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BIOLOGIA HUMANA
Caderno de Referência de Conteúdo
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
574 S578b
Silva, Camila Tavares Valadares da
Biologia humana / Camila Tavares Valadares da Silva – Batatais, SP :
Claretiano, 2013.
136 p.
ISBN: 978-85-67425-25-2
CDD 574
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
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forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Níveis de organização dos seres vivos. Organização da célula eucariótica. Mem-
branas celulares: estrutura e função. Transporte entre membranas: difusão, di-
fusão facilitada. Bomba de Na+ e K+. Organelas celulares: estrutura e função.
Mitocôndrias e a produção de energia na célula: aspectos gerais dos processos
anaeróbios e aeróbios e a fisiologia celular. Síntese de Proteínas. Síntese de Lipí-
deos. Tecidos: definição, classificação e aspectos gerais. Tecido Epitelial. Tecido
Conjuntivo. Tecido Ósseo. Tecido Muscular. Tecido Nervoso.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Neste Caderno de Referência de Conteúdo, você encontrará
as unidades básicas que o ajudarão a compreender a importância
dos conhecimentos básicos da biologia humana celular e tecidu-
al como pré-requisito para outras disciplinas e para a formação
de um profissional voltado à promoção e à manutenção da saúde,
tanto na nossa sociedade de uma maneira geral como no contexto
8 © Biologia Humana
Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entan-
to, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico
necessário a partir do qual você possa construir um referencial te-
órico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro
exercício de sua profissão, você a exerça com competência cogniti-
va, ética e responsabilidade social.
Para apresentarmos uma síntese deste caderno, dividimos
este estudo em três partes. A primeira delas trata da visão geral
da biologia humana, iniciando com a descoberta do microscópio
e das células e sua importância para as ciências da saúde. Além
disso, veremos os tipos básicos de células e suas constituições.
A segunda parte de conteúdos apresenta alguns conceitos
sobre citologia, fazendo uma breve análise da composição química
e da morfologia de uma célula humana. Além desses conceitos,
verificaremos a importância deste estudo para os profissionais da
Educação Física.
Na terceira e última parte, estudaremos a Histologia, que é o
estudo dos tecidos que compõem o organismo humano. Faremos
a conceituação de cada tipo tecidual, sua constituição, organização
© Caderno de Referência de Conteúdo 11
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom do-
mínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo.
Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Autótrofos: são os seres vivos, como as plantas e algas,
capazes de utilizar a energia solar, que, por meio de um
processo chamado fotossíntese, transformam CO2 e H2O
em carboidratos.
2) Biomoléculas: são compostos químicos sintetizados pe-
los seres vivos que participam da estrutura e do funcio-
namento do organismo vivo.
3) Carioteca: é o nome dado à membrana dupla que envol-
ve o núcleo das células eucarióticas.Também pode ser
chamada de envoltório ou invólucro nuclear.
4) Célula: é a unidade estrutural e funcional fundamental
dos seres vivos. É a menor porção do organismo vivo
5) Citologia: é o ramo da biologia que estuda a composição
e o funcionamento das células.
6) Citosol: também conhecido por matriz citoplasmáti-
ca, é a porção líquida do citoplasma, compreendendo
o espaço entre a membrana plasmática e o núcleo, em
que estão localizadas as organelas. O citosol é compos-
to por água, íons, aminoácidos, precursores de ácidos
nucleicos,enzimas, incluindo as que participam da de-
gradação e síntese de carboidratos, ácidos graxos e ou-
tras moléculas importantes para a célula.
7) Divisão binária: é o tipo de reprodução assexuada, no
qual ocorre a separação da célula-mãe em duas partes.
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Biologia CÉLULAS
Microscópio
Celular Menor unidade
dos seres vivos
Células Células
Citoplasma
rico em
organela
Riqueza em Núcleo
membranas organizado: Ausência de Nucleóide e
Carioteca e membranas citoplasma
com poucas
TECIDOS Nervoso
Epitelial Histologia
Muscular
Neurônio e
Células da
e glandular
Gila
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles
que exigem uma resposta determinada, inalterada.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
© Caderno de Referência de Conteúdo 31
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1. OBJETIVOS
• Entender a conceituação de célula para a compreensão
de suas funções.
• Compreender as propriedades básicas das células.
• Conhecer a organização estrutural das células.
• Distinguir os diferentes tipos celulares.
2. CONTEÚDOS
• Descoberta do microscópio e das células.
• Propriedades básicas da célula animal e sua organização
estrutural.
• Células procarióticas e eucarióticas.
34 © Biologia Humana
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Inicialmente, será feita uma breve apresentação de alguns
aspectos interessantes de correlatos históricos sobre a microsco-
© U1 - Introdução à Biologia Celular 35
Figura 2 Gravura de Anton Van Leeuwenhoek e seu microscópio.
dois níveis, nós ainda temos o nível celular, composto pelas célu-
las que apresentam funções específicas de acordo com a região
em que se encontram; nível tecidual, no qual as células com as
mesmas funções se unem para formar os tecidos (tecido epitelial,
tecido conjuntivo, tecido nervoso, tecido muscular); e o nível or-
gânico, composto pelos órgãos constituídos pelos tecidos com as
mesmas funções (coração, intestino, pulmão, rim etc.). Os seres
humanos apresentam cerca de 75 trilhões de células que, embora
possam se diferir pelo tamanho, função e forma, apresentam pro-
priedades básicas comuns que garantem sua manutenção.
