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Atmosférica
EDUCAÇÃO SUPERIOR
Modalidade Semipresencial
Simone Miraglia
Poluição
Atmosférica
São Paulo
2018
Sistema de Bibliotecas do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional
PRODUÇÃO EDITORIAL - CRUZEIRO DO SUL EDUCACIONAL. CRUZEIRO DO SUL VIRTUAL
B687f
Miraglia, Simone Georges El Khouri.
Poluição atmosférica. / Simone Georges El Khouri Miraglia. São
Paulo: Cruzeiro do Sul Educacional. Campus Virtual, 2018.
102 p.
Inclui bibliografia
ISBN: (e-book)
Poluição Atmosférica
SUMÁRIO
Unidade 1 – Atmosfera:
9 Características,
Composição e Poluentes
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem Conserve seu
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua material e local de
formação acadêmica e atuação profissional, siga estudos sempre
algumas recomendações básicas: organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da hidratado.
sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário
fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites
para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará
sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois
irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com
seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem.
6
Objetivos de aprendizagem
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
Unidade 1
» Definir e conceituar atmosfera, poluição atmosférica, os tipos e classes de poluentes e definir e conceituar o fenômeno
da inversão térmica.
» Conceituar os efeitos globais da poluição atmosférica, caracterizar os movimentos para conter as mudanças climáticas
e os principais acordos internacionais relativos à poluição do ar.
Unidade 3
» Abordar os efeitos dos poluentes atmosféricos na saúde humana e na Saúde Pública, o histórico dos efeitos da
poluição atmosférica no mundo e no Brasil, assim como a identificação das evidências nacionais e internacionais dos
impactos dos poluentes atmosféricos na saúde.
7
1
Atmosfera: Características,
Composição e Poluentes
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Nilza Maria Coradi de Araújo
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
Contextualização
De acordo com uma reportagem, cientistas da NASA afirmam que “Marte já
teve altas concentrações de oxigênio em sua atmosfera”. Segundo a reportagem,
publicada na revista Veja, em 28 de junho de 2016:
“[...] o oxigênio provavelmente veio de uma série de processos químicos
e físicos que o planeta sofreu ao longo dos anos. Marte perdeu o
campo magnético e assim também perdeu a proteção natural contra os
ventos solares. As consequências dessas perdas resultaram no desgaste
atmosférico, o efeito estufa marciano diminuiu e a água se tornou
inconstante na superfície. Uma parte dela congelou e a outra evaporou,
sendo atingida pelos raios ultravioletas do Sol. Com isso, a molécula
de água se quebra: o hidrogênio é mais leve e facilmente sobe para o
espaço. Já o oxigênio fica, aparecendo o oxidante ideal para o manganês,
encontrado na superfície de Marte.”
Fonte: https://goo.gl/gcS5Rj
10
Definição de Atmosfera
A atmosfera, que se constitui de importância vital à vida terrestre, envolve a
Terra em uma espessura de apenas 1% do raio do planeta.
Ao final do século XIX, os principais constituintes da atmosfera seca haviam sido identi-
Explor
ficados (78% nitrogênio, 21% oxigênio, 0,9% argônio e 0,035% dióxido de carbono, ou
gás carbônico).
Camadas da Atmosfera
A atmosfera é fundamental para a existência da vida na Terra. Para fins didáticos,
ela foi dividida em camadas, que juntas compõem uma extensão de aproximadamente
1000 km. A atmosfera é constituída de cinco camadas: troposfera, estratosfera,
mesosfera, termosfera e exosfera. O ar se torna mais rarefeito quanto mais distante
da superfície terrestre, e é por isso que os alpinistas normalmente levam oxigênio
com eles quando escalam altas montanhas. A troposfera é a única camada em que
os seres vivos podem respirar normalmente.
• Troposfera: as condições climáticas acontecem na camada inferior da
atmosfera, chamada troposfera. Essa camada se estende até 20 km do solo,
no equador, e a aproximadamente 10 km nos polos;
• Estratosfera: a estratosfera chega a 50 km do solo. A temperatura vai de 60ºC
negativos na base ao ponto de congelamento na parte de cima. A estratosfera
contém ozônio, um gás que absorve os prejudiciais raios ultravioletas do sol.
Hoje, a poluição está ocasionando “buracos” na camada de ozônio;
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Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
• Mesosfera: o topo da mesosfera fica a 80 km do solo. É muito fria, com
temperaturas abaixo de 100ºC negativos. A parte inferior é mais quente
porque absorve calor da estratosfera;
• Termosfera: o topo da termosfera fica a cerca de 450 km acima da Terra.
É a camada mais quente, uma vez que as raras moléculas de ar absorvem a
radiação do sol. As temperaturas no topo chegam a 2.000ºC;
• Exosfera: a camada superior da atmosfera fica a mais ou menos 900 km
acima da Terra. O ar é muito rarefeito e as moléculas de gás “escapam”
constantemente para o espaço. Por isso é chamada de exosfera (parte externa
da atmosfera).
Exosfera10 000 km
Termosfera690 km
Mesosfera 85 km
Estratosfera50 km
Troposfera
10 km
https://youtu.be/6eKH3btIUlo
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Definição de Poluição Atmosférica
Há diversas definições de poluição atmosférica, poluentes atmosféricos, tipos
de poluição, índices de qualidade do ar, dentre outros conceitos importantes para
a compreensão da temática que iremos estudar. A fim de introduzir essa matéria,
é importante analisarmos as diversas definições, observando as instituições que
as estabeleceram – órgãos ambientais, órgãos governamentais reguladores,
organização mundial da saúde, etc.
https://goo.gl/4TFxr3
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Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
A CETESB define poluente atmosférico como “toda e qualquer forma de matéria
ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características
em desacordo com os níveis estabelecidos em legislação, e que tornem ou possam
tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar
público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso
e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade” (CETESB, 2016).
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• Poluentes primários: são aqueles emitidos diretamente pelas fontes de
poluição, como processos de combustão do sistema de transportes com a
emissão pelos escapamentos dos veículos ou emitidos pelos processos
industriais através de chaminés e exaustores. Exemplos: material particulado,
monóxido de carbono, óxidos de enxofre e nitrogênio, etc;
• Poluentes secundários: aqueles formados na atmosfera através da reação
química entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera.
Exemplo: ozônio.
O interesse por estudos sobre a QAI surgiu após a descoberta de que a dimi-
nuição das taxas de troca de ar nesses ambientes era a grande responsável pelo
aumento da concentração de poluentes biológicos e não biológicos no ar interno.
Essa preocupação se justifica uma vez que grande parte das pessoas (em torno de
80-90%) passa a maior parte do seu tempo dentro desses edifícios e, consequente-
mente, exposta aos poluentes desses ambientes.
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Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
níveis de poluentes. Esse fato gerou um aumento significativo no número de queixas
relacionado com a qualidade do ar em ambientes fechados, principalmente em países
localizados em clima frio. Os sintomas relacionados à qualidade do ar passaram a ser
mais estudados e, atualmente, são conhecidos como Síndrome dos Edifícios Doentes
(SED), a qual é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o
início da década de 80 (GIODA, 2003). Veja na figura 3 um esquema representativo
do envolvimento entre ar de interiores e ar de exteriores.
No Brasil são poucos os registros relacionando QAI e SED. O fato de o Brasil ter
um clima subtropical não torna necessário o uso constante de sistemas de refrige-
ração e, menos ainda, de calefação. Devido a isso, muito pouco tem sido estudado
nessa área. Porém, há uma tendência em construir prédios selados devido a vários
fatores, como estética, climatização e menor ruído; com isso, faz-se necessário um
sistema de ar condicionado central. É possível que essa nova tendência acarrete um
aumento do número de casos de SED no país (GIODA, 2003).
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A QAI tornou-se um tema de pesquisa importante na área de saúde pública nos
últimos 15 anos. Esse interesse ocorreu após a descoberta de que baixas taxas de
troca de ar nesses ambientes ocasionam um aumento considerável na concentração
de poluentes químicos e biológicos no ar. Como todos passamos boa parte de
nossa vida diária em recintos fechados, seja em casa, no trabalho, no transporte,
ou mesmo em locais de lazer, a preocupação com concentrações de contaminantes
no ar em ambientes internos é justificável (GIODA, 2003).
A QAI é uma nova área de estudo que reúne profissionais de diferentes disciplinas,
principalmente químicos, microbiologistas, engenheiros, arquitetos e toxicologistas.
Nessas últimas décadas, houve um grande aumento de queixas relacionadas
à qualidade de ar em locais fechados nos países desenvolvidos, principalmente
em edifícios de microclima artificial. Essas queixas geraram estudos que foram
conduzidos em diferentes países e períodos, indicando que o ar dentro de casa e
outros locais fechados pode estar mais poluído do que o ar externo nas grandes
cidades industrializadas. Ironicamente, o movimento mundial de conservação
de energia, desencadeado na década de 70, contribuiu de uma forma bastante
marcante para as preocupações atuais referentes à qualidade do ar de interiores.
Com o intuito de obter uma melhor eficiência nos aparelhos de refrigeração e
aquecimento e, com isso, minimizar o consumo de energia, os prédios de escritórios
e residenciais (principalmente em países desenvolvidos localizados em clima frio),
a partir daquela década, foram construídos visando uma vedação térmica mais
eficiente, surgindo os chamados prédios selados (BRICKUS, 1999).
