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O poder do império construído pelos romanos era tão grande que acabou
se tornando uma referência para todo o mundo ocidental, mesmo
séculos depois de ter chegado ao seu final.
Localização
Roma é capital da Itália, país europeu localizado em uma das penínsulas
do Mar Mediterrâneo. Trata-se da Península Itálica, situada na cordilheira
dos Alpes e banhada pelos mares Adriático, Tirreno e Jônico.
O último rei etrusco foi Tarquínio, o Soberbo. Ele foi deposto em 509 a.C.,
provavelmente por ter descontentado os patrícios com medidas a favor
dos plebeus.
Período Republicano
República é uma palavra de origem latina e significa “coisa pública”.
Durante a passagem da monarquia para a república, eram os patrícios
que detinham o poder e controlavam as instituições políticas.
Concentrando o poder religioso, político e a justiça, eles exerciam o
governo procurando se beneficiar.
Durante seu governo, Júlio César formou a mais poderosa legião romana,
promoveu uma reforma político-administrativa, distribuiu terras entre
soldados, impulsionou a colonização das províncias romanas e realizou
obras públicas.
O imenso poder de César levou os senadores a tramar sua morte, o que
aconteceu em 44 a.C. Os generais Marco Antonio, Lépido e Otávio
formaram, então, o Segundo triunvirato, impedindo que o poder passasse
para as mãos da aristocracia, que dominava o Senado.
O Império Romano
Após vencer Marco Antonio, Otávio recebeu diversos títulos que lhe
conferiram grande poder. Por fim, em 27 a.C., o senado atribuiu-lhe o
título de Augusto, que significava consagrado, majestoso, divino.
Alto Império
Augusto, durante seu governo (27 a.C. a 14 d.C.), adotou uma série de
medidas visando controlar os conflitos sociais, solucionar problemas
econômicos e, com isso, consolidar o império fazendo com que Roma
atingisse seu apogeu e vivesse um longo período de prosperidade e de
relativa tranquilidade social, também conhecido como Pax Romana. Isso
foi possível porque o imperador Otávio abandonou a política agressiva de
conquistas, promoveu a aliança entre aristocracia e os cavaleiros
(plebeus enriquecidos) e apaziguou a plebe com a política do “pão e
circo” (panem et circenses) (anexo), que consistia em distribuir trigo
para a população carente e organizar espetáculos públicos de circo.
Após a morte de Augusto (14 d.C.) até o fim do século II, quatro dinastias
se sucederam no poder. São elas:
Baixo Império
Essa fase foi marcada por crises em diferentes setores da vida romana,
que contribuíram para pôr fim ao grande império.
Uma das principais crises diz respeito à produção agrícola. Por séculos,
os escravos foram a principal mão de obra nas grandes propriedades
rurais. Entretanto, com a diminuição das guerras, o reabastecimento de
escravos começou a ficar difícil.
Divisão do Império
Os trabalhadores de Roma
Em Roma, como nas demais cidades do Império, existiam diferentes
tipos de trabalhadores, como carpinteiros, marceneiros, cesteiros,
ceramistas, caldeireiros. Toda a produção desses trabalhadores era
vendida nas lojas das cidades.
É preciso lembrar que grande parte do trabalho na cidade era executada
por escravos. Em sua maioria prisioneiros de guerra, eram eles os
responsáveis por qualquer tipo de trabalho, desde os artesanais até os
domésticos.
A vida conjugal
Dentre as instituições romanas destacou-se o casamento. Em Roma,
com apenas 12 anos as meninas se casavam por intermédio de arranjos
familiares, isto é, os pais escolhiam os maridos para as filhas. Um
casamento com cerimônia pública era importante para mostrar à
sociedade que os nubentes pertenciam a uma família de posses.
O direito romano
Desde criança, o romano era educado para atender as necessidades do
estado e respeitar as tradições e os costumes. Uma série de normas
regia a conduta dos cidadãos tanto na vida familiar como na vida
pública. Daí surgiram leis que orientavam as relações entre os
indivíduos. Reunidas, essas leis formaram códigos jurídicos, que deram
origem ao Direito Romano.
A cultura romana
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos
"copiaram" muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega.
A arte romana foi influenciada tanto por etruscos, um dos povos que
ocuparam a península Itálica, quanto por gregos.
Roma (continuação)
Ciências e tecnologia
O desenvolvimento que os romanos alcançaram nas ciências foi
bastante limitado e sofreu marcante influencia dos gregos. A medicina
somente passou a ter um caráter científico depois que os primeiros
médicos gregos se estabeleceram em Roma; a matemática e a
geometria que os romanos conheceram também não alcançaram
progresso significativo.
Religião Romana
No culto familiar uma prática muito comum era a existência de
santuários domésticos, onde eram cultuados os deuses protetores do lar
e da família. Os deuses protetores da família eram os Lares.
Além dos deuses ligados a família, havia os que eram cultuados pelos
habitantes da cidade. O culto público era organizado pelo Senado. Com
ele, os fiéis esperavam obter dos deuses boas colheitas ou vitórias nas
guerras.
O cristianismo
No período Imperial surgiu em Roma uma nova religião: o cristianismo.
Monoteísta, essa religião pregava a salvação eterna, isto é, o perdão de
todos os pecados e a recompensa de viver no paraíso após a morte. Seu
deus era um só – Deus - e Jesus Cristo, seu filho, era o messias que tinha
sido enviado à Terra para difundir seus ensinamentos.