Com relação à sua organização estrutural e química, pode-
mos observar no microscópio que as células apresentam certa
complexidade, demonstrada mediante as diferenças entre a distri-
buição e a forma de suas organelas em espécies diferentes.
Mesmo apresentando essa complexidade, a maioria das cé-
lulas (eucarióticas) é capaz de se reproduzir por meio de um pro-
cesso chamado mitose, no qual uma célula-mãe duplica seu ma-
terial genético (DNA) e o divide em duas células-filhas idênticas à
célula-mãe.
Além disso, as células são capazes de:
1) Adquirir e utilizar a glicose como fonte de energia neces-
sária para realização de atividades metabólicas que re-
querem gasto energético, como, por exemplo, no trans-
porte ativo de substância para fora da célula.
2) Realizar reações químicas através de enzimas, que são
proteínas específicas.
3) Responder a estímulos como luz, calor e hormônios, e,
assim, se preparar para se contrair, se dividir ou se des-
locar.
4) Locomover ou alterar sua forma através de proteínas
motoras.
Essas propriedades são um resumo do que uma célula é ca-
paz de realizar, sendo necessária a realização de leituras comple-
mentares para sua melhor compreensão.
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Vamos aproveitar para verificar como está a sua aprendiza-
gem por meio de uma autoavaliação. Tente responder para si mes-
mo às seguintes questões:
1) O que é uma célula?
9. CONSIDERAÇÕES
Nesta primeira unidade, foram feitas breves considerações
iniciais sobre a biologia humana, começando com a invenção do
microscópio e a descoberta das células, assim como seus principais
pesquisadores. Ficou claro que a invenção do microscópio possibi-
litou a descoberta da célula, que é a unidade estrutural e funcional
fundamental dos seres vivos, e isso foi de grande importância para
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10. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 1 –Gravura de Robert Hooke, seu microscópio e as células da cortiça: disponível
em:<http://www.nndb.com/people/356/000087095>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 2 –Gravura de Anton Van Leeuwenhoek e seu microscópio: disponível em:
<http://www.clt.astate.edu/mhuss/toppage6.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 3 –Desenho esquemático da célula procariótica representada pela bactéria
Escherichia Colli: disponível em:<http://www.marcobueno.net/resumos/resumo.asp?f_
id_resumo=42>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 4 –Desenho esquemático da célula eucarionte animal:disponível em: <http://fai.
unne.edu.ar/biologia/cel_euca/images/celulaaldea.gif>. Acesso em: 3 maio 2009.
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1. OBJETIVOS
• Conhecer e analisar as principais moléculas que com-
põem as células.
• Identificar e classificar as propriedades das biomolécu-
las.
• Compreender a importância das biomoléculas para o me-
tabolismo celular.
2. CONTEÚDOS
• Água.
• Carboidratos.
• Lipídios.
• Proteínas.
• Ácidos nucleicos.
48 © Biologia Humana
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na primeira unidade, procuramos demonstrar, por meio de
um breve histórico, como se deu a descoberta das células e do mi-
croscópio, e a sua importância para o desenvolvimento da biologia
celular. Analisamos, também, as propriedades básicas das células
e, por fim, os dois tipos básicos celulares, as células procarióticas
e as eucarióticas.
Dando continuidade ao nosso estudo sobre as propriedades
das células, analisaremos, nesta unidade, as moléculas que atuam
© U2 - Composição Química da Célula 49
5. ÁGUA
De todas as biomoléculas, a água possui propriedades quí-
micas que a tornam indispensável para os organismos vivos.
A água é o maior constituinte de um organismo, tanto que o
corpo humano é composto por cerca de 70% de água, fazendo-se,
portanto, necessária para todos os processos metabólicos celulares.
Desde o Ensino Fundamental, aprendemos que a água é
composta por um átomo de oxigênio ligado a dois átomos de hi-
drogênio (H2O). A ligação entre os átomos de hidrogênio e o de
oxigênio não ocorre de forma linear, mas, sim, num ângulo de
aproximadamente 104,9º, apresentando, assim, um polo positivo
(formado pelos hidrogênios) e um polo negativo (formado pelo oxi-
6. CARBOIDRATOS
Os carboidratos são as moléculas mais abundantes na natu-
reza e podem ser considerados a principal fonte de energia celular
(metabolismo celular). São, também, os constituintes estruturais
da membrana celular e da matriz extracelular.
Trata-se dos açúcares, também chamados de glicídios. Con-
tudo, o fato de serem açúcares não significa que terão o paladar
doce. Por exemplo, a maisena e a farinha de trigo são um tipo de
carboidrato (amido) e não são doces como a glicose (mel) e a fru-
tose (fruta).
Todos os carboidratos são constituídos por carbono, hidrogê-
nio e oxigênio, mais precisamente por um átomo de carbono para
dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio; por isso, podemos
dizer que são hidratos (H2O) de carbono (C). Portanto, a fórmula
geral dos carboidratos pode ser representada por (CH2O)n.
