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BIOLOGIA HUMANA

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD


Biologia Humana — Prof.ª Dra. Camila Tavares Valadares da Silva

Olá! Meu nome é Camila Tavares Valadares da Silva. Sou Fisiote-


rapeuta graduada pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).
Mestre e Doutora em Ciências (área de concentração: Psicobio-
logia) pela Universidade de São Paulo (USP) campus de Ribeirão
Preto. Em minha dissertação de mestrado, investiguei os efeitos da
Desnutrição Protéica em estágios precoces da vida sobre a memória
e aprendizagem em ratos. A minha tese de doutorado foi em cima
do mesmo assunto, porém, a desnutrição ocorreu em outra fase da
vida e foram analisados outros parâmetros de comportamentos e
neurológicos. Já atuei como docente na Universidade de Uberaba (UNIUBE) nos cursos
de Fisioterapia e também na Universidade Paulista (UNIP) campus de Araraquara nos
cursos de Enfermagem e Farmácia Bioquímica. No Centro Universitário Claretiano, sou
professora nas áreas de Anatomia e Neuroanatomia no curso de Fisioterapia, Biologia
Humana, Anatomia Humana Geral e Fisiologia Humana Geral e Aplicada no curso de
Licenciatura em Educação Física e Fundamentos Biológicos no curso de Bacharelado em
Educação Física. Sou uma apaixonada pelo corpo humano e será um imenso prazer parti-
cipar da construção de seu conhecimento e sua formação profissional.
e-mail: camilatv@yahoo.com

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Camila Tavares Valadares da Silva

BIOLOGIA HUMANA
Caderno de Referência de Conteúdo

Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
 574 S578b
Silva, Camila Tavares Valadares da
Biologia humana / Camila Tavares Valadares da Silva – Batatais, SP :
Claretiano, 2013.
136 p.

ISBN: 978-85-67425-25-2

1. Níveis de organização dos seres vivos. Organização da célula eucariótica. 2.


Membranas celular: estrutura e função. 3. Transporte entre membranas: difusão,
difusão facilitada, bomba de Na+ e K+. 4. Organelas celulares: estrutura e função.
Mitocôndrias e a produção de energia na célula: aspectos gerais dos processos
anaeróbios e aeróbios e a fisiologia celular. 5. Síntese de Proteínas. 6. Síntese de
Lipídeos. 7. Tecidos: definição e classificação: aspectos gerais. 8. Tecido Epitelial. 9.
Tecido Conjuntivo. 10. Tecido Ósseo. 11. Tecido muscular. 12. Tecido Nervoso.
I. Biologia humana.

CDD 574

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

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SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO.............................................................................. 10

Unidade  1 – INTRODUÇÃO À BIOLOGIA CELULAR


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 33
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 33
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 34
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 34
5 BREVE HISTÓRICO SOBRE A DESCOBERTA DAS CÉLULAS.................................... 35
6 AS CÉLULAS: PROPRIEDADES BÁSICAS E ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL .............. 38
7 AS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS................................................... 41
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 44
9 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 44
10 E-REFERÊNCIAS................................................................................................... 45
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 45

Unidade  2 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CÉLULA


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 47
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 47
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 48
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 48
5 ÁGUA................................................................................................................... 49
6 CARBOIDRATOS................................................................................................... 51
7 LIPÍDIOS............................................................................................................... 56
8 PROTEÍNAS ......................................................................................................... 60
9 ÁCIDOS NUCLEICOS............................................................................................. 64
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 68
11 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 68
12 E-REFERÊNCIAS................................................................................................... 69
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 70

Unidade  3 – MORFOLOGIA CELULAR


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 71
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 71
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 71
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 72
5 MEMBRANA PLASMÁTICA................................................................................... 73
6 SISTEMAS DE ENDOMEMBRANAS CITOPLASMÁTICAS........................................ 81
7 MITOCÔNDRIO ................................................................................................... 86
8 O NÚCLEO DA CÉLULA EUCARIÓTICA.................................................................. 89
9 CICLO CELULAR E MEIOSE................................................................................... 93
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................ 97
11 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 98
12 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 99
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 100

Unidade  4 – FUNDAMENTOS DE HISTOLOGIA


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 101
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 101
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 101
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 102
5 HISTOLOGIA........................................................................................................ 103
6 TECIDO EPITELIAL................................................................................................ 104
7 TECIDO CONJUNTIVO.......................................................................................... 111
8 TECIDO MUSCULAR............................................................................................. 122
9 TECIDO NERVOSO............................................................................................... 128
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 134
11 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 134
12 E-REFERÊNCIAS................................................................................................... 136
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 136

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Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC

Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Níveis de organização dos seres vivos. Organização da célula eucariótica. Mem-
branas celulares: estrutura e função. Transporte entre membranas: difusão, di-
fusão facilitada. Bomba de Na+ e K+. Organelas celulares: estrutura e função.
Mitocôndrias e a produção de energia na célula: aspectos gerais dos processos
anaeróbios e aeróbios e a fisiologia celular. Síntese de Proteínas. Síntese de Lipí-
deos. Tecidos: definição, classificação e aspectos gerais. Tecido Epitelial. Tecido
Conjuntivo. Tecido Ósseo. Tecido Muscular. Tecido Nervoso.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Neste Caderno de Referência de Conteúdo, você encontrará
as unidades básicas que o ajudarão a compreender a importância
dos conhecimentos básicos da biologia humana celular e tecidu-
al como pré-requisito para outras disciplinas e para a formação
de um profissional voltado à promoção e à manutenção da saúde,
tanto na nossa sociedade de uma maneira geral como no contexto
8 © Biologia Humana

escolar de forma mais específica, dando subsídios para o planeja-


mento e implementação de programas de treinamento esportivo
apropriados.
A Biologia Humana faz parte do conteúdo básico de todos
os cursos voltados para a área biológica e da saúde, incluindo os
profissionais da Educação Física, uma vez que o objeto de estudo é
o corpo humano, constituído basicamente de células, que se agru-
pam para formarem tecidos, depois órgãos e assim sucessivamen-
te até a formação do organismo humano.
Vamos juntos conhecer a estrutura geradora e mantenedora
da vida, a célula, assim como seus componentes estruturais e quí-
micos. Estudaremos, também, os principais tipos de tecidos huma-
nos e suas funções.
O estudo de Biologia Humana em um curso de Graduação,
num primeiro momento, pode não parecer importante; no entan-
to, ela adquire uma enorme responsabilidade, na medida em que
estará preparando o aluno para as discussões em outras discipli-
nas, tais como Anatomia Humana Geral e Fisiologia Humana Ge-
ral.
Este caderno fornecerá o suporte básico para que você pos-
sa ter uma visão crítica dos mecanismos biológicos. Compreender
inicialmente a importância desse conhecimento parece uma tarefa
difícil, porém, é fundamental para a formação de um professor de
Educação Física diferenciado, com interesse em ter uma formação
completa e, assim, poder cuidar apropriadamente de seus futuros
alunos. Vamos juntos fazer esta viagem ao corpo humano e conhe-
cer estruturas tão pequenas, mas fundamentais para a sobrevivên-
cia dos seres vivos.
A Educação a Distância exigirá de você uma nova forma de
estudo, uma vez que você é o protagonista de sua aprendizagem.
Contudo, você não estará sozinho, tendo todo o suporte necessá-
rio para construção do seu conhecimento. Este será um desafio
que enfrentaremos juntos, e, com sua dedicação, o crescimento
profissional e pessoal acontecerá naturalmente.
© Caderno de Referência de Conteúdo 9

Não se esqueça de que você deverá participar e interagir


constantemente com seus professores (tutores), com seus colegas
de curso, assim como fazer a leitura não só deste material, como
também das bibliografias indicadas.
O conteúdo deste material está organizado didaticamente
em quatro unidades.
Na Unidade 1, será feita uma introdução ao estudo da bio-
logia celular. Você tomará o conhecimento da origem celular, dos
seres vivos unicelulares e multicelulares, da interdependência en-
tre as células dos organismos multicelulares e dos tipos básicos
celulares (eucariontes e procariontes).
Seguindo nossa jornada, na Unidade 2, serão abordados os
principais componentes químicos celulares, isto é, as biomoléculas
construtoras das células e sua importância para sobrevivência e
perpetuação dos seres vivos.
A Unidade 3 estará focada na morfologia celular, descreven-
do os compartimentos celulares e suas funções, com o objetivo da
compreensão da estrutura e do funcionamento celular.
Finalmente, a Unidade 4 tratará da Histologia, isto é, o estu-
do da organização dos tecidos. O aluno tomará conhecimento so-
bre os principais tecidos do corpo humano, sua estrutura e função,
dando base para a compreensão de diversos mecanismos fisioló-
gicos, como, por exemplo, a reconstituição de uma fratura, uma
lesão muscular etc.
A proposta deste Caderno de Referência de Conteúdo é des-
pertar para a compreensão dos princípios básicos da constituição
da vida humana, como a estrutura e a função das células e dos te-
cidos, assim como a importância desses elementos fundamentais
no desenvolvimento da prática esportiva.
O convite está feito; agora, só depende de você. O êxito de
sua aprendizagem dependerá principalmente de seu empenho em
cumprir as atividades propostas e interagir de maneira apropriada

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10 © Biologia Humana

com seu tutor e colegas de turma. Portanto, venha adquirir os


conhecimentos básicos capazes de beneficiar e potencializar sua
atuação como professor de Educação Física.
Após essa introdução aos conceitos principais apresentare-
mos, a seguir, no Tópico Orientações para o estudo, algumas orien-
tações de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendiza-
gem que poderão facilitar o seu estudo.

2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entan-
to, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico
necessário a partir do qual você possa construir um referencial te-
órico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro
exercício de sua profissão, você a exerça com competência cogniti-
va, ética e responsabilidade social.
Para apresentarmos uma síntese deste caderno, dividimos
este estudo em três partes. A primeira delas trata da visão geral
da biologia humana, iniciando com a descoberta do microscópio
e das células e sua importância para as ciências da saúde. Além
disso, veremos os tipos básicos de células e suas constituições.
A segunda parte de conteúdos apresenta alguns conceitos
sobre citologia, fazendo uma breve análise da composição química
e da morfologia de uma célula humana. Além desses conceitos,
verificaremos a importância deste estudo para os profissionais da
Educação Física.
Na terceira e última parte, estudaremos a Histologia, que é o
estudo dos tecidos que compõem o organismo humano. Faremos
a conceituação de cada tipo tecidual, sua constituição, organização
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

e função, sempre fazendo uma análise crítica sobre a importância


deste conhecimento para a formação de um profissional diferen-
ciado e comprometido com seu trabalho, que é a promoção e a
manutenção da saúde.
Começaremos conhecendo um pouco sobre a descoberta do
microscópio e das células, fazendo a seguinte pergunta: qual foi
a importância da descoberta do microscópio e das células para o
avanço da ciência?
Desde crianças, temos a curiosidade de saber como somos
formados, porque ficamos doentes, como crescemos. Todas essas
perguntas podem ser respondidas hoje graças aos cientistas, que
há séculos tentam descobrir a origem da vida. No entanto, há sé-
culos atrás algumas respostas eram impossíveis de ser dadas devi-
do ao tamanho reduzido das células, que não podiam ser visuali-
zadas a olho nu. Assim, perceberam a necessidade de desenvolver
um instrumento que possibilitasse essa visualização. Somente no
século 17 surgiu o primeiro microscópio, o qual era muito dife-
rente do que temos hoje. Na verdade, era um conjunto de lentes
acopladas em um tubo, semelhante a uma lupa.
Não se sabe com exatidão quem foi o inventor do microscó-
pio, mas, em 1665, o inglês Robert Hooke observou nesse apare-
lho cortes feitos em rolhas e relatou a existências de pequenas ca-
vidades vazias, denominadas por ele de "cel”, palavra inglesa que
significa "cela” ou "cavidade", originando, assim, o termo "célula”,
diminutivo de "cela”. A descoberta da célula, portanto, é atribuída
a Robert Hooke.
A partir daí, as pesquisas não pararam mais e, no início do
século 19, foi formulada a Teoria Celular, na qual se afirmava que
todos os seres vivos são constituídos de uma ou mais células que,
portanto, são as unidades funcionais e estruturais fundamentais
da vida. Todas essas descobertas foram de grande importância
para a descoberta de doenças, podendo, assim, interferir no seu
curso e até mesmo proporcionar sua cura ou prever seu desenvol-
vimento. Nesse sentido, perguntamos: será que isso é importante

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12 © Biologia Humana

para o profissional da Educação Física? Uma vez que esses profis-


sionais estão incluídos nas ciências da saúde, tudo que envolve a
manutenção ou o estabelecimento da saúde é importante.
Depois desses breves relatos, podemos iniciar nosso estu-
do da biologia celular. Mas, antes, queremos fazer outra pergunta:
você seria capaz, neste momento, de dizer o que é uma célula?
Bem, a resposta é simples: célula é a unidade estrutural e funcio-
nal fundamental dos seres vivos. Portanto, todos os organismos
vivos são compostos por células, de acordo com a Teoria Celular.
A célula pode ocorrer isoladamente, como acontece nos se-
res unicelulares (bactérias), ou se agrupar com outras células de
mesma função e formar os tecidos nos seres pluricelulares(seres
humanos).
O organismo humano apresenta uma organização estrutural
muita complexa, que se inicia em níveis químicos, incluindo todas
as substâncias químicas necessárias para seu funcionamento, até a
formação dos diversos sistemas que compõem o organismo, como,
por exemplo, o sistema cardiorrespiratório e o sistema musculoes-
quelético. Dentre esses níveis, estão os nossos objetos de estudos,
que são as células e os tecidos.
Embora exista uma infinidade de células, que podem se dife-
rir pelo tamanho, função e forma, todas apresentam propriedades
básicas comuns que garantem sua manutenção, como a utilização
de glicose como fonte de energia, a realização de mitose para mul-
tiplicação e responder a estímulos como luz, calor e hormônios.
Com relação à sua constituição, todas as células possuem
uma membrana que as envolve e seleciona o que vai entrar ou sair
dela, chamada de membrana plasmática. Essa membrana delimi-
ta uma substância fluida composta de água e proteína, chamada
citoplasma, em que estão mergulhadas as organelas responsáveis
por todas as funções metabólicas celulares. Há, também, o nú-
cleo, em que estão localizados os cromossomos responsáveis pela
transmissão das informações genéticas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Baseado nisso, os cientistas conseguiram diferenciar os dois


tipos básicos de células, as células procarióticas e as células euca-
rióticas. De maneira geral, podemos dizer que as células procari-
óticas são pobres em membranas e em organelas, e o seu núcleo
não está organizado pelo envoltório nuclear, conhecido também
por carioteca. Dessa maneira, seu material genético está disperso
em seu citoplasma. Já a célula eucariótica é composta por um rico
sistema de membranas, organelas, e o seu núcleo está envolvido
pela carioteca, protegendo seu material genético.
Agora, veremos a composição química e estrutural das cé-
lulas eucarióticas, sempre enfatizando seu papel na sobrevivência
das células e do organismo. Vamos começar pela composição quí-
mica básica das células.
A célula, para sua sobrevivência, necessita realizar uma série
de reações, que chamaremos de reações metabólicas. Entre es-
sas reações, citamos: respiração celular, digestão, divisão,secreção
celular e sínteses de proteínas, de lipídios,entre outras.Para que
essas reações ocorram, é necessária a presença de moléculas,
que chamamos de biomoléculas, isto é, moléculas da vida. Es-
sas biomoléculas atuam como unidades construtoras das células
animais;são elas: a água, os carboidratos, os lipídios, as proteínas
e os ácidos nucleicos, conhecidos por DNA e RNA.
Vale destacar que o nosso objetivo não é fazer um estudo
aprofundado dessas moléculas, mas, sim, conhecer suas compo-
sições básicas e funções metabólicas, que são muito importantes
para o funcionamento do organismo. Sem elas, seríamos incapa-
zes de realizar funções simples, como respirar, correr ou praticar
qualquer outra atividade física. Podemos dizer que essas molécu-
las são como combustíveis para nossas células.
Todas essas biomoléculas são formadas basicamente por
oxigênio, hidrogênio, carbono e nitrogênio. Nesse contexto, come-
çaremos pela água. Não é difícil imaginar sua importância, não é
mesmo?

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14 © Biologia Humana

Com frequência, ouvimos dizer que devemos tomar cerca de


dois litros de água por dia. Isso porque a água é o maior constituin-
te do organismo humano, constituindo cerca de 70% da composi-
ção corporal e sendo, assim, indispensável para todas as ativida-
des metabólicas.
A água é composta por duas moléculas de hidrogênio e uma
de oxigênio, constituindo o famoso H2O, que aprendemos desde
o Ensino Fundamental. A ligação entre esses átomos não é linear,
mas, sim, angulada, formando um triângulo no qual os hidrogê-
nios formam a base e o oxigênio, o ápice do triângulo. Por esse
motivo, a água é considerada um dipolo, ou seja, apresenta um
polo positivo, representado pelos hidrogênios, e um polo negativo,
representado pelo oxigênio. Essa propriedade da água faz dela o
principal solvente celular, sendo capaz de se ligar a várias outras
moléculas, pois a tendência dos íons é se combinar com outros
eletricamente inversos.
Em condições normais, perdemos água pela respiração, na
urina, nas fezes e na transpiração, o que dá um total de cerca de
dois litros e meio por dia. Por isso, é indicado que se beba dois
litros de água por dia. O resto poderá ser consumido por meio dos
alimentos.
Agora, veremos os carboidratos, que são considerados as
maiores fontes de energia para o metabolismo celular. Eles são os
açúcares encontrados em abundância na natureza, sendo constitu-
ídos basicamente por um átomo de carbono, dois de hidrogênio e
um de oxigênio. Portanto, é composto por carbono(daí o "carbo”)
e por uma molécula de água(daí o "hidrato” –CARBO-HIDRATO).
Os carboidratos podem ser encontrados sobre a forma de
monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. Os monossa-
carídeos são os açúcares mais simples, incluindo a glicose, que é
o açúcar encontrado na maioria dos seres vivos, a frutose, que o
açúcar da fruta, e a galactose, a do leite. Não podemos deixar de
mencionar, também, a ribose e a desoxirribose, que são encontra-
das na constituição do RNA e do DNA, respectivamente.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Os dissacarídeos são formandos pela união de dois monos-


sacarídeos; assim, temos a sacarose, que é a união da glicose com
a frutose, sendo encontrada na beterraba e na cana-de-açúcar; a
lactose, que é a união da glicose com a galactose, encontrada no
leite; e a maltose, que é a união de duas glicoses, encontrada nos
cereais.
Os polissacarídeos, por sua vez, são abundantes na natureza
e podem ter tanto função de reserva energética, como estrutu-
ral. São formados por uma longa cadeia de monossacarídeos. O
amido, por exemplo, é um polissacarídeo de reserva energética,
presente em vegetais como batata e a mandioca. O outro tipo de
polissacarídeo de reserva energética é o glicogênio, que é exclusi-
vo das células animais e está armazenado no fígado e nos múscu-
los estriados esqueléticos. Os animais ingerem o amido contido na
batata e na mandioca, que é armazenado em forma de glicogênio
no fígado e nos músculos esqueléticos. Quando a célula animal
necessita de energia, ocorre uma reação química que converte o
glicogênio em glicose, que é utilizada pelas células em seus proces-
sos metabólicos.
Outra importante fonte de energia celular são os lipídios,
mas suas funções não param por aqui. Os lipídios são as gorduras
encontradas no corpo humano. Sua característica básica é que são
insolúveis em água e solúveis somente em solventes orgânicos,
como o éter e o álcool. Além da função de reserva energética, os
lipídios são importantes na manutenção da temperatura corporal
e, também, são os principais componentes das membranas celula-
res. Os principais grupos de lipídios são os ácidos graxos, que são
os lipídios de reserva energética; os fosfolipídios, que são os com-
ponentes das membranas celulares; e, por último, os esteroides,
sendo o mais conhecido deles o colesterol, também responsáveis
pela síntese de vários hormônios, como a testosterona, o estrogê-
nio e a progesterona.

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16 © Biologia Humana

Falaremos, agora, das proteínas, que são consideradas as


moléculas mais importantes do corpo humano, necessárias para
todas as funções básicas das células. Elas são compostas por uni-
dades repetidas de aminoácidos, cujo número, tipo e sua sequ-
ência de ligação na cadeia podem diferenciar inúmeros tipos de
proteínas. Esses aminoácidos podem ser obtidos pela alimentação
ou são sintetizados pelo próprio organismo, a partir de açúcares,
ou transformar alguns aminoácidos em outros. Os alimentos como
leite, carne e ovos são ricos em proteínas e podem ser utilizados
pelo organismo como fonte de aminoácidos.
Para finalizarmos esta parte, não podemos deixar de falar
dos ácidos nucleicos, conhecidos por DNA, que significa "ácido de-
soxirribonucleico”, e RNA, que significa "ácido ribonucleico”. Pro-
vavelmente, você já ouviu falar deles na escola ou na mídia, pois
têm grande importância biológica, uma vez que estão relaciona-
dos com o controle da atividade celular e com o armazenamento
das informações genéticas.
Agora que já fizemos uma análise química da célula, fare-
mos uma análise da morfologia celular, relacionando as estrutu-
ras encontradas em uma célula animal com sua função. Como já
comentamos anteriormente, uma célula eucariótica é constituída
basicamente pela membrana plasmática, pelo citoplasma e pelo
núcleo; porém, devemos nos perguntar: como será que são com-
postas essas estruturas e qual a importância de cada uma para o
funcionamento das células? É o que veremos a seguir.
Vamos começar fazendo uma análise sobre a composição e a
função da membrana plasmática.
A membrana plasmática envolve a célula separando o meio in-
tracelular do extracelular, controlando, assim, a passagem de subs-
tância entre esses meios. Sua espessura é tão pequena que a torna
impossível de ser observada em microscópio óptico. No microscópio
eletrônico, porém, pode-se observar a presença de uma dupla ca-
mada de lipídios, tendo carboidratos ligados em sua face externa e
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

proteínas inseridas na dupla camada formando canais importantes


para o transporte de substâncias. Essa organização da membrana
plasmática é conhecida como "modelo mosaico fluido” e, baseado
nele, podemos dizer que a membrana é fluida, assimétrica e com
permeabilidade seletiva. Essa permeabilidade seletiva determina
quais substâncias poderão entrar e sair na célula. Assim, para que
uma substância consiga entrar na célula, ela precisará passar pela
dupla camada de lipídios. Para entendermos melhor esse processo,
é preciso conhecer os dois tipos de transporte entre a membrana: o
transporte passivo e o transporte ativo.
No transporte passivo, não há gasto de energia, uma vez que
a substância passa do meio mais concentrado para o menos con-
centrado e pode ser subdividida em três tipos: a difusão simples,
a difusão facilitada e a osmose. Na difusão simples, a substância
consegue atravessar a membrana plasmática, enquanto,na difusão
facilitada,necessita de um canal proteico para conseguir passar. A
osmose é o transporte exclusivo de água, que passa do meio em
que há maior concentração de água para o de menor concentração.
No transporte ativo, há gasto energético para transportar a
molécula contra o gradiente de concentração. É como se remásse-
mos contra a correnteza de um rio. O transporte ativo mais conhe-
cido é a Bomba de Sódio e Potássio, que é o meio de transporte
de sódio para fora da célula e de potássio para dentro. Como o
sódio está em maior concentração no meio extracelular, necessita
gastar energia para vencer sua concentração e levá-lo para fora e,
na sequência, trazer o potássio para dentro.
Com relação à composição estrutural das células eucarióti-
cas, vale dizer que as principais características dessas células são:
riqueza em membranas, citoplasma com inúmeras organelas e nú-
cleo organizado. A membrana plasmática é apenas uma das mem-
branas encontradas nas células eucarióticas. Além dela, existe um
sistema de endomembranas no interior do citoplasma que forma

