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AULA 3

ATENÇÃO À SAÚDE DO
TRABALHADOR

Profª Glaucia Garanhani Correa


CONVERSA INICIAL

As normas regulamentadoras se tratam do conjunto de requisitos e


procedimentos que se relacionam à segurança e medicina do trabalho. Vale
lembrar que todas as empresas, públicas ou privadas, e órgãos do governo,
devem praticar as determinações de maneira obrigatória, desde que possuam
empregados regidos pela CLT. Então, é de importância relevante que os
profissionais da área de segurança e medicina do trabalho tenham conhecimento
detalhado sobre o conteúdo delas.
As normas de maior impacto em todas as empresas são também as que
daremos maior atenção nesta aula.
A NR 6 determina que o empregador é o responsável pela compra e
fornecimento do EPI aos empregados e que eles devem estar adequados aos
riscos que o trabalho oferecer ao trabalhador. O EPI deve estar em perfeito estado
de conservação e funcionamento para preservar a saúde, segurança e integridade
física do trabalhador. A norma determina também que somente os EPI’s que
possuam CA podem ser comercializados, nacionais ou importados. O CA se trata
de uma certificação emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, após teste de
eficácia de cada dispositivo.
A NR 9 discorre sobre a obrigação da elaboração de um Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais, no qual todos os riscos e as implementações
para eliminar ou reduzir devem estar preestabelecidos.
Esta visa à prevenção da saúde e da integridade dos trabalhadores, por
meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da
ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente
de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos
naturais.
A NR 15 descreve os agentes, as operações e as atividades insalubres.
São 14 os seus anexos e cada um deles trata de uma atividade de risco a que os
trabalhadores podem estar expostos.
A NR 17 trata dos parâmetros para tornar as condições de trabalho
ergonômicas. É função da equipe do serviço de saúde dos trabalhadores das
empresas zelar por um ambiente ergonomicamente seguro para o desempenho
das atividades dos trabalhadores.
A NR 32, de acordo com o blog Inbep:

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é a primeira norma criada para estabelecer diretrizes básicas
para a implementação das medidas de proteção à segurança e à
saúde dos trabalhadores na área da saúde. Ela tem por finalidade
estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de
medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores
dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem
atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
Disponível em: <http://blog.inbep.com.br/normas-
regulamentadoras-nrs-o-que-e/>. Acesso em: 21 maio 2018.

CONTEXTUALIZANDO

Ainda ressaltamos a importância do conhecimento das normas básicas


para o desempenho eficaz de uma equipe de medicina do trabalho, também a
importância do conhecimento, com domínio, das normas relacionadas a empresas
de atividades especificas, como o conhecimento da NR 32 para profissionais que
irão atuar no SESMT de hospitais ou da NR 10 para as atividades que envolvem
eletricidade, por exemplo.
Como o público-alvo deste curso são os enfermeiros, daremos ênfase à NR
de maior relevância para ele, a NR 32.
Para refletir
Propomos aqui uma questão para contextualizar:
Segundo descrição no Anexo I da NR 32, os agentes biológicos são
classificados em classes de risco:

(A) 0 – baixo risco individual para o trabalhador, com média


probabilidade de causar doença no ser humano.

(B) 1 – risco individual moderado para o trabalhador, com baixa


probabilidade de disseminação para a coletividade.

(C) 2 – risco individual moderado para o trabalhador, com alta


probabilidade de disseminação para a coletividade.

(D) 3 – risco individual elevado para o trabalhador, com probabilidade de


disseminação para a coletividade.

(E) 4 – risco individual elevado para o trabalhador, com baixa


probabilidade de disseminação para a coletividade.

