambiental, influenciando inclusive na
criação do capítulo do meio ambiente na Carta Magna brasileira de 1988.
No contexto atual, não há nada mais urgente e importante no que tange a
direitos, do que a proteção de um meio ambiente sadio e equilibrado, para que
assim seja possível que o ser humano se desenvolva de forma completa.
11

Em um primeiro plano, se faz importante entender que o presente trabalho


tratará sobre o direito ao meio ambiente sadio como um direito humano e
fundamental no seu sentido amplo, no decorrer do segundo capítulo.
Objetivando durante o desenvolvimento do terceiro capítulo analisar a
interação do meio ambiente com o princípio da dignidade da pessoa humana,
protegido ou não pela Constituição Federal de 1988, verificando as lacunas
existentes sobre o tema, bem como abordando a forma como ocorre a sua
efetivação.
Por fim, no quarto e último capítulo, a pesquisa fará uma análise a respeito
daemergência dos perigos ecológicos e a reação da sociedade contemporânea a
esses perigos, bem como as alternativas e soluções para frear a degradação do
meio ambiente, reconstruindo de uma consciência ética e sustentável.
12

2MEIO AMBIENTE

O termo “ambiente” tem origem latina –ambiens, entis: que rodeia. Entre os
significados encontrados, têm-se: “meio em que vivemos” (MACHADO 2013, p. 60).
A palavra “ambiente” indica a esfera, o círculo, o âmbito que mantém os seres
vivos, onde estes vivem. Nesse sentido, na palavra “ambiente” já existe embutido o
conceito de “meio”. Por isso, pode-se admitir que na expressão “meio ambiente”
existe certa redundância, como explica Silva (2013, p. 19).
TambémFiorillo (2013, p. 48) entende que “meio ambiente” se relaciona a
tudo o que circunda, mas é um termo criticado por sugerir pleonasmo, redundância,
em razão de “ambiente” já trazer em seu conteúdo a ideia de “âmbito que circunda”,
sendo desnecessária a complementação pela palavra “meio”.
Essa necessidade de fortificar o sentido significante de determinados termos
em expressões compostas é devido ao fato de o termo reforçado ter sofrido
enfraquecimento no sentido que deseja destacar, ou ate mesmo porque sua
expressividade é mais ampla ou mais difusa, não satisfazendo a ideias que a
linguagem quer passar. Esse acontecimento influencia o legislador a dar aos textos
legais a maior precisão significativa possível (SILVA, 2013, p.20).
Silva (2013, p. 20) ensina que ambiente corresponde a três noções: a noção
de ambiente enquanto paisagem, incluindo tanto as belezas naturais como os
centros históricos, florestas e parques;a noção de ambiente como objeto de
movimento normativo ou de ideias sobre a defesa do solo, da água e do ar; e a
noção de ambiente como objeto da disciplina urbanística.
Dessa forma, resta demonstrado que, para tal autor, o ambiente integra um
conjunto de elementos naturais e culturais, e seu diálogo constitui e condiciona o
meio em que se vive, portanto, a expressão “meio ambiente” se torna mais rica em
sentido do que apenas “ambiente”:

O conceito de meio ambiente há de ser, pois, globalizante, abrangente de


toda a Natureza original e artificial, bem como os bens culturais correlatos,
compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais,
o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arqueológico
(SILVA, 2013, p. 20).
13

O conceito de “meio ambiente” na legislação brasileira era obscuro até o


advento da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, anterior à Constituição de
1988, que conceituou em seu artigo 3º, I o que seria meio ambiente como o
“conjunto de condições, leis, influencias e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Em face da sistematização dada pela Constituição Federal de 1988,


podemos tranquilamente afirmar que o conceito de meio ambiente dado
pela Lei da Política Nacional do Meio Ambiente foi recepcionado. Isso
porque a Carta Magna de 1988 buscou tutelar não só o meio ambiente
natural, mas também o artificial, o cultural e o do trabalho (FIORILLO, 2013,
p. 49).

Em seu artigo 2º, I, o meio ambiente é considerado como “patrimônio público


a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo”.
Para alguns autores como Silva (2013, p. 21) há três aspectos do meio
ambiente: O meio ambiente artificial, que é aquele constituído pelo espaço urbano
construído, consubstanciado no conjunto de edificações (espaço urbano fechado) e
do espaço urbano aberto, que sejam as ruas, praças, áreas verdes, espaços livres
em geral; O meio ambiente cultural, que é integrado pelo patrimônio histórico,
artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que embora seja artificial (obra do
homem), difere do anterior pelo sentido de valor especial que adquiriu; E por fim,
omeio ambiente natural, também chamado de físico, constituído pelo solo, o ar
atmosférico, a água, a flora, pela interação dos seres vivos e seu meio, onde se dá a
correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente físico
que ocupam.
Para Fiorillo (2013, p. 53), existe ainda um quarto aspecto do meio ambiente:
o meio ambiente do trabalho. Esse é o local onde as pessoas desempenham suas
atividades laborais, independente de remuneração, relacionadas à sua saúde,
constituindo fator importante ao seu equilíbrio a questão da salubridade do meio e
ausência de agentes que comprometam o estado psicofísico do trabalhador.
O conceito de meio ambiente se faz importante uma vez que a qualidade do
meio ambiente em que se vive, trabalha e diverte, influi de forma significativa na
própria qualidade de vida dos seres humanos. O meio ambiente pode ser satisfatório
e permitir o desenvolvimento individual, ou pode ser nocivo e atrofiante. A qualidade
do meio ambiente, portanto, transforma-se num bem ou patrimônio, onde a
14

preservação do meio ambiente sadio e recuperação devem ser prioridade para o


Poder Público, a fim de garantir uma qualidade de vida satisfatória, com
boascondições de trabalho, lazer, educação, saúde e segurança, preceitos
indispensáveis para o bem-estar do homem e seu desenvolvimento (SILVA, 2013, p.
25).

2.1 Evolução dos Direitos Fundamentais

É muito comum encontrar em diversos materiais e doutrinas a associação dos


termos “direitos fundamentais” e “direitos humanos”. Fernandes (2017, p. 320)
entende que a expressão “direitos humanos”traz consigo carga semântica muito
ampla, e pode assim ser associada a conteúdos divergentes. Portanto, os Direitos
Humanos se relacionariam com um “discurso com pretensão normativa de
universalidade, abrangendo, desse modo, qualquer pessoa numa perspectiva extra-
estatal (internacional).”
No entender de Mendes (et al. 2008, p. 234), a expressão “direitos humanos”
ou “direitos do homem” dizem respeito a certas posições essenciais ao homem,
direitos esses postulados em bases jusnaturalistas, e que não possuem positivação
numa ordem jurídica particular.
Por sua vez, otermo “direitos fundamentais” apareceu num primeiro
momentona França do século XVIII, durante o movimento político-cultural que levou
à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789. Foi só no século XIX
que o pensamento acerca do tema ganhou força na Alemanha, que trouxe a
expressãogrundrechte, que significa “direitos fundamentais” em alemão
(FERNANDES, 2017, p. 321).
Este étido como um sistema de relações jurídicas básicas entre o indivíduo e
o Estado, como fundamento de toda a ordem jurídica de autolimitação do poder
estatal em face de esferas de interesse privado. Por isso, seguindo a tradição alemã,
é comum se falar que os “direitos fundamentais” são “direitos humanos” positivados
(FERNANDES, 2017, p. 321).
O reconhecer dos direitos fundamentais do homem em enunciados claros nas
declarações de direitos é coisa recente, e não tão logo se esgotarão suas
possibilidades, já que cada passo na etapa da evolução da Humanidade leva a
15

conquista de novos direitos. Além da conquista, “o reconhecimento desses direitos


caracteriza-se como reconquista de algo que, em termos primitivos, se perdeu,
quando a sociedade se dividira entre proprietários e não proprietários” (SILVA, 2014,
p. 151, a).

