You are on page 1of 102

Poluição

Atmosférica

EDUCAÇÃO SUPERIOR
Modalidade Semipresencial
Simone Miraglia

Poluição
Atmosférica

São Paulo
2018
Sistema de Bibliotecas do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional
PRODUÇÃO EDITORIAL - CRUZEIRO DO SUL EDUCACIONAL. CRUZEIRO DO SUL VIRTUAL

B687f
Miraglia, Simone Georges El Khouri.
Poluição atmosférica. / Simone Georges El Khouri Miraglia. São
Paulo: Cruzeiro do Sul Educacional. Campus Virtual, 2018.
102 p.

Inclui bibliografia
ISBN: (e-book)

1. Ecologia. 2. Poluição. I. Cruzeiro do Sul Educacional. Campus


Virtual. II. Título.
CDD 304.28

Pró-Reitoria de Educação a Distância: Prof. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr.

Autoria: Simone Miraglia.

Revisão Técnica: Nilza Maria Coradi de Araújo.

Revisão Textual: Kelciane da Rocha Campos e Selma Aparecida Cesarin.

2018 © Cruzeiro do Sul Educacional. Cruzeiro do Sul Virtual.


www.cruzeirodosulvirtual.com.br | Tel: (11) 3385-3009
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização
por escrito dos autores e detentor dos direitos autorais
Plano de Aula

Poluição Atmosférica

SUMÁRIO
Unidade 1 – Atmosfera:
9 Características,
Composição e Poluentes

31 Unidade 2 – Efeitos Globais da Poluição Atmosférica

55 Unidade 3 – Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição

79 Unidade 4 – Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública


PLANO DE
AULA

Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem Conserve seu
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua material e local de
formação acadêmica e atuação profissional, siga estudos sempre
algumas recomendações básicas: organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da hidratado.
sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário
fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites
para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará
sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois
irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com
seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem.

6
Objetivos de aprendizagem
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
Unidade 1

» Definir e conceituar atmosfera, poluição atmosférica, os tipos e classes de poluentes e definir e conceituar o fenômeno
da inversão térmica.

Efeitos Globais da Poluição Atmosférica


Unidade 2

» Conceituar os efeitos globais da poluição atmosférica, caracterizar os movimentos para conter as mudanças climáticas
e os principais acordos internacionais relativos à poluição do ar.
Unidade 3

Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição


» Caracterizar os padrões de qualidade do ar vigentes, apresentar o monitoramento da poluição do ar em um centro
urbano brasileiro de referência (cidade de São Paulo - SP) e apresentar principais equipamentos utilizados para o
controle de poluentes atmosféricos em indústrias.

Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública


Unidade 4

» Abordar os efeitos dos poluentes atmosféricos na saúde humana e na Saúde Pública, o histórico dos efeitos da
poluição atmosférica no mundo e no Brasil, assim como a identificação das evidências nacionais e internacionais dos
impactos dos poluentes atmosféricos na saúde.

7
1
Atmosfera: Características,
Composição e Poluentes

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Simone Miraglia

Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Nilza Maria Coradi de Araújo

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
Contextualização
De acordo com uma reportagem, cientistas da NASA afirmam que “Marte já
teve altas concentrações de oxigênio em sua atmosfera”. Segundo a reportagem,
publicada na revista Veja, em 28 de junho de 2016:
“[...] o oxigênio provavelmente veio de uma série de processos químicos
e físicos que o planeta sofreu ao longo dos anos. Marte perdeu o
campo magnético e assim também perdeu a proteção natural contra os
ventos solares. As consequências dessas perdas resultaram no desgaste
atmosférico, o efeito estufa marciano diminuiu e a água se tornou
inconstante na superfície. Uma parte dela congelou e a outra evaporou,
sendo atingida pelos raios ultravioletas do Sol. Com isso, a molécula
de água se quebra: o hidrogênio é mais leve e facilmente sobe para o
espaço. Já o oxigênio fica, aparecendo o oxidante ideal para o manganês,
encontrado na superfície de Marte.”
Fonte: https://goo.gl/gcS5Rj

A partir desse trecho da reportagem, fica claro que a superfície de Marte é


incompatível com a vida, considerando-se a forma como a conhecemos hoje. Um
dos motivos para essa incompatibilidade é a atmosfera de Marte. O que há de
diferente entre a atmosfera de Marte e a da Terra, de forma que esses planetas
abriguem (ou deixem de abrigar) formas de vida? Do que essa camada que chamamos
de atmosfera é composta? Quais são suas características? O que são os chamados
poluentes atmosféricos?

10
Definição de Atmosfera
A atmosfera, que se constitui de importância vital à vida terrestre, envolve a
Terra em uma espessura de apenas 1% do raio do planeta.

A atmosfera evoluiu à sua configuração atual e composição há cerca de 400


milhões de anos, quando já havia cobertura vegetal sobre o solo.

O estudo da atmosfera é muito antigo e envolve observações, teorias e modelagem


numérica. Em 1643, Torricelli inventou o barômetro, tendo demonstrado que o
“peso” da atmosfera, ao nível do mar, sustentaria uma coluna de 10 m de água,
ou uma coluna de 760 mm de mercúrio líquido. Em um segundo momento, Pascal
utilizou o barômetro de Torricelli para mostrar que a pressão atmosférica diminui
com a altitude.

Ao final do século XIX, os principais constituintes da atmosfera seca haviam sido identi-
Explor

ficados (78% nitrogênio, 21% oxigênio, 0,9% argônio e 0,035% dióxido de carbono, ou
gás carbônico).

O uso de instrumentos como o barômetro e o termômetro conjuntamente per-


mitiu o estudo da estrutura vertical da atmosfera. Embora o fato de que a tempera-
tura tende a diminuir com a altitude seja de conhecimento comum para aviadores
e montanhistas, a relação inversa de elevações na temperatura, à medida que a
altitude aumenta, é um resultado da inversão térmica, que será estudada em mais
detalhes nesse capítulo.

Camadas da Atmosfera
A atmosfera é fundamental para a existência da vida na Terra. Para fins didáticos,
ela foi dividida em camadas, que juntas compõem uma extensão de aproximadamente
1000 km. A atmosfera é constituída de cinco camadas: troposfera, estratosfera,
mesosfera, termosfera e exosfera. O ar se torna mais rarefeito quanto mais distante
da superfície terrestre, e é por isso que os alpinistas normalmente levam oxigênio
com eles quando escalam altas montanhas. A troposfera é a única camada em que
os seres vivos podem respirar normalmente.
• Troposfera: as condições climáticas acontecem na camada inferior da
atmosfera, chamada troposfera. Essa camada se estende até 20 km do solo,
no equador, e a aproximadamente 10 km nos polos;
• Estratosfera: a estratosfera chega a 50 km do solo. A temperatura vai de 60ºC
negativos na base ao ponto de congelamento na parte de cima. A estratosfera
contém ozônio, um gás que absorve os prejudiciais raios ultravioletas do sol.
Hoje, a poluição está ocasionando “buracos” na camada de ozônio;

11
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
• Mesosfera: o topo da mesosfera fica a 80 km do solo. É muito fria, com
temperaturas abaixo de 100ºC negativos. A parte inferior é mais quente
porque absorve calor da estratosfera;
• Termosfera: o topo da termosfera fica a cerca de 450 km acima da Terra.
É a camada mais quente, uma vez que as raras moléculas de ar absorvem a
radiação do sol. As temperaturas no topo chegam a 2.000ºC;
• Exosfera: a camada superior da atmosfera fica a mais ou menos 900 km
acima da Terra. O ar é muito rarefeito e as moléculas de gás “escapam”
constantemente para o espaço. Por isso é chamada de exosfera (parte externa
da atmosfera).

Exosfera10 000 km

Termosfera690 km

Mesosfera 85 km

Estratosfera50 km

Troposfera
10 km

Figura 1 – Camadas da atmosfera


Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

Química Atmosférica na Amazônia


Explor

ARTAXO, Paulo et al. Química atmosférica na Amazônia: a floresta e as emissões de


queimadas controlando a composição da atmosfera amazônica. 2005.
https://goo.gl/xZepid
A Dinâmica da Atmosfera
FREITAS, Eduardo de.
https://goo.gl/jSU6Me

A Origem do Planeta Terra


Explor

https://youtu.be/6eKH3btIUlo

12
Definição de Poluição Atmosférica
Há diversas definições de poluição atmosférica, poluentes atmosféricos, tipos
de poluição, índices de qualidade do ar, dentre outros conceitos importantes para
a compreensão da temática que iremos estudar. A fim de introduzir essa matéria,
é importante analisarmos as diversas definições, observando as instituições que
as estabeleceram – órgãos ambientais, órgãos governamentais reguladores,
organização mundial da saúde, etc.

Você Sabia? Importante!

A OMS (Organização Mundial da Saúde, ou a sigla em inglês WHO) é uma agência


especializada em saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e subordinada à Organização
das Nações Unidas.
A Organização Pan-Americana da Saúde é um organismo internacional de saúde pública
com um século de experiência, dedicado a melhorar as condições de saúde dos países
das Américas. A integração às Nações Unidas acontece quando a entidade se torna o
Escritório Regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde. A OPAS/OMS
também faz parte dos sistemas da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da
Organização das Nações Unidas (ONU).
Fonte: PAHO. Disponível em: <https://goo.gl/pY5ifO>. Acesso em: 16 nov. 2016.

Publicações da Organização Mundial de Saúde


Explor

https://goo.gl/4TFxr3

Poluição do ar é a contaminação do ambiente interno e externo por qualquer


agente químico, físico ou biológico capaz de modificar as características naturais
da atmosfera. Equipamentos de combustão domésticos, motores de automóveis,
indústrias e incêndios florestais são fontes comuns de poluição atmosférica. Os
poluentes mais nocivos à saúde pública incluem material particulado, monóxido
de carbono, ozônio, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre. A poluição em
ambientes internos e externos causa doenças respiratórias e cardíacas, podendo
ser fatais (WHO, 2016).

A CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) é a agência do


Governo do Estado responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e
licenciamento de atividades geradoras de poluição, com a preocupação fundamental
de preservar e recuperar a qualidade das águas, do ar e do solo.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e


deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, foi instituído
pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
regulamentada pelo Decreto 99.274/90.

13
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
A CETESB define poluente atmosférico como “toda e qualquer forma de matéria
ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características
em desacordo com os níveis estabelecidos em legislação, e que tornem ou possam
tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar
público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso
e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade” (CETESB, 2016).

O nível de poluição atmosférica é determinado pela quantificação das subs-


tâncias poluentes presentes no ar. Conforme a Resolução CONAMA Nº. 3 de
28/06/1990, considera-se poluente atmosférico “qualquer forma de matéria ou
energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características
em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar
impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, da-
noso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da
propriedade e às atividades normais da comunidade” (CETESB, 2016).

Após a leitura dessas definições, podemos diferenciar, então, poluição do ar, a


qual é constituída pelo poluente atmosférico, cuja quantidade leva à determinação
do nível de poluição do ar.

Poluição Indoor e Outdoor


Existem várias classificações para os tipos de poluição atmosférica. A primeira
que iremos analisar é a poluição do tipo indoor ou outdoor.

Poluição indoor é aquela interna às edificações. Podem ser de áreas não


industriais, como habitações, escritórios, escolas e hospitais. O estudo de sua
qualidade é importante para garantir saúde aos ocupantes dos diferentes edifícios,
bem como o ótimo desempenho de suas atividades.

Poluição outdoor é aquela externa às edificações. Ela é consequência da


ineficiente combustão de combustíveis para transporte, geração de energia e
outras atividades antropogênicas, como aquecimento e o cozimento de alimentos.
Processos de combustão produzem uma mistura complexa de poluentes que
incluem emissões primárias, como fuligem do diesel e chumbo, e produtos de
reações atmosféricas, como ozônio e partículas de sulfato.

Poluição urbana de ambientes externos é estimada por causar 1,3 milhões de


mortes no mundo por ano. Crianças são especialmente afetadas por causa da
imaturidade de seus sistemas respiratórios. As consequências dessa situação são
sentidas de forma desproporcional em países de renda média e baixa. Exposição
a poluentes do ar está muito além do controle dos indivíduos e requer ações
de autoridades públicas de níveis regionais, nacionais e inclusive internacionais
(WHO, 2016).

A fim de melhor caracterizar e monitorar os poluentes, vamos defini-los em


primários e secundários.

14
• Poluentes primários: são aqueles emitidos diretamente pelas fontes de
poluição, como processos de combustão do sistema de transportes com a
emissão pelos escapamentos dos veículos ou emitidos pelos processos
industriais através de chaminés e exaustores. Exemplos: material particulado,
monóxido de carbono, óxidos de enxofre e nitrogênio, etc;
• Poluentes secundários: aqueles formados na atmosfera através da reação
química entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera.
Exemplo: ozônio.

A preocupação com a Qualidade do Ar Interno (QAI) surgiu principalmente com


a tendência em se construir edifícios selados por motivos estéticos, controle de
ruído e mesmo climatização, o que acabou provocando um aumento nos casos de
problemas relacionados à qualidade do ar de tais ambientes. Veja na figura 2 abaixo
alguns problemas comuns ao ar de interiores.

Figura 2 – Alguns problemas comuns aos ambientes interiores


Fonte: iStock/Getty images

O interesse por estudos sobre a QAI surgiu após a descoberta de que a dimi-
nuição das taxas de troca de ar nesses ambientes era a grande responsável pelo
aumento da concentração de poluentes biológicos e não biológicos no ar interno.
Essa preocupação se justifica uma vez que grande parte das pessoas (em torno de
80-90%) passa a maior parte do seu tempo dentro desses edifícios e, consequente-
mente, exposta aos poluentes desses ambientes.

Estudos da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) indicam


que os níveis de concentração de poluentes podem ser de duas a cinco vezes
maiores em ambientes internos do que nos externos, mesmo em cidades altamente
industrializadas. Esse fato, juntamente com o tempo de permanência em ambientes
internos, faz com que os riscos à saúde humana sejam muito maiores nesses locais.

De acordo com os padrões da OMS, mais da metade dos locais fechados,


como empresas, escolas, cinemas, residências e até hospitais tem ar de má
qualidade. Essa baixa qualidade é causada, principalmente, pela má higienização
dos aparelhos de ar condicionado e pela falta de controle periódico sobre as
possíveis fontes de contaminação.

A Qualidade do Ar de Interiores (QAI) é uma ciência nova, surgida na década de


70, quando houve escassez de energia nos países desenvolvidos. Como maneira de
racionalizar a energia, surgiram os edifícios selados. Esses ambientes, devido à baixa
troca de ar interno/externo, somada a diversos produtos, como forração, acabamento
e mobiliário, que contêm vários tipos de substâncias químicas, passaram a ter elevados

15
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
níveis de poluentes. Esse fato gerou um aumento significativo no número de queixas
relacionado com a qualidade do ar em ambientes fechados, principalmente em países
localizados em clima frio. Os sintomas relacionados à qualidade do ar passaram a ser
mais estudados e, atualmente, são conhecidos como Síndrome dos Edifícios Doentes
(SED), a qual é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o
início da década de 80 (GIODA, 2003). Veja na figura 3 um esquema representativo
do envolvimento entre ar de interiores e ar de exteriores.

Figura 3 – Representação dos ciclos de ar entre ambiente interno e ambiente externo


Fonte: iStock/Getty Images

De acordo com a OMS, os sintomas mais comuns de SED são irritação e


obstrução nasal, desidratação e irritação da pele, irritação e secura na garganta
e nas membranas dos olhos, dor de cabeça, letargia e cansaço generalizado,
levando à perda de concentração. Podem ser percebidos um ou mais sintomas,
que geralmente desaparecem quando a pessoa permanece por um tempo longo
fora desse ambiente. São inúmeras as fontes de poluentes em ambientes internos,
além das atividades ocupacionais do próprio homem (GIODA, 2003).

Dentre os contaminantes usualmente monitorados estão o dióxido de carbono


(CO2), o monóxido de carbono (CO), os compostos orgânicos voláteis totais e
especiados (COVsT e COV), os compostos orgânicos semivoláteis (COSVs),
matéria particulada, nicotina e microrganismos.

No Brasil são poucos os registros relacionando QAI e SED. O fato de o Brasil ter
um clima subtropical não torna necessário o uso constante de sistemas de refrige-
ração e, menos ainda, de calefação. Devido a isso, muito pouco tem sido estudado
nessa área. Porém, há uma tendência em construir prédios selados devido a vários
fatores, como estética, climatização e menor ruído; com isso, faz-se necessário um
sistema de ar condicionado central. É possível que essa nova tendência acarrete um
aumento do número de casos de SED no país (GIODA, 2003).

16
A QAI tornou-se um tema de pesquisa importante na área de saúde pública nos
últimos 15 anos. Esse interesse ocorreu após a descoberta de que baixas taxas de
troca de ar nesses ambientes ocasionam um aumento considerável na concentração
de poluentes químicos e biológicos no ar. Como todos passamos boa parte de
nossa vida diária em recintos fechados, seja em casa, no trabalho, no transporte,
ou mesmo em locais de lazer, a preocupação com concentrações de contaminantes
no ar em ambientes internos é justificável (GIODA, 2003).
A QAI é uma nova área de estudo que reúne profissionais de diferentes disciplinas,
principalmente químicos, microbiologistas, engenheiros, arquitetos e toxicologistas.
Nessas últimas décadas, houve um grande aumento de queixas relacionadas
à qualidade de ar em locais fechados nos países desenvolvidos, principalmente
em edifícios de microclima artificial. Essas queixas geraram estudos que foram
conduzidos em diferentes países e períodos, indicando que o ar dentro de casa e
outros locais fechados pode estar mais poluído do que o ar externo nas grandes
cidades industrializadas. Ironicamente, o movimento mundial de conservação
de energia, desencadeado na década de 70, contribuiu de uma forma bastante
marcante para as preocupações atuais referentes à qualidade do ar de interiores.
Com o intuito de obter uma melhor eficiência nos aparelhos de refrigeração e
aquecimento e, com isso, minimizar o consumo de energia, os prédios de escritórios
e residenciais (principalmente em países desenvolvidos localizados em clima frio),
a partir daquela década, foram construídos visando uma vedação térmica mais
eficiente, surgindo os chamados prédios selados (BRICKUS, 1999).

No Brasil, a qualidade do ar de interiores teve um impulso após as certificações


como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que é um sistema
internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, utilizado em
143 países, e possui o intuito de incentivar a transformação dos projetos, obra e
operação das edificações, sempre com foco na sustentabilidade de suas atuações.
Paralelamente, houve um grande aumento na diversidade de produtos para
forração, acabamento e mobiliário, que contêm substâncias químicas passíveis de
serem dispersas no ar de interiores, disponíveis no mercado consumidor. Esses
materiais, na maioria dos casos, foram desenvolvidos sem uma preocupação com
suas emissões. Atualmente, sabe-se que uma das causas do deterioramento da
qualidade do ar de interiores é devida a essa emissão de substâncias químicas,
principalmente compostos orgânicos voláteis (COVs), presentes na composição de
materiais de construção, limpeza e mobiliário. A combinação desses dois fatores
pode ocasionar, via de regra, uma baixa qualidade do ar de interiores. Em resumo,
a existência de “prédios doentes” coincide com as mudanças no meio ambiente
interno, que ocorrem não apenas devido à introdução de novos produtos de materiais
de construção, consumo e mobiliário, como também às trocas arquitetônicas no
ambiente interno, com o intuito de economizar energia.
Esses estudos têm sido realizados principalmente na Europa e nos Estados Uni-
dos. Contudo, a simples comparação desses estudos com a realidade brasileira não
é recomendável. No Brasil, diferenças relacionadas a fatores climáticos, socioeco-

17
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
nômicos, geográficos e habitacionais são bastante evidentes. Por exemplo, os paí-
ses desenvolvidos, situados no hemisfério norte, apresentam um clima temperado,
ao passo que o Brasil possui um clima predominantemente tropical e subtropical.
Somente essa diferença climática acarretará uma variação considerável na dinâmi-
ca dos poluentes atmosféricos nesses dois sistemas.

Atualmente, no Brasil, está havendo uma conscientização da imprensa não


especializada sobre a importância da qualidade do ar de interiores em locais não
industriais, tais como escolas, residências, edifícios públicos e comerciais. Em
meados de 1996, o Governo Federal Brasileiro proibiu o fumo em lugares fechados
de uso coletivo, baseado em pesquisas realizadas por agências internacionais.
Contudo, essa lei é bastante simplória, já que induz a pensar que a fumaça do
tabaco é a grande e única culpada da baixa qualidade do ar respirado em locais
fechados. Apesar do interesse despertado, infelizmente ainda não existe nenhuma
medida, tanto do governo federal quanto do estadual, em avaliar o ar, ao qual a
população média brasileira estaria exposta. Na realidade, a discussão em torno das
leis que regulamentam a qualidade do ar de interiores (QAI) em nosso país esconde
questões muito mais abrangentes, dentre as quais a formulação de conclusões
precipitadas, geradas antes mesmo das devidas ponderações (BRICKUS, 1999).

Antes da década de 70, os problemas de saúde relacionados com a poluição


do ar de ambientes interiores chamavam pouca atenção da comunidade científica.
O interesse por esse assunto tem crescido nos últimos anos, uma vez que as pessoas
têm passado a maior parte do seu tempo em ambientes fechados. As causas da
poluição do ar de ambientes interiores podem ser decorrentes da má ventilação,
da presença de material particulado, da contaminação química, especialmente por
compostos orgânicos voláteis e, também, devido à contaminação microbiológica.
A melhora na ventilação e o emprego de filtros apropriados podem amenizar
tais problemas. No entanto, a presença de compostos orgânicos voláteis e
microrganismos (bactérias, fungos e vírus), ainda que em pequenas concentrações,
causa grande preocupação. Um grande número de sintomas está relacionado com
a má qualidade do ar. O conjunto desses sintomas foi definido como Síndrome do
Edifício Doente. Os principais incluem dor de cabeça, náusea, irritação nos olhos,
problemas no sistema respiratório, sonolência e fadiga (KONDO, 2003).

Importância do Estudo da Poluição


Atmosférica (efeitos)
Poluição atmosférica, tanto nos ambientes internos quanto externos, é reconhe-
cida como uma ameaça à saúde humana, mesmo em pequenas doses, e tem sido
associada com aumento de taxas de mortalidade e mortandade ao redor do mundo.
A OMS estima que 3,7 milhões de pessoas tiveram mortes prematuras em 2012
devido a efeitos da poluição do ar, com o Oeste Pacífico e Sudeste Asiático sendo
as regiões mais afetadas. Essas mortes prematuras alcançaram tal dimensão devido

18
a doenças isquêmicas do coração, derrame cerebral, doença pulmonar obstrutiva
crônica (COPD), infecções respiratórias agudas e câncer de pulmão, doenças que
estavam entre as 10 causas de morte no mundo em 2012.