TEMA 1 – NR 6 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI

Definição de EPI de acordo com a NR6 (online) – “todo dispositivo ou


produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de
riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”. Melhor
dizendo, ele teria de proteger dos riscos presentes no ambiente de trabalho, como

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o uso das luvas de látex, que deveriam proteger o trabalhador da saúde da matéria
orgânica e seus contaminantes, por exemplo.
Quando um equipamento é composto por vários dispositivos associados
para proteger de um ou mais riscos, é definido pela NR 6 como Equipamento
Conjugado – “todo aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha
associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que
sejam suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.” Um exemplo
de equipamento conjugado é um capacete de segurança com uma máscara de
proteção facial associada.
Por determinação da NR, todo EPI deve ser registrado no Ministério do
Trabalho e Emprego para ser avaliado por uma equipe de profissionais, os quais
emitirão um certificado de regularidade, ou seja, eles testarão o dispositivo e
emitirão um certificado de competência. Este certificado tem por nome Certificado
de Aprovação – CA, e o dispositivo então recebe um número de registro que
poderá ser consultado, como um RG do produto. Caso ele não possua um CA,
então não deve ser adquirido, pois não há garantias de eficácia, podendo até
causar dano.
Trazemos a seguir descrição das responsabilidades de acordo com a NR 6
(online), em seu texto, determina que
a responsabilidade de escolha do EPI é do SESMT, em conjunto com os
membros da CIPA e representantes dos trabalhadores a escolha e
sugestão de compra dos EPI’s para o empregador. Vale ressaltar que
um EPI só deve ser indicado quando todas as possibilidades de eliminar
o risco da produção tenham sido consideradas, também que a instalação
de um equipamento de proteção coletiva não seja indicado. Um exemplo
claro de que somente um EPI pode ser indicado é a utilização de luvas
de procedimento na manipulação de pacientes por um técnico de
enfermagem no momento de uma punção venosa; não há possibilidade
de se evitar o risco, tampouco da indicação de um dispositivo de
proteção coletiva.
Descreve as responsabilidades de todos os agentes envolvidos no
processo de indicação, registro, fornecimento e utilização, abaixo
descritos:

 Responsabilidades do empregador:
a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
b) exigir seu uso;
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional
competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e
conservação;
e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada;
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados
livros, fichas ou sistema eletrônico.
 Responsabilidade do trabalhador:
a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;

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b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio
para uso;
d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.
 Responsabilidade do fabricante ou importador:
a) cadastrar-se junto ao órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho;
b) solicitar a emissão do CA;
c) solicitar a renovação do CA quando vencido o prazo de validade
estipulado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e
saúde do trabalho;
d) requerer novo CA quando houver alteração das especificações do
equipamento aprovado;
e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu
origem ao Certificado de Aprovação – CA;
f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de CA;
g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de segurança e
saúde no trabalho quaisquer alterações dos dados cadastrais
fornecidos;
h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional,
orientando sua utilização, manutenção, restrição e demais referências
ao seu uso;
i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação;
j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do
SINMETRO, quando for o caso;
k) fornecer as informações referentes aos processos de limpeza e
higienização de seus EPI, indicando quando for o caso, o número de
higienizações acima do qual é necessário proceder à revisão ou à
substituição do equipamento, a fim de garantir que os mesmos
mantenham as características de proteção original.

Além das responsabilidades, a Norma traz, no Anexo I, uma lista de EPI’s


listados por proteção de segmentos do corpo, como mãos, pés, braços etc. Para
a aquisição de um EPI seguro e certificado é importante considerar que todo EPI
deve apresentar em caracteres inapagáveis, o nome comercial da empresa que o
fabrica, o lote de fabricação e o número do CA. No caso de EPI’s importados, o
nome da empresa importadora, o lote de fabricação e o número do CA.

TEMA 2 – NR 7 – PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE


OCUPACIONAL – PCMSO

Conforme o texto da NR 7 (online), a norma “estabelece a obrigatoriedade


de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e
instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, com o objetivo de promoção
e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.”
O PCMSO deve ser planejado e implantado com bases nos riscos
levantados e diagnosticados no ambiente de trabalho, considerando o indivíduo,
mas também a coletividade e o meio ambiente.

