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5/3/2014 O Touro Ápis

O
O Touro
O Touro Ápis
Touro Ápis
Ápis

Introdução
Touro Ápis O MAIS VENERADO e o mais
Touro Mnévis célebre dos animais sagrados é, sem
Touro Buchis nenhuma dúvida, o touro Ápis (Hep em
Babuíno egípcio). Os antigos egípcios
Chacal consideravam-no como a expressão
Lobo mais completa da divindade sob a
Íbis forma animal e represetaram-no muitas
Leoa vezes como, por exemplo, nesta
Gata estatueta que se vê ao lado.
Falcão Diferentemente de outras divindades,
era sempre representado na forma
Sol no Horizonte animal e nunca na forma humana com
cabeça animal. Ele encarnava, ao
Hórus de Edfu mesmo tempo, os deuses Osíris e Ptah.
Hórus Antigo O culto do touro Ápis, em Mênfis,
Hórus Menino existia desde a I dinastia pelo menos.
Também em Heliópolis e Hermópolis
Hórus, Filho este animal era venerado desde tempos
de Ísis remotos.

Olho de Hórus
Filhos de Hórus
ANTIGA DIVINDADE AGRÁRIA, simbolizava a força vital da natureza e sua força geradora.
Dizia a lenda que Ptah, sob a aparência de fogo celeste, engravidou uma vaca virgem que concebeu
Deus da Guerra
um touro preto, o qual se tornou o porta-voz ou o duplo de Ptah. Esse touro negro sagrado de
Leão
Mênfis deveria ter certos sinais ou manchas: na fronte, uma mancha branca quadrada; no dorso, a
Escaravelho
figura dum abutre ou duma águia; sob a língua, um nó em forma de escaravelho; os pêlos da cauda
numa mescla de branco e preto e, enfim, um crescente branco sobre o lado direito do corpo.
Carneiro de Amon
Encontrado um bezerro com tais características pelos sacerdotes especiais chamados os Bastões de
Ápis, o animal era conduzido a Mênfis em uma barca dourada e em grande pompa, depois de ter sido
Carneiro de Khnum
nutrido unicamente por mulheres durante 40 dias. Uma vez entronizado cerimoniosamente, vivia no
seu santuário, ao lado do deus Ptah, a mais importante divindade menfita, da qual era tido como o

arauto, a imagem viva. Sua mãe, um animal também reverenciado, era sua esposa legítima, mas
Escorpião
tinha também vacas concubinas cuidadosamente escolhidas.
Deus Terra

Guardião dos DISTRIBUIA ORÁCULOS, recebia oferendas, participava de procissões. Um festival dedicado
Horizontes ao deus se estendia por sete dias. O povo se reunia em Mênfis para ver os sacerdotes conduzirem o
animal sagrado numa procissão de louvor em meio da acolhedora multidão. Enquanto vivia era
Pássaro Alma alimentado com iguarias, cumulado de honras. A partir do Período Saíta, iniciado em 664 a.C., os
Fênix oráculos alcançaram grande popularidade. Um dos mais procurados era justamente o do touro Ápis,
Bode em Mênfis. Além de se acreditar que qualquer criança que aspirasse a respiração do animal seria
Crocodilo capaz de predizer o futuro, também se interrogava o próprio touro. O indivíduo que consultava o
Hipopótamo oráculo postava-se diante do animal e fazia a sua pergunta. A resposta do deus que o animal
Vaca encarnava podia vir de várias maneiras. Por exemplo, o bovino podia aceitar ou não a comida que lhe
Peixes ofereciam; podia, também, entrar ou não em uma determinada sala e cada uma de tais atitudes seria
Abutre um agouro bom ou mau, conforme estabelecido anteriormente pelos sacerdotes.