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Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
nômicos, geográficos e habitacionais são bastante evidentes. Por exemplo, os paí-
ses desenvolvidos, situados no hemisfério norte, apresentam um clima temperado,
ao passo que o Brasil possui um clima predominantemente tropical e subtropical.
Somente essa diferença climática acarretará uma variação considerável na dinâmi-
ca dos poluentes atmosféricos nesses dois sistemas.
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a doenças isquêmicas do coração, derrame cerebral, doença pulmonar obstrutiva
crônica (COPD), infecções respiratórias agudas e câncer de pulmão, doenças que
estavam entre as 10 causas de morte no mundo em 2012.
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Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
podendo causar problemas na pele e olhos. Os raios UV também são
prejudiciais para agricultura (CEF, 2016);
• Perda de colheitas: é causada pela exposição a elevadas concentrações de
ozônio. A maioria das culturas agrícolas encontra-se exposta a níveis de ozônio
que excedem o objetivo de longo prazo fixado pela UE para proteção da
vegetação. Inclui-se aqui, nomeadamente, uma percentagem significativa de
áreas agrícolas, especialmente na Europa do Sul, Central e Oriental (EEA, 2016).
Composição do Ar Atmosférico
O ar atmosférico é composto majoritariamente pelo gás nitrogênio (78%),
seguido do oxigênio (21%) e de outros gases (cerca de 1%). A tabela abaixo ilustra
a composição do ar atmosférico.
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de ozônio causada pelas emissões de clorofluorocarbonetos de vários países
geram alterações químicas na estratosfera terrestre, e seus impactos se tornam
verdadeiramente globais (FIELD, 2014).
Considerando fixos outros fatores, verifica-se que é mais fácil lidar com os
problemas ambientais locais do que com problemas regionais ou nacionais, que,
por sua vez são mais fáceis de serem geridos do que os problemas globais. Se
estivermos dentro do mesmo sistema político, podemos exigir que suas instituições
criem soluções. Estamos longe de ter meios eficientes de responder a um crescente
número de questões ambientais internacionais e globais, pois a natureza precisa
dos impactos físicos é difícil de descrever – e também porque as instituições políticas
internacionais necessárias estão surgindo mais recentemente (FIELD, 2014).
Os poluentes globais são gases que são expelidos para a atmosfera e acabam
impactando todo o planeta pelo aquecimento global, no caso da emissão de gases
de efeito estufa (GEE). O principal poluente nessa categoria é o dióxido de carbono
(CO2), que serve também como unidade de equivalência para os demais GEE
(CARVALHO, 2011).
Tabela 2 – Principais poluentes atmosféricos locais, suas características, fontes e efeitos no meio ambiente
Efeitos Gerais ao Meio
Poluente Características Fontes Principais
Ambiente
Partículas de material sólido ou
líquido suspensas no ar, na forma Processos de combustão
Partículas
de poeira, neblina, (industrial, veículos automotores), Danos à vegetação, deterioração da
Inaláveis
aerossol, fumaça, fuligem, etc., aerossol secundário (formado na visibilidade e contaminação do solo
Finas
que podem permanecer no ar e atmosfera), como sulfato e nitrato, e da água.
(MP2,5)
percorrer longas distâncias. Faixa entre outros.
de tamanho é 2,5 micra.
Partículas de material sólido ou
Partículas líquido que ficam suspensas no Processos de combustão (indústria
Danos à vegetação, deterioração da
Inaláveis ar, na forma de poeira, neblina, e veículos automotores), poeira
visibilidade e contaminação do solo
(MP10) e aerossol, fumaça, fuligem, etc. ressuspensa, aerossol secundário
e da água.
Fumaça Faixa de tamanho (formado na atmosfera).
é 10 micra.
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Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
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Efeitos Gerais ao Meio
Poluente Características Fontes Principais
Ambiente
Partículas de material sólido ou Processos industriais, veículos
Partículas
líquido que ficam suspensas no motorizados (exaustão), poeira Danos à vegetação, deterioração da
Totais em
ar, na forma de poeira, neblina, de rua ressuspensa, queima de visibilidade e contaminação do solo
Suspensão
aerossol, fumaça, fuligem, etc. biomassa. Fontes naturais: pólen, e da água.
(PTS)
Faixa de tamanho é 50 micra. aerossol marinho e solo.
Gás incolor, com forte odor,
semelhante ao gás produzido na
queima de palitos de fósforos.
Processos que utilizam queima
Pode ser transformado a SO3, que Pode levar à formação de chuva
Dióxido de óleo combustível, refinarias
na presença de vapor de água, ácida, causar corrosão aos materiais
de Enxofre de petróleo, veículos a diesel,
passa rapidamente a H2SO4. e danos à vegetação: folhas e
(SO2) produção de polpa de celulose e
É um importante precursor colheitas.
papel, fertilizantes.
dos sulfatos, um dos principais
componentes das partículas
inaláveis.
Gás marrom avermelhado, os quais
contribuem com odor forte e muito
Processos de combustão
Dióxido de irritante. Pode levar à formação Pode levar à formação de chuva
envolvendo veículos automotores,
Nitrogênio de ácido nítrico, nitratos (o qual ácida, danos à vegetação e à
processos industriais, usinas
(NO2) contribui para o aumento das colheita.
térmicas, incinerações.
partículas inaláveis na atmosfera) e
compostos orgânicos tóxicos.
Monóxido
Combustão incompleta em veículos
de Carbono Gás incolor, inodoro e insípido.
automotores.
(CO)
Não é emitido diretamente
Gás incolor, inodoro nas
para a atmosfera. É produzido Danos às colheitas, à vegetação
concentrações ambientais e o
Ozônio (O3) fotoquimicamente pela radiação natural, plantações agrícolas,
principal componente da névoa
solar sobre os óxidos de nitrogênio plantas ornamentais.
fotoquímica.
e compostos orgânicos voláteis.
Fonte: CETESB, 2016.
https://goo.gl/n8lPgZ
22
Inversão Térmica
A inversão térmica é um fenômeno natural que ocorre devido ao rápido
aquecimento e resfriamento da superfície em alguns locais. Esse fenômeno é
agravado, nos grandes centros urbanos, devido à presença de poluentes atmosféricos
e às condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes.
A figura esquemática abaixo ilustra o fenômeno.
10
A
8
6
Altura (km)
-15 0 +15
Temperatura
10
B
8
6
Altura (km)
-15 0 +15
Temperatura
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Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
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As inversões térmicas são um fenômeno metereológico que ocorre durante todo o
ano, sendo que, no inverno elas são mais baixas, principalmente no período noturno.
Em um ambiente com um grande número de indústrias e de circulação de veículos,
como o das cidades, a inversão térmica pode levar a altas concentrações de
poluentes, podendo ocasionar problemas de saúde.
Conforme indicado na figura acima, essa diferença de temperaturas das camadas
de ar resulta em um “aprisionamento” dos poluentes atmosféricos na camada
de ar mais próxima à superfície, levando a um aumento da concentração destes
e consequentemente a uma exposição maior dos seres humanos a essa carga de
poluição atmosférica.
Fontes de Emissão
“As fontes naturais de poluição do ar são a queima acidental de biomassa
(qualquer material derivado de plantas ou animais) e erupções vulcânicas,
as quais podem ser consideradas as mais antigas fontes de contaminação
do ar. A queima de biomassa, em ambientes externos e internos, utilizada
desde a pré-história para produção de energia, tem sido uma das impor-
tantes fontes antropogênicas de poluição atmosférica. A partir da Revo-
lução Industrial, surgiram novas fontes de poluição do ar devido à queima
de combustíveis fósseis nos motores a combustão e nas indústrias siderúr-
gicas e, mais recentemente, nos veículos automotivos, além dos produ-
tos químicos. Esses processos não foram acompanhados de análises que
pudessem avaliar seu impacto sobre o meio ambiente, a toxicidade dos
resíduos produzidos e os prováveis danos à saúde” (CANÇADO, 2006).
24
Figura 5
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
Fontes fixas – são as que ocupam uma área relativamente limitada, permitindo
uma avaliação direta na fonte. As fontes classificadas como fixas referem-se às
atividades da indústria de transformação, mineração e produção de energia através
de usinas termelétricas (MMA, 2016).
Fontes móveis – são as fontes que não são fixas, como os veículos automotores,
os trens, aviões e embarcações marítimas. Os veículos automotores se constituem
na principal fonte de poluição atmosférica nos centros urbanos. Eles se classificam
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Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
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em: leves de passageiro (utilizando principalmente gasolina ou álcool como
combustível); leves comerciais (utilizam gás natural veicular (GNV) ou óleo diesel); e
veículos pesados (somente óleo diesel).
Figura 6
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images
26
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
British Columbia – How We Contribute to Air Pollution and Climate Change
https://goo.gl/VFla82
Cars, Trucks, and Air Pollution
https://goo.gl/pQi6Cm
Air Pollution
https://goo.gl/0AN2dM
Hospitalizações por Causas Respiratórias e Cardiovasculares Associadas
à Contaminação Atmosférica no Município de São Paulo, Brasil
https://goo.gl/V5M6jr
Poluição Atmosférica e Saúde Humana
https://goo.gl/rYH1Px
Relação entre Poluição Atmosférica e Atendimentos por Infecção de Vias Aéreas
Superiores no Município de São Paulo: Avaliação do Rodízio de Veículos
https://goo.gl/27cEt2
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Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
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Referências
BRICKUS, Leila S. R.; AQUINO NETO, Francisco R. de. A qualidade do ar de
interiores e a química. Química Nova, v. 22, n. 1, p. 65-74, 1999.
