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A Divisão da Lei

A BÍBLIA DIVIDE A LEI EM MORAL E CERIMONIAL?

Os adventistas alegam que a lei se divide em duas: moral e cerimonial. Fazem isto para
salvar a guarda do sábado que dizem fazer parte dos mandamentos morais. Tais
pessoas usam de todos os meios para conseguirem impor suas ideias, até mesmo citar
autoridades protestantes fora do contexto. Mas vejamos se a Lei está dividida em duas,
uma moral (os Dez Mandamentos) e a outra cerimonial (o livro da Lei). A primeira, dizem,
“não foi cravada na cruz”, enquanto a segunda confessam, “foi totalmente ab-rogada”.

A divisão que fazem é a seguinte, conforme consta no livro “Estudos Bíblicos”.

LEI MORAL

Foi proferida por Deus

Foi escrita pelo dedo Deus em tábuas de pedra

Foi colocada dentro da arca

Deverá permanecer firme para sempre

Não foi destruída por Cristo

Devia ser engrandecida por Cristo

LEI CERIMONIAL

Foi ditada por Moisés

Foi escrita por Moisés num livro

Nenhuma coisa aperfeiçoou

Foi posta ao lado da arca

Foi cravada na cruz

Foi ab-rogada por Cristo

Foi tirada por Cristo


É bom saber que esta divisão não se encontra em nenhum lugar na Bíblia, verdade é
que muitos teólogos protestantes fazem por mera conveniência a distinção entre
princípios morais e cerimoniais, mas não que exista duas leis opostas como aparece
na teologia adventista. Isso é tão verdade que os próprios adventistas precisou admitir
que esta divisão é artificial, observe o que eles mesmos dizem:

“Seria útil classificarmos as leis do Velho Testamento em várias categorias: 1) Moral;


2) Cerimonial; 3) Civil; 4) Estatutos e juízos; 5) Leis de Saúde. Esta classificação é em
parte artificial.” (Lição da escola Sabatina, p.18 de 08/01/1980).
O fato, e isto é incontestável, é que os judeus nunca dividiram a lei como fazem os
adventistas.

A LEI PARA O JUDEU

A lei para o judeu era considerada “Una”. Não há de se supor que dentro da teologia
judaica havia separação entre lei moral e cerimonial. A única diferença que faziam era
quanto “a lei escrita” (Torah) e “a lei oral” (Halakoth) e mesmo assim essa nuança era
muito tímida. Até mesmo Flávio “Josefo parece estar bem próximo da concepção
rabínica da Tora total: como a lei escrita, a Tradição também vem de Moises e,
portanto de Deus” (Flavio Josefo Uma Testemunha do Tempo dos Apóstolos pág. 38,
Contra Apião II). Veja que até mesmo a “Tradição” na concepção judaica, era
considerada como parte da lei dada por Deus quanto mais as leis do livro.

Diz certa obra que, “O Talmude, a propósito de um ponto em discussão, lembra: ‘A lei
mandava recitar todos os dias os dez mandamentos. Por que não os recitam mais,
hoje? Por causa das malediscências dos minim; para que estes não possam dizer:
‘Estes somente foram dados a Moisés, no Sinal’ (Talmud Jer. Berakot 1 ,3c).Segundo
estes minim (os “dissidentes”: talvez os judeu-helenistas ou os judeu-cristãos, ou ainda
uma seita gnóstica?), Deus só pronunciou os dez mandamentos (Dt 5,22); as outras
leis são atribuídas a Moisés. A recitação diária do decálogo, na oração comunitária,
favorecia indiretamente esta ideia de que provocava certo desprezo pelas outras leis.
A fim de evitar este mal-estar,o judaísmo ortodoxo – talvez nos círculos de Iabne, no
fim do século 1 d.C. -suprimiu do serviço sinagogal cotidiano a recitação do decálogo.”
(O Decálogo- F.G.Lopez)

Veja que este incidente é mais uma confirmação de que os próprios judeus não
admitiam que apenas parte da lei fosse dada por Deus e o resto por Moisés como
querem fazer acreditar, com muita dificuldade, os adventistas.