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O empregador deve garantir a elaboração e a implantação efetiva do
programa, inclusive custear todos os procedimentos relacionados no PCMSO,
sem custo para o empregado. O empregador deve designar médico coordenador
responsável pelo PCMSO, mesmo que sua empresa esteja isenta de manter
médico do trabalho, de acordo com a NR 4.
O médico coordenador será o responsável pela execução dos exames
médicos previstos no programa e das solicitações e análise dos exames
complementares, poderá designar médico que esteja habilitado para executar as
atividades e que tenha conhecimento dos riscos a que cada trabalhador da
empresa esteja exposto.
O PCMSO deve incluir, obrigatoriamente, os exames: admissional,
demissional, periódico, de retorno ao trabalho e na eminência de mudança de
função. Na realização de cada um destes, é necessária a execução e registro, em
formato de prontuário do trabalhador, a avaliação clínica com anamnese
ocupacional, exame físico e mental, realização de exames complementares,
realizados de acordo com os termos específicos da NR e seus anexos.
Quando houver diagnóstico de exposição excessiva a algum risco à saúde,
o médico coordenador deve afastar o trabalhador do risco, até que as medidas de
controle tenham sido tomadas, mas se houver constatação de alterações na
saúde do trabalhador, mesmo que constatada por exames complementares e
ainda sem sintomas de doença, além do afastamento o médico deverá emitir
Comunicação de Acidente de Trabalho e encaminhar o trabalhador ao INSS.
Todo exame médico deve resultar em um Atestado de Saúde Ocupacional
– ASO, que deverá ser emitido em duas vias, sendo uma entregue ao trabalhador
e a outra arquivada no prontuário dele. Importante realizar “recibo de entrega” do
ASO ao trabalhador.
O site do Guia Trabalhista traz uma interessante descrição das informações
que um ASO deve conter; descritos a seguir:

 nome completo do trabalhador, o número de registro de sua


identidade e sua função;
 os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência
deles, na atividade do empregado;
 indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o
trabalhador, incluindo os exames complementares;
 nome do médico coordenador e CRM;
 definição de apto ou inapto para a função específica que o
trabalhador vai exercer, exerce ou exerceu;

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 o prontuário é de responsabilidade do médico do trabalho e deve
ser mantido por 20 anos após o desligamento do empregado, por força
de lei.

Ainda descreve os prazos pré-determinados dos exames e informações


importantes, os quais inserimos a seguir:

 Admissional, deverá ser realizada antes que o trabalhador


assuma suas atividades.
 Periódico, de acordo com os intervalos mínimos de tempo abaixo
discriminados:
a) para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de trabalho que
impliquem o desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional,
ou, ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os
exames deverão ser repetidos:
- a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado,
ou se notificado pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda,
como resultado de negociação coletiva de trabalho;
b) demais trabalhadores:
- anual, quando menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 45 (quarenta
e cinco) anos de idade;
- a cada dois anos, para os trabalhadores entre 18 (dezoito) anos e 45
(quarenta e cinco) anos de idade.
 Retorno ao trabalho, deverá ser realizada obrigatoriamente no
primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual
ou superior a 30 (trinta) dias por motivo de doença ou acidente, de
natureza ocupacional ou não, ou parto.
 Mudança de função, será obrigatoriamente realizada antes da
data da mudança (toda e qualquer alteração de atividade, posto de
trabalhou de setor que implique a exposição do trabalhador a risco
diferente daquele a que estava exposto antes da mudança).
 Demissional, será obrigatoriamente realizada até a data da
homologação, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido
realizado há mais de: 135 dias para as empresas de grau de risco 1 e 2
e 90 dias para as empresas de grau de risco 3 e 4.