Estudos recentes mostraram que doenças atribuídas à poluição atmosférica têm


crescido constantemente mundialmente desde 1990, e que o fator de risco global de
material particulado aumentou 6% entre 2000 e 2013 (Forouzanfar et al., 2015).
Isso realça a importância e a necessidade crescente de se estabelecer políticas
públicas efetivas que auxiliem na redução de fatores ambientais que influenciam
nessas doenças.

A seguir, apresentamos alguns efeitos da poluição atmosférica na saúde e


meio ambiente.
• Problemas respiratórios e cardíacos: os efeitos da poluição atmosférica são
alarmantes. Eles são responsáveis por várias doenças respiratórias e cardíacas,
câncer e outras ameaças à saúde humana. Milhões de mortes têm como causa
direta ou indireta os efeitos da poluição do ar. Crianças em áreas expostas a
esses poluentes têm frequentemente sofrido com doenças como pneumonia
e asma;
• Aquecimento global: outro efeito direto são as alterações imediatas que
o mundo tem observado devido ao Aquecimento global. O aumento das
temperaturas ao redor do mundo, elevação do nível do mar e derretimento das
calotas polares e icebergs, deslocamento e destruição de habitats têm indicado
um desastre iminente se ações preventivas não forem tomadas;
• Chuva ácida: gases prejudiciais, como óxidos de nitrogênio e óxidos de
enxofre, são liberados na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis.
Quando ocorre a chuva, as gotas de água combinadas com esses poluentes
se tornam ácidas e precipitam na forma de chuva ácida. A chuva ácida causa
muitos danos aos humanos, animais e à agricultura;
• Eutrofização: eutrofização é a condição em que uma grande quantidade de
nitrogênio presente em alguns poluentes se infiltra na superfície do oceano e
leva à proliferação de algas, alterando negativamente o ecossistema local. A
alga de coloração verde presente em lagos e lagoas ocorre devido à presença
exagerada de nitrogênio;
• Efeito na vida selvagem: assim como os humanos, os animais encaram a
devastação proveniente da poluição atmosférica. Compostos tóxicos presentes
no ar forçam espécies selvagens a se deslocar para novos ambientes e mudar
seu habitat. Os poluentes tóxicos que se depositam na superfície da água
também podem afetar animais marinhos;
• Degradação da camada de ozônio: ozônio está presente na estratosfera
terrestre e é responsável pela proteção dos perigosos raios ultravioletas (UV).
A camada de ozônio terrestre está sendo degradada devido à presença de
clorofluorocarbonetos (CFCs) e hidrofluorocarbonetos (HFCs) na atmosfera.
Conforme a camada de ozônio estreita, maior será o escape de raios UV,

19
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
podendo causar problemas na pele e olhos. Os raios UV também são
prejudiciais para agricultura (CEF, 2016);
• Perda de colheitas: é causada pela exposição a elevadas concentrações de
ozônio. A maioria das culturas agrícolas encontra-se exposta a níveis de ozônio
que excedem o objetivo de longo prazo fixado pela UE para proteção da
vegetação. Inclui-se aqui, nomeadamente, uma percentagem significativa de
áreas agrícolas, especialmente na Europa do Sul, Central e Oriental (EEA, 2016).

Composição do Ar Atmosférico
O ar atmosférico é composto majoritariamente pelo gás nitrogênio (78%),
seguido do oxigênio (21%) e de outros gases (cerca de 1%). A tabela abaixo ilustra
a composição do ar atmosférico.

Tabela 1 – Composição do ar atmosférico e sua distribuição


Gás %volume Distribuição vertical Observações
N2 78,08* Homogênea -
O2 20,95* Homogênea Respiração
0,4 Diminui com a altitude na troposfera; Efeito estufa; também presente nos
H 2O
Na troposfera ≥4 muito pouco abundante na estratosfera estados líquido e sólido (nuvens)
Ar 0,93 Homogênea -
CO2 0.0365 = 365 ppm** Homogênea Efeito estufa
Ne 18 ppm Homogênea -
He 5 ppm Homogênea -
CH4 1.6 ppm*** Na troposfera Efeito estufa
Máximo na estratosfera (10 ppma 30
O3 0.01 – 10 ppm km); também presente na Efeito de estufa, Filtro UV, oxidante
troposfera
*para o ar seco.
**aumenta 0.5%(1.5 ppm) por ano.
***aumenta 0.9% por ano.

Poluentes Locais e Globais


Algumas emissões têm impacto somente em regiões restritas e localizadas,
enquanto outras exercem influência sobre regiões mais amplas – e até mesmo sobre
o ambiente global. A poluição sonora e a degradação do ambiente visual são locais
em seus impactos; os danos causados por qualquer fonte específica geralmente são
limitados a grupos de pessoas relativamente pequenos em uma região circunscrita.
Muitos poluentes, por outro lado, têm impactos difusos, sobre uma grande região
ou até mesmo sobre o ambiente global. A chuva ácida é um problema regional;
as emissões em uma região dos Estados Unidos (e da Europa) afetam pessoas
em outras partes do país ou em outra região. Os efeitos da destruição da camada

20
de ozônio causada pelas emissões de clorofluorocarbonetos de vários países
geram alterações químicas na estratosfera terrestre, e seus impactos se tornam
verdadeiramente globais (FIELD, 2014).

Considerando fixos outros fatores, verifica-se que é mais fácil lidar com os
problemas ambientais locais do que com problemas regionais ou nacionais, que,
por sua vez são mais fáceis de serem geridos do que os problemas globais. Se
estivermos dentro do mesmo sistema político, podemos exigir que suas instituições
criem soluções. Estamos longe de ter meios eficientes de responder a um crescente
número de questões ambientais internacionais e globais, pois a natureza precisa
dos impactos físicos é difícil de descrever – e também porque as instituições políticas
internacionais necessárias estão surgindo mais recentemente (FIELD, 2014).

Os poluentes locais causam impactos na área de entorno por onde é realizado


o serviço de transporte - por exemplo, os ruídos gerados pelos motores dos
veículos e a fuligem expelida pelos escapamentos que se acomoda nas ruas, nos
passeios e nas fachadas dos imóveis. Podem-se considerar ainda nesta categoria
os poluentes que se deslocam de uma região para outra pelas correntes de ar, no
caso de gases que causam a chuva ácida, por exemplo, ou o efeito smog, que é a
formação de uma névoa densa devida à grande concentração de ozônio (O3) no
ar (CARVALHO, 2011).

Os poluentes globais são gases que são expelidos para a atmosfera e acabam
impactando todo o planeta pelo aquecimento global, no caso da emissão de gases
de efeito estufa (GEE). O principal poluente nessa categoria é o dióxido de carbono
(CO2), que serve também como unidade de equivalência para os demais GEE
(CARVALHO, 2011).

A tabela 2 abaixo apresenta os principais poluentes atmosféricos locais, suas


características, fontes e efeitos no meio ambiente.

Tabela 2 – Principais poluentes atmosféricos locais, suas características, fontes e efeitos no meio ambiente
Efeitos Gerais ao Meio
Poluente Características Fontes Principais
Ambiente
Partículas de material sólido ou
líquido suspensas no ar, na forma Processos de combustão
Partículas
de poeira, neblina, (industrial, veículos automotores), Danos à vegetação, deterioração da
Inaláveis
aerossol, fumaça, fuligem, etc., aerossol secundário (formado na visibilidade e contaminação do solo
Finas
que podem permanecer no ar e atmosfera), como sulfato e nitrato, e da água.
(MP2,5)
percorrer longas distâncias. Faixa entre outros.
de tamanho é 2,5 micra.
Partículas de material sólido ou
Partículas líquido que ficam suspensas no Processos de combustão (indústria
Danos à vegetação, deterioração da
Inaláveis ar, na forma de poeira, neblina, e veículos automotores), poeira
visibilidade e contaminação do solo
(MP10) e aerossol, fumaça, fuligem, etc. ressuspensa, aerossol secundário
e da água.
Fumaça Faixa de tamanho (formado na atmosfera).
é 10 micra.

21
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
Efeitos Gerais ao Meio
Poluente Características Fontes Principais
Ambiente
Partículas de material sólido ou Processos industriais, veículos
Partículas
líquido que ficam suspensas no motorizados (exaustão), poeira Danos à vegetação, deterioração da
Totais em
ar, na forma de poeira, neblina, de rua ressuspensa, queima de visibilidade e contaminação do solo
Suspensão
aerossol, fumaça, fuligem, etc. biomassa. Fontes naturais: pólen, e da água.
(PTS)
Faixa de tamanho é 50 micra. aerossol marinho e solo.
Gás incolor, com forte odor,
semelhante ao gás produzido na
queima de palitos de fósforos.
Processos que utilizam queima
Pode ser transformado a SO3, que Pode levar à formação de chuva
Dióxido de óleo combustível, refinarias
na presença de vapor de água, ácida, causar corrosão aos materiais
de Enxofre de petróleo, veículos a diesel,
passa rapidamente a H2SO4. e danos à vegetação: folhas e
(SO2) produção de polpa de celulose e
É um importante precursor colheitas.
papel, fertilizantes.
dos sulfatos, um dos principais
componentes das partículas
inaláveis.
Gás marrom avermelhado, os quais
contribuem com odor forte e muito
Processos de combustão
Dióxido de irritante. Pode levar à formação Pode levar à formação de chuva
envolvendo veículos automotores,
Nitrogênio de ácido nítrico, nitratos (o qual ácida, danos à vegetação e à
processos industriais, usinas
(NO2) contribui para o aumento das colheita.
térmicas, incinerações.
partículas inaláveis na atmosfera) e
compostos orgânicos tóxicos.
Monóxido
Combustão incompleta em veículos
de Carbono Gás incolor, inodoro e insípido.
automotores.
(CO)
Não é emitido diretamente
Gás incolor, inodoro nas
para a atmosfera. É produzido Danos às colheitas, à vegetação
concentrações ambientais e o
Ozônio (O3) fotoquimicamente pela radiação natural, plantações agrícolas,
principal componente da névoa
solar sobre os óxidos de nitrogênio plantas ornamentais.
fotoquímica.
e compostos orgânicos voláteis.
Fonte: CETESB, 2016.

“A qualidade do ar é diretamente influenciada pela distribuição e


intensidade das emissões de poluentes atmosféricos de origem veicular
e industrial. Exercem papel fundamental à topografia e às condições
meteorológicas, que se alteram nas várias regiões do Estado de São Paulo.
As emissões veiculares desempenham um papel de destaque nos níveis de
poluição do ar dos grandes centros urbanos, ao passo que as emissões
industriais afetam significativamente a qualidade do ar em regiões mais
específicas” (Relatório CETESB – Qualar, 2016).

Ministério do Meio Ambiente: Poluentes atmosféricos


Explor

https://goo.gl/n8lPgZ

22
Inversão Térmica
A inversão térmica é um fenômeno natural que ocorre devido ao rápido
aquecimento e resfriamento da superfície em alguns locais. Esse fenômeno é
agravado, nos grandes centros urbanos, devido à presença de poluentes atmosféricos
e às condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes.
A figura esquemática abaixo ilustra o fenômeno.

10
A
8

6
Altura (km)

-15 0 +15
Temperatura

10
B
8

6
Altura (km)

-15 0 +15
Temperatura

Figura 4 – Esquema representativo do fenômeno da inversão térmica


Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

Nos primeiros 10 quilômetros da atmosfera, normalmente, o ar vai se resfriando à


medida que nos distanciamos da superfície da terra.
Assim o ar mais próximo à superfície, que é mais quente, portanto mais leve, pode
ascender, favorecendo a dispersão dos poluentes emitidos pelas fontes, conforme
se verifica na figura 4A.
A inversão térmica é uma condição meteorológica que ocorre quando uma camada
de ar quente se sobrepõe a uma camada de ar frio, impedindo o movimento
ascendente do ar, uma vez que, o ar abaixo dessa camada fica mais frio, portanto,
mais pesado, fazendo com os poluentes se mantenham próximos da superfície,
como pode ser observado na figura 4B.

23
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
As inversões térmicas são um fenômeno metereológico que ocorre durante todo o
ano, sendo que, no inverno elas são mais baixas, principalmente no período noturno.
Em um ambiente com um grande número de indústrias e de circulação de veículos,
como o das cidades, a inversão térmica pode levar a altas concentrações de
poluentes, podendo ocasionar problemas de saúde.
Conforme indicado na figura acima, essa diferença de temperaturas das camadas
de ar resulta em um “aprisionamento” dos poluentes atmosféricos na camada
de ar mais próxima à superfície, levando a um aumento da concentração destes
e consequentemente a uma exposição maior dos seres humanos a essa carga de
poluição atmosférica.

Fontes de Emissão
“As fontes naturais de poluição do ar são a queima acidental de biomassa
(qualquer material derivado de plantas ou animais) e erupções vulcânicas,
as quais podem ser consideradas as mais antigas fontes de contaminação
do ar. A queima de biomassa, em ambientes externos e internos, utilizada
desde a pré-história para produção de energia, tem sido uma das impor-
tantes fontes antropogênicas de poluição atmosférica. A partir da Revo-
lução Industrial, surgiram novas fontes de poluição do ar devido à queima
de combustíveis fósseis nos motores a combustão e nas indústrias siderúr-
gicas e, mais recentemente, nos veículos automotivos, além dos produ-
tos químicos. Esses processos não foram acompanhados de análises que
pudessem avaliar seu impacto sobre o meio ambiente, a toxicidade dos
resíduos produzidos e os prováveis danos à saúde” (CANÇADO, 2006).

Podemos afirmar que as atividades humanas (antropogênicas) são atualmente as


principais fontes de poluição do ar.

Fontes de Poluição Atmosférica


As fontes de poluição atmosférica podem ser classificadas como antropogênicas
ou naturais. Dentre as principais, destacam-se:
• Queima de combustíveis fósseis na geração de energia elétrica, no sistema de
transportes, nas indústrias em geral e no ambiente doméstico;
• Processos industriais e uso de solventes, por exemplo em indústrias químicas
e minerais;
• Agricultura;
• Tratamento de efluentes;
• Erupções vulcânicas, poeira transportada pelo vento, spray marinho e emissões
de compostos orgânicos voláteis provenientes de plantas são exemplos de
fontes de emissões naturais.

24
Figura 5
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

Fontes Fixas X Fontes Móveis


A poluição atmosférica pode ser causada por fontes fixas ou móveis, dependendo
dos processos que liberam os poluentes no ar.

Em geral, os estudos da poluição atmosférica são classificados de acordo com a


sua natureza ou pela área que ocupam, podendo ser divididos em duas ordens, em
relação às fontes de emissão: as provenientes de fontes fixas e aquelas oriundas
de fontes móveis. As fontes fixas são aquelas que ocupam uma área relativamente
limitada, permitindo uma avaliação direta na fonte. As fontes móveis são as que se
dispersam pela comunidade, não sendo possível a avaliação na base de fonte por
fonte (MMA, 2016).

Fontes fixas – são as que ocupam uma área relativamente limitada, permitindo
uma avaliação direta na fonte. As fontes classificadas como fixas referem-se às
atividades da indústria de transformação, mineração e produção de energia através
de usinas termelétricas (MMA, 2016).

As indústrias são as fontes mais significativas, ou de maior potencial poluidor.


Também se destacam as usinas termoelétricas, que utilizam carvão, óleo combustível
ou gás, bem como os incineradores de resíduos, com elevado potencial poluidor.
Existem ainda as fontes fixas naturais, como maresia e vulcanismo, que também
podem influenciar a composição do ar.

A queima de combustíveis fósseis (gasolina e óleo diesel) é relacionada como um


dos principais fatores de emissão de poluentes de fontes fixas. Quando utilizados em
máquinas térmicas, tais combustíveis são queimados de forma incompleta, resultando
no lançamento de uma grande quantidade de monóxido de carbono e dióxido de
carbono na atmosfera, aumentando o aquecimento global e o efeito estufa.

Fontes móveis – são as fontes que não são fixas, como os veículos automotores,
os trens, aviões e embarcações marítimas. Os veículos automotores se constituem
na principal fonte de poluição atmosférica nos centros urbanos. Eles se classificam

25
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
em: leves de passageiro (utilizando principalmente gasolina ou álcool como
combustível); leves comerciais (utilizam gás natural veicular (GNV) ou óleo diesel); e
veículos pesados (somente óleo diesel).

A localização geográfica, a topografia e as condições climáticas locais, princi-


palmente no que diz respeito à constância, intensidade e direção dos ventos, são
fatores importantes que podem influenciar na qualidade do ar. Além disso, podem
interferir nos diagnósticos ambientais, principalmente àqueles efetuados a partir da
percepção do observador, pois podem criar períodos de intensa poluição em áreas
urbanas, tais como fenômenos climáticos como as inversões térmicas, influencian-
do diretamente nas condições que favoreçam a concentração ou a dispersão dos
poluentes (MMA, 2016).

No Brasil, os principais centros urbanos - São Paulo e Rio de Janeiro - sofrem


com a poluição do ar de origem tanto industrial como veicular. Por causa disso,
essas cidades apresentaram os primeiros registros de manifestação de doenças
relacionadas à poluição do ar.

Figura 6
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

26
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
British Columbia – How We Contribute to Air Pollution and Climate Change
https://goo.gl/VFla82
Cars, Trucks, and Air Pollution
https://goo.gl/pQi6Cm
Air Pollution
https://goo.gl/0AN2dM
Hospitalizações por Causas Respiratórias e Cardiovasculares Associadas
à Contaminação Atmosférica no Município de São Paulo, Brasil
https://goo.gl/V5M6jr
Poluição Atmosférica e Saúde Humana
https://goo.gl/rYH1Px
Relação entre Poluição Atmosférica e Atendimentos por Infecção de Vias Aéreas
Superiores no Município de São Paulo: Avaliação do Rodízio de Veículos
https://goo.gl/27cEt2

27
Atmosfera: Características, Composição e Poluentes
UNIDADE
1
Referências
BRICKUS, Leila S. R.; AQUINO NETO, Francisco R. de. A qualidade do ar de
interiores e a química. Química Nova, v. 22, n. 1, p. 65-74, 1999.

CANÇADO, José Eduardo Delfini et al. Repercussões clínicas da exposição à


poluição atmosférica. J bras pneumol, v. 32, n. Supl 1, cap2. p. S5-S11, 2006.

CARVALHO, Carlos Henrique Ribeiro de. Emissões relativas de poluentes


do transporte motorizado de passageiros nos grandes centros urbanos
brasileiros. Repositório IPEA. Brasília, DF. ISSN 1415-4765. 2011. Disponível
em <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1578/1/td_1606.pdf>.
Acesso em: 15 nov. 2016.

CEF, Conserve Energy Future. What is air pollution? 2016. Disponível em: <http://
www.conserve-energy-future.com/causes-effects-solutions-of-air-pollution.php>.
Acesso em: 20 out. 2016.

CETESB. 2016. Qualidade do ar no estado de São Paulo 2015 / CETESB.


São Paulo: CETESB, 2016. (Série Relatórios / CETESB, ISSN 0103-4103)

CETESB. Histórico. 2016. Disponível em <http://ar.cetesb.sp.gov.br/>. Acesso


em: 1 out. 2016.

CETESB. Poluentes. 2016. Disponível em <http://ar.cetesb.sp.gov.br/


poluentes/>. Acesso em: 1 out. 2016.

EEA, European Environment Agency. Air pollution. 2016. Disponível em:


<http://www.eea.europa.eu/themes/air/intro> . Acesso em: 10 out. 2016.

FIELD, Barry C.; FIELD, Martha K. Introdução à economia do meio ambiente


- 6. AMGH Editora, 2014.

Forouzanfar, M. H. et al. Global, regional, and national comparative risk


assessment of 79 behavioural, environmental and occupational, and metabolic
risks or clusters of risks in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for
the Global Burden of Disease Study 2013. Lancet. 2015, 2287-323.

GIODA, Adriana; AQUINO NETO, Francisco Radler de. Poluição química relacio-
nada ao ar de interiores no Brasil. Química Nova, v. 26, n. 3, p. 359-365, 2003.

IAG, Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo. Estrutura


da atmosfera. Disponível em: <http://www.iag.usp.br/siae98/atmosfera/
estrutura.htm>. Acesso em: 10 out. de 2016.

KONDO, Márcia Matiko et al. Proposição de um reator fotocatalítico para destruição


de microrganismos em ambientes interiores. Química Nova, v. 26, n. 1, p. 133-
135, 2003.

28
MMA, Ministério do Meio Ambiente. Fontes fixas: poluição do ar. 2016.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-ar/
fontes-fixas>. Acesso em: 10 out. de 2016.

PENA, R. F. A. Camadas da atmosfera. 2016. Disponível em: <http://


mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/camadas-atmosfera.htm>. Acesso em:
10 out. 2016.

SCHIRMER, Waldir Nagel et al. A poluição do ar em ambientes internos e a


síndrome dos edifícios doentes. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. 8, p. 3583-
3590, 2011.

WHO. WHO expert consultation: available evidence for the future update of the
WHO Global Air Quality Guidelines (AQGs). 2015. Meeting report.

WHO. Health topics: air pollution. 2016. Disponível em: <http://www.who.int/


topics/air_pollution/en/>. Acesso em: 1 out. 2016.

WHO. Children’s environmental health: air pollution. 2016. Disponível em:


<http://www.who.int/ceh/risks/cehair/en/>. Acesso em: 1 out. 2016.

29
2
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Simone Miraglia

Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Nilza Maria Coradi de Araújo

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
Contextualização
Você já pensou por que o interior do carro com os vidros fechados se aquece
tão rapidamente? Um dos assuntos mais discutidos atualmente é o aquecimento
global e as mudanças climáticas. Modelos matemáticos climáticos projetam que as
temperaturas globais de superfície provavelmente aumentarão no intervalo entre
1,1 e 6,4°C, e o nível médio das águas do mar subirá entre 9 a 88 cm entre
1990 e 2100 (IPCC, 2007). Essas mudanças trarão impactos sociais, econômicos
e à saúde do meio ambiente como um todo. No entanto, você já pensou se não
existisse o efeito estufa?

Devido ao efeito estufa, a superfície terrestre recebe quase o dobro de energia


da atmosfera em comparação com a energia recebida do Sol, resultando em um
aquecimento da superfície terrestre em torno de 30°C. Isso permite a vida na
Terra. Se, por um lado, o efeito estufa pode provocar o aumento preocupante da
temperatura na Terra, por outro lado, trata-se de um fenômeno natural e essencial
à vida, como a conhecemos. Além do homem, há diversas ações da natureza que
exacerbam o efeito estufa, como erupções vulcânicas, que liberam diversos gases
relacionados ao efeito estufa. Como então denominar esse efeito, tão essencial à
vida, mas também capaz de modificá-la totalmente, como fazer para equilibrar o
aquecimento global e a vida na Terra? Será que todos os seres serão prejudicados
pelo aumento dos gases do efeito estufa?

Reflita criticamente sobre essas colocações antes de iniciar a unidade.