Para alguns autores, os “direitos humanos” (ou “direitos do homem”) ainda


seriam tomados apenas no plano contrafactural (abstrato), despidos de
qualquer normatividade (seguindo a tradição jusnaturalista), enquanto os
“direitos fundamentais” já trariam em si as exigências de cumprimento (e
sanção) como toda e qualquer norma jurídica. [...] A leitura mais recorrente
a atual sobre o tema, é aquela que afirma que os “direitos fundamentais” e
os “direitos humanos” se separariam apenas pelo plano de sua positivação,
sendo portanto, normas jurídicas exigíveis, os primeiros no plano interno do
Estado, e os segundos no plano do Direito Internacional, e, por isso,
positivados nos instrumentos de normatividade internacionais
(FERNANDES, 2017, p. 321).

Portanto, para diversos autores, os direitos fundamentais seriam efeito do


processo de constitucionalização dos direitos humanos, sendo esses entendidos
como “elementos de discursos morais justificados ao longo da história”. Dessa
forma, os direitos fundamentais não podem ser tidos como verdades absolutas, mas,
elementos em constante processo de reconstrução, uma vez que sua justificação e
normatividade provém de uma Constituição positiva, mutável da mesma forma
(FERNANDES, 2017, p. 321).
Falar em direitos fundamentais é falar em condições para a “construção e o
exercício de todos os demais direitos previstos no ordenamento jurídico (interno), e
não apenas uma leitura reducionista, como direitos oponíveis contra o Estado”
(FERNANDES, 2017, p. 321).
A natureza dos direitos fundamentais é constitucional, segundo também o
artigo 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, uma vez
que sua adoção é um dos elementos essências do próprio conceito de constituição.
Direitos Fundamentais são constitucionais na medida em que se inserem no texto de
uma constituição ou apenas constem de simples declaração solenemente
estabelecida pelo poder constituinte. São direitos que nascem e se fundamentam
puramente atrelados ao princípio da soberania popular (SILVA, 2013, 181, a)
Esculpidos com base no ideal francês de liberdade, igualdade e fraternidade,
a classificação dos direitos fundamentais se divide em 3 principais gerações ou
dimensões. Nos dizeres de Bonavides (2006, p. 563):
16

Em rigor, o lema revolucionário do século XVIII, esculpido pelo gênio político


francês, exprimiu em três princípios cardeais todo o conteúdo possível dos
direitos fundamentais, profetizando até mesmo a sequência histórica de sua
gradativa institucionalização: liberdade, igualdade e fraternidade. Com
efeito, descoberta a fórmula de generalização e universalidade, restava
doravante seguir os caminhos que consentissem inserir na ordem jurídica
positiva de cada ordenamento político os direitos e conteúdos materiais
referentes àqueles postulados. Os direitos fundamentais passaram na
ordem institucional a manifestar-se em três gerações sucessivas, que
traduzem sem dúvida um processo cumulativo e qualitativo, o qual, segundo
tudo faz prever, tem por bússola uma nova universalidade: a universalidade
material e concreta, em substituição da universalidade abstrata e, de certo
modo, metafísica daqueles direitos, contida no jusnaturalismo do século
XVIII.

Os direitos de primeira geração, são também conhecidos como direitos de


liberdade: direitos civis e políticos, responsáveis por inaugurar o constitucionalismo
do Ocidente ao final do século XVIII. O titular dos direitos de primeira geração é o
indivíduo, e o Estado encontra o dever de abstenção perante aquele. Esta dimensão
sustenta um forte traço de resistência, de oposição perante o Estado. Possui
Natureza Negativa, conforme Jellinek, isolando juridicamente Sociedade e Estado,
supervalorizando o homem singular (FERNANDES, 2017, p. 325).
Como dito anteriormente, são direitos de liberdade, civis e políticos, sendo os
primeiros direitos a constarem no instrumento normativo constitucional,que em
grande parte correspondem à fase inaugural do constitucionalismo deste lado do
hemisfério. Apesar de hoje esses direitos parecerem pacíficos, atravessaram
conflitos políticos no passado, encontraram recuos conforme a natureza de cada
modelo de sociedade onde eram aplicados (BONAVIDES, 2006, p. 563).

Entram na categoria do status negativusda classificação de Jellinek e fazem


também ressaltar na ordem dos valores políticos a nítida separação entre a
sociedade e o Estado. Sem o reconhecimento dessa separação, não se
pode aquilatar o verdadeiro caráter antiestatal dos direitos da liberdade,
conforme tem sido professado com tanto desvelo teórico pelas correntes do
pensamento liberal de teor clássico. São por igual direitos que valorizam
primeiro o homem-singular, o homem das liberdades abstratas, o homem da
sociedade mecanicista que compõe a chamada sociedade civil, da
linguagem jurídica mais usual.

No decorrer do século XX surgem os direitos de segunda geração, os


chamados direitos sociais, culturais e econômicos. Esses direitos são intitulados
sociais não pela perspectiva coletiva, como ensina Fernandes (2017, p. 325), mas
17

porque buscam a realização de prestações sociais. Sua introdução aconteceu no


desenvolvimento do Estado Social, como resposta aos movimentos e ideais
antiliberais.
Bonavides (2006, p. 564) ensina que os direitos de segunda geração são
direitos sociais, bem como direitos coletivos ou das coletividades. Direitos esses
introduzidos no constitucionalismo das várias formas de Estado Social depois que
germinaram por obra dos ideais e da reflexão antiliberal do século XX. Estes direitos
nasceram abraçados ao princípio da igualdade, e não podem ser separados destes,
uma vez que fazer isso seria como desmembrá-los da sua razão de ser, que os
ampara e estimula.
Nesse sentido, abraçaram a noção de igualdade dos indivíduos que compõem
a sociedade. Nos primeiros anos receberam baixa normatividade, uma vez que
invertiam a lógica da geração anterior: passava-se agora a exigir do Estado
determinadas prestações materiais. Com o desenvolvimento dos direitos de segunda
geração, ocorreu uma mudança na leitura dos direitos fundamentais, que ate então
era percebido como direito de defesa do indivíduo contra o Estado. Nesse segundo
momento da história, eram percebidos como garantias institucionais(FERNANDES,
2017, p. 326).

Da mesma maneira que os da primeira geração, esses direitos foram


inicialmente objeto de uma formulação especulativa em esferas filosóficas e
políticas de acentuado cunho ideológico; uma vez proclamados nas
Declarações solenes das Constituições marxistas e também de maneira
clássica no constitucionalismo da social-democracia (a de Weimar,
sobretudo), dominaram por inteiro as Constituições do segundo pós-guerra.
Mas passaram primeiro por um ciclo de baixa normatividade ou tiveram
eficácia duvidosa, em virtude de sua própria natureza de direitos que
exigem do Estado determinadas prestações materiais nem sempre
resgatáveis por exiguidade, carências ou limitação essências de meios e
recursos (BONAVIDES, 2006, p. 564).

Ainda no século XX, pós segunda-guerra,a retomada de consciência


humanista de um mundo repartido entre nações desenvolvidas e subdesenvolvidas
foi crucial para se ponderar a respeito de uma terceira geração de direitos
fundamentais, considerada aqui como a mais importante, uma vez que o presente
trabalho pauta sua linha de raciocínio inicial aqui.
18

A terceira geração de direitos fundamentais então é aquela dimensão regida


com base no princípio da fraternidade, conforme KarelVasak, também chamada por
alguns de solidariedade.
Essa terceira geração de direitos fundamentais traz como seu destinatário o
gênero humano como um todo, conectado, tanto no presente como no futuro, mas
acima de tudo, a terceira geração de direitos é provida de uma gama de sentidos
que ultrapassam a proteção específica de direitos individuais ou coletivos. São
direitos transindividuais, direcionados à preservação da qualidade de vida, direito ao
desenvolvimento, à paz, à comunicação, e por fim o direito ao meio ambiente sadio,
sendo possível que haja outros direitos em fase gestacional, podendo ser alargado
conforme o processo universalista for se alargando.