A NR possui dois quadros, o Quadro I traz os parâmetros para controle


biológico da exposição a alguns agentes químicos e o Quadro II traz parâmetros
para a monitorização da exposição a alguns riscos à saúde, como as radiações
ionizantes a que os trabalhadores do RX estão expostos, por exemplo. Cada
quadro possui também anexos que detalham os exames que devem ser
solicitados, os procedimentos e os critérios para a interpretação e a periodicidade
deles.
Planejamento das atividades anuais com respectivos relatórios de
realização das atividades devem ser realizados, pois podem ser alvo de
fiscalização.
A Nr determina também que toda empresa possua material de primeiros
socorros pertinentes a situações de emergência que o ambiente possa propiciar,
bem como pessoal treinado. Detalharemos este assunto na abordagem da
montagem de um ambulatório em outra aula.

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TEMA 3 – NR 9 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS –
PPRA

Esta NR 9 (online)

estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte


de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores
como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais –
PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos
trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e
consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou
que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a
proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

Esta NR determina também sobre as ações do PPRA.

As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada


estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do empregador,
com a participação dos trabalhadores, sendo sua abrangência e
profundidade dependentes das características dos riscos e das
necessidades de controle. A responsabilidade de elaboração é do
empregador, mas, o SESMT pode elaborar, implementar e avaliar o
programa.
O objetivo do PPRA é preservar a saúde dos trabalhadores através da
antecipação, reconhecimento, avaliação e desencadeamento de
medidas de controle dos riscos existentes ou que ainda venham a existir,
no ambiente de trabalho. Deve ser considerado também a proteção do
meio ambiente e dos recursos naturais.

A NR descreve em seu texto que os riscos ambientais podem ser os


agentes físicos, químicos e biológicos encontrado nos ambientes de trabalho que,
em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição,
são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.
São exemplos de riscos ambientais quando ocorrerem a exposição para os
seguintes agentes, descritos na própria NR:

 Físicos – ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,


radiações ionizantes, radiações não ionizantes, infrassom e o ultrassom.
 Químicos – substâncias químicas sob as formas de poeiras, fumos, névoas,
neblinas, gases ou vapores.
 Biológicos – são exemplos a exposição às bactérias, fungos, bacilos,
parasitas, protozoários e vírus.

O PPRA deve ter um documento-base no qual devem ser registrados os


riscos antecipados ou constatados, definição das medidas de controle e o
cronograma das etapas de implantação. Há necessidade, inclusive, de se registrar
os critérios para monitoramento da exposição a cada agente e a forma de

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divulgação das informações pertinentes aos trabalhadores, pois de que valeria a
elaboração de um excelente PPRA se os trabalhadores não tivessem
conhecimento das medidas de proteção. Os resultados do monitoramento e o
próprio PPRA devem ser avaliados anualmente, a fim de que sejam detectadas
necessidades de reajustes.
O PPRA deve ser discutido com a CIPA e a participação dos trabalhadores
deve ser estimulada, principalmente do levantamento dos agentes e das medidas
de proteção, afinal de contas, são eles os detentores de todas as etapas do
processo de produção.
O site do Guia Trabalhista descreve algumas etapas que um PPRA deve
possuir e atender, descritas a seguir:

 antecipação e reconhecimento dos riscos;


 estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e
controle;
 avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
 implantação de medidas de controle e avaliação de sua
eficácia;
 monitoramento da exposição aos riscos;
 registro e divulgação dos dados.

Medidas de controle devem ser instituídas com o objetivo de eliminar,


reduzir ou controlar os riscos identificados na fase de antecipação – risco potencial
ou de reconhecimento – risco evidente, ou, ainda, quando os resultados da
avaliação quantitativa de exposição excederem os limites previstos em legislação
(NR 15), ou até mesmo quando ocorrer situação em que haja nexo causal entre a
exposição e um dano à saúde do trabalhador.
As medidas de proteção devem seguir a seguinte hierarquia:

 medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes;


ex.: substituição do glutaraldeído por peroxido de hidrogênio;
 medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no
ambiente; ex.: utilização de capelas de fluxo laminar para diluição de
quimioterápicos ou antibióticos;
 medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no
ambiente; ex.: utilização de exaustores para reduzir a concentração de
poeiras nas fábricas.

