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“SEMÂNTICA E LINGÜÍSTICA
TEXTUAL”
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SUMÁRIO
Prefácio.....................................................................................................................................................................3
UNIDADE 1 - SEMÂNTICA.................................................................................................................................4
UNIDADE 2 - LINGÜÍSTICA TEXTUAL.........................................................................................................22
ÚLTIMAS PALAVRAS........................................................................................................................................43
Referências..............................................................................................................................................................44
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PREFÁCIO
UNIDADE 1 - SEMÂNTICA
possui duas interpretações possíveis: (1) o João só não convidou a Maria ou (2) o
João não só convidou a Maria, mas também outras pessoas. A diferença entre as
duas interpretações ocorre devido a combinação dos operadores não e só: ou o não
tem escopo sobre o só, gerando não só, ou o só é que tem escopo sobre o não,
produzindo só não.
Um outro elemento importante com relação ao papel dos nomes próprios, diz
respeito às descrições definidas e indefinidas. As descrições são sintagmas
nominais que tem por núcleo um substantivo comum. Da mesma forma que os
nomes próprios, as descrições servem para constituir os objetos do mundo em
referentes. Muitos objetos não têm nome próprio, aí, freqüentemente, optamos por
utilizar as descrições. Também quando o objeto possui um nome próprio podemos
optar por usar as descrições, já que essas têm a vantagem de apontar
características relevantes dos próprios objetos.
A maneira mais comum de se fazer referência a algum objeto consiste
justamente em se usar uma descrição indefinida na primeira referência e descrições
definidas (ou pronomes anafóricos) nas referências seguintes. Veja o exemplo:
(8) Era uma vez um rei1 que tinha uma bela filha2. Certo dia, o rei1 chamou a
filha2 e falou...
artigo definido), que nos dão a sensação de estar fora da língua, essa sensação é
apenas ilusória. Para Ducrot, a linguagem é um jogo de argumentação enredado em
si mesmo; não falamos sobre o mundo, falamos para construir um mundo e a partir
dele tentar convencer nosso interlocutor da nossa verdade. Dessa forma, a verdade,
que na Semântica Formal era tida como um atributo do mundo, passa a ser relativa
à comunidade que se forma na argumentação. A linguagem, dessa forma, adquiri um
caráter dialógico ou argumentativo, uma vez essa passa a funcionar como um jogo
discursivo construído para convencer o outro de nossa verdade.
A Semântica da Enunciação, como temos descrito, apresenta uma
concepção de linguagem que a distancia sobremaneira da Semântica Formal. Essa
diferença de concepção tem conseqüências importantes quando se observa a forma
como o fenômeno lingüístico é tratado em uma e outra abordagem. Com relação à
pressuposição, por exemplo, a Semântica da Enunciação por considerar que a
linguagem não se refere, acredita que a pressuposição é criada pelo e no próprio
jogo de encenação que a linguagem constrói. É porque falamos de algo que esse
algo passa a ter a sua existência no quadro criado pelo próprio discurso, e é por isso
que atualmente o conceito de pressuposição é substituído no interior da abordagem
enunciativa pelo conceito de enunciador.
Na Semântica da Enunciação, um enunciado se constitui de vários
enunciadores que formam o quadro institucional que referenda o espaço discursivo
em que o diálogo vai se desenvolver. Um enunciador presente no enunciado situa o
diálogo no comprometimento de que o ouvinte aceite esse conteúdo pressuposto de
forma que negá-lo seria o mesmo que romper o diálogo.
Como forma de exemplificar a atuação da Semântica Enunciativa,
apresentamos novamente a sentença apresentada em (8) Pedro parou de bater na
mulher. O que foi descrito como pressuposição passa a ser chamado de enunciador.
Assim temos:
E3: E1 é falsa.
E3: E2 é falsa.
Não são passíveis de receber uma análise formal, por outro lado, percebemos
que as orações não se equivalem. Para a Semântica da Enunciação, a diferença
entre as duas orações ocorre devido a um encadeamento discursivo distinto. A
hipótese é a de que os dois operadores, pouco e um pouco, direcionam
diferentemente uma mesma escala de comer que vai de comer muito a não comer.
tipo de categoria que temos contato físico direto. As categorias de nível básico,
diferentemente, são aprendidas diretamente por não indicarem categorias mais
abstratas e nem mais específicas. É por isso que adquirimos primeiro e diretamente
categorias como mesa e gato e, apenas mais tarde, adquirimos, através do processo
de metonímia, as genéricas como móvel e animal e as particulares como mesa de
centro e siamês.
