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AULA 2

ATENÇÃO À SAÚDE DO
TRABALHADOR

Profª Glaucia Garanhani Correa


CONVERSA INICIAL

As ações de Saúde do Trabalhador no Ministério da Saúde necessitaram


de organização ao longo da história. Assim, no ano de 2002, a Portaria n. 1.679
resolve estabelecer no SUS, por força de lei, a proposta de estruturação da Rede
Nacional de Ação Integral à Saúde do Trabalhador (Renast). O propósito de
criação da rede está na necessidade de articulação, no SUS, das ações de
prevenção, promoção e recuperação da saúde dos trabalhadores, urbanos e
rurais, independentemente do vínculo empregatício e do tipo de inserção no
mercado. Antes da rede, não havia forma de identificação e quantificação, por
exemplo, de doenças ou acidentes de trabalho a que os trabalhadores autônomos
estavam expostos. Essa rede também é estabelecida de forma articulada nas três
esferas de governo – Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde dos estados e
municípios.
Para que a Renast fosse implantada, houve a necessidade de organizar e
ações na rede de Atenção Básica e em PSFs (Programas Saúde da Família), além
de ações na rede assistencial do SUS de média e alta complexidade. Houve
também a criação e implantação da Rede de Centros de Referência em Saúde do
Trabalhador (CRST).
A mesma portaria define também a existência de dois tipos de CRST,
estaduais e regionais, inicialmente na quantidade de 130 unidades. Em 2005,
houve ampliação para 200 unidades. Além disso, a portaria definiu que alguns
municípios seriam escolhidos como Municípios Sentinela, devido a um risco
importante para os trabalhadores de seus territórios. O termo sentinela é utilizado
para designar os serviços assistenciais de retaguarda de média e alta
complexidade já instalados na rede. Eles são assim qualificados para garantir
informação fidedigna e viabilizar a vigilância em saúde.
Fica determinada a criação da rede de Centros de Referência em Saúde
do Trabalhador (Cerest), de abrangência estadual e regional, que tem por função
o provimento de retaguarda técnica para o SUS, nas ações de prevenção,
promoção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e vigilância em saúde dos
trabalhadores urbanos e rurais, independentemente do vínculo empregatício e do
tipo de inserção no mercado de trabalho.
Estamos vivendo, no Brasil, um período de grandes reformas políticas e
legislativas, sendo uma das mais importante delas a Reforma Trabalhista. Trata-

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se de uma proposta de reforma justificada, pelos proponentes, pelo fato de a CLT
ser obsoleta, já que foi promulgada em 1943. A reforma ainda não foi totalmente
votada, mas já temos a nova lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, em vigor, que
traz novas regras.
Houve alterações no quesito segurança do trabalhador, no item relativo ao
“tempo de jornada de trabalho”. Anteriormente, o tempo de deslocamento era
considerado como parte da jornada, e assim o acidente ocorrido neste tempo era
considerado como acidente de trabalho ou acidente de trajeto; na nova redação,
o tempo de deslocamento não é mais considerado parte da jornada, e assim o
acidente de trajeto perde sua validade.

CONTEXTUALIZANDO

No Brasil, os contratos de trabalho são regidos pela Consolidação das Leis


do Trabalho (CLT), elaborada no governo do Presidente Getúlio Vargas. Essa
regulamentação não tem autoridade sobre os trabalhadores de órgãos públicos –
federais, estaduais ou municipais, os quais possuem estatutos próprios,
fundamentados na Constituição Federal. As questões relacionadas à segurança
e medicina do trabalho estão descritas no Título II – Das normas gerais de tutela
do trabalho, nos artigos 154 a 201 do Capítulo V – Da segurança e da medicina
do trabalho. O texto desses artigos foi dado pela Lei n. 6.514, de 22 de dezembro
de 1977.
Os artigos do Capítulo V foram detalhados pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, tendo sido regulamentados no formato de Normas Regulamentadoras.
Atualmente, existem 36 Normas Regulamentadoras para os trabalhadores
urbanos (NR) e cinco Normas Regulamentadoras para os trabalhadores rurais
(NRRs). As Normas Regulamentadoras vigentes são:

 NR 01 – Disposições Gerais
 NR 02 – Inspeção Prévia
 NR 03 – Embargo ou Interdição
 NR 04 – Serviços Especializados em Eng. de Segurança e em Medicina do
Trabalho
 NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
 NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual - EPI
 NR 07 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional

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 NR 08 – Edificações
 NR 09 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais
 NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
 NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de
Materiais
 NR 12 – Máquinas e Equipamentos
 NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão
 NR 14 – Fornos
 NR 15 – Atividades e Operações Insalubres
 NR 16 – Atividades e Operações Perigosas
 NR 17 – Ergonomia
 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção
 NR 19 – Explosivos
 NR 20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
 NR 21 – Trabalho a Céu Aberto
 NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
 NR 23 – Proteção Contra Incêndios
 NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
 NR 25 – Resíduos Industriais
 NR 26 – Sinalização de Segurança
 NR 27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no
MTB (Revogada pela Portaria GM n. 262/2008)
 NR 28 – Fiscalização e Penalidades
 NR 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
 NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
 NR 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária
Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura
 NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde
 NR 33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados
 NR 34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção e Reparação Naval
 NR 35 – Trabalho em Altura

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 NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e
Processamento de Carnes e Derivados
 NRR 1 – Disposições Gerais (Revogada pela Portaria MTE n. 191/2008)
 NRR 2 – Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho
Rural (Revogada pela Portaria MTE n. 191/2008)
 NRR 3 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural
(Revogada pela Portaria MTE n. 191/2008)
 NRR 4 – Equipamento de Proteção Individual – EPI (Revogada pela
Portaria MTE n. 191/2008)
 NRR 5 – Produtos Químicos (Revogada pela Portaria MTE n. 191/2008)

Algumas normas são bastante específicas, como a NR 22 - Segurança e


Saúde Ocupacional na Mineração, enquanto outras devem ser observadas por
toda e qualquer empresa, independentemente da atividade ou do grau de risco
relacionado, como por exemplo a NR 4 – Serviços Especializados em Eng. de
Segurança e em Medicina do Trabalho.
Contextualizando o tema, vejamos uma norma específica. De acordo a NR
9, a elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais poderão ser feitas por quem?

a) exclusivamente pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança


e em Medicina do Trabalho – SESMT;
b) pelo SESMT ou pela Cipa;
c) exclusivamente pela Cipa;
d) pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho;
e) pelo SESMT ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do
empregador, sejam capazes de desenvolver o disposto na norma.

Acompanhe a aula e verifique a resposta seção Finalizando.

TEMA 1 – RENAST NO SUS

A Portaria n. 2.437, de 2005, estabelece em seus anexos as funções da


Renast nos âmbitos federal, estadual e municipal. No âmbito federal, temos
(Brasil, 2005):

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 elaborar a Política Nacional de Saúde do Trabalhador para o SUS,
aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde – CNS e pela Comissão
Intergestores Tripartite – CIT;
 coordenar a RENAST com a participação das esferas estaduais e
municipais de gestão do SUS;
 elaborar projetos de lei e normas técnicas pertinentes à área, com a
participação de outros atores sociais;
 inserir as ações de Saúde do Trabalhador na Atenção Básica,
Urgência/Emergência, Rede Hospitalar, Vigilância Sanitária e
Epidemiológica;
 assessorar os Estados, os CEREST e os Municípios;
 definir acordos e cooperação técnica com instituições afins com a
Saúde do Trabalhador para capacitação e apoio à pesquisa na área;
 definir rede de laboratórios de análises químicas e toxicológicas como
referências regionais ou estaduais;
 definir a Rede Sentinela em Saúde do Trabalhador no âmbito
nacional;
 definir o financiamento federal para as ações de Saúde do
Trabalhado.

