Professional Documents
Culture Documents
Todos nós temos necessidades de consumo estimuladas por fatores biológicos e sociais. O
consumo nada mais é do que o uso de coisas que carecemos para sobreviver, enquanto aquilo que
denominamos de consumismo trata-se de uma ação de consumo estimulada por um discurso
midiático que cria em nós uma pseudonecessidade de consumo, cujo objetivo é tirar proveito
comercial e reforçar uma ideia de valorização da coisa a ser consumida.
A ideia de juventude é uma construção social que existe mais como representação social do que
como realidade. As ideias atribuídas a eles, de revoltados, descolados, viris são construções sociais
nas quais alguns se reconhecem como parte delas e outros não.
Com o desenvolvimento do capitalismo o lucro passou a ser o objetivo final, e para isso alguns
meios foram sendo criados para alcança-lo. Com o desenvolvimento das tecnologias de produção
tornou-se necessário ampliar o consumo na mesma proporção. Inicialmente isso se deu com o fim
da escravidão; depois com a inclusão das mulheres no mercado de trabalho e, quase que
concomitantemente, à descoberta do mercado infanto-juvenil.
O sistema econômico baseado no lucro criou e desenvolveu estratégias poderosas de marketing que
capturam praticamente todos os possíveis consumidores. Nossas crianças e jovens são vítimas de
campanhas publicitárias milionárias que produzem um consumismo que maximiza o lucro
empresarial. Outro elemento que leva os jovens à busca do consumo cada vez mais cedo é a busca
pela distinção social.
Pertencer a um dado grupo, por exemplo, significa quase que o mesmo que consumir o que o grupo
consome. A indústria e o marketing são responsáveis diretos por tal jogo de pertencimento, usando
isso ao seu favor e promovendo a venda de seus produtos marcados por significados simbólicos.
Além disso, os jovens sofrem influência da grande mídia e das redes sociais, onde se configuram e
fortalecem estilos de vida. Há uma corrida pela posse de determinados bens que dão distinção aos
indivíduos em uma espécie de concurso promovido pela própria concorrência que ele produz. O
valor do produto, uma roupa de marca, por exemplo, não está baseado apenas no custo de
produção, distribuição e de marketing, mas também pela própria corrida para obtê-lo e o valor
simbólico distintivo que ele possui, como bem abordou o sociólogo francês Pierre Bourdieu.
Questionar sua utilidade entre os amigos seria uma barbárie e um risco de ser excluído do grupo
social.
Entrando no jogo
Na luta pelo consumo e na ampliação do consumismo quem têm vencido são as empresas. Os
indivíduos acabam nem percebendo que estão em um jogo que eles mesmos fomentam e pagam
cada vez mais caro para participar dele.