Economia
A economia do império Romano teve como base uma única moeda
corrente, a cobrança de baixas tarifas alfandegárias e uma rede de
estradas e portos protegidos. Tudo isso para facilitar as trocas
comerciais entre as várias regiões.
O exército romano
Resumo: O Império Romano teve início com a fundação da cidade e o período histórico em que Roma foi governada
por reis foi chamado de realeza. Existiam quatro classes: patrícios, clientes, escravos e plebeus. Os poderes públicos
eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. O fim da realeza teve como marco a expulsão de Tarquínio. Na fase
da república, houve a substituição do rex por dois comandantes militares. As classes sociais eram classe baixa e
nobreza. A economia se baseava na mão-de-obra escrava. A organização política era composta por cônsules, pelo
senado e pelo povo. Alto império é o período histórico do reinado de Augusto até a morte de Diocleciano. Os poderes
públicos eram exercidos pelo imperador, consilium principis, funcionários imperiais, magistraturas republicanas,
senado, comícios e pela organização das províncias. A fase do baixo império é caracterizada pela monarquia
absolutista. E o fim dessa fase é marcado pela morte do Imperador Justiniano. Os poderes públicos eram exercidos
pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador. Chama-se período bizantino a fase histórica que vai
desde a morte de Justiniano até a tomada da cidade de Constantinopla. Nesse período os poderes ainda estavam
concentrados nas mãos de um imperador. O direito romano é considerado a mais importante fonte histórica do
direito. Sua atualidade é evidente. Ele está presente em vários institutos jurídicos e princípios atuais. Ao estudá-lo,
ocorre a análise das origens do direito vigente.
Palavras-chave: Direito Romano. Organização social, política e judiciária de Roma. Fontes do Direito Romano.
Abstract: The Roman Empire had beginning with the foundation of the city and the historical period in that Rome was
governed by kings was called of royalty. Four classes existed: compatriots, clients, slaves and plebeian. The public
powers were exercised by the king, by the senate and by the people. The end of the royalty had like landmark the
expulsion of Tarquínio. In the phase of the republic, had the substitution of the rex for two military commanders. The
social classes were underclass and nobility. The economy itself based in the slave labor. The political organization
was composed by consuls, by the senate and by the people. High empire is the historical period that goes of the reign
of Augusto up to death of Diocleciano. The public powers were exercised by the emperor, by the consilium principis,
by the imperial members of staff, republican magistracies, senate, assemblies and organization of the provinces. The
phase of the short empire is characterized by the absolutist monarchy. And the end of that phase is marked by the
death of the Emperor Justiniano. The public powers were exercised by the Senate, by the republican magistracies
and by the Emperor. Byzantine period is the historical phase that goes since the death of Justiniano up to the taking
of the city of Constantinopla. In that period the powers still were concentrated in the hands of an emperor. Roman
law is considered the most important historical source of law. Its present time is evident. Today it is present in
various legal institutions and principles. Upon studying it, occurs the analysis of the origins of existing law.
Keywords: Roman law. Political, social and judiciary organization of Rome. Sources of the Roman law.
Sumário: 1. Introdução. 2. As fases do Direito Romano. 2.1. O Direito Romano na Realeza (753 a.C. a 510 a.C.). 2.1.1.
Principais eventos. 2.1.2. Organização social. 2.1.3. Organização da família. 2.1.4. Organização da religião. 2.1.5.
Organização política e judiciária 2.1.6. Fontes do direito. 2.2. O Direito Romano na República (510 a.C. a 27 a.C.).
2.2.1. Principais eventos. 2.2.2. Organização social. 2.2.3. Organização da religião. 2.2.4. Organização política e
judiciária. 2.2.5. Fontes do direito. 2.3. O Direito Romano no Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.). 2.3.1. Principais
eventos. 2.3.2. Organização política e judiciária. 2.3.3. Fontes do direito 2.4. O Direito Romano no Baixo Império (284
d.C. a 565 d.C.). 2.4.1. Principais eventos 2.4.2. Organização política e judiciária. 2.4.3 Fontes do direito. 2.5. O
Direito Romano no período Bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.). 2.5.1. Principais eventos 2.5.2. Organização política e
judiciária 2.5.3. Fontes do direito. 3. Conclusão.
1 INTRODUÇÃO
Conforme enfatizado pelo Professor Doutor César Fiúza, o “Direito Romano é a mais importante fonte histórica do
Direito nos países ocidentais, e, ainda, a maioria dos institutos e princípios do Direito Civil nos foi legada pelo gênio
jurídico dos romanos” (FIUZA, 2006, p. 160).
E, é de conhecimento de todos que o nosso direito deriva do Romano. Dessa forma, ao estudá-lo, buscam-se as origens
do nosso próprio direito vigente. Além disso,
“A perenidade do direito romano é fato evidente. Sua atualidade não pode ser negada, pela presença constante em
inúmeros institutos jurídicos de nossa época.
Além disso, qualquer estudo profundo de direito privado principia sempre por introdução histórica que investiga as
raízes romanas do assunto tratado.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 57).
Então, de extrema relevância este artigo, o qual com certeza será responsável para aprofundar o conhecimento no
âmbito do Direito Privado. Passa-se então, ao desenvolvimento do tema.
Os manuais de Direito Romano indicam que o Império Romano teve início com a fundação da Cidade, em 753 a.C. e
que o período histórico em que Roma foi governada por reis foi chamado de realeza. Essa cidade teria sido governada
por sete reis até 510 a.C., ano considerado como fim desse período histórico.