Vejamos o âmbito estadual (Brasil, 2005):

 elaborar a Política Estadual de Saúde do Trabalhador;


 contribuir na elaboração de projetos de lei e normas técnicas
pertinentes à área, com outros atores sociais;
 implementar as ações de atenção de média e alta complexidade;
 assessorar os CEREST e as instâncias regionais e municipais na
realização de ações de Saúde do Trabalhador;
 realizar estudos e pesquisas definidos a partir de critérios de
prioridade;
 articular e capacitar os profissionais de saúde do SUS, em especial
as equipes dos centros regionais, da atenção básica e de outras
vigilâncias e manter a educação continuada e a supervisão em serviço;
 estabelecer e definir fluxo de trabalho integrado com a rede de
exames radiológicos e de laboratórios de análises químicas e
toxicológicas;
 definir a Rede Sentinela em Saúde do Trabalhador no âmbito do
Estado.

E, por fim, o âmbito municipal (Brasil, 2005):

 realizar o planejamento e a hierarquização de suas ações,


organizadas a partir da identificação de problemas e prioridades;
 capacitar os profissionais e as equipes de saúde para identificar e
atuar nas situações de riscos à saúde relacionados ao trabalho;
 executar ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental;
 definir a Rede Sentinela em Saúde do Trabalhador no âmbito do
município;
 tornar público o desenvolvimento e os resultados das ações de
vigilância em saúde do trabalhador.

TEMA 2 – CEREST NO SUS

A Portaria n. 2.437, de 2005, estabelece as funções da Cerest no âmbito


estadual e regional. No âmbito estadual, temos (Brasil, 2005):
 participar na elaboração e na execução da Política de Saúde do
Trabalhador no Estado;

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 participar do planejamento das Ações em Saúde do Trabalhador no
âmbito estadual;
 participar do Pólo Estadual de Educação Permanente, apontando as
necessidades de capacitação e formação em saúde do trabalhador no
âmbito estadual;
 promover e estimular intercâmbio técnico-científico entre instituições
nacionais, estrangeiras e Secretarias Estaduais de Saúde – SES;
 estruturar o Observatório Estadual de Saúde do Trabalhador;
 estimular, prover subsídios e participar da pactuação para definição
da Rede Sentinela de Serviços em Saúde do Trabalhador no Estado;
 contribuir para as ações de Vigilância em Saúde, com subsídios
técnicos e operacionais para a vigilância epidemiológica, ambiental e
sanitária;
 definir as linhas de cuidado para todas os agravos de notificação
compulsória dispostos na Portaria n. 777/04/GM, a serem seguidas para
a atenção integral dos trabalhadores usuários do SUS;
 contribuir na identificação e avaliação da saúde de adolescentes e
crianças submetidas a situações de trabalho;
 determinar fluxos de referência e contra-referência de cada linha de
cuidado de atenção integral à Saúde do Trabalhador;
 subsidiar a pactuação da inclusão de ações em Saúde do
Trabalhador na agenda estadual de saúde e na PPI;
 desenvolver práticas de aplicação, validação e capacitação de
Protocolos de Atenção em Saúde do Trabalhador, visando consolidar os
CEREST como referências de diagnóstico e de estabelecimento da
relação entre o quadro clínico e o trabalho;
 desenvolver estudos e pesquisas na área de Saúde do Trabalhador
e do meio ambiente;
 participar, no âmbito de cada Estado, do treinamento e da
capacitação de profissionais relacionados com o desenvolvimento de
ações no campo da Saúde do Trabalhador;
 apoiar a organização e a estruturação da assistência de média e alta
complexidade, no âmbito estadual, para dar atenção aos acidentes de
trabalho e aos agravos contidos na Lista de Doenças Relacionadas ao
Trabalho, que constam na Portaria n. 1339/GM, de 18 de novembro de
1999, e aos agravos de notificação compulsória citados na Portaria GM
n. 777, de 28 de abril de 2004:
a) acidente de trabalho fatal;
b) acidentes de trabalho com mutilações;
c) acidente com exposição a material biológico;
d) acidentes do trabalho com crianças e adolescentes;
e) dermatoses ocupacionais;
f) intoxicações exógenas, por substâncias químicas, incluindo
agrotóxicos;
gases tóxicos e metais pesados;
g) lesões por esforços repetitivos (LER), distúrbios osteomusculares
relacionadas ao trabalho (DORT);
h) pneumoconioses;
i) perda auditiva induzida por ruído (PAIR);
j) transtornos mentais relacionados ao trabalho; e
l) câncer relacionado ao trabalho;
 todos os CEREST estaduais deverão dispor de bases de dados
disponíveis e atualizados, no mínimo com os seguintes componentes
para sua respectiva área de abrangência:
a) mapa de riscos no trabalho;
b) mapa de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho;
c) indicadores sociais econômicos de desenvolvimento, força de trabalho
e IDH;
d) informações sobre benefícios pagos pela Previdência Social e outros
órgãos securitários;
e) capacidade Instalada do SUS;
f) PPI;