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18 © Biologia Humana

um conjunto de organelas conectadas funcionalmente. Esse siste-


ma é composto pelo retículo endoplasmático rugoso, pelo retícu-
lo endoplasmático liso, pelo complexo de Golgi e por elementos
associados, como lisossomos e ribossomos. A mitocôndria é uma
organela que se encontra fora desse sistema de endomembranas,
mas é essencial para o metabolismo celular.
O retículo endoplasmático rugoso é formado por uma ex-
tensão da membrana nuclear que constitui um sistema de tubos
conectados, com muitos ribossomos aderidos; por esse motivo é
chamado de rugoso, e a sua função, juntamente com os ribosso-
mos, é sintetizar proteína. Já o retículo endoplasmático liso, que
também é composto por um sistema de membranas, não apresen-
ta ribossomos aderidos; por isso, é chamado de liso e sua função
é a síntese de lipídios.
O complexo de Golgi, descrito por Camilo Golgi em 1898,
é formado por vários sacos achatados e empilhados e está rela-
cionado com o retículo endoplasmático e com a membrana plas-
mática. Suas funções estão associadas com o armazenamento e
com o transporte de substâncias. Além disso, são responsáveis
pela formação dos lisossomos, que são como bolsas que contêm
enzimas capazes de digerir substâncias orgânicas e outros micro-
-organismos que penetram na célula; portanto, são responsáveis
pela digestão celular.
Para finalizar, falaremos da mitocôndria, que, talvez, seja
uma das organelas celulares mais importantes, por ser responsá-
vel pela respiração celular. Na verdade, as mitocôndrias são es-
pecializadas na produção de energia celular, a partir da síntese
de ATP. A produção dessa energia ocorre a partir da retirada de
substratos do alimento, como os lipídios e os carboidratos, além
do oxigênio, que é conseguido por meio da respiração. Para você,
futuro professor de Educação Física, é importantíssimo entender
a composição estrutural e funcional da mitocôndria, devido à sua
importância na produção de ATP, que é utilizada pelas células em
diversas atividades, entre elas, na prática de atividades físicas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

Até agora, estudamos a membrana plasmática e os compo-


nentes citoplasmáticos mais importantes; porém, ainda não fa-
lamos do núcleo, que simplesmente carrega todo o material ge-
nético celular. O núcleo é uma das diferenças mais marcantes da
célula eucariótica, sendo extremamente organizado e envolvido
pelo envoltório nuclear ou carioteca, que tem a função de separar
e proteger o material genético. O núcleo interfásico, por sua vez,
apresenta, além do envoltório nuclear, o nucléolo, o nucleoplasma
e a cromatina, que nada mais são que um complexo formado por
DNA, proteínas histonas e proteínas não histonas, compondo, as-
sim, os cromossomos.
Então, quer dizer que os cromossomos estão dentro do nú-
cleo celular? A resposta é sim. E a espécie humana apresenta 46
cromossomos em cada uma de suas células somáticas. O estudo
dos cromossomos é muito importante para a detecção de várias
anomalias cromossômicas, entre elas, a Síndrome de Down.
As células apresentam a capacidade de crescer e multiplicar-
se para o desenvolvimento do organismo logo após a fecundação
e, também, para a reposição de células mortas e para a regene-
ração em indivíduos adultos,mantendo, dessa forma, a vida. Para
isso, a célula passa pelo que nós chamamos de ciclo de reprodução
celular, sendo divididos em dois períodos fundamentais: a interfa-
se e a mitose.
A interfase é a fase de preparação para a divisão celular; as-
sim, a célula aumenta seu volume, tamanho, número de organe-
las, sintetiza mais proteínas e duplica seu DNA. É dividida em três
etapas: G1, S e G2.
Já a mitose é o processo de divisão celular no qual uma cé-
lula denominada célula-mãe se divide em duas células-filhas ge-
neticamente idênticas. Seu processo é dividido em quatro etapas:
a prófase, a metáfase, a anáfase e a telófase. Nosso organismo
pode realizar mitose a todo o momento para reconstituir as células
perdidas naturalmente, ou após uma lesão.

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20 © Biologia Humana

Agora, trataremos do estudo dos tecidos corporais humanos,


conhecido por Histologia. O objetivo desse estudo é proporcionar
para o futuro professor de Educação Física o conhecimento básico
da composição e da função dos tecidos corporais, capacitando-o a
desenvolver práticas seguras.
Para começarmos a falar de Histologia, perguntamos: o que
são os tecidos? Tecidos são conjuntos formados por células que
desempenham as mesmas funções e que, consequentemente, for-
marão os órgãos que compõem os sistemas orgânicos.
Os tecidos são basicamente constituídos de células e um ma-
terial extracelular produzido pelas próprias células. Embora o cor-
po humano seja bastante complexo, somos formados por apenas
quatro tipos de tecidos que geralmente não acontecem isolada-
mente, ou seja, associam-se uns aos outros para formarem os ór-
gãos. Os quatro tipos básicos de tecidos são: tecido epitelial, teci-
do conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso. Neste momento,
você poderá se perguntar: mas como esses tecidos são formados?
A resposta não é tão simples e realizaremos uma breve ex-
plicação. Logo após a fecundação, ocorre a formação do zigoto,
que passa por vários processos de mitose e se transforma em um
blastômero, que tem a capacidade de gerar todos os tipos celula-
res que comporão os tecidos do organismo.
Vamos agora estudar, sucintamente, algumas características
de cada tecido.
Começaremos pelo tecido epitelial, que é formado por cé-
lulas justapostas, ou seja, intimamente aderidas umas às outras,
com pouco material extracelular entre elas. Existem dois tipos de
epitélios: o epitélio de revestimento, que, como o próprio nome
diz, reveste as superfícies externas e as cavidades corporais, como
pele, cavidade bucal, tubo digestório etc.; e os epitélios glandula-
res, formados por células com capacidade de secreção, como, por
exemplo, glândulas salivares e as glândulas sudoríparas. Existe,
ainda, um tipo especial de epitélio chamado neuroepitélio, com a
capacidade de captar estímulos externos como luz, odor e gosto.
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

O epitélio de revestimento pode ser classificado quanto à


forma de suas células em cuboidal, prismático, pavimentoso e de
transição. Também pode ser classificado quanto ao número de
camadas celulares em simples, quando só tem uma camada de
células, estratificado, quando tem mais de uma camada celular, e
em pseudoestratificado quando tem a aparência de estratificado,
porém, todas as suas células estão presas à lâmina basal. Pode,
apresentar, ainda, algumas especialidades, como, por exemplo, a
presença de queratina – daí o nome "queratinizado”. Para nomear
o tecido epitelial, podemos utilizar todos os critérios; assim, te-
mos, por exemplo, o "epitélio pavimentoso estratificado queratini-
zado”, que é encontrado na pele.
O epitélio glandular forma as diversas glândulas corporais,
cuja função é secreção. Elas podem ser divididas em exócrinas ou
endócrinas. As glândulas exócrinas secretam seus produtos para
a superfície epitelial, enquanto as endócrinas secretam no meio
extracelular, sendo levado pelo sangue.
O tecido conjuntivo apresenta diversos tipos celulares sepa-
rados por abundante material extracelular ou matriz extracelular.
A matriz extracelular é composta pelas fibras colágenas e elásti-
cas e por um gel semifluido, denominado substância fundamental
amorfa.
A principal célula do tecido conjuntivo é o fibroblasto, que
tem a função de sintetizar as fibras e a matriz extracelular. Do pon-
to de vista funcional, o tecido conjuntivo proporciona a sustenta-
ção estrutural e metabólica para os tecidos e órgãos do corpo hu-
mano. Além disso, ele estabelece a integração entre os diferentes
tecidos corporais, bem como regula a troca de nutrientes, gases e
metabólitos entre os tecidos e o sistema circulatório. É, também,
o grande responsável pelo processo de cicatrização. Pode ser clas-
sificado em tecido conjuntivo propriamente dito, tecido cartilagi-
noso, tecido ósseo e tecido com propriedades especiais, como o
adiposo.

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22 © Biologia Humana

O tecido ósseo, portanto, é um tipo de tecido conjuntivo


especializado, constituído de células e matriz extracelular calcifi-
cada, proporcionando sua rigidez e dureza. As células do tecido
ósseo são: células osteoprogenitoras, osteoblastos, osteócitose
osteoclastos. Todas essas células são importantes para a manu-
tenção do osso, para o processo de reparo após fraturas e para
oremodelamento ósseo.
O tecido cartilaginoso também e um tipo de tecido conjunti-
vo especializado, constituído de células(os condroblastos e oscon-
drócitos) e de abundante matriz extracelular. Sua maior caracterís-
tica é a rigidez, devido à mineralização de sua matriz extracelular
e à presença das fibras colágenas. São também capazes de absor-
ver impactos graças à presença de fibras elásticas. Para atender
às necessidades do organismo, podemos encontrar três tipos de
cartilagens: a cartilagem hialina,a cartilagem elástica e a cartila-
gem fibrosa.As principais funções das cartilagens são: revestiras
superfícies ósseas, absorver impactos, facilitar o deslizamento en-
tre as superfícies ósseas e servir de molde para o desenvolvimento
e crescimento dos ossos.
O tecido muscular é constituído de células especializadas
em contração, proporcionando os movimentos corporais ou a mu-
dança na forma dos órgãos. Essas células apresentam uma enor-
me capacidade de transformar energia química em mecânica, por
intermédio da quebra do ATP. De acordo com suas características
morfológicas e funcionais, pode ser classificado em: tecido mus-
cular estriado esquelético, tecido muscular estriado cardíaco e
tecido muscular liso. O tecido muscular estriado esquelético está
preso aos ossos e possui uma contração rápida, potente e voluntá-
ria, isto é, contrai de acordo com a nossa vontade. Já o tecido mus-
cular estriado cardíaco é o músculo do coração e também possui
uma contração rápida e potente, porém seu controle é involuntá-
rio, ou seja, não precisa de nossa vontade para contrair. O tecido
muscular liso, por sua vez, possui uma contração lenta, fraca e in-
voluntária, e constitui a parede dos órgãos, como o estômago, os
intestinos, o fígado, entre outros.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

Para finalizarmos a apresentação deste conteúdo, vamos es-


tudar a composição e a função do tecido nervoso, que é conside-
rado o mais complexo de todos.
O tecido nervoso consiste num complexo sistema de comu-
nicação entre o meio ambiente e o organismo, denominado siste-
ma nervoso. Esse sistema recebe as informações sensoriais(como
dor, tato, visão, audição, entre outras) do meio ambiente e do pró-
prio organismo, processa essas informações e produz uma respos-
ta que pode ser uma contração muscular, uma secreção hormonal
ou até mesmo uma contração visceral.
O tecido nervoso é constituído por células e pouca quanti-
dade de matriz extracelular. As suas células são os famosos neu-
rônios e os vários tipos de células da glia. O neurônio é a unidade
funcional do sistema nervoso, responsável pela recepção e trans-
missão das informações sensoriais e motoras. Ele é constituído de
um corpo, em que estão localizados o núcleo, o citoplasma e as
organelas; além disso, e é dele que partem dois prolongamentos,
os dendritos e o axônio, responsável pela transmissão da informa-
ção de um neurônio para outro. Essa transmissão de informações
é conhecida por sinapse. As células da glia estão localizadas entre
os neurônios, e suas funções não são de gerar os impulsos nervo-
sos, mas sim de dar suporte estrutural e funcional para os neurô-
nios. Uma importante função atribuída às células gliais é formar
uma bainha isolante e protetora ao redor dos axônios, chamada
de bainha de mielina, cuja função é isolar o axônio, aumentando a
velocidade de condução do impulso nervoso.
Aqui terminamos esta breve apresentação.Desejamos que
este estudo contribua de fato para sua formação profissional. Que
a compreensão da constituição do corpo humano nonível celular
e tecidual por meio do estudo da biologia humana possibilite uma
reflexão sobre o papel e a importância da Educação Física na ma-
nutenção da saúde e auxilie você na sua futura profissão. Tenha
sempre em mente que seu objeto de trabalho é o corpo humano;

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24 © Biologia Humana

portanto, a compreensão de sua constituição e funcionamento é


importante para a prática de uma atividade física segura e que per-
mita a manutenção e o desenvolvimento corporal.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom do-
mínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo.
Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Autótrofos: são os seres vivos, como as plantas e algas,
capazes de utilizar a energia solar, que, por meio de um
processo chamado fotossíntese, transformam CO2 e H2O
em carboidratos.
2) Biomoléculas: são compostos químicos sintetizados pe-
los seres vivos que participam da estrutura e do funcio-
namento do organismo vivo.
3) Carioteca: é o nome dado à membrana dupla que envol-
ve o núcleo das células eucarióticas.Também pode ser
chamada de envoltório ou invólucro nuclear.
4) Célula: é a unidade estrutural e funcional fundamental
dos seres vivos. É a menor porção do organismo vivo
5) Citologia: é o ramo da biologia que estuda a composição
e o funcionamento das células.
6) Citosol: também conhecido por matriz citoplasmáti-
ca, é a porção líquida do citoplasma, compreendendo
o espaço entre a membrana plasmática e o núcleo, em
que estão localizadas as organelas. O citosol é compos-
to por água, íons, aminoácidos, precursores de ácidos
nucleicos,enzimas, incluindo as que participam da de-
gradação e síntese de carboidratos, ácidos graxos e ou-
tras moléculas importantes para a célula.
7) Divisão binária: é o tipo de reprodução assexuada, no
qual ocorre a separação da célula-mãe em duas partes.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

8) Enzimas: são substâncias orgânicas de natureza proteica


responsáveis pelas reações catalisadoras, isto é, pela re-
ação química de degradação das moléculas.
9) Glicocálice: é uma camada externa à membrana plas-
mática das células animais, constituída por uma rede
de carboidratos em forma de cálice que interagem ora
com lipídios (glicolipídios), ora com proteínas (glicopro-
teínas), cujas funções são de proteção celular contra
agentes químicos e físicos, participar do processo de re-
conhecimento e adesão intercelular.
10) Heterótrofos: são os seres vivos, como os animais, que
só conseguem energia por meio do consumo de carboi-
dratos, proteínas e lipídios produzidos pelos organismos
autótrofos.
11) Histologia: ramo da biologia que estuda a formação, a
composição e a função dos tecidos humanos.
12) Matriz extracelular: é uma massa complexa que rodeia
as células animais, composta por colágeno, glicosami-
noglicanas (polissacarídeos) e proteoglicanas (glicopro-
teína), que é a substância fundamental do tecido con-
juntivo. Suas funções são: preencher os espaços entre
as células, dar resistência aos tecidos, ancoraras células,
nutrir e eliminar dejetos metabólicos e transportes in-
tercelulares.
13) Metabolismo: conjunto de transformações, em um or-
ganismo vivo, pelas quais passam as substâncias que o
constituem: reações de síntese (anabolismo) e reações
de degradação (catabolismo) que liberam energia.
14) Neurotransmissores: são substâncias químicas produzi-
das e liberadas pelos neurônios com a função de enviar
as informações nervosas para outras células, seja para
outro neurônio, seja para uma célula efetuadora, como
a muscular e glandular.
15) Quiescência: é a fase em que as células estão tempo-
rariamente fora do ciclo de divisão celular, também de-
nominada de G0 (zero), estando aparentemente em re-
pouso.

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26 © Biologia Humana

16) Sarcômero: é a unidade funcional do músculo estriado


esquelético que permite a contração muscular, constitu-
ída por um complexo de proteínas contrácteis conheci-
das por actina, miosina, troponina e tropomiosina, ali-
nhadas em série, para formar a miofibrila, no interior da
fibra muscular.
17) Teoria Celular: é uma teoria idealizada pelos cientistas
alemães Matthias Jakob Schleidlen e Theodor Schwann,
que preconizava que todos os seres vivos são constituí-
dos por células.
18) Totipotentes: são células capazes de se diferenciar em
todos os tipos de tecidos humanos, incluindo a placenta
e os anexos embrionários.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú-
do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício
é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican-
do as informações a partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem.
© Caderno de Referência de Conteúdo 27

Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-


colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem” não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno;é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 3 ago. 2010).

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28 © Biologia Humana

Biologia CÉLULAS
Microscópio
Celular Menor unidade
dos seres vivos

Seres Unicelulares Água


Descoberta
X Carboidratos
da célula:
Seres pluricelulares Proteínas
Microscópio Robert Hooke
Lipídios
eletrônico

Células Células
Citoplasma
rico em
organela

Riqueza em Núcleo
membranas organizado: Ausência de Nucleóide e
Carioteca e membranas citoplasma
com poucas

TECIDOS Nervoso
Epitelial Histologia

Muscular
Neurônio e
Células da
e glandular
Gila

Propriamente Disposição das


dito e Ósseo
Estriado
Adiposo
Estriado Cardíaco

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Biologia


Humana.

Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como


dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
© Caderno de Referência de Conteúdo 29

portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre


um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu
processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, o conceito de
biologia humana implica conhecer a composição estrutural e quí-
mica celular, e como essas células se associam para a formação
tecidual do organismo humano, fator importante para a nossa so-
brevivência. Esse domínio conceitual vai lhe ajudara compreender
as interações dinâmicas entre as células e os tecidos para o fun-
cionamento do organismo humano, que será completado com o
estudo de Anatomia Humana e Fisiologia Humana. Os processos
metabólicos ocorrem no interior das células e sua função é manter
a homeostase, fator importante para que estejamos vivos. Além
disso, conhecer a biologia humana permite aos professores de
Educação Física Escolar trabalhar de forma adequada e segura, a
fim de contribuir para o desenvolvimento de todos os sistemas e,
consequentemente, melhorar a qualidade de vida das crianças e
dos adolescentes.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EAD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles
que exigem uma resposta determinada, inalterada.

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30 © Biologia Humana

Responder, discutir e comentar essas questões, bem como


relacioná-las com a prática do ensino de Educação Física Escolar
pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim,
mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado,
você estará se preparando para a avaliação final, que será disser-
tativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar
seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua
prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).
As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpre-
tação pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacio-
nado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas
com o seu tutor ou com seus colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con-
ceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
© Caderno de Referência de Conteúdo 31

científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem


como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade EAD
e futuro profissional da Educação, necessita de uma formação con-
ceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do
tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com
seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e rea-
lize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.

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EAD
Introdução à Biologia
Celular

1
1. OBJETIVOS
• Entender a conceituação de célula para a compreensão
de suas funções.
• Compreender as propriedades básicas das células.
• Conhecer a organização estrutural das células.
• Distinguir os diferentes tipos celulares.

2. CONTEÚDOS
• Descoberta do microscópio e das células.
• Propriedades básicas da célula animal e sua organização
estrutural.
• Células procarióticas e eucarióticas.
34 © Biologia Humana

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explicita-
dos no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Concei-
tos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC.
Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho.
2) Nesta primeira unidade, iniciaremos o estudo de Biolo-
gia Humana com alguns breves relatos históricos sobre
a invenção do microscópio e a descoberta das células,
assim como os impactos dessas descobertas sobre as ci-
ências biológicas e da saúde. Iniciaremos, também, o es-
tudo de biologia celular, conceituando células e conhe-
cendo seus principais componentes. É muito importante
iniciarmos nosso estudo com esses conceitos, que são a
base de todos os mecanismos fisiológicos, para que pos-
samos unificar a linguagem que será utilizada em toda o
caderno.
3) Não se contente somente com o conteúdo exposto no
seu CRC; pesquise, também, em livros ou na internet o
assunto abordado nesta unidade e selecione as informa-
ções que considerar mais interessantes ou importantes
para sua formação, e disponibilize-as para seus colegas
na Lista ou no Fórum. Lembre-se de que você é o prota-
gonista do seu processo de formação.
4) Leia os conteúdos com atenção, grifando os termos mais
importantes e anotando as suas dúvidas, de forma que
você não vá para a próxima unidade com incertezas. Pro-
cure solucionar suas dúvidas por intermédio do nosso
sistema de interatividades (Lista e Fórum) ou fale direta-
mente com o seu tutor.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Inicialmente, será feita uma breve apresentação de alguns
aspectos interessantes de correlatos históricos sobre a microsco-
© U1 - Introdução à Biologia Celular 35

pia e a descoberta das células, como também de seus principais


pesquisadores, que foram fundamentais para o desenvolvimento
dessa ciência. Em seguida, teremos uma explicação rápida sobre
os níveis organizacionais em biologia celular para compreensão da
constituição do organismo humano.
Na segunda parte desta unidade, conceituaremos as células
e falaremos sobre as propriedades básicas existentes em todas as
células, assim como sobre a diferenciação entre os dois tipos celu-
lares básicos.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de
reconhecer, compreender e analisar os principais conceitos da
biologia celular, as propriedades básicas existentes nas células e a
importância de sua descoberta para a compreensão do funciona-
mento do organismo.
Que o estudo seja estimulante. Bom trabalho!

5. BREVE HISTÓRICO SOBRE A DESCOBERTA DAS CÉ-


LULAS
Quem nunca se perguntou de onde veio ou do que é forma-
do o corpo?
Parecem perguntas bobas, mas desde crianças temos essa
curiosidade.
Hoje em dia, graças aos inúmeros avanços da ciência, pode-
mos responder com exatidão a essas perguntas. Porém, não foi
sempre assim. Há séculos, os homens também tinham essa curio-
sidade, mas, devido ao pequeno tamanho das células, não sendo
possível sua visualização a olho nu, o seu estudo era impossível.
Havia a necessidade em se descobrir algum instrumento que pu-
desse possibilitar essa visualização.

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36 © Biologia Humana

Somente no século 17 que um conjunto de lente foi agru-


pado em um tubo, surgindo, assim, o microscópio, um aparelho
capaz de aumentar a imagem de objetos muito pequenos; a partir
de então, tiveram início os estudos sobre as células.
Não se sabe com exatidão quem foi o inventor do microscó-
pio, mas acredita-se que foi um óptico holandês, Zacarias Janssen,
que, em 1590, deu um de presente ao arquiduque da Áustria. No
entanto, o seu microscópio aumentava a imagem somente de 10 a
30 vezes, sendo útil apenas para observar insetos.
Anos mais tarde, o também holandês Anton Van Leeuwe-
nhoek observou pela primeira vez uma gota de água de um lago
em um de seus microscópios, que era, na verdade, um simples sis-
tema de lentes, e identificou inúmeros micro-organismos que ele
denominou de animáculos. Suas descobertas só foram aceitas pela
Royal Society (principal Academia Científica Inglesa) depois de se-
rem averiguadas por Robert Hooke.
Em 1665, influenciado pelas descobertas de Leeuwenhoek, o
inglês Robert Hooke (1635-1703) observou no microscópio cortes
feitos em rolhas (cortiça) e relatou a existência de pequenas cavi-
dades vazias. Hooke denominou cada cavidade de “cel”, palavra
inglesa que significa cela ou cavidade, originando, assim, o termo
“célula”, diminutivo de “cela”. A descoberta da célula, portanto, é
atribuída a Robert Hooke.
Continuando as investigações sobre as células, em 1831, o
botânico inglês Robert Brown descreveu o núcleo celular ao obser-
var as células de orquídeas.
No início do século 19, mais precisamente em 1838, Mat-
thias Schleiden (botânico alemão) e Theodor Schwann (zoólogo
alemão) formularam a teoria celular. Segundo essa teoria, todos
os organismos são constituídos de uma ou mais células, que são
as unidades estruturais da vida. Em 1858, o patologista alemão
Rudolf Virchow acrescentou mais um princípio à teoria celular: o
de que as células só podem surgir pela divisão de uma célula pre-
existente.
© U1 - Introdução à Biologia Celular 37

O instrumento utilizado por esses pesquisadores foi sendo


aperfeiçoado e é conhecido por microscópio óptico, constituído
por dois sistemas de lentes conhecidas por oculares e objetivas, as
quais podem ampliar as imagens de 100 a 1000 vezes.
Mesmo com todas essas descobertas e com a formulação da
teoria celular, o microscópio óptico não permite a visualização de
detalhes da estrutura da célula. Assim, após a descoberta dos elé-
trons no século 19, o físico alemão Ernst Ruska, em 1931, desen-
volveu o microscópio eletrônico, que utiliza feixes desses elétrons
para ampliar o objeto de cinco mil a 500 mil vezes. Por esse inven-
to, ele recebeu o prêmio Nobel de física em 1986. Veja, a seguir, na
Figura 1, a ilustração de Robert Hooke e seus microscópios, e, na
Figura 2, a ilustração de Anton Van Leeuwenhoek.