Rômulo foi o primeiro rei, sendo considerado fundador lendário de Roma. Com relação à época da fundação,
considera-se ter sido “a cidade romana constituída, no início, pelos componentes das tribos conhecidas pelos nomes
de ramnenses, tirienses e luceres” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 25), razão pela qual Rômulo, conforme narra César
Fiuza, “dividiu a cidade em três tribos: Tities, Ramnes e Luceres” (FIUZA, 2007, p. 37).
Tendo em vista que nessas tribos havia apenas homens, Rômulo convidou os sabinos, povo vizinho, constituído de
indivíduos de ambos os sexos, para festividades. Nessa ocasião, os romanos teriam raptado as pessoas do sexo
feminino, razão pela qual se iniciou uma guerra entre esses povos. Antes do término da batalha, por influência das
mulheres, os sabinos resolveram se integrar aos romanos, junto à tribo dos Tities.
Sérvio Túlio, penúltimo rei dessa fase, ordenou o primeiro censo na história. Ele “mandou fazer cadastro de todos,
sendo que os censores vasculhavam todos os cantos da cidade à procura de riqueza, para que se pudesse pagar
impostos e ampliar as receitas” (TAVARES, 2003, p. 8).
Vale ressaltar que o fim da realeza (510 a.C.) teve como marco a expulsão do “último rex, Tarqüínio, o Soberbo,
usurpador de poderes realmente imperiais” (ENGELS, 2006, p. 143).
Dentre os habitantes de Roma havia quatro classes bem distintas: os patrícios, os clientes, os escravos e os plebeus.
Os primeiros, homens livres, fundadores da cidade e seus descendentes, agrupados em clãs familiares patriarcais,
denominados gentes, formavam a classe detentora do poder e privilegiada.
Os clientes, de origem diversa, “eram pessoas que se submetiam ao poder de um chefe de família patrício,
oferecendo seus préstimos e seu patrimônio em troca de proteção” (FIUZA, 2007, p. 39). Geralmente eram
estrangeiros e escravos alforriados.
Já os escravos eram a mão-de-obra responsável por praticamente toda a economia romana da época. Viviam sob as
ordens do senhor, ou pater. Por último, os plebeus, que não faziam parte das gentes, estavam em posição de
inferioridade, mas estavam sob a proteção do rei.
Até o reinado de Sérvio Túlio, a plebe não fazia parte da organização política de Roma. Somente após essa ocasião -
com as mudanças introduzidas por esse rei - é que os plebeus ganham cidadania e “entram nos comícios centuriatos,
que se reúnem no Campo de Marte; pagam impostos e prestam serviço militar” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 26).
2.1.3 Organização da família
A família patrícia era uma estrutura organizada, como se fosse uma pequena sociedade com seu governo, chefiado
unicamente pelo pai. Este, que exercia as funções mais elevadas, sendo todos os demais membros submissos a ele.
Essa submissão se dava em todos os sentidos eis que o pater detinha, dentro do lar, poderes ilimitados de pai, esposo,
administrador, sacerdote e, até mesmo, de um juiz cujas decisões nenhuma autoridade tinha o direito de reforma.
Sendo assim, “no pai repousa o culto doméstico; quase pode dizer como o hindu: “Eu sou o deus”. Quando a morte
chegar, o pai será um ser divino que os descendentes invocarão” (COULANGES, 2007, p. 93). Em caso de morte, o
lugar do pai “era ocupado pelo filho primogênito. Se não tivesse, adotava um. O que não podia ocorrer era a vacância
de seu lugar, sob pena de não se dar continuidade ao culto familiar” (FIUZA, 2007, p. 40). E, “cada gens transmitia,
de geração em geração, o nome do antepassado e perpetuava-o com o mesmo cuidado com que continuava o seu
culto” (COULANGES, 2007, p. 119).
Com relação ao conceito de gens, expressão comumente trazida nos manuais de direito romano, pode-se,
resumidamente, considerar que trata-se do “conjunto de pessoas que pela linha masculina descendem de um
antepassado comum” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 26).
Acredita-se que essa organização familiar foi um empecilho para o desenvolvimento das regras comerciais em Roma,
uma vez que, em decorrência da predominância da indústria doméstica, somente foram desenvolvidas relações
contábeis e não-jurídicas entre pai e filhos. Relação cujas decisões, conforme já mencionado, eram tomadas
arbitrariamente pelo detentor do poder patriarcal.
A religião tinha como base duas classes de deuses. Uma era inspirada na alma humana, em que os deuses eram
chamados de domésticos, manes ou lares. Tratava-se dos ancestrais e, a eles, era feito o “culto doméstico, em que se
invocavam os antepassados para proteção. Levava-se-lhes comida e prestavam-se-lhes orações” (FIUZA, 2007, p. 40).
A outra classe era inspirada nos fenômenos naturais, chamados de deuses superiores (deuses do Olimpo), “cujas
principais figuras foram Zeus, Hera, Atena, Juno, a do Olimpo helênico e a do Capitólio romano” (COULANGES, 2007,
p. 132).
Essas duas classes, que alguns autores chamam de religiões, perduraram em harmonia, dividindo o domínio sobre o
homem.
Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. O rei era o supremo sacerdote, chefe do
exército, juiz soberano e protetor da plebe. Seu cargo, que era “indicado por seu antecessor ou por um senador”
(CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 27), era vitalício, mas não hereditário. Apesar disso tudo, podia ser deposto, conforme a
já mencionada expulsão ocorrida com Tarqüínio, o Soberbo.