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g) estrutura regional e funcionamento do INSS e da Delegacia Regional
do Trabalho.
Já no âmbito regional, fica estabelecido (Brasil, 2005):

 realizar e auxiliar na capacitação da rede de serviços de saúde;


 ser referência técnica para as investigações de maior complexidade;
 subsidiar a formulação de políticas públicas e assessorar o
planejamento de ações junto aos Municípios;
 facilitar o desenvolvimento de estágios, trabalho e pesquisa com as
universidades locais, as escolas e os sindicatos, entre outros;
 articular a vigilância em saúde do trabalhador com ações de
promoção como proposta de Municípios saudáveis;
 apoiar a organização e a estruturação da assistência de média e alta
complexidade, no âmbito local e regional, para dar atenção aos
acidentes de trabalho e aos agravos contidos na Lista de Doenças
Relacionadas ao Trabalho, que constam na Portaria n. 1339/GM, de 18
de novembro de 1999, e aos agravos de notificação compulsória citados
na Portaria GM n. 777, de 28 de abril de 2004;
 estimular, prover subsídios e participar da pactuação da Rede de
Serviços Sentinela em Saúde do Trabalhador na região de sua
abrangência;
 estabelecer os fluxos de referência e contra-referência com
encaminhamentos para níveis de complexidade diferenciada;
 prover suporte técnico às ações de vigilância, de média e alta
complexidade;
 prover retaguarda técnica aos serviços de vigilância epidemiológica.

TEMA 3 – EQUIPE E ATIVIDADES DE UM CEREST

A Secretaria de Saúde do Paraná (2018) traz uma opinião relacionada à


organização da Política Nacional dos trabalhadores e trabalhadoras, sob a
implantação no formato dos CERESTs. Vejamos:

São inúmeras as vantagens para a região que implantar um CEREST,


tais como: a qualidade de vida para os trabalhadores e o ganho social
de não ter vítimas decorrentes de acidentes e de doenças relacionados
ao trabalho onde as causas são passíveis de prevenção em sua maioria,
além de minimizar os gastos assistências, previdenciários e
indenizatórios decorrentes dos agravos à saúde dos trabalhadores.

Informa, no mesmo site, com relação aos recursos humanos (Paraná,


2018):

é importante ressaltar que uma equipe qualificada permite o


desenvolvimento a contento das atividades do CEREST, portanto, é
necessário que os profissionais tenham experiência comprovada em
serviços de Saúde do Trabalhador ou especialização em Saúde Pública
ou especialização em Saúde do Trabalhador. Isso é um pré-requisito da
RENAST. A composição mínima da equipe técnica é de 6 (seis)
profissionais de nível superior, sendo:

 02 médicos/20 horas semanais;


 01 enfermeiro/40 horas semanais;
 03 profissionais de nível superior de outras categorias (engenheiro,
tecnólogo, médico veterinário, farmacêutico, fisioterapeuta, odontólogo,

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terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social, entre
outros).

E mais 04 (quatro) profissionais de nível médio, sendo:

 02 auxiliares de enfermagem;
 02 profissionais de nível médio (técnico de segurança do trabalho e
auxiliar de enfermagem do trabalho, entre outros).

