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A manifestação do sagrado na Umbanda

Extraído do livro código de umbanda – Rubens Saraceni)

Estaremos neste texto comentando sobre a visão doutrinária do Núcleo Mata


Verde, sobre as manifestações dos espíritos nos trabalhos de umbanda.
É necessário que o leitor já tenha amadurecido em seu íntimo a noção dos
SETE REINOS SAGRADOS, que nada mais são, do que fases do processo
evolutivo do planeta Terra.

Este conceito de sete reinos numa segunda fase extrapola a formação do


planeta e mostra-se como uma regra geral do processo evolutivo em qualquer
região do universo, com sete tipos de forças que atuam nestes processos.
Quando falamos em evolução estamos nos referindo a processos materiais e
espirituais.

Em outra oportunidade estaremos desenvolvendo o conteúdo referente a


evolução espiritual pelos sete reinos sagrados, onde iremos entender o
mecanismo evolutivo das mônadas espirituais agindo através de CAMPOS
ESTRUTURAIS e desta forma assumindo maiores responsabilidades
espirituais como elementares, elementais, almas-grupos, espíritos, mestres,
anjos e orixás.

Agora iremos abordar as roupagens fuidicas e atribuições de trabalho dos


espíritos trabalhadores da umbanda.
O espírito na sua essência não possui forma definida, podemos falar em
chamas, lampejos, luz etc…

Sabemos que o criador é único e por sua vontade criou o universo material e o
espiritual, que na tradição africana chamamos de Ayiê e Orum.
Este conhecimento pertence a várias culturas e religiões de nosso planeta, na
primeira linha da Gênese Mosaica está escrito:
“1. No principio Deus criou os Céus e a Terra. “
Podemos traduzir céus como o mundo espiritual (Orum) e a Terra como o
universo material (Ayiê).

No livro dos espíritos na pergunta de número 27 encontramos a seguinte


questão:
”27. Haveria, assim, dois elementos gerais do Universo, a matéria e o
espírito?
E a resposta fornecida pelo espírito:
Sim, e acima de ambos Deus, o Criador, o pai de todas as coisas. Essas três
coisas são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal…”
Na doutrina seguida pelo Núcleo Mata Verde aceitamos esta TRINDADE
UNIVERSAL e entendemos Deus (Olorum, Zambi ) como único criador de
todo o universo, portanto em hipótese alguma podemos aceitar uma visão
politeísta para a umbanda.
Deus criou a matéria e o espírito, mas esta matéria não tinha forma, é o que
nos fala a gênese mosaica:
“2. A terra estava informe e vazia…”
Sabemos que energia e matéria são elementos do universo e que uma se
transforma na outra, portanto podemos pensar em um universo material
formado somente por energia sem formas materiais, foi a partir de um segundo
momento pela vontade de Deus que o mundo material passou a possuir
formas e estruturas.
Deus disse:
“Faça-se a luz!” E a luz foi feita.
Este instante da criação universal é o que chamamos de REINO DO FOGO em
nosso estudo doutrinário.
É o primeiro reino da criação, é luz, é calor, é força para provocar as mudanças
necessárias.

A partir deste primeiro reino caminhamos para o segundo reino, que é o


chamdo REINO DA TERRA, que sabemos que é o reino das formas, das
regras, das leis, das estruturas e aqui entendemos todas as leis e estruturas
existentes no universo; a lei de atração e repulsão elétrica e magnética, a lei da
gravidade, a lei de ação e reação, a lei do Karma etc…
São leis imutáveis, naturais, universais e divinas.

Como tudo no universo material se manifesta através de formas e estruturas,


os espíritos para se manifestarem em nossa realidade espaço-tempo, em
nossa consciência, em nossa “tela mental”, em nossos sonhos e em
manifestações mediúnicas necessitam assumir formas, estruturas
e aparências.

Estas formas são chamadas de corpos espirituais e são de natureza


semelhante às estruturas que dão forma a matéria.

Na doutrina dos SETE REINOS SAGRADOS chamamos estas estruturas de


“CAMPOS ESTRUTURAIS”, que em outra oportunidade iremos desenvolver
sua natureza mais a fundo.