Como vimos, a metáfora tem o importante papel de criar mapas sobre o
domínio da experiência e um outro domínio. Também a metonímia, exerce uma
função importante no processo cognitivo. É a metonímia o processo cognitivo que
permite criar relações de hierarquias entre conceitos. Assim, a metáfora e a
metonímia ocupam um lugar central na teoria, sendo responsáveis pela extensão
dos esquemas em direção à abstração.
Com relação à abordagem cognitiva das pressuposições, a hipótese é a de
que na interpretação formamos espaços mentais, estruturas conceituais que
descrevem como os falantes atribuem e manipulam a referência. Assim, na
sentença:
Foi através de exemplos como o descrito acima que se percebeu que certos
fenômenos só poderiam ser tratados a partir da análise da relação entre orações.
Tendo como referência essa constatação, essa linha de pesquisas concentrou seus
estudos em fenômenos de ocorrência mais ampla que a de uma frase (fenômenos
transfrásticos) como a pronominalização, a seleção de artigos (definidos ou
indefinidos), a concordância entre tempos verbais, a relação tópico-comentário e
outros.
Vale ressaltar que nesse período o conceito de texto era o de “uma seqüência
pronominal ininterrupta” e sua principal característica era o múltiplo referenciamento.
No entanto, essa concepção de texto, e conseqüentemente os objetos de análise,
passou por modificações, uma vez que se percebeu a existência de conexão entre
enunciados realizada sem a presença de um conector. Observe as sentenças que se
seguem:
textual é uma atividade verbal, o que significa dizer que os falantes, ao produzir um
texto, estão realizando atos de fala. Todo ato de produção de enunciados produz no
interlocutor um determinado efeito, pretendido ou não pelo locutor.
Também considera-se que a produção textual é uma atividade verbal
consciente, ou seja, uma atividade por meio da qual o falante dará a entender seus
propósitos, sempre levando em conta as condições em que tal atividade é
produzida. Nessa concepção, o sujeito falante possui um papel ativo na mobilização
de certos tipos de conhecimentos, de elementos lingüísticos, de fatores pragmáticos
e interacionais, ao produzir um texto.
Essa concepção de texto leva, ainda, em consideração a atividade
interacional que envolve a produção textual, isto é, os interlocutores estão
obrigatoriamente envolvidos nos processos de construção e compreensão de um
texto.
Na verdade, o que buscamos demonstrar nessa seção é que há uma certa
dificuldade na conceituação da unidade “texto”, havendo, assim, um grande número
de definições de se divergem por momento histórico da matéria como também por
diferentes intenções com relação ao objeto. Podemos, no entanto, transcrever
resumidamente algumas dessas concepções apresentadas por Koch (2006: XII):
1. texto como uma frase complexa ou signo lingüístico mais alto na hierarquia
do sistema lingüístico (concepção de base gramatical);
2. texto como signo complexo (concepção de base semiológica);
3. texto como expansão tematicamente centrada de macroestruturas
(concepção de base semântica);
4. texto como ato de fala complexo (concepção de base pragmática);
5. texto como discurso “congelado”, como produto acabado de uma ação
discursiva (concepção de base discursiva);
6. texto como meio específico de realização da comunicação verbal (concepção
de base comunicativa);
7. texto como processo que mobiliza operações e processos cognitivos
(concepção de base cognitivista);
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4. Conjunção – tem natureza diferente das outras relações coesivas por não
se tratar simplesmente de uma relação anafórica. Os elementos conjuntivos são
coesivos não por si mesmos, mas indiretamente, em virtude das relações
específicas que se estabelecem entre as orações, períodos e parágrafos. Essas
diferentes relações conjuntivas possuem uma série de equivalentes estruturais.
Os principais tipos de elementos conjuntivos são: advérbios e locuções
adverbiais; conjunções coordenativas e subordinativas; locuções conjuntivas,
preposições e locuções prepositivas; itens continuativos como então, daí etc.
Para se obter a coesão, é importante a escolha de conectivo adequado para
expressar relações semânticas; o mesmo conectivo pode expressar relações
semânticas diferentes: é, pois, preciso saber reconhecê-las. A omissão de
conectivos, embora admissível, só deve ser feita quando a relação semântica estiver
bem clara para evitar a ambigüidade (a não ser que seja intencional).
Ex.: O ladrão saiu correndo do banco. Depois vieram os policiais.
Nesse caso não temos um texto, apesar de haver uma coesão relativamente
forte no encadeamento das sentenças, mas as relações de sentido não unificam
essa seqüência.
Outro fator que implica distinção entre coesão e coerência é o de:
Poder haver textos destituídos de coesão, mas cuja coerência se dá ao nível
da coerência:
2.2.4. Situacionalidade
2.2.5. Informatividade
2.2.6. Intertextualidade
Bom Conselho
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado: quem espera nunca alcança
Venha meu amigo, deixa esse regaço
Brinque com meu fogo, venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corre atrás do vento, vim não sei de onde
Devagar é que não se vai ao longe
Eu semeio o vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade.