Figura 1 Gravura de Robert Hooke, seu microscópio e as células da cortiça.


Figura 2 Gravura de Anton Van Leeuwenhoek e seu microscópio.

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38 © Biologia Humana

Assim, a partir de todas essas descobertas e dos conheci-


mentos dos processos vitais que ocorrem em todas as células, po-
deremos entender melhor o funcionamento do organismo como
um todo.

6. AS CÉLULAS: PROPRIEDADES BÁSICAS E ORGANI-


ZAÇÃO ESTRUTURAL
Depois dessa viagem que fizemos pela história do micros-
cópio e da descoberta das células, será que você seria capaz de
definir o que é uma célula?
A célula, por definição, é a unidade estrutural e funcional
fundamental dos organismos vivos. Dessa maneira, de acordo com
a teoria celular, todos os organismos vivos são compostos por cé-
lulas.
A célula pode se apresentar isoladamente em seres que
conhecemos como unicelulares, ou unir-se a outras células para
formar os tecidos que compõem o organismo de seres pluricelu-
lares.
Nos seres unicelulares, como as bactérias, uma única célula
é capaz de realizar todas as funções básicas (digestão, respiração).
Já os seres pluricelulares, como os seres humanos, apresentam
inúmeras células. Nesses seres, as células com funções comuns
agrupam-se de maneira organizada para formar tecidos, os quais,
por sua vez, formam os órgãos.
Os animais pluricelulares apresentam uma organização es-
trutural complexa que se inicia em níveis químicos, incluindo todas
as substâncias químicas necessárias para seu funcionamento (oxi-
gênio, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, sódio etc.) e termina
em níveis sistêmicos, formados pelos órgãos que possuem funções
em comum, como, por exemplo, respiração (sistema respiratório),
digestão (sistema digestório), circulação (sistema circulatório), lo-
comoção (sistema musculoesquelético), entre outros. Entre esses
© U1 - Introdução à Biologia Celular 39

dois níveis, nós ainda temos o nível celular, composto pelas célu-
las que apresentam funções específicas de acordo com a região
em que se encontram; nível tecidual, no qual as células com as
mesmas funções se unem para formar os tecidos (tecido epitelial,
tecido conjuntivo, tecido nervoso, tecido muscular); e o nível or-
gânico, composto pelos órgãos constituídos pelos tecidos com as
mesmas funções (coração, intestino, pulmão, rim etc.). Os seres
humanos apresentam cerca de 75 trilhões de células que, embora
possam se diferir pelo tamanho, função e forma, apresentam pro-
priedades básicas comuns que garantem sua manutenção.
Com relação à sua organização estrutural e química, pode-
mos observar no microscópio que as células apresentam certa
complexidade, demonstrada mediante as diferenças entre a distri-
buição e a forma de suas organelas em espécies diferentes.
Mesmo apresentando essa complexidade, a maioria das cé-
lulas (eucarióticas) é capaz de se reproduzir por meio de um pro-
cesso chamado mitose, no qual uma célula-mãe duplica seu ma-
terial genético (DNA) e o divide em duas células-filhas idênticas à
célula-mãe.
Além disso, as células são capazes de:
1) Adquirir e utilizar a glicose como fonte de energia neces-
sária para realização de atividades metabólicas que re-
querem gasto energético, como, por exemplo, no trans-
porte ativo de substância para fora da célula.
2) Realizar reações químicas através de enzimas, que são
proteínas específicas.
3) Responder a estímulos como luz, calor e hormônios, e,
assim, se preparar para se contrair, se dividir ou se des-
locar.
4) Locomover ou alterar sua forma através de proteínas
motoras.
Essas propriedades são um resumo do que uma célula é ca-
paz de realizar, sendo necessária a realização de leituras comple-
mentares para sua melhor compreensão.

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40 © Biologia Humana

Além dessas propriedades em comum, no que diz respeito à


sua constituição, toda célula apresenta:
• Membrana plasmática: envolve as células e seleciona as
substâncias que vão entrar ou sair do seu interior
• Citoplasma: região compreendida entre a membrana
plasmática e o núcleo, formada por uma substância fluida
constituída de água e proteínas. É o local onde estão mer-
gulhadas as organelas (órgãos celulares) responsáveis por
algumas funções importantes, como digestão, secreção,
respiração e síntese proteica.
• Núcleo: local onde se encontram os cromossomos (DNA
e RNA), responsáveis pela duplicação celular. Quase todas
as células são mononucleadas (um único núcleo); porém,
existem células binucleadas (células hepáticas e cartilagi-
nosas) e polinucleadas (célula muscular esquelética).
Vale ressaltar aqui que essas características estão presentes
nas células animal e vegetal.
Com o avanço da biologia celular, pôde-se descobrir uma gran-
de variabilidade genética entre as espécies. Essas espécies podem
se reunir em grupos progressivamente mais abrangentes – gêneros,
ordens, famílias – até o nível dos reinos clássicos, vegetal e animal.
Um dos esquemas de classificação, o de Whittaker, postula a divisão
em cinco reinos – monera, protista, fungi, plantaee animalia, com as
suas correspondentes subdivisões (DE ROBERTIS, 2001).
No entanto, podemos simplificar toda essa complexidade
classificando as células em dois tipos básicos, as procarióticas e
as eucarióticas, de modo que a principal diferença entre elas é a
ausência de um envoltório nuclear nas células procarióticas, en-
quanto as eucarióticas apresentam um núcleo verdadeiro com um
envoltório nuclear elaborado, denominado carioteca.
© U1 - Introdução à Biologia Celular 41

7. AS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS


Como dito anteriormente, com o avanço da biologia celular
e a descoberta do microscópio eletrônico, foi possível verificar que
há basicamente dois tipos de células: as procarióticas (ou proca-
riontes) e as eucarióticas (ou eucariontes).
De maneira geral, essas duas células se diferenciam pela pre-
sença ou ausência de membranas. Contudo, há outras particularida-
des de cada uma que veremos a partir de agora.
O termo “procariontes”, ao pé da letra, significa “núcleo pri-
mitivo” (pro = primeiro, antes; e Karyon= núcleo), isso porque es-
sas células não apresentam núcleo organizado pelo envoltório nu-
clear. Seu material genético (cromossomo) está em contato direto
com o citoplasma, ocupando um espaço denominado nucleoide.
Portanto, podemos dizer que a principal característica dessas cé-
lulas é uma certa pobreza em membranas, apresentando somente
a membrana plasmática. Elas apresentam, também, um citoplas-
ma simples contendo poucas organelas. De modo geral, as células
procarióticas possuem os chamados polirribossomos, constituídos
por ribossomos ligados a moléculas de RNA mensageiro.

Alguns pesquisadores afirmam que as células procarióticas são


antecessoras às células eucarióticas. Essa afirmação se deve ao
fato de as células procarióticas terem sido encontradas em fósseis
de mais de três bilhões de anos, enquanto as células eucarióti-
cas apareceram por volta de um bilhão de anos (DE ROBERTIS,
2001).

Os seres que são formados pelas células procarióticas são


chamados de procariontes (ou procariotas), sendo representados
pelo reino monera, formado pelas bactérias. Essas células não se
dividem por mitose, e sim pela chamada divisão binária, na qual
há a formação de septos da superfície para o interior da célula, di-
vidindo-a em duas células-filhas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).

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42 © Biologia Humana

As bactérias, frequentemente, apresentam prolongamentos


que podem ser de dois tipos: os flagelos, responsáveis pela loco-
moção das bactérias, e as fímbrias, que participam da transferência
unidirecional de DNA entre as células, como também promovem a
aderência da bactéria na célula eucariótica agredida (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005). Para compreender melhor a estrutura de uma
célula procariótica, observe a Figura 3.
As células eucarióticas (eu = verdadeiro; Karyon = núcleo)
são mais complexas que as células procarióticas e, como o próprio
nome diz, apresentam um núcleo verdadeiro organizado e limita-
do por uma membrana chamada envoltório nuclear ou carioteca.
Aliás, a presença de membranas é sua principal característica. Es-
sas membranas dividem as células em compartimentos respon-
sáveis por funções especializadas essenciais para manutenção e
divisão da célula. Essas células apresentam, também, o núcleo e o
citoplasma bem distintos. Os seres constituídos por elas são cha-
mados de eucariontes (ou eucariotas) e são representados pelos
reinos protista (protozoários), plantae (plantas), fungi (fungos) e
animalia (animais), no qual os humanos estão incluídos.
O núcleo das células eucarióticas contém os cromossomos,
constituídos de DNA associado a proteínas histônicas. O citoplasma
é bem complexo, delimitado pela membrana plasmática e divido em
compartimentos, nos quais são encontradas as organelas. Dentre as
organelas, estão as mitocôndrias, o retículo endoplasmático liso e
rugoso, o lisossomo, o complexo de Golgi e os ribossomos, responsá-
veis pelas atividades metabólicas das células como digestão, respira-
ção, secreção e síntese proteica. Outra característica distinta do seu
citoplasma é a presença de filamentos e túbulos do citoesqueleto,
que têm como funções: estabilização da forma celular, organização
do citoplasma, locomoção e suporte mecânico.
A membrana plasmática envolve a célula e separa o meio in-
tracelular do meio extracelular, controlando a passagem de subs-
tâncias entre esses meios (permeabilidade seletiva e transporte de
© U1 - Introdução à Biologia Celular 43

moléculas) e mantendo a constância do meio intracelular. É também


responsável pela interação entre as células e proporciona suporte
mecânico para a célula. A membrana plasmática é muito importante
para as células e, por isso, será mais bem estudada na Unidade 3.
Para melhor compreensão das células eucarióticas, observe
a Figura 4 e faça uma comparação com a célula procariótica repre-
sentada na Figura 3.

Figura 3 Desenho esquemático da célula procariótica representada pela bactéria


Escherichia Colli.

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44 © Biologia Humana

Figura 4 Desenho esquemático da célula eucarionte animal.

8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Vamos aproveitar para verificar como está a sua aprendiza-
gem por meio de uma autoavaliação. Tente responder para si mes-
mo às seguintes questões:
1) O que é uma célula?

2) Qual a constituição básica de uma célula?

3) Quais os dois tipos básicos de células?

4) Quais as diferenças entre esses dois tipos celulares básicos?

9. CONSIDERAÇÕES
Nesta primeira unidade, foram feitas breves considerações
iniciais sobre a biologia humana, começando com a invenção do
microscópio e a descoberta das células, assim como seus principais
pesquisadores. Ficou claro que a invenção do microscópio possibi-
litou a descoberta da célula, que é a unidade estrutural e funcional
fundamental dos seres vivos, e isso foi de grande importância para
© U1 - Introdução à Biologia Celular 45

as ciências biológicas, pois, a partir daí, foi possível um estudo mais


detalhado do organismo vivo, esclarecendo seu funcionamento e
até mesmo os mecanismos de manifestações das doenças.
Nas próximas unidades, faremos um estudo mais detalhado
da estrutura e das funções das células, iniciando com a composi-
ção química das células.Esse conhecimento é fundamental para a
compreensão do funcionamento do corpo humano.

10. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 –Gravura de Robert Hooke, seu microscópio e as células da cortiça: disponível
em:<http://www.nndb.com/people/356/000087095>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 2 –Gravura de Anton Van Leeuwenhoek e seu microscópio: disponível em:
<http://www.clt.astate.edu/mhuss/toppage6.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 3 –Desenho esquemático da célula procariótica representada pela bactéria
Escherichia Colli: disponível em:<http://www.marcobueno.net/resumos/resumo.asp?f_
id_resumo=42>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 4 –Desenho esquemático da célula eucarionte animal:disponível em: <http://fai.
unne.edu.ar/biologia/cel_euca/images/celulaaldea.gif>. Acesso em: 3 maio 2009.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DE ROBERTIS, E. D. P.; ANDRADE, C. G. T. J. Bases da biologia celular e molecular. 2. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 2005.
ALBERTS, B. et al. Fundamentos da Biologia Celular. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2007.

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EAD
Composição Química da
Célula

2
1. OBJETIVOS
• Conhecer e analisar as principais moléculas que com-
põem as células.
• Identificar e classificar as propriedades das biomolécu-
las.
• Compreender a importância das biomoléculas para o me-
tabolismo celular.

2. CONTEÚDOS
• Água.
• Carboidratos.
• Lipídios.
• Proteínas.
• Ácidos nucleicos.
48 © Biologia Humana

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Na unidade anterior, discutimos os termos introdutórios
de biologia celular e, agora, dando continuidade aos nos-
sos estudos, analisaremos as moléculas que funcionam
como unidades construtoras e reguladoras das células
animais. Pesquise em livros e na internet esse assunto
e, se encontrar algo interessante, disponibilize-o na Lista
ou no Fórum para seus colegas.
2) Não deixe de analisar as figuras e as tabelas presentes du-
rante o texto, pois elas são importantes para a compreen-
são das biomoléculas e servem para a explicação do texto.
3) Leia os conteúdos com atenção, grifando os termos mais
importantes e tentando relacioná-los com sua futura ati-
vidade profissional. Isso lhe ajudará a entender a impor-
tância da matéria e servirá de estímulo para buscar mais
conhecimentos.
4) Responda às questões autoavaliativas presentes ao final
de cada unidade, a fim de fixar os conteúdos e detectar
as suas dúvidas.
5) Faça anotações de todas as suas dúvidas e procure solu-
cioná-las pela Lista, pelo Fórum, ou falando diretamente
com o seu tutor.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na primeira unidade, procuramos demonstrar, por meio de
um breve histórico, como se deu a descoberta das células e do mi-
croscópio, e a sua importância para o desenvolvimento da biologia
celular. Analisamos, também, as propriedades básicas das células
e, por fim, os dois tipos básicos celulares, as células procarióticas
e as eucarióticas.
Dando continuidade ao nosso estudo sobre as propriedades
das células, analisaremos, nesta unidade, as moléculas que atuam
© U2 - Composição Química da Célula 49

como unidades construtoras das células animais, que em conjunto


chamamos de biomoléculas, isto é, moléculas da vida.
Será feito um estudo sobre as propriedades químicas dessas
moléculas e sua importância para a célula. As biomoléculas estu-
dadas nesta unidade serão:
1) Água.
2) Carboidratos.
3) Lipídios.
4) Proteínas.
5) Ácidos nucleicos.
Todas essas biomoléculas são formadas basicamente pelos
átomos de hidrogênio (H), carbono (C), oxigênio (O) e nitrogênio
(N).
Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de
reconhecer as principais características das biomoléculas estuda-
das, assim como sua importância para os processos metabólicos
celulares e para a sobrevivência do organismo.
Desejamos êxito nos seus estudos e nas atividades!

5. ÁGUA
De todas as biomoléculas, a água possui propriedades quí-
micas que a tornam indispensável para os organismos vivos.
A água é o maior constituinte de um organismo, tanto que o
corpo humano é composto por cerca de 70% de água, fazendo-se,
portanto, necessária para todos os processos metabólicos celulares.
Desde o Ensino Fundamental, aprendemos que a água é
composta por um átomo de oxigênio ligado a dois átomos de hi-
drogênio (H2O). A ligação entre os átomos de hidrogênio e o de
oxigênio não ocorre de forma linear, mas, sim, num ângulo de
aproximadamente 104,9º, apresentando, assim, um polo positivo
(formado pelos hidrogênios) e um polo negativo (formado pelo oxi-

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50 © Biologia Humana

gênio); portanto, a molécula da água é um dipolo. Essa caracterís-


tica dipolar da molécula da água faz que ela seja um dos melhores
solventes que existe, porque a tendência dos íons é se combinar
com outros eletricamente inversos (positivo com negativo e vice-
versa). Analise, na figura a seguir, a morfologia e as propriedades
elétricas da água.

Figura 1 Molécula da água.

As moléculas podem apresentar agrupamentos químicos


que possuem afinidade pela água, chamados de polares, ou, en-
tão, agrupamentos que não possuem essa afinidade, chamados
apolares. A solubilidade das moléculas com a água vai depender
desses agrupamentos. As moléculas que apresentam grupamen-
tos polares são altamente solúveis em água, isto é, hidrofílicas. Em
contrapartida, as moléculas que possuem agrupamentos apola-
res são insolúveis em água, portanto, hidrofóbicas. Podem existir,
também, moléculas com uma extremidade hidrofílica e outra hi-
drofóbica – são as chamadas anfipáticas. Essas moléculas exercem
importantes funções biológicas e estão presentes nas membranas
celulares (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Além dessas propriedades químicas, a água também serve
de meio para a locomoção de substâncias de um compartimento
celular para outro, bem como protege a célula contra mudanças
bruscas de temperatura, devido ao fato de possuir elevado calor
específico, mantendo a temperatura dos seres vivos constante.
© U2 - Composição Química da Célula 51

Em condições normais, perdemos água das seguintes formas:


respiração (durante a expiração) – 0,4 litro; urina – 1,2 litro; trans-
piração – 0,6 litro; evacuação – 0,1 a 0,3 litros; total (aproxima-
damente) – 2,5 litros. Portanto, é necessário repô-la diariamente,
bebendo 1,5 litro de água e ingerindo 1 litro pelos alimentos.

6. CARBOIDRATOS
Os carboidratos são as moléculas mais abundantes na natu-
reza e podem ser considerados a principal fonte de energia celular
(metabolismo celular). São, também, os constituintes estruturais
da membrana celular e da matriz extracelular.
Trata-se dos açúcares, também chamados de glicídios. Con-
tudo, o fato de serem açúcares não significa que terão o paladar
doce. Por exemplo, a maisena e a farinha de trigo são um tipo de
carboidrato (amido) e não são doces como a glicose (mel) e a fru-
tose (fruta).
Todos os carboidratos são constituídos por carbono, hidrogê-
nio e oxigênio, mais precisamente por um átomo de carbono para
dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio; por isso, podemos
dizer que são hidratos (H2O) de carbono (C). Portanto, a fórmula
geral dos carboidratos pode ser representada por (CH2O)n.
Há três grupos de carboidratos, classificados de acordo com
a quantidade de moléculas (monômeros) em sua constituição:
monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.
• Monossacarídeos: são os carboidratos mais simples (açú-
cares) formados por blocos construtores contendo basi-
camente um carbono, dois hidrogênios e um oxigênio,
representados pela seguinte fórmula: Cn(H2O)n,na qual o
“n” pode variar de 3 a 7.O nome dos monossacarídeos
vai depender da quantidade de carbonos existente na
molécula, ou seja, o “n”. Sendo assim, podemos ter: trio-

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52 © Biologia Humana

se (três carbonos, n=3), tetrose (quatro carbonos, n=4),


pentose (cinco carbonos, n=5), hexose (seis carbonos,
n=6) e heptose (sete carbonos, n=7). Os monossacaríde-
os mais encontrados são as hexoses, cuja fórmula geral é
C6H12O6. Esse grupo inclui a glicose (açúcar encontrado na
maioria dos seres vivos), frutose (açúcar da fruta) e ga-
lactose (açúcar do leite). Observe as estruturas molecu-
lares desses monossacarídeos na Figura 2. Não podemos
deixar de falar da ribose e da desoxirribose, que são as
pentoses(C5H10O5) encontradas na constituição dos ácidos
nucleicos (DNA e RNA). Observe suas estruturas na Figura
3.


Figura 2 Exemplos das estruturas moleculares dos monossacarídeos
glicose, frutose e galactose.

'
Figura 3 Exemplos das estruturas moleculares dos
monossacarídeos ribose e desoxirribose.

• Dissacarídeos: são moléculas formadas pela união de


dois monossacarídeos. Essa união é feita por uma liga-
ção covalente chamada ligação glicosídica, em que o
© U2 - Composição Química da Célula 53

grupo OH de um monossacarídeo se liga ao OH do outro


monossacarídeo, havendo a perda de uma molécula de
água (H2O). Portanto, a fórmula geral dos dissacarídeos é
C12H22O11. Os dissacarídeos encontrados na natureza são:
sacarose, lactose e maltose. As unidades formadoras des-
ses dissacarídeos, bem como sua fonte fornecedora estão
descritas na tabela a seguir. Na Figura 4, está representa-
da a formação de um dissacarídeo (lactose).

Tabela1 Exemplos de dissacarídeos, com suas unidades


formadorasefontes.
UNIDADES FORMADORAS
DISSACARÍDEOS FONTE
(MONOSSACARÍDEOS)
Cana-de-açúcar e
Sacarose Glicose + Frutose
beterraba
Lactose Glicose + Galactose Leite
Maltose Glicose + Glicose Cereais
Fonte: arquivo pessoal.

Figura 4 Exemplo da estrutura molecular


da lactose.

• Polissacarídeos: são moléculas formadas pela união de


muitos monossacarídeos (mais de 10) por meio de liga-
ções glicosídicas. São abundantes na natureza e podem ter

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54 © Biologia Humana

tanto função de reserva energética (amido e glicogênio)


como estrutural (celulose). Sua fórmula geral é (C6H10O5)n
e, ao se hidrolisarem, formam açúcares simples.
O amido é um polissacarídeo de reserva energética, formado
por uma longa cadeia de unidades de glicose, presente em vege-
tais como batata e mandioca. Já o glicogênio é um polissacarídeo
de reserva energética animal, também formado por unidades de
glicose, e está armazenado no fígado e nos músculos estriados es-
queléticos. Observe a estrutura molecular do amido e do glicogê-
nio nas Figuras 5 e 6.
Os animais utilizam os carboidratos como alimento, arma-
zenando-os na forma de glicogênio no fígado e nos músculos es-
queléticos. Quando necessário, o glicogênio é convertido em mo-
léculas de glicose e utilizado como fonte de energia celular para os
processos metabólicos.

Figura 5 Exemplo da estrutura molecular


do amido.

Figura 6 Exemplo da estrutura molecular do glicogênio.


© U2 - Composição Química da Célula 55

A celulose é um polissacarídeo presente na parede celular


de células vegetais, tendo, portanto, função estrutural, e não de
reserva energética. Embora também seja formada por unidades
de glicose, para os animais a utilizarem como reserva energética,
é necessária a presença de uma enzima chamada celulase, produ-
zida por bactérias e protozoários, presentes no sistema digestório
de alguns animais, como os ruminantes, cuja função é converter a
celulose em moléculas de glicose. Observe a estrutura da molécu-
la da celulose na Figura 7.

Nos seres humanos, a celulose ingerida na dieta por meio das


verduras é importante para o bom funcionamento do sistema di-
gestório, facilitando a digestão e a eliminação das fezes.