Já a instituição do senado era como um conselho, que tinha competência para gerir e opinar nos negócios de interesse
público. “O Senado detinha a auctoritas para aconselhar o rei, quando convocado, e para confirmar as decisões dos
comícios” (FIUZA, 2007, p. 41).
Nomeados dentre os chefes das gentes pelo rei, os “senadores, por serem os mais velhos em suas gens, chamavam-
se patres, pais. O conjunto deles acabou formando o Senado (de senex, velho, ancião – conselho dos anciãos)”
(ENGELS, 2006, p. 139/140). E, o “poder, de fato, estava nas mãos dos patres-familias, sendo o Senado sua
representação máxima” (FIUZA, 2007, p. 41).
O último dos três elementos que integram a organização política e judiciária na fase da realeza era o povo. Este era,
no início,
“Integrado pelos patrícios, na idade de serviço militar. Reúne-se em assembléias – os comícios curiatos – (“comitia
curiata”) -, num recanto do fórum denominado mesmo comitium. A lei, proposta pelo rex, é votada pelo populus, que
vota por cúrias. As leis, assim votadas, recebem o nome de leges curiatae” (CRETELLA JÚNIOR: 2007, p. 27).
Então, o povo era a sociedade romana, constituída, no início, apenas de patrícios. Após Sérvio Túlio, que deu à plebe
a cidadania, também passaram a compor a populus romanus.
O povo exercia seus direitos em assembléias, denominadas comícios, onde votavam para decidir sobre propostas
específicas de casos concretos.
Costume pode ser entendido como o “uso repetido e prolongado de norma jurídica tradicional, jamais proclamada
solenemente pelo Poder Legislativo” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 28). Sua autoridade resulta de um acordo tácito
entre todos os componentes da cidade.
Já a lei decorre de uma iniciativa do rex, tendo em vista um caso concreto em que alguém deseja agir contrariando
algum costume. Essa proposta do rei pode ou não ser aceita pelo povo. Se for aceita, a lex é analisada pelo senado.
Caso ratificada torna-se obrigatória perante todos.
Aqui, a autoridade da lei resulta, ao contrário do costume, de um acordo formal entre todos os cidadãos. Então, o
Direito na realeza é:
“Casuístico, porque era criado para cada caso concreto. Empírico, porque se baseava na observação prática, nada
possuindo de científico. A posteriori, porque nascia depois do fato concreto. Finalmente, concreto, uma vez que nada
tinha de abstrato, vinculando-se exclusivamente ao caso concreto” (FIUZA, 2007, p. 42).
Então, a lei na fase da realeza teria surgido de forma gradativa e “como parte da religião. As normas sobre direito de
propriedade e de sucessão estavam dispersas entre as regras relativas aos sacrifícios, à sepultura e ao culto dos
antepassados” (COULANGES, 2007, p. 206).
No início da fase da república, logo após a expulsão de Tarqüínio, o Soberbo, houve a “substituição do rex por dois
comandantes militares (cônsules) dotados de iguais poderes” (ENGELS, 2006, p. 143).
Esses sucessores do rei eram eleitos anualmente, em número de dois, para que governassem de forma alternada, cada
mês um deles controlavam o imperium, enquanto o outro fazia uma fiscalização, com direito de veto ou intercessio.
E, “se perigos gravíssimos ameaçam a república, o cônsul em exercício enfeixa o poder dos dois, tornando-se ditador,
com opoderes absolutos, perdendo o colega o recurso da intercessio (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 30).
Foi nessa época que a diferença entre patrícios e plebeus já não se justificava. Inclusive, por volta dos séculos IV e III
a.C., “a plebe já ocupava todos os cargos da magistratura, antes reservados só aos patrícios” (FIUZA, 2007, p. 54).
Na República, a organização social se modifica um pouco. As classes sociais eram bem distintas: classe baixa (ou plebs
urbana), escravos, Cavaleiros da Ordem Eqüestre e a nobreza.
A economia, assim como na realeza, se baseava na mão-de-obra escrava. Os escravos, parcela significativa da
população, “eram considerados bens semoventes, despidos de personalidade” (FIUZA, 2007, p. 53).
Já a classe baixa, ou plebs urbana, era a casta composta por plebeus pobres, “com profissões menos prestigiosas:
barbeiros, sapateiros, padeiros, açougueiros, pastores, agricultores etc” (FIUZA, 2007, p. 53).
A classe dos Cavaleiros da Ordem Eqüestre era composta, na verdade, por homens de negócio. Atuavam, até mesmo,
em nome de nobres, que não queriam ou não podiam exercer atividades mercantis. Eram os homens que não
integravam a nobreza e que possuíam patrimônio superior a 400.000 sestércios. Esse nível patrimonial era o mesmo
exigido “para se tornar um juiz eqüestre, a quem competia julgar as questões envolvendo corrupção” (FIUZA, 2007, p.
54).
A última classe era a nobreza, também chamada de nobilitas, composta de descendentes de magistrados. Nesta
classe, tinha destaque a Ordem Senatorial. Ao final da República, não era preciso ser descendente de homem público
para integrar essa Ordem.
A nobilitas era considerada a classe administradora e constituía, juntamente com os Cavaleiros, a classe dominante da
época. Posto isso, as demais classes (plebe urbana e os escravos) eram dominados na fase do direito romano na
República.