CEF, Conserve Energy Future. What is air pollution? 2016. Disponível em: <http://
www.conserve-energy-future.com/causes-effects-solutions-of-air-pollution.php>.
Acesso em: 20 out. 2016.
GIODA, Adriana; AQUINO NETO, Francisco Radler de. Poluição química relacio-
nada ao ar de interiores no Brasil. Química Nova, v. 26, n. 3, p. 359-365, 2003.
28
MMA, Ministério do Meio Ambiente. Fontes fixas: poluição do ar. 2016.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-ar/
fontes-fixas>. Acesso em: 10 out. de 2016.
WHO. WHO expert consultation: available evidence for the future update of the
WHO Global Air Quality Guidelines (AQGs). 2015. Meeting report.
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Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Nilza Maria Coradi de Araújo
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
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Contextualização
Você já pensou por que o interior do carro com os vidros fechados se aquece
tão rapidamente? Um dos assuntos mais discutidos atualmente é o aquecimento
global e as mudanças climáticas. Modelos matemáticos climáticos projetam que as
temperaturas globais de superfície provavelmente aumentarão no intervalo entre
1,1 e 6,4°C, e o nível médio das águas do mar subirá entre 9 a 88 cm entre
1990 e 2100 (IPCC, 2007). Essas mudanças trarão impactos sociais, econômicos
e à saúde do meio ambiente como um todo. No entanto, você já pensou se não
existisse o efeito estufa?
IPCC. Intergovernmental Panel on Climate Change. eds. 2007. Climate change 2007: The
Explor
physical science basis. Contribution of working group I to the fourth assessment report of
the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge: Cambridge Univ. Press. 996p.
In SILVA, R. W. C.; PAULA, B. L. de. 2009. Causa do aquecimento global: antropogênica versus
natural. Terræ Didatica, 5(1):42-49.
https://goo.gl/QxKfQs
32
Chuva Ácida CO2 CO2
CO2
O pH da água pura em condições normais é neutro CO2
(7,0), mas quando o dióxido de carbono (CO2) presente CO2 CO2
na atmosfera se dissolve na água, ocorre a formação do
ácido carbônico (H2CO3) e, portanto, o pH da água em
equilíbrio com o CO2 atmosférico é de 5,6 (ácido). Veja
a figura ao lado, que mostra a formação e dissociação H2CO3
do H2CO3 em íon H+ e íon bicarbonato (HCO3-): H2CO3
O que é pH
Explor
Óxidos ácidos
BRASIL ESCOLA. Óxidos ácidos.
https://goo.gl/R18JRR
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Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
a cidade de São Paulo, o céu pode apresentar um tom amarronzado devido à
formação do NO2, agravado pela grande emissão de material particulado (incluindo
a fuligem), que também escurece a atmosfera. O dióxido de nitrogênio pode sofrer
novas reações e formar o ácido nítrico (HNO3), que contribui para aumentar a
acidez da água da chuva.
Os automóveis antigos são uma das maiores fontes de gases NO. Um carro
produzido em 1995 produz até 10 vezes mais NO que um carro produzido hoje.
Atualmente, os carros modernos são obrigados por lei a possuir um conversor
catalítico (catalisador), que reduz muito a formação desse gás. O catalisador
converte grande parte dos gases prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como
NO e CO, em gases inertes, como N2 e CO2. Devemos lembrar que o CO2 é um
gás que não prejudica diretamente a saúde humana, mas colabora para aumentar
o efeito estufa. As reações abaixo representam as reações que ocorrem no interior
do catalisador.
Óleo diesel
Explor
34
De forma equivalente a outros óxidos, o SO2 reage com a água, formando o
ácido sulfuroso (H2SO3):
Figura 2 – Aquário de peixes e de vida aquática possui um pH ótimo, que permite a sobrevivência das espécies
Fonte: iStock/Getty images
O solo também pode ser impactado pela chuva ácida, porém alguns tipos de solo
são capazes de neutralizar, pelo menos parcialmente, a acidez da chuva devido à
presença de calcário e cal (CaCO3 e CaO) natural. Os solos em que esses compostos
estão ausentes são mais suscetíveis à acidificação. O processo de lixiviação permite
neutralização natural da água de chuva pelo solo, minimiza o impacto da água que
atinge os lagos pelas suas encostas. A chuva ácida provoca um maior arraste de
metais pesados do solo para lagos e rios, podendo intoxicar a vida aquática.
35
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
Interessantemente, estudos recentes também mostram a possibilidade de a chuva
ácida alcalinizar rios e lagos. A razão da mudança é o fato de a chuva ácida corroer
rochas e pavimentos, ricos em minerais alcalinos, que são levados pela própria
chuva aos rios. Entretanto, a modificação do equilíbrio das águas dos rios e lagos,
tanto para maior acidez ou maior basicidade, é capaz de causar danos a cultivos de
rega, assim como afetar peixes e outras espécies de água doce.
Chuva ácida faz com que rios da costa leste dos EUA fiquem alcalinos
Explor
https://goo.gl/SIsFeo
Como a acidez da chuva poderia danificar o meio ambiente urbano? O que aconteceria às
Explor
Figura 3 – O Grande Nevoeiro de Londres, em 1952, chamado também de Big Smoke, que deixou a
cidade em uma grande escuridão, em plena luz do dia, devido à grande concentração de partículas e
gases poluentes em um dia de inversão térmica, que dificultou a dispersão dos poluentes atmosféricos
Fonte: Acervo do Conteudista
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A acidez da água da chuva, além de afetar os seres vivos, também pode dani-
ficar a superfície de monumentos históricos, principalmente feitos de mármore
(CaCO3), acelerar a corrosão de edifícios e pontes, entre outros, devido à reação
com o ácido. Podemos representar esse ácido de forma genérica (H+), por meio
das reações abaixo.
Exosfera10 000 km
Termosfera690 km
Mesosfera 85 km
Estratosfera50 km
Troposfera
10 km
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Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
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Raios Ultravioleta
+
Ozônio
Ozônio
+
O3
Molécula Átomo
de Oxigênio de Oxigênio
Manual de ajuda para o controle das substâncias que destroem a camada de ozônio – SDOs
Explor
38
Por meio de um processo catalítico, o cloro reage com o ozônio, convertendo-o em
oxigênio (O2). Essa reação ocorre milhares de vezes sucessivamente e é caracterizada
como uma reação em cadeia, em que uma única molécula de CFC pode destruir 100
mil moléculas de ozônio. As moléculas de oxigênio que não possuem capacidade
de proteção, como as moléculas de ozônio na estratosfera, acabam por deixar os
seres vivos mais expostos às radiações ultravioletas devido à redução da camada
protetora de ozônio. O O2 não possui a mesma função protetora que o ozônio
na estratosfera, diminuindo a camada de filtro aos seres vivos. Para agravar ainda
mais a situação, os CFCs são bastante inertes, o que significa que o tempo de
permanência médio deles na atmosfera é grande, variando de 75 até 380 anos.
A figura abaixo apresenta o ciclo de reações envolvidas na destruição da camada
de ozônio pelos CFCs:
A saúde dos seres humanos é atingida pelo aumento dos raios ultravioletas,
tendo efeitos, como, por exemplo, aumento do câncer de pele e diminuição
da eficiência do sistema imunológico. No entanto, a radiação ultravioleta não é
nociva somente aos seres humanos. Todos as formas de vida, inclusive plantas,
podem ser debilitadas. Acredita-se que níveis mais altos da radiação são capazes de
diminuir a produção agrícola, o que reduziria a oferta de alimentos. A vida marinha
também está seriamente ameaçada, especialmente o plâncton (plantas e animais
microscópicos) que vive na superfície do mar. Por fazerem parte da base da cadeia
alimentar marinha, a alteração na população desses organismos pode afetar todo o
ecossistema envolvido. Além disso, o plâncton é responsável pela absorção de mais
de 50% das emissões de dióxido de carbono (CO2) do planeta.
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Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
O Chamado “Buraco” na Camada de Ozônio
Existem vários fatores climáticos que fazem da estratosfera sobre a Antártida
uma região especialmente suscetível à destruição do ozônio. Toda primavera, no
Hemisfério Sul, aparece um buraco na camada de ozônio sobre o continente.
Cientistas observaram que o buraco vem crescendo e que seus efeitos têm se tornado
mais evidentes. Regiões próximas ao continente antártico têm apresentado uma
ocorrência anormal de pessoas com alergias e problemas de pele e visão.
Destruição do Ozônio
Em 1928, quando se desenvolveram os CFCs, o pesquisador Thomas Midgley
acreditava que tais substâncias seriam inofensivas na atmosfera terrestre por serem
quimicamente inertes, além das vantagens de serem fáceis de estocar, de produção
barata, estáveis e bastante versáteis.
40
A escala de cores indica o nível de concentração de ozônio, a cor azul tendendo
para o violeta indica a baixa concentração de ozônio. O processo de diminuição
da concentração de ozônio vem sendo acompanhado desde o início da década de
1980, em vários pontos do mundo, inclusive no Brasil.
https://goo.gl/G9988j
41
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
Desodorantes e Ar-Condicionado
A primeira vez que cientistas notaram uma dramática diminuição da camada de
ozônio foi em meados dos anos 1980 - quando britânicos identificaram um buraco
de 10 quilômetros.
