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Irineu em Contra as Heresias

Sobre a circuncisão e o sábado: “Deus não concedeu a circuncisão como realizadora da


justiça, e sim como sinal distintivo, perpétuo da descendência de Abraão. É o que sabemos
pela própria Escritura que diz: “Deus disse a Abraão: entre vós todo macho será circuncidado,
e circuncidareis a carne do vosso prepúcio e isto será em sinal de aliança entre mim e vós”. O
profeta Ezequiel diz o mesmo do sábado: “Dei a eles os meus sábados como sinal entre mim e
eles, para que saibam que eu sou o Senhor, o que os santifica”. E no Êxodo Deus diz a
Moisés: “Vós observareis também os meus sábados, porque será sinal entre mim e vós nas
vossas gerações”. Estas coisas foram dadas como sinal; não eram, porém, sinais sem sentido
nem supérfluos, isto é, sem valor, porque provinham de artista sapiente. A circuncisão carnal
significava a circuncisão espiritual. Com efeito, diz o Apóstolo: “somos circuncidados com
circuncisão não feita pela mão do homem”; e o profeta diz: “Circuncidai a dureza do vosso
coração”. Os sábados ensinavam a perseverança de todo dia no serviço de Deus. Diz o
apóstolo Paulo: “Fomos considerados todo o dia como ovelhas para o sacrifício”, isto é, como
consagrados e ministros da nossa fé em todo tempo e perseveramos nela abstendo-nos de toda
avareza sem adquirir nem possuir tesouros na terra. Manifestavam também o descanso de
Deus, consecutivo, de certa forma, à criação, isto é, o reino em que o homem que persevera
no serviço de Deus repousará e tomará parte à mesa de Deus.
A prova de que o homem não era justificado por causa destas práticas, mas que elas
foram dadas ao povo como sinal, se encontra em Abraão, o qual, sem circuncisão e sem
observância do sábado, “acreditou em Deus e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo
de Deus”. (Livro IV, 16,1;16,2)

Sobre o decálogo: “Preparando o homem para esta vida, o Senhor proclamou por si mesmo
as palavras do decálogo para todos sem distinção; por isso elas permanecem entre nós, tendo
sido completadas e aumentadas, e não abolidas, por sua vinda na carne”. (Ibidem, 16,4)

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