Há três grupos de carboidratos, classificados de acordo com
a quantidade de moléculas (monômeros) em sua constituição:
monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.
• Monossacarídeos: são os carboidratos mais simples (açú-
cares) formados por blocos construtores contendo basi-
camente um carbono, dois hidrogênios e um oxigênio,
representados pela seguinte fórmula: Cn(H2O)n,na qual o
“n” pode variar de 3 a 7.O nome dos monossacarídeos
vai depender da quantidade de carbonos existente na
molécula, ou seja, o “n”. Sendo assim, podemos ter: trio-
Figura 2 Exemplos das estruturas moleculares dos monossacarídeos
glicose, frutose e galactose.
'
Figura 3 Exemplos das estruturas moleculares dos
monossacarídeos ribose e desoxirribose.
7. LIPÍDIOS
Os lipídios são biomoléculas orgânicas constituídas por lon-
gas cadeias hidrocarbonadas apolares ou hidrofobias e, por esse
motivo, são insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos
(éter, benzeno, clorofórmio e álcool). Eles desempenham impor-
tantes funções para os seres vivos, como a de reserva energética e
a estrutural, sendo o principal componente da membrana plasmá-
tica. Os lipídios de reserva energética são armazenados em células
especializadas chamadas células adiposas ou adipócitos.
Outra função importante dos lipídios é a manutenção da
temperatura corporal em animais homeotérmicos (aves e mamí-
feros). A gordura presente no tecido adiposo funciona como um
isolante térmico, impedindo a perda de calor para o meio externo,
mantendo a temperatura do corpo. Além disso, os lipídios são fun-
damentais para absorção das vitaminas A, D, E, K.
Vejamos quais são as três classes de lipídios mais comuns da
célula, de acordo com suas funções de reserva energética e estrutu-
ral: ácidos graxos, fosfolipídios e esteroides.
Ácidos graxos
Os ácidos graxos são formados por uma longa cadeia de car-
bono associados ao hidrogênio, possuindo em uma de suas extre-
midades um grupo carboxila (-COOH), que lhes confere a sua na-
tureza hidrofóbica (insolúvel em água). De modo geral, os ácidos
graxos são compostos por números pares de carbono (16 e 18), e
sua fórmula geral é: COOH–(CH2)n CH3.
Os ácidos graxos podem ser saturados ou insaturados. Os
saturados são quando todos os carbonos de suas cadeias estão
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a) Saturado b) Insaturado
Figura 8 Exemplos das estruturas moleculares dos ácidos graxos A) saturados e B)
insaturados.
Fosfolipídios
Os fosfolipídios são lipídios estruturais que constituem as
membranas celulares (membrana plasmática, envoltório nuclear,
retículo endoplasmático, mitocôndrias etc.). São formados por
duas cadeias de ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol e
a um grupo fosfato (negativamente carregada).
Dessa forma, os fosfolipídios apresentam uma extremidade
apolar, formada pelos ácidos graxos, e uma extremidade polar,
formada pelo grupo fosfato. A extremidade polar é hidrofílica, ou
seja, solúvel em água, enquanto a extremidade apolar é hidrofóbi-
ca, insolúvel em água. Observe, na Figura 10, a estrutura molecular
dos fosfolipídios e, na Figura 11, a sua participação na constituição
da membrana plasmática, que será discutida na Unidade 3.
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Esteroides
Os esteroides são formados por ácidos graxos e alcoóis. O
mais conhecido deles é o colesterol, que também é um lipídio es-
trutural presente na membrana plasmática, reduzindo sua fluidez,
ou seja, tornando-a menos permeável. É, também, a molécula pre-
cursora da síntese de vários hormônios, como a testosterona, o
estrogênio e a progesterona. O colesterol é constituído de cadeias
de carbono e hidrogênio, formando quatro anéis, como podemos
observar na Figura 12.
8. PROTEÍNAS
As proteínas são macromoléculas formadas por uma longa
cadeia de aminoácidos unidos entre si por uma ligação peptídica.
Cada proteína possui uma sequência única de aminoácidos que
lhe permite uma estrutura e uma função específica. Se houver a
mudança de um aminoácido da cadeia, alteram-se a função e a
estrutura da proteína; por esse motivo, a proteína é a biomolécula
com a maior diversidade estrutural e funcional.
Todas as funções básicas celulares dependem de proteínas
específicas que estão presentes em cada organela celular, e po-
dem ter funções estruturais ou enzimáticas (DE ROBERTIS, 2001).
As proteínas estruturais contribuem para a formação tridi-
mensional das células, das partes das células e das membranas,
fornecendo suporte mecânico para a célula. As enzimas são subs-
tâncias que aceleram as reações químicas.
Antes de continuarmos nosso estudo das proteínas, vamos
analisar a estrutura geral dos aminoácidos.
O aminoácido é um ácido orgânico formado por um carbo-
no, chamado carbono alfa, ligado a um grupo carboxila (-COOH) e
a um grupo amina (-NH2). As outras ligações do carbono são com
um hidrogênio e um grupamento R, que consiste num grupamento
químico diferente em cada aminoácido. Para uma melhor compre-
ensão da constituição do aminoácido, analise a figura a seguir.
