As tendências humanistas do renascimento traziam um retorno à cultura greco-latina
e questões emocionais e racionais humanas tornaram-se mais importantes que questões religiosas. Essas características também se refletiram nas artes, no âmbito musical, por exemplo a notação tinha como característica dar ênfase às palavras e consequentemente as composições musicais eram submissas ao sentidos do texto. Estas tendências humanistas influenciaram todo âmbito musical da época Renascentista.
O madrigal era um gênero que trabalhava muito a expressão do texto através da
música, o madrigal “Moro lasso” de Carlo Gesualdo representa bem essas características desse estilo.
A composição da música foi feita em compasso quaternário simples com harmonia
que constantemente modula nas repetições das estrofes texto. Algumas das características marcantes que podemos observar nesta obra são:
Nos primeiros compassos o compositor enfatiza as palavras “Moro Lasso”
utilizando cromatismo descendente, com dissonância em “moro” (morro) e resolução em “lasso”(cansado) demonstrando um repouso, resolvendo a dissonância.
Do compasso 4 ao compasso 9 o compositor enfatiza sua indignação
utilizando ornamento, melisma em uma só sílaba em todas as vozes, desdobrando-se em cânones nas outras vozes. O soprano destaca-se e intensifica a lamentação com a nota alta na onomatopeia “Ahi”.
No compasso 10 acontece a dissonância por meio do acorde de dó menor e
enfase nas notas altas da soprano, a música acompanha a letra sonorizando a alusão da dor emocional expressada pelo compositor. .
No compasso 16 as palavras “moro lasso” são cantadas com figuras rítmicas
mais longas do que anteriormente, expressando a evolução do cansaço. E a partir do compasso 25 a notação rítmica fica caracterizada pelo desuso de passagens rápidas utilizadas anteriormente, podendo expressar uma intensificação letárgica.
Do compasso 30ª ao final a soprano destaca-se mais ainda
contrastando em nota alta, em meio as outras vozes, na onomatopeia de lamentação: “Ahi! expressando de forma profunda o drama somando-se ao cânone com as outras vozes que, também, com algumas notas longas e (de acordo com cada registro) altas expressando o lamento consolidado.
Referências
TYGEL, J. História da música: Grécia Antiga ao Barroco. O Renascimento. Universidade
Federal de São Carlos. História da Música, U3. 2016. Disponível em: https://ead2.sead.ufscar.br/mod/resource/view.php?id=191216 Acesso em: 04/09/2016
TYGEL, J. História da música: Grécia Antiga ao Barroco. O Renascimento, continuação.
Universidade Federal de São Carlos. História da Música, U3. 2016. Disponível em: https://ead2.sead.ufscar.br/mod/resource/view.php?id=191217 Acesso em: 04/09/2016