Dotados de altíssimo teor de humanismo e universalidade, os direitos da


terceira geração tendem a cristalizar-se no fim do século XX enquanto
direitos que não se destinam especificamente à proteção dos interesses de
um indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado. Têm primeiro por
destinatário o gênero humano mesmo, num momento expressivo de sua
afirmação como valor supremo em termo de existencialidade concreta. [...]
Emergiram eles da reflexão sobre temas referentes ao desenvolvimento, à
paz, ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da
humanidade (BONAVIDES, 2006, p. 569).

A primeira declaração de direitos fundamentais, em sentido moderno, foi a


Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia, de 1776, uma das 13 colônias
inglesas nos Estados Unidos da América. Essa Declaração foi inspirada nas teorias
de Locke, Rousseau e Montesquieu (SILVA, 2014, p. 154).
No Brasil, apenas depois de longos 20 anos de Regime Militar ditatorial, deu-
se início ao processo de redemocratização do país, mas essa mudança de regime
necessitava de uma nova Constituição para selar esse novo pacto político-social.
Dessa forma, nasceu a Constituição de 1988, que introduziu as garantias e direitos
fundamentais ao seu texto, trazendo enfoque especial a teoria das três dimensões.
A respeito da classificação dos direitos fundamentais na constituição brasileira
de 1988, a teoria clássica adotou a classificação a partir de uma estrutura baseada
no agrupamento e organização do texto constitucional brasileiro: a) Direitos
individuais e coletivos: artigo 5º; b) Direitos sociais: artigos 6º a 11; c) Direitos de
nacionalidade: artigo 12; d) Direitos políticos: artigos 14 a 16; e)Direitos de
organização em partidos políticos: artigo 17.
19

Para um leitor atento, logo se vê que essa classificação é vazia e esquece da


existência de direitos fundamentais que são consagrados em outras partes da
Constituição, muito além do título II do diploma constitucional. Exemplo importante é
o caso dos direitos ambientais, expresso no artigo 225 da Constituição de 1988.
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) identificou a carência dessa
classificação no curso da ADI nº 939, na qual um princípio do direito tributário
(princípio da anterioridade tributária do art. 150, III, “b”) foi entendido como um direito
e garantia fundamental, apesar de não explícito no título II da Constituição
(FERNANDES, 2017, p. 324).
Para Fernandes (2017, p. 324) os direitos fundamentais não poderiam ser
classificados no vácuo, sem uma situação concreta de aplicação, uma vez que no
caso real, de acordo com o uso argumentativo dos participantes é que se poderia
definir a dimensão e significados do direito em debate. Como exemplo, o direito ao
meio ambiente saudável, pode ser tratado como questão relativa à condições
adequadas de trabalho ou, até mesmo, como direito das futuras gerações. Tudo
depende da perspectiva argumentativa: se individual, coletiva, social ou difusa.
20

3 MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO E SADIO COMO DIREITO HUMANO


FUNDAMENTAL

A preocupação com o meio ambiente é antiga, sendo possível observar em


alguns ordenamentos jurídicos pretéritos tal inquietação: é o caso das Ordenações
Filipinas que previam em seu Livro Quinto, Título LXXC pena gravíssima ao agente
que cortasse árvore ou fruto, sujeitando-o ao açoite e ao degredo para a África por
quatro anos, se o dano fosse mínimo. Caso o dano fosse considerado além do
mínimo, o degredo poderia ser ate o fim dos dias do autor (MORAES, 2003, p. 678).
A proteção ao meio ambiente no Direito Brasileiro tem sua veia ligada ao
direito internacional, como defendem alguns autores ao exemplo de Paulo Affonso
Leme Machado, e essa influência se traduz em leis importantes para o Direito
Ambiental, tais quais: Lei nº 6.938 de 1987 (Política Nacional do Meio Ambiente) e
Lei º 7.347 de 1985, anteriores à Constituição de 1988, bem como a própria carta
magna de 1988.
As Leis 7.347/85 e 6.938/87 apresentam bases para a proteção ecológica,
bem como conceitos de termos amplamente utilizados nos estudos do Direito
Ambiental. Conceitua os objetivos da Política Nacional de Meio ambiente, adquirindo
o termo “Meio Ambiente” o conceito de bem de uso comum, merecedor de defesa
específica.
A esse respeito, é interessante ressaltar que a Constituição de 1988 foi a
primeira Constituição brasileira que utilizou a expressão “meio ambiente”
explicitamente, uma das linhas de proteção da terceira geração de direitos humanos
fundamentais. Antes dela, apenas a Emenda Constitucional nº 1/1969 utilizou a
expressão “ecológico” em um texto constitucional. Ainda assim, é considerado um
sinal promissor na opinião de Machado (2013, p. 150), uma vez que a Conferência
de Estocolmo se deu em 1972, demonstrando que antes disso, o Poder Público já se
mostrava atento a questões ambientais ainda que de forma tímida.
A respeito da Conferência das Nações Unidas em Estocolmo, em junho de
1972, conhecida também como Declaração do Meio Ambiente, foram acordados 26
princípios artigos, que constituem um prolongamento da Declaração Universal dos
Direitos do Homem.
Interessante destacar que a Conferência de Estocolmo declarou ser o
homem resultado do meio que o cerca, meio ambiente esse que lhe oferece
21

condições para o sustento material e oportunidade de desenvolver-se intelectual,


moral e espiritualmente. Continua dizendo ainda que os dois aspectos do meio
ambiente, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do Homem e para
que ele goze de todos os direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida
mesma.
Por isso é tão importante a questão da proteção e melhora do meio
ambiente. Pois esta afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do
mundo inteiro. Nesse sentido, a Declaração do Meio Ambiente firmou 26 princípios
fundamentais para a proteção ambiental, influenciando inclusive na criação do
capítulo do meio ambiente na Carta Magna brasileira de 1988.
Silva (2013, p. 73) explica que a Declaração de Estocolmo abriu caminho para
que Constituições posteriores a ela reconhecessem o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e sadio como um direito fundamental entre os direitos
sociais do homem “com sua característica de direitos a serem realizados e direitos a
não serem perturbados”.
No Brasil, enquanto o meio ambiente era consagrado pelo direito
internacional, acontecia a positivação da tutela do meio ambiente também plano
nacional. Foi propriamente na Carta Magna de 1988 que aconteceu a afirmação de
um direito ao meio ambiente equilibrado como bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, direito esse afirmado subjetivamente, bem
como considerado um direito de titularidade coletiva, como se pode colher do texto
constitucional, artigo 225:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado”, afirma a


Carta Magna, sendo direito de cada um como pessoa humana independente da sua
raça, cor, credo, idade, sexo, profissão, renda, alargando a abrangência da norma
jurídica, não particularizando um indivíduo em especial, ou mesmo excluindo-o. O
gozo desses direitos é individual e coletivo ao mesmo tempo, por isso dito
transindividual, posto na categoria de direitos de interesse difusos.
22

Machado (2013, p. 151) adverte que a locução “todos têm direito” é criadora
de direito subjetivo, oponível erga omnes, que é completado pelo direito ao exercício
da ação popular ambiental, segundo o artigo 5º, LXXIII da Constituição de 1988.
Para esse autor, o artigo 225 da constituição é antropocêntrico. Explica,
citando Álvaro L. V. Mirra, que o direito ao meio ambiente sadio é um direito
fundamental da pessoa humana, para que assim seja possível preservar a vida e a
dignidade do homem – que é o centro, a essência dos direitos fundamentais, e sem
um meio ambiente equilibrado, a possibilidade de existência humana minimamente
digna fica comprometida (MACHADO, 2013, p. 153).
Na mesma linha de pensamento, a conferência do Rio de Janeiro, em 1992,
reafirmou o posicionamento antropocêntrico ao declarar em seu princípio de número
1 que os seres humanos “constituem o centro das preocupações relacionadas com o
desenvolvimento sustentável”.
Já o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do voto do relator Ministro
Celso de Mello, descreveu o direito ao meio ambiente como um “típico direito de
terceira geração que assiste, de modo subjetivamente indeterminado, a todo o
gênero humano, circunstancia essa que justifica a especial obrigação – que incumbe
ao Estado e à própria coletividade – de defende-lo e de preservá-lo em benefício das
presentes e futuras gerações”.
Assim, a Constituição Federal de 1988, ao incorporar valores e opções
políticas relacionadas aos direitos fundamentais, revolucionou, relação as
constituições brasileiras anteriores, ao tratar sobre o direito e proteção ao meio
ambiente. Seja porque tal princípio descreve uma necessária e indispensável
atuação do Estado, tanto positiva quanto negativa, seja também porque posiciona a
coletividade como responsável e colaboradora na preservação ecológica
(BENJAMIN, 2002, p. 10).
Isto é, as normas constitucionais ambientais modificam o substrato normativo
que circunda o funcionamento do Estado. Legitimam e facilitam a intervenção
estatal, regulatória ou não, em favor do meio ambiente (BENJAMIN, 2002, p. 10).
Baseado nessa construção constitucional ecológica, o processo de afirmação
de direitos humanos e fundamentais e da proteção da dignidade da pessoa humana,
trouxe como resultado a inserção da proteção ambiental no rol de direitos
fundamentais, como expressão da terceira fase da geração de ideais franceses.
23