Figura 7 Exemplo da estrutura molecular da celulose.

Os organismos podem ser classificados em dois grupos, os au-


tótrofos e os heterótrofos, dependendo dos mecanismos que utili-
zam para obter energia para seu metabolismo. Os autótrofos (células
vegetais verdes) são capazes de utilizar a energia solar e, por meio
de um processo chamado fotossíntese, transformam CO2 e H2O em
carboidratos. Já os heterótrofos (células animais) conseguem energia
por meio do consumo de carboidratos, proteínas e lipídios produzidos
pelos organismos autótrofos e liberam o CO2 e H2O, que serão usados
pelos autótrofos, completando o ciclo energético.
Alguns outros polissacarídeos são encontrados nas células
animais, entre eles o ácido hialurônico, que serve de cimento in-

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56 © Biologia Humana

tracelular para a compactação das células na formação dos tecidos


animais; e a heparina, que atua na circulação sanguínea como um
anticoagulante.

7. LIPÍDIOS
Os lipídios são biomoléculas orgânicas constituídas por lon-
gas cadeias hidrocarbonadas apolares ou hidrofobias e, por esse
motivo, são insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos
(éter, benzeno, clorofórmio e álcool). Eles desempenham impor-
tantes funções para os seres vivos, como a de reserva energética e
a estrutural, sendo o principal componente da membrana plasmá-
tica. Os lipídios de reserva energética são armazenados em células
especializadas chamadas células adiposas ou adipócitos.
Outra função importante dos lipídios é a manutenção da
temperatura corporal em animais homeotérmicos (aves e mamí-
feros). A gordura presente no tecido adiposo funciona como um
isolante térmico, impedindo a perda de calor para o meio externo,
mantendo a temperatura do corpo. Além disso, os lipídios são fun-
damentais para absorção das vitaminas A, D, E, K.
Vejamos quais são as três classes de lipídios mais comuns da
célula, de acordo com suas funções de reserva energética e estrutu-
ral: ácidos graxos, fosfolipídios e esteroides.

Ácidos graxos
Os ácidos graxos são formados por uma longa cadeia de car-
bono associados ao hidrogênio, possuindo em uma de suas extre-
midades um grupo carboxila (-COOH), que lhes confere a sua na-
tureza hidrofóbica (insolúvel em água). De modo geral, os ácidos
graxos são compostos por números pares de carbono (16 e 18), e
sua fórmula geral é: COOH–(CH2)n CH3.
Os ácidos graxos podem ser saturados ou insaturados. Os
saturados são quando todos os carbonos de suas cadeias estão
© U2 - Composição Química da Célula 57

ligados a átomos de hidrogênio. Os insaturados são aqueles que


perderam pelo menos dois átomos de hidrogênio; surgiu, assim,
uma dupla ligação entre os carbonos que os perderam.
Os ácidos graxos saturados são normalmente encontrados
na forma sólida (gordura) e em produtos de origem animal, como
leite e derivados, gorduras de carnes, banha, bacon etc. Se con-
sumidos em excesso, são prejudiciais à saúde, pois aumentam a
quantidade de colesterol sanguíneo. Já os ácidos graxos insatu-
rados são encontrados na forma líquida (óleo) e em produtos de
origem vegetal; se consumidos em excesso, são tão prejudicais
quanto os saturados. Observe a estrutura molecular desses ácidos
graxos na Figura 8.

O ômega-3 (ácido linolênico) e ômega-6 (ácido linoleico) são


ácidos graxos essenciais e não são produzidos pelas células do
organismo, sendo, portanto, adquirido pela ingestão de alguns
alimentos, como peixes, óleos depeixes e alguns óleos vegetais
(girassol, milho e soja).

a) Saturado b) Insaturado
Figura 8 Exemplos das estruturas moleculares dos ácidos graxos A) saturados e B)
insaturados.

Quando três ácidos graxos (triésteres) se ligam com glicerol,


formam os chamados triglicerídeos (ou triacilgliceróis), que são
gorduras neutras armazenadas nas células adiposas (adipócitos)
e constituem os depósitos celulares de lipídios. A energia liberada
pelos lipídios é o dobro daquela liberada pelos carboidratos; des-

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58 © Biologia Humana

sa maneira, os carboidratos são uma fonte de energia facilmente


acessível a curto prazo, enquanto os lipídios fornecem energia a
longo prazo. Observe, na Figura 9, a formação do triglicerídeo.

Figura 9 Exemplo da formação da estrutura


molecular do triglicerídeo, a partir da
ligação de três ácidos graxos e glicerol.

Fosfolipídios
Os fosfolipídios são lipídios estruturais que constituem as
membranas celulares (membrana plasmática, envoltório nuclear,
retículo endoplasmático, mitocôndrias etc.). São formados por
duas cadeias de ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol e
a um grupo fosfato (negativamente carregada).
Dessa forma, os fosfolipídios apresentam uma extremidade
apolar, formada pelos ácidos graxos, e uma extremidade polar,
formada pelo grupo fosfato. A extremidade polar é hidrofílica, ou
seja, solúvel em água, enquanto a extremidade apolar é hidrofóbi-
ca, insolúvel em água. Observe, na Figura 10, a estrutura molecular
dos fosfolipídios e, na Figura 11, a sua participação na constituição
da membrana plasmática, que será discutida na Unidade 3.
© U2 - Composição Química da Célula 59

Fonte: De Robertis ePonzio (2003, p. 28).


Figura 10 Exemplos da formação da estrutura molecular dos fosfolipídios.

Figura 11 Exemplo da formação da dupla camada


lipídica feita pelos fosfolipídios.

Esteroides
Os esteroides são formados por ácidos graxos e alcoóis. O
mais conhecido deles é o colesterol, que também é um lipídio es-
trutural presente na membrana plasmática, reduzindo sua fluidez,
ou seja, tornando-a menos permeável. É, também, a molécula pre-
cursora da síntese de vários hormônios, como a testosterona, o
estrogênio e a progesterona. O colesterol é constituído de cadeias
de carbono e hidrogênio, formando quatro anéis, como podemos
observar na Figura 12.

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60 © Biologia Humana

Figura 12 Exemplo da estrutura molecular do colesterol.

8. PROTEÍNAS
As proteínas são macromoléculas formadas por uma longa
cadeia de aminoácidos unidos entre si por uma ligação peptídica.
Cada proteína possui uma sequência única de aminoácidos que
lhe permite uma estrutura e uma função específica. Se houver a
mudança de um aminoácido da cadeia, alteram-se a função e a
estrutura da proteína; por esse motivo, a proteína é a biomolécula
com a maior diversidade estrutural e funcional.
Todas as funções básicas celulares dependem de proteínas
específicas que estão presentes em cada organela celular, e po-
dem ter funções estruturais ou enzimáticas (DE ROBERTIS, 2001).
As proteínas estruturais contribuem para a formação tridi-
mensional das células, das partes das células e das membranas,
fornecendo suporte mecânico para a célula. As enzimas são subs-
tâncias que aceleram as reações químicas.
Antes de continuarmos nosso estudo das proteínas, vamos
analisar a estrutura geral dos aminoácidos.
O aminoácido é um ácido orgânico formado por um carbo-
no, chamado carbono alfa, ligado a um grupo carboxila (-COOH) e
a um grupo amina (-NH2). As outras ligações do carbono são com
um hidrogênio e um grupamento R, que consiste num grupamento
químico diferente em cada aminoácido. Para uma melhor compre-
ensão da constituição do aminoácido, analise a figura a seguir.
© U2 - Composição Química da Célula 61

Figura 13 Exemplo da estrutura de um aminoácido.

O grupo carboxila (-COOH) de um aminoácido liga-se ao gru-


po anima (-NH2) do outro, por uma ligação peptídica, havendo a
liberação de uma molécula de água (H2O). Observe, na Figura 14, a
ligação de dois aminoácidos.

Figura 14 Exemplo da estrutura de um aminoácido.

Os aminoácidos podem ser obtidos pela alimentação ou sin-


tetizados pelo organismo, a partir de açúcares ou pela transfor-
mação de um aminoácido em outro. Alguns alimentos como leite,
carne, ovos, entre outros, são ricos em proteínas e podem ser uti-
lizados pelo organismo como fonte de aminoácidos.
As proteínas distinguem-se entre si pelo número de aminoá-
cidos, pelo tipo de aminoácido e pela sequência de ligação.
A tabela a seguir apresenta algumas proteínas, de acordo
com sua função biológica.
Tabela 2 Classificação das proteínas.
CLASSE EXEMPLO
Enzima Tripsina, amilase
Transporte Hemoglobina, mioglobina
Contrácteis Actina e miosina
Protetoras Anticorpos e fibrinogênio
Hormônios Insulina e prolactina
Estruturais Colágeno e elastina
Fonte:arquivo pessoal.

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Quanto à forma ou estrutura das proteínas, podemos distin-


guir quatro níveis de organização: primário, secundário, terciário e
quaternário (DE ROBERTIS, 2001).
1) Estrutura primária: corresponde à sequência dos ami-
noácidos que forma a cadeia proteica.

Figura 15 Exemplo da estrutura primária


da proteína.

2) Estrutura secundária: refere-se à configuração espacial


dos aminoácidos que estão perto uns dos outros na ca-
deia peptídica. O grupo amina de um aminoácido liga-
se por meio de pontes de hidrogênio ao grupo carboxila
de outro aminoácido que está situado quatro unidades
adiante na sequência linear, formando acima uma forma
cilíndrica, denominada α-hélice. Outras proteínas po-
dem apresentar a forma de uma folha de papel dobrada,
denominada folha pregueada beta.

a) α-hélice b) folha pregueada


Figura 16 Exemplo da estrutura secundária da proteína,
α-hélice (a) e folha pregueada (b).

3) Estrutura terciária: corresponde à disposição espacial


assumida pela estrutura anterior, devido a novas dobras
© U2 - Composição Química da Célula 63

formadas entre as regiões α-héliceou folha pregueada


beta.

Figura 17 Exemplo da estrutura


terciária da proteína.

4) Estrutura quaternária: resultado da união de duas ou


mais proteínas em forma de α-hélicee folha pregueada
beta, assumindo formas espaciais definidas e bastante
complexas.

Figura 18 Exemplo da estrutura


quaternária da proteína.

Como foi exposto, a proteína é formada por uma cadeia de


aminoácidos; no entanto, ela pode conter outros componentes. Se
a proteína é composta somente por aminoácidos, dizemos que é
simples; porém, se estiver ligada a outros componentes, dizemos
que é conjugada. Assim, podemos distinguir:
• Nucleoproteína: proteínas ligadas a ácidos nucleicos
(DNA e RNA).
• Glicoproteína: proteínas ligadas a carboidratos.
• Lipoproteína: proteínas ligadas a lipídios.
Tanto as glicoproteínas como as lipoproteínas podem ser en-
contradas na composição da membrana plasmática.

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64 © Biologia Humana

Nesse sentido, vale mencionar que muitos indivíduos que


praticam atividades físicas regulares, atletas ou não, buscam o uso
de suplementos alimentares ou aumento de certos nutrientes na
refeição para aumentar o rendimento e a hipertrofia muscular. O
nutriente mais utilizado para esses fins é a proteína, que fornece
os aminoácidos essenciais para o desenvolvimento e reconstitui-
ção do tecido muscular esquelético. Porém, o excesso desses nu-
trientes no organismo pode ser prejudicial, uma vez que podem se
transformar em gorduras e serem armazenados no tecido adiposo
subcutâneo.

9. ÁCIDOS NUCLEICOS
Os ácidos nucleicos são macromoléculas formadas por uma
longa cadeia de nucleotídeos e são de grande importância bioló-
gica, uma vez que estão relacionados com o controle da ativida-
de celular e com o armazenamento das informações genéticas. As
duas formas de ácidos nucleicos encontrados nos seres vivos são o
DNA (ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido ribonucleico).
Cada nucleotídeo é formado por um carboidrato (pentose),
uma base nitrogenada (purina ou pirimidina) e um grupo fosfato
(PO4H3).
Há duas pentoses que podem formar a estrutura dos ácidos
nucleicos: a ribose (C5H10O5) no RNA e a desoxirribose (C5H10O4) no
DNA.
As bases nitrogenadas possuem uma estrutura em anel, com
átomos de nitrogênio ligados, e podem ser classificadas em puri-
nas e pirimidinas. As purinas são bases maiores, constituídas por
dois anéis e conhecidas por adenina (A) e guanina (G). As pirimidi-
nas são bases menores, formadas por dois anéis, e são conhecidas
como uracila (U), timina (T) e citosina (C). Observe, na Figura 19,
os dois tipos de bases nitrogenadas.
© U2 - Composição Química da Célula 65

Figura 19 Estrutura básica dos nucleotídeos e suas bases


nitrogenadas.

Uma das maiores características do código genético é a uni-


versalidade, isto é, todos os seres vivos possuem os mesmos nu-
cleotídeos em seu DNA, que são traduzidos em proteínas com di-
ferentes funções celulares. A descoberta dessa universalidade foi
importante para a engenharia genética, permitindo estabelecer as
bases para o início do projeto Genoma Humano, que consiste em
identificar a localização e a função dos genes da espécie huma-
na, obtendo o nosso mapa genético, podendo, assim, intervir em
muitas doenças. Além disso, essas descobertas permitiram o de-
senvolvimento de técnicas para a produção de clones, dos quais a
mais conhecida é a ovelha Dolly.
Há grandes diferenças entre o DNA e o RNA, não só fun-
cionais como também estruturais. No RNA, a pentose é a ribose,
enquanto, no DNA, é a desoxirribose, que contém um oxigênio a
menos que a ribose. As bases purínicas do DNA são a adenina (A)
e guanina (G), e as pirimidínicas são a citosina (C) e timina (T). Po-
rém, no RNA, embora as purínicas sejam as mesmas do DNA (ade-
nina e guanina), nas pirimidínicas a timina (T) é substituída pela
uracila (U).
Ainda com relação à sua estrutura, o DNA apresenta duas
cadeias de ácidos nucleicos, em forma helicoidal, formando, as-

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66 © Biologia Humana

sim, uma dupla hélice, unidas entre si por pontes de hidrogênio


entre os pares de bases nitrogenadas, sendo sempre A-T, T-A, C-G
e G-C. O DNA encontrado no núcleo celular é o responsável pelo
armazenamento e pela transmissão das informações genéticas.
Além disso, apresenta uma importante capacidade de se duplicar,
formando cópias idênticas de si mesmo.
A duplicação do DNA é do tipo semiconservativo, isto é, me-
tade da molécula-mãe é conservada nas moléculas-filhas. O mo-
delo da duplicação semiconservativa foi descrito por Watson e
Crick (1953), no qual afirmavam que, durante a duplicação, cada
uma das duas cadeias da molécula de DNA serviria como um mol-
de para a construção de uma nova cadeia complementar. Dessa
forma, uma molécula de DNA, ao se duplicar, produziria duas mo-
léculas-filhas idênticas, de forma que cada uma delas contém uma
das cadeias da molécula-mãe original e uma nova cadeia, recém-
sintetizada (Figura 20).

Figura 20 Duplicação semiconservativa.

O RNA é geralmente encontrado na forma de fita simples,


porém, pode apresentar regiões com bases complementares, liga-
das por pontes de hidrogênio, formando pares A-U e C-G. O RNA é
encontrado principalmente no citoplasma, e sua função na célula
é a síntese de proteína.
© U2 - Composição Química da Célula 67

Existem três tipos de RNAs: o RNA ribossômico (RNAr), o


RNA mensageiro (RNAm) e o RNA (RNAt) transportador, depen-
dendo de sua localização, forma e função.
Assim, o RNAm é formado por uma única e longa cadeia de
RNA, a partir de um filamento de DNA que lhe serve de molde e
que foi formado pelo processo de transcrição.
O RNAt também é formado a partir de um molde de DNA,
porém mais curto que o RNAm, constituindo-se de uma única ca-
deia dobrada sobre si mesma (semelhante a um “trevo de quatro
folhas”), cuja função é transportar os aminoácidos para o citoplas-
ma da célula e ligar cada um desses aminoácidos em posição cor-
reta sobre a molécula de RNAm, durante a síntese de proteínas.
E, por fim, o RNAr é formado a partir do DNA de regiões es-
pecíficas de alguns cromossomos, denominadas regiões organiza-
doras do nucléolo, sendo os componentes estruturais dos ribos-
somos, cuja função é orientar o RNAm, o RNAt e os aminoácidos
durante a síntese de proteínas.
Observe, na Figura 21, a estrutura da molécula de DNA e
RNA e analise suas diferenças.

Figura 21 Estrutura molecular do DNA e do RNA.

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68 © Biologia Humana

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade, ou seja, busque compreender quais são as biomoléculas
que compõem quimicamente as células, suas funções biológicas e
qual a sua importância para nossa sobrevivência e para as ativida-
des físicas.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure retornar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para
que você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na
Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de
forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas
descobertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Quais são as principais biomoléculas que compõem a célula?

2) Qual a importância biológica da água?

3) Qual a função do carboidrato e quais são os três grupos encontrados?

4) Quais as funções dos lipídios? Diferencie as três classes de lipídios presentes


nas células.

5) Defina proteína e diferencie proteína simples de proteína conjugada.

6) Diferencie os dois tipos de ácidos nucleicos (DNA e RNA).

11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, foi feito um breve estudo sobre as principais
biomoléculas que compõem as células, que são: água, carboidra-
tos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos. Essas biomoléculas são
© U2 - Composição Química da Célula 69

constituídas basicamente por átomos de oxigênio, hidrogênio, car-


bono e nitrogênio.
A água é o principal constituinte celular, sendo necessária
para todos os processos metabólicos. Os carboidratos são os açú-
cares abundantes na natureza e podem ser considerados as prin-
cipias fontes de energia a curto prazo utilizada pelas células para
realização de funções metabólicas básicas. Os lipídios são as gor-
duras, insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, apre-
sentando função estrutural, como componentes das membranas
celulares e reserva energética. As proteínas são essenciais à vida,
sendo necessárias a todas as funções celulares e podem ser es-
truturais ou enzimáticas. Por fim, estudamos que a transmissão
das informações genéticas e a síntese de proteínas dependem de
biomoléculas denominadas DNA e RNA, respectivamente.
O conhecimento dessas biomoléculas é essencial para a
compreensão do funcionamento celular e, consequentemente, do
organismo humano.

12. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 – Molécula da água: disponível em:<http://profs.ccems.pt/olgafranco/10ano/
biomoleculas.htm>.Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 2 – Exemplos das estruturas moleculares dos monossacarídeos glicose, frutose e
galactose:disponível em:<http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>.
Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 3 – Exemplos das estruturas moleculares dos monossacarídeos ribose e da
desoxirribose:disponível em:<<http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.
htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 4 – Exemplo da estrutura molecular da lactose:disponível em:<http://www.
infoescola.com/bioquimica/dissacarideo/>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 5 – Exemplo da estrutura molecular do amido:disponível em:<http://www.
geocities.com/CapeCanaveral/Launchpad/9071/amido1_4.gif>. Acesso em: 3 ago.
2010.
Figura 6 – Exemplo da estrutura molecular do glicogênio:disponível em: <http://www.
bioq.unb.br/htm/aulas2D/deg_glicg.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.

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70 © Biologia Humana

Figura 7 – Exemplo da estrutura molecular da celulose: disponível em:<http://www.


geocities.com/CapeCanaveral/Launchpad/9071/Polissac.html>. Acesso em: 3 ago.
2010.
Figura 8 – Exemplos das estruturas moleculares dos ácidos graxos A) saturados e B)
insaturados:disponívelem: <http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.
htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 9 – Exemplo da formação da estrutura molecular do triglicerídeo, a partir
da ligação de três ácidos graxos e glicerol: disponível em:<http://profs.ccems.pt/
OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 11 – Exemplo da formação da dupla camada lipídica feita pelos
fosfolipídios:disponível em:<http://cadernodeestudo.blogspot.com/2008_05_01_
archive.html>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 12 – Exemplo da estrutura molecular do colesterol: disponível em:<http://www.
colegiosaofrancisco.com.br/alfa/lipidios/lipidios-3.php>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 13 – Exemplo da estrutura de um aminoácido: disponível em:<http://profs.
ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 14 – Exemplo da estrutura de um aminoácido: disponível em:<http://profs.
ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 15 – Exemplo da estrutura primária da proteína: disponível em:<http://profs.
ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 16 – Exemplo da estrutura secundária da proteína, g-hélice(a) e folha pregueada
(b): disponível em:<http://cftc.cii.fc.ul.pt/PRISMA/capitulos/capitulo4/modulo4/
topico1.php>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 17 – Exemplo da estrutura terciária da proteína:disponível em:<http://
portalsaofrancisco.com.br/alfa/aminoacido/proteinas5.php>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 18 – Exemplo da estrutura quaternária da proteína:disponível em:<http://
portalsaofrancisco.com.br/alfa/aminoacido/proteinas5.php>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 19 – Estrutura básica dos nucleotídeos e suas bases nitrogenadas:disponível
em:<http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em: 3 ago.
2010.
Figura 20 – Duplicação semiconservativa: disponível em: <http://profs.ccems.pt/
OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>. Acesso em 3 ago. 2010.
Figura 21 – Estrutura molecular do DNA e do RNA: disponível em:<http://images1.
clinicaltools.com/images/gene/rna2.jpg>. Acesso em: 3 ago. 2010.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALBERTS, B. et al.Fundamentos da Biologia Celular. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2007.
DE ROBERTIS, E. D. P.; ANDRADE, C. G. T. J. Bases da biologia celular e molecular. 2. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 2005.
EAD
Morfologia Celular

3
1. OBJETIVOS
• Compreender os compartimentos estruturais das células
eucarióticas.
• Distinguir a membrana plasmática e o núcleo.
• Identificar as organelas celulares.
• Conhecer as funções e a interligação das organelas celulares.

2. CONTEÚDOS
• Sistemas de membranas citoplasmáticas.
• Tipos de transporte entre a membrana plasmática.
• Mitocôndrio.
• Núcleo.
• Ciclo de divisão celular e meiose.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
72 © Biologia Humana

1) Durante o estudo desta unidade, conforme for avançan-


do nos conhecimentos, tente construir o mapa conceitu-
al dos conteúdos apresentados.
2) Procure realizar as reflexões sugeridas durante a unidade.
Faça seu cronograma de estudo e não se apresse em pros-
seguir. Afinal, as reflexões são importantes para possibili-
tar que você se envolva por inteiro na aprendizagem.
3) Tente descrever as funções de todas as organelas para o
funcionamento celular. Pense em como elas trabalham
no repouso e durante uma atividade física.
4) Pesquise em livros e na internet a importância das mi-
tocôndrias para o metabolismo celular e como elas fun-
cionam durante uma atividade física. Estude, também,
sobre a membrana plasmática e a importância do trans-
porte transmembrana.
5) Complete seu conhecimento utilizando as bibliografias
indicadas e artigos da internet. Tenha seu material di-
dático sempre à mão, responda às questões avaliativas
no final da unidade e não se esqueça de solucionar suas
dúvidas com seu tutor.
6) Para a construção do seu conhecimento é necessário
que os conceitos apresentados sejam bem compreen-
didos e analisados. Portanto, não deixe dúvidas para
trás, recorra sempre ao seu tutor. Ele vai orientá-lo so-
bre como superar suas dificuldades e, assim, realizar um
bom curso a distância.
7) Os eventos da mitose descritos nesta unidade são ape-
nas um breve resumo. Contudo, você pode estudar me-
lhor essas etapas no livro: DE ROBERTIS, E. D. P. Biologia
celular e molecular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2003, p. 324-337.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, foi possível conhecer os tipos ce-
lulares básicos e as principais biomoléculas que constituem as cé-
lulas eucarióticas. Todo esse conhecimento será importante para
que agora você possa entender o funcionamento da célula.
© U3 - Morfologia Celular 73

Nesta unidade, estudaremos a composição dos comparti-


mentos celulares das células eucarióticas animais, aos quais cham-
amos de organelas celulares, assim como suas principais funções
e interdependência.
Esperamos que, ao final deste estudo, você seja capaz de
identificar os componentes da célula eucariótica animal com suas
respectivas funções e, assim, possa apropriar-se desse conheci-
mento para o ensino dos esportes individuais e coletivos sob uma
perspectiva voltada para a construção de um repertório de ações
esportivas que possibilite aos seus futuros educandos participa-
rem das diferentes modalidades esportivas com autonomia e com
as competências básicas para esses fins.
Bom estudo!

