SEDUFSM JORNAL DA

Publicação mensal da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES - Janeiro a Março de 2019 ISSN 2177-9988

DA

Capitalização, alargamento do tempo de

contribuição, rebaixamento dos benefícios.
A quem interessa a Reforma da Previdência?
Especial, págs. 4 e 5.

BRUNA HOMRICH

Ainda nesta edição:

ANDES-SN realiza Sedufsm obtém
38º Congresso vitória em ação sobre
Ocorrido no final de janeiro deste cumulado de quintos.
ano, Congresso reforçou unidade Jurídico, pág. 2
e apontou Greve Geral para
barrar Reforma da Previdência. Crise na moradia
Sedufsm, pág. 3. estudantil da UFSM.
Educação, pág. 7

ACO M PAN H E A SED U FSM N A IN TERN ET

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 02 JANEIRO A MARÇO DE 2019 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

PAINEL

Frente Única de Trabalhadores MP 873 fere autonomia

Uma articulação que reúne sindi- sindical, diz ANDES-SN

catos, coletivos e outros tipos de
organização política vem tomando
corpo na cidade de Santa Maria.
Unidos em torno de reivindicações
comuns ao conjunto dos trabalha-
dores, especialmente a contrarie-
dade à Reforma da Previdência,
principal projeto do governo Bolso-
naro, a Frente Única de Trabalha-
doras e Trabalhadores (FUTT) vem
se reunindo periodicamente para
traçar ações de mobilização. Cabe
lembrar que o ANDES-SN, ao definir
a centralidade da luta docente para
o ano de 2019, elencou a unidade
como elemento imprescindível.
Frente reunida com
centrais sindicais da cidade
Decreto federal extingue funções gratificadas nas IFEs
O presidente Jair Bolsonaro editou um decreto que
extingue milhares de cargos em comissão e funções de
confiança no âmbito do Poder Executivo federal. O
decreto 9725/19 foi publicado no dia 13 de março, no
Diário Oficial da União (DOU). Com isso, o governo vai
eliminar cerca de 21 mil funções comissionadas e
gratificadas. E a conta maior será paga pelas univer-
sidades federais. Imediatamente, foram extintos 119
cargos de direção em instituições de ensino federais.
Não foram definidas especificamente quais IFEs serão
afetadas. Também estão eliminadas 1.870 Funções
Comissionadas de Coordenação de Curso.
Além disso, o decreto determina a extinção de todas as
funções gratificadas das universidades federais de
Catalão (GO), Jataí (GO), Rondonópolis (MT), Delta do
Parnaíba (PI) e Agreste de Pernambuco (PE). Todas
essas universidades foram oficialmente criadas em
2018, fruto do desmembramento de outras IFE. A partir
de 31 de julho serão extintas mais de 11 mil outras
funções gratificadas nas universidades federais, dos
níveis quatro ao nove.
Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, ressalta
que com o processo de expansão precarizada das uni-
FRITZ NUNES
versidades federais, muitos campi não contam com
estrutura administrativa adequada. “Quem faz esse
papel de gestão de pessoal e gestão do curso é o coorde-
nador do curso. Esse decreto extingue, por exemplo,
mais de mil gratificações de coordenador de curso. Ou
seja, o estímulo que o professor - que já tem uma
carreira desestruturada e uma remuneração rebaixada -
teria para assumir uma tarefa de gestão dentro da
universidade está sendo retirado”, explica.
Em uma análise preliminar da Assessoria Jurídica
Nacional do ANDES-SN (AJN), o decreto não atinge
cargos de livre nomeação (DAS). Segundo a AJN, estão
incluídos nos cortes apenas os cargos que devem ser
ocupados por servidores efetivos. “Os eventuais ocupan-
tes dos cargos agora extintos ficam automaticamente
exonerados ou, se for o caso, dispensados do exercício
das funções gratificadas”, explica a AJN.
Além disso, ficam congeladas mais de 1.200
gratificações temporárias, pagas a servidores públicos
que ocupam funções em diversas áreas do governo. Isso
inclui desde a área de controle interno até gestão de
documentos. Outras 253 serão eliminadas a partir de 30
de abril.
No dia 1º de março, o Diário Oficial da União publicou
uma medida provisória (MP 873), editada pelo presidente
Jair Bolsonaro, alterando a redação dos artigos 545, 578,
579-A e 582 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e
revogando o art. 240, alínea “c” da Lei nº 8.112/1990
(Regime Jurídico Único dos servidores públicos federais –
RJU).
Essa iniciativa, conforme a Assessoria Jurídica Nacional
(AJN) do ANDES-SN, tem “o indisfarçado propósito de
restringir e dificultar seriamente a arrecadação de
contribuições às entidades sindicais”. Ainda conforme o
documento analítico, distribuído às seções sindicais, a MP
8873/19 representa uma “grosseira afronta à liberdade e
autonomia sindicais garantidas pela Constituição”. Na
parte referente à conclusão, diz o texto assinado pelos
advogados Mauro Azevedo de Menezes, Paulo Roberto
Ebert e Rodrigo Torelly:
“Da análise preliminar ora formulada, em conclusão, é
possível constatar que as alterações promovidas pela
Medida Provisória nº 873/2019 na parte em que
estabelecem as condições para a manifestação das
categorias a respeito da autorização para o desconto das
contribuições e mensalidades sindicais e para o
pagamento das referidas parcelas são contrárias aos
princípios da liberdade e da autonomia sindicais, previstos
no artigo 8º, caput e inciso I, III e IV, da Constituição
Federal, bem assim ao artigo 5º, da Convenção nº 151 da
OIT.
Sendo assim, se as entidades sindicais representativas
de trabalhadores do setor privado e de servidores públicos
vêm obtendo de suas respectivas categorias, em normas
coletivas, em sede estatutária ou de assembleia geral,
autorizações para desconto em folha das contribuições e
das mensalidades sindicais, podem elas buscar o Poder
Judiciário com vistas ao reconhecimento da validade de
tais procedimentos com respaldo nos artigos 5º, XXXVI;
7º, inciso XXVI; 8º, caput e incisos I, III e IV;, da
Constituição Federal e no artigo 5º da Convenção nº 151
da OIT, mesmo após o advento da Medida Provisória nº
873/2019.”
Em assembleia realizada no dia 14 de março, na sede da
Sedufsm, os/as docentes, orientados/as pelo assessor
jurídico da seção sindical, Heverton Padilha, deliberaram
que o sindicato deve entrar com uma ação contra a MP 873
na justiça local.