© U2 - Composição Química da Célula 61
9. ÁCIDOS NUCLEICOS
Os ácidos nucleicos são macromoléculas formadas por uma
longa cadeia de nucleotídeos e são de grande importância bioló-
gica, uma vez que estão relacionados com o controle da ativida-
de celular e com o armazenamento das informações genéticas. As
duas formas de ácidos nucleicos encontrados nos seres vivos são o
DNA (ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido ribonucleico).
Cada nucleotídeo é formado por um carboidrato (pentose),
uma base nitrogenada (purina ou pirimidina) e um grupo fosfato
(PO4H3).
Há duas pentoses que podem formar a estrutura dos ácidos
nucleicos: a ribose (C5H10O5) no RNA e a desoxirribose (C5H10O4) no
DNA.
As bases nitrogenadas possuem uma estrutura em anel, com
átomos de nitrogênio ligados, e podem ser classificadas em puri-
nas e pirimidinas. As purinas são bases maiores, constituídas por
dois anéis e conhecidas por adenina (A) e guanina (G). As pirimidi-
nas são bases menores, formadas por dois anéis, e são conhecidas
como uracila (U), timina (T) e citosina (C). Observe, na Figura 19,
os dois tipos de bases nitrogenadas.
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11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, foi feito um breve estudo sobre as principais
biomoléculas que compõem as células, que são: água, carboidra-
tos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos. Essas biomoléculas são
© U2 - Composição Química da Célula 69
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 1 – Molécula da água: disponível em:<http://profs.ccems.pt/olgafranco/10ano/
biomoleculas.htm>.Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 2 – Exemplos das estruturas moleculares dos monossacarídeos glicose, frutose e
galactose:disponível em:<http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.htm>.
Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 3 – Exemplos das estruturas moleculares dos monossacarídeos ribose e da
desoxirribose:disponível em:<<http://profs.ccems.pt/OlgaFranco/10ano/biomoleculas.
htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 4 – Exemplo da estrutura molecular da lactose:disponível em:<http://www.
infoescola.com/bioquimica/dissacarideo/>. Acesso em: 3 ago. 2010.
Figura 5 – Exemplo da estrutura molecular do amido:disponível em:<http://www.
geocities.com/CapeCanaveral/Launchpad/9071/amido1_4.gif>. Acesso em: 3 ago.
2010.
Figura 6 – Exemplo da estrutura molecular do glicogênio:disponível em: <http://www.
bioq.unb.br/htm/aulas2D/deg_glicg.htm>. Acesso em: 3 ago. 2010.
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1. OBJETIVOS
• Compreender os compartimentos estruturais das células
eucarióticas.
• Distinguir a membrana plasmática e o núcleo.
• Identificar as organelas celulares.
• Conhecer as funções e a interligação das organelas celulares.
2. CONTEÚDOS
• Sistemas de membranas citoplasmáticas.
• Tipos de transporte entre a membrana plasmática.
• Mitocôndrio.
• Núcleo.
• Ciclo de divisão celular e meiose.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, foi possível conhecer os tipos ce-
lulares básicos e as principais biomoléculas que constituem as cé-
lulas eucarióticas. Todo esse conhecimento será importante para
que agora você possa entender o funcionamento da célula.
© U3 - Morfologia Celular 73
5. MEMBRANA PLASMÁTICA
Antes de começar nosso estudo, observe atentamente a
morfologia da célula eucariótica animal na Figura 1.
Lipídios
Os principais componentes lipídicos da membrana plasmáti-
ca são os fosfolipídios, os glicolipídios e o colesterol. As funções
dos lipídios na membrana plasmática são de compor a sua estru-
tura, como já foi explicado, participar do reconhecimento celular
e garantir a aderência entre as células na constituição dos tecidos.
Os fosfolipídios formam a dupla camada de lipídios da membrana,
garantindo sua estrutura. Os glicolipídios são formados pelos car-
boidratos ligados aos lipídios. O colesterol pode ser considerado
como o constituinte mais importante da membrana e está inter-
calado no interior da bicamada de fosfolipídios. Pode ser consid-
erado como uma fortaleza da membrana plasmática, uma vez que
diminui a sua permeabilidade. Portanto, quanto maior for a quan-
tidade de colesterol, menor será a permeabilidade da membrana
plasmática. Observe a disposição dos lipídios na Figura 2.
Proteínas
As proteínas representam o componente funcional mais im-
portante das membranas biológicas, sendo importante não só na
estrutura da membrana, como também para sua permeabilidade,
seja formando canais, seja como transportadora (DE ROBERTIS,
2003). São, também, receptores de sinais e formam as junções ce-
lulares para formação dos tecidos. Podemos encontrar na consti-
tuição da membrana plasmática dois tipos de proteínas:
• Proteínas integrais, intrínsecas ou transmembrânicas:
são as proteínas que atravessam a bicamada lipídica,
projetando-se tanto na superfície externa quanto interna
da membrana plasmática. Em alguns casos, elas podem
não atravessar totalmente as membranas, porém estabe-
lecem fortes ligações com os lipídios. São, em geral, cha-
madas de glicoproteínas, pois apresentam carboidratos
ligados a elas. Essas proteínas participam do transporte
pela membrana constituindo os canais ou transportando
moléculas através da membrana.