5. MEMBRANA PLASMÁTICA
Antes de começar nosso estudo, observe atentamente a
morfologia da célula eucariótica animal na Figura 1.

Figura 1 Desenho esquemático da célula eucariótica animal.

Vamos iniciar nosso estudo analisando a membrana que en-


volve a célula, ou seja, a membrana plasmática.
A membrana plasmática é uma delgada membrana super-
ficial que envolve a célula e exerce importantes funções, como:

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74 © Biologia Humana

separar o conteúdo celular do meio extracelular; controlar a pas-


sagem de substâncias do meio extracelular para o intracelular e
vice-versa (permeabilidade seletiva); regular as interações interce-
lulares; responder aos sinais externos; fazer a manutenção da con-
stância do meio intracelular e da integridade estrutural da célula e
suporte mecânico.
A espessura da membrana plasmática é tão pequena (5 – 10
nanômetros) que é impossível observá-la em microscópio óptico,
podendo ser somente observada por microscopia eletrônica. Por-
tanto, o que é visualizado pelo microscópio óptico é o limite da
célula, e não a membrana plasmática.
Ao ser observada no microscópio eletrônico, a membrana
plasmática apresenta uma estrutura constituída por dupla camada
de lipídios (fosfolipídios) em posição central, na qual estão fixadas
moléculas de proteínas e carboidratos. As proteínas estão inseri-
das entre a bicamada lipídica, ao passo que os carboidratos estão
voltados apenas para o meio extracelular. Essa organização molec-
ular da membrana plasmática é bem dinâmica e foi denominada
"modelo mosaico fluido", sendo o modelo estrutural básico des-
sas membranas. Portanto, baseando-se nesse modelo estrutural,
podemos dizer que a membrana plasmática é fluida, assimétrica e
com permeabilidade seletiva.
A fluidez da membrana plasmática é dada pela dupla camada
de lipídios e pelas proteínas. O lipídio constituinte da membrana
plasmática é o fosfolipídio. Estudamos na unidade anterior que os
fosfolipídios apresentavam uma extremidade com o grupo fosfato
(hidrofílico) e a outra extremidade constituída pelos ácidos graxos
(hidrofóbicos). Na dupla camada, os grupos fosfatos estão voltados
para as superfícies externa e interna da membrana, e as extremi-
dades de ácidos graxos dispõem-se em direção interior. Sendo as
extremidades dos fosfatos hidrofílicas (ou seja, possuem afinidade
com a água) e estando dispostas nas superfícies da membrana, po-
dem, desse modo, interagir com o meio aquoso. No entanto, as ex-
© U3 - Morfologia Celular 75

tremidades de ácidos graxos são hidrofóbicas (não interagem com


a água), formando, assim, uma barreira entre a célula e o meio
extracelular. Os fosfolipídios da membrana apresentam movimen-
tos laterais, rotacionais e deslocamento da face interna para a face
externa da célula ou vice-versa (flip-flop), garantindo a fluidez da
membrana plasmática.
A assimetria da membrana deve-se à desigualdade na dis-
tribuição de seus componentes moleculares. Essa característica é
dada principalmente pelos carboidratos, que só estão presentes
na face extracelular da membrana plasmática.
Para melhor compreensão do que foi explicado, observe a
estrutura da membrana plasmática na figura a seguir.

Figura 2 Desenho esquemático da estrutura da membrana


plasmática.

Composição química da membrana plasmática


A partir de agora, faremos uma explicação rápida das
biomoléculas que constituem a membrana plasmática. Nos
parágrafos anteriores, falamos que a membrana plasmática é con-
stituída de uma dupla camada de lipídios, proteínas e carboidratos
presos a esses lipídios. Veremos, a seguir, como são distribuídas
essas moléculas.

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76 © Biologia Humana

Lipídios
Os principais componentes lipídicos da membrana plasmáti-
ca são os fosfolipídios, os glicolipídios e o colesterol. As funções
dos lipídios na membrana plasmática são de compor a sua estru-
tura, como já foi explicado, participar do reconhecimento celular
e garantir a aderência entre as células na constituição dos tecidos.
Os fosfolipídios formam a dupla camada de lipídios da membrana,
garantindo sua estrutura. Os glicolipídios são formados pelos car-
boidratos ligados aos lipídios. O colesterol pode ser considerado
como o constituinte mais importante da membrana e está inter-
calado no interior da bicamada de fosfolipídios. Pode ser consid-
erado como uma fortaleza da membrana plasmática, uma vez que
diminui a sua permeabilidade. Portanto, quanto maior for a quan-
tidade de colesterol, menor será a permeabilidade da membrana
plasmática. Observe a disposição dos lipídios na Figura 2.
Proteínas
As proteínas representam o componente funcional mais im-
portante das membranas biológicas, sendo importante não só na
estrutura da membrana, como também para sua permeabilidade,
seja formando canais, seja como transportadora (DE ROBERTIS,
2003). São, também, receptores de sinais e formam as junções ce-
lulares para formação dos tecidos. Podemos encontrar na consti-
tuição da membrana plasmática dois tipos de proteínas:
• Proteínas integrais, intrínsecas ou transmembrânicas:
são as proteínas que atravessam a bicamada lipídica,
projetando-se tanto na superfície externa quanto interna
da membrana plasmática. Em alguns casos, elas podem
não atravessar totalmente as membranas, porém estabe-
lecem fortes ligações com os lipídios. São, em geral, cha-
madas de glicoproteínas, pois apresentam carboidratos
ligados a elas. Essas proteínas participam do transporte
pela membrana constituindo os canais ou transportando
moléculas através da membrana.
© U3 - Morfologia Celular 77

• Proteínas periféricas ou extrínsecas: são as proteínas lo-


calizadas fora da bicamada lipídica e estão ligadas a ela
por meio de ligações fracas. Observe, na Figura 2, a dispo-
sição das proteínas na membrana.
Carboidratos
Os carboidratos da membrana plasmática contribuem para
sua assimetria, pois todos estão voltados para o meio extracelular.
A maior parte desses carboidratos (90%) está ligada a proteínas,
formando as glicoproteínas; o restante está ligado aos lipídios, for-
mando glicolipídios. Os carboidratos são importantes nos proces-
sos de reconhecimento intercelular, através do glicocálice. O glic-
ocálice é um complexo formado pelos carboidratos, glicoproteínas
e lipoproteínas presentes na superfície celular, cujas funções, além
do reconhecimento celular, são de proteção celular, processos en-
zimáticos e modificação da concentração das moléculas presentes
na superfície celular, impedindo ou facilitando sua entrada na cé-
lula. Observe a disposição dos carboidratos na Figura 2.

Permeabilidade da membrana plasmática e tipos de transporte


de moléculas através da membrana plasmática
A permeabilidade das membranas determina quais substân-
cias deverão entrar ou sair da célula, sendo muitas dessas substân-
cias fundamentais para a manutenção dos processos vitais das cé-
lulas ou para a síntese de moléculas. Portanto, podemos dizer que
a permeabilidade das membranas celulares é fundamental para
o funcionamento e a manutenção do metabolismo celular. Se a
substância consegue atravessar a bicamada lipídica, dizemos que
a membrana é permeável a ela; porém, se não consegue atraves-
sar, dizemos que é impermeável e, assim, dependerá de outros
mecanismos para entrar na célula.
O transporte de moléculas através da membrana plasmática
pode ser dividido em dois tipos principais: o transporte passivo e
o transporte ativo.

Claretiano - Centro Universitário


78 © Biologia Humana

1) Transporte passivo: é o tipo de transporte em que não


há gasto energético. A molécula passa do meio de maior
concentração para o de menor concentração, tendo um
caráter decrescente e bidirecional. Pode ser subdividido
em três tipos e observado na Figura 3:
• Difusão simples: é o simples movimento de molécu-
las de pequeno porte através da bicamada lipídica da
membrana plasmática. As moléculas passam do meio
mais concentrado para o menos concentrado, sem
gasto de energia.
• Difusão facilitada: é o transporte das moléculas do
meio mais concentrado para o menos concentrado
com o auxílio de uma proteína transportadora. É um
processo mais rápido que a difusão simples.
• Osmose: é um transporte especial, no qual ocorre a
difusão da molécula da água através da membrana,
seletivamente permeável, de um meio de alta concen-
tração de água para um meio de baixa concentração.
É semelhante à difusão simples, porém a osmose é
exclusivamente para transporte da água. Quando co-
locamos duas soluções de concentrações diferentes
separadas por uma membrana semipermeável, que
permite a passagem do solvente (água), mas não do
soluto (cloreto de sódio), ocorre a passagem de água,
através dessa membrana, da solução hipotônica (me-
nos concentrada) para a solução hipertônica (mais
concentrada), no sentido de igualar a quantidade de
água entre as duas soluções.

Ao temperarmos com antecedência uma salada com sal, as ver-


duras murcham, porque estamos submetendo as células vegetais
das verduras a um meio hipertônico. Assim, as células perdem
água por osmose para o meio externo e murcham.
© U3 - Morfologia Celular 79

Figura 3 Desenho esquemático dos tipos de transporte entre a membrana


plasmática.

Durante uma atividade física intensa e prolongada, são per-


didas grandes quantidades de água e sais minerais, como sódio e
potássio, pela transpiração. Por esse motivo, é indispensável que
se faça a hidratação, com água ou bebidas isotônicas, ricas em sais
minerais para a reposição destas perdas.
A desidratação e a redução desses sais minerais podem
trazer efeitos indesejáveis, como cansaço excessivo, aumento da
frequência cardíaca, náuseas, vômitos, desmaios e, em casos ex-
tremos, coma e até a morte. A hidratação somente com água só é
eficiente em atividades físicas que duram de 1 a 2 horas. Após esse
tempo, é necessária a ingestão de bebidas com maior quantidade
de sais minerais, conhecidas por bebidas isotônicas. Essas bebidas
possuem uma concentração de 6 a 8% de carboidratos, repondo
rapidamente a energia para o metabolismo muscular e, também,
são absorvidas facilmente pela corrente sanguínea, garantindo
uma hidratação rápida.
1) Transporte ativo: é o tipo de transporte no qual há gasto
de energia. O gasto energético ocorre porque a molécula
deverá ser transportada contra o gradiente de concen-
tração, ou seja, do meio de menor concentração para
o de maior concentração. O exemplo clássico de trans-
porte ativo é a bomba de sódio e potássio. A bomba de
sódio e potássio é um sistema de transporte de sódio
(Na+) para fora da célula e de potássio (K+) para dentro

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80 © Biologia Humana

da célula. É denominada de antitransporte, pois o Na+


e K+ são transportados em sentidos opostos. Analise a
bomba de sódio e potássio na figura a seguir.

Figura 4 Desenho esquemático do transporte ativo: bomba de sódio e potássio.

Além dos tipos de transportes apresentados, as células de-


senvolveram meios de transportes em quantidade de moléculas de
grande porte (macromoléculas) e partículas (micro-organismos).
Nesse transporte em quantidade, ocorre uma alteração morfológi-
ca da superfície celular para permitir a entrada da célula, mecan-
ismo conhecido como endocitose. A endocitose pode ser dividida
em fagocitose e pinocitose.
A fagocitose é a captação de partículas (bactérias, célu-
las cancerosas, células mortas e restos celulares). Quando essas
partículas se ligam aos receptores na superfície celular, são forma-
dos pseudópodos para levá-las para dentro da célula. As partículas
são interiorizadas dentro de vacúolos, que se fundem aos lisos-
somos para que essas partículas sejam digeridas e seus restos de-
volvidos para o meio extracelular. Trata-se de um mecanismo de
proteção realizado pelos macrófagos e neutrófilos, que são células
de defesa nos mamíferos.
Na pinocitose, a célula capta um fluido extracelular mediante
uma invaginação na membrana, formando vesículas que penetram
no citoplasma. A pinocitose pode ser seletiva ou não seletiva. Na
não seletiva, qualquer soluto pode ser captado pela membrana. No
entanto, a seletiva é mediada por um receptor, no qual a molécula
© U3 - Morfologia Celular 81

deverá primeiro se aderir a um receptor para que possa penetrar


na célula. As vesículas da pinocitose também se aderem aos lisos-
somos para a digestão do material captado.
A pinocitose e a fagocitose podem ser observadas na Figura 5.

Figura 5 Desenho esquemático do transporte em quantidade:


fagocitose e pinocitose.

O processo inverso à endocitose é a exocitose, que é utiliza-


do pela célula para liberar ao meio externo macromoléculas como
hormônios e enzimas, sendo, portanto, o processo de secreção ce-
lular.

Figura 6 Desenho esquemático da exocitose.

6. SISTEMAS DE ENDOMEMBRANAS CITOPLASMÁTI-


CAS
Para iniciar nossos estudos sobre as membranas celulares,
não podemos deixar de falar do citoplasma. Uma célula é formada
basicamente por membrana, núcleo e citoplasma. É no citoplasma
que estão localizadas as organelas responsáveis pelos processos
metabólicos celulares, como respiração, digestão, excreção e sín-
tese de proteínas.

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82 © Biologia Humana

O citoplasma é o maior constituinte de uma célula eucar-


iótica, compreendido entre a membrana plasmática e o núcleo.
Trata-se de uma solução coloidal constituída de água e proteínas.
Nas células eucarióticas, o citoplasma é muito complexo e dividido
em dois compartimentos pelas membranas celulares: um dentro
do sistema de endomembranas e outro fora, conhecido por matriz
citoplasmática ou citosol. O citosol constitui o verdadeiro meio in-
tracelular no qual está localizado o citoesqueleto e onde ocorrem os
principais processos metabólicos celulares, como a síntese de pro-
teínas (DE ROBERTIS, 2003). O citoesqueleto é uma complexa rede
de tubos e filamentos, cuja principal função é de suporte mecânico
para a célula. Também está envolvido na locomoção e no transporte
intracelular, assim como na estruturação e na organização do cito-
plasma. Sem o citoesqueleto, as organelas citoplasmáticas ficariam
dispersas no citoplasma, o que poderia alterar o funcionamento ce-
lular. A estrutura do citoesqueleto pode ser observada na Figura 5.
A matriz citoplasmática ou citosol contém moléculas de RNA,
proteínas e enzimas. Nela estão localizadas as organelas que estão
fora do sistema de endomembranas, como a mitocôndria, que ver-
emos mais adiante nesta unidade.
A expressão "sistema de endomembranas” é utilizada para
denominar o conjunto de organelas formadas por membranas que
estão conectadas funcionalmente e que separam os compartimen-
tos citoplasmáticos. Compreende o retículo endoplasmático rugo-
so (granular) e liso (agranular); o envoltório nuclear (carioteca); o
aparelho (ou complexo) de Golgi; e seus elementos relacionados,
como lisossomos e ribossomos. Todas essas organelas membrano-
sas serão estudadas a seguir.

Retículo endoplasmático
O retículo endoplasmático (RE) é formado por um sistema
de membranas intracelulares conectadas entre si, formando tubos
ramificados que delimitam uma cavidade conhecida por lúmen.
© U3 - Morfologia Celular 83

Dependendo da presença ou não de ribossomos, podemos dividir


o retículo endoplasmático em: retículo endoplasmático rugoso
(RER), dotado de ribossomos em sua face externa, e retículo en-
doplasmático liso (REL), que não apresenta ribossomos fixados a
ele. Vamos, agora, caracterizar cada um e analisar sua estrutura
na Figura 7.
Retículo endoplasmático liso
Conforme mencionado, o retículo endoplasmático liso
é composto por um sistema de membranas e não apresenta ri-
bossomos aderidos em sua face externa ou citosólica.
Suas funções básicas são o transporte e o armazenamento
de substâncias, além de participar da síntese de lipídios (gordura).
Outras funções relacionadas pelo REL são: síntese de hormônios
esteroides, mobilização de glicose, armazenamento e liberação
de íons Ca+ (células musculares) e transformação de substâncias
químicas ou resíduos metabólicos (DE ROBERTIS, 2003). Além dis-
so, o REL possui enzimas especializadas para a degradação do eta-
nol ingerido nas bebidas alcoólicas e de medicamentos como anti-
bióticos e barbitúricos (anestésicos); assim, o REL é importante no
processo de desintoxicação do organismo. A ingestão excessiva ou
com frequência de certas drogas, como álcool e sedativos, induz a
proliferação de REL e de suas enzimas, aumentando a tolerância
do organismo às drogas, sendo necessárias doses cada vez mais
elevadas para que se possa obter efeito. Esse aumento da tolerân-
cia tem como consequência o aumento da tolerância a outras sub-
stâncias úteis ao organismo, como os antibióticos, utilizados no
tratamento de infecções bacterianas.
Retículo endoplasmático rugoso
O retículo endoplasmático rugoso é composto por um
sistema de membranas, que é uma extensão da membrana nucle-
ar, que apresenta inúmeros ribossomos aderidos à sua superfície

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84 © Biologia Humana

externa ou citosólica. Quando observado na microscopia eletrôni-


ca, esse complexo tem aparência rugosa devido aos ribossomos
agregados.
A principal função do ribossomo é sintetizar proteínas a
partir de moléculas de RNA. Logo, podemos concluir que a prin-
cipal atividade celular que ocorre no retículo endoplasmático ru-
goso é a síntese de proteínas. O RER também participa da adição
de carboidratos às proteínas, processo chamado de glicosilação de
proteínas, e da biossíntese de membrana celular.

Figura 7 Desenho esquemático do retículo endoplasmático


rugoso, retículo endoplasmático liso e ribossomos.

Ribossomos
Os ribossomos são os locais onde ocorre a síntese de pro-
teína. Eles não são limitados por membranas e, portanto, estão
presentes tanto em células procarióticas quanto em eucarióticas.
Geralmente, aparecem unidos pelo RNAm, formando o polirri-
bossomo. Observe a localização dos ribossomos na Figura 7.

Complexo de Golgi
O complexo de Golgi foi descrito por Camilo Golgi em 1898;
porém, só foi realmente definido na década de 1940, após a desco-
© U3 - Morfologia Celular 85

berta do microscópio eletrônico. Esse complexo ou aparelho mem-


branoso é formado por vários sacos achatados e empilhados for-
mando cisternas. Está relacionado com o retículo endoplasmático
e com a membrana plasmática. Em suas bordas, observam-se ve-
sículas esféricas ligadas aos sacos e que estão associadas ao trans-
porte de substâncias.
Uma das principais características do complexo de Golgi é a
presença de polaridade estrutural e funcional, ou seja, apresenta
uma face côncava de entrada de moléculas, chamada face Cis, e
uma face convexa de saída, chamada face Trans. Portanto, o trân-
sito de moléculas ocorre na direção cis – trans, dando seu caráter
polarizado unidirecional. Dessa forma, o complexo de Golgi fun-
ciona como uma espécie de sistema central de distribuição na cé-
lula, atuando como centro de armazenamento, transformação de
moléculas vindas do retículo endoplasmático e remessa de sub-
stâncias para seus destinos, que podem ser: lisossomos, mem-
brana plasmática ou vesículas de secreção. Desse modo, podemos
concluir que as funções do complexo de Golgi são: formar lisos-
somos e presidir a secreção celular. Observe a morfologia do com-
plexo de Golgi na Figura 8.

Figura 8 Desenho esquemático do complexo


de Golgi.

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86 © Biologia Humana

Lisossomos
Os lisossomos são organelas citoplasmáticas formadas pelo
complexo de Golgi, em forma de bolsas circundadas por típica
membrana de bicamada lipídica, que apresentam cerca de 50 ti-
pos de enzimas que hidrolisam proteínas, lipídios, DNA, RNA e
carboidratos. Essas enzimas são hidrolases oxidativas capazes de
digerir diversas substâncias orgânicas.
A principal função do lisossomo é a digestão intracelular. A
digestão pode ser por:
• Heterofagia: digestão de substâncias que entram na célu-
la pelo processo de fagocitose ou pinocitose.
• Autofagia: digestão de substâncias intracelulares, mate-
riais e organelas da própria célula.

7. MITOCÔNDRIO
A mitocôndria (mitocôndrio, no singular) são organelas re-
sponsáveis pela respiração celular. Estas organelas são especializa-
das na produção de energia celular, a partir da síntese de ATP.
Estruturalmente, o mitocôndrio apresenta um sistema duplo
de membranas, sendo uma membrana externa e uma interna, for-
mando dois compartimentos: a matriz mitocondrial e o espaço in-
termembranoso. As composições químicas dessas membranas são
distintas, de modo que a membrana interna apresenta 80% de pro-
teínas e 20% de lipídios, enquanto a membrana externa apresenta
50% de proteínas e 50% de lipídios.
A membrana interna possui várias invaginações, denomina-
das cristas mitocondriais, cuja função é aumentar a superfície da
membrana interna, na qual o conteúdo proteico está diretamente
relacionado com a síntese de ATP.
A membrana externa, por apresentar maior quantidade de lipí-
dios, é mais fluida do que a interna, sendo, portanto, mais permeável.
A estrutura da mitocôndria pode ser observada na Figura 9.
© U3 - Morfologia Celular 87

A produção de energia pela mitocôndria, na célula animal,


ocorre a partir dos alimentos. Os substratos retirados dos alimen-
tos são as moléculas de lipídios e de carboidratos que entram
no organismo através do sistema digestório. Devemos incluir o
oxigênio (O2), que ingressa no organismo através do sistema di-
gestório. A mitocôndria utiliza esses substratos para produção do
ATP e devolve para o meio ambiente os seus resíduos, que são o
gás carbônico (CO2) e a água (H2O).
O processo de respiração aeróbica celular ocorre em três
etapas: a glicólise, o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória.
A glicólise consiste em uma série de reações químicas que
ocorre no citosol, no qual cada molécula de glicose (C6H12O6) é
transformada em duas moléculas de ácido pirúvico (C3H4O3). Ela
pode ser representada da seguinte maneira: C6H12O6 2C3H4O3.
Na segunda etapa, cada ácido pirúvico é degradado durante
o ciclo de Krebs, que ocorre na matriz mitocondrial, produzindo,
entre outros substratos, três CO2 e um ATP. Nesse ciclo de reações,
entram três moléculas de H2O (água) adicionais.
A terceira etapa é chamada de cadeia respiratória e ocorre
na crista mitocondrial, na qual ocorre a desidrogenação dos NADH2
e dos FADH2, ocasião em que os hidrogênios são transportados ce-
dendo energia para a produção de ATP. Os hidrogênios iônicos são
capturados pelo oxigênio formando água.
A equação geral da respiração celular aeróbia pode ser rep-
resentada da seguinte maneira:

C6H1206 + 6 O2 + 36 ADP  6 CO2 + 6 H2O + 36 ATP

Em atividades físicas muito intensas ou prolongadas, o


oxigênio obtido pela respiração pode não ser suficiente para os
processos de obtenção de energia através da respiração celular.
Assim, na ausência de oxigênio, as células musculares são capaz-
es de realizar os processos de liberação de energia disponível na

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88 © Biologia Humana

glicose, formando moléculas de ATP em menor quantidade, mas


que garantem a energia extra para o trabalho muscular. Esse pro-
cesso é chamado de fermentação lática ou respiração anaeróbia,
o qual é praticamente idêntico à glicólise, exceto pelo fato de o
ácido pirúvico ser transformado em ácido lático, com a formação
de duas moléculas de ATP.
Esse acúmulo de ácido lático foi considerado durante muito
tempo como o responsável pelas dores musculares no dia seguinte
aos treinos musculares. Entretanto, atualmente, sabe-se que, na
verdade, o ácido lático é absorvido e eliminado pelo sangue cerca
de duas horas após o treino; portanto, as dores estariam relacio-
nadas ao processo inflamatório devido às microlesões dos tecidos
musculares e conjuntivos.