42
Uma descoberta que deixou os cientistas intrigados aparece em estudo de outubro
de 2015, mostrando o maior buraco da camada de ozônio já visto na Antártida.
Visões Diferentes
Alguns pesquisadores, no entanto, não estão convencidos de que essa diminuição
do buraco da camada de ozônio mostrada no estudo tenha a ver com a redução da
quantidade de cloro na estratosfera.
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Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
Efeito Estufa e Aquecimento Global
O efeito estufa é um fenômeno natural que proporciona condições para a exis-
tência de vida humana na Terra. Parte da energia solar que chega ao planeta é
refletida diretamente de volta ao espaço, ao atingir o topo da atmosfera terrestre,
enquanto outra parte é absorvida pelos oceanos e pela superfície terrestre, pro-
movendo o seu aquecimento. Uma parcela da energia que é irradiada de volta ao
espaço é bloqueada pela presença de gases de efeito estufa que, apesar de bloque-
arem parte da energia vinda do sol (emitida em comprimentos de onda menores),
são opacos à radiação terrestre, emitida em maiores comprimentos de onda. Essa
diferença nos comprimentos de onda se deve às diferenças nas temperaturas do sol
e da superfície da Terra.
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Apenas uma pequena porção da energia
térmica emitida pela superficie passa
Aproximadamente metade da energia solar através da atmosfera direto para o espaço. A
absorvida na superficie evapora água, maioria é absorvida por moléculas de gás
adicionando o gás estufa mais importante à estufa e contribuem para a energia irradiada
atmosfera. Quando esta água condensa na voltar a aquecer a superficie e baixar a
atmosfera, ela libera a energia que alimenta atmosfera, aumentando as concentrações de
tempestades e produz chuvas e neves gases estufa que aumentam o aquecimento
da superficie e diminuem a perda de energia
para o espaço
CO2
Aproximadamente 30% da
O3 energia solar que chega é
CH4
refletida pela superficie e
pela atmosfera. Atmosfera
N2O H2O
Superfície
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Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
• o hexafluoreto de enxofre (SF6): é utilizado principalmente como isolante
térmico e condutor de calor. É o gás com o maior poder de aquecimento, é
23.900 vezes mais ativo no efeito estufa do que o CO2;
• o hidrofluorcarbonos (HFCs): utilizados como substitutos dos clorofluor-
carbonos (CFCs) em aerossóis e refrigeradores; não agridem a camada de
ozônio, mas têm, em geral, alto potencial de aquecimento global (variando
entre 140 e 11.700);
• os perfluorcarbonos (PFCs): são utilizados como gases refrigerantes,
solventes, propulsores, espuma e aerossóis e têm potencial de aquecimento
global variando de 6.500 a 9.200.
Aquecimento Global
Ainda que o clima tenha apresentado mudanças ao longo da história da Terra,
em todas as escalas de tempo, é possível perceber que a mudança atual apresenta
alguns aspectos distintos. Por exemplo, a concentração de dióxido de carbono na
atmosfera observada em 2005 excedeu, e muito, a variação natural dos últimos
650 mil anos, atingindo o valor recorde de 379 partes por milhão em volume
(ppmv) - isto é, um aumento de quase 100 ppmv desde a era pré-industrial. Na
figura 9, encontra-se um gráfico com as medições de CO2 do Observatório de
Mauna Loa no Havaí.
390
Concentração de Dióxido de Carbono (ppmv)
360
350
330
320
Jan Abr Jul Out Jan
310
1960 1970 1980 1990 2000
Outro aspecto distinto da mudança atual do clima é a sua origem: ao passo que
as mudanças do clima no passado decorreram de fenômenos naturais, a maior
parte da atual mudança do clima, particularmente nos últimos 50 anos, é atribuída
às atividades humanas.
46
A principal evidência dessa mudança atual do clima é o aquecimento global, que
foi detectado no aumento da temperatura média global do ar e dos oceanos, no
derretimento generalizado da neve e do gelo, e na elevação do nível do mar, não
podendo mais ser negada.
0,0 14,0
-0,5 13,5
0 36
-4 32
1850 1900 1950 2000
Com base no levantamento de dados de 2,5 anos por meio de satélites com
sensores gravimétricos, cientistas detectaram que as geleiras da Groenlândia, a
segunda maior fonte de água doce do planeta, estão derretendo aproximadamente
de 1,8 mm por ano. Está três vezes mais rápido do que foi observado nos últimos
5 anos. As projeções de aquecimento médio global indicam que até o ano de
2100 grande parte do gelo da Groenlândia terá derretido, resultando em uma
elevação do nível do mar, possivelmente, de 3 a 4 metros. Desde sua origem,
há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, o planeta Terra está em constante
desenvolvimento, tendo passado por inúmeras alterações climáticas. Algumas
dessas mudanças foram tão drásticas que foram responsáveis pela extinção de
diversos organismos vivos que não foram capazes de se adaptar, como mostram os
abundantes registros fósseis.
47
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
nesse aquecimento de forma significativa, ainda neste século, um clima bastante
incomum, podendo apresentar, por exemplo, um acréscimo médio da temperatura
global de 2°C a 5,8°C, segundo o 4° Relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), de 2007.
48
As florestas também têm um papel muito importante na captação do CO2,
principalmente quando estão crescendo, pois estas também transformam o CO2
atmosférico em matéria orgânica sólida por meio da fotossíntese. Entretanto,
durante a queima de florestas, o gás carbônico armazenado durante anos e anos
na estrutura das plantas é emitido de volta para a atmosfera.
Trocando ideias...Importante!
AQUECIMENTO GLOBAL: UMA VISÃO CRÍTICA
Para cada ponto há um contraponto. Visto isso, alguns autores criticam que a
temperatura da Terra esteja aumentando, quando se analisa um período de tempo
maior. O pesquisador Luiz Carlos Baldicero Molion escreveu um artigo discutindo que
“(...) existem evidências que o clima, entre cerca de 800 a 1200 DC, era mais quente do
que o de hoje. Naquela época, os Nórdicos (Vikings) colonizaram as regiões do Norte do
Canadá e uma ilha que foi chamada de Groelândia (Terra Verde) e que hoje é coberta
de gelo (!?). Entre 1350 e 1850, o clima se resfriou, chegando a temperaturas de até
cerca de 2°C inferiores às de hoje, particularmente na Europa Ocidental. Esse período
é descrito na Literatura como “Pequena Era Glacial”. Após 1850, o clima começou a se
aquecer lentamente e as temperaturas se elevaram. Portanto, não há dúvidas de que
ocorreu um aquecimento global nos últimos 150 anos. A questão que se coloca é se o
aquecimento observado é natural ou antropogênico?”
Adicionalmente, o autor discute um aspecto muito importante sobre os períodos
de tempo pesquisados: “[...] as séries de 150 anos são curtas para capturar a
variabilidade de prazo mais longo do clima. O período do final do Século XIX até as
primeiras décadas do Século XX foi o final da “Pequena Era Glacial”, um período frio,
bem documentado, que perdurou por cinco séculos. E esse período coincide com a
época em que os termômetros começaram a ser instalados mundialmente. Portanto,
o início das séries instrumentais de 150 anos, utilizadas no Relatório do IPCC, ocorreu
num período relativamente mais frio que o atual e leva, aparentemente, à conclusão
errônea de que as temperaturas atuais sejam muito altas ou “anormais” para o
Planeta.”, analisa o pesquisador. Leia o estudo completo no link abaixo.
Referência: MOLION, Luiz Carlos Baldicero. Aquecimento global: uma visão crítica.
Revista Brasileira de Climatologia, 3.4 (2008): 7-24.
https://goo.gl/slPKsh
Reflita a respeito dos diferentes pontos de vista que esse tema abrange atual-
mente. Pesquise, leia diferentes opiniões e exerça sua reflexão crítica.
Rio-92 e Rio+20
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Cnumad), realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, marcou a forma como
a humanidade encara sua relação com o planeta. Foi naquele momento que a
comunidade política internacional admitiu claramente que era preciso conciliar o
desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza.
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Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
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Na reunião — que ficou conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra
—, que aconteceu 20 anos depois da primeira conferência do tipo em Estocolmo,
Suécia, os países reconheceram o conceito de desenvolvimento sustentável e
começaram a moldar ações com o objetivo de proteger o meio ambiente. Desde
então, estão sendo discutidas propostas para que o progresso se dê em harmonia
com a natureza, garantindo a qualidade de vida tanto para a geração atual quanto
para as futuras no planeta.
Protocolo de Kyoto
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC),
adotada durante a Conferência Rio-92, foi um passo importante dado pela
comunidade internacional para atingir o objetivo de alcançar a estabilização das
concentrações de GEEs na atmosfera em nível que impeça uma interferência
antrópica perigosa no sistema climático. Ainda que essa convenção não tenha
determinado como atingir esse objetivo, ela estabeleceu mecanismos que possibilitem
negociações em torno dos instrumentos necessários para que ele seja alcançado.
