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XV SEMANA DE MÚSICA SACRA DO SBC 03 à 08 de Julho

de 2018

Formação de Grupos Instrumentais


Karine Alves

Introdução

A prática em grupo oportuniza a construção coletiva do conhecimento e o


exercício de habilidades diversificadas. A atividade coletiva em diversos contextos,seja
educacional, social ou cultural, proporciona a troca de saberes e o relacionamento com
percepções distintas, ações de caráter interpessoal relevantes ao processo de
aprendizagem.
Pensadores da educação como Piaget, Vigotsky e Paulo Freire, postularam quanto ao
valor das interações na aquisição do conhecimento, reconhecendo o aprendizado ser um via
dupla, o aluno ouvi e é ouvido, numa comunicação ativa e reflexiva.
O próprio Cristo atesta a viabilidade da aprendizagem interpessoal em diversos dos
seus sermões. Ao partir de argumentos contextualizados, trazidos por seu público, Jesus
conduzia lições de natureza espiritual e moral partindo de fatos cotidianos – a pesca
maravilhosa em Lucas 5 - ou questionamentos específicos – sobre o perdão Mateus 18.
A música, intrinsecamente, é uma prática em conjunto. Seu estudo, apreciação ou
performance, inclui elementos associativos e interpessoais tornando a criação de grupos
instrumentais e vocais um relevante recurso no processo de aprendizagem musical. Diversos
projetos que fomentam o exercício musical coletivo como orquestras, bandas ou coros,
apontam resultados positivos no desenvolvimento do conhecimento musical e de outras
habilidades dos seus participantes, bem como se estende a comunidade envolvida com o
projeto.
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Prática instrumental? Para quê?

A formação de grupos instrumentais favorece músicos amadores e profissionais a


aprimorarem seu conhecimento musical; estimula o amadurecimento de uma pequena
formação transformar-se em uma formação maior e promove o desenvolvimento de
habilidades pela musicalização. Campos afirma que “os grupos vocais e instrumentais
assumem papel importante no que se refere à socialização, à disciplina e à ampliação de
experiências musicais” (CAMPOS, 2008).
A convergência de interesses ante a heterogeneidade do grupo é segundo Moreira
outro objetivo alcançado já que “na música, o tocar, o fazer música em conjunto, proporciona
objetivos musicais comuns” (MOREIRA, 2009).
Há, na prática coletiva de grupos instrumentais, o desenvolvimento de estruturas
formais como repertório, arranjos e técnica instrumental, no entanto, esse processo deve
respeitar a pluralidade e a diversidade do grupo oportunizando aos membros expressarem-
se sonoramente dentro das suas potencialidades musicais.

Iniciando o Projeto – Alguns passos.

1. Traçar objetivos musicais e extramusicais para a atividade - o que se deseja


atingir com a formação desse grupo no âmbito musical, social, espiritual, entre outros
aspectos.
 Como educadora e cristã, costumo refletir a aplicação de 2ª Timóteo 3:17
em diversas áreas da vida, delineando ações que promovam a instrução
para toda boa obra.

2. Promover um diálogo para diagnosticar necessidades individuais e coletivas –,


observado, refletindo, respeitando e interagindo com a especificidade do grupo.
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 No campo cultural, Penna compartilha a necessidade de a ênfase estar nos


elementos trazidos pelo grupo, e, não “etnocentrados” no líder. ( Mencionar
Apocalipse 7: 9 ss)

 No que concerne a pedagogia, cabe ao professor/líder sensibilizar-se ante a


demanda do aluno/membro, identificando fatores que embasem sua ação
pedagógica.

Segue abaixo, a proposta de Nazario, um quadro diagnóstico onde são identificadas


qualidades, realidades e necessidades de cada componente e do grupo musical.