Figura 9 Desenho esquemático do mitocôndrio.

Outra importante característica da mitocôndria é a presença


de DNA mitocondrial, que possibilita sua autorrespiração. Estudos
evolutivos demonstram uma grande probabilidade de que o mi-
tocôndrio tenha, no passado, sido organismos procariontes que
passaram a viver em simbiose com outras células. Esse fato tem
forte comprovação pela presença do DNA e pelo mecanismo de
replicação independente do ciclo de divisão celular. A capacidade
de gerar muita energia teria sido uma vantagem para a célula hos-
pedeira, que pode ter contribuído com a nutrição e a proteção.
© U3 - Morfologia Celular 89

8. O NÚCLEO DA CÉLULA EUCARIÓTICA


O núcleo das células eucarióticas é uma de suas diferenças
mais marcantes, sendo um componente essencial para ela.
Antes de iniciar o estudo sobre o núcleo eucarionte, precisa-
mos relembrar que as células procarióticas não apresentam nú-
cleo, e seu material genético encontra-se disperso no citoplasma.
Isso não acontece na célula eucariótica, pois apresenta um nú-
cleo extremamente organizado e delimitado por uma membrana
chamada envoltório nuclear ou carioteca. No interior do núcleo,
está o material genético celular, o DNA e o RNA.
Na célula eucariótica, o núcleo pode apresentar-se em inter-
fase ou em mitose. A interfase é a fase que precede a divisão celu-
lar ou mitose; portanto, para estudarmos os componentes nucle-
ares, devemos analisar o núcleo interfásico. O núcleo interfásico
apresenta envoltório nuclear, nucleoplasma, nucléolo e croma-
tina, que serão estudados na sequência.
O envoltório nuclear ou carioteca é a membrana que en-
volve o núcleo e separa o conteúdo nuclear (material genético –
DNA e RNA) do citoplasma, protegendo-o. É composto por duas
membranas concêntricas, a interna e a externa, que delimitam um
espaço entre elas chamado espaço perinuclear. Em alguns pontos,
as membranas interna e externa unem-se, formando poros (canais
proteicos) que permitem a passagem de moléculas dos citoplas-
mas para o núcleo e vice-versa.
A membrana interna é sustentada pela lâmina nuclear com-
posta por proteínas, cuja função é proporcionar suporte mecânico
para o envoltório nuclear. A membrana externa contém ribosso-
mos aderidos e, em geral, é contínua com o retículo endoplasmáti-
co rugoso, estabelecendo íntimas relações entre eles.
O nucleoplasma ou matriz nuclear é a porção semifluida do
núcleo, composto por uma solução aquosa contendo proteínas,
RNA, nucleotídeos e íons. No nucleoplasma, estão o nucléolo e a
cromatina. Você poderá analisar a estrutura nuclear na Figura 10.

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90 © Biologia Humana

Figura 10 Desenho esquemático do núcleo e seus componentes.

O nucléolo é uma estrutura esférica não delimitada por


membrana que encontramos no interior do núcleo, cuja função é
produzir RNA ribossômico constituinte dos ribossomos.
A cromatina, por sua vez, é um complexo formado por DNA,
proteínas histonas e proteínas não histonas, que compõem os cro-
mossomos. Corresponde a toda região do nucleoplasma, com ex-
ceção dos nucléolos, que se colore com corantes básicos, visíveis
ao microscópio óptico.
As células humanas são constituídas de 46 cromossomos, os
quais são constituídos de aproximadamente 6 bilhões de bases do
DNA, que correspondem ao comprimento de 2m de DNA por cé-
lula. Mas aí você pode se perguntar: como é possível colocar 2m
de DNA dentro de um núcleo tão pequeno?
A resposta para essa pergunta está na compactação desse
DNA em cromossomos. Isso ocorre da seguinte maneira: as
moléculas de DNA associam-se às proteínas histonas, formando
estruturas conhecidas por nucleossomos, os quais se compactam
formando a cromatina; a cromatina também se compacta, for-
mando os cromossomos, que, em decorrência do seu alto grau
de compactação, podem ser organizados no interior do núcleo. O
conjunto dos cromossomos de uma célula é denominado genoma,
© U3 - Morfologia Celular 91

cuja função é armazenar e regular as informações genéticas. Ana-


lise, na Figura 11, os níveis de organização da cromatina.

Figura 11 Níveis de organização da cromatina.

A cromatina pode ser encontrada em duas formas: hetero-


cromatina e eucromatina. A heterocromatina é a cromatina com
alto grau de condensação, inativa, com funções estruturais duran-
te o ciclo celular, que ao microscópio óptico se apresentam mais
escuras. A eucromatina corresponde à cromatina menos conden-
sada; por isso, o seu DNA está mais ativo, podendo se expressar
em proteínas e enzimas.
Como já foi falado, a espécie humana é composta por 46
cromossomos; o conjunto desses cromossomos é conhecido por
genoma, responsável pelo armazenamento das informações gené-
ticas. Esses 46 cromossomos são distribuídos em 23 pares de cro-
mossomos homólogos, conhecidos por diploidia (2n), dos quais 22
são autossômicos e estão presentes tanto no sexo feminino como
no masculino. O par restante é conhecido como cromossomo sex-
ual X e Y, responsável pelas características sexuais de cada um. No
sexo feminino, há dois cromossomos X (XX) e, no masculino, há um
cromossomo X e um Y (XY).
Os cromossomos, geralmente, possuem um centrômero
e duas cromátides. O centrômero corresponde a uma região de

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92 © Biologia Humana

estrangulamento que une as duas cromátides. Nas cromátides,


está a sequência de DNA altamente compactada. De acordo com a
posição do centrômero, os cromossomos podem ser classificados
em:
1) Metacêntrico: o centrômero está em posição central, di-
vidindo o cromossomo em duas cromátides com braços
de tamanho iguais.
2) Submetacêntrico: o centrômero não está em posição
central, dividindo o cromossomo em duas cromátides
com braços de tamanho diferentes.
3) Acrocêntrico: o centrômero está em posição subtermi-
nal.
4) Telocêntrico: o centrômero está em uma posição termi-
nal.
Analise os tipos de cromossomos na figura a seguir:

Figura 12 Desenho esquemático dos


cromossomos (A) telocêntrico, (B) acrocêntrico,
(C) submetacêntrico e (D) metacêntrico.

O estudo dos cromossomos é muito importante para de-


tecção de anomalias cromossômicas, e é chamado de cariótipo.
No cariótipo, os cromossomos são ordenados de acordo com seu
tamanho e forma. Na Figura 13, observe, no cariótipo humano
feminino e masculino, a distribuição dos pares de cromossomos.
© U3 - Morfologia Celular 93

Figura 13 Cariótipo humano masculino (46, XY) e feminino (46, XX).

9. CICLO CELULAR E MEIOSE


No tópico anterior, analisamos as características do núcleo
interfásico e a constituição morfológica celular. Agora, com esse
conhecimento, podemos estudar o processo de reprodução ou di-
visão celular, chamado mitose.
As células apresentam a capacidade de crescer e multiplicar-
se para desenvolvimento do organismo logo após a fecundação
e, também, para reposição de células mortas e regeneração em
indivíduos adultos; dessa forma, mantem-se a vida.
O ciclo de reprodução celular passa por dois períodos funda-
mentais: a interfase e a mitose (divisão celular).

Interfase
Para que a célula inicie seu processo de divisão celular, ela
precisa se preparar para essa atividade que demanda um alto
gasto de energia. Esse período de preparação é conhecido como
interfase. Trata-se do período em que a célula não apenas aumen-
ta de volume, tamanho e número de organelas, mas, também, e
principalmente, duplica seu DNA. Esse período não deve ser com-
preendido como "descanso", uma vez que a célula está em intenso

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94 © Biologia Humana

processo de duplicação de suas organelas e do DNA, e ainda cum-


pre com suas atividades que lhe foram atribuídas no tecido ao qual
ela pertence.
A interfase é dividida em três etapas:
1) G1: é o período entre o final da divisão celular e o início
da fase S. Nesse momento, ocorre o crescimento da cé-
lula, a síntese de proteínas, a duplicação dos centríolos
e do centrossomo.
2) S: é o período entre as etapas G1 e G2, no qual ocorre a
síntese e a replicação de DNA. A replicação é um proces-
so no qual uma molécula de DNA com dupla fita é du-
plicada, ou seja, um par de fitas origina dois pares. Nas
células eucarióticas, a replicação deve acontecer antes
da divisão celular.
3) G2: é o período após a etapa S e o início da mitose, no
qual ocorre a duplicação de centríolos, além de iniciar
a produção das proteínas que formarão uma estrutura
importante durante a divisão celular, denominado fuso
mitótico. Ocorre, também, a síntese das proteínas que
contituem os microtúbulos.
Existem algumas células que, ao entrar no período G1, não
iniciam a síntese de DNA (fase S). Assim, elas permanecerão em
G1 por um tempo variável, dependendo do tipo celular. Nesses
casos, o período G1 passa a ser chamado de período G0, pois a cé-
lula está fora do ciclo celular. As células nervosas e musculares es-
triadas não se dividem, ou seja, são terminalmente diferenciadas,
permanecendo em G0 de modo definitivo. No entanto, há células
que permanecem em G0 temporariamente, podendo entrar em
divisão celular se receberem um estímulo, como, por exemplo, as
células ósseas após uma fratura.

Mitose
A mitose é o processo de divisão celular no qual uma célula
denominada célula-mãe se divide em duas células-filhas geneti-
camente idênticas. Pode ser dividida em dois processos: a mitose
propriamente dita ou cariocinese, que é a divisão do núcleo celu-
lar, e citocinese, que é a divisão do citoplasma.
© U3 - Morfologia Celular 95

A todo o momento, a mitose é utilizada pelo nosso organ-


ismo para reconstituir a perda natural de células. Para facilitar o
entendimento, vejamos alguns exemplos: quando nos ferimos e
parte do tecido epitelial é perdida, inicia-se, entre vários outros
processos de recomposição tecidual, a divisão celular por mitose,
a fim de gerar células suficientes para substituir as que foram per-
didas. Também é por mitose que um zigoto se divide várias vezes
até formar um embrião.
A mitose é dividida em quatro etapas:
1) Prófase: é a primeira etapa da mitose e caracteriza-se
pelo início da condensação dos cromossomos, sendo
possível visualizá-los no microscópio óptico. O nucléo-
lo desaparece, inicia-se a formação do fuso mitótico e
a ruptura do envoltório nuclear. Alguns autores consi-
deram a existência de uma fase intermediária à prófase
e à metáfase, chamada de prometáfase, cujo principal
evento é a ruptura total do envoltório nuclear, e as cro-
mátides estão ligadas às fibrilas do fuso mitótico através
do centrômero.
2) Metáfase: nessa etapa, o processo de mitose está no
meio e finaliza a condensação do cromossomo e a for-
mação do fuso mitótico. Os cromossomos ligados ao
fuso mitótico estão dispostos no centro da célula, isso
no plano equatorial, formando a placa equatorial, carac-
terizando essa fase. No final dessa fase, as cromátides
estão prontas para migrarem para os polos da célula.
3) Anáfase: é a etapa na qual os centrômeros se quebram,
separando as cromátides, e logo se inicia o encurtamen-
to das fibrilas do fuso mitótico, levando consigo uma das
cromátides para os polos da célula.
4) Telófase: é a etapa final da mitose, considerada como a
etapa de reconstituição, na qual se forma o núcleo-filho.
Logo depois de os cromossomos filhos terem atingido
os polos, ocorre o desaparecimento do fuso mitótico e a
reorganização do envoltório nuclear, sendo regenerada.
Reaparece o nucléolo e os cromossomos começam a se
descompactar. No final da telófase, ocorre a citocinese,

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96 © Biologia Humana

isto é, a divisão do citoplasma, formando, assim, duas


células-filhas com conteúdo idêntico ao da sua mãe.

Você poderá analisar todas essas etapas da mitose na Figura


14.

Figura 14 Desenho esquemático das fases da mitose.

Meiose
A meiose é o processo de produção de gametas (esperma-
tozoide e ovócito), no qual uma célula com 46 cromossomos (2n)
divide-se em quatro células com metade dos cromossomos da cé-
lula original (n=23) e geneticamente diferentes. Isso torna a re-
produção sexuada possível. Se a reprodução fosse por mitose, o
gameta teria 46 cromossomos, e o zigoto, 92.
Para se reproduzirem, os organismos devem transmitir aos
seus descendentes uma informação genética semelhante àquela
que possuem, não idêntica, pois a grande vantagem da reprodução
sexuada é aumentar a variabilidade genética.
A meiose consiste em duas divisões sucessivas. A primeira
divisão é chamada reducional (meiose I) pelo fato de o número de
cromossomos homólogos se reduzir à metade. Segue-se a segunda
divisão, chamada equacional (meiose II), que mantém o número
haploide de cromossomos.
© U3 - Morfologia Celular 97

A primeira fase, chamada de meiose I, é dividida em:


1) Prófase I: é a fase mais demorada da meiose e caracte-
riza-se pelo pareamento dos cromossomos homólogos
e pela troca de segmentos entre cromossomos homólo-
gos, conhecida por recombinação genética ou crossing-
over. É subdividida em cinco fases: leptóteno, zigóteno,
paquíteno, diplóteno e diacinese.
2) Metáfase I: nessa fase, os cromossomos atingem o grau
máximo de condensação e alinham-se na placa equato-
rial da célula.

3) Anáfase I: os cromossomos homólogos separam-se um


para cada polo da célula nessa fase.
4) Telófase I: começa logo que os cromossomos atingem os
polos do fuso; cromossomos despiralizam-se e aparece
a membrana nuclear - 2 núcleos (2n); Citocinese: indivi-
dualiza duas células.
A segunda fase, chamada de meiose II, é semelhante à mi-
tose e é dividida em:
1) Prófase II: cromossomos já estão condensados; há a
formação do fuso e o desaparecimento da membrana
nuclear.
2) Metáfase II: cromossomos na região equatorial do fuso.
3) Anáfase II: dividem-se os centrômeros, e as cromátides
irmãs movem-se para polos opostos do fuso.
4) Telófase II: as cromátides despiralizam-se e aparece a
membrana nuclear e os núcleolos. Segue-se a citocine-
se, obtendo-se, assim, quatro células com metade do
número de cromossomos da célula inicial.

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas.

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98 © Biologia Humana

Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu


desempenho no estudo desta unidade:
1) Quais as funções e os componentes da membrana plasmática?

2) Quais os tipos de transporte entre as membranas?

3) Quais organelas compõem o sistema de endomembranas e quais estão fora


desses sistemas?

4) Caracterize o núcleo interfásico.

5) Quais são as fases da mitose?

11. CONSIDERAÇÕES
Ao longo do estudo desta unidade, foi possível perceber que
a célula funciona como uma pequena máquina, na qual há com-
partimentos especializados em atividades fundamentais para sua
sobrevivência.
A membrana plasmática é fundamental para a proteção e
manutenção celular. Sem a sua permeabilidade seletiva, qualquer
substância poderia invadir a célula e alterar seu metabolismo. A
carioteca protege o material genético (DNA), fundamental à trans-
missão das informações genéticas durante a mitose.
Vimos, na unidade anterior, que a proteína é fundamental
para os processos metabólicos celulares, e, nesta unidade, pu-
demos conhecer sua "fábrica", que é o conjunto formado pelo
retículo endoplasmático rugoso e os ribossomos, presumindo sua
importância. Após a síntese, a proteína é armazenada no com-
plexo de Golgi, que, além disso, é responsável pela sua distribuição
celular.
O mitocôndrio é responsável pela respiração celular, que re-
sulta na produção de energia usada pelas células para a realização
de suas atividades vitais, como movimentação, secreção, multipli-
cação, transporte ativo, entre outras.
© U3 - Morfologia Celular 99

A mitose, por sua vez, é particularmente importante para a


manutenção dos tecidos, pois é responsável não só pelo cresci-
mento, mas também pela renovação e regeneração de tecidos
lesados.
O professor de Educação Física tem papel fundamental na
manutenção da integridade física dos indivíduos. Se o organismo
de um indivíduo é basicamente composto por células que constro-
em seus tecidos, podemos concluir que o conhecimento biológico
do corpo humano é fundamental para sua formação. Portanto,
aproveite esta oportunidade e amplie seus conhecimentos, não se
esquecendo de procurar seu tutor sempre que tiver dúvidas.

12. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 – Desenho esquemático da célula eucariótica animal: disponível em: <http://
biologiaressu.files.wordpress.com/2010/08/cel-animal.gif>. Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 2 – Desenho esquemático da estrutura da membrana plasmática: disponível em:
<http:// www.mundovestibular.com.br/articles/15/2/CELULAS/Paacutegina2.html>.
Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 3 – Desenho esquemático dos tipos de transporte entre a membrana plasmática:
disponível em: <http://www.tudomaisumpouco.com/aulabio3.html>. Acesso em: 23
nov. 2010.
Figura 4 – Desenho esquemático do transporte ativo: bomba de sódio e potássio:
disponível em: <http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso1.asp>. Acesso em: 23 nov. de
2010.
Figura 5 – Desenho esquemático do transporte em quantidade: fagocitose e pinocitose:
disponível em: <http://www.portalbiologia.com.br/biologia/principal/conteudo.
asp?id=1553>. Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 6 – Desenho esquemático da exocitose: disponível em: <http://clientes.netvisao.
pt/freiremj/img/Exocitose.jpg>. Acesso em: 24 nov. 2010.
Figura 7 – Desenho esquemático do retículo endoplasmático rugoso, retículo
endoplasmático liso e os ribossomos: disponível em: <http://professores.unisanta.br/
maramagenta/Imagens/ANATOMIA/Reticulo%20-%20extr%20euita.bmp>. Acesso em:
24 nov. 2010.
Figura 8 – Desenho esquemático do complexo de Golgi: disponível em: <http://www.
ufmt.br/bionet/conteudos/15.11.04/Ap_Golgi.htm>. Acesso em: 24 nov. 2010.

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100 © Biologia Humana

Figura 9 – Desenho esquemático do mitocôndrio: disponível em: <http://pt.wikipedia.


org/wiki/Ficheiro:Animal_mitochondrion_diagram_pt.svg>. Acesso em: 24 nov. 2010.
Figura 10 – Desenho esquemático do núcleo e seus componentes: disponível em:
<http://static.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/12/nucleo-celular.jpg>. Acesso
em: 24 nov. 2010.
Figura 11 – Níveis de organização da cromatina: disponível em: <http://genetica.ufcspa.
edu.br/cromatina.html>. Acesso em: 24 nov. 2010.
Figura 12 – Desenho esquemático dos cromossomos (A) telocêntrico, (B) acrocêntrico,
(C) submetacêntrico e (D) metacêntrico: disponível em: <http://www.infoescola.com/
biologia/cromossomos/>. Acesso em: 24 nov. 2010.
Figura 13 – Cariótipo humano masculino (46, XY) e feminino (46, XX): disponível
em: <http://www.saberweb.com.br/genetica/cariotipo.htm> e em <http://www.
portalsaofrancisco.com.br/alfa/citologia/citologia.php>. Acesso em: 24 nov. 2010.
Figura 14 – Desenho esquemático das fases da mitose: disponível em: <http://www.
ufmt.br/bionet/conteudos/15.10.04/divisao.htm>. Acesso em: 24 nov. 2010.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALBERTS, B. et al. Fundamentos da biologia celular. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2007.
DE ROBERTIS, E. D. P.; HIB, J.; PONZIO, R. Biologia celular e molecular. 14. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
DE ROBERTIS, E. D. P.; ANDRADE, C. G. T. J. Bases da biologia celular e molecular. 2. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2005.
EAD
Fundamentos de
Histologia

4
1. OBJETIVOS
• Compreender os níveis de organização do organismo.
• Reconhecer a organização celular em tecidos.
• Definir e classificar os principais tipos de tecidos do corpo
humano e suas funções.

2. CONTEÚDOS
• Tecido epitelial.
• Tecido conjuntivo: tecido ósseo e tecido cartilaginoso.
• Tecido muscular.
• Tecido nervoso.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
102 © Biologia Humana

1) Durante o estudo desta última unidade, tente construir


o mapa conceitual dos conteúdos apresentados.
2) Para compreender a Histologia, você deverá ter em men-
te todos os conceitos estudados em Citologia; portanto,
caso ainda tenha dúvidas sobre os conteúdos estudados
nas unidades anteriores, esta será a hora de solucioná-
las.
3) Pesquise em livros e na internet sobre a importância dos
tecidos para a constituição do corpo humano e para a
atividade física, e como o exercício físico pode alterá-
los.
4) É importante que você leia o texto com atenção e anali-
se os cortes histológicos representados nas figuras para
compreender a estrutura dos tecidos epiteliais. Não se
esqueça de anotar os pontos mais relevantes e as suas
dúvidas para serem solucionadas com seu tutor.
5) Aprofunde seu conhecimento estudando o processo de
contração muscular nas bibliografias indicadas.
6) Analise as figuras e estude o processo de transmissão de
impulso nervoso, analisando a despolarização e a repo-
larização.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de con-
hecer os dois tipos celulares básicos e caracterizar cada um, anal-
isando sua composição estrutural e química, assim como os com-
partimentos celulares, suas funções e interdependência.
Agora, nesta unidade, poderemos nos dedicar ao estudo da
composição dos principais tipos de tecidos do corpo humano e à
análise de suas funções.
Inicialmente, faremos uma breve análise sobre a formação,
os principais tipos e a classificação dos tecidos do corpo humano.
© U4 - Fundamentos de Histologia 103

Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de


identificar e classificar os tipos básicos de tecidos humanos, com
suas respectivas funções, o que lhe proporcionará um amplo con-
hecimento para o ensino e a prática de atividades físicas com segu-
rança, reduzindo o risco de lesão de seus futuros alunos.
Então, vamos lá! Bom estudo!