Em dezembro de 1997, foi adotado o Protocolo de Kyoto, que tem como ob-
jetivo estabelecer metas de redução de emissão de gases de efeito estufa e me-
canismos adicionais de implementação para que essas metas sejam atingidas. O
Protocolo de Kyoto é um acordo internacional assinado por 141 países, que visa à
redução das emissões de gás carbônico para a atmosfera. As metas de redução são
diferenciadas entre as Partes, em consonância com o “princípio das responsabilida-
des comuns, porém diferenciadas”. Um dos mecanismos propostos é o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL), o único que permite a participação de países
em desenvolvimento em cooperação com países desenvolvidos. O objetivo final
da redução das emissões pode ser atingido, assim, por meio da implementação de
atividades de projetos nos países em desenvolvimento que resultem na redução das
emissões de GEEs ou no aumento da remoção de CO2, mediante investimentos em
tecnologias mais eficientes, substituição de fontes de energia fósseis por renováveis,
racionalização do uso da energia, florestamento e reflorestamento, entre outros.
50
interessante para o Brasil, já que aproveita um grande potencial brasileiro para a
produção de energia limpa e possibilita que o país desempenhe papel importante
no contexto ambiental internacional.
TV CULTURA DIGITAL. Especialistas avaliam o Protocolo de Kyoto que será substituído por
novo tratado na Cop-15.
https://youtu.be/JYcy-Y65GQA
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Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Entrevista com Luiz Carlos Molion
https://youtu.be/TQsdKqXbthw
Camada de Ozônio se recupera, mas Permanece Ameaçada
https://youtu.be/qRVlx1OK6tw
Crédito de Carbono no Mundo
https://youtu.be/9IcdOdArTn4
Entra em Vigor o Protocolo de Kyoto
https://youtu.be/S8MMJjDqYk4
Especialistas avaliam o Protocolo de Kyoto que será Substituído por Novo Tratado na Cop-15
https://youtu.be/JYcy-Y65GQA
Debate sobre Aquecimento Global com o Climatologista Carlos Nobre
https://youtu.be/CcHZD8YY3cs
Leitura
Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental
Eibel, Eliana; PINHEIRO, Rosa Beatriz Madruga. Crédito de carbono. 4.2 (2015):
588-601.
https://goo.gl/AP5GPN
Protocolo de Quioto
MMA, Ministério do Meio Ambiente.
https://goo.gl/tn4Rja
Revista Brasileira de Climatologia
MOLION, Luiz Carlos Baldicero. Aquecimento global: uma visão crítica. 3.4 (2008): 7-24.
https://goo.gl/ezZcKA
Efeito Estufa
SANTOS, Alcir dos et al.
https://goo.gl/WYLY15
Terræ Didatica
SILVA, R. W. C.; PAULA, B. L. de. 2009. Causa do aquecimento global: antropogênica
versus natural. 5(1):42-49.
https://goo.gl/p0jV3t
52
Referências
CHEN J. L.; Wilson C.R.; Tapley ,B. D. Satellite gravity measurements confirm
accelerated melting of Greenland ice sheet. Science, 313(5795):1958- 1960. 2006.
IPCC 2007. In: Silva, R. W. C.; PAULA, B. L. De. 2009. Causa do aquecimento
global: antropogênica versus natural. Terræ Didatica, 5(1):42-49. Disponível em:
<http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/v5/v5_a4.html>. Acesso em: 21
nov. 2016.
LOPES, Ignez Vidigal (Coord.). O mecanismo de desenvolvimento limpo: guia
de orientação. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 2002.
MMA, Ministério do Meio Ambiente. Substâncias destruidoras da camada de
ozônio. 2016. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/clima/protecao-da-
camada-de-ozonio/substancias-destruidoras-da-camada-de-ozonio>. Acesso em: 8
out. 2016.
MMA, Ministério do Meio Ambiente. Efeito estufa e aquecimento global. 2016.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/comunicacao/item/195-efeito-estufa-
e-aquecimento-global> Acesso em: 20 out. 2016.
MOREIRA, Helena Margarido; GIOMETTI, Analúcia Bueno dos Reis. Protocolo
de Quioto e as possibilidades de inserção do Brasil no Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo por meio de projetos em energia limpa. Contexto
internacional, p. 9-47, 2008.
OVERPECK J. T.; Otto-Bliesner, B. L.; Miller, G. H.; Muhs, D. R.; Alley, R. B.;
Kiehl, J. T. Paleoclimatic evidence for future ice-sheet instability and rapid sea-level
rise. Science, 311(5768):1747-1750. 2006.
PETIT, J. R. et al. Climate and atmospheric history of the past 420,000 years from
the Vostok ice core, Antarctica. Nature, 399:429-436. 1999.
SILVA, R. W. C.; PAULA, B. L. de. Causa do aquecimento global: antropogênica
versus natural. Terræ Didatica, 5(1):42-9. 2009. Disponível em: <http://www.
ige.unicamp.br/terraedidatica/v5/v5_a4.html>. Acesso em: 21 nov. 2016.
USP, Universidade de São Paulo. Poluição atmosférica e chuva ácida. 2006.
Disponível em: <http://www.usp.br/qambiental/chuva_acidafront.html>. Acesso
em: 9 out. 2016.
USP, Universidade de São Paulo. 2006. Efeito estufa. Disponível em <http://
www.usp.br/qambiental/tefeitoestufa.htm>. Acesso em: 20 out. 2016.
VIDAL, J. W. B. A posição do Brasil frente ao novo ambiente mundial. Revista
Eco 21, ano XIII, n. 75, fev. 2003. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.
com.br>. Acesso em: 27 abr. 2005.
WWF. O que é a camada de ozônio? 2016. Disponível em: <http://www.wwf.
org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/camada_ozonio/>. Acesso em: 9
out. 2016.
53
3
Padrões de Qualidade do Ar
e Controle da Poluição
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Nilza Maria Coradi de Araújo
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Contextualização
“Poluentes no ar de SP superam níveis recomendados pela OMS”
A qualidade do que os pulmões dos moradores da me-
trópole recebem não é das melhores.
56
“Não se chega do zero ao cem de uma vez’”, afirma
o gerente do Departamento de Qualidade Ambiental da
Cetesb, Carlos Komatsu. “Vou tirar metade dos veículos
de circulação? Isso é inviável. Tem de pensar em metas
progressivas de acordo com as suas possibilidades.”
57
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Padrões de Qualidade do Ar
Para que fosse possível avaliar, controlar e buscar uma qualidade do ar adequada
à saúde da população, os governos estabeleceram limites de quantidade para
alguns poluentes que se encontram na atmosfera. Isso recebeu o nome de
padrões de qualidade.
58
Os padrões primários de qualidade do ar representam as concentrações de poluen-
tes que, quando ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Esses padrões
podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes
atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo a serem atingidas.
Regulamentação e Legislação
No Governo Federal, a instância regulamentadora das emissões atmosféricas é
o CONAMA, que por meio de suas resoluções determina os limites máximos de
emissões de poluentes. No CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
coordenam as discussões que geram os novos limites de emissão.
59
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Resoluções CONAMA relativas a Fontes Fixas
Resolução CONAMA nº 5, de 15 de junho de 1989:
Criou o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar – PRONAR.
Essa resolução determinou a necessidade de se estabelecer limites
máximos de emissão e a adoção de padrões nacionais de qualidade do ar.
60
Tabela 1- Padrões Nacionais de Qualidade do Ar - Resolução CONAMA nº 3, de 28/06/90
Poluente Tempo de Amostragem Padrão Primário µ g / m3 Padrão Secundário µ g / m3
Partículas totais em 24 horas* 240 150
suspensão (PTS) MGA** 80 60
24 horas* 150 100
Fumaça
MMA*** 60 40
24 horas* 150 150
Partículas Inaláveis
MMA 50 50
24 horas* 365 100
Dióxido de Carbono
MMA 80 40
1 hora* 40.000 (35 ppm) 40.000 (35 ppm)
Monóxido de Carbono
8 horas* 10.000 (9 ppm) 10.000 (9 ppm)
Ozônio 1 hora* 160 160
1 hora 320 190
Dióxido de Nitrogênio
MMA 100 100
* Não deve ser excedido mais de uma vez ao ano
** Média Geométrica Anual
*** Média Aritmética Anual
Explor
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Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
2005. No Brasil, os padrões adotados nacionalmente ainda não foram atualizados,
sendo que os padrões nacionais vigentes datam de 1990.
62
Os valores apresentados na tabela 4 apresentam a relação entre índice, qualidade
do ar e efeitos à saúde, de acordo com a CETESB.
63
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Tabela 5 − Qualidade do Ar e Prevenção de Riscos à Saúde
MP10 MP2,5 O3 CO (ppm) NO2 SO2
Qualidade Índice
(µg/m3) 24H (µg/m3) 24H (µg/m3) 24H 24H (µg/m3) 1H (µg/m3) 24H
N1 - BOA 0-40 0-50 0-25 0-100 0-9 0-200 0-20
>50-100 >25-50 >100-130 >9-11 >200-240 >20-40
Pessoas com Pessoas com Pessoas com Pessoas com Pessoas com Pessoas com
N2 - MODERADA 41-80 doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou
pulmonares, procurem pulmonares, procurem pulmonares, procurem pulmonares, procurem pulmonares, procurem pulmonares, procurem
reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado
ao ar livre. ao ar livre. ao ar livre. ao ar livre. ao ar livre. ao ar livre.