No momento limitamos a dizer que “Campos Estruturais”, são estruturas de


natureza mental e emocional, geradas e mantidas pelos espíritos e que dão
forma a matéria e também ao corpo espiritual dos espíritos. Aceitamos na
doutrina seguida pelo Núcleo Mata Verde, que tudo que existe no universo
material possui um duplo de natureza espiritual, que chamamos de campo
estrutural, que pode ser entendido como um campo organizador da matéria
e de toda realidade humana.

Como mencionamos acima, os espíritos para se manifestarem assumem um


corpo espiritual, e como é este corpo espiritual nos trabalhadores
umbandistas?
Existem três etapas na formação da aparência espiritual para os espíritos que
trabalham na umbanda e podemos afirmar para todos aqueles espíritos que de
alguma forma necessitam se apresentar em nossa realidade material.

Primeira etapa:
É a unicidade espiritual; o espírito é único e indivisível.
Diferente do corpo material que é um organismo, formado pelos diversos
órgãos, o espírito em sua essência é único e indefinível. (Atma)
Nesta sua natureza ele não consegue se manifestar aos humanos.

Segunda etapa:
Polaridade espiritual.
Nesta etapa o espírito elabora sua roupagem fluídica, o perispírito dos
Espíritas, ou o corpo espiritual.
A polaridade é um conceito de natureza material, e o espírito para se
manifestar nesta realidade material de espaço-tempo necessita se polarizar.
A polaridade se apresenta como Feminina ou Masculina.
Podemos dizer que o espirito cria um “campo estrutural” que dará forma ao
seu corpo espiritual que poderá ser de mulher ou de homem.

Terceira etapa:
Triplicidade espiritual.
Aqui os espíritos escolhem a melhor opção para realizarem suas atividades, e
que melhor se adaptam as suas características.
Na triplicidade o espírito poderá assumir a forma de: criança, adulto ou velho.

Quarta etapa:
Qualidade vibracional espiritual.
Nesta etapa a opção é setenária, dependo da sua natureza e dos
conhecimentos adquiridos no processo evolutivo o espírito vem trabalhar nos
Terreiros umbandistas vinculados a uma das sete vibrações existentes na
natureza, ou seja, conforme seus compromissos com os Orixás Regentes de
cada reino:
Ogum, Xangô, Iansã, Iemanjá, Oxossi, Oxalá, Omolu
Que são os regentes dos sete reinos sagrados:
Reino do Fogo, da Terra, do Ar, da Água, das Matas, da Humanidade, das
Almas.

Podemos encontrar quarenta e duas formas básicas de manifestação. ( 7x3x2)


Não iremos neste momento relacionar todas as possibilidades, mas daremos
um exemplo:
1)Linha de Cosme e Damião (Crianças):
Polaridade: Feminina
Triplicidade: Criança
Qualidade Vibracional: Iemanjá
O espirito se manifestará como uma criança, menina que trabalha na vibração
de Iemanjá (Reino das águas), poderá, por exemplo, se identificar com o nome
de Mariazinha.
Mariazinha é o diminutivo de Maria, que significa Mãe e todas as Mães, de
alguma forma, estão ligadas a água.
Polaridade: Masculino
Triplicidade: Criança
Qualidade Vibracional: Xangô
O espirito se manifestará como uma criança, menino que trabalha na vibração
de Xangô (Reino da Terra), poderá, por exemplo, se identificar com o nome de
Pedrinho.
Pedrinho é o diminutivo de Pedro, que significa Pedra e, portanto ligado ao
reino da Terra.

2)Linha dos Caboclos


Polaridade: Masculino
Triplicidade: Adulto
Qualidade Vibracional: Oxossi
O espirito se manifestará como um adulto, homem que trabalha na vibração de
Oxossi (Reino das Matas), poderá se identificar com o nome, por exemplo, de
Caboclo Folha Verde.
Polaridade: Feminino
Triplicidade: Adulto
Qualidade Vibracional: Iemanjá
O espirito se manifestará como uma Cabocla que trabalha na vibração de
Iemanjá (Reino das águas), poderá se identificar como, por exemplo,
como Cabocla do Mar.