Por fim, para possibilitar a ampla proteção, a Carta Magna de 1988 previu
algumas regras, divisíveis em quatro grandes grupos, como explica Moraes (2003, p.
679): a) Regra de Garantia: qualquer cidadão é considerado parte legítima para a
propositura da ação popular, visando anulação de ato lesivo ao meio ambiente,
conforme artigo 5º, LXXIII. b) Regras de Competência: a Constituição Federal
determina em seu artigo 23, ser de competência administrativa comum da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios o dever de proteger os
documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos, proteger o
meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, bem como
preservar as florestas, a fauna e a flora. Além disso, existe a previsão de
competência legislativa concorrente entre União, Estados e Distrito Federal para a
proteção das florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo
e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição. Proteção
ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico. Responsabilidade
por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico. Igualmente o Ministério Público tem como
função institucional promover o inquérito civil e a ação civil pública, inclusive para a
proteção do meio ambiente e de outro interesses difusos e coletivos, como apregoa
o artigo 129, III. c) Regras Gerais: a Constituição estabelece difusamente diversas
regras relacionadas à preservação do meio ambiente (arts.170, VI; 173, §5º;174,
§3º; 186, II; 200, VIII; 216, V; 231, §1º). d) Regras Específicas: encontram-se no
capítulo da Constituição Federal destinado ao meio ambiente.
Tais regras consagram constitucionalmente o direito a um meio ambiente
sadio, equilibrado e íntegro, constituindo sua proteção, reconhecido como direito
fundamental, tanto pela Constituição, como igualmente pelo Superior Tribunal
Federal (STF).

3.1Meio Ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental


indissociável a qualidade de vida

É sabido que o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado pertence a todos


como uma coletividade por ser um direito de cunho transindividual. Este é
24

certamente assegurado pela terceira dimensão de direitos fundamentais, sendo uma


de suas preocupações principais a melhor qualidade de vida aos seres humanos
dessa e das próximas gerações.
No tocante ao meio ambiente equilibrado, partindo da perspectiva de
observação ecológica, este se dá na conservação das propriedades e das funções
naturais desse meio, permitindo assim a existência, evolução e desenvolvimento dos
seres vivos. Dessa forma, dizer que se tem o direito ao um meio ambiente
ecologicamente equilibrado equivale a afirmar que há um direito a que não se
desequilibre significativamente o meio ambiente (MACHADO, 2013, p. 66).
Sobre o termo “equilíbrio”, este pode ser descrito como uma igualdade
perfeita ou quase perfeita entre elementos opostos, para tanto fazendo-se
necessário que esses elementos opostos sejam identificados e mensurados. Mas o
estado de equilíbrio não busca a obtenção de uma situação de estabilidade
absoluta, onde nada se altera. É sempre um desafio científico, social e político aferir
e decidir se as mudanças ou inovações são positivas ou negativas (MACHADO,
2013, p. 66).
Nesse sentido, faz-se importante os dizeres de Machado:

O equilíbrio ecológico não significa uma permanente inalterabilidade das


condições naturais. Contudo, a harmonia ou a proporção e a sanidade entre
os vários elementos que compõem a ecologia – populações, comunidades,
ecossistemas e a biosfera – hão de ser buscadas intensamente pelo poder
público, pela coletividade e por todas as pessoas (MACHADO, 2013, p.
154).

O direito ambiental sente a necessidade de estabelecer normas que


assegurem o equilíbrio ecológico, sendo sua função prevenir, evitar ou ate mesmo
reparar o desequilíbrio que venha a acontecer, pois cada ser humano só conseguira
usufruir plenamente de um estado de bem-estar e de equidade se lhe for
assegurado o direito fundamental de viver num meio ambiente ecologicamente
equilibrado (MACHADO, 2013, p. 68).
A qualidade do meio ambiente transforma-se dessa forma num bem ou
patrimônio coletivo, e a sua preservação, recuperação ou revitalização é necessária
para assegurar uma boa qualidade de vida, que implica em boas condições de
trabalho, lazer, educação, saúde. Resume-se em boas condições de bem-estar
humano e desenvolvimento (SILVA, 2013, p. 25).
25

Para José Afonso da Silva, Paulo Affonso Leme Machado e outros


autores,fica claro que o direito ao meio ambiente equilibrado tem íntima relação com
a sadia qualidade de vida, e a sua observância deve ser feita em conjunto para que
seu objetivo mor seja alcançado: a manutenção das presentes e futuras gerações.
Citando Machado (2013, p. 153), este entende que o artigo 225 da
constituição é antropocêntrico, sendo o direito ao meio ambiente sadio um direito
fundamental da pessoa humana, para que assim seja possível preservar a vida e a
dignidade do homem – que é o centro, a essência dos direitos fundamentais, e sem
um meio ambiente equilibrado, a possibilidade de existência humana minimamente
digna fica comprometida.
A respeito do direito fundamental à vida, tem-se que esse é o direito mais
fundamental de todos os direitos, uma vez que esse constitui um pré-requisito à
existência e exercício de todos os demais, como aduz Alexandre de Moraes. A
Constituição Federal proclama o direito à vida, sendo dever do Estado garanti-lo em
sua dupla acepção, sendo a primeira relacionada ao direito de continuar vivo, e a
segunda de se ter vida digna quanto à subsistência (MORAES, 2003, p. 63).
Silva (2013, p. 200, a) sustenta da mesma forma que a vida constitui fonte
primária de todos os outros bens jurídicos. E sem vida, nada adiantaria a
Constituição assegurar outros direitos fundamentais, como por exemplo, o direito ao
meio ambiente sadio. A dignidade da pessoa humana tem que ser entendida como o
centro da ordem jurídica democrática, e não se pode afastar esse conceito do direito
ambiental.

O direito estabelecido pelo artigo 225 da Constituição é fundado no princípio


da dignidade da pessoa humana e somente nele encontra a sua justificativa
final. Sendo o princípio basilar dele decorrem todos os demais subprincípios
constitucionais, ou princípios setoriais, tais como os princípios comumente
identificados como princípios de Direito Ambiental (ANTUNES, 2008, p. 23).

O reconhecimento internacional do princípio da dignidade da pessoa humana


encontra abrigo nos artigos 1º e 2º da Declaração de Estocolmo, de 1972, uma das
primeiras iniciativas internacionais responsáveis por alertar à comunidade
internacional no que diz respeito à necessidade da proteção ao meio ambiente para
uma sadia qualidade de vida. Nesse sentido são os dizeres dos referidos artigos:
26

1º - O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao


desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de
qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é
portador solene de obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para
as gerações presentes e futuras. A esse respeito, as políticas que
promovem ou perpetuam o “apartheid”, a segregação racial, a
discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de
dominação estrangeira permanecem condenadas e devem ser eliminadas.
2º - Os recursos naturais da Terra, incluídos o ar, a água, o solo, a flora e a
fauna e, especialmente, parcelas representativas dos ecossistemas
naturais, devem ser preservados em benefício das gerações atuais e
futuras, mediante um cuidadoso planejamento ou administração adequada.