JURÍDICO

Ação judicial beneficia aposentados

Medida, que se refere a cumulado de quintos, em fase de cálculos
A SEDUFSM, representada por Wagner Advogados
Associados, através de ação judicial, pleiteou o
recebimento cumulado dos valores correspondentes
aos quintos e à vantagem prevista no artigo 192 do
Regime Jurídico Único (RJU).
Ao julgar o processo, o Judiciário Federal deu razão
à entidade garantindo o direito à cumulação pleiteada
e condenando a UFSM ao pagamento das diferenças
correspondentes, acrescidas de correção monetária e
juros moratórios. Tal decisão já se tornou definitiva. O
processo encontra-se em fase de cálculos dos valores
devidos, sendo que serão beneficiados docentes
aposentados a partir de novembro de 2004 e que,
quando na ativa, até final de 1997, receberam tais
parcelas acumuladamente.
Conforme a assessoria jurídica, ainda não é possível
afirmar com exatidão o número de professoras e
professores beneficiadas/os, dado que será obtido após
o término do repasse de informações por parte do
Judiciário.
Antes das alterações promovidas pela Lei 9.527/97,
não havia qualquer vedação à possibilidade de
acumulação da vantagem prevista no artigo 62 da Lei
8.112/90 (incorporação da gratificação correspondente
à função de direção, chefia e assessoramento ou
cargo em comissão) com a vantagem do art. 192 da
mesma lei (aposentadoria integral com remuneração
do padrão de classe imediatamente superior àquela
em que o servidor se encontra posicionado, ou, no
caso de ocupante da última classe da carreira,
remuneração do padrão correspondente, acrescida da
diferença entre esse e o padrão da classe
imediatamente anterior).
Para mais informações, os interessados devem
procurar diretamente o escritório Wagner Advogados
Associados ou a Sedufsm.

EXPEDIENTE
A diretoria da SEDUFSM é composta por: Presidente: Júlio Ricardo Quevedo dos Santos; Vice-Presidente: João Carlos Gilli Martins; Secretária-Geral: Maristela da Silva Souza; Primeira
Secretária: Leila Regina Wolff; Tesoureiro-Geral: Gihad Mohamad; Primeiro Tesoureiro: Carlos Alberto da Fonseca Pires; Primeira Suplente: Valeska Fortes de Oliveira; Segunda
Suplente: Adriana Graciela Desire Zecca; Terceira Suplente: Roselene Moreira Gomes Pommer.
Jornalista responsável: Bruna Homrich Vasconcellos (MTb nº 17487) Equipe jornalismo: Fritz R. Nunes, Ivan Lautert e Rafael Balbueno
Equipe de Relações Públicas: Fernanda Brusius e Vilma Ochoa Demais funcionários: Dirleia Balensiefer, Paulo Marafiga e Rossana Siega
Diagramação e projeto gráfico: J. Adams Propaganda Ilustração: Rafael Balbueno Impressão: Gráfica Pale, Vera Cruz (RS). Tiragem: 1.500 exemplares.
Obs: As opiniões contidas neste jornal são da inteira responsabilidade de quem as assina. Sugestões, críticas e opiniões podem ser enviadas via fone (55) 3222-5765 ou pelo email
sedufsm@terra.com.br
Informações também podem ser buscadas no site do sindicato: www.sedufsm.org.br A SEDUFSM funciona na André Marques, 665, cep 97010-041, em Santa Maria (RS).
 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES JANEIRO A MARÇO DE 2019 03