O site da secretaria de saúde do Rio de Janeiro publica as atividades


desempenhadas por um Cerest em seu estado, com descrição detalhada de uma
experiência interessante:
 Atendimento secundário de média e alta complexidade aos
trabalhadores acidentados ou com suspeita de doenças relacionadas ao
trabalho com a finalidade de estabelecer a relação do processo saúde-
doença-trabalho;
 Atendimentos individuais e coletivos a trabalhadores vítimas de
acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho com a finalidade de
prestar assistência e reabilitação;
 Visitas técnicas aos locais de trabalho com o objetivo de avaliar,
eliminar, reduzir ou controlar situações de riscos à saúde tornando os
ambientes de trabalho mais saudáveis e seguros;
 Ações educativas em Segurança e Medicina do Trabalho e
capacitação dos recursos humanos da rede pública e privada;
 Convênios de cooperação técnica com órgãos de ensino, pesquisa e
instituições públicas com responsabilidade na área de saúde do
trabalhador e de defesa do consumidor e do meio ambiente;
 Dados epidemiológicos, no âmbito local e regional, sobre acidentes e
doenças do trabalho contidas na Lista de Doenças Relacionadas ao
Trabalho, que constam na Portaria n. 1339/GM de 18 de novembro de
1999, e dos agravos de notificação compulsória citados na Portaria GM
n. 777, de 28 de abril de 2004;
 Participação do Pólo Regional de Educação Permanente de forma a
propor e pactuar as capacitações em Saúde do Trabalhador
consideradas prioritárias;
 Participação da Rede de serviços Sentinela da região;
 Implementação do fluxo de referência e contra – referência com
encaminhamentos para níveis de complexidade diferenciada;
 Fornecimento de subsídios para a pactuação das ações de Saúde do
Trabalhador nas agendas municipais, assim como na PPI –
Programação Pactuada e Integrada em conjunto com o setor de
Planejamento, Avaliação e Controle;
 Promoção de suporte técnico especializado para a rede de serviços
do SUS efetuar o registro, notificações e os relatórios sobre os casos
atendidos;
 Retaguarda técnica aos serviços de Vigilância Epidemiológica para
processamento e análise de indicadores de agravos à saúde
relacionados com o trabalho;
 Desenvolvimento de ações de promoção à Saúde do Trabalhador,
incluindo ações integradas com outros setores e instituições, tais como:
Ministério do Trabalho, da Previdência Social e Ministério Público, entre
outros.

TEMA 4 – LEGISLAÇÃO TRABALHISTA: NORMAS REGULAMENTADORAS

Trataremos de algumas NRs em específico, atentando às que apresentam


um caráter generalista – ou seja, todas as empresas devem praticá-las. As normas

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devem ser estudadas pelos profissionais da área da Saúde do Trabalhador de
maneira a dar atenção àquelas que tem relevância para a atividade da empresa
na qual estão atuando.
A norma regulamentadora básica e de interesse da enfermagem é a NR 4
– Serviços Especializados em Engenharia e Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT). Ela obriga as empresas a manterem um serviço especializado
em medicina e em segurança no local de trabalho, com o objetivo de promover a
saúde dos trabalhadores e proteger a integridade do trabalhador no local de
trabalho. Dita inclusive que todas as empresas que possuem empregados
contratados sob o regime CLT são obrigadas a manter um SESMT.
A norma trata do dimensionamento da equipe, que está ligado ao grau de
risco da atividade principal e ao número de empregados, constantes nos quadros
I e II, anexos à norma. O Quadro I classifica o grau de risco das empresas de
acordo com a atividade econômica e o Quadro II trata do dimensionamento do
SESMT de acordo com o grau de risco e o número de empregados no
estabelecimento.
O grau de risco se refere ao potencial que o trabalho tem de causar
acidentes ou doenças e varia de 1) menor risco a 4) maior risco; por exemplo:
fabricação de cimento – grau de risco 4; atividade hospitalar – grau de risco 3;
serviços de ensino superior – grau de risco 2; atividades de auditoria e
contabilidade – grau de risco 1.
Empresas com menos de cinquenta funcionários não são obrigadas a
constituir o SESMT. Além disso, a NR determina os profissionais que devem
compor o serviço; o número deles também é determinado pelo grau de risco da
atividade principal. São eles: médico do trabalho, técnico de segurança do
trabalho, enfermeiro do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho e engenheiro
de segurança do trabalho. Esses profissionais devem ser contratados pela
empresa ou pela empresa que terceiriza os serviços.
O enfermeiro do trabalho é exigido pela NR nas empresas com 3500
funcionários ou mais, com qualquer grau de risco, exceção aos estabelecimentos
de saúde, que devem contratar um enfermeiro quando o serviço tiver 500
funcionários ou mais. Médicos, engenheiros e enfermeiros devem ter pós-
graduação na área; o auxiliar de enfermagem deve ter realizado curso de
qualificação em enfermagem do trabalho, e o técnico de segurança do trabalho