5. HISTOLOGIA
A Histologia pode ser definida como a ciência que estuda a
organização e as funções dos tecidos corporais. Esse estudo ajuda
a compreender a anatomia e as doenças.
Mas o que são os tecidos?
Os tecidos são um conjunto de células que exercem a mes-
ma função e que consequentemente formarão os órgãos. São ba-
sicamente constituídos de células e matriz extracelular produzida
pelas próprias células. Dependendo do tipo de tecido, pode haver
escassez ou abundância de material extracelular.
Embora o corpo humano seja bastante complexo, há basi-
camente quatro tipos de tecidos, que não estão isolados, mas li-
gados entre si para formar os órgãos que compõem os sistemas
orgânicos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1995).
Os quatro tipos básicos de tecidos humanos são:
1) Tecido epitelial.
2) Tecido conjuntivo.
3) Tecido muscular.
4) Tecido nervoso.
Você pode estar se perguntando: como esses tecidos são for-
mados? Bem, vamos tentar entender.
Como vimos na unidade anterior, o organismo humano é
composto de 46 cromossomos, sendo 23 de sua mãe e 23 de seu

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104 © Biologia Humana

pai. O espermatozoide (23, X ou Y) encontra-se com o ovócito (23,


X) e ocorre a fecundação, gerando um zigoto. Esse zigoto passa por
mitose e transforma-se em um blastômero, que tem a capacidade
de gerar todos os tipos celulares que compõem os vários tipos de
tecidos do organismo. Essas células são chamadas de completa-
mente indiferenciadas ou totipotentes.
Para a formação de um tecido, as células totipotentes pas-
sam por um processo de diferenciação celular e passam a apre-
sentar certas características e a exercer funções especializadas; a
partir de então, não podem mais originar células com outras fun-
ções. Por exemplo, se uma célula totipotente se especializar em
contração muscular, constituirá o tecido muscular e perderá a sua
capacidade de gerar outras células. Além disso, as células difer-
enciadas passam a sintetizar a matriz extracelular específica para
cada tipo de tecido, cuja composição básica são proteínas, fibras
(colágenas, elásticas e reticulares), pouco ou muito hidratadas.
As células com a mesma função estabelecem associações per-
manentes para formar os tecidos, denominadas junções celulares.
Essas junções permitem a união entre as células, estabelecendo
comunicações entre seus citoplasmas, ou vedam os espaços entre
as células para impedir a passagem de substâncias. Dependendo
de qual função ela exerce, as junções celulares podem ser classifi-
cadas em três grupos:
• Junções aderentes ou desmossomos: une fortemente
uma célula à outra.
• Zônula oclusiva: vedação entre as células.
• Junção comunicante ou gap junction: permite a comuni-
cação entre as células.

6. TECIDO EPITELIAL
O tecido epitelial é constituído por células justapostas, isto
é, intimamente aderidas umas às outras, formando uma camada
celular contínua com pouquíssimo material extracelular.
© U4 - Fundamentos de Histologia 105

Distinguem-se basicamente dois tipos de tecidos epiteliais,


segundo sua estrutura e função, sendo eles o epitélio de revesti-
mento e o epitélio glandular.
Os epitélios de revestimentos, como o próprio nome sugere,
revestem as superfícies externas e as cavidades do corpo, como
pele, cavidade bucal, tubo digestório, mucosas das fossas nasais,
árvore respiratória etc. Já os epitélios glandulares são formados
por células com capacidade de secreção, como, por exemplo, glân-
dulas salivares e sudoríparas.
Não podemos deixar de falar de um tipo especial de epitélio,
cuja função é captar estímulos externos como luz, odor, gosto, de-
nominado neuroepitélio.
Vamos, agora, estudar esses epitélios isoladamente.

Epitélio de revestimento
Como já foi dito, os epitélios fazem o revestimento das su-
perfícies externas e das cavidades do corpo. Devido à sua local-
ização, apresentam funções de proteção do organismo, formando
uma barreira contra a entrada de micro-organismos, além de atuar
na absorção de nutrientes e na divisão do organismo em compar-
timentos funcionais.
Como característica geral, as células epiteliais apresentam
em sua superfície uma delgada camada de proteína chamada gli-
cocálice ou glicocálix, que são fundamentais para os processos vi-
tais destas células. Além do glicocálice, possuem uma lâmina basal,
na qual as células epiteliais se prendem e também se separam do
tecido conjuntivo adjacente. A lâmina basal, por ser muito delga-
da, não pode ser observada no microscópio óptico e é constituída
por colágeno tipo IV. No entanto, em algumas regiões, apresen-
tam inúmeras fibras reticulares presas a ela, formando uma estru-
tura visível ao microscópio óptico, denominada membrana basal.
Portanto, a membrana basal é formada pela lâmina basal mais as
fibras reticulares. As estruturas do tecido epitelial podem ser ob-
servadas na Figura 1.

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106 © Biologia Humana

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig. 5. 4 do Atlas


colorido).
Figura 1 Corte histológico de uretra masculina,
mostrando a membrana basal e o tecido epitelial.

O tecido epitelial pode ser classificado segundo a morfologia


(forma) de suas células, número de camadas celulares, presença
da proteína estrutural queratina e presença de especializações.
De acordo com a morfologia celular, o epitélio pode ser clas-
sificado em:
1) Cuboide, cuboidal ou cúbicas: células com formato cú-
bico, com a altura, largura e profundidade equivalentes.
2) Colunar ou prismático: células com a forma de colunas
altas, nas quais a altura é maior que o comprimento e a
profundidade.
3) Pavimentoso: células com o formato achatado.
4) De transição: a forma da célula muda conforme a posi-
ção do órgão que reveste.
Já de acordo com o número de camadas celulares, o tecido
epitelial pode ser classificado em:
• Simples: possui apenas uma camada de células presas à
lâmina basal.
• Estratificado: possui mais de (uma) camada de células.
© U4 - Fundamentos de Histologia 107

• Pseudoestratificado: possui a aparência do estratificado,


porém todas as suas células estão presas à lâmina basal.
Para nomear os epitélios, os dois critérios, isto é, a morfolo-
gia celular e o número de camadas, podem ser utilizados; assim,
podemos ter:
1) Epitélios simples.
2) Tecido epitelial cúbico ou cuboidal (sempre simples):
formado por uma camada de células com formato cú-
bico, cuja função é de absorção, secreção e proteção.
Exemplos: revestimento dos ovários, túbulo renal.
3) Tecido epitelial pavimentoso simples: formado por uma
camada de células com formato pavimentoso. Devido à
sua pequena espessura, atua na troca de gases. Exem-
plos: revestimento de vasos (endotélio), alvéolos pulmo-
nares, como também revestimentos das cavidades peri-
toneal, pericárdica e pleural (mesotélio).
4) Tecido epitelial prismático simples: formado por uma
camada de células com formato prismático. Exemplo:
revestimento do intestino delgado.
5) Tecido epitelial pseudoestratificado (sempre prismáti-
co): formado por uma camada de células, com núcleos
em várias alturas, parecendo que é estratificado. As fun-
ções desse tecido são de secreção, absorção, lubrifica-
ção, proteção e transporte. Exemplos: revestimento da
traqueia, dos brônquios e tubo auditivo. Observe esse
tipo de tecido na Figura 3.
Confira, na Figura 2, os cortes histológicos e fique atento aos
tipos de tecido epiteliais simples.
.

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108 © Biologia Humana

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig. 4.1 do Atlas colorido).


Figura 2 Cortes histológicos mostrando os tipos de tecido
epiteliais simples: (A) tecido epitelial pavimentoso simples,
(B) tecido epitelial cúbico e (C) tecido epitelial prismático
simples.

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig.4.2B do Atlas colorido).


Figura 3 Cortes histológicos mostrando o tecido epitelial
prismático pseudoestratificado.

Epitélios estratificados
Para classificação morfológica celular dos tecidos epiteliais es-
tratificados, utiliza-se como critério a forma das células da camada
mais superficial do tecido e, assim, podem ser classificados em:
• Tecido epitelial pavimentoso estratificado: formado por
várias camadas de células, em que a forma das células
mais externa é achatada. Pode ser queratinizado (pre-
sença de queratina) ou não queratinizado (ausência de
queratina). A pele é um exemplo de tecido epitelial pavi-
© U4 - Fundamentos de Histologia 109

mento estratificado queratinizado. Os não queratinizados


revestem a boca, a orofaringe, o esôfago e a vagina.
• Tecido epitelial estratificado de transição: é um tipo de
epitélio exclusivo do sistema urinário, sendo caracteriza-
do por células que mudam sua forma de acordo com a
posição do órgão, no caso, a bexiga urinária.
• Tecido epitelial prismático estratificado: formado por vá-
rias camadas de células, em que a forma das células mais
externas é prismática. São encontrados, na conjuntiva
dos olhos, grandes ductos excretores e uretra masculina,
apresentando funções de secreção, absorção e proteção.
Observe, nas Figuras 4 e 5, os cortes histológicos dos tecidos
estratificados.

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig. 4.3A, 4.3B e 4.4 do Atlas colorido).
Figura 4 Cortes histológicos mostrando os tecidos epiteliais estratificados e de transição:
(A) tecido epitelial pavimentoso estratificado não queratinizado, (B) tecido epitelial
pavimentoso estratificado queratinizado e (C) tecido epitelial de transição.

Epitélio glandular
O tecido epitelial glandular é formado por células que se es-
pecializaram na produção e na secreção de substâncias. São origi-
nados do tecido epitelial de revestimento, cujas células se prolif-

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110 © Biologia Humana

eraram, aprofundaram e invadiram o tecido conjuntivo adjacente,


apresentando uma lâmina basal ao seu redor, formando, assim,
uma glândula.
Há dois tipos básicos de glândulas:
1) Glândula exócrina: apresenta um ducto que conduz o
produto da secreção para a superfície epitelial. As glân-
dulas exócrinas apresentam, além do ducto secretor, uma
porção secretora que produz a secreção. Podem ser clas-
sificadas de acordo com a ramificação do ducto (simples e
composta), quanto à forma da porção secretora (tubulo-
sa, acinosa ou alveolares e túbulo-alveolares) e quanto ao
tipo de substância secretada (mucosa, serosa ou mista).
2) Glândula endócrina: não apresentam ductos, e a secre-
ção ocorre no meio extracelular e é levada pelo sangue.
As glândulas endócrinas podem ser cordonais, quando
as células se dispõem em cordões ao redor dos capilares
sanguíneos, ou vesiculares, quando as células formam
uma vesícula que armazena os produtos de secreção.

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995, p. 57).


Figura 5 Desenho esquemático demonstrando a origem das glândulas
exócrinas e endócrinas a partir das superfícies epiteliais.
© U4 - Fundamentos de Histologia 111

7. TECIDO CONJUNTIVO
O tecido conjuntivo caracteriza-se pela presença de diversos
tipos celulares separados por abundante material extracelular ou
matriz extracelular. A matriz extracelular é composta pelas chama-
das fibras do conjuntivo e pela substância fundamental amorfa,
que é uma substância transparente que parece um gel semifluido,
composto por polissacarídeos, glicoproteínas, fibras colágenas e
elásticas.
Do ponto de vista funcional, o tecido conjuntivo proporciona
a sustentação estrutural e metabólica para os tecidos e órgãos do
corpo humano, estabelece a integração entre os diferentes teci-
dos corporais, bem como regula a troca de nutrientes, gases e
metabólitos entre os tecidos e sistema circulatório. Também está
envolvido no armazenamento de gorduras em seus adipócitos e
participa das defesas do organismo, fazendo uma barreira contra
a entrada de micro-organismo e participando do sistema imune,
por meio de suas células. Não podemos deixar de lembrar que as
células e as fibras do tecido conjuntivo participam ativamente do
processo de cicatrização e reparo após lesões teciduais.
O tecido conjuntivo pode ser classificado em:
1) Tecido conjuntivo propriamente dito: pode ser frouxo,
denso (modelado ou não modelado).
2) Tecido conjuntivo com propriedades especiais: tecido
adiposo, tecido elástico, hemocitopoético, tecido muco-
so.
3) Tecido ósseo.
4) Tecido cartilaginoso.
Neste momento, vamos nos concentrar no estudo do tecido
conjuntivo propriamente dito.
O tecido conjuntivo propriamente dito, como todos os out-
ros, é constituído de células e matriz extracelular composta de fi-
bras colágenas, elásticas e reticulares e substância fundamental

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112 © Biologia Humana

amorfa. Possui como funções a manutenção da forma do corpo,


a ligação dos demais tecidos que formam os órgãos e preenchi-
mento.
Os três tipos de fibras do conjuntivo são:
1) Fibras colágenas: compostas pela proteína estrutural
colágeno, que apresenta grande resistência às pressões.
São encontrados no corpo humano cerca de 12 tipos de
colágenos, dos quais 90% são classificados como coláge-
no tipo I.
2) Fibras elásticas: compostas pela proteína elastina e pos-
suem a propriedade de ceder às pressões e retornar à
posição inicial ao cessarem as pressões.
3) Fibras reticulares: menos abundantes e estão geralmen-
te associadas às fibras colágenas.
Observe, na Figura 6, a aparência das fibras do conjuntivo.

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) ( 5.2 e 5.3 do Atlas colorido). Figura 6 Cortes histológicos
mostrando as fibras colágenas, elásticas e reticulares do tecido conjuntivo.

Além das fibras, o tecido conjuntivo é composto de vários ti-


pos celulares, que podem ser encontrados somente no tecido con-
juntivo ou provenientes do sangue. Essas células são: fibroblastos,
macrófagos, mastócito, plasmócito, leucócito e células adiposas.
Os fibroblastos são células próprias do tecido conjuntivo e as
mais abundantes e importantes para sua manutenção, sendo re-
sponsáveis pela formação das fibras do conjuntivo e pela produção
e manutenção do material extracelular. O fibroblasto está em in-
© U4 - Fundamentos de Histologia 113

tensa atividade, produzindo as fibras e o material extracelular. No


entanto, em algumas células, ele pode estar em um estado de
repouso (quiescência), sendo chamado de fibrócito. É, também,
muito importante no processo de cicatrização.
Após uma lesão, na qual há perda de grande quantidade de
células, ocorre a intensa proliferação dos fibroblastos, o que repa-
ra a lesão. A esse tecido que se formou chamamos cicatriz, o qual,
dependendo da extensão da lesão, pode comprometer a função
da região.
As outras células do conjuntivo participam dos processos
de defesa e resposta imunitária do organismo, habitando o tecido
conjuntivo caso haja algum processo inflamatório. Os macrófagos
são células móveis e que possuem muitos lisossomos no seu cito-
plasma. Portanto, são células responsáveis pela fagocitose. Já os
mastócitos são células grandes que possuem em seu citoplasma
estruturas contendo os mediadores químicos que estão envolvi-
dos no processo inflamatório do tecido e na resposta alérgica. Os
plasmócitos sintetizam e secretam os anticorpos durante a res-
posta inflamatória. Os leucócitos são células que participam da
primeira barreira de defesa do organismo contra a entrada de mi-
cro-organismos, sendo os mais encontrados no tecido conjuntivo
os neutófilos, eosinófilos e linfócitos (T e B).
A substância fundamental amorfa é responsável pelo
preenchimento dos espaços entre as células e as fibras do tecido
conjuntivo propriamente dito. É bastante hidratada e apresenta
inúmeras proteínas estruturais. A água existente no material ex-
tracelular é proveniente do sangue, passando através dos capilares
arteriais sanguíneos para o tecido conjuntivo, e, depois, retorna
para os capilares venosos ou linfáticos.
Para que isso aconteça, há duas pressões atuando: uma é
a pressão hidrostática do sangue (pressão arterial), que faz que a
água saia do capilar; e a outra é a pressão osmótica (coloidosmóti-
ca) do plasma sanguíneo, que faz que a água retorne para o capilar

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114 © Biologia Humana

venoso. Em condições normais, a pressão hidrostática aumenta e


a água vai para o tecido conjuntivo e, com o aumento da pressão
osmótica, a água retorna para o capilar venoso. Entretanto, se
houver alguma lesão que altere essas pressões, a água irá acumu-
lar no meio extracelular do tecido conjuntivo, causando o edema
(inchaço).
Em caso de lesões, o melhor a fazer de imediato é colocar gelo
sobre a região afetada, pois, assim, haverá uma vasoconstrição,
diminuindo a quantidade de líquido que sairá do capilar para o
tecido, reduzindo o edema e o risco de uma lesão secundária.
As células adiposas (ou adipócito) são células responsáveis
pela síntese e pelo armazenamento de lipídios, constituindo um
tipo especial de tecido conjuntivo denominado tecido adiposo.
O tecido conjuntivo propriamente dito pode ser classificado
em:
1) Tecido conjuntivo frouxo: caracteriza-se pela presença
de grande quantidade de substância fundamental amor-
fa, na qual estão dispersas as fibras colágenas e elásticas,
muito delgadas e frouxamente entrelaçadas, e as células
do tecido conjuntivo. É bem distribuído pelo organismo
e está presente em locais onde há pouca pressão mecâ-
nica, como, por exemplo, na pele e nas mucosas. Tam-
bém está associado ao tecido epitelial de revestimento
e glandular, formando uma camada em torno dos vasos
sanguíneos linfáticos. Observe esse tipo de tecido na Fi-
gura 7.
2) Tecido conjuntivo denso: possui os mesmos componen-
tes do tecido conjuntivo frouxo, porém, caracteriza-se
pela presença de maior quantidade de fibras colágenas
e menos células, o que lhe oferece maior resistência
às pressões. Dependendo da disposição de suas fibras,
pode ser:
• Tecido conjuntivo denso não modelado: as fibras co-
lágenas estão distribuídas de maneira aleatória, pro-
porcionando resistência mecânica em todas as dire-
© U4 - Fundamentos de Histologia 115

ções. É encontrado nas camadas mais profundas da


pele (derme) e na parede de órgãos ocos (intestinos
e vasos).
• Tecido conjuntivo denso modelado: os feixes de fibras
colágenas estão organizados e paralelamente orienta-
dos. Essa orientação é feita de acordo com o sentido
das forças mecânicas aplicadas, conferindo ao tecido
resistência a ela. É encontrado principalmente em ten-
dões musculares, ligamentos, aponeuroses e fáscias
musculares (membrana que reveste os músculos).
Esses tipos de tecidos podem ser observados na Figura 7.
Analise com atenção a disposição das fibras nesses tecidos.

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig.5.7, 5.8 e 5.9 do Atlas colorido).


Figura 7 Cortes histológicos demonstrando (A) tecido conjuntivo frouxo, (B) tecido conjuntivo
denso não modelado, (C) tecido conjuntivo denso modelado.

Agora que já estudamos a constituição do tecido conjuntivo,


sobretudo do tecido conjuntivo propriamente dito, passaremos ao
estudo de dois tipos especializados de tecido conjuntivo, o tecido
cartilaginoso e o tecido ósseo, os quais são de fundamental im-
portância para os profissionais da Educação Física.

Tecido cartilaginoso
O tecido cartilaginoso é um tipo especial de tecido conjun-
tivo, constituído de células e de abundante material extracelular,
como qualquer tipo de tecido conjuntivo. As células do tecido car-
tilaginoso são os condrobastos e condrócitos. A maior caracterís-

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116 © Biologia Humana

tica da cartilagem é a rigidez, devido à mineralização de sua matriz


extracelular, à presença das fibras colágenas e à capacidade de ab-
sorver impactos em virtude da presença de fibras elásticas.
As funções da cartilagem são:
1) Revestir as superfícies ósseas.
2) Dar suporte aos tecidos moles.
3) Facilitar o deslizamento dos ossos que se articulam.
4) Absorver choques mecânicos.
5) Contribuir na formação e no crescimento de ossos longos.
Outras características importantes do tecido cartilaginoso
são: a ausência de vasos sanguíneos, linfáticos e nervos, sendo nu-
trido pelo pericôndrio ou pelo líquido sinovial. Essas característi-
cas conferem à cartilagem um metabolismo baixo, o que dificulta
sua regeneração após uma lesão.
A fim de atender às necessidades do organismo, diferem-se
três tipos de cartilagens, de acordo com as características de sua
matriz, que são:
• Cartilagem hialina: é o tipo mais frequente no organismo
e pode ser envolvida pelo pericôndrio, que é uma del-
gada camada de tecido conjuntivo. Forma o primeiro es-
queleto no embrião, o qual passará por um processo de
ossificação, denominado ossificação endocondral (será
estudado no tecido ósseo). Uma parte dessa cartilagem
não é invadida pelo tecido ósseo, formando um disco
(disco epifisário) entre a diáfise (corpo) e as epífises (ex-
tremidades) dos ossos longos, cuja função é permitir o
crescimento dos ossos, mas também pode permanecer
no indivíduo adulto revestindo as superfícies ósseas que
se articulam, a cartilagem articular. Pode ser também en-
contrada no aparelho respiratório (fossas nasais, traqueia
e brônquios) e nas costelas.
• Cartilagem elástica: esse tipo de cartilagem se caracteriza
pela presença de fibras elásticas na matriz extracelular,
© U4 - Fundamentos de Histologia 117

dispostas em camadas, proporcionando-lhe maior elasti-


cidade. É encontrada na orelha externa, epiglote, laringe
e ouvido interno.
• Cartilagem fibrosa: é muito semelhante estrutural e fun-
cionalmente com o tecido conjuntivo denso modelado,
sendo resistente às pressões. Outra característica asso-
ciada à fibrocartilagem é a presença de fibras colágenas,
que se orientam de acordo com as forças mecânicas, que
podem ser aplicadas e não apresentam pericôndrio. É en-
contrada nos discos intervertebrais, sínfise púbica (entre
os ossos púbicos do quadril).
Os tipos de tecido cartilaginoso podem ser observados na
Figura 8:

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig. 7.1, 7.3 e 7.4 do Atlas colorido).
Figura 8 Cortes histológicos demonstrando (A) cartilagem hialina, (B) cartilagem elástica e
(C) cartilagem fibrosa.

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Tecido ósseo
O tecido ósseo também é um tecido conjuntivo, mas com
propriedades especiais, apresentando vários tipos celulares e
matriz extracelular. As células do tecido ósseo são as células os-
teogênicas, os osteoblastos, os osteócitos e os osteoclastos. A
principal característica do tecido ósseo é a calcificação da matriz
extracelular, conferindo-lhe muita resistência.
O tecido ósseo forma o esqueleto, que possui importantes
funções, tais como:
1) Proteção de órgãos vitais como encéfalo, medula espi-
nhal e órgãos torácicos (coração e pulmão).
2) Proteção da medula óssea (produtora de células sanguí-
neas).
3) Fonte de cálcio e fosfato.
4) Suporte aos tecidos moles (músculos e ligamentos),
constituindo alavancas que ampliam as forças de contra-
ções musculares.
Vamos, agora, estudar um pouco as características das célu-
las ósseas:
1) Células osteogênicas: estão presentes na superfície da
matriz óssea e são capazes de se proliferar e se diferen-
ciar em osteoblastos; portanto, são importantes para o
crescimento e para a reparação óssea.
2) Osteoblastos: estão dispostos nas superfícies ósseas e são
semelhantes funcionalmente ao condroblasto e ao fibro-
blasto, apresentando alta capacidade de divisão e síntese.
Produzem a parte orgânica da matriz óssea, as fibras colá-
genas, e outros elementos da matriz óssea não mineraliza-
da, chamada osteoide, que posteriormente será minerali-
zada. Alguns osteoblastos sintetizam a matriz ao seu redor,
ficando aprisionados por ela, tornando-se um osteócito.
3) Osteócitos: localizam-se no interior da matriz óssea, em
espaços denominados lacunas, que se comunicam entre
si pelos canalículos, os quais permitem o fluxo interce-
lular de íons e pequenas moléculas. Embora possuam
pouca atividade sintética, são essenciais para a manu-
tenção da matriz óssea.
© U4 - Fundamentos de Histologia 119

4) Osteoclastos: são células móveis, grandes e multinucleadas


que se originam da fusão de células do sangue (monócitos).
Apresentam no seu citoplasma vesículas contendo enzima
digestiva colagenase, que ataca a parte orgânica da matriz
óssea e libera cálcio. Portanto, sua principal função é re-
absorver a matriz óssea, promovendo o modelamento ou
remodelamento ósseo no reparo de fraturas (Figura 9).

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995, p. 112).


Figura 9 Desenho esquemático do tecido ósseo, demonstrando suas células à esquerda, e
corte histológico do tecido ósseo à direita.