SEDUFSM

Congresso do ANDES-SN engrossa

luta contra Reforma da Previdência
Quase 600 professores/as de todo o país
deslocaram-se até a cidade de Belém, no Pará, para
participar do 38º Congresso do ANDES-SN, que este
ano trouxe o tema “Por Democracia, Educação,
Ciência, Tecnologia e Serviços Públicos: em defesa
do trabalho e da carreira docente, pela revogação da
EC/95”. Ocorrido entre os dias 28 de janeiro e 2 de
fevereiro de 2019, o evento oportunizou trocas de
ideias, discussões e deliberações sobre o plano de
lutas da categoria docente para o ano que se inicia.
Durante a semana, os docentes ponderaram
sobre os elementos sociais, políticos e econômicos
que caracterizam o atual momento brasileiro, e,
tendo em vista tais questões, delinearam ações de
enfrentamento e resistência. A centralidade da luta é
a contrariedade à Reforma da Previdência e a defesa
das liberdades democráticas, dentre elas a liberdade
de cátedra, ameaçada pela tramitação de projetos
como o 'Escola sem Partido'. Para engrossar a
mobilização de resistência a projetos considerados
precarizantes à vida dos trabalhadores, a tônica dos
debates girou em torno da necessidade de unidade
entre as diversas entidades e categorias da classe
trabalhadora.
Outros temas caros à categoria docente também
Centralidade 38º Congresso reuniu quase 600 docentes em Belém (PA)
tomaram parte nas discussões do evento, como a situação da da luta: contra ao capacitismo, que alija as pessoas com deficiência do direito
produção de ciência e tecnologia públicas, da carreira docente, Reforma ao trabalho e educação. Questões relativas à situação agrária
dos investimentos públicos na educação pública, do combate e ambiental e à organização interna do ANDES-SN
às opressões de gênero, etnia e diversidade sexual, bem como
Previdenciária, movimentaram, ainda, a semana.
por mais direitos
Fotos: BRUNA HOMRICH e em defesa
da democracia
Paridade
na direção
vice-presidências regionais).
A paridade aprovada não limita a participação das mulheres
em 50%. Mais que isso, determina que exista no mínimo 50% de
mulheres nestes espaços, podendo tal porcentagem ser maior.
Cerca de 50 falas, em sua esmagadora maioria de mulheres,
antecederam a votação.
De posse do microfone, elas iam, uma por uma, para a frente
do palco do auditório Benedito Nunes, da UFPA. E falavam.
Falavam sobre como é difícil pegar um microfone e se posicionar
publicamente, quando tais espaços ainda autorizam muito mais
a manifestação de homens que de mulheres. Falavam sobre
tantas professoras que gostariam de estar participando do even-
to, mas, sendo as principais (quando não as únicas) responsá-
veis pelo cuidado com os filhos, não puderam comparecer.
Falavam sobre sindicalistas que reproduzem machismo e sobre
como a luta pela emancipação humana deve, necessariamente,
ser alimentada por homens e mulheres em condição de igual-
dade, sob pena de ser inócua ao capitalismo. Por fim, falavam
Cerca de 50 mulheres defenderam a paridade
sobre a necessidade de as mulheres ocuparem, cada vez mais,
Uma decisão histórica foi tomada pelos/as delegados/as presentes ao 38º os cargos de decisão e direção política, visto que estão, desde o início, em luta
Congresso: a paridade de gênero nas instâncias diretivas do ANDES-SN. tão aguerrida quanto seus parceiros.
Desta forma, as próximas chapas à diretoria do ANDES-SN deverão ser A Sedufsm participou do 38º Congresso do ANDES-SN com uma delegação
compostas da seguinte maneira: no mínimo 6 mulheres deverão estar entre eleita em assembleia e composta pelos/as professores/as: Júlio Quevedo,
as 11 pessoas do bloco nacional da presidência, secretaria e tesouraria. Entre Gihad Mohamad, Hugo Blois Filho, Luciana Carvalho, Maristela Souza e Nara
as 72 pessoas das direções regionais, deverá haver no mínimo 36 mulheres, Quadros. O professor Carlos Pires, diretor da Sedufsm, compa-
somando todas as regionais. Também deverá haver no mínimo 50% de receu ao evento na condição de 1º vice-presidente da
mulheres em todas e em cada uma das vice-presidências regionais (1ª e 2ª Regional Rio Grande do Sul do Sindicato Nacional.
 04 JANEIRO A MARÇO DE 2019 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES JANEIRO A MARÇO DE 2019 05

COM A PALAVRA ESPECIAL

Por que querem Se não é

Desde o dia 5 de dezembro de 2016, até o encerra- diz que capitalizar contas individuais é que a Funpresp rebaixa o valor da
mento de sua gestão, o ex-presidente Michel Temer ainda pior que um fundo de pensão. “Um aposentadoria dos servidores públicos e

justo tirar dos

travou uma luta com o Congresso Nacional. Jantares exemplo: há duas pessoas que começam abre a possibilidade concreta de
suntuosos e promessas de verba e cargos foram a trabalhar e contribuir na mesma ampliação dos fundos privados de

abocanhar nossa
utilizados para tentar garantir a aprovação da Proposta empresa e com a mesma idade. Uma delas Previdência.
de Emenda à Constituição (PEC) 287/16, que instituía a investe sua conta capitalizada na Vale do
Reforma da Previdência. Amplos setores da classe Rio Doce; a outra investe no grupo Pão
“ Inicialme nte , o s pro fe s s o re s
poderiam ou não aderir à Funpresp. trabalhadores,
tiramos
trabalhadora resistiram, levando uma maioria de de Açúcar. Se o grupo Pão de Açúcar Fizemos, no ANDES-SN, uma cam-
parlamentares, pressionados, a não venderem seus quebra, esta não terá previdência”, panha muito forte de não adesão da
votos naquele momento. alerta. categoria, e tivemos tanto sucesso

de quem?
Ocorre que a Reforma não era um projeto exclusivo que as adesões foram muito peque-

