Possibilidades libertárias e pós-coloniais para a gestão de espaços
culturais: considerações Sul/Sur sobre a Casa do Povo
Autor: Renan Gustavo Magalhães Orientadora: Fabiana Felix do Amaral e Silva
RESUMO . MARCOS TEÓRICOS
O trabalho almeja apresentar em linhas gerais as A partir de autores como Maristela Svampa (2007), Raúl características principais dos movimentos sociais Zibechi (2014), Aníbal Quijano (2005) e Boaventura de Sousa contemporâneos na América Latina e entender, de modo Santos (2011), o trabalho procurou analisar, então, a Casa do amplo, se existe a possibilidade de replicar suas Povo a partir de uma possível teoria crítica latinoamericana, metodologias e modos de organização em outros contextos. em processos que respondem a estruturas de poder própria Analisa-se, então, se a gestão de espaços culturais pode dos países do Sul Global, sendo a principal delas a herança atuar em dinâmicas próprias, construídas a partir das colonial. especificidades do território em que se insere e de seus Após uma análise do frequentadores. Para isso, a pesquisa teve como objeto de surgimento do que estudo e referência o Centro Cultural Casa do Povo em São se convencionou Paulo. chamar de Palavras-chave: autonomia; movimentos sociais; gestão movimentos sociais cultural; pós-colonialismo. contemporâneos e de suas ANÁLISE características, o trabalho procura A ideia que se apresenta neste trabalho é a de que, a partir apresentar a partir da análise da trajetória dos movimentos sociais latino- do guarda-chuva americanos, observando suas diferentes metodologias de teórico que atuação que se consolidam, é possível reproduzi-las dentro Boaventura de de outras lógicas. Mesmo tendo como um dos princípios Sousa Santos (2011) definidores a autonomia, a pesquisa apresenta que mesmo define como dentro da lógica do estado é possível construir práticas Conceitualismos do similares a partir de metodologias construídas no cotidiano. sul/sur, como podem Para isso, a pesquisa ser construídas instituições, metodologias, espaços de atuação tem como objeto de e de poder que se afastam do estado herdeiro colonial, criando estudo a Casa do processos que respondem às especificidades de diferentes Povo, centro cultural povos e territórios. Esse desenvolvimento se traduziu com o de São Paulo em que, estudo sobre a Casa do Povo, através da compreensão de seu através das suas território e de suas práticas. especificidades, surge como um interessante CONCLUSÕES caso a ser estudado. O A gestão da Casa do Povo, construída no cotidiano, trabalho sugere que, assemelha-se a modos de organização da vida em tal como visto nos comunidade e que só funciona por estar territorialmente movimentos sociais definida no bairro. Somente no bairro, a partir da construção contemporâneos, a de confiança pessoal entre seus moradores e frequentadores, gestão desse espaço apresenta metodologias construídas é que é possível organizar de tal modo imperativo. Através da especificamente a partir da realidade local, das comunhão de pequenos interesses cotidianos em comum dos especificidades do bairro, dos conceitos de horizontalidade grupos locais (ZIBECHI, 2014, p. 19), é possível avançar nas e autonomia, mesmo de maneira contraditória, em uma atividades do grupo tendo uma base, pequena e localizada, caminhada não linear no que diz respeito a completa para resistir de forma autônoma, mesmo que de maneira vista concretização desses pilares ideológicos. como contraditória. BIBLIOGRAFIA BOOKCHIN, Murray. O bairro, a comuna, a cidade…espaços QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e libertários! Tradução Instituo de Estudos Libertários. Editora América Latina. In. A colonialidade do saber: eurocentrismo e Imaginário: São Paulo, 2003. ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: DE SOUSA SANTOS, Boaventura. Introducción: las epistemologías del CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005. p. 117- Sur. In CIDOB (Org.). FormasOtras: Saber, nombrar, narrar, hacer. 142. Barcelona: CIDOB Ediciones, 2011. P. 9-22. SVAMPA, Maristella. Movimientos sociales y escenario politico: las ZIBECHI, Raúl. Descolonizar el pensamento crítico y las prácticas nuevas inflexiones del paradigma neoliberal en América Latina. emancipatorias. Editorial Quimantú: Santiago de Chile, diciembre 2014. Observatório Social de América Latina – CLACSO. Trabalho apesentado no VI Cumbre del Parlamento Latinoamericano, Caracas, 31 de julio-4 de agosto de 2007