De imediato à leitura desses dois artigos, pode-se inferir que a referida


conferência trouxe um certo tipo de consciência internacional de direito humano
específico: o direito ao meio ambiente saudável, englobando a ideia de que os atos
de degradação ambiental estariam violando preceitos básicos no tocante à proteção
da vida e dignidade humana. A partir daí se multiplicaram os instrumentos acerca da
proteção ambiental.
Cerca de dois anos depois da Conferência de Estocolmo, a Carta dos Direitos
e Deveres Econômicos dos Estados das Nações Unidas, em seu artigo 3º
admoestava que a proteção e preservação do meio ambiente para as gerações
presentes e futuras constituíam uma responsabilidade de todos os Estados.
Anos após a Conferência realizada em Estocolmo, foi reafirmado pela
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, também conhecido como
Declaração do Rio ou Rio-92 o princípio da dignidade da pessoa humana:

1º - Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas


com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e
produtiva em harmonia com o meio ambiente.

Seguindo nessa esteira de consolidação do direito ao meio ambiente


equilibrado e sadio no âmbito internacional, é interessante evidenciar a importância
da Conferência Mundial sobre os Direitos do Homem, em 1993, que confirmou o
27

direito ao desenvolvimento dos povos, com a finalidade de atender igualmente as


necessidades ambientais e de desenvolvimento das gerações presentes e futuras.
Fica claro dessa forma, que o ser humano é o centro de ambas as
declarações, e sem vida, não teria valia que estes instrumentos assegurassem
qualquer direito relacionado a sadia qualidade de vida, quanto o direito ao meio
ambiente equilibrado.
O ser humano, conforme pode-se extrair da Constituição Federal e da
Declaração do Rio, é o ponto central das preocupações do direito ambiental, direito
que existe em função do ser humano e para que este viva uma vida de qualidade na
Terra, o seu habitat, sendo necessário que esse princípio seja constantemente
reafirmado, para que se encontre uma equidade entre as diferentes formas de vida
existentes sobre o planeta (ANTUNES, 2008, p. 24).
Mas não basta viver, ou simplesmente conservar a vida. É necessário ir atrás
da qualidade de vida, que é influenciada por pelo menos três fatores, segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU): saúde, educação e produto interno bruto.
Machado (2013, p. 69), citando Fernando López Ramón, diz que a qualidade de vida
é um elemento finalista do Poder Público, onde se unem a felicidade do indivíduo e o
bem comum, na finalidade de superar a rasa visão quantitativa, expressa
anteriormente como conceito de nível de vida.
Para Machado (2013, p. 70), a saúde dos seres humanos não se resume a
apenas não ter doenças diagnosticadas no presente. Deve-se levar em conta
também o estado dos elementos da Natureza – águas, solo, ar, flora, fauna e
paisagem – para se aquilatar se esses elementos estão em condição de sanidade e
se, de seu uso, advém saúde ou moléstia para o ser humano.
Portanto sadia qualidade de vida é indispensável para se promover a
dignidade da pessoa humana, e a partir dessa constatação, pode-se aferir que a
dignidade da pessoa humana deve encontrar no meio ambiente ecologicamente
equilibrado uma base solida para uma vida sadia. Move-se dessa forma o holofote
da pessoa como um indivíduo só, para a coletividade ou transindividualidade.
É fácil perceber agora que os direitos fundamentais são direitos que importam
na exaltação da dignidade da pessoa humana, e implicam na garantia de um meio
ambiente saudável para tanto. Apesar de a Constituição Federal não mencionar no
rol do artigo 5º o direito a um meio ambiente sadio, este deve ser interpretado de
28

forma a abraçar tal ideia, uma vez que se trata de direito fundamental à vida, tanto
pelo ponto de vista físico, quanto no que diz respeito a uma existência digna.
A vinculação do direito à vida e do direito ao meio ambiente sadio e
equilibrado contribui de forma relevante para com a evolução da internacionalização
da proteção de ambos os institutos supracitados, pois não há de forma alguma como
se tutelar o direito à vida humana sem preservar o meio em que a vida se
desenvolve.
A proteção ambiental, abrangendo a preservação da natureza em todos os
seus elementos e aspectos essenciais a vida humana, bem como à manutenção do
equilíbrio ecológico, visa garantir a qualidade do meio ambiente em função da
qualidade de vida, como uma forma de direito fundamental da pessoa humana, onde
um não pode ser dissociado do outro (SILVA, 2013, p. 61).
Portando, vê-se a diante uma nova projeção do direito à vida, pois a
manutenção do meio ambiente é que dá suporte as várias formas de vida, e o
ordenamento jurídico, que tutela o interesse público, deve dar uma resposta
coerente e eficaz a essa nova necessidade social. Deve-se enxergar portanto o
direito ao meio ambiente equilibrado também como um tutelador do direito à vida
(SILVA, 2013, p. 61).
29

4A EMERGÊNCIA DOS PERIGOS ECOLÓGICOS E A REAÇÃO DA SOCIEDADE


CONTEMPORÂNEA A ESSES PERIGOS

O direito ao meio ambiente equilibrado, partindo da perspectiva de


observação ecológica, se dá na conservação das propriedades e das funções
naturais desse meio, permitindo assim a existência, evolução e desenvolvimento dos
seres vivos. Dessa forma, dizer que se tem o direito ao um meio ambiente
ecologicamente equilibrado equivale a afirmar que há um direito a que não se
desequilibre significativamente o meio ambiente (MACHADO, 2013, p. 66).
Como dito anteriormente, o equilíbrio pode ser conceituado como igualdade
perfeita ou quase perfeita entre elementos opostos, mas para isso é necessário que
esses elementos opostos sejam identificados e mensurados. Mas o estado de
equilíbrio não busca a obtenção de uma situação de estabilidade absoluta, onde
nada se altera. É sempre um desafio científico, social e político aferir e decidir se as
mudanças ou inovações são positivas ou negativas (MACHADO, 2013, p. 66).
Nenhum ser humano pode ser considerado ignorante no que tange a temática
do meio ambiente, pois ao menos o mínimo sobre o assunto é divulgado com
frequência em todas as redes de difusão de informação. De forma especial, o
assunto deveria ser conhecido por aqueles cidadãos que vivem em países como o
Brasil, que detém um dos maiores índices de diferenças sociais do planeta.
Mas ainda assim, é importantíssimo que temas como desenvolvimento e
sustentabilidade ecológica continuem a ser discutidos no campo do direito à sadia
qualidade de vida e meio ambiente equilibrado. A promoção de uma consciência
sustentável deve ser divulgada e difundida para que dessa forma aconteça o fim - ou
na pior das hipóteses - seja desacelerado o processo de descaso com o meio
ambiente em que se vive hodiernamente, e de igual forma com o meio ambiente que
será entregue as futuras gerações.
30

Conforme explica Silva (2013, p. 30) a degradação ambiental ameaça não


somente o bem-estar, como também a qualidade de vida humana, se não a própria
sobrevivência do ser humano. Por isso é de suma importância observar os
processos de degradação do meio ambiente.
O processo de degradação ambiental se manifesta de diversas formas, seja
destruindo os elementos que o compõem, seja contaminando-os com substâncias
que modificam a qualidade, impedindo o uso tradicional dos recursos, como
acontece nos casos de poluição do ar, das águas, do solo e da paisagem. A
atmosfera (ar, clima), hidrosfera (rios, lagos e oceanos), e a litosfera (solo) são três
orbitas entrelaçadas que mantém a vida orgânica, por isso a contaminação de uma
compromete a pureza das outras, de forma direta ou indireta (SILVA, 2013, p. 31).
O conceito de degradação da qualidade ambiental, bem como poluição, se dá
de acordo com o artigo 3º, incisos II e III da Lei nº 6.938 de 1981:

Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:


[...]
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das
características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;