aposentadoria?
de Temer. Muito antes dele, Fernando Henrique Se Se
(Entretítulo) é étão ruim,
tão ruim, por que nas. Além de toda propaganda
(Entretítulo – com maior ênfase) Se não é justo tirar
por que capitalizar?
Cardoso e o próprio Luiz Inácio Lula da Silva elegeram a capitalizar? governamental, há uma máquina de
dos trabalhadores, tiramos de quem?
previdência social como uma das áreas alvo de seus propaganda estatal incentivando um
ajustes. E Jair Bolsonaro, empossado em 1º de janeiro Um processo de privatização só ocorre fundo privado. Olha a contradição!”,
de 2019, abraçou com unhas e dentes a tarefa de quando o setor estatal a ser privatizado tem indigna-se o professor. Para o membro da Executiva Nacional da CSP-
aprovar aquilo que seu antecessor não conseguiu. Com potencial para gerar lucros consideráveis Ele explica que, hoje, o sistema Conlutas, central sindical à qual o ANDES-SN é filiado,
alguns ajustes, é claro. Ajustes que nem de longe aos capitalistas que o compram. Segundo previdenciário brasileiro é dividido em três Saulo Arcangeli, o governo está tirando do lugar errado.
representam os anseios dos trabalhadores por Sara, a Previdência Social no Brasil repre- níveis: o primeiro seria o Regime Geral da O dirigente, baseado em dados como os fornecidos pela
melhores condições de vida. Ao contrário, pioram. senta uma massa de dinheiro muito grande. medo. Mas o centro dessa Reforma é transformar toda privada, sustentada pelos grandes fundos de pensão Previdência Social, destinado a todos os Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita
Uma das novidades, embora ainda não confirmada, “A Previdência dos bancos está chegando a R$ 820 a Previdência em capitalização”, alerta Sara. privados, sustentados, por sua vez, pelos grandes trabalhadores da iniciativa privada; o segundo é o Federal (Anfip), lembra que a Previdência tem sido
da Reforma de Bolsonaro seria a capitalização da bilhões. A Previdência complementar fechada [fundos Ao constatar que as duas áreas em que estão bancos, que representam a fração financeira da elite Regime Próprio de Previdência Social, organizado para superavitária.
Previdência. Osmar Gomes de Alencar, 1º vice-presi- de pensão] está em R$ 900 bilhões. O orçamento da alocados os maiores recursos da União são a Previ- burguesa capitalista. Esta fração perdeu muito dinheiro todos os servidores públicos; o terceiro é o Regime Ao propagandear que há um déficit na Previdência, o
dente da Regional Nordeste I do ANDES-SN e docente Seguridade Social [que inclui Previdência, Saúde e dência Social e a Dívida Pública, Osmar de Alencar com a quebra da bolha imobiliária americana, e agora Complementar, mais conhecido como a Previdência governo, diz Arcangeli, contabiliza apenas uma parte
do departamento de Economia da Universidade Federal Assistência Social] para este ano foi de R$ 1 trilhão e R$ corrobora a preocupação com a privatização daquela tem que recuperar. A forma mais fácil de recuperar é se privada. A maioria dos trabalhadores estão guarnecidos dos recursos: aquilo que é descontado dos trabalha-
do Piauí, explica que o modelo de capitalização propos- 200 bilhões. E, se pegarmos mais cerca de $ 1 trilhão que chama a 'menina dos olhos' dos capitalistas, a apropriando dessa fatia que é pública”, ressalta Alencar. pelo Regime Geral, enquanto a minoria está no Regime dores. Contudo, lembra, a Previdência integra o tripé da
to por Paulo Guedes, atual ministro da Economia, representado pelos regimes próprios de Previdência, Previdência Pública, em especial o Regime Próprio de O dirigente do ANDES-SN e docente da UFPI lembra Próprio. Seguridade Social, composta ainda por Saúde e
guarda semelhanças com a Reforma Previdenciária está explicado o porquê das tentativas de quebrar a luta Previdência. Diz o professor que, nos últimos 12 anos, a que uma possível capitalização previdenciária [ainda Alencar reconhece haver, de fato, um desnível entre Assistência Social. “Há outros impostos, há a receita
instituída pelo governo de Augusto Pinochet, em 1981, dos servidores públicos. É preciso desacreditar a Previdência Pública vem recebendo de 25% a 30% do mais agressiva que um fundo de pensão, por exemplo] ambos os regimes, pois o Próprio fornece aposenta- líquida das empresas e a loteria esportiva que, por
no Chile. Em nosso vizinho latino-americano, contudo, Previdência pública”, critica Sara. orçamento federal, o que representa em torno de R$ desonera o empregador de contribuir, junto com o dorias mais altas, havendo ônus aos trabalhadores do exemplo, compõem a receita da Previdência Pública”,
a experiência não vem dando muito certo. Ainda que a equipe de Bolsonaro recue e não 500 a R$ 600 bilhões ao ano. Se comparada com as empregado, para o sistema universal de financiamento setor privado. O teto do Regime Geral em 2019 é de R$ diz.
“Hoje os aposentados no Chile ganham de 60% a proponha oficialmente o regime de capitalização das destinações orçamentárias à Educação e Saúde (ambas da Previdência. Num cenário de capitalização, explica 5.839, 45. Já no que tange ao Regime Próprio, hoje há Ele lembra que mesmo com os desvios, a exemplo das