3)Linha dos Preto-Velhos


Polaridade: Masculino
Triplicidade: Velho
Qualidade Vibracional: Oxossi
O espirito se manifestará como um velho que trabalha na vibração de Oxossi
(Reino das Matas), poderá, por exemplo, se identificar como Vovô Sebastião
na linha dos preto-velhos ou como um Caboclo Velho.
Sebastião é o nome de São Sebastião, que é o sincretismo de Oxossi na
Umbanda.
Polaridade: Feminino
Triplicidade: Velho
Qualidade Vibracional: Iemanjá
O espírito se manifestará como uma preta-velha que trabalha na vibração de
Iemanjá (reino das águas), poderá, por exemplo, se identificar como Vovó
Maria.(poderá também se manifestar como uma cabocla velha)
Não pretendemos agora explorar todas as possibilidades existentes, mas em
breve faremos um trabalho divulgando todas as possíveis combinações
existentes e algumas sugestões de nomes de trabalho.
É preciso registrar que Crianças e Preto-Velhos por usarem nomes de origem
ocidental cristã, normalmente dificultam um pouco a identificação de suas
vibrações de trabalho pelo seu nome, mas a grande maioria utiliza nomes de
santos ligados ao sincretismo o que é um caminho para a identificação.
Já os Caboclos e Caboclas, por utilizarem elementos da natureza em seus
nomes fica mais fácil a identificação.
Lembrando que pela forma de trabalhar, pelos objetos utilizados, pelas cores,
pelos pontos riscados é possível fazer esta identificação; mas a maneira mais
segura e objetiva é perguntar ao espírito em quais das sete vibrações ele
trabalha.

Também encontramos Caboclos que trabalham com mais de uma vibração; em


nossa vivência identificamos entidades que trabalham em até três tipos de
vibrações.

Alguns exemplos simples:


Um Caboclo Pedra Preta, é um espírito que se manifesta como Homem,
adulto que trabalha com as vibrações do Reino da Terra (pedra) e do Reino
das Almas (cor Preta), ou seja, é um Caboclo que trabalha nas irradiações dos
Orixás Xangô e Omolu.

Um Ogum Sete Ondas, é um espírito que se manifesta como homem, adulto


que trabalha com as vibrações do Reino do Fogo (Ogum) e do Reino das
Águas (ondas), ou seja, ele trabalha nas irradiações dos Orixás Ogum e
Iemanjá.

Em relação aos Orixás é interessante fazer um comentário de que estes sete


reinos são regidos pelos sete principais Orixás Primordiais e que através da
mescla destas vibrações primordiais encontramos as demais vibrações, que
podemos chamar de vibrações secundárias.
São Orixás que atuam em dois ou mais reinos e sua existência necessita
destas vibrações básicas.
Como exemplo, sem querer criar polêmicas, podemos exemplificar com o
Orixá Logunedé, que não é cultuado na Umbanda.
Logunedé ou Logun Ede, do iorubá Lógunède, é um orixá africano que na
maioria dos mitos costuma ser apresentado como filho de Oxum Ipondá e
Oxóssi Inlè ou Érinle.
Segundo as lendas, vive seis meses nas matas caçando com Oxossi e seis
meses nos rios pescando com Oxum.

Fica claro pelas lendas que sua natureza é ligada ao REINO DAS MATAS e ao
REINO DAS ÁGUAS, ou seja, sua existência necessita destas duas vibrações.
Na doutrina dos Sete Reinos é considerado um Orixá secundário.
Secundário no sentido de não possuir uma única vibração em sua natureza e
não no sentido de importância religiosa.

Como já mencionamos em outros textos de estudo, todos os Orixás


encontrados na África podem ser identificados através do estudo e analise das
sete vibrações principais.

Finalizando lembramos que estes princípios se aplicam em qualquer linha de


trabalho da umbanda, sejam exus, ciganos, baianos, etc… sempre teremos:
crianças (Mirim), adultos e velhos, homens ou mulheres e sempre vinculados
aos sete reinos.
Saravá!

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