Qualidades dos Realidades do grupo Necessidades do Proposta


integrantes grupo metodológica
A maioria dos As improvisações Estudar harmonia e Oferecer aulas de
integrantes consegue ainda seguem um desenvolver técnicas improvisação e
improvisar e aprecia caminho muito de improviso, harmonia e escrever
gêneros musicais em intuitivo e os utilizando-as como arranjos que dêem
que a improvisação integrantes não uma ferramenta no liberdade ao
está presente. conhecem sobre processo criativo. improviso.
harmonia.

Se Instrumentalizando - Conhecimentos musicais elementares

A formação de um grupo instrumental requer do seu líder o domínio de habilidades


concernentes ao Arranjo Musical, processo criativo de inspiração fundamentado no
conhecimento e manejo de elementos musicais, sendo esses: ritmo, timbre, melodia e
harmonia.
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Focaremos na forma de relacionar esses elementos básicos em função de um


conceito estético escolhido e na organização dos instrumentos e técnicas de instrumentação
para pequenas formações.
A instrumentação é a forma com a qual diferentes timbres são organizados para
produzirem sonoridades, cabendo ao arranjador dispô-los de acordo com o seu domínio das
categorias de identidade sonora.
Faremos a divisão em três categorias de sons: acústicos, eletrônicos e virtuais,
segmentados de acordo com a formação da onda sonora.

Exemplos de cada categoria:


Acústicos – Violão, Flauta transversa;
Eletrônicos – Baixo elétrico, teclado;
Virtuais – Aplicativos, consoles.

Esses instrumentos subdividem-se em famílias de acordo com a tecnologia geradora


do som:
Cordas - Violino, violão, harpa, piano;
Madeiras – Flauta , oboé, saxofone;
Metais – Trompete, trombone;
Percussão – Triângulo, caxixi, tambor.

E cada família possui suas ramificações segundo as distinções de produção sonora:


Cordas friccionadas – Violino;
Cordas percutidas – Piano;
Cordas pinçadas – Harpa.

Os instrumentos musicais possuem particularidades em termos de notação,


possibilidades de efeitos e extensão devendo ser considerado, nas formações musicais, o
funcionamento e possibilidades de cada um diante do todo.
Na construção do arranjo a disposição instrumental (timbrística) deve considerar os
elementos convergentes ou divergentes da rítmica, harmonia e contraponto (melodia) da
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peça. A atenção com a combinação, quantidade e utilização de timbres é fundamental, assim


como o respeito a forma, características estilísticas e função do repertório.
Numa prática em conjunto também se faz necessário atentar ao uso e manipulação de
outras propriedades do som, tais como a duração, a intensidade e a altura, essenciais ao
caráter expressivo e interpretativo da obra.

REFERÊNCIAS

CAMPOS, Nilceia Protásio. O aspecto pedagógico das bandas e fanfarras escolares: o


aprendizado musical e outros aprendizados. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 19, p. 103-
111, mar.2008. Disponível em:
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_abem/ed19/revista19_artigo11.pdf. Acesso
em: 28 de jun.2016;

MOREIRA, Marcos dos Santos. O fator social a identidade e a relação com o ensino musical
em Sergipe: o caso da Banda do Divino em Indiaroba. ICTUS, Salvador, v.9, n.1, p. 126-140,
jul. 2008. Disponível em:
www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/download/266/246. Acesso em: 28 de
jun.2016;

NAZARIO, Luciano da Costa. Grupo instrumental da FURG: uma síntese da necessidade e


da importância das bandas de música e o reflexo de suas ações socioculturais na
comunidade. RI FURG, Rio Grande do Sul, v.9, n.1, p. 205-212, jan/jul.2010. Disponível em:
http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/3766/Grupo%20Instrumental%20da%20FURG.pdf
?sequence=1. Acesso em: 29 de jun.2016;

PENNA, Maura. Não basta tocar ? Discutindo a formação do educador musical. Revista da
ABEM, Porto Alegre, v.16, p. 38-39, mar. 2007. Disponível em:
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_abem/ed16/revista16_artigo6.pdf. Acesso
em: 29 de jun.2016.

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