IPCC. Intergovernmental Panel on Climate Change. eds. 2007. Climate change 2007: The
Explor

physical science basis. Contribution of working group I to the fourth assessment report of
the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge: Cambridge Univ. Press. 996p.
In SILVA, R. W. C.; PAULA, B. L. de. 2009. Causa do aquecimento global: antropogênica versus
natural. Terræ Didatica, 5(1):42-49.
https://goo.gl/QxKfQs

32
Chuva Ácida CO2 CO2

O que é Chuva Ácida? CO2


H2O CO2

CO2
O pH da água pura em condições normais é neutro CO2
(7,0), mas quando o dióxido de carbono (CO2) presente CO2 CO2
na atmosfera se dissolve na água, ocorre a formação do
ácido carbônico (H2CO3) e, portanto, o pH da água em
equilíbrio com o CO2 atmosférico é de 5,6 (ácido). Veja
a figura ao lado, que mostra a formação e dissociação H2CO3
do H2CO3 em íon H+ e íon bicarbonato (HCO3-): H2CO3

A água da chuva, em contato com o CO2, já possui


caráter ácido, no entanto só dizemos que a chuva tem
um excesso de acidez quando seu pH for menor que 5,6.
O aumento da acidez na chuva ocorre principalmente
H+
quando há um aumento na concentração de óxidos
HCO3-
de enxofre e nitrogênio na atmosfera. Esses óxidos e
o óxido de carbono são chamados de óxidos ácidos,
porque em contato com a água (nesse caso água da Figura 1
chuva) formam ácidos. Fonte: Adaptado de Istock/getty images

O que é pH
Explor

MANUAL DA QUÍMICA. Conceito de PH.


https://goo.gl/VbpwLF

Óxidos ácidos
BRASIL ESCOLA. Óxidos ácidos.
https://goo.gl/R18JRR

Como é Formada a Chuva Ácida?


O nitrogênio gasoso (N2) e o oxigênio molecular (O2) da atmosfera podem
reagir, formando o monóxido de nitrogênio (NO). No entanto, essa reação não
é espontânea nas condições ambientes e demanda uma grande quantidade de
energia para ocorrer. Em situações em que há altas temperaturas - por exemplo,
dentro do motor do automóvel ou em fornos industriais, há o fornecimento da
energia necessária para que ocorra a formação do monóxido de nitrogênio (NO)
de forma eficiente.

N2 (g) + O2(g) → 2 NO(g) (em altas temperaturas)

O oxigênio presente na atmosfera é capaz de oxidar o monóxido de nitrogênio,


produzindo o dióxido de nitrogênio (NO2), que apresenta uma coloração
amarronzada. Em cidades urbanizadas e com grande tráfego de veículos, como

33
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
a cidade de São Paulo, o céu pode apresentar um tom amarronzado devido à
formação do NO2, agravado pela grande emissão de material particulado (incluindo
a fuligem), que também escurece a atmosfera. O dióxido de nitrogênio pode sofrer
novas reações e formar o ácido nítrico (HNO3), que contribui para aumentar a
acidez da água da chuva.

Os automóveis antigos são uma das maiores fontes de gases NO. Um carro
produzido em 1995 produz até 10 vezes mais NO que um carro produzido hoje.
Atualmente, os carros modernos são obrigados por lei a possuir um conversor
catalítico (catalisador), que reduz muito a formação desse gás. O catalisador
converte grande parte dos gases prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como
NO e CO, em gases inertes, como N2 e CO2. Devemos lembrar que o CO2 é um
gás que não prejudica diretamente a saúde humana, mas colabora para aumentar
o efeito estufa. As reações abaixo representam as reações que ocorrem no interior
do catalisador.

2CO(g) + 2NO(g) catalisador 2CO2(g) + N2(g)

2CO(g) + O2(g) catalisador 2CO2(g)

2NO(g) catalisador N2(g) + O2(g)

O catalisador tem um papel importantíssimo, mas atua de forma a minimizar


apenas as emissões de CO e NO, ou seja, o veículo continua emitindo um grande
volume de CO2 para a atmosfera.

Defeito no catalisador afeta meio ambiente e seu bolso


Explor

ECONOMIA. Defeito no catalisador afeta meio ambiente e seu bolso.


https://goo.gl/HLwPx9

Como funcionam os catalisadores dos automóveis?


SUPER INTERESSANTE. Como funcionam os catalisadores dos automóveis.
https://goo.gl/z50frR

O dióxido de enxofre (SO2) é o gás responsável pelo maior aumento na acidez


da chuva. Esse gás é produzido diretamente como subproduto da queima de
combustíveis fósseis, como a gasolina, carvão e óleo diesel. O óleo diesel e o
carvão geralmente possuem alto grau de impurezas e contêm grandes quantidades
de enxofre em sua composição, sendo responsáveis por uma grande parcela da
emissão de SO2 para a atmosfera. Atualmente, no Brasil, a empresa Petrobrás tem
investido muito na purificação do diesel a fim de diminuir drasticamente a presença
de enxofre no combustível.

Óleo diesel
Explor

BR. Óleo diesel.


https://goo.gl/u5WQie

34
De forma equivalente a outros óxidos, o SO2 reage com a água, formando o
ácido sulfuroso (H2SO3):

SO2(g) + H2O(l) → H2SO3(aq)

H2SO3(aq) → H+(aq) + HSO3-(aq)

Outro produto da oxidação do dióxido de enxofre na atmosfera é o trióxido de


enxofre (SO3), que, por sua vez, em contato com a água da chuva, irá formar o
ácido sulfúrico (H2SO4), que é um ácido forte. Veja essa transformação, conforme
reações abaixo:
SO2(g) + ½ O2(g) → SO3(g)

SO3(g) + H2O(l) → H2SO4(aq)

Impactos Ambientais da Chuva Ácida


A variação de pH de um lago em condições naturais é próxima de 6,5 a
7,0, podendo sustentar uma grande variedade de espécies de peixes, plantas e
insetos, além de manter outros animais que vivem no seu entorno e se alimentam
no lago. O excesso de acidez na chuva pode provocar a acidificação de lagos,
principalmente aqueles de pequeno porte. Se o pH do lago diminuir para em torno
de 5,5, já é possível ser prejudicial à sobrevivência de larvas, pequenas algas e
insetos, prejudicando também os animais que dependem desses organismos para
se alimentar. No caso de o pH da água chegar a níveis ainda mais baixos, como
4,0 a 4,5, já é possível verificar a intoxicação da maioria das espécies de peixes, o
que poderá levá-los à morte.

Figura 2 – Aquário de peixes e de vida aquática possui um pH ótimo, que permite a sobrevivência das espécies
Fonte: iStock/Getty images

O solo também pode ser impactado pela chuva ácida, porém alguns tipos de solo
são capazes de neutralizar, pelo menos parcialmente, a acidez da chuva devido à
presença de calcário e cal (CaCO3 e CaO) natural. Os solos em que esses compostos
estão ausentes são mais suscetíveis à acidificação. O processo de lixiviação permite
neutralização natural da água de chuva pelo solo, minimiza o impacto da água que
atinge os lagos pelas suas encostas. A chuva ácida provoca um maior arraste de
metais pesados do solo para lagos e rios, podendo intoxicar a vida aquática.

35
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
Interessantemente, estudos recentes também mostram a possibilidade de a chuva
ácida alcalinizar rios e lagos. A razão da mudança é o fato de a chuva ácida corroer
rochas e pavimentos, ricos em minerais alcalinos, que são levados pela própria
chuva aos rios. Entretanto, a modificação do equilíbrio das águas dos rios e lagos,
tanto para maior acidez ou maior basicidade, é capaz de causar danos a cultivos de
rega, assim como afetar peixes e outras espécies de água doce.

Chuva ácida faz com que rios da costa leste dos EUA fiquem alcalinos
Explor

https://goo.gl/SIsFeo

Como a acidez da chuva poderia danificar o meio ambiente urbano? O que aconteceria às
Explor

edificações, pontes e monumentos?

Efeitos do SO2 à Saúde


Outro fator muito importante sobre a emissão de SO2 é a formação de ácidos
no corpo humano, por meio da respiração. No nosso organismo, esse ácido pode
provocar problemas como coriza, irritação na garganta e olhos e até afetar a
fisiologia do pulmão. No ano de 1952, na cidade de Londres, aproximadamente
4.000 pessoas morreram em poucos dias como consequência da alta emissão de
SO2 na atmosfera, proveniente da queima do carvão nas casas e nas indústrias na
região. Esse episódio ficou conhecido como “O Grande Nevoeiro”. Normalmente
esses gases eram dispersos para camadas mais elevadas na atmosfera, mas na
época houve um fenômeno meteorológico, a inversão térmica, que causou um
resfriamento súbito da atmosfera impedindo a dispersão dos gases.

Figura 3 – O Grande Nevoeiro de Londres, em 1952, chamado também de Big Smoke, que deixou a
cidade em uma grande escuridão, em plena luz do dia, devido à grande concentração de partículas e
gases poluentes em um dia de inversão térmica, que dificultou a dispersão dos poluentes atmosféricos
Fonte: Acervo do Conteudista

36
A acidez da água da chuva, além de afetar os seres vivos, também pode dani-
ficar a superfície de monumentos históricos, principalmente feitos de mármore
(CaCO3), acelerar a corrosão de edifícios e pontes, entre outros, devido à reação
com o ácido. Podemos representar esse ácido de forma genérica (H+), por meio
das reações abaixo.

CaCO3(s) + 2H+(aq) → Ca2+(aq) + H2O(l) + CO2(g)

H2SO4(aq) → 2H+(aq) + SO42-(aq)

Redução da Camada de Ozônio


e Efeito Estufa
O que é a Camada de Ozônio?
Na estratosfera, há uma frágil camada de gás chamada de camada de ozônio
(O3). Sua importância está no fato de ser o único gás que filtra a radiação ultravioleta
do tipo B (UV-B), nociva aos seres vivos, sendo responsável pela absorção de cerca
de 90% desse tipo de radiação.

Exosfera10 000 km

Termosfera690 km

Mesosfera 85 km

Estratosfera50 km

Troposfera
10 km

Figura 4 – Camadas da atmosfera terrestre


Fonte: Adaptado de Istock/getty images

A radiação ultravioleta desencadeia na atmosfera um processo natural que resulta


na contínua formação e fragmentação do ozônio, como ilustrado na figura a seguir:

37
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2

Raios Ultravioleta
+

Ozônio

Ozônio
+
O3
Molécula Átomo
de Oxigênio de Oxigênio

Figura 5 – Formação continuada do Ozônio, em presença de raios ultravioletas


Fonte: Adaptado de Istock/getty images

Diminuição da Camada de Ozônio


Há evidências científicas de que substâncias fabricadas pelo homem estão des-
truindo a camada de ozônio. Foi na década de 70 que cientistas britânicos detec-
taram pela primeira vez a existência de um buraco na camada de ozônio sobre a
Antártida. Desde então, têm se acumulado registros de que a camada está se tor-
nando mais fina em várias partes do mundo, especialmente nas regiões próximas
do Polo Sul e, recentemente, do Polo Norte.

As substâncias destruidoras da camada de ozônio (SDOs) são substâncias


químicas capazes de reagir com o ozônio na estratosfera, que possuem em sua
composição cloro, flúor ou hidrocarbonetos à base de bromo.

Manual de ajuda para o controle das substâncias que destroem a camada de ozônio – SDOs
Explor

BRASIL. IBAMA, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.


https://goo.gl/Jovwna

Essas substâncias também têm potencial de contribuir para o aquecimento


do planeta, conhecido como efeito estufa. A lista negra dos produtos danosos à
camada de ozônio inclui os óxidos nítricos e nitrosos provenientes da emissão de
exaustores dos veículos e o CO2 produzido pela queima de combustíveis fósseis,
como o carvão e o petróleo. Contudo, as substâncias que apresentam maior
potencial de degradação da camada de ozônio são aquelas pertencentes aos gases
clorofluorcarbonos (CFCs).

Ação dos CFCs na Camada de Ozônio


Os CFCs são componentes utilizados como propelentes em aerossóis, como
isolantes em equipamentos de refrigeração e para produzir materiais plásticos.
Quando emitidos podem chegar à estratosfera, onde são atingidos por radiação
ultravioleta e consequentemente são desintegrados, liberando átomos de cloro.

38
Por meio de um processo catalítico, o cloro reage com o ozônio, convertendo-o em
oxigênio (O2). Essa reação ocorre milhares de vezes sucessivamente e é caracterizada
como uma reação em cadeia, em que uma única molécula de CFC pode destruir 100
mil moléculas de ozônio. As moléculas de oxigênio que não possuem capacidade
de proteção, como as moléculas de ozônio na estratosfera, acabam por deixar os
seres vivos mais expostos às radiações ultravioletas devido à redução da camada
protetora de ozônio. O O2 não possui a mesma função protetora que o ozônio
na estratosfera, diminuindo a camada de filtro aos seres vivos. Para agravar ainda
mais a situação, os CFCs são bastante inertes, o que significa que o tempo de
permanência médio deles na atmosfera é grande, variando de 75 até 380 anos.
A figura abaixo apresenta o ciclo de reações envolvidas na destruição da camada
de ozônio pelos CFCs:

Figura 6 – Ciclo de reações envolvendo a quebra do CFC por luz ultravioleta


e a reação do átomo de cloro com o ozônio estratosférico
Fonte: Acervo do Conteudista

A saúde dos seres humanos é atingida pelo aumento dos raios ultravioletas,
tendo efeitos, como, por exemplo, aumento do câncer de pele e diminuição
da eficiência do sistema imunológico. No entanto, a radiação ultravioleta não é
nociva somente aos seres humanos. Todos as formas de vida, inclusive plantas,
podem ser debilitadas. Acredita-se que níveis mais altos da radiação são capazes de
diminuir a produção agrícola, o que reduziria a oferta de alimentos. A vida marinha
também está seriamente ameaçada, especialmente o plâncton (plantas e animais
microscópicos) que vive na superfície do mar. Por fazerem parte da base da cadeia
alimentar marinha, a alteração na população desses organismos pode afetar todo o
ecossistema envolvido. Além disso, o plâncton é responsável pela absorção de mais
de 50% das emissões de dióxido de carbono (CO2) do planeta.

39
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
O Chamado “Buraco” na Camada de Ozônio
Existem vários fatores climáticos que fazem da estratosfera sobre a Antártida
uma região especialmente suscetível à destruição do ozônio. Toda primavera, no
Hemisfério Sul, aparece um buraco na camada de ozônio sobre o continente.
Cientistas observaram que o buraco vem crescendo e que seus efeitos têm se tornado
mais evidentes. Regiões próximas ao continente antártico têm apresentado uma
ocorrência anormal de pessoas com alergias e problemas de pele e visão.

Apesar de os efeitos da degradação da camada de ozônio serem mais


proeminentes no Hemisfério Norte, os Estados Unidos, a maior parte da Europa,
o norte da China e o Japão já perderam 6% da proteção de ozônio. O Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que cada 1% de perda
da camada de ozônio cause 50 mil novos casos de câncer de pele e 100 mil novos
casos de cegueira, causados por catarata, em todo o mundo.

Ao nível do solo, na troposfera, o ozônio perde a sua função de protetor e se


transforma em um gás poluente, responsável pelo aumento da temperatura da
superfície, junto com o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2), o
metano (CH4) e o óxido nitroso.

Destruição do Ozônio
Em 1928, quando se desenvolveram os CFCs, o pesquisador Thomas Midgley
acreditava que tais substâncias seriam inofensivas na atmosfera terrestre por serem
quimicamente inertes, além das vantagens de serem fáceis de estocar, de produção
barata, estáveis e bastante versáteis.

Em 1974, Molina e Rowland propuseram que o ozônio estratosférico estava


sendo destruído em escala maior do que ocorria naturalmente e que a diminuição
da concentração do ozônio era devida à presença de substâncias químicas
halogenadas contendo átomos de cloro (Cl), flúor (F) ou bromo (Br), emitidas pela
atividade humana.

Os gases que continham esses átomos na sua composição contendo esses


átomos permanecem na atmosfera por vários anos e, ao atingirem a estratosfera,
sofrem a ação da radiação ultravioleta, liberando radicais livres que destroem de
forma catalítica as moléculas de ozônio.

A diminuição da concentração de ozônio persiste devido à contínua emissão


de substâncias halogenadas e sua longa vida na atmosfera, a exemplo dos
clorofluorcarbonos (CFCs), que podem permanecer ativos de 80 a 100 anos.

Buraco da Camada de Ozônio


O “buraco da camada de ozônio” é o fenômeno de queda acentuada na
concentração do ozônio sobre a região da Antártica, conforme figura abaixo.

40
A escala de cores indica o nível de concentração de ozônio, a cor azul tendendo
para o violeta indica a baixa concentração de ozônio. O processo de diminuição
da concentração de ozônio vem sendo acompanhado desde o início da década de
1980, em vários pontos do mundo, inclusive no Brasil.

Figura 7 – Concentração de ozônio na camada de ozônio, sobre a Antártica


Fonte: NASA. Setembro de 1980 (esquerda), Setembro de 2013 (direita)

Evolução do “buraco” da camada de ozônio


Explor

https://goo.gl/G9988j

“Camada de Ozônio está ‘se recompondo’ na Antártida,


dizem Cientistas
Apesar das frequentes más notícias sobre o aquecimento global, pesquisadores
afirmam ter encontrado evidências de que a camada de ozônio na Antártida está
começando a se recuperar.

Os cientistas disseram que, em setembro de 2015, o buraco na camada estava


4 milhões de quilômetros quadrados menor do que no ano de 2000 - uma redução
de tamanho semelhante ao do território da Índia.

Os ganhos foram atribuídos à eliminação progressiva de longo prazo dos


produtos químicos que destroem a camada de ozônio - e a consequência disso é que
se aumenta a chance de câncer de pele, catarata e outras doenças em humanos,
animais e plantas.

A produção natural e a destruição do ozônio na estratosfera se equilibram ao


longo do tempo, o que significa que historicamente existe um nível constante para
proteger a Terra, bloqueando a radiação ultravioleta prejudicial do sol.

41
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
Desodorantes e Ar-Condicionado
A primeira vez que cientistas notaram uma dramática diminuição da camada de
ozônio foi em meados dos anos 1980 - quando britânicos identificaram um buraco
de 10 quilômetros.

Em 1986, a pesquisadora Susan Solomon mostrou que o ozônio estava sendo


destruído pela presença de moléculas contendo cloro e bromo que vinham de
clorofluorcarbonetos (CFCs). Esses gases eram encontrados em tudo, de sprays
para cabelos e desodorantes até geladeiras e aparelhos de ar-condicionado.

Os motivos pelos quais a diminuição estava em curso na Antártida eram o frio


extremo e as grandes quantidades de luz. Isso ajudava a produzir o que foi chamado
de “nuvens polares da estratosfera”.

Nessas nuvens, acontecia a reação química do cloro que destrói o ozônio.

Graças à proibição do uso de CFCs no Protocolo de Montreal, em 1987, a


situação na Antártida tem melhorado lentamente.

Diversos estudos vêm mostrando a diminuição da influência dos CFCs. Além


disso, de acordo com os autores, esse novo estudo mostra “os primeiros sinais de
recuperação” e dá indícios de que a camada de ozônio está crescendo novamente.

Solomon e outros colegas, incluindo pesquisadores da Universidade de Leeds, no


Reino Unido, fizeram medições detalhadas da quantidade de ozônio na estratosfera
entre 2000 e 2015.

Usando informações de balões meteorológicos, satélites e simulações de modelo,


eles conseguiram mostrar que o buraco da camada de ozônio diminuiu cerca de 4
milhões de quilômetros quadrados nesse período. Segundo eles, mais da metade
dessa redução aconteceu por causa da diminuição do cloro na atmosfera.

Normalmente, as medidas da camada de ozônio são tiradas em outubro, quando


o buraco costuma ser maior. Mas a equipe de pesquisadores acreditava que teria
uma melhor ideia do cenário investigando a situação em setembro, quando as
temperaturas ainda estão baixas, mas outros fatores influenciadores da quantidade
de ozônio prevalecem - e o clima se torna algo menos determinante.

“Ainda que tenhamos diminuído a produção de CFCs em todos os países,


incluindo Índia e China, até o ano 2000, ainda há muito cloro presente na
atmosfera”, observou Solomon em entrevista à BBC.
“O cloro pode durar cerca de 50 ou 100 anos na atmosfera. (Sua
quantidade) está decaindo lentamente, e o ozônio começará a se recompor.
Não esperamos a recuperação completa antes de 2050 ou 2060, mas
vimos que, em setembro, o buraco da camada de ozônio já não era tão
grande quanto costumava ser.”

42
Uma descoberta que deixou os cientistas intrigados aparece em estudo de outubro
de 2015, mostrando o maior buraco da camada de ozônio já visto na Antártida.

Os pesquisadores acreditam que um elemento-chave que contribuiu para isso foi


a atividade vulcânica.
“Depois de uma erupção, o enxofre vulcânico forma pequenas partículas,
que são o início das nuvens polares estratosféricas”, explicou Solomon.
“Surgem mais dessas nuvens quando há uma erupção vulcânica grande
recente, e isso gera mais perda de ozônio.”

“Essa é a primeira prova convincente de que a recuperação do buraco da camada


de ozônio na Antártida começou”, disse Markus Rex, do Instituto Alfred Wegener
para Pesquisa Marinha e Polar na Alemanha.
“O estado da camada de ozônio ainda é muito ruim, mas acho muito im-
portante saber que o Protocolo de Montreal está realmente funcionando
e tem um efeito direto no tamanho do buraco. Esse é um grande passo
para nós.”

Visões Diferentes
Alguns pesquisadores, no entanto, não estão convencidos de que essa diminuição
do buraco da camada de ozônio mostrada no estudo tenha a ver com a redução da
quantidade de cloro na estratosfera.

“As informações claramente mostram variações consideráveis ano a ano, que


são muito maiores do que as tendências apontadas no estudo”, disse Paul Newman,
cientista da Nasa, a agência espacial americana. “Se o estudo (de Solomon e seus
colegas) tivesse incluído o ano passado que teve um buraco na camada de ozônio
muito mais significativo, a tendência geral teria sido muito menor.”

Sem considerar essas questões, os cientistas envolvidos no estudo acreditam


que a descoberta sobre o ozônio é um grande exemplo de como agir diante de
problemas ambientais.

“É algo marcante. Foi uma era em que a cooperação internacional funcionou


bem em algumas questões. Eu fui inspirada pela forma como países desenvolvidos
e subdesenvolvidos conseguiram se unir para lidar com essa questão da camada de
ozônio”, afirmou Solomon.”