70% do salário mínimo. Ou seja, ao longo do tempo aposentadorias, a tônica privatista da Reforma em torno de 5%), a Previdência passa a brilhar como a ele, o empregado contribui para uma poupança de alto servidores aposentados que recebem o valor integral de desonerações para o empresariado ou a Desvinculação
houve um rebaixamento dos benefícios previdenciá- permanecerá. E, para justificar a privatização de uma galinha dos ovos de ouro. risco, que, após algumas dezenas de anos, pode sua aposentadoria; há aqueles que se aposentaram das Receitas da União (DRU), que autoriza a retirada de
rios, colocando os aposentados de lá em uma situação das áreas mais rentáveis da economia nacional, é “Então, em momento de crise, ou seja, quando as simplesmente não existir. ganhando cerca de 80% do que ganhavam na ativa; e 30% do orçamento previdenciário para pagamento de
dramática”, diz Alencar. preciso desmoralizá-la e atacar seus trabalhadores. taxas de lucros dos capitalistas estão em queda “O empregado colocará seu dinheiro em um fundo há aqueles que, após a Funpresp, passaram a se outras despesas, sendo a dívida pública a principal
Quem também destaca a similaridade “É preciso demonizar os servidores [especialmente a partir da crise de de Previdência privado de alto risco, que aposentar com o teto do Regime Geral. Estes delas, a Previdência ainda não apresenta
entre a proposta de Guedes e o públicos porque, se não quebrarem 2007/08], a única alternativa das pode transformar em pó seu trabalho últimos, por mais que tenham contri- déficit que justifique uma reforma
regime chileno é a docente da essas categorias de trabalhadores, grandes empresas é recorrer ao suado de 30 anos. Na economia, buído de acordo com os salários nesses moldes.
Escola de Serviço Social da que têm enfrentado, nos Estado. E onde tem dinheiro no quanto maior o lucro, maior o recebidos quando estavam na A verdadeira Reforma,
UFRJ, Sara Granemann. últimos 20 anos, a política Estado? Na Previdência risco. Então se eu arrisco ativa, só poderão se aposentar defende o dirigente, deveria
Esclarecendo que capita- neoliberal, os ajustes fiscais Pública”, explica Alencar. muito, eu ganho muito, mas com o valor do teto do INSS. atacar os desvios,
lizar é, essencialmente, e a transferência do fundo também posso perder Para um valor de aposenta- sonegações e refinanci-
investir para produzir público para os capitais, doria maior, teriam de amentos feitos ao
juros, ela conta que, não tem como ocupar
Demonizando
(Entretítulo) Demoni- muito. Você coloca a vida
aderir à Funpresp [na setor empresarial. “A
zando o público inteira das pessoas nas
com a capitalização esse novo espaço”, o público mãos de quem tem prática, um plano priva- gente sabe que as
no Chile, passaram a pondera a docente da Se as empresas apenas ganância. Esse do]. “Então, dentro do reformas previden-
existir 20 Administra- UFRJ. Para ela, frente recorrem ao Estado é o risco dos fundos pri- Regime Próprio de ciárias estão sendo
doras de Fundos de a um crescente para tirá-las da crise e, vados de Previdência. Previdência, temos três implementadas em
Pensão para gerir o esgotamento do como retorno, recebem De uma tacada só, o tipos de aposentados: t o d o o m u n d o,
dinheiro da poupan- sistema capitalista, a autorização para ex- governo aumenta as um que recebe valores principalmente em
ça. indústrias clássicas plorarem áreas sociais taxas de lucro das integrais, um que rece- momentos de crise
“Hoje há seis Admi- como a auto- lucrativas, nada disso empresas, pois o patrão be em torno de 80% e econômica, quando
nistradoras. Começou mobilística, por exem- pode acontecer tão não tem mais a responsa- um que ganhará apenas o os governos tentam
em concorrência e aca- plo, veem-se ameaçadas, escancaradamente e sem bilidade de financiar a teto do Regime Geral. r e s o l v e r a crise
bou em monopólio, como seja porque não tem mais justificativas à população. Previdência, e transfere, “A gente pode defender atacando os traba-
dita a lei do capitalismo. espaço para carros no pla- Aí, então, é que entra a cam- cada vez mais, recursos públi- a unificação dos Regimes, l h a d o r e s . Te m o s a
Chegou um momento, na neta, seja porque os trabalha- panha de demonização do pú- cos para os fundos privados. mas de forma digna, com compreensão de que se
esta Reforma passar como
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década de 2000, em que o dores perdem quase que blico, encampada, com diferen- Estes fundos são, justamente, aposentadorias dignas, que
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dinheiro das poupanças era tão constantemente poder aquisi- tes intensidades, por todos os go- aqueles que financiaram as atendam às necessidades das está, ninguém mais consegue
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se aposentar”, diz Arcangeli.