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deve ter realizado curso profissionalizante de segundo grau, com registro no
Ministério do Trabalho e Emprego.
Atividades principais dos profissionais do SESMT (Brasil, 1978):
a) aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina
do trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes,
inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os
riscos ali existentes à saúde do trabalhador;
b) determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a
eliminação do risco e este persistir, mesmo reduzido, a utilização pelo
trabalhador de Equipamentos de Proteção Individual-EPI;
c) colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas
instalações físicas e tecnológicas da empresa;
d) responsabilizar-se tecnicamente, pela orientação quanto ao
cumprimento do disposto nas NR aplicáveis às atividades executadas
pela empresa;
e) manter permanente relacionamento com a CIPA, além de apoiá-la,
treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a NR 5;
f) promover a realização de atividades de conscientização, educação e
orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho
e doenças ocupacionais;
g) registrar e analisar os acidentes e doenças ocupacionais ocorridos;
h) estudar e propor soluções para os problemas apontados pela CIPA;
i) realizar prioritariamente atividades preventivas, embora não seja
vetado o atendimento a urgências e emergências quando necessário.

TEMA 5 – NR 5

A NR 5 regulamenta a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa),


cujo objetivo é prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho para
compatibilizar o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do
trabalhador. É composta por representantes do empregador (titulares e suplentes
designados por ele) e dos empregados (titulares e suplentes eleitos pelos
trabalhadores por voto secreto).
A NR estabelece o dimensionamento da Cipa de acordo com o número de
empregados e com a atividade econômica da empresa, trazendo três quadros que
devem ser consultados para a determinação do número de representantes. O
Quadro I informa o dimensionamento da Cipa, trazendo o grupo de atividade
econômica e o número de funcionários. O Quadro II traz o agrupamento de setores
econômicos de acordo com o CNAE (Classificação Nacional de Atividades
Econômicas). Com base no CNAE, as empresas são agrupadas por setor de
atividade econômica, sendo atribuídos números para cada agrupamento. O
Quadro III traz a relação de CNAE com o respectivo agrupamento para o
dimensionamento da Cipa.
O mandato dos membros eleitos terá duração de um ano e é permitida uma
reeleição; os representantes do empregador poderão ser mantidos

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indefinidamente. A presidência da CIPA é indicada pelo empregador; a vice-
presidência é indicada pelos membros eleitos. Aos representantes dos
trabalhadores é garantida a estabilidade desde o registro de sua candidatura até
um ano após o final do mandato. O empregador deverá providenciar o treinamento
dos membros da Cipa e a NR determinará a carga horária e um conteúdo mínimo
(Brasil, 1978):
a) estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos
originados do processo produtivo;
b) metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do
trabalho;
c) noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de
exposição aos riscos existentes na empresa;
d) noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e
medidas de prevenção;
e) noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à
segurança e saúde no trabalho;
f) princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos
riscos;
g) organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das
atribuições da Comissão.
As reuniões da Cipa devem ser mensais. Podem também ocorrer de
maneira extraordinária, como nos casos em que há um acidente fatal. Devem ser
feitas durante o expediente de trabalho. Principais atribuições da Cipa (Brasil,
1978):
a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de
riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com
assessoria do SESMT, onde houver;
b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na
solução de problemas de segurança e saúde no trabalho;
c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas
de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de
ação nos locais de trabalho;
d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de
trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos
para a segurança e saúde dos trabalhadores;
e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas
em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram
identificadas;
f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde
no trabalho;
g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas
pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e
processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos
trabalhadores;
h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação
de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à
segurança e saúde dos trabalhadores;
i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e
de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;
j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras,
bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho,
relativas à segurança e saúde no trabalho;
l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o
empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho
e propor medidas de solução dos problemas identificados;
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m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões
que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores;
n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;
o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a
Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT;
p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas
de Prevenção da AIDS.
Além dos Quadros I, II e III, a portaria do MT n. 25, de 29 de dezembro de
1994, acrescentou o Quadro IV, no qual constam informações para a elaboração
do Mapa de riscos. De acordo com o quadro, os riscos são (Brasil, 1978):