Camada de ozônio está ‘se recompondo’ na Antártida, dizem cientistas


Explor

McGrath, M. BBC. 2016.


https://goo.gl/zavJC0

43
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
Efeito Estufa e Aquecimento Global
O efeito estufa é um fenômeno natural que proporciona condições para a exis-
tência de vida humana na Terra. Parte da energia solar que chega ao planeta é
refletida diretamente de volta ao espaço, ao atingir o topo da atmosfera terrestre,
enquanto outra parte é absorvida pelos oceanos e pela superfície terrestre, pro-
movendo o seu aquecimento. Uma parcela da energia que é irradiada de volta ao
espaço é bloqueada pela presença de gases de efeito estufa que, apesar de bloque-
arem parte da energia vinda do sol (emitida em comprimentos de onda menores),
são opacos à radiação terrestre, emitida em maiores comprimentos de onda. Essa
diferença nos comprimentos de onda se deve às diferenças nas temperaturas do sol
e da superfície da Terra.

É a presença desses gases na atmosfera o que torna a Terra um planeta com


capacidade de abrigar vida, pois, caso não existissem naturalmente, a temperatura
média do planeta seria muito baixa, da ordem de 18°C negativos. A troca de energia
entre a superfície e a atmosfera mantém as atuais condições, que proporcionam
uma temperatura média global, próxima à superfície, de 14°C.

Quando existe um balanço entre a energia solar incidente e a energia refletida na


forma de calor pela superfície terrestre, o clima se mantém praticamente constante.
Contudo, o balanço de energia pode ser alterado de diversas formas:
a) mudança na quantidade de energia que atinge a superfície terrestre;
b) mudança na órbita da Terra ou do próprio sol;
c) mudança na quantidade de energia que chega à superfície terrestre e é
refletida de volta ao espaço, devida à presença de nuvens ou de aerossóis,
que são partículas resultantes de queimadas, por exemplo;
d) alteração na quantidade de energia de maiores comprimentos de onda
refletida de volta ao espaço, devida a mudanças na concentração de gases
de efeito estufa na atmosfera.

As emissões antrópicas de gases de efeito estufa têm aumentado de modo


insustentável, levando à alteração das concentrações desses gases na atmosfera.

As emissões de gases de efeito estufa estão presentes em praticamente todas as


atividades humanas e setores da economia: na agricultura, por meio da preparação
da terra para plantio e aplicação de fertilizantes; na pecuária, por meio do
tratamento de dejetos animais e pela fermentação entérica do gado; no transporte,
pelo queima de combustíveis fósseis, como gasolina e gás natural; no tratamento
dos resíduos sólidos, pela forma como o lixo é tratado e disposto; nas florestas,
pelo desmatamento e degradação de florestas; e nas indústrias, pelos processos de
produção, como cimento, alumínio, ferro e aço, por exemplo. Observe o esquema
abaixo a respeito do efeito estufa.

44
Apenas uma pequena porção da energia
térmica emitida pela superficie passa
Aproximadamente metade da energia solar através da atmosfera direto para o espaço. A
absorvida na superficie evapora água, maioria é absorvida por moléculas de gás
adicionando o gás estufa mais importante à estufa e contribuem para a energia irradiada
atmosfera. Quando esta água condensa na voltar a aquecer a superficie e baixar a
atmosfera, ela libera a energia que alimenta atmosfera, aumentando as concentrações de
tempestades e produz chuvas e neves gases estufa que aumentam o aquecimento
da superficie e diminuem a perda de energia
para o espaço

CO2
Aproximadamente 30% da
O3 energia solar que chega é

CH4
refletida pela superficie e
pela atmosfera. Atmosfera
N2O H2O
Superfície

A superficie resfria irradiando energia térmica para cima. Quanto


mais quente a superficie, maior a quantidade de energia térmica
que é irradiado para cima

Figura 8 – Esquema do efeito estufa na Terra


Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

Gases de Efeito Estufa


Há quatro principais gases de efeito estufa (GEE), além de duas famílias de
gases, regulados pelo Protocolo de Kyoto:
• o dióxido de carbono (CO2): é o principal GEE e também o mais abundante
resultado da emissão de inúmeras atividades humanas, como, por exemplo,
por meio do uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) e
também com a mudança no uso da terra. A quantidade de dióxido de carbono
na atmosfera aumentou 35% desde a era industrial, e esse aumento deve-se
a atividades antrópicas, principalmente pela queima de combustíveis fósseis
e remoção de florestas. O CO2 é utilizado como referência para classificar o
poder de aquecimento global dos demais gases de efeito estufa;
• o gás metano (CH4): é produzido pela decomposição da matéria orgânica,
sendo encontrado geralmente em aterros sanitários, lixões e reservatórios de
hidrelétricas (em maior ou menor grau, dependendo do uso da terra anterior à
construção do reservatório) e também pela criação de gado e cultivo de arroz.
Com poder de aquecimento global 21 vezes maior que o dióxido de carbono;
• o óxido nitroso (N2O), cujas emissões são provenientes, entre outros, do
tratamento de dejetos animais, do uso de fertilizantes, da queima de combustíveis
fósseis e de alguns processos industriais, possui um poder de aquecimento
global 310 vezes maior que o CO2;

45
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
• o hexafluoreto de enxofre (SF6): é utilizado principalmente como isolante
térmico e condutor de calor. É o gás com o maior poder de aquecimento, é
23.900 vezes mais ativo no efeito estufa do que o CO2;
• o hidrofluorcarbonos (HFCs): utilizados como substitutos dos clorofluor-
carbonos (CFCs) em aerossóis e refrigeradores; não agridem a camada de
ozônio, mas têm, em geral, alto potencial de aquecimento global (variando
entre 140 e 11.700);
• os perfluorcarbonos (PFCs): são utilizados como gases refrigerantes,
solventes, propulsores, espuma e aerossóis e têm potencial de aquecimento
global variando de 6.500 a 9.200.

Os hidrofluorcarbonos e os perfluorcarbonos pertencem à família dos halocar-


bonos, todos eles produzidos, principalmente, por atividades antrópicas.

Aquecimento Global
Ainda que o clima tenha apresentado mudanças ao longo da história da Terra,
em todas as escalas de tempo, é possível perceber que a mudança atual apresenta
alguns aspectos distintos. Por exemplo, a concentração de dióxido de carbono na
atmosfera observada em 2005 excedeu, e muito, a variação natural dos últimos
650 mil anos, atingindo o valor recorde de 379 partes por milhão em volume
(ppmv) - isto é, um aumento de quase 100 ppmv desde a era pré-industrial. Na
figura 9, encontra-se um gráfico com as medições de CO2 do Observatório de
Mauna Loa no Havaí.
390
Concentração de Dióxido de Carbono (ppmv)

Dióxido de Carbono Atmosférico


380
Medido em Mauna Loa, Havaí
370

360

350

Ciclo Anual 340

330

320
Jan Abr Jul Out Jan
310
1960 1970 1980 1990 2000

Figura 9 – Variação na concentração de CO2 na atmosfera medida no


Observatório de Mauna Loa no Havaí localizado a 3.500 m de altitude

Outro aspecto distinto da mudança atual do clima é a sua origem: ao passo que
as mudanças do clima no passado decorreram de fenômenos naturais, a maior
parte da atual mudança do clima, particularmente nos últimos 50 anos, é atribuída
às atividades humanas.

46
A principal evidência dessa mudança atual do clima é o aquecimento global, que
foi detectado no aumento da temperatura média global do ar e dos oceanos, no
derretimento generalizado da neve e do gelo, e na elevação do nível do mar, não
podendo mais ser negada.

0,5 (a) Temperatura média global 14,5

0,0 14,0

-0,5 13,5

(b) Média global do nível do mar


50
0
-50
-100
-150

(c) Cobertura de neve do Hemisfério Norte


4 40

0 36

-4 32
1850 1900 1950 2000

Figura 10 – Mudanças observadas na (a) temperatura média global da superfície,


(b) média global da elevação do nível do mar a partir de dados de marégrafo (azul)
e satélite (vermelho) e (c) cobertura de neve do Hemisfério Norte para março-abril

Com base no levantamento de dados de 2,5 anos por meio de satélites com
sensores gravimétricos, cientistas detectaram que as geleiras da Groenlândia, a
segunda maior fonte de água doce do planeta, estão derretendo aproximadamente
de 1,8 mm por ano. Está três vezes mais rápido do que foi observado nos últimos
5 anos. As projeções de aquecimento médio global indicam que até o ano de
2100 grande parte do gelo da Groenlândia terá derretido, resultando em uma
elevação do nível do mar, possivelmente, de 3 a 4 metros. Desde sua origem,
há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, o planeta Terra está em constante
desenvolvimento, tendo passado por inúmeras alterações climáticas. Algumas
dessas mudanças foram tão drásticas que foram responsáveis pela extinção de
diversos organismos vivos que não foram capazes de se adaptar, como mostram os
abundantes registros fósseis.

Atualmente, as temperaturas médias globais de superfície são as maiores dos


últimos cinco séculos, pelo menos. A temperatura média global de superfície
aumentou cerca de 0,74°C nos últimos 100 anos. É esperado, caso não se atue

47
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
nesse aquecimento de forma significativa, ainda neste século, um clima bastante
incomum, podendo apresentar, por exemplo, um acréscimo médio da temperatura
global de 2°C a 5,8°C, segundo o 4° Relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), de 2007.

Por Que a Preocupação com o Efeito Estufa?


Se o aquecimento da Terra pelos gases estufa é um processo natural que
permite que o nosso clima seja mais ameno, então por que nos preocupar com
o efeito estufa? O grande problema é que o efeito estufa está aumentando muito
rapidamente neste último século, pois está havendo uma alta emissão de gases
como gás carbônico, metano e óxido nitroso para a atmosfera. As principais fontes
de emissão de CO2 são a queima de combustíveis fósseis (carvão, gasolina, diesel)
e as queimadas das florestas. Nesses últimos 140 anos, a temperatura do nosso
planeta aumentou em média 0,76°C. Pode parecer pouco, mas esse aumento já
foi suficiente para abalar o clima do planeta.

Pesquisadores do Reino Unido observaram que o aumento da temperatura


naquele país fez com que a atividade microbiana do solo aumentasse, resultando
no aumento da emissão de CO2 que estava retido no solo.

O chamado IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas


(Intergovernamental Panel on Climate Change), conta com a participação de cerca
de 2500 cientistas e técnicos que têm como objetivo avaliar e relatar as variações
climáticas e impactos ambientais de forma objetiva e compreensível. As avaliações
do IPCC são utilizadas mundialmente por líderes políticos e cientistas. As projeções
do órgão dependem das ações tomadas pelos indivíduos e por cada país para
minimizar as emissões de gás carbônico. Portanto, as projeções são variáveis, e
o aumento de temperatura para o final do século XXI pode ser em média de 1,8
(na melhor das hipóteses) a 4,0°C (no pior cenário). Estima-se que o nível do mar
pode subir de 18 a 59 cm. Além do aumento da temperatura global, também
foi registrado que o nível do mar subiu em média 17 cm no século XX, levando
a grandes inundações em todo o mundo. Uma população inteira de uma Ilha do
Pacífico teve que ser evacuada, fazendo com que seus habitantes perdessem seus
lares e suas identidades culturais.

Como o CO2 pode ser Naturalmente Retirado da Atmosfera?


Os oceanos são responsáveis pela absorção da maior parte do gás carbônico
da atmosfera por dois motivos: um porque o gás se dissolve na água (lembre-
-se que 2/3 do planeta é coberto por água) e outro porque as pequenas algas
marinhas consomem CO2 durante o processo de fotossíntese. Os oceanos podem
ser considerados como o grande “consumidor” do CO2 atmosférico. Porém, o
dióxido de carbono é melhor dissolvido em água em temperaturas mais baixas. Se
a temperatura das águas dos oceanos aumentarem, como consequência do efeito
estufa, sua capacidade de absorver o CO2 da atmosfera irá diminuir.

48
As florestas também têm um papel muito importante na captação do CO2,
principalmente quando estão crescendo, pois estas também transformam o CO2
atmosférico em matéria orgânica sólida por meio da fotossíntese. Entretanto,
durante a queima de florestas, o gás carbônico armazenado durante anos e anos
na estrutura das plantas é emitido de volta para a atmosfera.

Trocando ideias...Importante!
AQUECIMENTO GLOBAL: UMA VISÃO CRÍTICA
Para cada ponto há um contraponto. Visto isso, alguns autores criticam que a
temperatura da Terra esteja aumentando, quando se analisa um período de tempo
maior. O pesquisador Luiz Carlos Baldicero Molion escreveu um artigo discutindo que
“(...) existem evidências que o clima, entre cerca de 800 a 1200 DC, era mais quente do
que o de hoje. Naquela época, os Nórdicos (Vikings) colonizaram as regiões do Norte do
Canadá e uma ilha que foi chamada de Groelândia (Terra Verde) e que hoje é coberta
de gelo (!?). Entre 1350 e 1850, o clima se resfriou, chegando a temperaturas de até
cerca de 2°C inferiores às de hoje, particularmente na Europa Ocidental. Esse período
é descrito na Literatura como “Pequena Era Glacial”. Após 1850, o clima começou a se
aquecer lentamente e as temperaturas se elevaram. Portanto, não há dúvidas de que
ocorreu um aquecimento global nos últimos 150 anos. A questão que se coloca é se o
aquecimento observado é natural ou antropogênico?”
Adicionalmente, o autor discute um aspecto muito importante sobre os períodos
de tempo pesquisados: “[...] as séries de 150 anos são curtas para capturar a
variabilidade de prazo mais longo do clima. O período do final do Século XIX até as
primeiras décadas do Século XX foi o final da “Pequena Era Glacial”, um período frio,
bem documentado, que perdurou por cinco séculos. E esse período coincide com a
época em que os termômetros começaram a ser instalados mundialmente. Portanto,
o início das séries instrumentais de 150 anos, utilizadas no Relatório do IPCC, ocorreu
num período relativamente mais frio que o atual e leva, aparentemente, à conclusão
errônea de que as temperaturas atuais sejam muito altas ou “anormais” para o
Planeta.”, analisa o pesquisador. Leia o estudo completo no link abaixo.
Referência: MOLION, Luiz Carlos Baldicero. Aquecimento global: uma visão crítica.
Revista Brasileira de Climatologia, 3.4 (2008): 7-24.
https://goo.gl/slPKsh

Reflita a respeito dos diferentes pontos de vista que esse tema abrange atual-
mente. Pesquise, leia diferentes opiniões e exerça sua reflexão crítica.

Rio-92 e Rio+20
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Cnumad), realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, marcou a forma como
a humanidade encara sua relação com o planeta. Foi naquele momento que a
comunidade política internacional admitiu claramente que era preciso conciliar o
desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza.

49
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
Na reunião — que ficou conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra
—, que aconteceu 20 anos depois da primeira conferência do tipo em Estocolmo,
Suécia, os países reconheceram o conceito de desenvolvimento sustentável e
começaram a moldar ações com o objetivo de proteger o meio ambiente. Desde
então, estão sendo discutidas propostas para que o progresso se dê em harmonia
com a natureza, garantindo a qualidade de vida tanto para a geração atual quanto
para as futuras no planeta.

Após 20 anos dessa reunião, aconteceu a Rio+20, realizada de 13 a 22 de junho


de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, que marcou os vinte anos de realização da
Cnumad (Rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável
para as próximas décadas.

Protocolo de Kyoto
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC),
adotada durante a Conferência Rio-92, foi um passo importante dado pela
comunidade internacional para atingir o objetivo de alcançar a estabilização das
concentrações de GEEs na atmosfera em nível que impeça uma interferência
antrópica perigosa no sistema climático. Ainda que essa convenção não tenha
determinado como atingir esse objetivo, ela estabeleceu mecanismos que possibilitem
negociações em torno dos instrumentos necessários para que ele seja alcançado.

Em dezembro de 1997, foi adotado o Protocolo de Kyoto, que tem como ob-
jetivo estabelecer metas de redução de emissão de gases de efeito estufa e me-
canismos adicionais de implementação para que essas metas sejam atingidas. O
Protocolo de Kyoto é um acordo internacional assinado por 141 países, que visa à
redução das emissões de gás carbônico para a atmosfera. As metas de redução são
diferenciadas entre as Partes, em consonância com o “princípio das responsabilida-
des comuns, porém diferenciadas”. Um dos mecanismos propostos é o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL), o único que permite a participação de países
em desenvolvimento em cooperação com países desenvolvidos. O objetivo final
da redução das emissões pode ser atingido, assim, por meio da implementação de
atividades de projetos nos países em desenvolvimento que resultem na redução das
emissões de GEEs ou no aumento da remoção de CO2, mediante investimentos em
tecnologias mais eficientes, substituição de fontes de energia fósseis por renováveis,
racionalização do uso da energia, florestamento e reflorestamento, entre outros.

Assim, o Protocolo de Kyoto surge como uma grande oportunidade, não


somente visando a ações efetivas globais em prol do meio ambiente, mas
também como um meio para que os países em desenvolvimento busquem o
desenvolvimento sustentável, estimulando a produção de energia limpa para a
redução das emissões de GEEs e, com base na cooperação internacional com
países desenvolvidos, beneficiem-se com a transferência de tecnologia e com o
comércio de carbono. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo pode ser muito

50
interessante para o Brasil, já que aproveita um grande potencial brasileiro para a
produção de energia limpa e possibilita que o país desempenhe papel importante
no contexto ambiental internacional.

O protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em fevereiro de 2005, diz que os


países desenvolvidos se comprometeriam a reduzir até 2012 a emissão de gases
de efeito estufa em pelo menos 5%, de acordo com os níveis de 1990. Em outras
palavras, cada país avaliaria o quanto emitia de gases de efeito estufa no ano
de 1990 e deveria passar a emitir 5% a menos, dentro do prazo estipulado. Os
Estados Unidos, que são os maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo
(respondendo por 36 % do total mundial) não ratificaram (não transformaram em
lei) o acordo. Juntos, EUA, Rússia, Alemanha, Grã Bretanha e Japão respondem
por 70% das emissões acumuladas de gases de efeito estufa.

É importante enfatizar que esse protocolo foi apenas o início de um esforço


mundial para minimizar as emissões de gases de efeito estufa. Hoje se falam em
acordos mundiais ‘pós Kyoto”, pois já há muitas evidências sobre a necessidade de
se diminuir drasticamente tais emissões.

Em 2015 foi firmado o Acordo de Paris. O documento foi previamente aprovado,


em 2015, por 197 países que participaram da Conferência do Clima de Paris (COP
21). O compromisso dos países signatários é manter o aumento da temperatura
média global em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, e fazer um esforço
para ir além: limitar essa elevação da temperatura a 1,5°C.

Cada um dos países que participaram da COP 21 precisa transformar o pacto


firmado no encontro em lei nacional dentro dos seus territórios. Esse processo é
chamado de ratificação. Na prática, para alcançar esses objetivos, os governos
definiram os próprios compromissos de redução de emissões de poluentes, chamados
de Contribuições Nacionalmente Determinadas (iNDC, na sigla em inglês).

Com a ratificação em 2016, o Brasil assumiu como objetivo cortar as emissões


de gases de efeito estufa em 37% até 2025, com o indicativo de redução de 43%
até 2030 – ambos em comparação aos níveis de 2005.

Você sabe o que é crédito de carbono?


Explor

Assista ao vídeo disponível no link abaixo:


TV BRASIL. CHERUBINI, LUCIANO. Crédito de carbono no mundo.
https://youtu.be/9IcdOdArTn4

TV CULTURA DIGITAL. Especialistas avaliam o Protocolo de Kyoto que será substituído por
novo tratado na Cop-15.
https://youtu.be/JYcy-Y65GQA

Delegados de quase 200 países reunidos em Doha, no Catar, concordaram em


estender o Protocolo de Kyoto até 2020, evitando um grande retrocesso na luta
contra as mudanças climáticas.

51
Efeitos Globais da Poluição Atmosférica
UNIDADE
2
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Entrevista com Luiz Carlos Molion
https://youtu.be/TQsdKqXbthw
Camada de Ozônio se recupera, mas Permanece Ameaçada
https://youtu.be/qRVlx1OK6tw
Crédito de Carbono no Mundo
https://youtu.be/9IcdOdArTn4
Entra em Vigor o Protocolo de Kyoto
https://youtu.be/S8MMJjDqYk4
Especialistas avaliam o Protocolo de Kyoto que será Substituído por Novo Tratado na Cop-15
https://youtu.be/JYcy-Y65GQA
Debate sobre Aquecimento Global com o Climatologista Carlos Nobre
https://youtu.be/CcHZD8YY3cs

Leitura
Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental
Eibel, Eliana; PINHEIRO, Rosa Beatriz Madruga. Crédito de carbono. 4.2 (2015):
588-601.
https://goo.gl/AP5GPN
Protocolo de Quioto
MMA, Ministério do Meio Ambiente.
https://goo.gl/tn4Rja
Revista Brasileira de Climatologia
MOLION, Luiz Carlos Baldicero. Aquecimento global: uma visão crítica. 3.4 (2008): 7-24.
https://goo.gl/ezZcKA
Efeito Estufa
SANTOS, Alcir dos et al.
https://goo.gl/WYLY15
Terræ Didatica
SILVA, R. W. C.; PAULA, B. L. de. 2009. Causa do aquecimento global: antropogênica
versus natural. 5(1):42-49.
https://goo.gl/p0jV3t

52
Referências
CHEN J. L.; Wilson C.R.; Tapley ,B. D. Satellite gravity measurements confirm
accelerated melting of Greenland ice sheet. Science, 313(5795):1958- 1960. 2006.
IPCC 2007. In: Silva, R. W. C.; PAULA, B. L. De. 2009. Causa do aquecimento
global: antropogênica versus natural. Terræ Didatica, 5(1):42-49. Disponível em:
<http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/v5/v5_a4.html>. Acesso em: 21
nov. 2016.
LOPES, Ignez Vidigal (Coord.). O mecanismo de desenvolvimento limpo: guia
de orientação. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 2002.
MMA, Ministério do Meio Ambiente. Substâncias destruidoras da camada de
ozônio. 2016. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/clima/protecao-da-
camada-de-ozonio/substancias-destruidoras-da-camada-de-ozonio>. Acesso em: 8
out. 2016.
MMA, Ministério do Meio Ambiente. Efeito estufa e aquecimento global. 2016.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/comunicacao/item/195-efeito-estufa-
e-aquecimento-global> Acesso em: 20 out. 2016.
MOREIRA, Helena Margarido; GIOMETTI, Analúcia Bueno dos Reis. Protocolo
de Quioto e as possibilidades de inserção do Brasil no Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo por meio de projetos em energia limpa. Contexto
internacional, p. 9-47, 2008.
OVERPECK J. T.; Otto-Bliesner, B. L.; Miller, G. H.; Muhs, D. R.; Alley, R. B.;
Kiehl, J. T. Paleoclimatic evidence for future ice-sheet instability and rapid sea-level
rise. Science, 311(5768):1747-1750. 2006.
PETIT, J. R. et al. Climate and atmospheric history of the past 420,000 years from
the Vostok ice core, Antarctica. Nature, 399:429-436. 1999.
SILVA, R. W. C.; PAULA, B. L. de. Causa do aquecimento global: antropogênica
versus natural. Terræ Didatica, 5(1):42-9. 2009. Disponível em: <http://www.
ige.unicamp.br/terraedidatica/v5/v5_a4.html>. Acesso em: 21 nov. 2016.
USP, Universidade de São Paulo. Poluição atmosférica e chuva ácida. 2006.
Disponível em: <http://www.usp.br/qambiental/chuva_acidafront.html>. Acesso
em: 9 out. 2016.
USP, Universidade de São Paulo. 2006. Efeito estufa. Disponível em <http://
www.usp.br/qambiental/tefeitoestufa.htm>. Acesso em: 20 out. 2016.
VIDAL, J. W. B. A posição do Brasil frente ao novo ambiente mundial. Revista
Eco 21, ano XIII, n. 75, fev. 2003. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.
com.br>. Acesso em: 27 abr. 2005.
WWF. O que é a camada de ozônio? 2016. Disponível em: <http://www.wwf.
org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/camada_ozonio/>. Acesso em: 9
out. 2016.