Demais disso, o NT não fala em nenhum lugar quais partes da lei eram consideradas
rituais e quais eram morais. Quando o moço judeu indagou, “Mestre, qual é o grande
mandamento na lei?” (Mateus 22.36), Jesus não perguntou, QUAL LEI? A moral ou a
cerimonial? Isso mostra que para o judeu a lei era uma só, não duas. A Bíblia também
não diz que a lei dada “por meio de Moisés…” era a cerimonial, não há esta suposta
distinção entre moral e cerimonial (João 1.17).
Os adventistas sabem muito bem disso, pois chegaram a confessar o seguinte:

“Note que ‘A Lei de Moisés'(Atos 15.5 nas Escrituras, refere-se a todas as leis dadas
por meio de Moisés – cerimonial, moral e civil…. A Lei de Moisés (Hb 10.28) incluía os
dez mandamentos. (Revista da Escola Sabatina, abril-junho 1990, p. 11-CPB)

O Concílio de Jerusalém tratou da lei como um corpo completo e não apenas parte
dela. Maimônides, teólogo judeu-espanhol do século XII, resumiu a fé judaica em 13
artigos, que foram incorporados aos livros de oração, um deles diz respeito à lei:

“(8) Creio firmemente que a Lei que possuímos agora é a mesma que foi dada a
Moisés; (9) Creio firmemente que essa Lei não será modificada, e que não haverá
outra Lei (ou dispensa dela) dada pelo Criador, abençoado Seu Nome” (Encyclopedia
Britannica ).
O grande problema com que se deparam os ASD, quando pretendem guardar a lei de
Deus, é que a lei não implica só em guardar os dez mandamentos. A lei é um todo e
abrange os cinco livros de Moisés ou o Pentateuco com 613 mandamentos, como
lemos em Gl 3.10, “Todos aqueles, pois que são das obras da lei estão debaixo da
maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as
coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”. O texto em apreço não afirma
que é maldito quem não guardar os dez mandamentos, mas que é maldito quem não
guardar tudo o que está escrito no livro da lei. Isso se tornou uma impossibilidade, E é
evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus… (Gl 3.11). Dada a
impossibilidade de se guardar todos os 613 mandamentos, a Bíblia declara que a lei
nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo e que depois que a fé veio já não estamos
mais debaixo do aio (ou da lei). Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da
lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. De maneira
que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos
justificados pela fé. Mas, tendo vindo à fé, já não permanecemos subordinados ao
aio.”(Gl 3.23-25).

Repedimos: dada essa impossibilidade de guardarem os 613 mandamentos, contidos


no Pentateuco (os cinco livros da Lei), dividiram os ASD a lei de Deus em duas leis:
Lei Moral e Lei Cerimonial. Ensinam que uma parte da lei foi abolida na cruz – a Lei
Cerimonial. Mas, a outra parte da Lei, a Lei Moral, restrita aos dez mandamentos, essa
está em vigor.

A expressão “Foi cravada na cruz” é tirada de Cl 2.14-17 e no v. 16 está explícito, e


sem contestação, que se incluía nessa lei cravada na cruz o sábado semanal. Com
isso os próprios adventistas reconhecem que o sábado semanal foi cravado na cruz.

Ora se a Lei de Moisés refere-se a todas as leis dadas por Moisés incluindo os 10
mandamentos como sustentar biblicamente essa divisão da mesma lei em Lei Moral e
Lei Cerimonial como se fossem duas leis distintas?

A expressão Lei de Deus e Lei de Moisés é expressões sinônimas e não se trata de


Leis distintas como afirmam os Adventistas do Sétimo Dia. Em Is 33.2 se lê de ‘um só
Legislador “e assim tanto os dez mandamentos como os livros de Moisés foram dados
por um só Legislador – Deus, por meio de Moisés. É’ de Deus pois foi dado por Ele e é
de Moisés porque foi dada por intermédio de Moisés”.
Certa autoridade teológica no assunto corrobora com o exposto acima dizendo:
“Deve-se observar, por igual modo, que apesar de haver, em certas mentes modernas,
tremenda diferença entre as “leis morais” e as leis cerimoniais, isto é, respectivamente,
entre os dez mandamentos e os preceitos rituais dos judeus, contudo tal distinção
jamais fez parte da mentalidade judaica, não podendo ser encontrada nenhuma
declaração bíblica nesse sentido. Muitos judeus consideravam serem mandamentos
importantíssimos, não menos importantes que os dez mandamentos das tábuas da lei,
certas observâncias que consideraríamos triviais, como a lavagem de roupas, mãos
pratos, etc. Portanto, a distinção feita por alguns modernos , os quais afirmam que a
“lei cerimonial” foi ab-rogada, mas que a “lei moral” não o foi, é uma pretensão
inteiramente destituída de provas bíblicas. Pois, nesse caso, é tão fácil eliminar o
sábado como é fácil eliminar a lavagem de mãos, pratos, etc…,com base no ponto de
vista da suposta eternidade das leis outorgadas ao antigo povo de Israel.
(Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia, pág. 7 vl. 6 R.N Champlin, Ph.D. J.M
Bentes ed. Candeia – 4 edição)

O EMPREGO DA PALAVRA LEI NAS ESCRITURAS

A palavra “Lei” aparece 220 vezes só no VT este substantivo geralmente se refere a


Tora e denota “lei, direção, instrução”. Ao todo aparece mais de 400 vezes na Bíblia.
Nenhuma dessas vezes em que a aparece o termo lei vem especificado ou dividido
entre duas leis opostas.
1. Basta ler Ne 8.1,3, 8, 14,18 onde a mesma Lei é chamada de Lei de Deus e Lei de
Moisés, indistintamente.