Naja da Colheita
A O MORRER,
http://www.fascinioegito.sh06.com/boiapis.htm ERA mumificado, fechado num 1/4
5/3/2014 O Touro Ápis
Naja da Colheita
AO MORRER, ERA mumificado, fechado num
Naja do Cume do sarcófago, submetido a ritos funerários que se
Ocidente estendiam por 60 dias, tomava lugar numa tumba, ao
lado de seus predecessores, enfim, era enterrado
Serpente Uraeus como se fosse um príncipe. Quando um dos
animais sagrados morria — nos diz o historiador
Serpente Apófis grego Diodoro de Sicília — era envolvido em um
sudário; e, golpeando-se o peito e lançando
Serpente Defensora gemidos, conduziam-no à casa dos
embalsamadores. Logo se preparava seu corpo
Serpentes do com o azeite de cedro e outras substâncias
Inferno adequadas à conservação; era depositado depois
em caixas sagradas. Nessa ocasião, o povo inteiro
Glossário ficava de luto, que só cessava quando os sacerdotes
encontrassem um touro com as mesmas
características daquele que havia falecido. Um
templo menfita que abrigava grandes estelas de
alabastro era o local no qual os touros eram
embalsamados. Após a preparação do corpo e dos
órgãos internos, o animal, numa posição agachada,
era envolto em intrincadas bandagens. Eram inseridos
olhos artificiais, seu chifre e face ou eram dourados
ou cobertos com uma máscara de folhas de ouro e o
animal era coberto com uma mortalha. Na figura acima vemos uma estatueta em bronze do sagrado
touro Ápis, conservada no Museu Britânico de Londres. Observe o disco solar entre os chifres.

O TÚMULO MAIS ANTIGO dessa divindade encontrado intacto é do reinado do faraó


Horemheb (c. 1319 a 1307 a.C.), sendo a múmia bastante atípica. Era constituída apenas pela
cabeça do touro, desprovida de carne e de pele, apoiada num grande bloco negro. Ao ser
examinado, esse bloco mostrou ser um aglomerado de resina, ossos bovinos quebrados e fragmentos
de folhas de ouro, tudo envolto em bandagens de fino linho. Os vasos canopos do touro estavam
cheios de um material resinoso de origem não determinada. Escavando sob o piso da câmara
mortuária, os arqueólogos encontraram uma dúzia de grandes vasos de barro não cozido contendo
cinzas e ossos queimados. Como outros conjuntos similares de vasos também foram encontrados em
outras tumbas do boi Ápis, alguns estudiosos afirmam que, pelo menos durante o Império Novo (c.
1550 a 1070 a.C.), o corpo do animal era cozido e comido pelo faraó e sacerdotes antes do enterro.
Haveria, talvez, uma conexão entre essa descoberta e o assim chamado Hino Canibal do Texto das
Pirâmides, que se refere ao fato do rei devorar os deuses para assimilar seus poderes. Seja essa
hipótese correta ou não, nenhum outro animal sagrado parece ter sido devorado por seus antigos
guardiães. Os touros Ápis subsequêntes foram mumificados inteiros e um papiro da XXVI dinastia
descreve o método usado para isso.

ATÉ A XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.) cada um desses touros sagrados tinha sua sepultura
particular. Foi Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.), faraó já da XIX dinastia, quem mandou sepultá-los
em uma câmara mortuária comum, conhecida como Serapeum, nome derivado da palavra grega
Serápis, uma catacumba precedida por uma avenida de esfinges.

ESTRABÃO, um geógrafo grego,


deixou em sua obra indicações
precisas sobre a localização desse
estranho cemitério e baseado em tais
informações foi possível encontrar, na
http://www.fascinioegito.sh06.com/boiapis.htm necrópole de Saqqara, numerosas 2/4
5/3/2014 O Touro Ápis
necrópole de Saqqara, numerosas
múmias de touros sagrados.