© U3 - Morfologia Celular 77
Retículo endoplasmático
O retículo endoplasmático (RE) é formado por um sistema
de membranas intracelulares conectadas entre si, formando tubos
ramificados que delimitam uma cavidade conhecida por lúmen.
© U3 - Morfologia Celular 83
Ribossomos
Os ribossomos são os locais onde ocorre a síntese de pro-
teína. Eles não são limitados por membranas e, portanto, estão
presentes tanto em células procarióticas quanto em eucarióticas.
Geralmente, aparecem unidos pelo RNAm, formando o polirri-
bossomo. Observe a localização dos ribossomos na Figura 7.
Complexo de Golgi
O complexo de Golgi foi descrito por Camilo Golgi em 1898;
porém, só foi realmente definido na década de 1940, após a desco-
© U3 - Morfologia Celular 85
Lisossomos
Os lisossomos são organelas citoplasmáticas formadas pelo
complexo de Golgi, em forma de bolsas circundadas por típica
membrana de bicamada lipídica, que apresentam cerca de 50 ti-
pos de enzimas que hidrolisam proteínas, lipídios, DNA, RNA e
carboidratos. Essas enzimas são hidrolases oxidativas capazes de
digerir diversas substâncias orgânicas.
A principal função do lisossomo é a digestão intracelular. A
digestão pode ser por:
• Heterofagia: digestão de substâncias que entram na célu-
la pelo processo de fagocitose ou pinocitose.
• Autofagia: digestão de substâncias intracelulares, mate-
riais e organelas da própria célula.
7. MITOCÔNDRIO
A mitocôndria (mitocôndrio, no singular) são organelas re-
sponsáveis pela respiração celular. Estas organelas são especializa-
das na produção de energia celular, a partir da síntese de ATP.
Estruturalmente, o mitocôndrio apresenta um sistema duplo
de membranas, sendo uma membrana externa e uma interna, for-
mando dois compartimentos: a matriz mitocondrial e o espaço in-
termembranoso. As composições químicas dessas membranas são
distintas, de modo que a membrana interna apresenta 80% de pro-
teínas e 20% de lipídios, enquanto a membrana externa apresenta
50% de proteínas e 50% de lipídios.
A membrana interna possui várias invaginações, denomina-
das cristas mitocondriais, cuja função é aumentar a superfície da
membrana interna, na qual o conteúdo proteico está diretamente
relacionado com a síntese de ATP.
A membrana externa, por apresentar maior quantidade de lipí-
dios, é mais fluida do que a interna, sendo, portanto, mais permeável.
A estrutura da mitocôndria pode ser observada na Figura 9.
© U3 - Morfologia Celular 87
Interfase
Para que a célula inicie seu processo de divisão celular, ela
precisa se preparar para essa atividade que demanda um alto
gasto de energia. Esse período de preparação é conhecido como
interfase. Trata-se do período em que a célula não apenas aumen-
ta de volume, tamanho e número de organelas, mas, também, e
principalmente, duplica seu DNA. Esse período não deve ser com-
preendido como "descanso", uma vez que a célula está em intenso
Mitose
A mitose é o processo de divisão celular no qual uma célula
denominada célula-mãe se divide em duas células-filhas geneti-
camente idênticas. Pode ser dividida em dois processos: a mitose
propriamente dita ou cariocinese, que é a divisão do núcleo celu-
lar, e citocinese, que é a divisão do citoplasma.
© U3 - Morfologia Celular 95
Meiose
A meiose é o processo de produção de gametas (esperma-
tozoide e ovócito), no qual uma célula com 46 cromossomos (2n)
divide-se em quatro células com metade dos cromossomos da cé-
lula original (n=23) e geneticamente diferentes. Isso torna a re-
produção sexuada possível. Se a reprodução fosse por mitose, o
gameta teria 46 cromossomos, e o zigoto, 92.
Para se reproduzirem, os organismos devem transmitir aos
seus descendentes uma informação genética semelhante àquela
que possuem, não idêntica, pois a grande vantagem da reprodução
sexuada é aumentar a variabilidade genética.
A meiose consiste em duas divisões sucessivas. A primeira
divisão é chamada reducional (meiose I) pelo fato de o número de
cromossomos homólogos se reduzir à metade. Segue-se a segunda
divisão, chamada equacional (meiose II), que mantém o número
haploide de cromossomos.
© U3 - Morfologia Celular 97
11. CONSIDERAÇÕES
Ao longo do estudo desta unidade, foi possível perceber que
a célula funciona como uma pequena máquina, na qual há com-
partimentos especializados em atividades fundamentais para sua
sobrevivência.
A membrana plasmática é fundamental para a proteção e
manutenção celular. Sem a sua permeabilidade seletiva, qualquer
substância poderia invadir a célula e alterar seu metabolismo. A
carioteca protege o material genético (DNA), fundamental à trans-
missão das informações genéticas durante a mitose.
Vimos, na unidade anterior, que a proteína é fundamental
para os processos metabólicos celulares, e, nesta unidade, pu-
demos conhecer sua "fábrica", que é o conjunto formado pelo
retículo endoplasmático rugoso e os ribossomos, presumindo sua
importância. Após a síntese, a proteína é armazenada no com-
plexo de Golgi, que, além disso, é responsável pela sua distribuição
celular.