Na fase anterior, o rei era o supremo sacerdote. Já na República, conforme ensina César Fiuza:
“Os poderes sacerdotais do rei passaram ao rex sacrorum (rei das coisas sacras) na República. Além dele, havia o
Colégio de Pontífices, encabeçado pelo pontifex maximus (sumo pontífice). Com o passar dos tempos, a pessoa do rex
sacrorum se tornou figurativa e quem exercia o poder sacerdotal era o sumo pontífice” (FIUZA, 2007, p.48/49).
Na República, a organização política era composta por cônsules, pelo senado e pelo povo, que se reúne em comícios
populares.
Tendo em vista que os cônsules eram apenas dois e que enquanto um governava, o outro fiscalizava, o
desenvolvimento da população de Roma exigiu a repartição das funções antes concentradas no rex. Por isso, foram
criados vários cargos, dentre eles: questores, censores, edis curuis, pretores, praefecti jure dicundo e governadores
das províncias.
Já o Senado, que exercia funções consultivas, como por exemplo, ratificar leis e decisões dos Comícios, “compõe-se
de 300 patres, nomeados pelos cônsules” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 31). “A partir de 312 a.C., os censores
passaram a nomear os senadores, normalmente, dentre antigos cônsules. Até essa data eram indicados pelos cônsules”
(FIUZA, 2007, p. 47).
O povo, composto por patrícios e plebeus, exercia seus direitos reunidos em comícios:
“Os comícios curiatos e os comícios centuriatos, como na realeza. Além disso, há uma nova espécie de comícios, os
comícios tributos. A plebe, sozinha, reúne-se nos concilia plebis. Nestes concílios, votam-se os plebiscitos. Os
comícios tributos (comitia tributa) são assembléias do povo, cuja unidade de voto é a tribo.” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 32).
Nesses comícios populares, o populus romanus exercia funções legislativas e judiciárias (Comícios Centuriatos); eram
responsáveis pelos testamentos e pelas ad-rogações (Comícios Curiatos); e exerciam funções eletivas e legislativas
(Comícios Tributos e Conselhos da Plebe).
As fontes do direito na fase da República são cinco: os costumes, as leis escritas, o senatusconsultos, a jurisprudência
e os editos dos magistrados.
Em se tratando de um povo conservador, os costumes continuam desempenhando um papel importante como fonte do
direito em Roma. Para César Fiúza,
“um costume só será fonte de Direito, só será verdadeiramente costume se nele estiverem presentes o uso (repetição
constante de uma prática) e a opinio necessitatis (convicção de que aquele uso tem força de norma jurídica).”
(FIUZA, 2007, p. 49).
Para José Cretella Júnior, a autoridade de um costume resulta de um acordo tácito entre os componentes da cidade.
Para esse autor, costume pode ser entendido como o “uso repetido e prolongado de norma jurídica tradicional, jamais
proclamada solenemente pelo Poder Legislativo” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 28).
Pela incerteza oriunda de um ordenamento baseado em costumes, a plebe luta por uma lei escrita, pública, conhecida
e que possa ser invocada contra qualquer um. Havia duas espécies de leis escritas, as leges rogatae e as leges datae.
As primeiras eram propostas por iniciativa de um magistrado, votadas pelo povo e homologadas pelo Senado. Já
as leges datae eram medidas unilaterais tomadas diretamente pelos cônsules, em nome do povo, sem votação e nem
homologação do Senado.
Das leis escritas, fundamental mencionar sobre a Lei das XII Tábuas, considerada até mesmo como sendo fonte de
todo o direito privado. Elas “foram escritas em meio a uma evolução social; foram os patrícios que as fizeram, mas a
pedido e para uso da plebe” (COULANGES, 2007, p. 334). Esse pedido foi feito através de protestos e revoltas
populares.
Diante do caráter tipicamente romano da Lei das XII Tábuas, ocorreu imediata aceitação e, assim que publicadas,
passaram a regular as relações do povo de Roma.Há autores que afirmam de modo diferente, que essa Lei teria sido
fruto de compilação dos costumes da época.
O senatusconsultos era a consulta que o Senado fazia após convocação por um magistrado. Era “uma espécie de
parecer senatorial” (FIUZA, 2007, p. 51). Não tinha força de lei.
A jurisprudência, que também pode ser chamada de interpretação dos prudentes, seria como se fosse nossa atual
doutrina jurídica, contendo interpretações e adaptações à lei.
Como a lei na época tinha muitas lacunas, de extrema importância o trabalho dos jurisprudentes, que eram
“jurisconsultos encarregados de preencher as lacunas deixadas pelas leis” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 34).
Os editos dos magistrados tinham grande relevância na fase da república. Eram um conjunto de cláusulas, que
funcionavam como normas, expondo a plataforma que seria aplicada para os casos que fossem apresentados. Eram
divulgados assim que os magistrados assumiam o cargo.
“Chama-se alto império (27 a.C. a 284 d.C.) ou principado (de princeps) o período histórico que vai do reinado de
Augusto até a morte de Diocleciano” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38). Nessa fase ocorreram revoltas de escravos e
vários conflitos entre as classes sociais. Esses acontecimentos levaram a uma alteração política em Roma.
Dentre os acontecimentos importantes, destaca-se a reforma no início da fase que deu poder aos generais de
livremente recrutarem soldados, que se tornaram fiéis à eles, e não a Roma. Diante disso Silas, com o apoio de suas
tropas, tornou-se ditador, em 82 a.C, permanecendo até 79 a.C.