(Ne 8.1)…e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés
(v. 3) “… todo o povo estavam atentos ao livro da lei.”(v. 8) “E leram no livro, na lei de
Deus…”.(v.14) “E acharam escrito na lei que o SENHOR ordenara, pelo ministério de
Moisés
2. Em Gl 3.10 lemos: “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas
que estão escritas no livro da lei para fazê-las”. Esse texto é uma citação de Dt 27.26.
Lendo esse capítulo a partir do v. 15 vamos encontrar preceitos morais dentro da lei
cerimonial assim denominada pelos adventistas:

“Maldito o homem que fizer imagem de escultura, ou de fundição, abominação ao


Senhor, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido. E todo o povo
responderá, e dirá: Amem”.(v. 15)

Seria este um preceito cerimonial por ter sido escrito por Moisés, num livro que foi
posto ao lado da arca e não dentro da arca?

3. Lendo Mc 7.10 que declara: “Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe”
Esse mandamento está incluído nos dez mandamentos, pois é citado em Ex 20.12.
Um preceito cerimonial considerando que foi Moisés que o disse, mas que faz parte da
lei moral dos adventistas, pois se trata do 5º mandamento do decálogo;

4. Lendo Jo 7.19 que declara: “Não vos deu Moisés a lei? E nenhum de vós observa a
lei. Por que procurais matar-me?” Onde a lei proíbe matar? Encontramos esse
mandamento dentro dos dez mandamentos – o sexto mandamento em Ex 20.13.
Como foi Moisés que disse, deveria tratar-se de um preceito cerimonial. Entretanto,
está dentro da lei moral dos adventistas.
5. Jesus ensinou em Mt 22.37-39 que os dois maiores mandamentos são: amar a
Deus e amar ao próximo.

“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu pensamento.”(Mt 22.37)Esse mandamento é encontrado em Dt
6.5, como se lê: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todas as tuas forças”.

E o segundo, semelhante a este, é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo. (Mt


22.39) Este mandamento se encontra em. Levíticos 19.18,:” Não te vingarás nem
guardarás ira contra os filhos do teu povo: mas amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Eu sou o Senhor”.
Ambos fazem parte do livro da Lei de Moisés colocado ao lado da Arca. “Tomai este
livro da lei, e ponde-o ao lado da arca da aliança do SENHOR vosso Deus, para que
ali esteja por testemunha contra ti. “(Dt 31.26). Esses dois mandamentos acham-se
em Dt 6.5 e Lv 19.18.
(DT 6:5) “Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todas as tuas forças.”

(LV 19:18) “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas
amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.”

UM SÔFREGO ARGUMENTO

Os adventistas quando vão provar a suposta divisão da lei, não tendo base bíblica,
vão se socorrer com escritos de autores protestantes. Quando acuado pelos
evangélicos de que essa divisão é falha, se defendem dizendo que foram os homens
de Deus quem primeiro usou tal divisão então passam a citar nomes ilustres do
universo protestante.

Queremos deixar claro que apesar desses teólogos terem dado uma grande
contribuição à formulação da teologia evangélica, e nisto não lhes tiramos os méritos,
no entanto, é bom ressaltar que eles eram seres humanos sujeitos ao erro. A Base de
nossa fé é a Bíblia Sagrada, só nos servimos de escritos de outros quando estes
concordam com a Bíblia.

O árbitro da fé e prática da Igreja não pode estar baseada nas Confissões de Fé ou


escritos de teólogos, essa função é desempenhada unicamente pela Bíblia. Este foi o
principal ensinamento da Reforma Protestante a “sola scriptura”.

Por exemplo, muitos adventistas nos acusam de estar indo de encontro ao que os
reformadores e seus seguidores ensinaram quanto á divisão da lei em duas. Mas o
que muitos não sabem é que essa divisão não é provinda da Reforma.

Os adventistas querem passar a imagem de que os Reformadores foram os que


deram iniciou a este conceito de duas leis – uma moral e outra cerimonial. Faz-se aqui
necessário esclarecer que o catolicismo já ensinava isto há muito tempo. Os católicos
foram os primeiros a fazerem essa divisão de “lei cerimonial” e “lei moral”. Justamente
a Igreja Católica que os adventistas mais atacam! Sim, foram eles os primeiros a
fazerem tal divisão e não os protestantes.

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Fonte: http://www.cacp.org.br/a-divisao-da-lei/. Acessado em 22/04/2018.

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