Interpretando o presente artigo, Machado (2013, p. 600) explica que no


conceito apresentado, são protegidos o homem e sua comunidade, o patrimônio
público e privado, o lazer e o desenvolvimento econômico através das diferentes
atividades (conforme alínea “b”), a flora e a fauna, a paisagem e os monumentos
naturais, inclusiva os arredores naturais desses monumentos, destacando que os
locais de valor histórico ou artístico podem ser enquadrados nos valores estéticos
em geral, cuja degradação afeta também a qualidade ambiental.
A respeito da poluição, Meireles (2012, p. 646) conceitua o termo como todo o
tipo de alteração das propriedades naturais do meio ambiente, que tenha sido
causada por agente de qualquer espécie, prejudicial à saúde, à segurança, bem
como ao bem-estar da população sujeita aos seus efeitos.
31

Machado (2013, p. 401) traz o conceito de dano ecológico do direito ambiental


italiano: este é considerado como sendo a lesão, alteração ou prejuízo de um fator
ambiental ou ecológico - tais como a água, solo, florestas, clima, dentre outros –
com o qual consiga-se uma modificação, pra pior, da condição de equilíbrio
ecológico do ecossistema local ou abrangente.
As notícias sobre desastres ecológicos vêm crescendo a cada dia, dessa
forma despertando em alguns a chamada consciência ambientalista, ou consciência
ecológica, chamando a atenção de autoridades para o tema da degradação e
destruição ambiental natural e cultural que vem acontecendo de forma
preocupantemente sufocante. Mas essa preocupação não deve ser apenas em
relação ao meio ambiente natural, devendo ser considerado o meio ambiente em
todas as suas manifestações (SILVA, 2013, p. 35).
A respeito do tema, Junges (2004, p. 55) explica que os métodos de análise e
intervenção no ambiente natural, processados pela ciência e pela técnica, não são
adequados uma vez que o conhecimento foi decomposto em áreas, repartindo a
natureza pela ausência de um saber complexo. O surgimento da ecologia veio para
assumir a necessidade de uma cultura sistêmica. Dessa forma, depara-se perante a
emergência da necessidade de um novo olhar lançado sobre a realidade moderna,
inspirado pela ecologia.
Para o autor, é necessário que se atribua à realidade natural e social uma
racionalidade dialógica, bioempática e holística, para que assim seja possível fazer
frente aos novos desafios ambientais que vêm surgindo. Para a presente situação
ambiental, é necessário que seja feita uma crítica radical à autonomia soplisista do
indivíduo moderno, para que esse compreenda a realidade ambiental como
participante de uma sociedade ampliando sua perspectiva, e não como uma soma
de entidades individuais (JUNGES, 2004, p. 55).
O ser humano deve se esforçar para se desprender da aventura de conquista
e domínio da natureza pela ciência, e se voltar para ela, observando a existência
humana de outra forma: menos individualista, e mais como um ser social integrado -
ao mesmo tempo que responsável - pelo meio ambiente.
A realidade evidenciada acerca dos perigos ecológicos se deve a ações dos
indivíduos que compõem a sociedade contemporânea em que se vive. A Questão
fundamental é como estagnar o individualismo e ir atrás de uma nova forma de se
32

enxergar os valores éticos sociais, a fim de que as próximas gerações possam


existir, bem como sobreviver de forma minimamente sadia.
Deve-se buscar a preservação do patrimônio ambiental global, levando em
conta todas as suas manifestações. Faz-se importante procurar compatibilizar o
crescimento econômico e a qualidade de vida, orientando dessa forma o
desenvolvimento onde não haja a continuidade da destruição de elementos
substâncias da Natureza e Cultura, uma vez que os problemas ambientais são
também sociais, pois ambas dimensões não podem ser dissociadas uma da outra.
(SILVA, 2013, p.36).

4.1Alternativas e soluções para frear a degradação do meio ambiente a partir


da (re)construção de uma consciência ética e sustentável

A construção de uma consciência ética e sustentável é essencial para se frear


a degradação do meio ambiente. A chamada consciência ética é uma ideia
interessante para que aconteça uma contenção da degradação, conciliando o
individualismo moderno e a preocupação com gerações posteriores.
Quando se pensa na proteção das gerações futuras, percebe-se a
necessidade de se pensar nos conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento
dentro do Direito Ambiental, uma vez que esses são pontos chaves para a
sobrevivência humana e co-evolução da humanidade e natureza. Sobre o tema, faz-
se importante observar que:

A constituição estabelece as presentes e futuras gerações como


destinatárias da defesa e da preservação do meio ambiente. O
relacionamento das gerações com o meio ambiente não poderá ser levado
a efeito de forma separada, como se a presença humana no planeta não
fosse uma cadeia de elos sucessíveis. O art. 225 consagra a ética da
solidariedade entre as gerações, pois as gerações presentes não podem
usar o meio ambiente fabricando escassez e a debilidade para as gerações
vindouras. Uma geração deve tentar ser solidária entre todos os que a
compõem (MACHADO, 2013, p. 158).

Até pouco tempo, a questão da degradação ambiental não estava entre os


objetos de maior preocupação da sociedade, uma vez que após o advento da
Segunda Guerra Mundial grande parte dos países estava preocupado em reerguer e
aquecer novamente sua economia, bem como promover a paz e a sensação de
segurança. Nesse momento da história, o ideal da industrialização e modernização
33

era tido como a forma mais eficaz para o desenvolvimento econômico dos países.
Esses passaram a utilizar de forma desregrada os recursos fornecidos pela
natureza.
A questão relativa ao esgotamento de bens naturais de fonte não renovável
era enxergada como uma ideia limitadora do progresso e evolução dos países com
economias emergentes. Entretanto, com a ocorrência de graves danos ao meio
ambiente, a temática foi trazida à debate, obrigando a todos os chefes de Estado a
se responsabilizarem e tomarem medidas afim de diminuir os efeitos nocivos do uso
irrestrito de bens naturais.
Nos dizeres de Silva (2013, p. 25) o desenvolvimento econômico tem
consistido, para a cultura ocidental, na aplicação direita de toda a tecnologia gerada
pelo homem no sentido de criar meios de substituir o que é oferecido pela natureza,
com o intuito, na maioria das vezes, de obter mais lucro financeiro. Ter mais ou
menos dinheiro,é, muitas vezes, confundido pelo indivíduo como maior ou menor
qualidade de vida, apesar de saber-se que o conforto comprado pelo dinheiro não
constitui todo o conteúdo de uma boa qualidade de vida.

Os diversos modelos de desenvolvimento que foram aplicados no Brasil,


acompanhados de declarações de autoridades governamentais de que os
países pobres não devem investir em proteção ambiental (“Nós temos ainda
muito o que poluir...”) foram responsáveis por uma série infinita de
alterações introduzidas na Natureza, algumas delas praticamente
irreversíveis, uma vez que implicaram o desaparecimento de espécies
animais e vegetais não raro únicas em todo o mundo. Modelos de
desenvolvimento importados de países com características físicas e
humanas diferentes das do Brasil, aqui aplicados sem levar em
consideração as diferenças físicas, biológicas e socioculturais (SILVA, 2013,
p. 26).

