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Recurso Eleitoral no 453-57.2016.6.13.

0068
Zona Eleitoral: 68a, de Carandaí
Recorrente: Clairton Dutra Costa Vieira, candidato a Prefeito, não eleito
Recorrida: Justiça Eleitoral
Relator: Juiz Paulo Rogério Abrantes

Eleições 2016. Recurso eleitoral. Prestação de


contas. Candidato a Prefeito, não eleito.
Desaprovação. Recolhimento de recursos ao
doador e, caso não seja possível, ao Erário.
Abertura tardia de conta bancária destinada
ao recebimento de recursos do fundo
partidário; quitação de despesa de forma
intempestiva; ausência de indicação da fonte
de recursos nos termos de assunção de
dívida acostados aos autos; e ofensa ao
art. 18, 3 1°, da Resolução TSE no
23.463/2017. Irregularidades que ensejam a
desaprovação das contas. Inaplicabilidade
dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.
Recurso não provido.

Vistos, relatados e discutidos os autos do processo acima identificado,


ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, a
unanimidade, e m negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.

Belo Horizonte, 23 de janeiro de 2018.

Juiz Paulo Rogério Abrantes


Relator ;
Sessão de 23/1/2018

Recurso Eleitoral no 453-57.2016.6.13.0068


Zona Eleitoral: 68a, de Carandaí
Recorrente: Clairton Dutra Costa Vieira, candidato a Prefeito, não eleito
Recorrida: Justiça Eleitoral
Relator: Juiz Paulo Rogério Abrantes

O JUIZ PAULO ROGÉRIO ABRANTES - CLAIRTON DUTRA COSTA


VIEIRA, candidato ao cargo de Prefeito, não eleito, recorre da sentença proferida
pela MM. Juíza da 68a Zona Eleitoral, de Carandaí, que julgou desaprovada sua
prestação de contas referente as Eleições de 2016, bem como determinou a
restituição de R$435,90 ao doador Felipe Costa Franco Vieira, ou, na sua
impossibilidade, a restituição ao Erário, e m razão de existência das seguintes
irregularidades: a) abertura tardia de conta bancária destinada ao recebimento
de recursos do Fundo Partidário; b) quitação de despesa de forma intempestiva;
c) ausência de indicação da fonte de recursos nos termos de assunção de divida
acostados aos autos; e d) infração ao art. 18, EJ 10, da Resolução TSE no
23.463120 17.
Afirma que a abertura de conta bancária fora do prazo legal, embora
contrarie as normas regulamentares das eleições, configura mero erro formal
que não compromete a efetiva normalidade das contas. Relata que as contas de
campanha do candidato e do partido foram abertas e m conformidade com a
legislação, mas que a abertura do Fundo Partidário, e tão-somente este, ocorreu
posteriormente. Ressalta, ainda, que não houve movimentação financeira com
recursos provenientes do Fundo Partidário e que pelos extratos juntados não se
vê movimentação entre as contas de campanha do partido e do candidato.

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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERA
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Com relação a quitação de despesa de forma intempestiva, argumenta
que se cuida de valor de pequena monta, Lima vez que a quantia de R$3.500,00
representou importe menor do que 10% dos valores movimentados durante toda
a campanha eleitoral.
Alega que os recursos para quitação de débitos serão oriundos do
candidato e que há a formalização do termo devidamente reconhecida pelo
Diretório Nacional do partido, de forma que não há elementos que determinem
ou prejudiquem a confiabilidade das contas.
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Pede o provimento do recurso para considerar regulares as contas,
ainda que com ressalvas.
A Procuradoria Regional Eleitoral manifesta-se pelo não provimento do
recurso (fls. 394 e 395, v,).
É o relatório.
VOTO

O JUIZ PAULO ROGERIO ABRANTES - O recurso preenche os


pressupostos de admissibilidade, dele conheço.
Ao examinar a prestação de contas do candidato, vejo que restaram
caracterizadas as seguintes irregularidades:
a) Doacão por pessoa física além do limite [art. 18, $ 10, da Resolução
TSE no 23.463/2015)
A questão não foi impugnada pelo recorrente no recurso eleitoral por
ele apresentado. Desse modo, permanece a irregularidade referente ao valor de
R$435,90 recebido além do limite regulamentar, devendo haver restituição ao
doador do importe a maior ou, e m caso de impossibilidade, o seu recolhimento
ao Tesouro Nacional.
b) Atraso na abertura de conta bancária
Foi constatado o atraso na abertura da conta corrente no 167886,
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agência 1743, do Banco do Brasil, que foi reconhecido pelo próprio recorrente.
Segundo o parecer técnico, a conta encerrada prematuramente foi aberta e m 1
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13/9/2016 e a destinada a movimentação de recursos apenas e m 20/9/2017. O


art. 70, Ej 10, 'a", da Resolução TSE no 23.463/2015 dispõe que a conta bancária
deve ser aberta e m agências bancárias ou postos de atendimento bancário, pelo
candidato, no prazo de dez dias contados da concessão do CNPJ pela Secretaria
da Receita Federal do Brasil. Conforme apurado no SPCE, houve u m atraso de
26 dias, além do prazo legal, para abertura de conta bancária, de forma que, ao
contrário do alegado pelo recorrente, a referida irregularidade compromete a
confiabilidade das contas, o que conduz a sua desaprovação. Não há falar e m
- irregularidade meramente formal, portanto.