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grande que não cabia mais na tivo, ou, ainda, pela natureza estar vernos federais brasileiros pós- campanhas eleitorais e hoje pessoas. Mas não é a proposta que
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SARA: OSMAR: SAULO:

RIC

RIC
economia chilena. Então eles sob risco iminente. Desta forma, a está aí com a Reforma. O governo Na avaliação do dirigente, os
l

ditadura militar. bancam esse modelo radical de

H

começaram a exportar, comprar
estatais e empresas, migrando para
outros lugares do mundo. Mas esse
crescimento não se reverteu em melho-
res aposentadorias para aqueles que
poupam a vida inteira. Hoje as aposenta-
dorias públicas são de 400 dólares e as
privadas, de 350 dólares”, explica Sara.
Seguindo na explicação sobre os riscos do
regime de capitalização previdenciária, a docente
Governos têm docente diz não ter dúvidas sobre a
transformado necessidade de o capital buscar novos
espaços de lucratividade.
política social
em
“Dos últimos 20 anos para cá, o obje-
tivo [dos governos] tem sido transformar
mercadoria em mercadoria aquilo que, antes, era política
social, a exemplo das universidades e da
Previdência. Podem dizer que é déficit ou que
estamos vivendo demais, pois esses argumentos
colam mais fácil no imaginário popular e causam
“Passa-se a fazer uma campanha
de difamação, colocando os servidores
públicos como incompetentes e onerosos
à sociedade. Há todo um processo de des-
construção do serviço público. E essa
campanha de demonização do público serve a
quem? Ora, se o público não presta, então o
que presta é o que está no mercado, no setor
privado. Na área previdenciária, o que tem no
setor privado? A Previdência complementar,
H
Governo quer destruição do patrimônio público quer levar todo mundo para o mesmo Se passar a trabalhadores da iniciativa privada
devem sofrer ainda mais. “Hoje o
unificar regimes brasileiro”, diz Alencar. regime, mas com valores de aposenta- Reforma como trabalhador consegue contribuir entre
doria rebaixados. Ele não quer criar um
rebaixando está, ninguém 7 e 8 meses, em um período de um ano.
aposenta- Funpresp
(Entretítulo) Funpresp regime único em que as aposentadorias
consegue se E com a Reforma Trabalhista [aprovada
alcancem um patamar mais elevado e digno.
dorias Prevista na Reforma da Previdência Pelo contrário, quer unificar as aposenta- aposentar no governo Temer] isso vai piorar, pois
promovida por Lula em 2003, a Fundação de dorias nesse valor de R$ 5.839,45. Isso não você tem jornada intermitente e aumen-to
Previdência Complementar do Servidor Público chega a seis salários mínimos. Será que do trabalho temporário e parcial, levando a
Federal [Funpresp] é o maior exemplo de como a realmente é um valor capaz de dar uma vida digna uma menor contribuição. Você não conseguirá
categoria docente vem sendo afetada pela aos brasileiros que trabalharam a vida toda?”, se aposentar”, preocupa-se.
concepção mercantil de Previdência. Alencar explica questiona Alencar.
 06 JANEIRO A MARÇO DE 2019
COM A PALAVRA
Arquivo/Sedufsm
Sedufsm – O governo diz que a
Previdência Social é deficitária e,
por isso, faz-se necessária a
Reforma. Como o senhor avalia
essa questão?
Antonio – A CPI da Previdência
mostrou claramente que, se você
considerar todas as fontes de receita
que financiam a Previdência Pública,
não há déficit. Os servidores públicos
são alvo desse governo que quer
reconfigurar o Estado nacional, privati-
zando, ampliando a terceirização no
serviço público e acabando com o Regi-
me Jurídico Único [RJU]. Contrapomo-
nos a isso e defendemos os serviços e
os servidores públicos. Sem bons
servidores, qualificados, com carreira,
boa remuneração e perspectiva de
aposentadoria, não temos como
garantir bons serviços públicos. E os
serviços públicos são essenciais.
Sedufsm – Por que os servidores
públicos são propagandeados,
pelos defensores da Reforma,
como os grandes privilegiados e
onerosos aos cofres públicos?
Antonio – Os servidores públicos fo-
ram submetidos a uma perversa Refor-
ma da Previdência em 2003, no
governo Lula, que acabou com a apo-
sentadoria integral e a paridade entre
ativos e aposentados, abrindo, tam-
bém, a possibilidade de que, para
receber um valor superior ao teto do
Regime Geral de Previdência, o traba-
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
ANTONIO GONÇALVES
Aposentadoria
à mercê do
mercado financeiro
Mudam os presidentes, mas as justificativas permanecem.
Apresentada pelo governo de Michel Temer ao Congresso Nacional
no final de 2016, a Reforma da Previdência não obteve apoio social
e parlamentar suficiente para que se tornasse lei. No entanto, Jair
Bolsonaro colocou-se no lugar de herdeiro de seu antecessor, abra-
çando para si [e sua equipe] a tarefa de, a todo custo, aprová-la. A
justificativa? Em termos gerais, haveria um déficit nas contas públi-
cas, ocasionado, em grande parte, por categorias de trabalhadores
considerados ‘privilegiados’ – os servidores públicos, bem como por
outros fatores, a exemplo do aumento da expectativa de vida. O tom de
ameaça que permeia a propaganda oficial favorável à Reforma parece
envolver os trabalhadores, temerosos de perder a proteção social na
velhice, período em que mais necessitam de cuidados. Afinal, se não
aumentarmos a idade mínima e o tempo de contribuição, o sistema
previdenciário entrará em colapso, dando fim às aposentadorias.
Será que é isso mesmo? Em entrevista à Assessoria de Imprensa da
Sedufsm, o presidente do ANDES-SN, Antonio Gonçalves, desmente a
justificativa oficial. Um dos problemas centrais, diz o dirigente, é o
comprometimento de quase metade do orçamento federal com o
pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Confira.
lhador tivesse que capitalizar a neração de 96% dos aposentados Reforma?