O site do Guia Trabalhista descreve importante recomendação relacionada


às medidas protetivas,

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quando comprovado pelo empregador ou instituição, a inviabilidade
técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não
forem suficientes, em caráter complementar ou emergencial, deverão
ser adotadas medidas de caráter administrativo ou de organização do
trabalho e utilização de EPI. O empregador deve garantir a interrupção
imediata do trabalho quando for constatado risco grave e iminente, no
ambiente de trabalho, a um ou mais trabalhadores.

A NR traz ainda o conceito de nível de ação, que é o valor acima do qual


devem ser iniciadas as ações preventivas, de maneira a minimizar a probabilidade
de que as exposições ultrapassem os limites permitidos.
A NR possui dois anexos, o Anexo I define critérios para prevenção de
doenças e distúrbios decorrentes da exposição ocupacional às vibrações e o
Anexo II estabelece os requisitos mínimos de segurança e saúde para as
atividades com exposição ocupacional ao benzeno em Postos Revendedores de
Combustíveis.

TEMA 4 – NR 15 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES E NR 17 –


ERGONOMIA

A NR 15 define o que são atividades insalubres e determina o pagamento


de adicional de insalubridade quando o trabalho é realizado em tais condições. A
NR traz 14 anexos referentes aos agentes insalubres.
A CLT, no seu Art.189 e 193, traz uma definição de insalubridade que o
diferencia de periculosidade. Segue: “Consideram-se atividades ou operações
insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de
tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo
de exposição aos seus efeitos”. Agora a definição de periculosidade:
“Consideram-se atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação
aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos
de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em
condições de risco acentuado.” São ainda exemplos de atividades perigosas as
que envolvem manuseio de substância radioativa, energia elétrica e risco de
explosão. Quando evidenciada a atividade perigosa, o adicional será de 30% do
salário mínimo. Vale ressaltar que a NR 15 trata apenas das atividades insalubres.
São consideradas insalubres as atividades realizadas acima dos limites de
tolerância previstos nos Anexos 1 – ruído contínuo ou intermitente, 2 – ruído de
impacto, 3 – exposição ao calor, 5 – radiações ionizantes, 11 – agentes químicos,

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e 12 – poeiras minerais. Também são insalubres as atividades mencionadas nos
Anexos 6 – trabalho sob condições hiperbáricas, 13 – agentes químicos (arsênico,
carvão, carvão mineral, chumbo, cromo, fósforo, hidrocarbonetos, mercúrio e
outras substâncias) e 14 – atividades que envolvem contato com agentes
biológicos. Caso sejam comprovados por laudo de inspeção no local de trabalho,
podem ser consideradas insalubres as atividades que constam no Anexo 7
(radiações não-ionizantes), 8 (vibrações), 9 (frio) e 10 (umidade).
A norma determina que “Limite de tolerância é a concentração ou
intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de
exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a
sua vida laboral.”
A NR 15 traz em seu texto a informação sobre o adicional de insalubridade
que um trabalhador tem o direito de receber, incidente sobre o salário mínimo da
região:

 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;


 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio;
 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo.

No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas


considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo
vedada a percepção cumulativa. A eliminação ou neutralização da insalubridade
determinará a cessação do pagamento do adicional respectivo.
O grau de risco de cada atividade determinada a porcentagem do adicional,
descrita também em cada anexo da NR 15; exemplo: a atividade de mergulhador
possui grau máximo de risco, descrito no anexo, logo o adicional será de 40% do
salário mínimo.