Em 66 a.C., formou-se, com a associação política entre Júlio César, Pompeu e Crasso, o primeiro triunvirato. Por volta
de 43 a.C., “formou-se um segundo triunvirato, formado por Otávio (sobrinho e filho adotivo de Júlio César), Marco
Antônio e Lépido”. (FIUZA, 2007, p. 55).
E, considera-se triunvirato “uma associação política entre três homens em pé de igualdade. A palavra triunvirato
originou-se a partir de dois radicais do latim: trium (três) e vir (homem)” (TRIUNVIRATO, 2008).
Durante o segundo triunvirato, Lépido foi exilado e Marco Antônio se suicidou. Então, conforme conta César Fiuza:
“Otávio se tornou ditador. Em 36 a.C., foi-lhe atribuída a tribunicia potestas (poder de veto e inviolabilidade). Em 29
a.C., o título de imperator (comandante-em-chefe das forças armadas). Em 28 a.C., recebeu o título de princeps
senatus; em 27 a.C., o de augusto. Otávio se tornou, então, o senhor absoluto, mas sem o título de rei, do qual não
fazia questão”. (FIUZA, 2007, p. 56).
Vale ressaltar ainda que, nesta fase, “O imperador ou príncipe não governa sozinho: partilha o poder com o senado,
havendo, pois uma diarquia, (governo de dois).” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38).
Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador, pelo consilium principis, pelos funcionários imperiais,
magistraturas republicanas, senado, comícios e organização das províncias.
O imperador, que tinha autoridade máxima, inviolável, reunia todas as atribuições que na república eram divididas
entre vários magistrados. Eram atribuições dele:
“a tribunicia potestas, o pró-consulado (comando militar de todas as províncias), o direito de declarar guerra e
celebrar paz, fundar e organizar colônias, conceder cidadania, convocar o Senado, cunhar moedas, instituir tributos,
administrar, dizer o direito (jurisdição civil em 2ª instância e jurisdição criminal).” (FIUZA, 2007, p. 56).
O consilium principis atuava como órgão consultor para o imperador, quando este entendia necessário. Era integrado
por amigos do imperador e juristas que se destacavam na época.
Os funcionários imperiais tinham funções variadas, desde cuidar das vias públicas e do abastecimento de água
(curadores) e, até mesmo, governar províncias imperiais (Legados de César).
As magistraturas republicanas tiveram suas funções reduzidas, eis que o consulado perdeu os poderes militares e civis,
a pretura peregrina desapareceu, a censura deixou de existir (sendo que seus poderes passaram para o imperador), a
edilidade curul e da plebe deixaram de existir e o tribunato da plebe recebeu funções administrativas de menor
importância.
O senado “administra as províncias senatoriais, cujas receitas vão para o aerarium, tesouro público” (CRETELLA
JÚNIOR, 2007, p. 38). Nessa fase, os senadores, que eram nomeados pelo imperador, repartiam com este o poder
judiciário.
Além disso, o Senado possui atribuições de poder eleitoral dos comícios, parte do legislativo e administra as províncias
senatoriais e o erário de Saturno. Então, o senado perde independência e sua função de corpo consultivo.
Os comícios, também perdem atribuições, eis que não possuem mais seus poderes legislativos, eleitorais e judiciários.
Quanto à organização das províncias, leciona César Fiuza:
As fontes do direito na fase do alto império são seis, conforme ensina José Cretella Júnior: costume,
lei, senatusconsultos, editos dos magistrados, constituições imperiais e a jurisprudência.
Os costumes continuam desempenhando um papel importante como fonte do direito. Isso eis que o povo romano é
extremamente conservador. Tal fonte já foi explicada no item 3.5, motivo pelo qual dispensa maiores esclarecimentos
nesta oportunidade.
Das leis escritas, ainda havia duas espécies: as leges rogatae, que assumem grande importância, e as leges datae, que
perdem relevância nessa época.
O senatusconsultos, espécie de consultoria senatorial, era feito através de um parecer, a pedido do príncipe. Passam,
na fase do Alto Império, a ter força de lei.
Os editos dos magistrados, nesta fase, perdem importância, eis que os magistrados foram perdendo o direito de editar
editos de seus antecessores. Então, os pretores passaram a apenas reproduzir os editos passados. Isso ocorreu até que
“Adriano (117 a 138), finalmente, encarregou o jurisconsulto Sálvio Juliano de fixar e sistematizar em um único texto
os editos pretorianos. A obra denominou-se Edito Perpétuo, por ser imutável. A partir daí, os pretores só podiam
inovar por solicitação do Imperador ou do Senado.” (FIUZA, 2007, p. 58).
Para José Cretella Júnior, as constituições imperiais podiam ser de quatro tipos:
“Edicta são proclamações feitas pelo imperador, ao ser consagrado, do mesmo modo que os pretores quando
assumiam as preturas.
Mandata são instruções que o príncipe envia aos funcionários da administração, principalmente aos governadores
imperiais das províncias, indicando-lhes um plano a seguir no exercício de suas magistraturas.
Decreta são decisões que o imperador toma, como juiz, nos processos que lhe são submetidos pelos particulares em
litígio. São sentenças emanadas extra ordinem, fugindo, pois, aos princípios da ordo judiciorum. Tomadas com relação
a um caso particular, passam, como os atuais acórdãos, a ser invocados para situações iguais ou semelhantes, até que
Justiniano, mais tarde, lhes dá força de lei.