Pessoas com Pessoas com Pessoas com Pessoas com doenças Pessoas com Pessoas com
doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou cardíacas, como doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou
pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e angina, devem evitar pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e
N5 - PÉSSIMA >200 crianças devem evitar crianças devem evitar crianças devem evitar esforço físico e vias de crianças devem evitar crianças devem evitar
esforço físico pesado esforço físico pesado esforço físico pesado trafego intenso. esforço físico pesado esforço físico pesado
ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante
da população deve da população deve da população deve da população deve da população deve
reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico
pasado ao ar livre. pasado ao ar livre. pasado ao ar livre. pasado ao ar livre. pasado ao ar livre.
64
Tabela 6 − Qualidade do Ar e Principais Efeitos à Saúde
Modalidades
Tipos de Fontes Poluentes
de Fontes
Processos Industriais MP, SOx, NOx, CO, HC
Caldeiras, Fomos e Aquecedores MP, SOx, NOx, CO, HC
FIXAS
65
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Tipo de Veículo/Fonte
Ocêanica MP
Decomposição Biológica SOx, H2S, HC, Compostos de
Naturais
Enxofre
Praias e Dunas MP
Queimadas MP, SOx, NOx, CO, HC
Erosão Eótica do Solo e Superfícies MP
Fonte: Monitoramento da qualidade do ar. Departamento de Engenharia Ambiental- Centro Tecnológico – UFES
424 417
217 221 216 205 209 207 205 193 171
119 121 114 104 99 97 92 86 85
Emissão de poluentes locais (t)
5,6
8,4 8,2 7,7 6,9 6,9 6,5 6 5,6
4,8
66
Monitoramento da Poluição do Ar
A preocupação em proteger a saúde dos efeitos causados pela poluição do ar é
antiga no país. Existe desde o ano de 1941, quando a Lei de Contravenções Penais
- Decreto nº3688, em seu artigo 38, já considerava uma violação “provocar, abusi-
vamente, emissão de fumaça, vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém”.
Mas foi com a Portaria nº231, de 1976, do Ministério do Interior, que a poluição
do ar começou a ser disciplinada em nível nacional, remetendo aos estados a
responsabilidade de monitorar os poluentes para os quais foram estabelecidos os
padrões de qualidade do ar para material particulado em suspensão, dióxido de
enxofre, monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos, conforme os respectivos
métodos de referência. Esta mesma portaria estabeleceu a responsabilidade pelas
exigências destinadas a prevenir e corrigir os inconvenientes da poluição do ar nas
áreas críticas de poluição, no que diz respeito a danos à saúde, segurança e bem-
-estar da população.
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Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
A rede de monitoramento de São Paulo tem dois tipos de rede: a rede auto-
mática e a rede manual. As estações da Rede Automática se caracterizam pela ca-
pacidade de processar na forma de médias horárias, no próprio local e em tempo
real, as amostragens realizadas a intervalos de cinco segundos.
68
Os métodos utilizados para medição dos diversos parâmetros amostrados pelas
redes de monitoramento são apresentados no quadro a seguir.
69
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Explor
Segundo a empresa de monitoramento Ag Solve, o monitoramento da qualidade do ar
nas empresas pode ser feito com o uso de estações meteorológicas e de equipamentos
de qualidade do ar que possuem amostradores de ar que capturam e canalizam os
particulados para sensores que determinam sua carga de particulados, e como testemunho
de longo tempo, registram as cargas de poluentes em fita dentro dos sensores. Nela, todo o
particulado existente é depositado e mensurado em tempo fixo de 15 minutos a 24 horas.
Outro tipo de equipamento que também pode ser utilizado para este monitoramento é o que
utiliza a técnica do feixe de laser, que dimensiona as partículas e as totaliza. Ele é indicado
para empresas e indústrias com volumes de poeira elevados, como em mineradoras, por
exemplo, que precisam fazer o acompanhamento da emissão em tempo real. Todos esses
aparelhos ficam, geralmente, ao ar livre ou sobre estruturas, expostos, para que simulem
as mesmas condições das construções da vizinhança. O monitoramento da qualidade do ar
é fundamental para a preservação do meio ambiente e da saúde humana. Veja a abaixo as
especificações técnicas das estações de qualidade do ar para monitorar particulados.
» Bam1020 - estação de qualidade do ar que atende o monitoramento de material
particulado menor que 2,5µm. O equipamento opera com processo de atenuação da
radiação Beta e possui excelente sensibilidade, com armazenamento de dados para até
200 dias de dados e ciclo de leituras de 1 a 24 horas;
» E-Bam - estações de qualidade de ar - fixas ou portáteis - para aplicações em condições
de resposta rápida, como emergências, que utilizam o princípio da atenuação de
radiação Beta na medição dos parâmetros de poeira total em suspensão e material
particulado;
» E-Sampler - equipamento totalmente portátil e flexível, que utiliza duas tecnologias
distintas para a medição dos particulados: feixe de laser para determinação do
tamanho das partículas conjuntamente com a filtragem para determinação dos totais
de particulados.
AG-SOLVE, 2008. Como controlar a qualidade do ar em indústrias. Disponível em: https://goo.gl/wexvp9
https://goo.gl/Y03C02
70
Controle da Poluição Atmosférica
Medidas e Equipamentos de Controle da Poluição Atmosférica
71
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Diluição de poluentes por meio de chaminés elevadas: os fatores a serem
considerados neste caso são relacionados com o processo, a fonte geradora de
poluentes e às condições meteorológicas.
72
Coletores úmidos:
» Torre de spray (pulverizadores);
» Lavador ciclônico;
» Lavador venturi;
» Lavadores de leito móvel.
73
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Trocando ideias...Importante!
[Assunção (1986) sugere os seguintes passos no processo decisório de escolha de um
método ou equipamento de controle de poluentes atmosféricos:
I - Caracterização do Problema :
1. Caracterização da fonte emissora
2. Características da indústria
3. Possíveis efeitos dos poluentes
4. Grau de controle requerido (exigências legais, controle da poluição atmosférica,
padrão de emissão, padrão de qualidade do ar, padrão de condicionamento e
projeto, eficiência requerida, exigência da comunidade, condições previsíveis
para o futuro e exigências legais para os resíduos)
Recomendações
Em situações em que os limites máximos permitidos das emissões das fontes fixas dos
processos industriais são ultrapassados, recomenda-se:
1. Analisar o processo de geração do poluente, desde o início, avaliando se as
condições de geração do mesmo são normais.
2. A emissão pode ser reduzida ou eliminada com a substituição de matérias
primas, combustível?
3. A combustão está ocorrendo de forma eficiente, há “zonas mortas” ou frias nas
câmaras que compõe os equipamento? Relação ar/combustível adequada?
4. Há possibilidade de retornar o material emitido ao processo produtivo ou mesmo
destiná-lo à reciclagem?
Caso não haja possibilidade de realizar melhorias na operação do processo que origina
o poluente ou mesmo substituir matérias primas ou combustíveis, é importante
verificar a possibilidade de se utilizar um Equipamento de Controle de Poluição na
fonte poluidora, pois sua função será de remover poluentes do fluxo de material
emitido para a atmosfera.]
74
Figura 5 − Exemplos de ECPs
Fonte: Adaptado iStock / Getty Images
Nova inspeção veicular está parada um ano após Haddad abrir licitação Controlar
Explor
O prefeito acabou com a inspeção veicular logo em seu primeiro ano de governo. Ela acabou
sendo feita, porém, até janeiro de 2014 em razão de uma liminar obtida pela Controlar,
empresa que era responsável pelo serviço.
A empresa divulgou durante anos benefícios que a inspeção traria à saúde do paulistano e à
qualidade do ar. A Controlar citava um estudo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade
de São Paulo), que considerou apenas os veículos movidos a diesel que fizeram a inspeção
em 2011. O estudou mostrou que com a redução de poluentes emitidos por esses veículos
foram evitadas 1.515 internações hospitalares e 584 mortes por problemas respiratórios.
Fonte: https://goo.gl/ZfAoSe
75
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
G1. Estudo mostra que veículos a diesel despejam 40% da poluição particulada, 2011
Veículos movidos pelo combustível representam menos de 10% da frota. Ar mais limpo poupou
na capital 252 vidas em 2010, mostra estudo da USP.
https://goo.gl/OJebJ1
Jornalismo Ambiental. Monitoramento do Ar deixa muito a desejar em Porto Alegre
https://goo.gl/RNi5pT
Vídeos
Ação e Meio Ambiente. Poluição Atmosférica Veicular – PARTE 1
https://youtu.be/ChfaUUJ7wHc
Ação e Meio Ambiente. Poluição Atmosférica Veicular – PARTE 2
https://youtu.be/3AdH-daVuBk
Ação e Meio Ambiente. Poluição Atmosférica Veicular – PARTE 3
https://youtu.be/s_m_caHwkvQ
Controle de Emissões Atmosféricas
https://youtu.be/pc7Msy6xqO8
Leitura
IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Emissões relativas de poluentes do transporte motorizado de
passageiros nos grandes centros urbanos brasileiros
https://goo.gl/jJw9v9
https://goo.gl/aWDUfS
76
Referências
AG-SOLVE, 2008. Como controlar a qualidade do ar em indústrias. Di-
sponível em <https://www.agsolve.com.br/noticias/como-monitorar-a-quali-
dade-do-ar-em-industrias
77
4
Efeitos da Poluição do
Ar na Saúde Pública
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Nilza Maria Coradi de Araújo
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Contextualização
A poluição atmosférica, mesmo com valores abaixo do nível permitido pelos
órgãos responsáveis, tem afetado de forma significativa a vida dos seres vivos.