4.1 A NR 17 – Ergonomia

A norma visa a “estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das


condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de
modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.”
A norma determina que “as condições de trabalho incluem aspectos
relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário,
aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria

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organização do trabalho.” Para cumprir com esta determinação, o empregador
deve realizar a análise ergonômica do trabalho – Laudo Ergonômico. Assim:

No Laudo Ergonômico, de acordo com a NR 17, devem ser analisados


os aspectos:
 levantamento, transporte e descarga individual de materiais,
mobiliário dos postos de trabalho;
 equipamentos dos postos de trabalho;
 condições do ambiente de trabalho;
 organização do trabalho.

Discorre sobre uma série de detalhamentos sobre as condições adequadas


para digitação, transporte de cargas, tipo de assentos, adequação do mobiliário
etc.
Alguns pontos devem ser ressaltados em relação ao que discorre a norma:

 treinamento dos trabalhadores em relação aos métodos de transporte de


cargas;
 trabalhadores do sexo feminino e aqueles com idade inferior a 18 anos não
podem transportar o mesmo peso de um trabalhador do sexo masculino;
 sempre que possível, o trabalho deve ser executado na posição sentada;
 para uma postura adequada e boa visualização no trabalho; devem ser
providenciados suportes;
 nas atividades intelectuais, a temperatura deve estar entre 20 e 23 o C,
umidade nunca inferior a 40 %;
 todos os locais devem possuir iluminação adequada;
 pausas de descanso para atividades que exijam sobrecarga muscular
estática ou dinâmica.

A norma possui dois anexos, o Anexo I é sobre os trabalhadores de


checkout (caixas de supermercado ou lojas) e o Anexo II é sobre os operadores
de telemarketing ou teleatendimento.

TEMA 5 – NR 32 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM


ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

A NR 32 “tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a


implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores
dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção
e assistência à saúde em geral.” Define serviço de saúde como qualquer

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edificação destinada à prestação de serviços de promoção, recuperação,
assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade.
Três são os agentes de risco considerados pela NR: biológico, químico e radiação
ionizante. Também três anexos, o Anexo I agrupa os agentes biológicos em quatro
classes, considerando o risco individual e a possibilidade de disseminação para a
coletividade. A Classe 1 é a de menor risco e a Classe 4 a de maior risco. O Anexo
II traz uma tabela que classifica os agentes biológicos e a classificação do risco
de cada um. O Anexo III traz diretrizes para a elaboração de um Plano de
Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfurocortantes com
Mapeamento dos perfurocortantes utilizados. Inclusive que as empresas que
produzem ou comercializam os materiais devem disponibilizar, para os
trabalhadores, capacitação sobre a utilização correta do dispositivo de segurança.
Ainda que os empregadores devem providenciar o acesso a esta capacitação.
Em relação ao risco biológico, a norma determina que há necessidade de
adequações no PPRA, incluindo a identificação dos agentes mais prováveis no
ambiente de trabalho. No PCMSO insere que devem constar os procedimentos a
serem adotados em caso de exposição acidental. Obriga a existência, nos locais
de trabalho, lavatório, sabonete líquido, toalha descartável e existência de lixeiras
de pedal. A CCIH adiciona a necessidade de dispensadores de álcool à 70º.
Proíbe alguns comportamentos de risco, como: alimentar-se nos postos de
trabalho, utilização de adornos, manuseio de lentes de contato, calçados abertos,
fumar, guarda de alimentos nos postos, entre outros. Sendo a proibição mais
importante a reencape de agulhas e a desconexão manual; obriga aos
empregadores a aquisição de materiais perfurocortantes com dispositivo de
segurança. Determina a necessidade de vacinação dos trabalhadores, sob o ônus
do empregador, com as vacinas Hepatite B, Dupla adulto, e outras disponíveis,
como a Influenza.
Os acidentes de trabalho devem ser comunicados ao responsável pelo
setor, mas também ao SESMT e CIPA. É interessante manter um registro e
acompanhamento dos incidentes como forma de incentivo ao diagnóstico de
situações de risco.
É obrigatório treinamento de todos os empregados, previamente ao início
das atividades na empresa em relação às norma e rotinas relacionadas aos riscos
biológicos, também entrega de informações escritas.