O mitocôndrio é responsável pela respiração celular, que re-
sulta na produção de energia usada pelas células para a realização
de suas atividades vitais, como movimentação, secreção, multipli-
cação, transporte ativo, entre outras.
© U3 - Morfologia Celular 99
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 1 – Desenho esquemático da célula eucariótica animal: disponível em: <http://
biologiaressu.files.wordpress.com/2010/08/cel-animal.gif>. Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 2 – Desenho esquemático da estrutura da membrana plasmática: disponível em:
<http:// www.mundovestibular.com.br/articles/15/2/CELULAS/Paacutegina2.html>.
Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 3 – Desenho esquemático dos tipos de transporte entre a membrana plasmática:
disponível em: <http://www.tudomaisumpouco.com/aulabio3.html>. Acesso em: 23
nov. 2010.
Figura 4 – Desenho esquemático do transporte ativo: bomba de sódio e potássio:
disponível em: <http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso1.asp>. Acesso em: 23 nov. de
2010.
Figura 5 – Desenho esquemático do transporte em quantidade: fagocitose e pinocitose:
disponível em: <http://www.portalbiologia.com.br/biologia/principal/conteudo.
asp?id=1553>. Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 6 – Desenho esquemático da exocitose: disponível em: <http://clientes.netvisao.
pt/freiremj/img/Exocitose.jpg>. Acesso em: 24 nov. 2010.
Figura 7 – Desenho esquemático do retículo endoplasmático rugoso, retículo
endoplasmático liso e os ribossomos: disponível em: <http://professores.unisanta.br/
maramagenta/Imagens/ANATOMIA/Reticulo%20-%20extr%20euita.bmp>. Acesso em:
24 nov. 2010.
Figura 8 – Desenho esquemático do complexo de Golgi: disponível em: <http://www.
ufmt.br/bionet/conteudos/15.11.04/Ap_Golgi.htm>. Acesso em: 24 nov. 2010.
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1. OBJETIVOS
• Compreender os níveis de organização do organismo.
• Reconhecer a organização celular em tecidos.
• Definir e classificar os principais tipos de tecidos do corpo
humano e suas funções.
2. CONTEÚDOS
• Tecido epitelial.
• Tecido conjuntivo: tecido ósseo e tecido cartilaginoso.
• Tecido muscular.
• Tecido nervoso.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de con-
hecer os dois tipos celulares básicos e caracterizar cada um, anal-
isando sua composição estrutural e química, assim como os com-
partimentos celulares, suas funções e interdependência.
Agora, nesta unidade, poderemos nos dedicar ao estudo da
composição dos principais tipos de tecidos do corpo humano e à
análise de suas funções.
Inicialmente, faremos uma breve análise sobre a formação,
os principais tipos e a classificação dos tecidos do corpo humano.
© U4 - Fundamentos de Histologia 103
5. HISTOLOGIA
A Histologia pode ser definida como a ciência que estuda a
organização e as funções dos tecidos corporais. Esse estudo ajuda
a compreender a anatomia e as doenças.
Mas o que são os tecidos?
Os tecidos são um conjunto de células que exercem a mes-
ma função e que consequentemente formarão os órgãos. São ba-
sicamente constituídos de células e matriz extracelular produzida
pelas próprias células. Dependendo do tipo de tecido, pode haver
escassez ou abundância de material extracelular.
Embora o corpo humano seja bastante complexo, há basi-
camente quatro tipos de tecidos, que não estão isolados, mas li-
gados entre si para formar os órgãos que compõem os sistemas
orgânicos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1995).
Os quatro tipos básicos de tecidos humanos são:
1) Tecido epitelial.
2) Tecido conjuntivo.
3) Tecido muscular.
4) Tecido nervoso.
Você pode estar se perguntando: como esses tecidos são for-
mados? Bem, vamos tentar entender.
Como vimos na unidade anterior, o organismo humano é
composto de 46 cromossomos, sendo 23 de sua mãe e 23 de seu
6. TECIDO EPITELIAL
O tecido epitelial é constituído por células justapostas, isto
é, intimamente aderidas umas às outras, formando uma camada
celular contínua com pouquíssimo material extracelular.
© U4 - Fundamentos de Histologia 105
Epitélio de revestimento
Como já foi dito, os epitélios fazem o revestimento das su-
perfícies externas e das cavidades do corpo. Devido à sua local-
ização, apresentam funções de proteção do organismo, formando
uma barreira contra a entrada de micro-organismos, além de atuar
na absorção de nutrientes e na divisão do organismo em compar-
timentos funcionais.
Como característica geral, as células epiteliais apresentam
em sua superfície uma delgada camada de proteína chamada gli-
cocálice ou glicocálix, que são fundamentais para os processos vi-
tais destas células. Além do glicocálice, possuem uma lâmina basal,
na qual as células epiteliais se prendem e também se separam do
tecido conjuntivo adjacente. A lâmina basal, por ser muito delga-
da, não pode ser observada no microscópio óptico e é constituída
por colágeno tipo IV. No entanto, em algumas regiões, apresen-
tam inúmeras fibras reticulares presas a ela, formando uma estru-
tura visível ao microscópio óptico, denominada membrana basal.