53
3
Padrões de Qualidade do Ar
e Controle da Poluição

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Simone Miraglia

Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Nilza Maria Coradi de Araújo

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Contextualização
“Poluentes no ar de SP superam níveis recomendados pela OMS”
A qualidade do que os pulmões dos moradores da me-
trópole recebem não é das melhores.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) e a Cetesb


(Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) divulgaram
que níveis de poluição na cidade superam padrões
recomendados como mais seguros para o ser humano.

O cenário em São Paulo não se compara a Nova Déli ou a


Pequim. Mas há muito o que fazer, como o cumprimento de
medidas previstas em lei, que estão atrasadas.

Na lista da OMS, a capital paulista aparece entre as cen-


tenas de cidades do mundo com índices acima do sugerido.
A entidade, ligada à ONU (Organização das Nações Unidas),
baseia-se em limites estabelecidos por ela própria em 2005.

À época, definiu-se que seria aconselhável a população


ter contato com a concentração de partículas inaláveis,
espécie de poeiras: até 20µg/m³ (microgramas por metro
cúbico) de ar, em média, por ano.

O índice atribuído pela OMS à capital foi de 35 µg/m³,


referente a medições de 2012. Ou seja, quase o dobro do
limite. Essas partículas são conhecidas pela sigla MP10 e
resultam principalmente do processo de combustão de
veículos. De diâmetro inferior a um fio de cabelo, circulam
no ar e, ao serem inaladas, param no pulmão.

A Cetesb, agência do governo responsável por monitorar


o ar no Estado, acompanha os índices de outros poluentes.
De forma geral, os níveis são menores em comparação aos
vistos na década de 1990.

As ideias e os planos dos governos estadual e municipal


para deixar o ar um pouco melhor progridem a passos
curtos. Em abril do ano passado, o Estado estipulou em um
decreto padrões de qualidade do ar com valores superiores
aos recomendados pela OMS. Trata-se de metas para serem
alcançadas em três fases.

56
“Não se chega do zero ao cem de uma vez’”, afirma
o gerente do Departamento de Qualidade Ambiental da
Cetesb, Carlos Komatsu. “Vou tirar metade dos veículos
de circulação? Isso é inviável. Tem de pensar em metas
progressivas de acordo com as suas possibilidades.”

Agora, vigoram as metas da primeira fase. E parte delas,


referentes a concentrações de partículas e de gases de
ozônio, são descumpridas.

A agência deveria ter concluído, neste ano, um plano de


redução de emissões para o Estado.

“Tínhamos o prazo de abril, para o qual a gente está


meio inadimplente. Deve sair em 2014 ainda”, diz Komatsu.
“Temos propostas, só que não podemos divulgá-las.”

Por enquanto, o gerente da Cetesb não se arrisca a


estimar quantos anos levarão para ultrapassar as três fases
previstas no decreto e, por fim, atingir os valores da OMS.”
Folha de São Paulo - Disponível: https://goo.gl/0Bpd5z

“Monitoramento do Ar deixa muito a desejar em Porto Alegre”


Monitorar a qualidade do ar que respiramos é tão essencial
quanto controlar a pureza da água que bebemos. No entanto
esse controle não tem acontecido como deveria para nos
revelar o índice real de poluição atmosférica existente na
capital gaúcha.”
Jornalismo Ambiental - Disponível: https://goo.gl/RNi5pT

Reflita sobre os meios de monitoramento da poluição do ar e as propostas para


o seu controle, nos municípios brasileiros. Não aceitamos beber uma água impura,
e por que é mais fácil aceitarmos respirar um ar poluído?

57
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Padrões de Qualidade do Ar
Para que fosse possível avaliar, controlar e buscar uma qualidade do ar adequada
à saúde da população, os governos estabeleceram limites de quantidade para
alguns poluentes que se encontram na atmosfera. Isso recebeu o nome de
padrões de qualidade.

No Brasil, existe a legislação que fixa padrões de qualidade para algumas


substâncias.

De acordo com uma publicação mais recente da da Organização Mundial da


Saúde (OMS), que data de 2005, os padrões de qualidade do ar (PQAr) podem
variar de acordo com a abordagem adotada para balancear riscos à saúde,
viabilidade técnica, considerações econômicas e vários outros fatores políticos
e sociais da região. As diretrizes recomendadas pela OMS levam em conta esta
heterogeneidade entre países e, em particular, reconhecem que, ao formularem
políticas de qualidade do ar, os governos devem considerar cuidadosamente suas
circunstâncias locais antes de simplesmente adotarem os valores propostos como
padrões nacionais.

Figura 1 − A qualidade do ar é um fator importante para a saúde da população


Fonte: iStock / Getty Images

No Brasil os padrões de qualidade do ar foram estabelecidos em 1990 pelo Con-


selho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução CONAMA
nº 3/1990. Essa resolução define os padrões de qualidade do ar em dois tipos:
padrões primários e secundários, que serão explicados em detalhes e também mos-
trados na tabela 1.

58
Os padrões primários de qualidade do ar representam as concentrações de poluen-
tes que, quando ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Esses padrões
podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes
atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo a serem atingidas.

Por outro lado, os chamados padrões secundários de qualidade do ar, representam


as concentrações de poluentes do ar abaixo das quais se prevê o mínimo efeito
adverso sobre o bem-estar da população e ao meio ambiente em geral. Esses níveis
seriam os níveis desejados de concentração de poluentes, ou seja, constituem-se
em meta de longo prazo, por ser mais difícil de ser alcançada.

Os parâmetros que devem ser monitorados, segundo a legislação ambiental são


os seguintes: partículas totais em suspensão, fumaça, partículas inaláveis, dióxido
de enxofre, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio. Essa mesma
resolução ainda estabelece os critérios para episódios a curto prazo, ou seja, o que
caracterizaria os “estados de alerta”. Ressalta-se que, nesses casos, também deve-
-se levar em consideração as condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão
dos poluentes.

Os estados brasileiros possuem autonomia para decidirem por legislações mais


restritivas, ou seja, os estados podem propor novos padrões de qualidade do ar,
desde que sejam mais rígidos que a legislação nacional. No estado de São Paulo,
por exemplo, foi promulgado em abril de 2013, o Decreto Estadual nº 59.113
que estabelece os novos padrões de qualidade do ar, bem como as metas a serem
atingidas e os planos de redução de emissão a serem executados.

Regulamentação e Legislação
No Governo Federal, a instância regulamentadora das emissões atmosféricas é
o CONAMA, que por meio de suas resoluções determina os limites máximos de
emissões de poluentes. No CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
coordenam as discussões que geram os novos limites de emissão.

Participam também ativamente das discussões os representantes da indústria


brasileira, dos governos municipais e da sociedade civil, propiciando resoluções
baseadas na realidade do país e com a colaboração de todos os setores.
Explor

Ministério do Meio Ambiente: Padrões de Qualidade do Ar: https://goo.gl/64JGkA

59
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Resoluções CONAMA relativas a Fontes Fixas
Resolução CONAMA nº 5, de 15 de junho de 1989:
Criou o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar – PRONAR.
Essa resolução determinou a necessidade de se estabelecer limites
máximos de emissão e a adoção de padrões nacionais de qualidade do ar.

Resolução CONAMA nº 3, de 28 de junho de 1990:


Dispôs sobre os padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR. Teve
como base as recomendações da OMS, que levam em conta limites de
concentração compatíveis com a saúde e o bem-estar humanos. Em seu
art. 1º, a Resolução nº 3/1990 define que são padrões de qualidade ar
as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão
afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como
ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em
geral (tabela 1).

Resolução CONAMA nº 8, de 6 de dezembro de 1990:


Estabeleceu os limites máximos de emissão de poluentes no ar para
processos de combustão externa de fontes de poluição. Esta resolução
complementou o PRONAR estabelecendo limites para a concentração de
determinados poluentes no ar.
Resolução CONAMA nº 382, de 26 de dezembro de 2006:
Estabeleceu os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos
para fontes fixas.

Resolução CONAMA nº 436, de 22 de dezembro de 2011:


Estabeleceu os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos
para fontes fixas instaladas impondo às fontes antigas novos limites. Com
essa resolução, as fábricas antigas terão que se modernizar e diminuir
drasticamente suas emissões, equiparando-se às fábricas novas. É
importante dizer que essa Resolução provocou uma revolução tecnológica
no Brasil, sendo uma das medidas de maior impacto ambiental aprovada
nos últimos anos.

60
Tabela 1- Padrões Nacionais de Qualidade do Ar - Resolução CONAMA nº 3, de 28/06/90
Poluente Tempo de Amostragem Padrão Primário µ g / m3 Padrão Secundário µ g / m3
Partículas totais em 24 horas* 240 150
suspensão (PTS) MGA** 80 60
24 horas* 150 100
Fumaça
MMA*** 60 40
24 horas* 150 150
Partículas Inaláveis
MMA 50 50
24 horas* 365 100
Dióxido de Carbono
MMA 80 40
1 hora* 40.000 (35 ppm) 40.000 (35 ppm)
Monóxido de Carbono
8 horas* 10.000 (9 ppm) 10.000 (9 ppm)
Ozônio 1 hora* 160 160
1 hora 320 190
Dióxido de Nitrogênio
MMA 100 100
* Não deve ser excedido mais de uma vez ao ano
** Média Geométrica Anual
*** Média Aritmética Anual
Explor

Ministério do Meio Ambiente: Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar –


PRONAR - https://goo.gl/jQmEe8

A Resolução CONAMA nº 3, de 28/06/90 também estabelece critérios para


episódios agudos de poluição do ar (tabela 2).

Tabela 2 - Critérios para episódios agudos de poluição do ar - Resolução CONAMA nº 3, de 28/06/90


NÍVEIS
Parâmetros Atenção Alerta Emergência
Partículas totais em suspensão (PTS) (µ g/m3) - 24 h. 375 625 875
Fumaça (µ g/m3) - 24 h. 250 420 500
Partículas Inaláveis (µ g/m3) - 24 h. 250 420 500
Dióxido de enxofre (µ g/m3) - 24 h. 800 1.600 2.100
Monóxido de carbono (ppm) - 8 h. 15 30 40
Ozônio (µ g/m3) - 1 h. 400 800 1.000
Dióxido de nitrogênio (µ g/m3) - 1 h. 1.130 2.260 3.000
SO2X PTS (µ g/m3)x(µ g/m3) - 24 h. 65.000 261.000 393.000

Os valores de referência publicados pela OMS têm como objetivo servir de


orientação geral para os países desenvolverem e revisarem seus próprios padrões
nacionais. Os primeiros guias de referência em qualidade do ar publicados pela
OMS datam de 1987, tendo sido revisados em 1997 (publicados em 2000) e em

61
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
2005. No Brasil, os padrões adotados nacionalmente ainda não foram atualizados,
sendo que os padrões nacionais vigentes datam de 1990.

Tabela 3 – Valores de referência recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

Poluente Concentração µg/m3 Tempo de Amostragem


20 24 horas
Dióxido de Enxofre
500 10 minutos
200 1 hora
Dióxido de Nitrogênio
40 Anual
10.000
Monóxido de Carbono 8 horas
9 ppm
Ozônio 100 8 horas
10 Média Aritmética Anual
Material Particulado MP25
25 24h (percentil 99)
20 Anual
Material Particulado MP10
50 24h (percentil 99)
Fonte: Ministério do Meio Ambiente

Veja os índices de qualidade do ar em outros países e regiões, acessando o documento na


Explor

página do Ministério do Meio Ambiente do Brasil: https://goo.gl/ah6Ko7

Índices de Qualidade ao Ar no Brasil


O Índice de Qualidade do Ar (IQAr), tem como objetivo principal proporcionar
à população o entendimento sobre a qualidade do ar local, em relação a diversos
poluentes atmosféricos amostrados nas estações de monitoramento. Diariamente
a CETESB disponibiliza o Boletim da Qualidade do Ar, com a classificação e os
índices de cada estação. Esses boletins contêm dados atualizados de qualidade do ar
e meteorológicos das estações automáticas de monitoramento e estão disponíveis
no endereço eletrônico da CETESB (www.cetesb.sp.gov.br), apresentando ainda,
dependendo dos níveis monitorados, informações de prevenção de riscos à saúde.
Explor

Poluentes no ar de SP superam níveis recomendados pela OMS. 2014.


https://goo.gl/0Bpd5z

62
Os valores apresentados na tabela 4 apresentam a relação entre índice, qualidade
do ar e efeitos à saúde, de acordo com a CETESB.

Tabela 4 − Índice geral de qualidade do ar no Estado de São Paulo


MP10 MP2,5 O3 SO2 Fumaça
CO (ppm) NO2
Qualidade Índice (µg/m3) (µg/m3) (µg/m3) (µg/m3) (µg/m3) Significado
24H (µg/m3) 1H
24H 24H 24H 24H 24H
N1 - BOA 0-40 0-50 0-25 0-100 0-9 0-200 0-20 0-50
Pessoas de grupos sensíveis
(crianças, idosos e pessoas
com doenças respiratórias e
N2 - MODERADA 41-80 >50-100 >25-50 >100-130 >9-11 >200-240 >20-40 >50-100 cardíacas), podem apresentar
sintomas como tosse seca e
cansaço. A população em geral,
não é afetada.
Toda a população pode
apresentar sintomas como
tosse seca, cansaço, ardor
nos olhos, nariz e garganta.
N3 - RUIM 81-120 >100-150 >50-75 >130-160 >11-13 >240-320 >40-365 >100-150 Pessoas de grupos sensíveis
(crianças, idosos e pessoas
com doenças respiratórias e
cardíacas) podem apresentar
efeitos mais sérios na saúde.
Toda população pode
apresentar dos sintomas como
tosse seca, cansaço, ardor
nos olhos, nariz e garganta e
N4 - MUITO ainda falta de ar e respiração
121-200 >150-250 >75-125 >160-200 >13-15 >320-1130 >365-800 >150-250 ofegante. Efeitos ainda mais
RUIM graves à saúde de grupos
sensíveis (crianças, idosos
e pessoas com doenças
respiratórias e cardíacas).
Toda a população pode
apresentar sérios riscos de
manifestações de doenças
N5 - PÉSSIMA >200 >250 >125 >200 >15 >1130 >800 >250 respiratórias e cardiovasculares.
Aumento de mortes
prematuras em pessoas de
grupos sensíveis.

Fonte: CETESB, 2016. Qualidade do ar no estado de São Paulo 2015 / CETESB

Para efeito de divulgação, utiliza-se o índice mais elevado, dentre os índices


calculados para cada poluente, isto é, embora a qualidade do ar de uma estação seja
avaliada para todos os poluentes monitorados, a sua classificação é determinada
pelo maior índice (pior caso).

Na tabela 5 são descritas ações preventivas para que as pessoas minimizem os


efeitos dos poluentes na saúde e na tabela 6 estão descritos os principais efeitos à
saúde para cada poluente.

63
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Tabela 5 − Qualidade do Ar e Prevenção de Riscos à Saúde
MP10 MP2,5 O3 CO (ppm) NO2 SO2
Qualidade Índice
(µg/m3) 24H (µg/m3) 24H (µg/m3) 24H 24H (µg/m3) 1H (µg/m3) 24H
N1 - BOA 0-40 0-50 0-25 0-100 0-9 0-200 0-20
>50-100 >25-50 >100-130 >9-11 >200-240 >20-40
Pessoas com Pessoas com Pessoas com Pessoas com Pessoas com Pessoas com
N2 - MODERADA 41-80 doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou
pulmonares, procurem pulmonares, procurem pulmonares, procurem pulmonares, procurem pulmonares, procurem pulmonares, procurem
reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado reduzir esforço pesado
ao ar livre. ao ar livre. ao ar livre. ao ar livre. ao ar livre. ao ar livre.

>100-150 >50-75 >130-160 >11-13 >240-320 >40-365


Reduzir o esforço Reduzir o esforço Reduzir o esforço Reduzir o esforço Reduzir o esforço Reduzir o esforço
físico pesado ao ar físico pesado ao ar físico pesado ao ar físico pesado ao ar físico pesado ao ar físico pesado ao ar
N3 - RUIM 81-120 livre, principalmente livre, principalmente livre, principalmente livre, principalmente livre, principalmente livre, principalmente
pessoas com pessoas com pessoas com pessoas com pessoas com pessoas com
doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou
pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e
crianças. crianças. crianças. crianças. crianças. crianças.

>150-250 >75-125 >160-200 >13-15 >320-1130 >365-800


Pessoas com Pessoas com Pessoas com Pessoas com doenças Pessoas com Pessoas com
doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou cardíacas, como doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou
pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e angina, devem evitar pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e
crianças devem evitar crianças devem evitar crianças devem evitar esforço físico e vias de crianças devem evitar crianças devem evitar
N4 - MUITO RUIM 121-200 esforço físico pesado esforço físico pesado esforço físico pesado trafego intenso. esforço físico pesado esforço físico pesado
ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante
da população deve da população deve da população deve da população deve da população deve
reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico
pasado ao ar livre. pasado ao ar livre. pasado ao ar livre. pasado ao ar livre. pasado ao ar livre.

>250 >125 >200 >15 >1130 >800

Pessoas com Pessoas com Pessoas com Pessoas com doenças Pessoas com Pessoas com
doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou cardíacas, como doenças cardíacas ou doenças cardíacas ou
pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e angina, devem evitar pulmonares, idosos e pulmonares, idosos e
N5 - PÉSSIMA >200 crianças devem evitar crianças devem evitar crianças devem evitar esforço físico e vias de crianças devem evitar crianças devem evitar
esforço físico pesado esforço físico pesado esforço físico pesado trafego intenso. esforço físico pesado esforço físico pesado
ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante ao ar livre, o restante
da população deve da população deve da população deve da população deve da população deve
reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico reduzir o esforço físico
pasado ao ar livre. pasado ao ar livre. pasado ao ar livre. pasado ao ar livre. pasado ao ar livre.

Fonte: CETESB, 2016. Qualidade do ar no estado de São Paulo 2015 / CETESB

64
Tabela 6 − Qualidade do Ar e Principais Efeitos à Saúde

MP10 MP2,5 O3 CO (ppm) NO2 SO2


Qualidade Índice
(µg/m3) 24H (µg/m3) 24H (µg/m3) 24H 24H (µg/m3) 1H (µg/m3) 24H
N1 - BOA 0-40 0-50 0-25 0-100 0-9 0-200 0-20
>50-100 >25-50 >100-130 >9-11 >200-240 >20-40
Pessoas com doenças Pessoas com doenças Pessoas com doenças Pessoas com doenças Pessoas com doenças Pessoas com doenças
N2 - MODERADA 41-80 respiratórias podem respiratórias podem respiratórias podem respiratórias podem respiratórias podem respiratórias podem
apresentar sintomas apresentar sintomas apresentar sintomas apresentar sintomas apresentar sintomas apresentar sintomas
como tosse seca e como tosse seca e como tosse seca e como tosse seca e como tosse seca e como tosse seca e
cansaço. cansaço. cansaço. cansaço. cansaço. cansaço.

>100-150 >50-75 >130-160 >11-13 >240-320 >40-365


Pessoas com doenças Pessoas com doenças Pessoas com doenças População em geral População em geral População em geral
respiratórias ou respiratórias ou respiratórias ou podem apresentar pode apresentar pode apresentar
cardíacas, idosos cardíacas, idosos cardíacas, idosos sintomas como sintomas como ardor sintomas como ardor
e crianças têm os e crianças têm os e crianças têm os cansaço. Pessoas com nos olhos, nariz e nos olhos, nariz e
N3 - RUIM 81-120 sintomas agravados. sintomas agravados. sintomas agravados. doenças cardíacas, garganta, tosse seca e garganta, tosse seca e
População em geral População em geral População em geral têm os sintomas como cansaço. Pessoas com cansaço. Pessoas com
pode apresentar pode apresentar pode apresentar cansaço e dor no peito doenças respiratórias doenças respiratórias
sintomas como ardor sintomas como ardor sintomas como ardor agravados. e crianças têm os ou cardíacas, idosos
nos olhos, nariz e nos olhos, nariz e nos olhos, nariz e sintomas agravados. e crianças têm os
garganta, tosse seca e garganta, tosse seca e garganta, tosse seca e sintomas agravados.
cansaço. cansaço. cansaço.
>150-250 >75-125 >160-200 >13-15 >320-1130 >365-800
Aumento dos Aumento dos Aumento dos Aumento de sintomas Aumento dos Aumento dos
sintomas em crianças sintomas em crianças sintomas em crianças em pessoas cardíacas. sintomas em crianças sintomas em crianças
e pessoas com e pessoas com e pessoas com Aumento de sintomas e pessoas com e pessoas com
N4 - MUITO RUIM 121-200 doenças pulmonares doenças pulmonares doenças pulmonares cardiovasculares na doenças pulmonares doenças pulmonares
e cardiovasculares. e cardiovasculares. e cardiovasculares. população em geral. e cardiovasculares. e cardiovasculares.
Aumento de sintomas Aumento de sintomas Aumento de sintomas Aumento de sintomas Aumento de sintomas
respiratórias na respiratórias na respiratórias na respiratórias na respiratórias na
população em geral. população em geral. população em geral. população em geral. população em geral.

>250 >125 >200 >15 >1130 >800


Agravamento dis Agravamento dis Agravamento dis Agravamento Agravamento Agravamento dis
sintomas respiratórios. sintomas respiratórios. sintomas respiratórios. das doenças das doenças sintomas respiratórios.
Agravamento de Agravamento de Agravamento de cardiovasculares, cardiovasculares, Agravamento de
N5 - PÉSSIMA >200 doenças pulmonares, doenças pulmonares, doenças pulmonares, como infarto como infarto doenças pulmonares,
como asma, e como asma, e como asma, e doença do miocardio e do miocardio e como asma, e
cardiovasculares, cardiovasculares, pulmonar obstrutiva insuficiência cardíaca insuficiência cardíaca cardiovasculares,
como infarto do como infarto do crônica. congestiva. congestiva. como infarto do
miocárdio. miocárdio. miocárdio.