Note as marcas da pele na estatueta do


touro Ápis ao lado

A CÂMARA mortuária estava cavada


depois de um corredor que penetrava 400
metros no rochedo. Em nichos, os touros
repousavam em magníficos sarcófagos de
granito escuro ou de quartzo amarelo e
vermelho, os quais medem quatro metros
de altura e pesam entre 60 e 80 toneladas.
O que vemos ao lado é um dos mais
bonitos, altamente polido, com hieróglifos e
entalhes do tipo "fachada de palácio". Para
ver um detalhe desse sarcófago, clique
aqui. Um total de 24 sarcófagos dessa
natureza foram encontrados nessas câmaras
laterais que se abrem para o corredor
principal cavado na rocha. Havia duas
galerias abrigando os animais: a primeira,
com comprimento de 68 metros, foi
mandada construir por Ramsés II; a
segunda, com 198 metros de comprimento,
foi construída durante a XXVI dinastia
(664 a 525 a.C.), em ângulo reto com a
primeira. O primeiro touro enterrado nessa
segunda galeria morreu no ano 52 do
reinado de Psamético I (664 a 610 a.C.) e o local continuou a ser utilizado até o período greco-
romano. O culto do boi Ápis sobreviveu até que o imperador Honório o baniu e causou a destuição
do Serapeum no ano 398 da nossa era. Como só havia um destes animais de cada vez, calcula-se
que de 14 em 14 anos, aproximadamente, acontecia o funeral de um touro Ápis. Nenhuma múmia foi
encontrada intacta, pois os ladrões de jóias passaram por lá. Escavações realizadas em 1964
trouxeram à luz galerias de vacas mumificadas, denominadas mães de Ápis, bem como de falcões,
íbis e babuínos.

O AUTOR DA DESCOBERTA do Serapeum, realizada em 1851, foi o pesquisador francês


Mariette, o qual, ao encontrar um desses túmulos escreveu admirado:

Fiquei profundamente impressionado quando penetrei na sepultura do touro Ápis,


que nenhum ser humano freqüentara desde milênios... Mas que sorte! no fim de
alguns dias, descobri um nicho murado que escapara às pesquisas dos pilhantes.
Ramsés II fê-la murar, em 1270 a.C., conforme explica a inscrição. A marca dos
dedos do egípcio que pôs a última pedra do muro se vê ainda, nitidamente, sobre a
cal, assim como a de seus pés sobre um rastro de areia esquecida. Nada faltava
nesse retiro fúnebre onde um touro embalsamado repousava desde 4.700 anos.

QUANDO PTOLOMEU I (304 a 284 a.C.) assumiu o controle do Egito, criou uma nova
divindade, numa tentativa de unificar os gregos e os egípcios pelo estabelecimento de um deus que
http://www.fascinioegito.sh06.com/boiapis.htm 3/4
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divindade, numa tentativa de unificar OosTouro Ápis
gregos e os egípcios pelo estabelecimento de um deus que
fosse familiar às duas culturas. Essa nova divindade foi chamada de Serápis (Osíris-Ápis) e
combinava características dos deuses gregos Zeus, Asclépio e Dionísio com as do deus egípcio Osíris
e as do culto do sagrado touro Ápis. Sua aparência era grega: um homem barbado e de cabelos
encaracolados, usando algo semelhante a um moderno vaso de flores na cabeça. Mas também tinha
algumas das características do touro Ápis e um nome egípcio. Era encarado pelos egípcios como um
deus da fertilidade e do mundo subterrâneo e tolerado por eles, mas não verdadeiramente aceito.
Nessa época, embora em vida o touro fosse considerado uma encarnação de Ptah e as efígies de
Ápis continuassem a trazer o disco solar entre os chifres, após a morte o animal era comparado a
Osíris (sua veste negra lembrava a cor do deus) e adorado sob o novo nome e aspecto, tendo se
tornado o deus nacional do Egito durante o Período Ptolomaico (304 a 30 a.C.).

Para ver mais

http://www.fascinioegito.sh06.com/boiapis.htm 4/4

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