“As crianças e os idosos são os dois grupos etários que têm se mostrado
mais susceptíveis aos efeitos da poluição atmosférica. Muitos estudos
mostram associação positiva entre mortalidade e morbidade por problemas
respiratórios em crianças. Já entre os idosos, a poluição atmosférica tem
sido associada a aumentos de morbidade (internações) e de mortalidade,
tanto por doenças respiratórias quanto por doenças cardiovasculares”
(Fonte: MARTINS, Lourdes Conceição et al. Poluição atmosférica e
atendimentos por pneumonia e gripe em São Paulo, Brasil. Revista de
Saúde Pública, v. 36, n. 1, p. 88-94, 2002).
80
Introdução sobre os Efeitos da Poluição
Atmosférica na Saúde Humana
Os problemas provenientes da poluição atmosférica começaram a ser conside-
rados uma questão de Saúde Pública a partir da Revolução Industrial, quando teve
início o sistema de urbanização hoje conhecido.
81
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Efeito dos Poluentes na Saúde e suas Fontes
Ozônio (O3)
O O3 troposférico (no nível do solo) e o estratosférico representam o mesmo
composto; porém, são encontrados em diferentes locais na atmosfera.
O O3 estratosférico é benéfico a todas as formas de vida porque atua como
um filtro à radiação ultravioleta (UV) dos raios solares. Por outro lado, o O3
troposférico é uma ameaça para a saúde e para o meio ambiente, o qual iremos
detalhar a seguir.
O O3 no nível do solo é um agravante respiratório e pode atuar no organismo,
reduzindo a capacidade pulmonar e aumentando os casos de crises de asma,
congestão nasal, irritação na garganta e redução da resistência a infecções.
Essa ação pode resultar em inflamações e lesões das células pulmonares e
agravamento de doenças crônicas respiratórias. Adicionalmente, alguns estudos
científicos já mostraram associação entre aumento de O3 troposférico e aumento
no risco de morte prematura.
O O3 também é tóxico à vegetação, inibindo o crescimento das plantas. Ele
também é capaz de deteriorar materiais como borracha e tecidos, pois é um po-
tente oxidante.
Vale lembrar que o O3 troposférico é formado somente por reações que ocor-
rem entre excesso de certos poluentes, que são precursores de O3, e alta energia
solar durante meses quentes de verão. Ele pode ser acumulado e encontrado mes-
mo em regiões afastadas da fonte original dos seus precursores.
Os níveis de O3 aumentam consideravelmente entre o fim da primavera e o
começo do outono, em regiões periféricas de grandes centros urbanos, localizadas
nas direções em que sopram os ventos. Caracteristicamente, seus níveis de
concentração aumentam no meio da manhã, algumas horas após o rush matinal
do trânsito (nível máximo de emissão de óxidos de nitrogênio), atingindo seu ápice
no meio da tarde e declinando à noite. As concentrações de ozônio nos ambientes
externos são maiores que nos interiores dos edifícios; porém, essa diferença pode
diminuir, dependendo do tipo de ventilação do local analisado.
82
Ameaça imperceptível a olho nu, o ozônio não é emitido diretamente no ar, mas resultado
de uma reação química, na presença da luz solar, envolvendo substâncias primárias
como o dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, como os hidrocarbonetos,
poluentes liberados principalmente por automóveis. Grosso modo, o ozônio produzido
no meio dos congestionamentos comuns da capital paulista tem dois destinos: ou se
extingue no próprio trânsito, reagindo com outros elementos químicos, ou segue pela
atmosfera para regiões com baixa presença de moléculas de poluentes, a exemplo de
parques e regiões distantes dos centros urbanos.
Segundo Paulo Saldiva, chefe do laboratório de Poluição da Faculdade de Saúde Pública
da USP, os picos de concentração de ozônio em São Paulo acontecem em municípios da
região noroeste, como Embu e Cotia. “Somos nós, da capital, que emitimos o ozônio
que polui, não apenas parques locais como o Ibirapuera, mas também cidades vizinhas”,
afirma. O especialista ressalta que outras regiões cercadas de verde, como o Parque
Estadual do Jaraguá e até mesmo o campus da USP, que também atraem praticantes de
caminhada e corrida, são alvo da poluição de ozônio.
O que os olhos não veem, o corpo sente.
Em contato com o organismo humano, o ozônio reage principalmente com a mucosa que
reveste as vias respiratórias, oxidando-as. Ele altera essa proteção, diminuindo nossas
defesas contra infecções. Como consequência, explica Saldiva, podem ocorrer infecções
na região, agravamento de crises de asmas, rinites, sinusites, amidalites e bronquites.
O ozônio também potencializa a ação de outros poluentes. De acordo com o professor da
USP, a associação com pequenas partículas, como a fuligem liberada pelo escapamento
dos carros, tem efeito maior do que cada poluente isolado e pode levar à mortalidade
precoce por infarto do miocárdio e crises de hipertensão.
Para se proteger do ozônio, a recomendação aos adeptos de passeios e corridas no
Ibirapuera e em outros parques é evitar a exposição no horário das 10h às 16h. “Por se
tratar de um poluente que reage sob a luz solar, é nesse período, da manhã à tarde, que
o ozônio apresenta maior atividade”, explica Saldiva” (Publicado em 29 maio 2015).
83
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
O maior efeito à saúde humana que o CO exerce deve-se ao fato de esse gás
apresentar afinidade com a molécula de hemoglobina cerca de 240 vezes maior que
a afinidade exercida pelo oxigênio, o que faz com que uma pequena quantidade de
CO possa saturar uma grande quantidade de moléculas de hemoglobina, diminuindo
a capacidade do sangue de transportar O2. Devido à diminuição do transporte de
O2 aos tecidos, a exposição elevada ao CO pode levar à perda de consciência e
óbito em apenas alguns minutos.
84
Os primeiros sintomas da intoxicação por fumaça são dor de cabeça, confusão men-
tal e dores musculares. Mas, no caso de locais com alta concentração de monóxido
de carbono, é tudo muito rápido. A pessoa não terá necessariamente esses sinto-
mas, ela já perde a consciência e desfalece. Para a desintoxicação, usa-se hiper-
oxigenação com máscaras especiais com reservatório de oxigênio (Publicado em
29/01/2013).
https://goo.gl/9avmbM
8 pessoas morrem ao respirar CO dentro de um carro (Vídeo)
https://youtu.be/f2J6Aq_kMw0
Criança morre após inalar monóxido de carbono em Campo Grande
https://goo.gl/86KiU7
85
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Dióxido de Enxofre (SO2)
Resultado da combustão de elementos fósseis, como carvão e petróleo, esse
gás possui como fontes principais os automóveis e as termoelétricas. Uma vez na
atmosfera, o SO2 é oxidado, podendo formar o ácido sulfúrico (H2SO4). Esses gases
podem ser transportados para regiões distantes das fontes primárias de emissão,
aumentando a área de atuação desses poluentes.
A reação do SO2 com vapor de água e oxigênio pode gerar aerossóis ácidos
prejudiciais ao sistema respiratório, agravando sintomas associados com doenças
pulmonares, como, por exemplo, a asma e a bronquite.
O Dióxido de enxofre (SO2) é um gás incolor com odor acre picante. Ocorre como uma
impureza nos combustíveis fósseis, proveniente principalmente de atividades como queima
de diesel nos veículos pesados, carvão e petróleo em usinas de energia ou de fundição de
cobre. Acredita-se que cerca de 80% do SO2 venha da queima incompleta de combustíveis
fósseis. Na natureza, pode ser liberado para o ar a partir de erupções vulcânicas.
Ao entrar em contato com o oxigênio, o enxofre se transforma em dióxido e trióxido de
enxofre – que reage com a umidade do ar, formando o ácido sulfúrico, o qual ainda pode
reagir com a amônia do ar e formar o sulfato de amônia.
Um estudo sobre SO2 aponta que ele permanece no ar em forma de gotículas (mais comum
em ambientes fechados) ou retorna para a terra após processos de oxidação e reação,
na forma de chuva ácida. Além disso, pode reagir com outros compostos na atmosfera,
formando material particulado de diâmetro reduzido.
86
Efeitos na saúde
Por ser um gás altamente solúvel nas mucosas do trato aéreo superior, pode provocar
irritação e aumento na produção de muco, desconforto na respiração e agravamento de
problemas respiratórios e cardiovasculares, tanto que é considerado um irritante primário.
Esse agravamento de sintomas na saúde acarreta em internações hospitalares e prejuízos na
saúde pública (Publicado em 6 de junho de 2014).
O NO2 possui baixa solubilidade. Visto isso, quando inalado, ele atinge as porções
mais periféricas do pulmão. Seu efeito tóxico está relacionado ao fato de ser um
agente oxidante. O NO2 é capaz de reduzir a resistência a infecções respiratórias e
agrava sintomas associados de doenças como a asma e a bronquite.
87
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Material Particulado (MP10 e MP2.5)
O material particulado (MP) é uma mistura de partículas líquidas e sólidas em
suspensão no ar. Sua composição e tamanho dependem das fontes de emissão.