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O risco químico é tratado pela norma, destaca os produtos químicos e os
gases medicinais e as drogas de risco – aquelas que são capazes de desencadear
genotoxicidade, teratogenicidade, carcinogenicidade e toxicidade séria e seletiva
sobre órgãos e sistemas; especialmente os gases e vapores anestésicos e os
quimioterápicos antineoplásicos. Os produtos químicos devem ter seu rótulo
original e quando reenvasados devem estar devidamente identificados; a
manipulação deve possuir local próprio e adequado; todo rodutoquímico deve
possuir uma FISPQ – ficha de informações de segurança de produtos químicos;
deve constar no PPRA e ser considerado no PCMSO. Assim como no caso do
risco biológico, deve haver rotinas específicas em relação à utilização e em caso
de acidentes, bem como capacitação dos empregados.
Determina que os quimioterápicos antineoplásicos devem ser diluídos em
cabines de segurança biológica Classe II B2 e proíbe que o trabalhador manuseie
em caso de falta de EPI específico.
Em relação aos gases anestésicos, a NR determina que as gestantes
podem se expor quando o médico do PCMSO excluir o risco de exposição.
Detalha os requisitos para a utilização dos gases medicinais, dos medicamentos
e drogas de risco.
Quanto à radiação ionizante, a norma dita que o estabelecimento deve
cumprir as determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear – Cenen –
e da Anvisa; inclusive a criação do Plano de Proteção Radiológica – PPR,
aprovado pelo Cenen, discutido pela Cipa e contemplado no PCMSO. Detalha
como deve ser realizada a capacitação do trabalhador, uso de EPI, necessidade
do afastamento das gestantes das atividades e outras. Deve ser mantido
prontuário clínico individual, com registro detalhado das funções, registro das
doses de radiação recebidas – anuais e mensais, e deve ser guardado por 30
anos após o desligamento. A norma traz, de maneira detalhada, o funcionamento
de um serviço de radiodiagnóstico, radioterapia e medicina nuclear.
Determina a necessidade de separação e descarte correto dos resíduos,
no mesmo formato da Anvisa, o PGRSSS.
Sobre as instalações para as refeições e conforto dos trabalhadores, a
norma se reporta à NR 24, a qual determina a necessidade de refeitório em
empresas com mais de 300 empregados, ou de local adequado fora dos postos
de trabalho quando a empresa tiver menos de 300 empregados.

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As lavanderias, obrigatoriamente, devem contar com área distinta, sendo
uma considerada limpa e a outra suja, com barreira intransponível entre elas.
Os empregados com função de higienização das áreas devem receber
capacitação específica relacionada ao uso de EPI, EPC e procedimentos em
situações de emergência. Também deve manter registro de realização destes.
O estabelecimento deve possuir um programa de controle de animais
sinantrópicos.
Em relação à ergonomia, a norma determina a necessidade da existência
de dispositivos seguros em todos os postos de trabalho, especifica a utilização de
dispositivos que minimizem o esforço físico na movimentação de pacientes e
transporte de materiais; bem como receber capacitação sobre mecânica corporal
e as medidas de proteção para lidar com pacientes portadores de distúrbios
comportamentais.
Os estabelecimentos devem seguir a RDC 50, de 21 de fevereiro de 2002,
como norma de edificação, e ressalta a determinação de que todas as torneiras
devem possuir dispositivos que dispense o contato com as mãos quando da sua
abertura e fechamento.

