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Amanda Vilas Boas

Beatriz Portugal
João Otávio Borba
Renata Raiol
Teresa Correia

Portfólio
MDS222 - Informação em Pesquisa e Saúde / Pensamento
Crítico

Salvador
2018
Amanda Vilas Boas
Beatriz Portugal
João Otávio Borba
Renata Raiol
Teresa Correia

Portfólio
MDS222 - Informação em Pesquisa e Saúde / Pensamento
Crítico

Portfólio apresentado como requisito parcial de


avaliação da matéria Informação em Pesquisa
e Saúde/Pensamento Crítico sob orientação do
professor Diego Rabello.

Salvador
2018
1. Doutrina Ideal

Após uma série de levantamentos feitos em grupo, concluímos que a doutrina


de conhecimento que mais se aproxima do nosso pensamento é o criticismo. Isso se
deu pelo fato dessa doutrina ser menos radical, estabelecida entre o dogmatismo e o
ceticismo. Elaborada por Immanuel Kant, essa doutrina propõe que tanto o
racionalismo quanto o empirismo são de suma importância para se obter
conhecimento acerca das coisas que estão ao redor do homem, porém eles devem ser
vistos apenas como ferramentas para a criação e estruturação do conhecimento.
Posteriormente a isso, a crítica deve entrar em ação para fazer novas considerações
acerca do que foi pré-estabelecido, de modo a analisar as possibilidades, a origem e o
valor do conhecimento racional. Assim, esse método era utilizado por meio de
investigação dos fundamentos do próprio conhecimento para se alcançar a reflexão
filosófica.
Além disso, Kant acreditava que o ser humano estaria na “zona de conforto”,
ou seja, dentro de um espaço de apenas aceitação da realidade e do conhecimento
que podia ser visto, e por conta disso, deveria criticar o sentido do mundo para se
chegar a um conhecimento mais elaborado e novo acerca das coisas. Ou seja, o ser
humano deveria entrar em interação com o mundo subjetivo para então ter a
possibilidade de alcançar o conhecimento verdadeiro.
Da mesma forma que Kant pregava que o conhecimento nunca deve ser aceito
sem um questionamento acerca da sua validade, concordamos que para a construção
de um arcabouço científico é necessário interpretar e avaliar criticamente todos as
informações disponíveis na literatura, como livros, publicações e artigos científicos.
Dessa forma, o julgamento sobre a qualidade das informações irá embasar decisões
clínicas futuras no cuidado com os pacientes.

2. Relações as doutrinas filosóficas e os princípios da Medicina Baseada em


Evidência

O princípio da hipótese nula aborda que devemos partir da premissa de


ausência do fenômeno ou de equiparidade entre as hipóteses, e só considerarmos
algo como verdadeiro e existente, após devida demonstração científica. Assim, se
houver grau de evidência positiva o suficiente, a hipótese nula é rejeitada e ficamos
com a hipótese alternativa (existência do fenômeno). Esse princípio assemelha-se à
doutrina filosófica do ceticismo no que tange a impossibilidade de afirmar sobre uma
verdade absoluta, sendo necessário constante questionamento, baseando-se,
conforme o ceticismo científico, no pensamento crítico e em métodos empíricos para
constatar a validade das coisas.
Para se entender o princípio da plausibilidade extrema, levamos em conta que
existem fenômenos ou condutas médicas que não precisam passar por uma validação
científica para que haja a comprovação da sua validade. Isso acontece, na maioria dos
casos, por conta da inviabilidade da realização de um ensaio clínico randomizado,
como para comprovar a validade, por exemplo, da realização de RCP em pacientes
com parada cardiorrespiratória. Tratam-se de situações onde a não conduta traria mais
malefícios do que a ação não embasada em método científico do médico. Esse
princípio, de certa forma, aproxima-se do dogmatismo, uma vez que essa doutrina
designa a crença em uma verdade absoluta, que dispensa críticas ou investigações
para comprovar sua veracidade. No entanto, apesar dessa semelhança, o dogmatismo
profissional, diferente do princípio da plausibilidade extrema, pode acarretar mais
malefícios do que benefícios ao paciente.
O princípio da prova do conceito estabelece que dentro da medicina baseada
em evidências o julgamento clínico deve ser individualizado, sendo norteado por
conceitos científicos e não determinado. Desse modo este princípio evita a
generalização do pensamento clínico e evita que o médico adote, de forma
engessada, o resultado do trabalho científico na prática médica. Ao assumir isso, a
medicina baseada em evidências se aproxima do criticismo, doutrina kantiana, uma
vez que ela prevê que embora o conhecimento seja construído de forma científica e
aparentemente absoluta, ele deve ser questionado e analisado em cada situação, e
esse processo se dá a partir da relação entre objeto e sujeito.