O tamanho das partículas é expresso em relação ao seu tamanho aerodinâmico e
inclui poeira, sujeira, fuligem, fumaça e gotículas líquidas. O MP fino inalável (com
diâmetro aerodinâmico de até 2,5 µm) não é resultado de emissões diretas, mas pode
ser formado na atmosfera por reações químicas envolvendo poluentes gasosos.
PM10
Poeira, pólen, mofo, etc.
<10 µm (microns) em diâmetro
90 µm (microns) em diâmetro
Areia de praia fina
Figura 4 – Diferenças entre MP10 e MP2,5 e comparações com um fio de cabelo e um grão de areia
Fonte: Agência de Proteção Ambiental dos EUA
88
Aproximadamente 50% do MP no interior das casas é proveniente do ambiente
externo. À medida que vão se depositando no trato respiratório, essas partículas
passam a ser removidas por alguns mecanismos de defesa. O primeiro mecanismo
é o espirro, desencadeado por grandes partículas que, devido a seu tamanho,
não conseguem ir além das narinas, onde acabam se depositando. A tosse é um
mecanismo semelhante que acontece quando há a invasão do trato respiratório
inferior (além da laringe) por partículas.
https://goo.gl/nAmd86
89
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Benzeno
O benzeno é um poluente perigoso do ar que pode acelerar a carcinogênese
e aumentar o risco para a saúde humana. Diversos estudos forneceram evidência
a respeito do efeito do benzeno associado à alteração genética, à mutação
cromossômica etc.
A exposição a níveis excessivamente altos de benzeno pode causar câncer nos
rins, testículos, cérebro, pâncreas, estômago, pulmão, trato respiratório, bexiga e
útero. O benzeno também pode provocar leucemia mieloide aguda e também foi
reconhecido como causador de danos ao DNA em células de mamíferos.
Exposições prolongadas ao benzeno podem causar euforia seguida de vertigem,
batimentos cardíacos irregulares, dores de cabeça, tonturas, náuseas e inconsciência.
Também já foram relatados sintomas como falta de ar, bronquite, irritabilidade
nervosa e instabilidade ao caminhar. Outros efeitos do benzeno são distúrbios do
sangue, efeitos nocivos sobre a medula óssea, anemia e menor capacidade de
coagulação sanguínea, danos ao sistema imunológico e toxicidade reprodutiva e do
desenvolvimento. Verificou-se que o benzeno é mais suscetível às mulheres do que
aos homens. Exposição ao benzeno pode causar transtorno menstrual e retardar o
desenvolvimento fetal.
Fonte: https://goo.gl/JJge2Q
90
Compostos Orgânicos Voláteis (COV)
Os compostos voláteis têm potenciais efeitos cancerígenos em seres humanos
e são denominados toxinas do ar. Esses compostos reagem com óxidos de azoto
(NOx) na presença de luz solar e são um dos componentes do chamado smog
fotoquímico, que é uma neblina densa que restringe a visibilidade. Os vapores
nebulosos causam irritação nos olhos e nos pulmões. Atualmente, os especialistas
em meio ambiente chamam de smog a poluição que automóveis e fábricas provocam
no ar das grandes cidades, mesmo que não haja neblina.
Chumbo (PB)
O Chumbo é um elemento metálico encontrado na natureza. Sua exposição
pode ocorrer por meio de inalação, ingestão de comida, água, solo ou partículas
de poeira.
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Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
A presença do chumbo na atmosfera se dá, principalmente, pela queima de
materiais contaminados com chumbo, atividades industriais como mineração,
além de fábricas de reciclagem de baterias e pela fabricação e processamento de
produtos que contém chumbo.
92
Nos Estados Unidos, bairros cujos habitantes têm baixa renda e são minorias,
muitas vezes existem em áreas de alta concentração dos chamados superpoluentes
– as piores fontes de poluição industrial do país.
As pessoas desses bairros são expostas a um nível desproporcional de poluentes
ambientais, fato que aumenta seu risco de sofrer problemas de saúde física e
mental ligados à poluição atmosférica.
Os pesquisadores observam que será preciso realizar mais estudos para entender a
relação precisa entre poluição do ar e saúde mental.
Os autores do estudo observaram: “O impacto forte que os problemas de saúde
mental infantis e juvenis exercem sobre a sociedade, além da associação plausível
e evitável da exposição à poluição do ar merecem atenção especial” (Publicado em
26/07/2016. Fonte: The Huffington Post, traduzido por Huffpost Brasil).
Fonte: https://goo.gl/XAiQ0b
Explor
93
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
94
Dessa forma, várias medidas de controle foram implantadas. Em 1990, foram
conferidos à EPA poderes para determinar os critérios técnicos de controle das
substâncias tóxicas, com base nos seus efeitos à saúde.
95
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Vale ressaltar que o número de estudos sobre poluição atmosférica e seus efeitos
deletérios à saúde tem crescido vertiginosamente ao longo das últimas décadas.
O conhecimento científico gerado tem influenciando as políticas públicas de
controle ambiental nesses países.
96
Grupos Suscetíveis
Crianças
As crianças apresentam grande suscetibilidade à exposição aos poluentes aéreos.
Apresentam maior ventilação por minuto devido ao metabolismo basal acelerado
e à maior atividade física quando comparadas aos adultos, além de permanecerem
por mais tempo em ambientes externos. Tomando como base o peso corporal, o
volume de ar que passa através das vias respiratórias da criança em repouso é o
dobro daquele nos adultos, em condições semelhantes. Adicionalmente, o sistema
imunológico, que ainda não está totalmente desenvolvido, aumenta a possibilidade
de infecções respiratórias.
Idosos
Os idosos são suscetíveis aos efeitos adversos da exposição aos poluentes
atmosféricos por apresentarem sistema imunológico menos eficiente e progressivo
declínio na função pulmonar que pode levar à obstrução das vias aéreas e à limitação
aos exercícios.
Suscetibilidade Genética
A produção de radicais livres e a indução da resposta inflamatória pelos poluentes
no sistema respiratório pode ser neutralizada pelas substâncias antioxidantes
presentes na camada de revestimento do epitélio respiratório, que são capazes de
diminuir o estresse oxidativo e a formação de radicais livres no organismo. Essa
seria a primeira linha de defesa contra os efeitos adversos dos poluentes.
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Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Os mecanismos biológicos dos efeitos dos poluentes aéreos durante a gestação
não estão bem esclarecidos. A intensa proliferação celular, a imaturidade fisiológica,
o acelerado desenvolvimento de órgãos e as mudanças no metabolismo aumentam
a suscetibilidade do feto à inalação dos poluentes aéreos pela mãe, e essa, por sua
vez, pode ter seu sistema respiratório comprometido pela ação dos poluentes e,
com isso, afetar o transporte de oxigênio e glicose através da placenta.
Em Síntese Importante!
98
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Avaliação dos efeitos do material particulado proveniente da queima da plantação
de cana-de-açúcar sobre a morbidade respiratória na população de Araraquara–SP
ARBEX, Marcos Abdo. Avaliação dos efeitos do material particulado prove-
niente da queima da plantação de cana-de-açúcar sobre a morbidade respira-
tória na população de Araraquara–SP. 2001. Tese de Doutorado. Universidade
de São Paulo.
Poluição Atmosférica e Saúde Humana
BRAGA, Alfesio et al. Poluição atmosférica e saúde humana. Revista USP, n. 51,
p. 58-71, 2001.
Fontes de Exposição Humana ao Chumbo no Brasil
CAPITANI, Eduardo M.; PAOLIELLO, Mônica MB; ALMEIDA, Glauce R. Costa.
Fontes de exposição humana ao chumbo no Brasil. Medicina (Ribeirao Preto.
Online), v. 42, n. 3, p. 311-318, 2009.
Associação entre Material Particulado de Queimadas e Doenças Respiratórias
na Região Sul da Amazônia Brasileira
GOUVEIA, Nelson et al. Poluição do ar e efeitos na saúde nas populações de duas
grandes metrópoles brasileiras. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 12, n. 1,
p. 29-40, 2003.
Vídeos
Médico comenta Ligação entre Poluição e Casos de Câncer
https://goo.gl/IlwZPa
Impacto da Poluição na Saúde
https://youtu.be/-X2TLbtXaJ0
Leitura
Ar da Europa já foi tão Poluído quanto o da China
CALIXTO, B. Ar da Europa já foi tão poluído quanto o da China. O que mudou? 2013.
https://goo.gl/RM19Dt
99
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Referências
BAKONYI, Sonia Maria Cipriano et al. Poluição atmosférica e doenças respiratórias
em crianças na cidade de Curitiba, PR. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 5, p.
695-700, 2004.
DAPPER, S. N.; SPOHR, C.; ZANINI, R. R. Poluição do ar como fato de risco para
a saúde: uma revisão sistemática no estado de São Paulo. Estudos Avançados,
30(86), p.83-97, 2016. Disponível em: <http://doi.org/10.1590/S0103-
40142016.00100006>. Acesso em: 07 nov 2016.
ENERGY and Environmental Affairs. Air Monitoring Reports & Studies. Disponível
em: <www.mass.gov/eea/agencies/massdep/air/quality/air-monitoring-reports-
and-studies.html>. Acesso em: 3 nov. 2016.
100
DA MOTTA, Ronaldo Serôa; MENDES, Ana Paula Fernandes. Custos de saúde
associados à poluição do ar no Brasil. Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 25,
n. 1, p. 165-198, 1995.
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