diferença. Isso já foi uma grande não chega a 60% do salário mínimo. Antonio – Se a gente se debruça sobre
perversidade, pois uma boa parte dos No final da primeira década desse o orçamento, vê que o que impede o
novos docentes já está submetida a século, o governo da Michelle Estado de garantir os direitos previstos
essa lógica. Da aprovação da Refor- Bachelet teve de colocar recursos na Constituição de 88 é o compro-
ma, em 2003, até 2012, quando foi públicos na Previdência privada, metimento de quase metade do
instituída em definitivo a Funpresp porque os aposentados estavam com orçamento com a dívida pública. Então,
[Fundação de Previdência Comple- a remuneração tão baixa que não se a gente não for capaz de enfrentar,
mentar do Servidor Público Federal], chegava ao salário mínimo, mas não denunciar e exigir uma auditoria cidadã
houve uma lacuna em que os profes- era baixa o suficiente para cair na dessa dívida, teremos sempre que abrir
sores ainda poderiam se aposentar rede de proteção social. Então eles mão dos nossos direitos, pois quem
com a média dos 80% ficavam no limbo. paga a conta é sempre a classe
maiores salários. A Países como a Ingla- trabalhadora. Nós [no Brasil] temos as
partir de 2012, só pode terra, devido à crise taxas de juros reais mais altas do
aposentar com o teto “Capitalização estrutural do capital, mundo. Em países com recessão e
do Regime Geral, e nós não estão conseguindo inflação baixa, mesmo que a taxa Selic
[docentes] somos do é ataque brutal garantir o teto previ- tenha caído de 14% para aproxima-
Regime Próprio da denciário tantos anos damente 6,75%, o ganho real ainda é
Previdência. Agora,
ao direito de após a Reforma da muito alto. Essa forma de remuneração
quem quiser tentar aposentadoria” Previdência feita por do capital financeiro consome o orça-
atingir o teto vai ter Margaret Thatcher. mento. Denunciar o comprometimento
que capitalizar. O go- Nós temos que estar do orçamento com o pagamento da
verno está implemen- alertas: a capitalização dívida é um ponto de início.
tando isto para os servidores, mas tanto da aposentadoria do servidor Mas existem outras iniciativas em curso
também sinaliza ao Regime Geral que público, que é parcial, quanto a que também transferem o fundo
a ideia é transformar tudo em capitalização do Regime Geral, que público para a iniciativa privada: as
capitalização. É um risco enorme, este governo está tentando imple- isenções fiscais, no caso da Educação
porque você vai entrar no jogo do mentar, é um ataque brutal ao direito programas como o FIES e o Prouni, que
mercado financeiro. Você vai colocar à aposentadoria. Então a ideia é transferem dinheiro do fundo público
na loteria do mercado financeiro o trabalharmos com a idade mínima para a iniciativa privada. Essas
seu futuro. muito alta de forma a não conseguir- questões todas fazem parte do
Então é possível que você contribua mos nos aposentar, e, se aposen- acúmulo do ANDES-SN como táticas de
35 ou 40 anos [porque eles querem tarmos, teremos de nos submeter à luta para denunciar o saque do fundo
aumentar a idade mínima de aposen- lógica do mercado financeiro. público e defender o direito a uma
tadoria] e, após 40 anos, não tenha aposentadoria integral e na idade
nenhum dinheiro para receber. Isso Sedufsm – Qual a alternativa dos adequada.
aconteceu no Chile, em que a remu- trabalhadores frente a essa
 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
EDUCAÇÃO
Crise na
moradia
estudantil
da UFSM
O primeiro semestre letivo de
2019 começou com uma crise na
moradia estudantil da UFSM.
Centenas de estudantes ocupa-
ram, no dia 8 de março, o prédio
da União Universitária, quando
souberam que não haveria lugar
para ficarem. Na segunda-feira
posterior, a reitoria conseguiu
atender 330 destes estudantes,
que foram encaminhados para os
salões das Casas do Estudante
(CEU) I e II, além de para a própria
União, conforme o pró-reitor de
Assuntos Estudantis, Clayton
Hillig.
Porém, cerca de 50 ainda per-
maneciam sem moradia provisória
quando decidiram ocupar algu-
mas casas do Centro de Eventos
Arquivo Sedufsm
PRAE: Clayton Hillig diz que
situação deve ser contornada, mas
estudantes temem agravamento.
JANEIRO A MARÇO DE 2019 07
VILMA OCHOA
Ocupação de estudantes no Centro de Eventos da UFSM
(localizado no campus sede). No alojar os estudantes ainda sem Imprensa da Sedufsm, uma
dia 13 de março, a Procuradoria moradia. “A gente precisa de uma estudante que não quis se
Jurídica da UFSM registrou ocor- resposta da universidade para identificar alegou que a reitoria
rência junto à Polícia Federal, sanar não só esse problema, mas chegou a propor encaminhar os
solicitando reintegração de posse a questão da moradia como um estudantes para o albergue
das casas ocupadas por estudan- todo, pois a cada semestre a situa- municipal ou o alojamento da
tes no Centro de Eventos. ção tende a piorar”, diz, acrescen- Base Aérea.
Segundo Hillig, a reitoria pediu a tando que alguns estudantes con- De sua parte, o reitor gravou um
reintegração “para garantir a seguiram pouso na casa de vídeo em que admite a limitação
segurança dos estudantes”, já que amigos ou colegas de curso, mas de vagas na moradia da UFSM,
as casas do Centro de Eventos não sabem por quanto tempo fica- associando tal realidade à restri-
ofereceriam ris- rão na situação. ção de investimentos. “Implemen-
cos. Cabe lembrar O pró-reitor de tamos mais de 500 vagas de
Estudantes
que desde o ano Assuntos Estu- moradia nestes últimos 5 anos.
que ocuparam
de 2016, estas dantis explica que Chegamos num ponto em que não
Centro de
mesmas casas a universidade é mais possível ampliar. Não
Eventos
vêm sendo dispo- tem a expectativa teremos vagas suficientes para
podem ser
nibilizadas pela de esgotar a lista toda a demanda existente na
penalizados
PRAE para atender de espera para a moradia estudantil da UFSM. Faço
judicialmente
aos estudantes moradia provisória um apelo aos pais desses jovens