c) e d) Quitação de despesa de forma intempestiva e ausência de


indicação da fonte de recursos nos termos de assunção de dívida acostados aos
autos.
Foi apurada uma diferença, no montante de R$3.500,00, e m relação a
dívida de campanha informada na prestação de contas e a resultante do
somatório dos acordos de assunção de dívida, de fls. 1 7 e 18; 1 9 e 20. Os
referidos instrumentos estão datados de fevereiro de 2017. O recorrente afirma
que se cuida de valor de pequena monta, uma vez que a quantia de R$3.500,00
representou importe menor do que 10% dos valores movimentados durante toda
a campanha eleitoral. Em sua manifestação durante o processo, o recorrente
afirmou que o cheque no 8501222, de fls. 317, foi utilizado como meio de
pagamento de despesa de campanha em momento posterior à apresentação das
contas e anterior aos acordos de assunção de dívida.
O art. 27 da Resolução TSE no 23.463/2015 delimita os marcos
temporais para que haja arrecadação de recursos e realização de despesas e
dispõe que, depois do dia do pleito, qualquer arrecadação deverá ser revertida
para cobertura de despesa ocorrida no período eleitoral, mas que a quitação do
débito deverá ocorrer até a apresentação das contas (10/11/2016). Depois desse
prazo, apenas existe a possibilidade de assunção de dívida pelo órgão partidário
superior. O cheque acima referido é datado de 16/11/2016, ou seja, e m data
posterior ao dia 10/11/2016. /c'

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O Parecer Conclusivo deixou claro que "após a apresentação das


contas, encerra-se o período passível de efetivo controle pela Especializada.
Acaso se permitisse o estabelecimento de relações jurídicas pós prestação de
contas a análise técnica dessas operações seria indubitavelmente prejudicada".
Desse modo, há, de fato, irregularidade neste caso.
Demais disso, o recorrente manteve-se silente, como ressaltado no
Parecer Técnico, quanto a ausência de indicação de fonte de recursos nos termos
d e assunção de dívida apresentados. A informação é importantíssima, uma vez
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que poderá envolver tanto os recursos próprios da agremiação quanto recursos


do Fundo Partidário. Ressalto que, no recurso eleitoral apresentado, o
recorrente, de forma incoerente, afirmou que os recursos para quitação dos
débitos seriam oriundos de seus recursos próprios, mas, ao mesmo tempo,
ressalta a formalização dos termos de assunção de divida pelo Diretório Nacional
do partido. Portanto, permanece a irregularidade.
Assim sendo, pelo conjunto e diante da gravidade das irregularidades
constadas nos autos, deve ser mantida a sentença em sua integralidade, uma
vez que, no presente caso, não são, a meu juízo, aplicáveis os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.
Diante disso, nego provimento ao recurso.

O JUIZ RICARDO MATOS DE OLIVEIRA - De acordo com o Relator.

O JUIZ ANTÔIVIO AUGUSTO MESQUITA FONTE BOA - De acordo com o


Relator.
O JUIZ FEDERAL JOÃO BATISTA RIBEIRO - De acordo com o Relator.

O DES. PEDRO BERNARDES - Trata-se de recurso contra decisão que


desaprovou a prestação de contas de campanha de candidato ao cargo de
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Prefeito, não eleito, referente as Eleições de 2016, e determinou a restituição de
R$435,90 ao doador Felipe Costa Franco Vieira ou, na sua impossibilidade, a - I

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restituição do valor ao Erário.
As contas foram desaprovadas e m razão da permanência das
seguintes irregularidades:
a) abertura tardia de conta bancária destinada ao recebimento de
recursos do Fundo Partidário;
b) quitação de despesa de forma intempestiva;
c) ausência de indicação da fonte de recursos nos termos de assunção
de dívida acostados aos autos; e
- d

d) recebimento de doação e m valor superior a R$1.064,10 por forma


distinta de transferência bancária.
As falhas são de natureza grave e comprometem a confiabilidade das
contas, sendo inaplicáveis os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
Pelo exposto, acompanho o Relator e nego provimento ao recurso.

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Sessão de 23/1/2018

EXTRATO DA ATA

Recurso Eleitoral no 453-57.2016.6.13.0068


Relator:
- - Juiz Paulo Rogério Abrantes
Recorrente: Clairton Dutra Costa Vieira, candidato a Prefeito, não eleito
Advogados: Drs. Tatiane Aparecida Ladeira Faria; Leandro Augusto Pinto
- Abidalla; Ricardo Vanderlei Silva

Recorrida: Justiça Eleitoral

Decisão: O Tribunal, a unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos


do voto do Relator.

Presidência do Exmo. Sr. Des. Edgard Penna Amorim. Presentes os Exmos. Srs.
Des. Pedro Bernardes e Juizes Paulo Rogério Abrantes, Ricardo Matos de Oliveira,
Antônio Augusto Mesquita Fonte Boa e João Batista Ribeiro, e a Dra. Daniela
Batista Ribeiro, e m substituição ao Dr. Ângelo Giardini de Oliveira, Procurador
Regional Eleitoral.
... Esteve ausente a este julgamento, por motivo justificado, o Juiz Ricardo Torres
Oliveira.

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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS G E R A I ~
COORDENADORIA DE SESSÕES
Seção de Publicação - SEPUB /

isponibilizado no Diário da Justiça Eletrônico - D:IE -


) na data de 09/02/2018,

iniciando-se o prazo processual no primeiro dia Útil


seguinte a publícação, nos termos da Lei no
11.419/2006, art. 40, €j 40. Belo Horizonte,

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