Fonte: CETESB, 2016. Qualidade do ar no estado de São Paulo 2015 / CETESB

Tabela 7 − Sumário dos principais poluentes atmosféricos e suas fontes.

Modalidades
Tipos de Fontes Poluentes
de Fontes
Processos Industriais MP, SOx, NOx, CO, HC
Caldeiras, Fomos e Aquecedores MP, SOx, NOx, CO, HC
FIXAS

Caldeiras, Fomos e Aquecedores MP


Queima ao Ar Livre e Queimadas MP, SOx, NOx, CO, HC, Fumaça
Antropogênicas

Exploração, Beneficiamento, Movimentação e Estocagem MP


de Materiais Fragmentados.
Tipo de Veículo/Fonte Tipo de Combustível
Avião Gasolina de Aviação e/ou NOx, HC, MP
querosene
MÓVEIS

Navios e Barcos Diesel / Óleo Combustível MP, SOx, NOx, CO, HC


Caminhão e Ônibus Diesel MP, SOx, NOx, CO, HC
Automóveis e Motocicletas Gasolina / Alcool MP, NOx, CO, HC, Aldeidos

65
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Tipo de Veículo/Fonte
Ocêanica MP
Decomposição Biológica SOx, H2S, HC, Compostos de

Naturais
Enxofre
Praias e Dunas MP
Queimadas MP, SOx, NOx, CO, HC
Erosão Eótica do Solo e Superfícies MP

Fonte: Monitoramento da qualidade do ar. Departamento de Engenharia Ambiental- Centro Tecnológico – UFES

As fontes móveis e fixas foram responsáveis pela emissão para a atmosfera de


enormes quantidades de poluentes, chegando a aproximadamente 167 mil t/ano
de monóxido de carbono, 44 mil t/ano de hidrocarbonetos, 80 mil t/ano de óxidos
de nitrogênio, 5 mil t/ano de material particulado e 7 mil t/ano de óxidos de enxo-
fre. Desses totais, os veículos automotores são responsáveis por 97% das emissões
de CO, 79% de HC, 68% de NOx, 22% de SOx e 40% de material particulado.

A figura 2 apresenta a evolução das emissões veiculares de poluentes locais no


período de 2006 a 2014 no Estado de São Paulo. Pode-se observar que mesmo
com o crescimento constante da frota, a emissão dos poluentes é decrescente,
motivada pela incorporação de veículos com novas tecnologias em substituição
aos veículos antigos, mais poluidores. A emissão de SO2 sofreu redução drástica,
em 2014, em função da alteração do teor de enxofre do diesel a partir de 2013 e
em especial da gasolina a partir de 2014. Além disso, houve redução do consumo
do diesel e aumento pouco significativo do consumo de gasolina em 2014, em
relação à 2013.

643 665 616 541 519 497 462


Milhares

424 417
217 221 216 205 209 207 205 193 171
119 121 114 104 99 97 92 86 85
Emissão de poluentes locais (t)

13,6 13,5 14,1 14,2 15,1 15,4


11,7 12,3

5,6
8,4 8,2 7,7 6,9 6,9 6,5 6 5,6
4,8

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

CO NMHC NOX MP SO2

Figura 2 − Evolução das emissões veiculares de poluentes no Estado de São Paulo


Fonte: Adaptado de Relatório de Emissões Veiculares no Estado de São Paulo 2014

66
Monitoramento da Poluição do Ar
A preocupação em proteger a saúde dos efeitos causados pela poluição do ar é
antiga no país. Existe desde o ano de 1941, quando a Lei de Contravenções Penais
- Decreto nº3688, em seu artigo 38, já considerava uma violação “provocar, abusi-
vamente, emissão de fumaça, vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém”.

Mas foi com a Portaria nº231, de 1976, do Ministério do Interior, que a poluição
do ar começou a ser disciplinada em nível nacional, remetendo aos estados a
responsabilidade de monitorar os poluentes para os quais foram estabelecidos os
padrões de qualidade do ar para material particulado em suspensão, dióxido de
enxofre, monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos, conforme os respectivos
métodos de referência. Esta mesma portaria estabeleceu a responsabilidade pelas
exigências destinadas a prevenir e corrigir os inconvenientes da poluição do ar nas
áreas críticas de poluição, no que diz respeito a danos à saúde, segurança e bem-
-estar da população.

O que é monitorar o ar? Monitorar o ar é observar continuamente as concen-


trações na atmosfera de quaisquer poluentes que possam afetar a qualidade do ar.
Dessa forma, o objetivo da rede de monitoramento da qualidade do ar (figura 3) é
avaliar continuamente as características que tornam o ar um ambiente propício ao
ser humano e ao meio ambiente em geral, possibilitando observação das emissões
relativas às fontes fixas e móveis.

Conforme conceito da IUPAC, “rede de monitoração atmosférica” são duas


ou mais estações de medidas de ar estabelecidas em uma dada região geográfica
onde medidas periódicas regulares são feitas, simultaneamente, para determinar
a extensão e a natureza da poluição química e estabelecer as tendências das
concentrações de poluentes atmosféricos no tempo. O monitoramento da poluição
atmosférica pode ser dividido em dois ramos:

» Monitoramento das Emissões: trata de uma medição da concentração


ou taxa de emissão dos poluentes que estão sendo emitidos por dutos e
chaminés, realizada em pontos fixos e bem definidos, que visa quantificar o
que está sendo lançado na atmosfera;

» Monitoramento da Qualidade do Ar: dedica-se a medir e quantificar as


concentrações dos poluentes no ar do ambiente, onde as pessoas, animais e
plantas estão expostos, podendo afetar sua saúde, a visibilidade e provocar
danos materiais, entre outros efeitos.

67
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3

Figura 3 − Estação de monitoramento do ar da CETESB


Fonte: Jornal Integração, 2016

A rede de monitoramento de São Paulo tem dois tipos de rede: a rede auto-
mática e a rede manual. As estações da Rede Automática se caracterizam pela ca-
pacidade de processar na forma de médias horárias, no próprio local e em tempo
real, as amostragens realizadas a intervalos de cinco segundos.

Já nas estações da Rede Manual, a amostragem é realizada durante 24 horas a


cada 6 dias e durante 1 mês no caso dos amostradores passivos.

Os dados da Rede Automática e da Rede Manual podem ser acessados no


QUALAR- Sistema de Informações de Qualidade do Ar, disponível no endereço
eletrônico da CETESB.
Explor

QUALAR – Consultas: https://goo.gl/qtJvyX

68
Os métodos utilizados para medição dos diversos parâmetros amostrados pelas
redes de monitoramento são apresentados no quadro a seguir.

Quadro 1 − Métodos de medição dos parâmetros e a rede associada

Rede Parâmetro Método


partículas inaláveis finas - MP25 Radiação Beta
partículas inaláveis - MP10 Radiação Beta
dióxido de enxofre fluorescência de pulso (ultravioleta)
Rede Automática monóxido de carbono infravermelho não dispersivo (GFC)
Ozônio ultravioleta
benzeno/totuleno cromatografia gasosa / detcção por fotoionização (PID)
Oxidação Térmica - Flourescência de Pulso
Enxofre Reduzido Total
(Ultravioleta)
Direção e vleocidade do vento Óptico-Mecanico / Ultra-sônico
Temperatura Temistor Resistivo de Platina (PT100)
Parâmetros Umidade Relativa do Ar Elemento Capacitivo
Meteorológicos Radiação Solar Global Fotovoltáico
Pressão Atmosférica Transdutor de Pressão
Radiação UVA Fotovoltáico

Gravimétrico / Impactação Virtual (Dicotômico)


Particulas Inaláveis Finas - MP2,5
Gravimétrico / Impactação

Gravimétrico / Amostrador de Grandes Volumes


Particulas Inaláveis Finas - MP10 acoplado a um separador inercial
Rede Manual Gravimétrico / Impactação
Particulas Totais em Suspensão Gravimétrico/Amostrador de Grandes Volumes
Fumaça Refletância
Dióxido de Enxofre Cromatografia Iônica / Amostrador Passivo
Cromatografia Líquida de Alto desempenho / detecção
Acetaldeído / Formaldeído
UV-visível
Fonte: CETESB – Relatório da Qualidade do ar

69
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Explor
Segundo a empresa de monitoramento Ag Solve, o monitoramento da qualidade do ar
nas empresas pode ser feito com o uso de estações meteorológicas e de equipamentos
de qualidade do ar que possuem amostradores de ar que capturam e canalizam os
particulados para sensores que determinam sua carga de particulados, e como testemunho
de longo tempo, registram as cargas de poluentes em fita dentro dos sensores. Nela, todo o
particulado existente é depositado e mensurado em tempo fixo de 15 minutos a 24 horas.
Outro tipo de equipamento que também pode ser utilizado para este monitoramento é o que
utiliza a técnica do feixe de laser, que dimensiona as partículas e as totaliza. Ele é indicado
para empresas e indústrias com volumes de poeira elevados, como em mineradoras, por
exemplo, que precisam fazer o acompanhamento da emissão em tempo real. Todos esses
aparelhos ficam, geralmente, ao ar livre ou sobre estruturas, expostos, para que simulem
as mesmas condições das construções da vizinhança. O monitoramento da qualidade do ar
é fundamental para a preservação do meio ambiente e da saúde humana. Veja a abaixo as
especificações técnicas das estações de qualidade do ar para monitorar particulados.
» Bam1020 - estação de qualidade do ar que atende o monitoramento de material
particulado menor que 2,5µm. O equipamento opera com processo de atenuação da
radiação Beta e possui excelente sensibilidade, com armazenamento de dados para até
200 dias de dados e ciclo de leituras de 1 a 24 horas;
» E-Bam - estações de qualidade de ar - fixas ou portáteis - para aplicações em condições
de resposta rápida, como emergências, que utilizam o princípio da atenuação de
radiação Beta na medição dos parâmetros de poeira total em suspensão e material
particulado;
» E-Sampler - equipamento totalmente portátil e flexível, que utiliza duas tecnologias
distintas para a medição dos particulados: feixe de laser para determinação do
tamanho das partículas conjuntamente com a filtragem para determinação dos totais
de particulados.
AG-SOLVE, 2008. Como controlar a qualidade do ar em indústrias. Disponível em: https://goo.gl/wexvp9

Paraná recebe mais uma estação móvel de monitoramento da qualidade do ar.


Explor

https://goo.gl/Y03C02

Secretaria do Ambiente inaugura estação de monitoramento da qualidade do ar na Lagoa – RJ.


https://youtu.be/cuTC1fY-yWg

70
Controle da Poluição Atmosférica
Medidas e Equipamentos de Controle da Poluição Atmosférica

Figura 4 − Caminhos da poluição atmosférica, desde a fonte de


emissão até a recepção pela população e meio ambiente
Fonte: Adaptado iStock / Getty Images

Medidas Indiretas para o Controle da Poluição do Ar


Consideramos abaixo algumas medidas para o controle da poluição do ar, que
incluem desde o impedimento ou diminuição da geração do poluente até a sua
diluição e distribuição espacial nas áreas industriais:

Impedir a geração do poluente:

» Substituição de matérias-primas e reagentes, como por exemplo, a eliminação


da adição de chumbo tetraetila na gasolina, uso de resina sintética ao invés
de borracha na fabricação de escovas de pintura, etc.

» Mudança de processos ou operação, por exemplo, utilização de operações


contínuas automáticas, usar sistemas completamente fechados que impeçam
a dispersão de poluentes, condensação e reutilização de vapores (indústria
petrolífera), ações e processos úmidos ao invés de secos, etc.

Diminuição da quantidade de poluentes gerados:


» Não operar com os equipamentos acima da capacidade nominal
» Atualizar a operação e checar a manutenção de equipamentos produtivos
» Armazenar adequadamente os materiais
» Modernização de processos, equipamentos e operações
» Modernização dos combustíveis

71
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Diluição de poluentes por meio de chaminés elevadas: os fatores a serem
considerados neste caso são relacionados com o processo, a fonte geradora de
poluentes e às condições meteorológicas.

Adequada construção, arquitetura e manutenção dos edifícios industriais:


» Armazenamento de produtos
» Adequada disposição de resíduos sólidos e líquidos
» Planejamento territorial: Selecionar e localizar adequadamente as fontes e
receptores de resíduos.

Medidas Diretas para o Controle da Poluição do Ar


As medidas de controle direto das emissões atmosféricas consistem basica-
mente em:
» Concentrar os poluentes na fonte para tratamento efetivo antes do lança-
mento na atmosfera;
» Retenção do poluente após geração através de equipamentos de controle de
poluição do ar.

Equipamentos de Controle de Poluição do Ar


Classificação
Os equipamentos de controle são classificados primeiramente em função do
estado físico do poluente a ser considerado. Em seguida a classificação envolve
diversos parâmetros como mecanismo de controle, uso ou não de água ou outro
líquido, etc.

Equipamentos de controle de material particulado:


» Coletores secos;
» Coletores mecânicos inerciais e gravitacionais;
» Coletores mecânicos centrífugos (ciclones);
» Precipitadores dinâmicos secos;
» Filtro de tecido (filtro-manga), precipitador eletrostático seco.

72
Coletores úmidos:
» Torre de spray (pulverizadores);
» Lavador ciclônico;
» Lavador venturi;
» Lavadores de leito móvel.

Equipamentos de controle para gases e vapores:


» Adsorventes;
» Absorventes;
» Incineração de gás com chama direta;
» Incineradores de gás catalíticos;
» Tratamento biológico.

Há alguns fatores que devem ser levados em conta na seleção de equipamentos


para controle da poluição atmosférica. Um dos principais problemas referentes ao
controle de poluentes do ar está relacionado à escolha de um equipamento que
consiga remover de forma eficaz os poluentes ou pelo menos reduzi-los a níveis
aceitáveis a um menor custo. Na verdade, não existe uma única tecnologia para tal,
até porque as situações são únicas dentro do processo em questão (fonte emissora,
natureza do contaminante, legislação, etc.).

Assim, alguns parâmetros principais devem ser observados na escolha de um


método específico para o tratamento de poluentes atmosféricos:

» As características do gás a ser tratado (temperatura, matéria em suspensão,


umidade, volatilidade, etc.);

» A concentração dos poluentes;

» Os fatores de segurança (explosividade, reatividade, corrosividade, etc.).

» Os custos de investimento ou de instalação, funcionamento e manutenção;

» A eficiência na remoção destes poluentes, etc.

73
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Trocando ideias...Importante!
[Assunção (1986) sugere os seguintes passos no processo decisório de escolha de um
método ou equipamento de controle de poluentes atmosféricos:
I - Caracterização do Problema :
1. Caracterização da fonte emissora
2. Características da indústria
3. Possíveis efeitos dos poluentes
4. Grau de controle requerido (exigências legais, controle da poluição atmosférica,
padrão de emissão, padrão de qualidade do ar, padrão de condicionamento e
projeto, eficiência requerida, exigência da comunidade, condições previsíveis
para o futuro e exigências legais para os resíduos)
Recomendações
Em situações em que os limites máximos permitidos das emissões das fontes fixas dos
processos industriais são ultrapassados, recomenda-se:
1. Analisar o processo de geração do poluente, desde o início, avaliando se as
condições de geração do mesmo são normais.
2. A emissão pode ser reduzida ou eliminada com a substituição de matérias
primas, combustível?
3. A combustão está ocorrendo de forma eficiente, há “zonas mortas” ou frias nas
câmaras que compõe os equipamento? Relação ar/combustível adequada?
4. Há possibilidade de retornar o material emitido ao processo produtivo ou mesmo
destiná-lo à reciclagem?
Caso não haja possibilidade de realizar melhorias na operação do processo que origina
o poluente ou mesmo substituir matérias primas ou combustíveis, é importante
verificar a possibilidade de se utilizar um Equipamento de Controle de Poluição na
fonte poluidora, pois sua função será de remover poluentes do fluxo de material
emitido para a atmosfera.]

Exemplos de Equipamento de Controle de Poluição e seus principais usos:


Explor

» Filtros de Manga – retenção de material particulado.


» Lavadores de gases – absorção de gases e retirada de material particulado.
» Ciclones – retenção de material particulado.
» Precipitadores Eletrostáticos – retenção de material particulado.
» Equipamentos de Adsorção – redução de solventes, odor, hidrocarbonetos, etc.
» Termo-oxidadores – controle de compostos orgânicos voláteis (COVs), CO,
hidrocarbonetos, etc.
» Condensadores – componentes condensáveis, alguns hidrocarbonetos, etc.
Na figura abaixo, encontram-se alguns exemplos dos equipamentos citados sendo,
respectivamente, precipitador eletrostático, filtro manga, coletor de gases e ciclone.

74
Figura 5 − Exemplos de ECPs
Fonte: Adaptado iStock / Getty Images

Nova inspeção veicular está parada um ano após Haddad abrir licitação Controlar
Explor

O prefeito acabou com a inspeção veicular logo em seu primeiro ano de governo. Ela acabou
sendo feita, porém, até janeiro de 2014 em razão de uma liminar obtida pela Controlar,
empresa que era responsável pelo serviço.
A empresa divulgou durante anos benefícios que a inspeção traria à saúde do paulistano e à
qualidade do ar. A Controlar citava um estudo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade
de São Paulo), que considerou apenas os veículos movidos a diesel que fizeram a inspeção
em 2011. O estudou mostrou que com a redução de poluentes emitidos por esses veículos
foram evitadas 1.515 internações hospitalares e 584 mortes por problemas respiratórios.
Fonte: https://goo.gl/ZfAoSe

75
Padrões de Qualidade do Ar e Controle da Poluição
UNIDADE
3
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
G1. Estudo mostra que veículos a diesel despejam 40% da poluição particulada, 2011
Veículos movidos pelo combustível representam menos de 10% da frota. Ar mais limpo poupou
na capital 252 vidas em 2010, mostra estudo da USP.
https://goo.gl/OJebJ1
Jornalismo Ambiental. Monitoramento do Ar deixa muito a desejar em Porto Alegre
https://goo.gl/RNi5pT

Vídeos
Ação e Meio Ambiente. Poluição Atmosférica Veicular – PARTE 1
https://youtu.be/ChfaUUJ7wHc
Ação e Meio Ambiente. Poluição Atmosférica Veicular – PARTE 2
https://youtu.be/3AdH-daVuBk
Ação e Meio Ambiente. Poluição Atmosférica Veicular – PARTE 3
https://youtu.be/s_m_caHwkvQ
Controle de Emissões Atmosféricas
https://youtu.be/pc7Msy6xqO8

Leitura
IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Emissões relativas de poluentes do transporte motorizado de
passageiros nos grandes centros urbanos brasileiros
https://goo.gl/jJw9v9
https://goo.gl/aWDUfS

76
Referências
AG-SOLVE, 2008. Como controlar a qualidade do ar em indústrias. Di-
sponível em <https://www.agsolve.com.br/noticias/como-monitorar-a-quali-
dade-do-ar-em-industrias

ASSUNÇÃO, J. V. – Apostila do curso de seleção de equipamentos de controle


da poluição do ar (material didático auxiliar). CETESB, SP, 1986.

CETESB, 2016. Qualidade do ar no estado de São Paulo 2015 / CETESB.

CETESB, 2016. Qualidade do ar no estado de São Paulo 2015 / CETESB. - -


São Paulo : CETESB, 2016. - (Série Relatórios / CETESB, ISSN 0103-4103)

CETESB, 2016. Qualidade do ar no estado de São Paulo 2015 / CETESB. - -


São Paulo : CETESB, 2016. - (Série Relatórios / CETESB, ISSN 0103-4103)

CETESB, 2016. Qualidade do ar no estado de São Paulo 2015 / CETESB. - -


São Paulo : CETESB, 2016. - (Série Relatórios / CETESB, ISSN 0103-4103)

CONAMA, RESOLUÇÃO/N.º 003 de 28 de junho de 1990. Publicada no D.O.U,


de 22/08/90, Seção I, Págs. 15.937 a 15.939. Disponível em http://www.mma.
gov.br/port/conama/res/res90/res0390.html

FEPAM. Qualidade ambiental. Disponível em < http://www.fepam.rs.gov.br/quali-


dade/iqar.asp>

FIESP. Legislação e Normas da Construção, Emissões Atmosféricas. Dis-


ponível em: < http://www.fiesp.com.br/temas-ambientais/ver-todos/emissoes-at-
mosfericas>. Acessado em 5 de novembro de 2016.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA


Diretoria de Controle e Fiscalização - DIRCOF Departamento de Qualidade Ambiental.

77
4
Efeitos da Poluição do
Ar na Saúde Pública

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Simone Miraglia

Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Nilza Maria Coradi de Araújo

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Contextualização
A poluição atmosférica, mesmo com valores abaixo do nível permitido pelos
órgãos responsáveis, tem afetado de forma significativa a vida dos seres vivos.
“As crianças e os idosos são os dois grupos etários que têm se mostrado
mais susceptíveis aos efeitos da poluição atmosférica. Muitos estudos
mostram associação positiva entre mortalidade e morbidade por problemas
respiratórios em crianças. Já entre os idosos, a poluição atmosférica tem
sido associada a aumentos de morbidade (internações) e de mortalidade,
tanto por doenças respiratórias quanto por doenças cardiovasculares”
(Fonte: MARTINS, Lourdes Conceição et al. Poluição atmosférica e
atendimentos por pneumonia e gripe em São Paulo, Brasil. Revista de
Saúde Pública, v. 36, n. 1, p. 88-94, 2002).

Os efeitos ao meio ambiente da poluição atmosférica já foram expostos em


unidades anteriores desse Curso; no entanto, a reflexão sobre os efeitos da
poluição sobre a saúde humana é essencial para a formulação de políticas públicas
e conscientização da população sobre os riscos à saúde.

Apesar de os grupos mais suscetíveis serem crianças e idosos, a exposição à


poluição do ar diminui a qualidade de vida de todas as pessoas que se expõem ao
ar poluído, sendo que os poluentes de grandes centros urbanos chegam a migrar
por centenas de quilômetros de distância, atingindo cidades distantes. Dessa forma,
a poluição do ar é um problema de saúde pública global que atinge a todos, sejam
pessoas residentes em zonas rurais ou em zonas urbanas.

80
Introdução sobre os Efeitos da Poluição
Atmosférica na Saúde Humana
Os problemas provenientes da poluição atmosférica começaram a ser conside-
rados uma questão de Saúde Pública a partir da Revolução Industrial, quando teve
início o sistema de urbanização hoje conhecido.

Na década de 1980, a taxa de urbanização brasileira atingiu a marca de 68,9% e,


atualmente, essa taxa chega a 80%. Dessa forma, com o crescimento econômico e
das cidades, a emissão antrópica de gases e partículas nocivas tende a se intensificar
progressivamente, levando ao aumento de sua concentração na atmosfera. Alguns
desses gases e partículas têm efeitos comprovados na saúde humana e no meio
ambiente, razão pela qual há muita atenção voltada a eles. Entre estes, destacam-
-se o monóxido de carbono (CO), o ozônio troposférico (O3), o material particulado
(MP), o dióxido de nitrogênio (NO2) e o dióxido de enxofre (SO2).