A matriz óssea apresenta uma parte orgânica e uma in-


orgânica. A parte orgânica é constituída pelas fibras colágenas, fi-
bras elásticas e pequena quantidade de substância fundamental
amorfa, responsáveis pela resistência e elasticidade óssea. A parte
inorgânica é formada pelos íons cálcio e fosfato, responsáveis pela
rigidez da matriz óssea.
Existem algumas diferenças na composição e na atividade
das células ósseas nas matrizes ósseas, determinando dois tipos
de tecido ósseo: o primário e o secundário.
• Tecido ósseo primário: é o primeiro a ser formado, sen-
do substituído pelo tecido ósseo secundário; portanto, é
incomum em adultos. Apresenta fibras colágenas sem or-
ganização definida, menor quantidade de mineral e maior
porcentagem de osteócitos se comparado ao secundário.
• Tecido ósseo secundário: é o tipo predominante no adul-
to, sendo sua principal característica a organização das
fibras colágenas em lamelas dispostas em camadas ou

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120 © Biologia Humana

paralelas. Quando dispostas em camadas, circundam va-


sos e formam o sistema de Harves, em cujo centro está o
canal de Havers, por onde passam nutrientes, eletrólitos
e água. Os canais de Havers comunicam-se entre si pelos
canais de Volkmann. Essa organização do tecido ósseo
pode ser observada na Figura 10.

Fonte: Mariscot, Carneiro e Abrahamsohn (2004, p. 90).


Figura 10 Desenho esquemático do tecido ósseo, demonstrando
a organização lamelar das fibras colágenas, o sistema de Havers
e o sistema de Volkmann.

A formação do tecido ósseo pode ocorrer pela ossificação


intramembranosa ou pela ossificação endocondral. Vamos estu-
dar, resumidamente, esses dois tipos de ossificação nos parágrafos
seguintes.
A ossificação intramembranosa tem origem a partir de um
molde de tecido conjuntivo, denominado membrana conjuntiva,
na qual ocorre a proliferação de vasos sanguíneos, fazendo que
suas células se diferenciem em osteoblastos que formam o os-
teoide. O osteoide é calcificado formando o osso; é o processo de
ossificação dos ossos do crânio e início da ossificação dos ossos
longos.
A ossificação endocondral ocorre através de um molde de
cartilagem hialina e depende de uma ossificação intramembrano-
sa prévia. É responsável pela formação dos ossos longos e curtos
(membro superior, membro inferior e do tronco). Para que ocorra
© U4 - Fundamentos de Histologia 121

a ossificação, é necessário que o condrócito se hipertrofie e morra


e, consequentemente à morte da matriz cartilaginosa, deixe cavi-
dades que são invadidas pelos vasos sanguíneos, trazendo células
osteogênicas. O processo tem início no centro do molde cartilagi-
noso (centro de ossificação primário) e propaga-se para as extrem-
idades. Posteriormente, começa a ocorrer a ossificação nas duas
epífises (extremidades) ósseas (ossificação secundária).
Os ossos formados são revestidos por uma membrana de
tecido conjuntivo denominada periósteo, que reveste as superfí-
cies interna e externa dos ossos e possui dois folhetos, um super-
ficial e outro profundo, sendo esse último chamado de endósteo.
O endósteo possui células osteogênicas e é essencial para a ma-
nutenção do tecido ósseo. O periósteo e o endósteo têm como
principal função a nutrição óssea, além de servirem de fonte de
osteoblasto para o crescimento e reparo ósseo (Figura 11).

Fonte: Sobotta (1995, p. 7).


Figura 11 Desenho esquemático da ossificação
endocondral, a partir de um molde cartilaginoso.

Para finalizar a análise do tecido ósseo, vamos fazer um breve


estudo sobre o processo de reparo ósseo após uma fratura:
1) Logo após a fratura, os macrófagos chegam ao local e fa-
zem a "limpeza" da área da fratura, removendo coágulos
sanguíneos, restos celulares e da matriz.

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2) O periósteo e o endósteo respondem com proliferação,


formando tecido rico em células osteogênicas.
3) Entre as extremidades ósseas fraturadas, surge o tecido
ósseo primário pela ossificação endocondral de peque-
nos pedaços da cartilagem, como pela intermembrano-
sa.
4) Ocorre a formação do calo ósseo (tecido ósseo primá-
rio).
5) A remodelação óssea ocorre gradualmente com a volta
das atividades devido às pressões e à atividade dos os-
teoclastos.

8. TECIDO MUSCULAR
O tecido muscular é um tecido constituído de células espe-
cializadas em contração, proporcionando os movimentos corporais
ou mudança na forma dos órgãos. Essas células apresentam uma
enorme capacidade de transformar energia química em mecâni-
ca, através da quebra do ATP. Elas sofreram um grande processo
de diferenciação, passando a apresentar muitas particularidades,
dentre as quais destacamos a mudança no nome de seus compo-
nentes, como: sarcolema (membrana plasmática), sarcoplasma
(citoplasma), retículo sarcoplasmático (retículo endoplasmático) e
sarcossomas (mitocôndrias). Outra importante diferenciação des-
sas células é a síntese de proteínas específicas com uma organiza-
ção determinada, tais como os diferentes tipos de actinas, miosi-
nas e proteínas motoras filamentosas.
As células musculares apresentam formato fusiforme, alon-
gadas e são chamadas fibras musculares, as quais se dispõem de
forma paralela para permitir o encurtamento do tecido muscular,
produzindo o movimento.
O tecido muscular, dependendo de suas características mor-
fológicas e funcionais, pode ser classificado em tecido muscular
estriado esquelético, tecido muscular estriado cardíaco e tecido
muscular liso, cujas características serão estudadas a seguir.
© U4 - Fundamentos de Histologia 123

Fonte: Mariscot, Carneiro e Abrahamsohn (2004, p. 126).


Figura 12 Representação dos tipos de tecidos musculares em cortes histológicos
longitudinais (acima) e transversais (abaixo).

Tecido muscular estriado esquelético


O músculo estriado esquelético é o responsável pelo movi-
mento e pela estabilização do esqueleto, estando preso aos ossos.
É de contração rápida, potente e voluntária, ou seja, depende de
sua vontade.
As fibras musculares são extremamente alongadas e multi-
nucleadas, estando os núcleos localizados na periferia das fibras.
Essas fibras são formadas embriologicamente pela fusão de célu-
las menores e alongadas denominadas mioblastos. Possuem uma
estrutura especial denominada miofibrilas, dispostas longitudinal-
mente e apresentando estriações transversais, devido à alternân-
cia de faixas claras e escuras. Essas faixas são, respectivamente,
denominadas banda A e banda I, de modo que a essa última é
apresentada uma linha mediana chamada linha Z.
O fato de esse tipo de tecido muscular ser chamado de es-
triado deve-se à presença de sequências repetidas de unidades
chamadas sarcômeros. O sarcômero é a unidade contrátil funcio-
nal da fibra muscular, formado pela parte da miofibrila entre duas
linhas Z sucessivas (Figura 13).

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Fonte: Lundy-Ekman (2004, p. 159).


Figura 13 Estrutura do músculo esquelético, demonstrando o
sarcômero e as proteínas contráteis.

Além da actina e da miosina, existem mais duas proteínas


contráteis, a tropomiosina e a troponina, que estão ligadas à ac-
tina e as impedem de se fixar à miosina no músculo em repouso.
A contração muscular é produzida pelo deslizamento da actina
sobre a miosina, que se inicia com a liberação do neurotrans-
missor acetilcolina pelo neurônio motor na placa motora. Esse
neurotransmissor se liga aos receptores na membrana da fibra
muscular e provoca a liberação do cálcio armazenado no retículo
sarcoplasmático. O cálcio liga-se à troponina, afastando a tropo-
miosina dos locais de ligação na actina, expondo seus locais ativos
que se ligam à cabeça de miosina, produzindo o deslizamento da
actina sobre a miosina, resultando na contração muscular (Figura
14). Portanto, no processo de contração muscular, os filamentos
de actina (finos) deslizam sobre os filamentos de miosina (espes-
sos), causando uma aproximação das linhas Z.
© U4 - Fundamentos de Histologia 125

Fonte: Lundy-Ekman (2004, p. 160).


Figura 14 Estrutura do músculo esquelético, demonstrando o
sarcômero e as proteínas contráteis.

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig. 10.2 do Atlas


colorido).
Figura 15 Corte histológico demonstrando o tecido
muscular estriado esquelético.

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Tecido muscular estriado cardíaco


O tecido muscular estriado diz respeito ao músculo que com-
põe o coração, denominado miocárdio, e possui características
morfológicas semelhantes ao estriado esquelético, apresentando
um padrão estriado (Figura 15). Sua contração é rápida e potente,
porém, ocorre de forma involuntária, isto é, sem sua consciência.
As fibras do músculo cardíaco são longas e estriadas, conten-
do um ou dois núcleos de localização central. Uma particularidade
das fibras cardíacas é sua associação, umas com as outras, me-
diante junções especializadas, denominadas discos intercalares,
dispostos em intervalos regulares, responsáveis pela propagação
rápida do impulso nervoso de uma célula para outra, promovendo
sua contração (Figura 16).

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig. 10.4 do Atlas


colorido).
Figura 16 Corte histológico demonstrando o tecido
muscular estriado cardíaco.

Tecido muscular liso


O tecido muscular liso compõe a musculatura dos órgãos
(sistema digestório, vasos sanguíneos, útero e vesícula biliar) e é
© U4 - Fundamentos de Histologia 127

formado por células alongadas, fusiformes e com apenas um nú-


cleo central. Não apresenta o padrão de estrias transversais, é de
contração lenta e fraca e não está sob controle voluntário, mas,
sim, autômono e hormonal.
As células musculares lisas apresentam feixes de filamentos
contráteis (actina, miosina e tropomiosina) cruzadas em todas as
direções e, quando há um estímulo, nervoso ou hormonal, ocorre
o deslizamento desses filamentos de forma não sincronizada e de
lenta propagação. Um exemplo desse tipo de contração são os mo-
vimentos peristálticos que ocorrem no tubo digestório durante a
digestão dos alimentos (Figura 17).

Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig. 10.5 do Atlas colorido).


Figura 17 Corte histológico demonstrando o tecido muscular
liso.

É interessante mencionar, ainda, que, após a morte, ocorre


uma rigidez ou endurecimento muscular dos membros do cadá-
ver, denominado rigor mortis ou rigidez cadavérica. Essa rigidez
é causada pelas alterações químicas musculares, resultando em
concentrações elevadas de cálcio, formando pontes de ligação
miosina-actina irreversíveis. O rigor mortis aparece em torno de
12 horas após a morte, e permanece até em torno de 36 horas,

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128 © Biologia Humana

quando se tem sua reversão, que ocorre naturalmente devido à


degeneração dos tecidos musculares.

9. TECIDO NERVOSO
O tecido nervoso consiste num complexo sistema de comuni-
cação entre o meio ambiente e o organismo, denominado sistema
nervoso.
O sistema nervoso possui as funções de receber as informa-
ções sensoriais (temperatura, dor, tato, pressão, visão, audição,
paladar) do meio ambiente e do próprio organismo, além de pro-
cessar ou integrar essas informações e produzir uma resposta que
pode ser uma contração muscular, uma secreção hormonal ou uma
contração visceral. É dividido anatomicamente em sistema nervoso
central (SNC), composto pela medula espinhal, tronco encefálico,
cérebro e cerebelo; e sistema nervoso periférico (SNP), composto
pelos nervos (espinhais e cranianos), pelos gânglios sensitivos e
pelas terminações nervosas (receptor e placa motora).
O tecido nervoso é constituído por células e pouca quanti-
dade de matriz extracelular. As suas células são os neurônios e os
vários tipos de células da glia ou neuroglia (Figura 18).

Figura 18 Corte histológico do tecido nervoso, mostrando os neurônios e


as células gliais.
© U4 - Fundamentos de Histologia 129

Neurônio
O neurônio é a unidade funcional do sistema nervoso re-
sponsável pela recepção e transmissão das informações sensoriais
e motoras. Reconhecemos dois tipos de neurônios, os aferentes
(sensoriais) e os eferentes (motores). Vejamos, a seguir, a funcio-
nalidade de cada um:
1) Neurônios aferentes: são responsáveis por transmitir as
informações sensoriais para a medula ou encéfalo (cére-
bro, tronco encefálico e cerebelo).
2) Neurônios eferentes: transmitem os impulsos (respos-
ta) gerados no SNC para o órgão efetuador (músculos e
glândulas).
Todos os neurônios possuem um corpo, chamado pericário,
em que estão localizados o núcleo e o citoplasma. Do corpo, par-
tem prolongamentos semelhantes a galhos de árvores, os dendri-
tos, e outro prolongamento longo, delgado e único, denominado
axônio. O axônio é o responsável pela transmissão das informa-
ções para outros neurônios, músculos ou glândulas. A transmissão
da informação ocorre através de um ponto de contato denomi-
nado sinapse. Para melhor entendimento, observe a Figura 19:

Figura 19 Desenho esquemático dos neurônios e seus componentes.

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130 © Biologia Humana

De acordo com o número de prolongamentos, os neurônios


podem ser classificados em:
1) Neurônio unipolar: possui um único prolongamento a
partir do corpo celular, não sendo encontrado nos seres
humanos.
2) Neurônio bipolar: possui dois prolongamentos que
saem do corpo celular, um dendrito e um axônio, sendo
encontrados no ouvido interno (gânglio coclear e vesti-
bular), na retina e na mucosa olfatória.
3) Neurônio pseudounipolar: possui um prolongamento
saindo do corpo celular, que, a seguir, se divide em dois:
um se dirige para a periferia e outro para o SNC, sendo
denominados, respectivamente, axônio periférico e axô-
nio central. São os neurônios sensoriais que transmitem
os impulsos nervosos da periferia para a medula espi-
nhal.
4) Neurônio multipolar: possui mais de dois prolongamen-
tos que saem do corpo celular, os dendritos e o axônio,
sendo a maioria dos neurônios do sistema nervoso.

Veja os tipos de neurônios ilustrados na Figura 20:

Fonte: Lundy-Ekman (2004, p. 29).


Figura 20 Desenho esquemático dos tipos de neurônios: (A) bipolar, (B)
pseudounipolar, (C) multipolar, (D) multipolar do cerebelo, (E) interneurônio.

Células gliais ou neuroglia


As células da glia estão localizadas entre os neurônios, e
suas funções não são de gerar impulsos nervosos, mas, sim, de dar
© U4 - Fundamentos de Histologia 131

suporte estrutural e funcional para os neurônios. Acredita-se que


há cerca de dez células da glia para cada neurônio.
Outras funções relacionadas a essas células, além de supor-
te, são de sustentação e defesa do sistema nervoso, revestimento
ou isolamento das fibras nervosas e modulação da atividade neu-
ronal.
Os tipos de neuroglia encontrados no sistema nervoso cen-
tral são os astrócitos, os oligodendrócitos, as células ependimárias
e as micróglias. No sistema nervoso periférico, encontram-se as
células de Schwann. As principais características e funções de cada
uma dessas células serão brevemente estudadas a seguir:
1) Astrócitos: são as maiores células gliais, com o forma-
to de estrela, possuindo diversos prolongamentos, cujas
funções estão relacionadas com as trocas metabólicas
entre neurônios e sangue, oferecendo, também, uma
barreira adicional, denominada barreira hematoence-
fálica, que controla a entrada de substância no tecido
nervoso, aumentando as defesas do sistema nervoso.
Os astrócitos sintetizam importantes substâncias para o
metabolismo neuronal e removem do meio extracelular
os restos celulares, excessos de neurotransmissores e
íons.
2) Oligodendrócito: são menores que os astrócitos e pos-
suem poucas ramificações e prolongamentos. Estão dis-
postas em fileiras entre os neurônios e são responsáveis
pela produção e pela manutenção da bainha de mielina,
bainha protetora que envolve os neurônios e aumenta a
velocidade da condução nervosa.
3) Células ependimárias: são as células que revestem as
cavidades ventriculares do encéfalo e do canal medular.
Suas funções estão envolvidas com a produção e movi-
mento do líquor (líquido encefalorraquidiano). O líquor
é um fluido aquoso e incolor que tem como função a
proteção mecânica do sistema nervoso central.
4) Micróglias: são as menores das células gliais e têm como
função fagocitar resíduos e estruturas danificadas do sis-

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132 © Biologia Humana

tema nervoso central, tendo, portanto, função de defesa


do tecido nervoso.
5) Células de Schwann: são células que envolvem os axô-
nios do sistema nervoso periférico, sendo responsáveis
pela formação da bainha de mielina desse sistema.
Os neurônios cujos axônios são revestidos pela bainha de
mielina são denominados de mielínicos, enquanto os que a não
apresentam são denominados amielínicos. A bainha de mielina é
interrompida entre cada célula de Schwann (SNP) e cada prolon-
gamento do oligodendrócito (SNC) pelo nódulo de Ranvier. Sua
função é promover isolamento elétrico das fibras, aumentando a
velocidade da condução nervosa, de tal modo que o impulso ner-
voso em uma fibra mielínica é conduzido cerca de 100 vezes mais
rápido do que na fibra amielínica. O impulso nervoso é passado
de um nódulo de Ranvier para outro nódulo de Ranvier, como se
saltasse, sendo, portanto, chamada de condução saltatória.

Para melhor compreensão dos tipos de neuroglia encontra-


dos no sistema nervoso central, observe a Figura 21:

Fonte: Lundy-Ekman (2004, p. 22-23).


Figura 21 Desenho esquemático das células da glia (A) astrócito e (B) oligodendrócito (A) e
Células de Schwann (B).

Todos os neurônios possuem um potencial elétrico através


de suas membranas, denominado potencial da membrana. Em re-
© U4 - Fundamentos de Histologia 133

pouso, esse potencial é negativo no interior da membrana e positi-


vo no seu exterior; é essa diferença de concentrações iônicas entre
os meios que mantém o potencial da membrana.
É importante saber que essa polaridade ocorre devido à alta
concentração de íons sódio, com carga positiva, no meio extrace-
lular, enquanto o líquido intracelular possui alta concentração de
íons potássio e de grandes moléculas de proteínas, portadoras de
cargas negativas que nunca saem do interior da fibra.
Para controlar o trânsito de íons, a membrana possui inúme-
ros canais e, é claro, a bomba de sódio-potássio. Para transmitir um
impulso nervoso, é necessário que haja uma alteração súbita das
polaridades da membrana, tornando-se positiva no meio interno e
negativa no meio externo, o que é conhecido por despolarização
da membrana. Quando ocorre a propagação da despolarização por
toda a membrana do axônio, gera-se um potencial de ação, que é
iniciado pela abertura de canais de sódio, que permitem a entrada
do sódio, eletricamente positivo, na célula, tornando a membrana
positiva. O potencial de ação propaga-se ao longo da fibra nervo-
sa, gerando um impulso nervoso, que transmite as informações de
uma parte do organismo para outra. Após a passagem do impulso
nervoso, a membrana retorna a seu valor negativo de repouso;
esse estágio é chamado de repolarização (Figura 22).

Figura 22 Desenho esquemático da geração e


propagação do impulso nervoso.

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134 © Biologia Humana

A observação macroscópica do sistema nervoso central per-


mite-nos identificar a presença de uma parte clara denominada
substância branca e uma mais escura denominada substância cin-
zenta. A substância branca é composta de células da glia e axônios
mielinizados responsáveis por sua coloração branca, ao passo que
a substância cinzenta é composta pelos corpos de neurônios, pro-
longamentos iniciais dos axônios e células da glia.

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Quais os tipos de tecidos?

2) Qual a constituição e as funções do tecido epitelial?

3) Qual a constituição e as funções do tecido conjuntivo?

4) Qual a constituição e as funções dos tecidos ósseo e cartilaginoso?

5) Qual a constituição e as funções do tecido muscular?

6) Qual a constituição e as funções do tecido nervoso?

11. CONSIDERAÇÕES
Ao longo do estudo desta unidade, foi possível perceber
que as células não permanecem isoladas no organismo, mas, sim,
diferenciam-se e agrupam-se com outras que apresentam as mes-
mas características para constituírem os tecidos corporais. Embora
o organismo humano seja bastante complexo, distinguem-se qua-
tro tipos básicos de tecidos, o epitelial, o conjuntivo, o muscular e
o nervoso, que se associam para formar os órgãos.
O tecido epitelial possui a função de revestimento da superfície
externa e das cavidades do corpo e, também, de secreção. Geral-
mente, não está sozinho, mas, sim, associado ao tecido conjuntivo.
© U4 - Fundamentos de Histologia 135

O tecido conjuntivo pode ser dividido em tecido conjuntivo


propriamente dito frouxo, denso não modelado e denso modela-
do, tecidos especializados (adiposo, mucoso etc.), tecido cartilagi-
noso e tecido ósseo. A principal característica do tecido conjuntivo
é a presença de vários tipos celulares (fibroblastos e células prove-
nientes do sangue) e de grande quantidade de substância extrace-
lular, ou matriz extracelular, contendo fibras colágenas, elásticas e
reticulares. Suas principais funções são de sustentação, preenchi-
mento, defesa, reparo tecidual, armazenamento, transporte e nu-
trição.
Os tecidos cartilaginoso e ósseo são tipos de tecidos conjun-
tivos com propriedades especiais, de modo que o ósseo é o mais
rígido devido à calcificação da matriz extracelular, enquanto o car-
tilaginoso, além de revestir as superfícies ósseas que se articulam,
serve de molde para o desenvolvimento e crescimento dos ossos.
O tecido muscular é o responsável pelos movimentos cor-
porais e viscerais, incluindo os batimentos (contrações) cardíacos.
Suas células possuem proteínas estruturais com alta capacidade
de contração, a actina, a miosina, a tropomiosina e a troponina,
que se deslizam uma sobre a outra durante a contração muscular.
O tecido nervoso forma um sistema complexo com a fun-
ção de receber, processar e conduzir informações, constituindo
o sistema nervoso, que é dividido anatomicamente em sistema
nervoso central e periférico. As células do tecido nervoso são
neurônios (unidade funcional do sistema nervoso) e células da
glia, localizadas entre os neurônios, cujas funções estão relacio-
nadas com isolamento, preenchimento, defesa e sustentação do
tecido nervoso, como também a formação da bainha de mielina.
Para que o professor de Educação Física tenha êxito em suas
atividades, é importante que conheça a constituição básica desses
tecidos, com o objetivo de trabalhar o indivíduo como um todo
e tendo em mente os mecanismos de funcionamento do corpo
humano, podendo evitar lesões ou facilitando sua recuperação.

Claretiano - Centro Universitário


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Portanto, é de fundamental importância que você tenha estudado


com atenção as unidades e pesquisado as bibliografias e os sites
sugeridos.

12. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 18 – Corte histológico do tecido nervoso, mostrando os neurônios e as células
gliais: disponível em: <http://www.notapositiva.com/superior/enfermagem/anatomia/
tecidonervoso.htm>. Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 19 – Desenho esquemático dos neurônios e seus componentes: disponível em:
<http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/biologia/biologia_animal/
sistema_nervoso/sist_nervoso>. Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 22 – Desenho esquemático da geração e propagação do impulso nervoso:
disponível em: <http://quatilokura.blogspot.com/2007/05/despolarizao-e-repolarizao.
html>. Acesso em: 23 nov. 2010.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2004.
LUNDY-EKMAN, L. Neurociência: fundamentos para reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2004.
MORISCOT, A. S. Histologia para fisioterapia e outras áreas da reabilitação. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
SOBOTTA. Atlas de Anatomia Humana. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

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