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Casa do Saber

03/09/2009

A religião clássica pagã

Pedro Paulo A Funari1

Ementa

A aula apresenta, de forma geral, a religiosidade de gregos e romanos, em sua

especificidade. Inicia-se com a explicitação da abordagem adotada, em busca da

diversidade de experiências religiosas e com a apresentação da bibliografia disponível. Em

seguida, discutem-se alguns conceitos centrais: religião e religiosidade, politeísmo e

paganismo, mortalidade e imortalidade, deuses, heróis e mortais, entre outros. Em seguida,

são discutidas as fontes para o estudo dessas manifestações religiosas: a tradição literária,

os vestígios arqueológicos, com destaque para a iconografia. A religião grega, com suas

origens no segundo milênio, é conhecida já no período micênico (1500-1200 a.C.). Religião

grega, sem livro sagrado, tinha uma teogonia, ritualidade, ambos aspectos associados às

relações de poder. Os mitos, de tradição oral, variavam de lugar a lugar. Persistiu pelo

período clássico, helenístico e romano, tendo sido eclipsada pelo avanço do cristianismo no

século IV d.C. A religião romana tem suas origens com os etruscos, mas foram desde cedo

também influenciados pelo contato com os gregos e depois com os orientais. Aspecto

essencial, mais dos que os mitos, era a ritualidade, com sua preocupação com a forma.

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Professor titular da Universidade Estadual de Campinas.
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Tópicos

Introdução

Bibliografia

Conceitos essenciais

A religiosidade grega

A religiosidade romana

Os legados clássicos

Citações

“Penso que Hesíodo (século VIII a.C.) e Homero (século VIII a.C.) são mais antigos do que

quatrocentos anos e que foram eles que criaram a genealogia dos deuses para os gregos, dando um

epíteto a cada deus, distribuindo suas funções e suas características, assim como suas aparências”,

Heródoto (século V a.C.) em suas Histórias (2, 53).

“Não tente falar-me com subterfúgio da morte, glorioso Odisseu. Preferia, se pudesse viver

na terra, servir como servo de outra pessoa, como escravo de um sem-terra de poucos recursos, do

que ser um grande senhor de todos os mortos que já pereceram”, Odisséia (11, 488-91).
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“Se tivesses alcançado a maturidade, pela graça da fortuna, todos antevíamos em ti

Macareus, um grande homem, um mestre da arte trágica entre os gregos. Mas, agora, tua o que

permanece é a tua reputação de temperança e virtude” (Inscriptiones Graecae, II, 2, 6626).

“O altar de Zeus Olímpios é constituído das cinzas dos restos das vítimas sacrificadas para

o deus. A circunferência na base atinge 38,1 metros, sendo ao alto 9,7 metros, com altura total de

6,7 metros. As vítimas são sacrificadas no nível inferior, mas as partes a serem queimadas são

levadas para o topo. Os degraus que levam ao primeiro nível são de pedra e dali até o topo são

feitos de cinzas, como o próprio altar. Mulheres e garotas, quando não são excluídas de Olímpia,

podem chegar ao primeiro nível, mas apenas varões podem subir ao topo. Mesmo quando o festival

não está sendo celebrado, sacrifício é oferecido ao deus por indivíduos e, todo dia, pelos habitantes

da cidade de Elea” (Pausânias, Descrição da Grécia 5,13,8-11, adaptado).

A desmedida gera a tirania.

A desmedida –

Se infla o excesso vão

Do inoportuno e inútil –

Galgando extremos cimos, decairá

No precipício da necessidade,

Onde os pés não têm préstimo.

(Édipo Rei de Sófocles, 872-878, tradução de Trajano Vieira)

Platão (Pol. 290c8-d2), “os sacerdotes, diz a tradição, dedicam-se a dar oferendas por meio

de sacrifícios e nós para os deuses, como querem as divindades, assim como pedem por nós, por

meio de preces, para que consigamos boas coisas”.


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Alguns Conceitos

Os gregos distinguiam o templo, um edifício (naos), do terreiro (temenos) e do lugar

sagrado (hieron). O edifício sagrado recebia, muitas vezes, o nome do deus, como Artemision (da

deusa Ártemis, Diana). O terreno sagrado era delimitado por muros que separavam a propriedade

divina do mundo humano: eram os limites sagrados (horoi), que cortavam o espaço dos homens

(cortar é a origem da palavra temenos). Tudo girava em torno do altar de sacrifícios (bomos), a tal

ponto que havia altares sem edifícios, mas nunca o contrário.

Bibliografia

Funari, P.P.A. As religiões que o mundo esqueceu. São Paulo, Contexto, 2009.

Grimal, P. A mitologia grega. São Paulo, Brasiliense, 1982.

Mikalson, J. Ancient Greek Religion. Oxford, Blackwell, 2005.

Robert, F. La religion grecque. Paris, PUF, 1997.

Vernant, J.P. Mito e pensamento entre os gregos. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1990.

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