que aguardavam nos próximos 15 que estão se dirigindo para a
vagas nas Casas do Estudante. dias. “Estamos nos movimen- UFSM na expectativa de terem
Segundo Hillig, atualmente o Cen- tando. À medida que vamos vaga na moradia estudantil... a
tro de Eventos está sob o comando encaminhando estudantes para a dificuldade é grande. Não teremos
da Agência de Inovação Tecno- Casa do Estudante (moradia condições certamente de abrigar a
lógica (Agittec) da UFSM, que vem definitiva), vagam lugares na todos, com a segurança e respon-
realizando reformas no local para moradia provisória”, diz. sabilidade que é característica da
sediar start-ups. Antes, o local era Não é de hoje que a UFSM UFSM”, disse o gestor.
gerido pela pró-reitoria de Exten- enfrenta problemas no que tange No dia 23 de janeiro, contudo, ao
são e, desde 2016, cedido à PRAE à moradia estudantil. O aperto e a conceder coletiva de imprensa
como solução provisória para o superlotação têm se tornado sobre a situação orçamentária da
problema da moradia. frequentes, mas, este ano, a situa- UFSM, Burmann havia assegurado
Kauã Arruda, estudante de ção se agravou, levando o próprio não haver risco de prejuízo na
Geografia e membro da diretoria reitor Paulo Burmann a afirmar assistência estudantil e nos Res-
do DCE UFSM, explica que a que não há vagas suficientes para taurantes Universitários.
entidade estudantil está tentando atender à demanda por moradia.
auxiliar na procura de locais para Em entrevista à Assessoria de
 08 JANEIRO A MARÇO DE 2019
PERFIL
Jornalismo inquieto
e experimental
Ensinar jornalismo em um mundo
cada vez mais acelerado não é tarefa
fácil. Ao adentrar a sala de aula para
lecionar a disciplina de Jornalismo
Digital I, Laura Storch já deixa claro: “a
aula que teremos hoje, amanhã será
velha”. Docente do departamento de
Comunicação Social da UFSM desde
2012, ela coordena o Laboratório de
Experimentação em Jornalismo (LEx),
situado no prédio 67 do campus sede.
Originalmente pensado para suprir a
demanda dos graduandos por ativida-
des práticas, o laboratório vem cum-
prindo, hoje, um papel de articulação
entre a teoria e a prática. Mais que
isso: é uma oportunidade para os alu-
nos expandirem horizontes de atua-
ção, desenvolvendo potencialidades
ainda não contempladas pelo currí-
culo.
Conservando inquietude com rela-
ção às transformações constantes por
que passa o campo jornalístico, Laura
explica que nunca dá duas aulas exata-
mente iguais. Sua atividade docente
procura acompanhar o dinamismo do
mercado de trabalho, embora ela
tenha consciência de que a academia
não dá conta de ficar no encalço das
rotinas produtivas, inovações tecnoló-
gicas e múltiplas demandas profis-
sionais. Por isso mesmo, mais que
dominar técnicas iminentemente defa-
sadas, ela quer que os estudantes
apreendam a lógica que está por
detrás de todos estes processos.
“Para mim é muito mais importante
que o aluno entenda a lógica de racio-
cínio que nos permitiu chegar a esse
conhecimento que temos hoje, porque
quando ele sair pra rua, o desafio vai
CULTURA
Imagem de divulgação
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
ser outro, e talvez se ele usar a mesma
BRUNA HOMRICH
lógica para entender o que estará
acontecendo possa oferecer uma solu-
ção interessante, inteligente, diferen-
te. Essas mudanças parecem muito
rápidas, mas existe uma série de
problemas que se repetem. Problemas
que a gente tem hoje são problemas
que os jornalistas enfrentaram em
outros momentos, com o surgimento
da televisão ou da rádio, por exemplo.
No fim das contas, o que precisamos
deixar em sala de aula são perguntas.
Precisamos compreender a lógica que
pode ser acionada para que a gente
monte boas perguntas. É isso o que os
estudantes vão precisar”, diz Laura.
Hoje, o LEx desenvolve trabalhos
com dados e infográficos, além de
estar começando um trabalho com
Inteligência Artificial, objetivando
compreender e qualificar o contato
com o jornalismo automatizado. Com
uma perspectiva transdisciplinar, o
laboratório acolhe estudantes de
outros cursos da instituição, a exemplo
do Design e das Ciências da Compu-
tação. “O LEx é muito interessante
porque conseguimos testar, e pode dar
errado pois estamos testando. A gente
consegue fazer perguntas para esses
problemas, e a gente consegue dizer
'olha, isso não funciona, aqui tem um
caminho melhor, é possível fazer de
outro jeito'”, comenta. Laura Storch ingressou como docente da UFSM em 2012, aos 28 anos e recém doutora
Laura acredita que o jornalismo vai
encontrar seu lugar. Mesmo em meio a figuram como referência na busca por tou, mostrando que existem caminhos.
um cenário de boom das fake news informação de qualidade. É difícil fazer uma leitura do agora, mas
(notícias falsas), que pareceu desajus- “Há alguns anos fazíamos discus- acredito no desenvolvimento de um
tar o jornalismo de seu posto de sões que pareciam apontar uma crise novo espaço para o jornalismo”,
mediação, a professora avalia que as sem volta para o jornalismo. E, nesse conclui.
grandes instituições jornalísticas ainda meio tempo, o jornalismo se reinven-
Amor e Revolução (2015)
A dica desta edição é o filme Amor e Revolução (ou Colônia), dirigido por Florian
Gallenberger e estrelado por Emma Watson, Daniel Brühl e Michael Nyqvist. Baseada
em fatos reais, a obra retrata a história da Colônia Dignidade, fundada por nazistas em
1961, no Chile, e posteriormente 'abraçada' pela ditadura de Augusto Pinochet. Na
trama, Watson infiltra-se na Colônia para resgatar seu companheiro, opositor ao regime
que foi enviado para tortura e trabalho forçado na Colônia. Embora pesado, por mostrar
práticas recorrentes no local [tortura, abuso sexual de menores e agressões a
mulheres], o filme cumpre o importante papel de não deixar cair no esquecimento um
dos capítulos mais tristes da história chilena. Tem na Netflix.