É bem verdade que os países ricos pretenderam impor aos países pobres a
ideia de que não deveriam desenvolver-se, para que assim não contribuíssem para
o aumento de poluição em nível mundial. Mas essa teoria foi repelida pelo Brasil,
que questionou a validade de qualquer colocação que impusesse limites ao acesso
dos países subdesenvolvidos ao estágio de sociedade industrializada, sob o pretexto
de frear a poluição em nível mundial. Nessa linha de raciocínio, o maior esforço
deveria ser feito pelas nações já industrializadas, os quais deveriam responder pelo
atual estágio de poluição do planeta (SILVA, 2013, p. 26).
Apesar da veracidade levantada pelo argumento, o efeito produzido foi
responsável pelo grande atraso à estruturação de uma coerente Política de Proteção
34

Ambiental, agravando ainda mais o estado calamitoso da crise ambiental. É um


desafio atual a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. A conciliação
desses dois valores consiste na promoção do desenvolvimento sustentável, que
consiste na exploração equilibrada dos recursos naturais, nos limites da satisfação
das necessidades e do bem-estar da presente geração, assim como de sua
conservação no interesse das gerações futuras (SILVA, 2013, p. 27).
O princípio da responsabilidade ambiental entre gerações se dá na
conservação de recursos sem esgotá-los. O dano ambiental advindo da emissão e
lançamento de rejeitos não deve superar a absorção da parte pelo próprio meio
ambiente. Da mesma forma, o consumo dos recursos não renováveis deve ser
limitado a um nível mínimo. Riscos ambientais elevados que possam prejudicar
outros recursos devem ser reduzidos numa taxa calculável e submetida a contrato
de seguro (MACHADO, 2013, p. 159).
Acerca da sustentabilidade, deve-se pontuar que seu conceito tem
fundamento constitucional, uma vez que quando o artigo 225 da Constituição
Federal de 1988 impõem ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e
preservar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes
e futuras gerações, está precisamente dando o conteúdo essencial da
sustentabilidade (SILVA, 2013, p. 28).
Segundo Machado (2013, p. 71), a sustentabilidade pode ser sustentada sob
dois critérios: a) as ações humanas devem ser analisadas quanto à incidência de
seus efeitos diante do tempo cronológico, uma vez que seus efeitos são estudados
tanto no presente, quanto no futuro; e b) ao se fazer um prognóstico do futuro,
deverá ser pesquisado quais efeitos continuaram e quais as consequências de sua
duração. Nesse primeiro momento, segundo o autor, não se faz necessário integrar
o conceito de equidade intergeracional. Mas quando se pensar em sustentabilidade
junto ao conteúdo ambiental, há de se assumir, além da equidade intergeracional,
um novo elemento: c) deverá ser considerado o tempo, a duração dos efeitos e
consideração o estado do meio ambiente em relação ao presente e ao futuro.
A legislação ambiental brasileira, permeada pelo conceito de sustentabilidade,
se mostra à par das necessidades do planeta. Para comprovar isso, basta ver que a
Lei Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº 9.985/2000) divide as Unidades
35

de Conservação em dois grupos (SILVA, 2013, p. 29): a) Unidades de Proteção


Integral: com o objetivo de preservar a Natureza, nas quais só se admite o uso
indireto dos seus recursos naturais; b)Unidades de Uso Sustentável: com o objetivo
de compatibilizar a conservação da Natureza com o uso sustentável de parcela de
seus recursos naturais.
Antes de falar sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, faz-se mister
conceituar o que é desenvolvimento. Para tanto, é importante lembrar que seu
conceito foi difundo amplamente pela Declaração sobre o Direito ao
Desenvolvimento, que por sua vez, é oriunda da Resolução nº 41/128 da ONU, em
1986.
Para a referida declaração, o termo desenvolvimento é conceituado como um
processo global, econômico, social, cultural e político que tem por objetivo melhorar
de forma contínua o bem-estar da população, embasando em suas participações
ativa, livre e significativa no desenvolvimento e na partilha equitativa das vantagens
que daí decorrem. Destaca-se o conteúdo do artigo 2º, §§ 1º e 2º:

§1. A pessoa humana é o sujeito central do desenvolvimento e deveria ser


participante ativo e beneficiário do direito ao desenvolvimento.
§2. Todos os seres humanos têm responsabilidade pelo desenvolvimento,
individual e coletivamente, levando-se em conta a necessidade de pleno
respeito aos seus direitos humanos e liberdades fundamentais, bem como
seus deveres para com a comunidade, que sozinhos podem assegurar a
realização livre e completa do ser humano e deveriam por isso promover e
proteger uma ordem política, social e econômica apropriada para o
desenvolvimento.

O desenvolvimento sustentável seria a fusão de dois termos e seus


respectivos conceitos: desenvolvimento e sustentabilidade,tendocomo requisitos
indispensáveis: a) crescimento econômico que envolva equitativamente a
redistribuição dos resultados do processo produtivo; e b) erradicação da pobreza de
forma a reduzir as diferenças nos padrões de vida e melhor atendimento da maioria
da população. Se o desenvolvimento não elimina a pobreza, não propicia um nível
de vida que satisfaça as necessidades essenciais da população em geral, ele não
pode ser classificado como sustentável (SILVA, 2013, p. 28).
A respeito do tema desenvolvimento sustentável, tem-se um marco
importante: a Declaração de Estocolmo, de 1972. Como dito em oportunidade
anterior, essa declaração trata em diversos dos seus princípios a questão do
desenvolvimento ligado ao meio ambiente, pois o Homem é o resultado e o artífice
36

do meio que o circunda. Ambiente esse que lhe dá o sustento material, e propicia a
oportunidade de desenvolver-se. Por isso a proteção e melhora do meio ambiente é
uma questão tida como de suma importância, uma vez que essa afeta o bem-estar
dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro.
O desenvolvimento econômico não pode ser definido apenas em termos de
PNB (Produto Nacional Bruto) real por habitante, ou em termos de consumo real por
habitante. Deve ser alargado para que dessa forma sejam incluídas outras
dimensões, tais como educação, saúde, qualidade do meio ambiente, e
consequentemente a qualidade de vida (SILVA, 2013, p. 29).
Ainda sobre os princípios da Declaração do Meio Ambiente, ocorrida em
Estocolmo, interessante destacar alguns dos vários princípios que versam sobre a
preocupação do desenvolvimento ligado ao meio ambiente. São eles:

2 - Os recursos naturais da Terra, incluídos o ar, a água, o solo, a flora e a


fauna e, especialmente, parcelas representativas dos ecossistemas
naturais, devem ser preservados em benefício das gerações atuais e
futuras, mediante um cuidadoso planejamento ou administração adequada.
[...]
4 - O homem tem a responsabilidade especial de preservar e administrar
judiciosamente o patrimônio representado pela flora e fauna silvestres, bem
assim o seu “habitat”, que se encontram atualmente em grave perigo por
uma combinação de fatores adversos. Em conseqüência, ao planificar o
desenvolvimento econômico, deve ser atribuída importância à conservação
da natureza, incluídas a flora e a fauna silvestres.
5 - Os recursos não renováveis da Terra devem ser utilizados de forma a
evitar o perigo do seu esgotamento futuro e a assegurar que toda a
humanidade participe dos benefícios de tal uso.
[...]
8 - O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar
ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e criar, na Terra, as
condições necessárias à melhoria da qualidade de vida.
9 - As deficiências do meio ambiente decorrentes das condições de
subdesenvolvimento e de desastres naturais ocasionam graves problemas;
a melhor maneira de atenuar suas conseqüências é promover o
desenvolvimento acelerado, mediante a transferência maciça de recursos
consideráveis de assistência financeira e tecnológica que complementem os
esforços dos países em desenvolvimento e a ajuda oportuna, quando
necessária.
10 - Para os países em desenvolvimento, a estabilidade de preços e
pagamento adequado para comodidades primárias e matérias-primas são
essenciais à administração do meio ambiente, de vez que se deve levar em
conta tanto os fatores econômicos como os processos ecológicos.
11 - As políticas ambientais de todos os países deveriam melhorar e não
afetar adversamente o potencial desenvolvimentista atual e futuro dos
países em desenvolvimento, nem obstar o atendimento de melhores
condições de vida para todos; os Estados e as organizações internacionais
deveriam adotar providências apropriadas, visando chegar a um acordo,
para fazer frente às possíveis conseqüências econômicas nacionais e
internacionais resultantes da aplicação de medidas ambientais.
37

12 - Deveriam ser destinados recursos à preservação e melhoramento do


meio ambiente, tendo em conta as circunstâncias e as necessidades
especiais dos países em desenvolvimento e quaisquer custos que possam
emanar, para esses países, a inclusão de medidas de conservação do meio
ambiente, em seus planos de desenvolvimento, assim como a necessidade
de lhes ser prestada, quando solicitada, maior assistência técnica e
financeira internacional para esse fim.
13 - A fim de lograr um ordenamento mais racional dos recursos e, assim,
melhorar as condições ambientais, os Estados deveriam adotar um enfoque
integrado e coordenado da planificação de seu desenvolvimento, de modo a
que fique assegurada a compatibilidade do desenvolvimento, com a
necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente humano, em benefício
de sua população.
14 - A planificação racional constitui um instrumento indispensável, para
conciliar as diferenças que possam surgir entre as exigências do
desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente.
[...]
18 - Como parte de sua contribuição ao desenvolvimento econômico e
social, devem ser utilizadas a ciência e a tecnologia para descobrir, evitar e
combater os riscos que ameaçam o meio ambiente, para solucionar os
problemas ambientais e para o bem comum da humanidade.
[...]
20 - Deve ser fomentada, em todos os países, especialmente naqueles em
desenvolvimento, a investigação científica e medidas desenvolvimentistas,
no sentido dos problemas ambientais, tanto nacionais como multinacionais.
A esse respeito, o livre intercâmbio de informação e de experiências
científicas atualizadas deve constituir objeto de apoio e assistência, a fim de
facilitar a solução dos problemas ambientais; as tecnologias ambientais
devem ser postas à disposição dos países em desenvolvimento, em
condições que favoreçam sua ampla difusão, sem que constituam carga
econômica excessiva para esses países.