Portanto, a membrana basal é formada pela lâmina basal mais as
fibras reticulares. As estruturas do tecido epitelial podem ser ob-
servadas na Figura 1.
Epitélios estratificados
Para classificação morfológica celular dos tecidos epiteliais es-
tratificados, utiliza-se como critério a forma das células da camada
mais superficial do tecido e, assim, podem ser classificados em:
• Tecido epitelial pavimentoso estratificado: formado por
várias camadas de células, em que a forma das células
mais externa é achatada. Pode ser queratinizado (pre-
sença de queratina) ou não queratinizado (ausência de
queratina). A pele é um exemplo de tecido epitelial pavi-
© U4 - Fundamentos de Histologia 109
Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig. 4.3A, 4.3B e 4.4 do Atlas colorido).
Figura 4 Cortes histológicos mostrando os tecidos epiteliais estratificados e de transição:
(A) tecido epitelial pavimentoso estratificado não queratinizado, (B) tecido epitelial
pavimentoso estratificado queratinizado e (C) tecido epitelial de transição.
Epitélio glandular
O tecido epitelial glandular é formado por células que se es-
pecializaram na produção e na secreção de substâncias. São origi-
nados do tecido epitelial de revestimento, cujas células se prolif-
7. TECIDO CONJUNTIVO
O tecido conjuntivo caracteriza-se pela presença de diversos
tipos celulares separados por abundante material extracelular ou
matriz extracelular. A matriz extracelular é composta pelas chama-
das fibras do conjuntivo e pela substância fundamental amorfa,
que é uma substância transparente que parece um gel semifluido,
composto por polissacarídeos, glicoproteínas, fibras colágenas e
elásticas.
Do ponto de vista funcional, o tecido conjuntivo proporciona
a sustentação estrutural e metabólica para os tecidos e órgãos do
corpo humano, estabelece a integração entre os diferentes teci-
dos corporais, bem como regula a troca de nutrientes, gases e
metabólitos entre os tecidos e sistema circulatório. Também está
envolvido no armazenamento de gorduras em seus adipócitos e
participa das defesas do organismo, fazendo uma barreira contra
a entrada de micro-organismo e participando do sistema imune,
por meio de suas células. Não podemos deixar de lembrar que as
células e as fibras do tecido conjuntivo participam ativamente do
processo de cicatrização e reparo após lesões teciduais.
O tecido conjuntivo pode ser classificado em:
1) Tecido conjuntivo propriamente dito: pode ser frouxo,
denso (modelado ou não modelado).
2) Tecido conjuntivo com propriedades especiais: tecido
adiposo, tecido elástico, hemocitopoético, tecido muco-
so.
3) Tecido ósseo.
4) Tecido cartilaginoso.
Neste momento, vamos nos concentrar no estudo do tecido
conjuntivo propriamente dito.
O tecido conjuntivo propriamente dito, como todos os out-
ros, é constituído de células e matriz extracelular composta de fi-
bras colágenas, elásticas e reticulares e substância fundamental
Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) ( 5.2 e 5.3 do Atlas colorido). Figura 6 Cortes histológicos
mostrando as fibras colágenas, elásticas e reticulares do tecido conjuntivo.
Tecido cartilaginoso
O tecido cartilaginoso é um tipo especial de tecido conjun-
tivo, constituído de células e de abundante material extracelular,
como qualquer tipo de tecido conjuntivo. As células do tecido car-
tilaginoso são os condrobastos e condrócitos. A maior caracterís-
Fonte: Junqueira e Carneiro (1995) (Fig. 7.1, 7.3 e 7.4 do Atlas colorido).
Figura 8 Cortes histológicos demonstrando (A) cartilagem hialina, (B) cartilagem elástica e
(C) cartilagem fibrosa.
Tecido ósseo
O tecido ósseo também é um tecido conjuntivo, mas com
propriedades especiais, apresentando vários tipos celulares e
matriz extracelular. As células do tecido ósseo são as células os-
teogênicas, os osteoblastos, os osteócitos e os osteoclastos. A
principal característica do tecido ósseo é a calcificação da matriz
extracelular, conferindo-lhe muita resistência.
O tecido ósseo forma o esqueleto, que possui importantes
funções, tais como:
1) Proteção de órgãos vitais como encéfalo, medula espi-
nhal e órgãos torácicos (coração e pulmão).
2) Proteção da medula óssea (produtora de células sanguí-
neas).
3) Fonte de cálcio e fosfato.
4) Suporte aos tecidos moles (músculos e ligamentos),
constituindo alavancas que ampliam as forças de contra-
ções musculares.
Vamos, agora, estudar um pouco as características das célu-
las ósseas:
1) Células osteogênicas: estão presentes na superfície da
matriz óssea e são capazes de se proliferar e se diferen-
ciar em osteoblastos; portanto, são importantes para o
crescimento e para a reparação óssea.
2) Osteoblastos: estão dispostos nas superfícies ósseas e são
semelhantes funcionalmente ao condroblasto e ao fibro-
blasto, apresentando alta capacidade de divisão e síntese.
Produzem a parte orgânica da matriz óssea, as fibras colá-
genas, e outros elementos da matriz óssea não mineraliza-
da, chamada osteoide, que posteriormente será minerali-
zada. Alguns osteoblastos sintetizam a matriz ao seu redor,
ficando aprisionados por ela, tornando-se um osteócito.