FINALIZANDO

Os riscos biológicos a que os trabalhadores de saúde estão expostos não


são restritos aos profissionais da saúde apenas, mas a todos os trabalhadores
dos estabelecimentos de saúde, ou seja, os trabalhadores da manutenção, da
limpeza, da cozinha, administrativos, enfim, todos os trabalhadores da empresa
estão sob o risco de adoecer com fungos, bactérias e vírus que podem estar no
ambiente de trabalho e que causam doenças, em menor ou maior grau de risco.
Há necessidade, então, urgente, de que a equipe do SESMT, CIPA e CCIH atuem
de maneira integrada e sinérgica, a fim de promover a saúde dos trabalhadores e
prevenir doenças. Vale aqui um exemplo simplório: os profissionais da saúde
manuseiam um prontuário, sem a devida lavagem previa das mãos; este
prontuário é então contaminado com uma bactéria multirresistente, após, o
paciente vem a falecer e o prontuário é recolhido ao faturamento. Neste local, os
trabalhadores não são orientados em relação a precauções de contato e não
utilizam as medidas de proteção, então, estão sob risco iminente de contraírem
uma doença pelo manuseio das folhas do prontuário.

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Com o nosso exemplo fica evidenciado que o investimento em treinamento
dos trabalhadores em estabelecimentos de saúde, bem como a elaboração de
normas e rotinas, fundamentadas em biossegurança e boas práticas, com o
envolvimento de todos os trabalhadores.
Para refletir – Resposta
A fim de fundamentar a resposta à nossa questão proposta na
contextualização, descreveremos a classificação dos riscos, de acordo com o
Anexo I da NR 32, a seguir:
Classe de risco 1: baixo risco individual para o trabalhador e para a
coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano. Classe
de risco 2: risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade
de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças ao ser humano, para
as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Classe de risco 3:
risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação
para a coletividade. Podem causar doenças e infecções graves ao ser humano,
para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
Classe de risco 4: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade
elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de
transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar doenças graves ao ser
humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
A resposta correta a nossa questão é a alternativa “D”, pois traz a descrição
de acordo com o Anexo I. Não há grau zero de risco.

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NR 6: equipamento de


proteção individual – EPI. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm>. Acesso em: 21 maio
2018.

_____. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NR 7: programa de controle


médico de saúde ocupacional. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr7.htm>. Acesso em: 21 maio
2018.

_____. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NR 9: programa de prevenção


de riscos ambientais. (109.000-3). Disponível em:
<http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/LEGIS/CLT/NRs/NR_9.html>. Acesso em:
21 maio 2018.

_____. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NR 15: atividades e operações


insalubres. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr15.htm>. Acesso em: 21 maio
2018.

_____. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NR 32: segurança e saúde no


trabalho em serviços de saúde. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr32.htm>. Acesso em: 21 maio
2018.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Secretaria de Inspeção do Trabalho.


Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho. Portaria n. 125, de 12
novembro de 2009. Diário Oficial da União, Brasília. Disponível em:
<http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portaria125_2009.htm>. Acesso em:
21 maio 2018.

_____. Ministério do Trabalho. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Departamento


de Segurança e Saúde no Trabalho. Portaria n. 194, de 7 de dezembro de 2010.
Diário Oficial da União, Brasília. Disponível em:
<http://www.normaslegais.com.br/legislacao/portariasit194_2010.htm>. Acesso
em: 21 maio 2018.

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BULHÕES, I. Enfermagem no Trabalho. Rio de Janeiro: Editora Gráfica Luna
LTDA, 1976. v. 1.

NORMAS regulamentadoras (NRs) – O que são e como surgiram? INBEP.


Disponível em: <http://blog.inbep.com.br/normas-regulamentadoras-nrs-o-que-
e/>. Acesso em: 21 maio 2018.

RIBEIRO, M. C. S. Enfermagem e Trabalho: fundamentos para a atenção à


saúde dos trabalhadores. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2012.

PANTALEÃO, S. F. Insalubridade e periculosidade – impossibilidade de


acumulação dos adicionais. Disponível em:
<http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/insalubre_perigoso.htm>. Acesso
em: 21 maio 2018.

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