Vinte anos depois da Declaração de Estocolmo, a Conferência das Nações


Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro no ano
de 1992, reafirma os princípios acima citados, mas insere outros mais, a respeito da
temática desenvolvimento sustentável e meio ambiente. Segundo seu artigo
primeiro, “os seres humanos estão no centro das preocupações com o
desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em
harmonia com a natureza.” Dessa forma pode-se observar a correlação dos dois
direitos fundamentais do homem: o direito ao desenvolvimento e o direito a uma vida
saudável.
Mas para atender a esses dois direitos fundamentais, os Estados têm o direito
soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de
meio ambiente e de desenvolvimento, bem como possuem a responsabilidade de
assegurar que as atividades sob sua jurisdição e controle não causem danos ao
meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição
38

nacional, observando sempre os preceitos elencados na Carta das Nações Unidas e


os princípios do direito internacional (artigo segundo).

4.2 Meios processuais para proteger o meio ambiente sadio

Como dito anteriormente, as notícias sobre desastres ecológicos vêm


crescendo a cada dia, dessa forma despertando em alguns a chamada consciência
ambientalista, ou consciência ecológica, chamando a atenção de autoridades para o
tema da degradação e destruição ambiental natural e cultural de forma
preocupantemente sufocante. Por isso se faz extremamente necessária proteção
jurídica do meio ambiente, com o combate pela lei de todas as formas de
perturbação ambiental e desequilíbrio ecológico (SILVA, 2013, p. 35).
Citando os ensinamentos de Silva (2013, p. 188, a) “A afirmação dos direitos
fundamentais do homem no Direito Constitucional positivo reveste-se de
transcendental importância, mas, como notara Maurice Hauriou, não basta que um
direito seja reconhecido e declarado, é necessário garanti-lo, porque virão ocasiões
em que será discutido e violado”
No Brasil, a responsabilidade pelos danos causados ao meio ambiente deve
ser apurada por meio de processo, segundo rege o princípio da legalidade, bem
como o princípio da garantia de acesso à jurisdição. Vale destacar que os processos
podem tanto funcionar como um sistema de controle sucessivo da proteção
ambiental, bem como instrumento de controle preventivo, naquelas hipóteses que
admitem tutela cautelar, como será demonstrado adiante (SILVA, 2013, p. 342).
A ação civil pública éconsiderada esse o meio processual de defesa
ambiental mais peculiar à matéria, onde encontra respaldo no art. 129, III da
Constituição Federal, que diz:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


[...]
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos
e coletivos;

Esse instrumento processual é considerado como o mais adequado na


intenção de reprimir ou impedir danos ambientais, a bens e direitos de valor artístico,
estético e histórico, até mesmo para leis anteriores a Constituição, como no caso da
39

Lei 7.347/85, que prevê a legitimação de pessoas jurídicas estatais, autarquias,


paraestatais, associações destinadas à proteção do meio ambiente, além do
Ministério Público, para propor a supracitada ação. O juízo competente para
processar e julgar a causa decorrente da propositura da ação é o foro do local onde
ocorrer o dano, segundo § 2º da mesma lei (SILVA, 2013, p. 345).
A proteção desses interesses pode-se dar, como se verá adiante, por meio de
ação popular, contudo há que se distinguir o seguinte: a ação civil pública é dirigida
contra atos ou atividades causadoras de danos aos interesses difusos ou coletivos,
enquanto a ação penal é destinada a anular atos administrativos lesivos àqueles
interesses. O cidadão legitimado para intentar ação popular não tem legitimidade
para promover ação civil pública. Porém, qualquer pessoa poderá, bem como o
servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, trazendo
informações sobre fatos que constituem objeto da ação civil e indicando-lhe os
elementos da convicção (DEEBEIS, 1999, p. 120).
A medida liminar poderá ser cumulada à inicial ou pleiteada na ação cautelar,
bastando que presente o fumus boni juris e o periculum in mora, para que o juiz
decida a respeito da liminar nos próprios autos da ação principal ou ação cautelar
(DEEBEIS, 1999, p. 121).
A respeito das indenizações e multas processuais, a Lei 7.347/85 inovou
quanto ao seu destino, sendo que essas não irão para as pessoas vítimas direta ou
indireta do prejuízo, mas para o fundo de Defesa dos Direitos Difusos.
A respeito da ação popular, consta do art. 5º LXXIII da Constituição Federal
que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anulação
de ato lesivo ao meio ambiente a ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
A ação Popular é regulada pela Lei 4.717/65, que continua vigorando, mesmo
com a Constituição atual, sendo que naquilo em que o objeto da ação foi ampliado,
deve ser observada as exigências da norma constitucional. Essa lei prevê a
anulação de ato lesivo ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos
Municípios, entidades autárquicas, sociedade de economia mista, dentre outros
(DEEBEIS, 1999, p. 112).
Silva (2013, p. 345) leciona que a legitimação é, pois, de qualquer cidadão,
pessoa no gozo de seus direitos políticos. Já o juízo competente é aquele, de acordo
40

com a organização judiciária e a Constituição, o for para as causas que interessam à


União, Distrito Federal, aos Estados e Municípios (art. 6º da Lei 4.717/65). O Objeto
imediato da ação popular é a anulação de ato lesivo ao meio ambiente e
condenação dos responsáveis pelo ato ao pagamento de perdas e danos ou
(alternada ou cumulativamente) a repor a situação anterior antes da degradação que
sofreu.
Interessante ressaltar, por fim,a anotação de Deebeis (1999, p. 113) que diz
que a propositura da supracitada ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as
ações que forem posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os
mesmos fundamentos.
5 CONCLUSÃO

A questão da proteção e melhora do meio ambiente é muito importante na


medida que esta altera o estado de bem-estar dos povos e o desenvolvimento
econômico do mundo inteiro. Nesse sentido, a Declaração do Meio Ambiente firmou
alguns princípios fundamentais para a proteção ambiental, influenciando inclusive na
criação do capítulo do meio ambiente na Carta Magna brasileira de 1988.
No momento em que se vive, nada é mais urgente no campo dos direitos do
que a proteção de um meio ambiente sadio e equilibrado, para que assim seja
possível que o ser humano se desenvolva de forma completa.
Em um primeiro plano, o presente trabalho tratou sobre o direito ao meio
ambiente sadio como um direito humano e fundamental no seu sentido amplo.
Durante o seu desenvolvimento, analisou a interação do meio ambiente com o
princípio da dignidade da pessoa humana, restando demonstrada a proteção dada
pela Constituição Federal de 1988 ao meio ambiente em todos os seus aspectos,
apesar das lacunas existentes sobre o tema, abordando então a forma como ocorre
a efetivação desses direitos.
Por fim, a pesquisa fez uma análise a respeito da emergência dos perigos
ecológicos e a reação da sociedade contemporânea a esses perigos, bem como as
alternativas e soluções para frear a degradação do meio ambiente, reconstruindo de
uma consciência ética e sustentável.
41

REFERÊNCIAS

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