2.2.7. Intencionalidade
2.2.8. Aceitabilidade
(26) Ela olhava ansiosa pela janela. Mas chovia, chovia, chovia...
ÚLTIMAS PALAVRAS
REFERÊNCIAS
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Introdução à lingüística textual. São Paulo: Martins
Fontes, 2006.
ILARI, R. & GERALDI, J. W. Semântica. São Paulo: Ática,1999.
MUSSALIM, Fernanda & BENTES, Anna Christina. (Orgs.) Introdução à Lingüística:
domínios e fronteiras, v. 1 e v. 2. São Paulo: Cortez, 2004.
Indicações de Leitura
FIORIN, L.; SAVIOLI, P. Lições de texto: leitura e redação. SãoPaulo: Ática, 1996.
AVALIAÇÃO
QUESTÃO 01
Em que consiste a Semântica?
a. ( ) Nos estudos fonológicos.
b. ( ) No estudo do significado.
c. ( ) Na ciência que trata da relação entre discurso e sentido.
d. ( ) No ramo da lingüística responsável pelo estudo da gramática.
QUESTÃO 02
Como o estruturalismo saussureano define o significado?
a) ( ) como uma unidade de diferença, que se dá numa estrutura de diferenças com relação a
outros significados.
b) ( ) como um termo complexo que se compõe de sentido e referência.
c) ( ) como um conceito.
d) ( ) como uma palavra de significado ambíguo.
QUESTÃO 03
Para a Semântica Formal:
a) ( ) a relação entre linguagem é mundo é fundamental.
b) ( ) o significado é resultado de um jogo argumentativo.
c) ( ) os conceitos são adquiridos por meio de nossa experiência sensório-motora.
d) ( ) a relação entre linguagem e mundo não interessa.
QUESTÃO 04
O significado é considerado o somatório das suas contribuições em inúmeros fragmentos do
discurso, para:
a) ( ) a Semântica Cognitiva.
b) ( ) a Semântica Formal.
c) ( ) a Semântica Estruturalista.
d) ( ) a Semântica da Enunciação.
QUESTÃO 05
Como a Semântica Formal explica a diferença entre as seguintes sentenças: (1) A estrela da
manhã é a estrela da manhã; e (2) A estrela da manhã é a estrela da tarde.
a) ( ) A sentença expressa em (1) é uma verdade óbvia que independe dos fatos no mundo, a
sentença (2) apresenta uma relação de igualdade que necessita ser verificada no mundo.
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QUESTÃO 06
Segundo a Semântica Formal, é o sentido que nos permite chegar à referência; quando
descobrimos que dois caminhos levam à mesma referência, aprendemos algo sobre o mundo.
Dessa forma, qual dos seguintes termos NÃO tem como referente a cidade de São Paulo:
a) ( ) São Paulo.
b) ( ) cidade maravilhosa.
c) ( ) terra da garoa.
d) ( ) capital do Estado de São Paulo.
QUESTÃO 07
Qual dos termos grifados abaixo NÃO pode ser considerado um quantificador:
a) ( ) Nem tudo são flores.
b) ( ) Toda a água do rio secou.
c) ( ) Encontrei uma chave perdida na rua.
d) ( ) O João só convidou a Maria para ir ao cinema.
QUESTÃO 08
Como é entendida a negação para a Semântica da Enunciação:
a) ( ) Como um operador que freqüentemente causa ambigüidade.
b) ( ) Como um advérbio modificador de um substantivo.
c) ( ) Como um fenômeno de polissemia.
d) ( ) Como um item de escopo amplo.
QUESTÃO 09
Com relação à Lingüística Textual, tem-se que a análise transfrásica se preocupa com:
a) ( ) a relação entre os itens que compõem uma frase.
b) ( ) a identificação do sentido de cada item de uma frase.
c) ( ) a descrição dos processos que constroem o sentido de uma frase.
d) ( ) as relações que se estabelecem entre as frases e os períodos de forma a se construir uma
unidade de sentido.
QUESTÃO 10
Qual era o objetivo que serviu de base para a elaboração das gramáticas textuais:
a) ( ) a constituição de um material para o estudo de peculiaridades textuais de obras literárias.
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b) ( ) mostrar que o texto possuía propriedades que diziam respeito ao próprio sistema abstrato
da língua.
c) ( ) obter um tipo de gramática diferenciado, em que se buscava estudar o uso de itens
gramaticais através de textos.
d) ( ) construir um material que servisse de base para o estudo do texto.