Rescripta são respostas dadas pelo imperador a consultas jurídicas que lhe são feitas ou por particulares (subscriptio)
ou por magistrados (epístula).” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 43).
Por fim, a jurisprudência, considerada fonte eis que vinculava as decisões judiciais, “equivalia a nossa doutrina. Diga-
se que o imperador podia atribuir a certos juristas o chamado ius respondendi, que conferia a seus pareceres maior
força que aos dos demais” (FIUZA, 2007, p. 59).
Essa fase é marcada pela monarquia absolutista, diante da concentração dos poderes nas mãos do Imperador, sem
repartição de poderes com o Senado. Para alguns autores, esse período é chamado de Dominato.
O primeiro a experimentar esse “poder absoluto” foi Diocleciano (284 a 305), que dividiu o império romano em
Império Romano do Oriente (Constantinopla) e Império Romano do Ocidente (Roma).
Todos os poderes, atribuições e órgãos públicos passaram a ser submetidos à vontade do imperador. Como fatos
importantes nessa fase têm-se:
“313 – Edito de Milão, de Constantino, dando liberdade de culto aos cristãos. O edito foi reforçado posteriormente e
aplicado em todo o império. Constantino se converteu à fé cristã, atribuindo várias de suas vitórias a isso.
380 - Constituição Cunctos Populos, de Teodósio I (379 a 395). Elevou o catolicismo a religião oficial.
395 - Morte de Teodósio I e divisão do Império em Oriente e Ocidente, com dois imperadores, seus filhos: Arcádio, no
Oriente, e Honório, no Ocidente. A unidade jurídica foi mantida por meio da legislação, que era a mesma.
476 - Queda do Império Romano do Ocidente. Rômulo Augusto é derrotado por Odoacro, rei dos hérulos. Alguns reis
bárbaros invasores passaram a ser tratados como delegados do Imperador no Ocidente (ex.: Odoacro, Teodorico e
outros).
527 a 565 - Reinado do Imperador Justiniano. Tenta reunificar o Império e promulga as compilações de leis e doutrina,
conhecidas hoje com o nome de Corpus Iuris Civilis.” (FIUZA, 2007, p. 60/61).
E o fim da fase do baixo império é marcada pela morte do Imperador Justiniano (565 d.C.).
Os poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador. O senado já não
tinha quase nenhum poder eis que nem mais repartia a função judiciária com o imperador. Passa a ser um mero
conselho municipal.
As magistraturas republicanas eram compostas por cônsules (que davam nome ao ano), pretores (perderam as funções
judiciais), tribunos da plebe, questor para o Sacro Palácio (assessor do imperador), Prefeitos para o Pretório
(administravam prefeituras e exerciam funções judiciais), vigários (governavam as Dioceses) e governadores
(governavam as províncias). Então, as magistraturas não desaparecem, mas perdem suas atribuições.
Como o Império Romano estava subdivido em Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente, cada um
desses blocos foi entregue a um imperador, monarca absoluto, que concentrava em suas mãos todos os poderes. Junto
ao imperador “funcionava o Sacrum Consistorum (conselho imperial para assuntos administrativos e judiciais).”
(FIUZA, 2007, p. 61).
O imperador, conforme já mencionado, concentrava em si todos os poderes nesse período. Detinha o poder absoluto.
E, além disso, o monarca invocava “a vontade divina como fonte de inspiração de sua autoridade: o que agradou ao
príncipe tem força de lei (“quod principi placuit, legis habet vigorem”). É a monarquia absoluta.” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 46).
Diante dessa centralização de poderes, desaparecem as antigas fontes, restando as constituições imperiais como única
fonte de direito no período do baixo império, conforme José Cretella Júnior. Eram chamadas de leges. Já César Fiúza
considera como fontes desse período, além das constituições imperiais, “basicamente os costumes, a lei escrita e a
jurisprudência (doutrina).” (FIUZA, 2007, p. 62).
Nesse período, ocorreram várias compilações particulares (elaboradas ou editadas por iniciativa privada) e oficiais
(criadas por iniciativa de um Imperador). Apesar de todas essas codificações, o Imperador Justiniano ainda elaborou
novas Constituições. Mas,
“foi no século XVI que o jurisconsulto francês Denis Godefroy reuniu todas essas compilações em um só volume,
dando-lhe o nome de Corpus Iuris Civilis. A primeira edição é de 1583; a segunda, de 1604.” (FIUZA, 2007, p. 63).
O Corpus Iuris Civilis, por reunir em um só volume várias compilações de leis de sua época e de épocas anteriores, é
considerado uma dos maiores heranças deixadas pela civilização de Roma. Vale mencionar que essa foi a procedência
de muitos institutos jurídicos do nosso tempo.
Chama-se período bizantino a fase histórica que vai desde a morte de Justiniano ocorrida em 565 até a tomada da
cidade de Constantinopla pelos turcos, em 1453. Essa fase foi assim denominada em decorrência da capital, que “era
a cidade de Bizâncio, situada no Bósforo, estreito que liga Europa e Ásia. No início do século IV, Constantino mudou
seu nome para Constantinopla. É hoje, a cidade de Istambul, na Turquia” (FIUZA, 2007, p. 63).
Para alguns autores a civilização bizantina é considerada continuação da civilização romana. “Os historiadores
especializados em Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu com o grande imperador da dinastia
Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros), no início do século IX.” (BIZANTINO, 2008).