3) Osteócitos: localizam-se no interior da matriz óssea, em
espaços denominados lacunas, que se comunicam entre
si pelos canalículos, os quais permitem o fluxo interce-
lular de íons e pequenas moléculas. Embora possuam
pouca atividade sintética, são essenciais para a manu-
tenção da matriz óssea.
© U4 - Fundamentos de Histologia 119
8. TECIDO MUSCULAR
O tecido muscular é um tecido constituído de células espe-
cializadas em contração, proporcionando os movimentos corporais
ou mudança na forma dos órgãos. Essas células apresentam uma
enorme capacidade de transformar energia química em mecâni-
ca, através da quebra do ATP. Elas sofreram um grande processo
de diferenciação, passando a apresentar muitas particularidades,
dentre as quais destacamos a mudança no nome de seus compo-
nentes, como: sarcolema (membrana plasmática), sarcoplasma
(citoplasma), retículo sarcoplasmático (retículo endoplasmático) e
sarcossomas (mitocôndrias). Outra importante diferenciação des-
sas células é a síntese de proteínas específicas com uma organiza-
ção determinada, tais como os diferentes tipos de actinas, miosi-
nas e proteínas motoras filamentosas.
As células musculares apresentam formato fusiforme, alon-
gadas e são chamadas fibras musculares, as quais se dispõem de
forma paralela para permitir o encurtamento do tecido muscular,
produzindo o movimento.
O tecido muscular, dependendo de suas características mor-
fológicas e funcionais, pode ser classificado em tecido muscular
estriado esquelético, tecido muscular estriado cardíaco e tecido
muscular liso, cujas características serão estudadas a seguir.
© U4 - Fundamentos de Histologia 123
9. TECIDO NERVOSO
O tecido nervoso consiste num complexo sistema de comuni-
cação entre o meio ambiente e o organismo, denominado sistema
nervoso.
O sistema nervoso possui as funções de receber as informa-
ções sensoriais (temperatura, dor, tato, pressão, visão, audição,
paladar) do meio ambiente e do próprio organismo, além de pro-
cessar ou integrar essas informações e produzir uma resposta que
pode ser uma contração muscular, uma secreção hormonal ou uma
contração visceral. É dividido anatomicamente em sistema nervoso
central (SNC), composto pela medula espinhal, tronco encefálico,
cérebro e cerebelo; e sistema nervoso periférico (SNP), composto
pelos nervos (espinhais e cranianos), pelos gânglios sensitivos e
pelas terminações nervosas (receptor e placa motora).
O tecido nervoso é constituído por células e pouca quanti-
dade de matriz extracelular. As suas células são os neurônios e os
vários tipos de células da glia ou neuroglia (Figura 18).
Neurônio
O neurônio é a unidade funcional do sistema nervoso re-
sponsável pela recepção e transmissão das informações sensoriais
e motoras. Reconhecemos dois tipos de neurônios, os aferentes
(sensoriais) e os eferentes (motores). Vejamos, a seguir, a funcio-
nalidade de cada um:
1) Neurônios aferentes: são responsáveis por transmitir as
informações sensoriais para a medula ou encéfalo (cére-
bro, tronco encefálico e cerebelo).
2) Neurônios eferentes: transmitem os impulsos (respos-
ta) gerados no SNC para o órgão efetuador (músculos e
glândulas).
Todos os neurônios possuem um corpo, chamado pericário,
em que estão localizados o núcleo e o citoplasma. Do corpo, par-
tem prolongamentos semelhantes a galhos de árvores, os dendri-
tos, e outro prolongamento longo, delgado e único, denominado
axônio. O axônio é o responsável pela transmissão das informa-
ções para outros neurônios, músculos ou glândulas. A transmissão
da informação ocorre através de um ponto de contato denomi-
nado sinapse. Para melhor entendimento, observe a Figura 19:
11. CONSIDERAÇÕES
Ao longo do estudo desta unidade, foi possível perceber
que as células não permanecem isoladas no organismo, mas, sim,
diferenciam-se e agrupam-se com outras que apresentam as mes-
mas características para constituírem os tecidos corporais. Embora
o organismo humano seja bastante complexo, distinguem-se qua-
tro tipos básicos de tecidos, o epitelial, o conjuntivo, o muscular e
o nervoso, que se associam para formar os órgãos.
O tecido epitelial possui a função de revestimento da superfície
externa e das cavidades do corpo e, também, de secreção. Geral-
mente, não está sozinho, mas, sim, associado ao tecido conjuntivo.
© U4 - Fundamentos de Histologia 135
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 18 – Corte histológico do tecido nervoso, mostrando os neurônios e as células
gliais: disponível em: <http://www.notapositiva.com/superior/enfermagem/anatomia/
tecidonervoso.htm>. Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 19 – Desenho esquemático dos neurônios e seus componentes: disponível em:
<http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/biologia/biologia_animal/
sistema_nervoso/sist_nervoso>. Acesso em: 23 nov. 2010.
Figura 22 – Desenho esquemático da geração e propagação do impulso nervoso:
disponível em: <http://quatilokura.blogspot.com/2007/05/despolarizao-e-repolarizao.
html>. Acesso em: 23 nov. 2010.