3. Análise Crítica do Artigo

1) Viés (Erro Sistemático)

Consoante Fletcher (2006, p. 25)


Viés é um processo em qualquer estágio da inferência com
tendência a produzir resultados que se afastem
sistematicamente dos valores verdadeiros. É qualquer
tendência na coleta, análise, interpretação, publicação ou
revisão de dados que possa levar a conclusões que sejam
sistematicamente diferentes da verdade.
A partir da análise do artigo, identifica-se a possível presença de viés de
seleção. Esse ocorre quando são feitas comparações entre grupos de pacientes ou
entre pacientes que diferem entre si em outras maneiras que não os principais fatores
sob estudo, maneiras que afetam o desfecho, como idade, sexo, gravidade da doença,
presença de outras doenças, cuidado que recebem e etc.
No caso do artigo analisado, nota-se que, inicialmente, 38 pacientes
participavam do estudo, mas que apenas 13 completaram o tratamento. No artigo, é
dito que 23 dos 38 pacientes possuíam dados incompletos e que, além disso, 7 destes
23 possuíam outras doenças associadas, sendo excluídos da avaliação final. Ademais,
é dito que 2 pacientes abandonaram o estudo para receberem tratamento em outro
Estado, restando apenas 13 pacientes. Destes 13 pacientes, cujos dados foram
avaliados no estudo, não foi dito se existiam outras doenças, o que pode gerar um viés
de seleção. Além disso, não foi utilizado nenhum parâmetro ou diretriz para avaliar a
gravidade da doença, o que pode configurar outro viés de seleção. O único critério
utilizado no estudo foi o do American College of Rheumatology (Wolf, 1990), para
auxiliar no diagnóstico da doença.
Além disso, podemos observar também a presença de um viés de aferição.
Esse ocorre quando métodos de aferição são distintos entre diferentes grupos ou entre
os pacientes. Observa-se viés de aferição em diferentes momentos no estudo. A
utilização do aparelho desenvolvido por Han, em pacientes ansiosos, na primeira
sessão constituí viés de aferição, pois enquanto alguns pacientes foram estimulados
nos pontos clássicos de acupuntura com o uso de agulhas, outros foram estimulados
pelo aparelho de Han, o que pode resultar em diferentes resultados.
Ademais, a utilização de 3 acupunturistas para aplicação das agulhas nos
pontos dolorosos, por exemplo, também configura um viés de aferição. Isso ocorre
pois cada acupunturista utiliza técnicas diferentes nos pacientes, gerando diferentes
conclusões que se afastam da verdade.
Por fim, nota-se que alguns pacientes realizaram mais que onze sessões de
acupuntura, o que configura também um viés de aferição, já que um número
padronizado de sessões não foi determinado para evitar viés.
Ademais, nota-se a presença de viés de confusão ou confundimento. Esse
pode ocorrer quando se tenta descobrir se um fator como um comportamento ou a
exposição a uma droga, é, por si só uma causa de doença. Quando o fator estudado
está associado à outro, que está por sua vez relacionado ao desfecho do estudo, o
efeito de um sobre o desfecho pode confundir ou distorcer o efeito do outro.
Durante a análise do artigo observou-se esse tipo de viés devido à
recomendação da prática de exercícios não supervisionados, além do uso de
Amitriptilina caso os pacientes não melhorassem por dois meses consecutivos. Dessa
forma, o não controle dessas recomendações possibilita que os fatores exercício físico
e medicação se associem a prática da acupuntura, principal fator estudo no estudo, e
confundam ou distorçam o desfecho deste.

2) Erro Aleatório

Em relação ao erro aleatório, temos que ele aparece quando existe uma
divergência entre a observação em uma amostra e o valor verdadeiro na população,
devido exclusivamente ao acaso. Por conta da forma com que esse erro ocorre, não
existe uma forma de conseguir realizar sua detecção. Dessa forma, utiliza-se de
artifícios estatísticos e matemáticos para minimizar ou mensurar a quantidade de erro
aleatório no trabalho.
Ao contrário do viés, que costuma alterar os resultados para uma direção
específica, o erro aleatório tem a probabilidade de gerar resultados em torno do valor
verdadeiro, independente dele ser para mais ou para menos. É por conta disso que
existe a necessidade de ser fazer uma média da observação de muitas amostras não
enviesadas para que esse valor se aproxime do valor verdadeiro na população de
origem. Para que isso seja possível, é necessário que o número da amostra seja
elevado, acima de 100 e muitas vezes preferencialmente maior que 1000. No artigo
analisado, apenas 13 pacientes foram observados, logo, existe uma grande
possibilidade que o estudo apresente uma série de erros aleatórios.

3) Validade Interna e Externa

Segundo o Fletcher (2006, p. 30)


A validade interna é o grau em que os resultados de um estudo
estão corretos para a amostra de pacientes sob análise. A
validade interna da pesquisa clínica é determinada pela forma
como o delineamento, a coleta de dados e as análises são
conduzidos e é ameaçada por todos os vieses e variações
aleatórias.
No entanto, a validade interna não é suficiente para que uma observação
clínica seja útil, sendo necessário, assim, que a haja validade externa. A validade
externa é o grau de veracidade dos resultados de uma observação quando aplicado
em outros cenários, ou seja, a capacidade de generalização do estudo. Em suma, a
capacidade de generalização expressa a validade de se presumir que os pacientes em
um estudo são semelhantes a outros pacientes.
A partir da análise do artigo, podemos perceber que a pesquisa não foi bem
delimitada já que o método não foi bem estabelecido. Por conta disso os pacientes
puderam utilizar-se de meios que não acupuntura para aliviar a fibromialgia, entre
esses estava o uso de analgésico e atividade aeróbica não supervisionada. Também
houve uma variação no número de sessões entre cada adolescente, de modo que não
há como determinar qual o número de sessões é realmente eficaz e produz melhoras
para o paciente. Dessa forma não há como determinar quais foram as causas das
possíveis melhoras observadas. Portanto, podemos observar que não existe validade
interna na pesquisa.
Já com relação à validade externa, o estudo utilizou-se de um número
extremamente pequeno de pacientes e eles não foram divididos em um grupo controle
e um grupo experimento. Dessa forma, não há como inferir que os resultados são
aplicáveis a população, de modo que a pesquisa também não possui validade externa.

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