 Risco 1 – físicos (ex: ruídos)


 Risco 2 – químicos (ex: poeiras)
 Risco 3 – biológicos (ex: bactérias)
 Risco 4 – ergonômicos (ex: esforço físico intenso)
 Risco 5 – acidentes (ex: máquinas e equipamentos inadequados)

FINALIZANDO

As Normas Regulamentadoras tratam de um conjunto de requisitos e


procedimentos relativos à segurança e medicina do trabalho, de observância
obrigatória às empresas privadas e públicas, além de órgãos do governo que
tenham empregados no regime estabelecido pela Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT). As NRs dão um direcionamento para o desenvolvimento de ações
e obrigações das empresas. Em especial, ações relativas às medidas de
prevenção, controle e eliminação de riscos, inerentes ao trabalho e à proteção da
saúde do trabalhador. Interessante ressaltar a importância do conhecimento da
NR1, pois é ela que descreve o conceito sobre a SSST (Secretaria de Segurança
e Saúde do Trabalho), bem como a sua competência e responsabilidade, além
das competências e responsabilidades das DRT (Delegacia Regional do
Trabalho). São importantes também as definições de empregado, empregador,
estabelecimento e postos de trabalho, além das responsabilidades do empregador
e do empregado. Para ilustrar o tema, trazemos as responsabilidades do
empregado de acordo com a NR1 (Brasil, 1978):
a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança
e saúde do trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo
empregador;
b) usar o EPI fornecido pelo empregador;
c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas
Regulamentadoras;
d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas
Regulamentadoras – NR.

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Em relação a questão proposta no início da aula, trazemos agora um
desenvolvimento. A NR 9 trata do levantamento dos riscos no ambiente de
trabalho aos quais os trabalhadores possam estar expostos. Tal levantamento,
bem como as medidas a serem tomadas para eliminar os riscos ou reduzi-los,
deve ser descrito em formato de programa, o PPRA (Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais). Este programa pode e deve ser elaborado por um conjunto
de pessoas que estão intimamente ligados à atividade laboral. Assim, os
trabalhadores devem estar envolvidos; do mesmo modo, os trabalhadores do
SESMT e os componentes da Cipa. Não há responsabilidade única de um serviço
ou de componentes específicos na elaboração de um programa determinado pela
NR. Então, a resposta correta é a alternativa E.

LEITURA OBRIGATÓRIA

Texto de abordagem teórica

OLIVEIRA, A. P. de. Tag archive: Lei n. 12467/2017. Disponível em:


<https://piresadvogados.wordpress.com/tag/lei-134672017/>. Acesso em: 21
maio 2018.

Texto de abordagem prática

Leia as NR 4 e 5.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978, e


demais alterações/atualizações. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 6 jul. 1978.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.823, de 23 de agosto de 2012. Diário


Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 ago. 2012.

_____. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.437, de 7 de dezembro de 2005. Diário


Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 7 dez. 2005.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978, e


demais alterações/atualizações. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 6 jul. 1978.

BULHÕES, I. Enfermagem no Trabalho. Rio de Janeiro: Editora Gráfica Luna,


1976.

PARANÁ. Secretaria de Saúde. O que são CERESTs: CEST. Disponível em:


<www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/print.php?conteudo=331>. Acesso em:
21 maio 2018.

RIBEIRO, M. C. S. Enfermagem e Trabalho: fundamentos para a atenção à


saúde dos trabalhadores. São Paulo: Martinari, 2012.

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