A poluição atmosférica tem afetado a saúde da população, mesmo quando seus


níveis se encontram menores do que determina a Legislação vigente. As faixas
etárias mais atingidas da população são as crianças e os idosos. Segundo estudos
científicos, a poluição atmosférica tem sido associada ao decréscimo da função
pulmonar em adultos e crianças, faltas à escola e aumento no uso de medica-
mentos por crianças ou adultos com asma. Além desses efeitos, pode-se observar
alterações no sistema imunológico de pessoas normais, mortalidade e morbidade
de doenças respiratórias e cardiovasculares, neurológicas e, recentemente, até o
câncer de pulmão.

Figura 1 – Poluição do ar proveniente de queimadas e desmatamentos


Fonte: istock/getty images

81
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Efeito dos Poluentes na Saúde e suas Fontes
Ozônio (O3)
O O3 troposférico (no nível do solo) e o estratosférico representam o mesmo
composto; porém, são encontrados em diferentes locais na atmosfera.
O O3 estratosférico é benéfico a todas as formas de vida porque atua como
um filtro à radiação ultravioleta (UV) dos raios solares. Por outro lado, o O3
troposférico é uma ameaça para a saúde e para o meio ambiente, o qual iremos
detalhar a seguir.
O O3 no nível do solo é um agravante respiratório e pode atuar no organismo,
reduzindo a capacidade pulmonar e aumentando os casos de crises de asma,
congestão nasal, irritação na garganta e redução da resistência a infecções.
Essa ação pode resultar em inflamações e lesões das células pulmonares e
agravamento de doenças crônicas respiratórias. Adicionalmente, alguns estudos
científicos já mostraram associação entre aumento de O3 troposférico e aumento
no risco de morte prematura.
O O3 também é tóxico à vegetação, inibindo o crescimento das plantas. Ele
também é capaz de deteriorar materiais como borracha e tecidos, pois é um po-
tente oxidante.
Vale lembrar que o O3 troposférico é formado somente por reações que ocor-
rem entre excesso de certos poluentes, que são precursores de O3, e alta energia
solar durante meses quentes de verão. Ele pode ser acumulado e encontrado mes-
mo em regiões afastadas da fonte original dos seus precursores.
Os níveis de O3 aumentam consideravelmente entre o fim da primavera e o
começo do outono, em regiões periféricas de grandes centros urbanos, localizadas
nas direções em que sopram os ventos. Caracteristicamente, seus níveis de
concentração aumentam no meio da manhã, algumas horas após o rush matinal
do trânsito (nível máximo de emissão de óxidos de nitrogênio), atingindo seu ápice
no meio da tarde e declinando à noite. As concentrações de ozônio nos ambientes
externos são maiores que nos interiores dos edifícios; porém, essa diferença pode
diminuir, dependendo do tipo de ventilação do local analisado.

Você Sabia? Importante!

NEM O IBIRAPUERA ESCAPA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM SP


Parque paulistano que atrai centenas de pessoas em busca de lazer e contato com a
natureza possui altas concentrações de ozônio, um dos poluentes mais nocivos à saúde.
São Paulo – Segundo levantamento do jornal Estado de São Paulo, nem mesmo os
redutos naturais escapam da poluição paulistana. O parque do Ibirapuera, por exemplo,
aparece no topo das regiões que registraram, em 2010, a maior concentração de ozônio
na cidade. No ano passado, os níveis desse poluente nocivo ficaram 49 vezes acima
do recomendado, segundo a reportagem que analisou dados de monitoramento da
qualidade do ar da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB).

82
Ameaça imperceptível a olho nu, o ozônio não é emitido diretamente no ar, mas resultado
de uma reação química, na presença da luz solar, envolvendo substâncias primárias
como o dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, como os hidrocarbonetos,
poluentes liberados principalmente por automóveis. Grosso modo, o ozônio produzido
no meio dos congestionamentos comuns da capital paulista tem dois destinos: ou se
extingue no próprio trânsito, reagindo com outros elementos químicos, ou segue pela
atmosfera para regiões com baixa presença de moléculas de poluentes, a exemplo de
parques e regiões distantes dos centros urbanos.
Segundo Paulo Saldiva, chefe do laboratório de Poluição da Faculdade de Saúde Pública
da USP, os picos de concentração de ozônio em São Paulo acontecem em municípios da
região noroeste, como Embu e Cotia. “Somos nós, da capital, que emitimos o ozônio
que polui, não apenas parques locais como o Ibirapuera, mas também cidades vizinhas”,
afirma. O especialista ressalta que outras regiões cercadas de verde, como o Parque
Estadual do Jaraguá e até mesmo o campus da USP, que também atraem praticantes de
caminhada e corrida, são alvo da poluição de ozônio.
O que os olhos não veem, o corpo sente.
Em contato com o organismo humano, o ozônio reage principalmente com a mucosa que
reveste as vias respiratórias, oxidando-as. Ele altera essa proteção, diminuindo nossas
defesas contra infecções. Como consequência, explica Saldiva, podem ocorrer infecções
na região, agravamento de crises de asmas, rinites, sinusites, amidalites e bronquites.
O ozônio também potencializa a ação de outros poluentes. De acordo com o professor da
USP, a associação com pequenas partículas, como a fuligem liberada pelo escapamento
dos carros, tem efeito maior do que cada poluente isolado e pode levar à mortalidade
precoce por infarto do miocárdio e crises de hipertensão.
Para se proteger do ozônio, a recomendação aos adeptos de passeios e corridas no
Ibirapuera e em outros parques é evitar a exposição no horário das 10h às 16h. “Por se
tratar de um poluente que reage sob a luz solar, é nesse período, da manhã à tarde, que
o ozônio apresenta maior atividade”, explica Saldiva” (Publicado em 29 maio 2015).

Fonte: Revista Exame. https://goo.gl/8Pv4NS

Monóxido de Carbono (CO)


Com exceção dos fumantes, que possuem suas próprias fontes emissoras de
CO, todos os demais habitantes dos grandes centros urbanos estão expostos a esse
gás do trânsito intenso, vez que os automóveis são as maiores fontes de emissão
desse poluente. Pessoas que passam várias horas do dia dentro de um automóvel
ou que tenham de andar a pé ou de bicicleta são os mais afetados. Porém, os
ambientes internos, como residências e escritórios, podem vir a sofrer os efeitos
do CO proveniente do ambiente externo, sendo introduzido pelo sistema de
ventilação ou, até mesmo, o CO pode ser produzido internamente nas residências
por aquecedores a óleo, lareiras, fumantes, churrasqueiras e fogão a gás.

83
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
O maior efeito à saúde humana que o CO exerce deve-se ao fato de esse gás
apresentar afinidade com a molécula de hemoglobina cerca de 240 vezes maior que
a afinidade exercida pelo oxigênio, o que faz com que uma pequena quantidade de
CO possa saturar uma grande quantidade de moléculas de hemoglobina, diminuindo
a capacidade do sangue de transportar O2. Devido à diminuição do transporte de
O2 aos tecidos, a exposição elevada ao CO pode levar à perda de consciência e
óbito em apenas alguns minutos.

Os sintomas de alta exposição ao CO incluem perda de fôlego, dores no peito,


dores de cabeça, confusão e perda da coordenação. Essa ameaça à saúde é mais
grave para as pessoas que possuem doenças cardiovasculares. As fontes de CO se
concentram nas emissões veiculares, que são geradas na combustão incompleta
de combustíveis fósseis. Mas processos industriais e outras fontes de emissão de
combustão de combustíveis (aquecedores, equipamentos de jardinagem) também
são fontes importantes.

Você Sabia? Importante!

FUMAÇA EM ÁREA FECHADA PODE MATAR EM MINUTOS


A fumaça liberada em um incêndio é uma fonte de substâncias tóxicas e pode levar à
morte em poucos minutos. Isso porque, ao serem inalados, os gases, como o monóxido
de carbono, impedem que o sangue leve oxigênio ao corpo, fazendo com que os órgãos
deixem de funcionar. No caso da boate Kiss, em Santa Maria, onde a maioria das mais
de 230 mortes foi provocada por intoxicação, o que agravou a situação foi o fato de as
pessoas estarem confinadas em um lugar fechado, sem circulação de ar. A somatória
desses eventos e a situação de pânico dentro da boate, que vai provocar mais consumo
de oxigênio ainda, vão tornar ainda mais difícil uma reação do organismo.
“O tempo de vida que a pessoa tem ao ficar inalando a fumaça é relativo. Vai depender de
cada organismo e, principalmente, da concentração de fumaça no local. No caso dessa
boate, em específico, o agravante foi que o incêndio — com gases como monóxido
de carbono e cianeto — aconteceu em um ambiente fechado, dificultando a entrada
de oxigênio. Se fosse em um ambiente aberto, com certeza o dano seria bem menor”,
explicou Eduardo Mello de Capitani, professor de pneumologia e coordenador do Centro
de Controle de Intoxicações da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Quando inalados, os gases de um incêndio vão rapidamente aos pulmões e à corrente
sanguínea. No sangue, eles se ligam às hemácias, que são os glóbulos vermelhos,
ocupando o lugar do oxigênio. Após a inalação, a reação inflamatória nas vias aéreas
superiores, como nariz, faringe e laringe, e inferiores, como traqueia e brônquios, é
quase imediata. “A morte decorre de asfixia por intoxicação. Os óbitos que ocorrem dias
após a inalação da fumaça são causados por lesões pulmonares e queimaduras nas vias
aéreas. Quando a pessoa recebe atendimento, ela volta a inalar oxigênio e por isso, se
acontecer de ela falecer, será por consequência das lesões”, disse Capitani.
Ele explicou que a inflamação respiratória pode matar em um curto espaço de tempo
pela falta de oxigenação no sangue. “A fumaça provoca o fechamento das vias aéreas
superiores e impede a eliminação do gás carbônico no organismo e a entrada de oxigênio
no organismo”, informou.

84
Os primeiros sintomas da intoxicação por fumaça são dor de cabeça, confusão men-
tal e dores musculares. Mas, no caso de locais com alta concentração de monóxido
de carbono, é tudo muito rápido. A pessoa não terá necessariamente esses sinto-
mas, ela já perde a consciência e desfalece. Para a desintoxicação, usa-se hiper-
oxigenação com máscaras especiais com reservatório de oxigênio (Publicado em
29/01/2013).

Fonte: Unicamp. https://goo.gl/8NGKY4

Você Sabia? Importante!

Casal morreu intoxicado com monóxido de carbono enquanto namorava


em carro, diz polícia do Rio
O casal Diogo Moreira Quadros, 23, e Verônica Souza Leão Mendes Franco, 21, cujos
corpos foram encontrados em estágio avançado de decomposição no final da manhã
desta quarta-feira (19), no bairro da Covanca, em São Gonçalo, região metropolitana do
Rio de Janeiro, morreu acidentalmente.
Segundo o delegado-adjunto da 73ª DP, Henrique Viana, eles teriam morrido intoxicados
com monóxido de carbono -- o casal estaria namorando dentro do carro fechado, com o
ar condicionado e o motor ligados.
Ainda de acordo com o delegado-adjunto, não foi encontrada nenhuma marca de digital
ou violência que pudesse apontar para um caso criminoso. “Pelo cenário apresentado, eu
estou firme, estou convicto de que o caso está encerrado, foi um acidente”, disse Viana,
ainda no local do crime.
O casal estava desaparecido desde a tarde da última quinta-feira (13), quando foi fazer
compras em um supermercado no centro de Niterói, também na região metropolitana.
A casa onde os corpos foram encontrados era o local onde o casal moraria após o
casamento. Diogo e Verônica tinham o noivado marcado para o próximo dia 24
(Publicado em 19/12/2012). Fonte: UOL notícias.
https://goo.gl/VIUh8p

Família Brasileira é Encontrada Morta dentro da Própria Casa na Flórida (Reportagem)


Explor

https://goo.gl/9avmbM
8 pessoas morrem ao respirar CO dentro de um carro (Vídeo)
https://youtu.be/f2J6Aq_kMw0
Criança morre após inalar monóxido de carbono em Campo Grande
https://goo.gl/86KiU7

85
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Dióxido de Enxofre (SO2)
Resultado da combustão de elementos fósseis, como carvão e petróleo, esse
gás possui como fontes principais os automóveis e as termoelétricas. Uma vez na
atmosfera, o SO2 é oxidado, podendo formar o ácido sulfúrico (H2SO4). Esses gases
podem ser transportados para regiões distantes das fontes primárias de emissão,
aumentando a área de atuação desses poluentes.

Figura 2 – Poluição atmosférica em grandes centros urbanos


Fonte: istock/getty images

A reação do SO2 com vapor de água e oxigênio pode gerar aerossóis ácidos
prejudiciais ao sistema respiratório, agravando sintomas associados com doenças
pulmonares, como, por exemplo, a asma e a bronquite.

O SO2 também é o fator primário na formação da chuva ácida. O SO2 é produto


da combustão, principalmente do carvão e petróleo, ou seja, suas principais fontes
de emissão são usinas elétricas, fontes domésticas e comerciais, nas quais ocorra
queima de combustíveis fósseis e os automóveis.

Dióxido de enxofre é um dos poluentes do ar mais perigosos


Explor

O Dióxido de enxofre (SO2) é um gás incolor com odor acre picante. Ocorre como uma
impureza nos combustíveis fósseis, proveniente principalmente de atividades como queima
de diesel nos veículos pesados, carvão e petróleo em usinas de energia ou de fundição de
cobre. Acredita-se que cerca de 80% do SO2 venha da queima incompleta de combustíveis
fósseis. Na natureza, pode ser liberado para o ar a partir de erupções vulcânicas.
Ao entrar em contato com o oxigênio, o enxofre se transforma em dióxido e trióxido de
enxofre – que reage com a umidade do ar, formando o ácido sulfúrico, o qual ainda pode
reagir com a amônia do ar e formar o sulfato de amônia.
Um estudo sobre SO2 aponta que ele permanece no ar em forma de gotículas (mais comum
em ambientes fechados) ou retorna para a terra após processos de oxidação e reação,
na forma de chuva ácida. Além disso, pode reagir com outros compostos na atmosfera,
formando material particulado de diâmetro reduzido.

86
Efeitos na saúde
Por ser um gás altamente solúvel nas mucosas do trato aéreo superior, pode provocar
irritação e aumento na produção de muco, desconforto na respiração e agravamento de
problemas respiratórios e cardiovasculares, tanto que é considerado um irritante primário.
Esse agravamento de sintomas na saúde acarreta em internações hospitalares e prejuízos na
saúde pública (Publicado em 6 de junho de 2014).

Fonte: eCycle. https://goo.gl/B5qfKc

Dióxido de Nitrogênio (NO2) e Óxido Nítrico (NO)


As principais fontes de NO e NO2 são os motores dos automóveis. As usinas
termoelétricas e indústrias que utilizam combustíveis fósseis, assim como com-
bustões no interior das residências (fogões, lareiras, aquecedores) contribuem em
menor escala para a geração desses gases. Durante a combustão, sob elevadas
temperaturas, o oxigênio reage com o nitrogênio, formando óxido nítrico (NO),
dióxido de nitrogênio (NO2) e outros óxidos de nitrogênio (NOx).

Esses compostos são extremamente reativos e quando se encontram na


presença de oxigênio (O2), ozônio e hidrocarbonetos, o NO se transforma em NO2.
Adicionalmente, o NO2, na presença de luz solar, pode reagir com hidrocarbonetos
e oxigênio, formando O3. Nos ambientes internos, a concentração de NO2 está
intimamente relacionada à concentração externa desse gás.

O NO2 possui baixa solubilidade. Visto isso, quando inalado, ele atinge as porções
mais periféricas do pulmão. Seu efeito tóxico está relacionado ao fato de ser um
agente oxidante. O NO2 é capaz de reduzir a resistência a infecções respiratórias e
agrava sintomas associados de doenças como a asma e a bronquite.

Figura 3 – Poluição atmosférica em grandes centros urbanos


Fonte: istock/getty images

87
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Material Particulado (MP10 e MP2.5)
O material particulado (MP) é uma mistura de partículas líquidas e sólidas em
suspensão no ar. Sua composição e tamanho dependem das fontes de emissão.
O tamanho das partículas é expresso em relação ao seu tamanho aerodinâmico e
inclui poeira, sujeira, fuligem, fumaça e gotículas líquidas. O MP fino inalável (com
diâmetro aerodinâmico de até 2,5 µm) não é resultado de emissões diretas, mas pode
ser formado na atmosfera por reações químicas envolvendo poluentes gasosos.

Os números 2,5 e 10 referem-se ao tamanho aerodinâmico da partícula, ou


seja, ao se falar MP 2,5, significa que a partícula possui diâmetro igual ou menor
a 2,5 µm. Ao se referir ao MP10, significa que a partícula possui diâmetro igual
ou inferior a 10 µm. Essa padronização é importante para a medição do nível
de qualidade do ar e como parâmetro à pesquisa sobre efeitos à saúde. Quanto
menor a partícula, mais facilmente ela se introduz no sistema respiratório, sendo
chamada de partícula inalável, que pode atingir as vias respiratórias inferiores. Esse
MP inalável apresenta uma característica importante que é a de transportar gases
absorvidos em sua superfície até as porções mais distais das vias aéreas, onde
ocorrem as trocas de gases no pulmão.

O pequeno tamanho dessas partículas permite a fácil entrada no sistema


respiratório humano. Longos períodos de exposição proporcionam o acúmulo das
partículas nos pulmões, afetando a respiração e produzindo sintomas respiratórios.
Uma vez no pulmão, essas pequenas partículas podem se deslocar até o sistema
circulatório e causar doenças cardiovasculares, assim como impactos provenientes
de componente tóxicos presentes no material particulado.

Fontes de emissão de material particulado incluem emissões de processos


industriais, veículos automotores, incineradores, usinas elétricas, e outras fontes de
queima de combustíveis.
PM 2.5
Partículas de combustão,
Cabelo Humano compostos orgânicos, metais, etc.
50-70 µm
2.5 µm (microns) em diâmetro
(microns) em diâmetro

PM10
Poeira, pólen, mofo, etc.
<10 µm (microns) em diâmetro

90 µm (microns) em diâmetro
Areia de praia fina

Figura 4 – Diferenças entre MP10 e MP2,5 e comparações com um fio de cabelo e um grão de areia
Fonte: Agência de Proteção Ambiental dos EUA

88
Aproximadamente 50% do MP no interior das casas é proveniente do ambiente
externo. À medida que vão se depositando no trato respiratório, essas partículas
passam a ser removidas por alguns mecanismos de defesa. O primeiro mecanismo
é o espirro, desencadeado por grandes partículas que, devido a seu tamanho,
não conseguem ir além das narinas, onde acabam se depositando. A tosse é um
mecanismo semelhante que acontece quando há a invasão do trato respiratório
inferior (além da laringe) por partículas.

Quando as partículas se depositam na superfície das células do trato respiratório,


outro mecanismo de defesa entra em funcionamento: o aparelho chamado de muco-
ciliar, que são células com cílios e que secretam muco. Os cílios possuem a função
de permanecer em movimento, empurrando o muco e as partículas aderentes
para a boca. Ao chegar à orofaringe, essas partículas podem ser expelidas ou
deglutidas. Aquelas partículas que atingem as porções mais distais das vias aéreas
são fagocitadas (englobadas) pelos macrófagos alveolares, sendo então removidas
via aparelho mucociliar ou sistema linfático, ou seja, algumas partículas conseguem
penetrar nas células do organismo.

Alguns estudos já confirmaram que respirar o ar poluído em grandes centros


urbanos, como a cidade de São Paulo, equivale a fumar dois cigarros por dia.
“A gente tem uma perda da capacidade pulmonar. Isso explica porque se morre
mais de bronquite crônica, de asma, de enfisema pulmonar e de câncer de pulmão
nas cidades poluídas”, diz o pesquisador Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição
da USP.

Figura 5 – Pulmões expostos ao tabaco (esquerda) e não exposto ao tabaco (direita)


Fonte: Acervo do conteudista

Poluição do ar em SP equivale a fumar dois cigarros por dia.


Explor

https://goo.gl/nAmd86

89
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Benzeno
O benzeno é um poluente perigoso do ar que pode acelerar a carcinogênese
e aumentar o risco para a saúde humana. Diversos estudos forneceram evidência
a respeito do efeito do benzeno associado à alteração genética, à mutação
cromossômica etc.
A exposição a níveis excessivamente altos de benzeno pode causar câncer nos
rins, testículos, cérebro, pâncreas, estômago, pulmão, trato respiratório, bexiga e
útero. O benzeno também pode provocar leucemia mieloide aguda e também foi
reconhecido como causador de danos ao DNA em células de mamíferos.
Exposições prolongadas ao benzeno podem causar euforia seguida de vertigem,
batimentos cardíacos irregulares, dores de cabeça, tonturas, náuseas e inconsciência.
Também já foram relatados sintomas como falta de ar, bronquite, irritabilidade
nervosa e instabilidade ao caminhar. Outros efeitos do benzeno são distúrbios do
sangue, efeitos nocivos sobre a medula óssea, anemia e menor capacidade de
coagulação sanguínea, danos ao sistema imunológico e toxicidade reprodutiva e do
desenvolvimento. Verificou-se que o benzeno é mais suscetível às mulheres do que
aos homens. Exposição ao benzeno pode causar transtorno menstrual e retardar o
desenvolvimento fetal.

Você Sabia? Importante!

Fechado acordo que trata da exposição do Benzeno em postos de combustíveis


Os frentistas, demais trabalhadores em postos de combustíveis e a população que neles
abastece seus veículos obtiveram uma importante vitória no último dia 30 de junho de
2016, em Brasília. Após muita polêmica e discussões, finalmente foi fechado o acordo que
vai criar um Anexo na Norma Regulamentadora (NR) nº 09 sobre a exposição ocupacional
ao Benzeno em Postos Revendedores de Combustíveis (PRC), além de implantar em um
período que acompanhará uma Portaria do INMETRO a recuperação dos vapores que se
desprendem durante o abastecimento. No anexo estarão presentes os prazos para trocas
das bombas de abastecimentos, além de detalhamentos de treinamentos e monitora-
mentos na saúde dos trabalhadores, entre outras conquistas.
O contato do trabalhador com o benzeno, substância química cancerígena presente na
gasolina, em indústrias químicas, petroquímicas e Siderurgia, pode desenvolver adoecimentos
hematológicos cujo ápice pode ser a Leucemia Mieloide Aguda, doença ligada à má formação
de células dentro da medula óssea. A gasolina contém, obrigatoriamente, menos de 1% do
produto, mesmo assim é um potencial indutor de adoecimentos para quem está exposto a ele.
O cancerígeno, no momento do abastecimento em contato com o ar, evapora-se rapidamente,
contaminado o meio ambiente do trabalho e é um problema considerado grave não só para
trabalhadores, mas também para a comunidade em geral.
Para cada mil litros de gasolina comercializados no posto de combustíveis, 1,3 litro evapora
durante o abastecimento. Essa perda provoca a contaminação do meio ambiente e aumenta
o risco de danos à saúde de todos. Por isso, a medida de recuperação do vapor nas bombas de
gasolina é uma ação mais eficaz para a proteção dos trabalhadores e a população em geral
(Publicado em 11/07/2016).

Fonte: https://goo.gl/JJge2Q

90
Compostos Orgânicos Voláteis (COV)
Os compostos voláteis têm potenciais efeitos cancerígenos em seres humanos
e são denominados toxinas do ar. Esses compostos reagem com óxidos de azoto
(NOx) na presença de luz solar e são um dos componentes do chamado smog
fotoquímico, que é uma neblina densa que restringe a visibilidade. Os vapores
nebulosos causam irritação nos olhos e nos pulmões. Atualmente, os especialistas
em meio ambiente chamam de smog a poluição que automóveis e fábricas provocam
no ar das grandes cidades, mesmo que não haja neblina.

Figura 6 – Smog fotoquímico em grande centro urbano


Fonte: istock/getty images

Chumbo (PB)
O Chumbo é um elemento metálico encontrado na natureza. Sua exposição
pode ocorrer por meio de inalação, ingestão de comida, água, solo ou partículas
de poeira.

As crianças, recém-nascidos e fetos são os mais suscetíveis aos efeitos de


exposição ao chumbo. Esse poluente pode causar deficiência intelectual, danos ao
cérebro e doenças no fígado. Pode ser um fator no aumento de pressão sanguínea
e prejudicial ao sistema nervoso. O chumbo pode ser acumulado e armazenado nos
ossos por décadas e pode ser liberado sempre que houver demanda de cálcio, como
durante a gestação e a lactação. Durante a lactação, o chumbo cruza a barreira
placentária e é detectado no leite materno. Essa é a principal fonte de chumbo para
bebês e que pode causar problemas neurológicos na criança em desenvolvimento.

91
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
A presença do chumbo na atmosfera se dá, principalmente, pela queima de
materiais contaminados com chumbo, atividades industriais como mineração,
além de fábricas de reciclagem de baterias e pela fabricação e processamento de
produtos que contém chumbo.

No Brasil, é proibido uso de chumbo nos combustíveis para carros há cerca


de 20 anos, mas em alguns países vizinhos ele ainda é permitido. Curiosamente,
arsênio, cobre e chumbo são metais encontrados em bebidas destiladas.

Você Sabia? Importante!

Poluição do ar pode estar ligada a problemas de saúde mental em crianças,


revela pesquisa
Pode haver uma ligação entre poluição do ar e problemas de saúde mental em crianças,
revelou estudo recente de pesquisadores da Universidade Umeå, na Suécia.
Publicado em junho no periódico BMJ Open, o estudo é o primeiro a trazer evidências
convincentes de um vínculo entre ar poluído e problemas psiquiátricos em crianças
e adolescentes.
Ele partiu de uma pesquisa anterior que havia vinculado poluentes atmosféricos a
doenças mentais e sugere que mesmo aumentos pequenos na poluição atmosférica
podem ter efeito dramático sobre a saúde mental de crianças.
Os pesquisadores analisaram a exposição à poluição do ar de mais de 500 mil crianças
na Suécia, comparando seus níveis de exposição à poluição com seus históricos de uso
de medicamentos receitados por médicos.
Constataram que crianças que vivem em áreas com concentrações mais elevadas de
dióxido de nitrogênio, ou NO2 – um poluente aéreo perigoso – apresentam probabilidade
maior de tomar medicamentos associados a doenças mentais de longo prazo.
O estudo não confirma se existe relação causal entre poluição do ar e problemas infantis
de saúde mental, mas parece indicar uma correlação entre as duas coisas. As descobertas
sugerem que reduzir a poluição do ar pode aliviar os problemas de saúde mental de
crianças, dizem os pesquisadores.
“Os resultados podem significar que uma concentração menor de poluentes, vindos
primeira e principalmente do tráfego de veículos, pode reduzir os transtornos psiquiátricos
em crianças e adolescentes”, falou Anna Oudin, pesquisadora da Universidade Umeå e
líder do estudo, falando ao jornal The Guardian esta semana.
A poluição do ar é um problema grave de saúde em todo o planeta. Quase 4
milhões de pessoas têm morte precoce todos os anos devido à poluição externa do
ar, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Nos Estados Unidos, a poluição do ar causa 200 mil mortes precoces a cada ano.
Ela geralmente é associada a problemas de saúde como asma e doenças cardíacas,
mas há evidências de que poluentes como o NO2 e materiais particulados finos
possam contribuir para problemas de saúde mental como ansiedade e depressão.

92
Nos Estados Unidos, bairros cujos habitantes têm baixa renda e são minorias,
muitas vezes existem em áreas de alta concentração dos chamados superpoluentes
– as piores fontes de poluição industrial do país.
As pessoas desses bairros são expostas a um nível desproporcional de poluentes
ambientais, fato que aumenta seu risco de sofrer problemas de saúde física e
mental ligados à poluição atmosférica.
Os pesquisadores observam que será preciso realizar mais estudos para entender a
relação precisa entre poluição do ar e saúde mental.
Os autores do estudo observaram: “O impacto forte que os problemas de saúde
mental infantis e juvenis exercem sobre a sociedade, além da associação plausível
e evitável da exposição à poluição do ar merecem atenção especial” (Publicado em
26/07/2016. Fonte: The Huffington Post, traduzido por Huffpost Brasil).

Fonte: https://goo.gl/XAiQ0b
Explor

Poluição atmosférica: Causas, consequências e responsabilidades https://goo.gl/zxSWWV

Histórico dos Efeitos da Poluição Atmosférica


A atenção à poluição do ar começou com episódios de poluição excessiva, que
aconteceram seguidos do aumento do número de mortes em algumas cidades da
Europa e Estados Unidos.

O mundo testemunhou três episódios agudos do papel lesivo da poluição do ar


para a saúde humana:
• 1930: na Bélgica, após três dias consecutivos de intensa neblina combinada
a uma massa muito estável de ar contendo emissões industriais, cerca de 60
pessoas faleceram devido a complicações respiratórias;
• 1948: numa região altamente industrializada da Pensilvânia (Estados Unidos),
onde quase metade da população local manifestou algum tipo de sintoma de
infecção respiratória, envolvendo, inclusive, casos fatais;
• 1952: o episódio mais famoso registrado na Literatura ocorreu em Londres.
Após quatro dias ininterruptos de smog, observou-se crescimento repentino e
inesperado na incidência de mortalidade por doenças respiratórias e cardiovas-
culares, registrado em cerca de 4 mil óbitos nas semanas subsequentes.

93
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4

Figura 7 – O grande smog de Londres, que ocorreu em 1952


Foto: Acervo do conteudista

No ano de 1952, um episódio de inversão térmica impediu a dispersão de


poluentes gerados pelas indústrias e pelos aquecedores domiciliares que utilizavam
carvão como combustível, e uma nuvem, composta principalmente por material
particulado e enxofre (em concentrações até nove vezes maiores do que a média),
permaneceu parada sobre a cidade por aproximadamente três dias, levando a
um aumento de quatro mil mortes em relação à média de óbitos em períodos
semelhantes. É possível observar na Figura 7 algumas fotografias desse episódio,
que deixou a cidade no escuro, em plena luz do dia.

Diante desses eventos trágicos, a associação entre poluentes aéreos e aumento


da morbi-mortalidade começou a ser pesquisada por diversas universidades,
buscando-se conhecer os efeitos dos poluentes na saúde humana e compreender
os controles das emissões de poluentes do ar. Dessa forma, em 1955, o Congresso
norte-americano liberou cinco milhões de dólares para a realização de estudos
sobre o impacto da poluição atmosférica sobre a saúde e a economia.

Até aquele momento, não se discutiam ações de controle ambiental. Só a


partir do início da década de 1960, foi criado um programa federal de poluição
atmosférica, ligado ao Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar Social dos
Estados Unidos.

Novos episódios de aumento súbito da poluição continuaram ocorrendo, um


deles em Nova Iorque, durante o mês de novembro de 1966, com forte apelo
da mídia. Diante desses novos episódios, ainda na década de 1960, os Estados
Unidos estabeleceram padrões de qualidade do ar, especificando os seis poluentes
atmosféricos que seriam controlados: MP, SO2, CO, NO2, O3 e Pb. A fim de efetivar
esse controle, criou-se a Agência de Proteção Ambiental (EPA) norte-americana.

94
Dessa forma, várias medidas de controle foram implantadas. Em 1990, foram
conferidos à EPA poderes para determinar os critérios técnicos de controle das
substâncias tóxicas, com base nos seus efeitos à saúde.

Vários estudos epidemiológicos e experimentais contribuíram consideravel-


mente para a implantação desses controles, bem como para a elaboração de
manuais de orientação. Porém, ainda que aprimoradas ao longo dos anos, tais
medidas de controle não foram suficientes. Em 1991, aproximadamente 87 mi-
lhões de pessoas nos Estados Unidos permaneciam expostas a níveis superiores
aos padrões de qualidade do ar estabelecidos pela Legislação norte-americana.

Na Europa, o desenvolvimento de ações controladoras também foi bastante


influenciado pelo episódio ocorrido em 1952, na cidade de Londres. O Parlamento
inglês, em 1956, atribuiu às autoridades locais o controle das áreas de maior risco
da ocorrência de acúmulo de fumaça preta emitida pelas chaminés das residências,
obrigando a troca do sistema a carvão por eletricidade, gás ou óleo diesel.

Para tanto, o governo forneceu os subsídios necessários para a mudança dos


sistemas de calefação para esses tipos de combustível. Os chamados Clean Air
Acts, de 1956 e 1968, também ampliaram os controles de emissão de poluentes
atmosféricos industriais, regulamentando as emissões de SO2 e MP.

Houve grande resistência por parte do setor industrial em cumprir as metas de


adequação e diminuição da quantidade de emissão desses poluentes.

O fato é que, ao longo dos anos, as concentrações dos poluentes foram


decrescendo nas grandes cidades inglesas, parte em função de um controle social
mais efetivo, mas também em decorrência do ingresso da Inglaterra no Mercado
Comum Europeu.

A Comunidade europeia, já no início dos anos 1970, demonstrou, por meio de


propostas e discussões de medidas de controle, estar suficientemente convencida
da existência de danos à saúde causados pelas altas concentrações de poluentes
atmosféricos. Esse fator foi fundamental para que a Inglaterra, com a sua inserção
junto à Comunidade Europeia, em 1973, fosse obrigada a se adequar à Legislação
no que tange ao controle ambiental.

Em 1976, uma comissão de países europeus estabeleceu padrões de qualidade


do ar para SO2, CO, NO2, MP e oxidantes fotoquímicos (O3, por exemplo). Esses
padrões foram aprimorados ao longo dos anos, subsidiando as legislações dos
diversos países europeus de maneira uniforme.

95
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4

Figura 8 – Informe publicitário da cidade de Nova Iorque, alertando para a poluição do ar


Fonte: Wikimedia/commons

À medida que os países desenvolvidos foram aperfeiçoando formas de controle


ambiental, várias indústrias passaram a migrar para países nos quais a Legislação
e o controle fossem mais amenos ou mesmo inexistentes. Entre as décadas de
1960 e 1970, inúmeros países em desenvolvimento, querendo novas fontes de
recursos e desenvolvimento, receberam indústrias multinacionais de produtos
de base, principalmente na área petroquímica. Muitas dessas indústrias tinham
como sede países nos quais a Legislação Ambiental determinava a realização de
altos investimentos em tecnologia, principalmente para a prevenção de possíveis
acidentes ambientais. Com isso, outros eventos envolvendo o aumento das
concentrações de poluentes atmosféricos continuaram a ocorrer, mas dessa vez
nos países em desenvolvimento.

Mesmo nos países desenvolvidos, onde o controle ambiental é mais efetivo,


existe contínua discussão crítica sobre os efeitos da poluição atmosférica, mesmo
naquelas concentrações consideradas “seguras” pela Legislação. Observa-se,
também, que o rápido crescimento urbano nos países em desenvolvimento fez
com que as fontes móveis ou veiculares se tornassem um problema de grande
magnitude, devido ao número e estado de conservação desses veículos, muitas
vezes sem o controle necessário quanto à qualidade do combustível, dos motores e
mecanismos de filtragem dos gases emitidos por eles.

Vale ressaltar que o número de estudos sobre poluição atmosférica e seus efeitos
deletérios à saúde tem crescido vertiginosamente ao longo das últimas décadas.
O conhecimento científico gerado tem influenciando as políticas públicas de
controle ambiental nesses países.

96
Grupos Suscetíveis
Crianças
As crianças apresentam grande suscetibilidade à exposição aos poluentes aéreos.
Apresentam maior ventilação por minuto devido ao metabolismo basal acelerado
e à maior atividade física quando comparadas aos adultos, além de permanecerem
por mais tempo em ambientes externos. Tomando como base o peso corporal, o
volume de ar que passa através das vias respiratórias da criança em repouso é o
dobro daquele nos adultos, em condições semelhantes. Adicionalmente, o sistema
imunológico, que ainda não está totalmente desenvolvido, aumenta a possibilidade
de infecções respiratórias.

Idosos
Os idosos são suscetíveis aos efeitos adversos da exposição aos poluentes
atmosféricos por apresentarem sistema imunológico menos eficiente e progressivo
declínio na função pulmonar que pode levar à obstrução das vias aéreas e à limitação
aos exercícios.

Portadores de Doenças Crônicas Pré-Existentes


O terceiro grupo mais suscetível, independente da idade, é formado pelos
portadores de doenças crônicas pré-existentes que atingem, principalmente, os
sistemas respiratório (asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC e
fibroses) e circulatório (arritmias, hipertensão e doenças isquêmicas do coração),
além de doenças crônicas, como diabetes.

Suscetibilidade Genética
A produção de radicais livres e a indução da resposta inflamatória pelos poluentes
no sistema respiratório pode ser neutralizada pelas substâncias antioxidantes
presentes na camada de revestimento do epitélio respiratório, que são capazes de
diminuir o estresse oxidativo e a formação de radicais livres no organismo. Essa
seria a primeira linha de defesa contra os efeitos adversos dos poluentes.

Efeitos da Poluição do Ar na Gestação


A exposição a poluentes do ar durante a gestação pode comprometer o desen-
volvimento fetal e ser causa de retardo de crescimento intrauterino, prematuridade,
baixo peso ao nascer, anomalias congênitas e, nos casos mais graves, óbito intrau-
terino ou perinatal.

97
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Os mecanismos biológicos dos efeitos dos poluentes aéreos durante a gestação
não estão bem esclarecidos. A intensa proliferação celular, a imaturidade fisiológica,
o acelerado desenvolvimento de órgãos e as mudanças no metabolismo aumentam
a suscetibilidade do feto à inalação dos poluentes aéreos pela mãe, e essa, por sua
vez, pode ter seu sistema respiratório comprometido pela ação dos poluentes e,
com isso, afetar o transporte de oxigênio e glicose através da placenta.

Você Sabia? Importante!

POLUIÇÃO E CÂNCER DE PULMÃO


A Organização Mundial da Saúde estima que no ano de 2008 houve 12,7 milhões de
novos casos de câncer em todo o Planeta, que ocasionaram 7,6 milhões de óbitos, sendo
1,61 milhões e 1,18 milhões os casos novos e número de óbitos por câncer de pulmão.
Estudos têm evidenciado os efeitos da exposição a poluentes e o desenvolvimento de
câncer de pulmão, atribuídos tanto à ação direta dos cancerígenos presentes na poluição,
como à inflamação crônica induzida pelos mesmos.
Um estudo prospectivo envolvendo 500.000 adultos de 50 estados dos EUA mostrou um
aumento de 14% na incidência de câncer de pulmão, associado à elevação em 10 µg/m3 na
concentração do MP2,5. Pela análise de diversos estudos, foi sugerido que, em média, a
exposição crônica à poluição do ar aumenta de 20-30% o risco de incidência de câncer
de pulmão.

Em Síntese Importante!

“Frequentemente, os efeitos da má qualidade do ar não são tão visíveis comparados a


outros fatores mais fáceis de serem identificados. Contudo, os estudos epidemiológicos
têm demonstrado correlações entre a exposição aos poluentes atmosféricos e os efeitos
de morbidade e mortalidade, causadas por problemas respiratórios (asma, bronquite,
enfisema pulmonar e câncer de pulmão) e cardiovasculares, mesmo quando as
concentrações dos poluentes na atmosfera não ultrapassam os padrões de qualidade do
ar vigentes. As populações mais vulneráveis são as crianças, os idosos e as pessoas que
já apresentam doenças respiratórias.
A poluição atmosférica traz prejuízos não somente à saúde e à qualidade de vida das
pessoas, mas também acarretam maiores gastos do Estado, decorrentes do aumento
do número de atendimentos e internações hospitalares, além do uso de medicamentos,
custos esses que poderiam ser evitados com a melhoria da qualidade do ar dos centros
urbanos. A poluição de ar pode também afetar ainda a qualidade dos materiais
(corrosão), do solo e das águas (chuvas ácidas), além de afetar a visibilidade”.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente. https://goo.gl/2Y9jlN

98
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Avaliação dos efeitos do material particulado proveniente da queima da plantação
de cana-de-açúcar sobre a morbidade respiratória na população de Araraquara–SP
ARBEX, Marcos Abdo. Avaliação dos efeitos do material particulado prove-
niente da queima da plantação de cana-de-açúcar sobre a morbidade respira-
tória na população de Araraquara–SP. 2001. Tese de Doutorado. Universidade
de São Paulo.
Poluição Atmosférica e Saúde Humana
BRAGA, Alfesio et al. Poluição atmosférica e saúde humana. Revista USP, n. 51,
p. 58-71, 2001.
Fontes de Exposição Humana ao Chumbo no Brasil
CAPITANI, Eduardo M.; PAOLIELLO, Mônica MB; ALMEIDA, Glauce R. Costa.
Fontes de exposição humana ao chumbo no Brasil. Medicina (Ribeirao Preto.
Online), v. 42, n. 3, p. 311-318, 2009.
Associação entre Material Particulado de Queimadas e Doenças Respiratórias
na Região Sul da Amazônia Brasileira
GOUVEIA, Nelson et al. Poluição do ar e efeitos na saúde nas populações de duas
grandes metrópoles brasileiras. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 12, n. 1,
p. 29-40, 2003.

Vídeos
Médico comenta Ligação entre Poluição e Casos de Câncer
https://goo.gl/IlwZPa
Impacto da Poluição na Saúde
https://youtu.be/-X2TLbtXaJ0

Leitura
Ar da Europa já foi tão Poluído quanto o da China
CALIXTO, B. Ar da Europa já foi tão poluído quanto o da China. O que mudou? 2013.
https://goo.gl/RM19Dt

99
Efeitos da Poluição do Ar na Saúde Pública
UNIDADE
4
Referências
BAKONYI, Sonia Maria Cipriano et al. Poluição atmosférica e doenças respiratórias
em crianças na cidade de Curitiba, PR. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 5, p.
695-700, 2004.

BRAGA, Alfésio Luís Ferreira et al. Associação entre poluição atmosférica e


doenças respiratórias e cardiovasculares na cidade de Itabira, Minas Gerais, Brasil.
Cadernos de Saúde Pública, v. 23, p. S570-S578, 2007.

CANÇADO, J. E. Repercussões clínicas da exposição à poluição atmosférica.


Jornal Brasileiro de Pneumologia, 32 (Supl 1), 32(Supl 1), S5-S11, 2006.
Disponível em: <http://doi.org/10.1590/S1806-37132006000800003>.
Acesso em: 07 nov 2016.

CAPITANI, Eduardo M.; PAOLIELLO, Mônica M. B.; ALMEIDA, Glauce R. Costa.


Fontes de exposição humana ao chumbo no Brasil. Medicina (Ribeirao Preto.
Online), v. 42, n. 3, p. 311-318, 2009.

DAPPER, S. N.; SPOHR, C.; ZANINI, R. R. Poluição do ar como fato de risco para
a saúde: uma revisão sistemática no estado de São Paulo. Estudos Avançados,
30(86), p.83-97, 2016. Disponível em: <http://doi.org/10.1590/S0103-
40142016.00100006>. Acesso em: 07 nov 2016.

ENERGY and Environmental Affairs. Air Monitoring Reports & Studies. Disponível
em: <www.mass.gov/eea/agencies/massdep/air/quality/air-monitoring-reports-
and-studies.html>. Acesso em: 3 nov. 2016.

FREITAS, C. U. et al. Poluição do ar em cidades brasileiras: selecionando


indicadores de impacto na saúde para fins de vigilância. Epidemiologia E Serviços
de Saúde, 22(3), 445-454, 2011. Disponível em: <http://doi.org/10.5123/
S1679-49742013000300009>. Acesso em: 07 nov 2016.

GOUVEIA, N. et al. Poluição do ar e efeitos na saúde nas populações de duas grandes


metropóles brasileiras. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 12(1), 29-40, 2003.
Disponível em: <http://doi.org/10.5123/S1679-49742003000100004>.
Acesso em: 07 nov 2016.

MARTINS, Lourdes Conceição et al. Poluição atmosférica e atendimentos por


pneumonia e gripe em São Paulo, Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 36, n. 1,
p. 88-94, 2002.

MIRAGLIA, S. G. E. K.; GOUVEIA, N. Custos da poluição atmosférica nas regiões


metropolitanas brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva, 19(10), 4141-4147, 2014.
Disponível em: <http://doi.org/10.1590/1413-812320141910.09232014>.
Acesso em: 07 nov 2016.

100
DA MOTTA, Ronaldo Serôa; MENDES, Ana Paula Fernandes. Custos de saúde
associados à poluição do ar no Brasil. Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 25,
n. 1, p. 165-198, 1995.

PEREIRA, L. A. A. et al. Poluição atmosférica e saúde humana. Revista USP,


0(51), 58-71. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/
view/35099>. Acesso em: 07 nov 2016.

RODRIGUES, C. G. et al. Projeção da mortalidade e internações hospitalares na


rede pública de saúde atribuíveis à poluição atmosférica no Estado de São Paulo
entre 2012 e 2030. Revista Brasileira de Estudos de População, 32(3), 489-50,
2015. Disponível em: <http://doi.org/10.1590/S0102-3098201500000029>.
Acesso em: 07 nov 2016.

101
Os cursos da Cruzeiro do Sul Virtual promovem formação de alta qualidade
para o estudante que aspira a uma carreira de sucesso. Na modalidade
Semipresencial, com a inclusão de aulas presenciais, todos aqueles que
buscam pela Graduação têm flexibilidade e autonomia de horário, sem
abdicar da convivência universitária.

O conteúdo desta Disciplina proporciona
conhecimento essencial para que o
futuro profissional torne-se qualificado
para atender o mercado de trabalho
e realizar as tarefas correlatas à sua
função com maestria, destacando-se na
área escolhida.

www.cruzeirodosulvirtual.com.br

You might also like