“No ano de 396 o Império Romano foi dividido, sendo Roma o centro do Império Romano do Ocidente enquanto
Constantinopla (Istambul) era o centro do Império Romano do Oriente. Em 410 Roma foi pilhada por povos bárbaros, e
476 é o marco fim do Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente manteve-se até 1453, ano em que
os turcos tomaram Constantinopla.” (LIPPERT, 2003, p. 41).
Então, a queda de Constantinopla, ocorrida em 1453, após batalha com os turcos, é considerado o marco final da
Idade Média. E, para alguns autores o período Bizantino pode ser chamado de Império Romano do Oriente.
Os poderes ainda estavam concentrados nas mãos de um imperador. Então, o poder ainda era centralizado e
absolutista. Ocorreu intenso desenvolvimento comercial, que foi fundamental para o combate às invasões feitas por
povos bárbaros.
O imperador, dentre seus vastos poderes, concentrava o comando do exército e da igreja. E, nessa época, ainda era
considerado representante de Deus na terra. Por isso, o papa, no Império Romano do Oriente, tinha pouca força.
Nesse período, após a primeira queda de Constantinopla, surgiram três Estados: o Império de Nicéia, o Despotado do
Épiro e o Império de Trebizona. Desses,
“é o Império de Nicéia que é considerado o verdadeiro sucessor. Governado por imperadores fortes e bons, se tornou
a primeira potência territorial na Ásia Menor. A agricultura se desenvolveu, assim como o comércio, e várias cidades
na Europa foram recuperadas. Os Paleólogos, faltando com o seu juramento de lealdade, assassinaram o legítimo
imperador e depuseram a dinastia dos Vatatzes-Laskaris. Miguel VIII Paleólogo fez uma aliança com Gênova
(desnecessária) e conseguiu reconquistar a antiga capital do Império Bizantino no dia 25 de julho de 1261.”
(BIZANTINO, 2008).
Entende-se por Direito Bizantino o “conjunto de regras jurídicas justinianéias que continuaram em vigor de 565 a
1453, mas adaptadas à vida dos povos do novo império.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 56).
O Corpus Iuris Civilis, que reuniu em um só volume várias compilações de leis e doutrina, na época do Reinado do
Imperador Justiniano, trazia muitas normas inflexíveis, adaptadas à época de sua elaboração. Com a constante
evolução das relações privadas, o direito deveria acompanhar. Por isso, os imperadores ordenaram a edição de outras
compilações oficiais, para que fossem plenamente aplicáveis diante das inéditas situações jurídicas que vinham
surgindo.
Dessa forma, “surgem, assim, a Egloga legum compendiaria, a Lex Rhodia, o Prochiron legum.” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 56). No século IX, por determinação do imperador Teófilo (829 a 843), foi editada a chamada Paráfrase das
Instituições, que seria uma adaptação em língua grega das Instituições de Justiniano.
“Em seguida, a mando do imperador Basílio I (867 a 886), foram escritas as Basílicas (do grego basilica, significando
imperiais, reais). Foram terminadas por seu filho, Leão VI (886 a 912). Compreendem 60 livros, divididos em títulos,
reunindo os textos do Digesto e do Código Novo, acompanhados de comentários de juristas da época de Justiniano.”
(FIUZA, 2007, p. 64).
Pode-se até afirmar que essas adaptações perduram até os dias atuais, eis que, “a perenidade do direito romano é
fato evidente. Sua atualidade não pode ser negada, pela presença constante em inúmeros institutos jurídicos de nossa
época” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 57).
3 CONCLUSÃO
O Império Romano teve início com a fundação de Roma. O período histórico em que essa cidade foi governada por reis
foi chamado de realeza (753 a.C. a 510 a.C.). Dentre os habitantes de Roma, existiam quatro classes bem distintas:
patrícios, clientes, escravos e plebeus. A religião tinha duas classes de deuses: uma inspirada na alma humana e a
outra inspirada nos fenômenos naturais. Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. A
realeza teve como marco final a expulsão do último rex, Tarquínio, o Soberbo.
Na fase da república (510 a.C. a 27 a.C.), houve a substituição do rex por dois comandantes militares. As classes
sociais eram bem distintas: classe baixa e nobreza. A economia era baseada na mão-de-obra escrava. Os poderes
sacerdotais do rei passaram ao rei das coisas sacras. A organização política era composta por cônsules, pelo senado e
pelo povo.
Alto império (27 a.C. a 284 d.C.) é o período histórico que compreende o reinado de Augusto até a morte de
Diocleciano. Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador, consilium principis, funcionários imperiais,
magistraturas republicanas, senado, comícios e pela organização das províncias.
A fase do baixo império (284 d.C. a 565 d.C.) ficou marcada pela monarquia absolutista. O fim dessa fase é marcado
pela morte do Imperador Justiniano. Os poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas
republicanas e pelo Imperador.
Já o período bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.) compreende a fase histórica que vai desde a morte de Justiniano até a
tomada da cidade de Constantinopla, pelos turcos. A queda de Constantinopla simboliza o marco final da Idade Média.
Nesse período os poderes ainda estavam concentrados nas mãos de um imperador e ocorreu intenso desenvolvimento
comercial.
O Direito Bizantino trata-se do conjunto de regras jurídicas justinianéias que continuaram em vigor de 565 a 1453,
mas adaptadas à vida dos povos. Os imperadores ordenaram a edição de outras compilações oficiais, para que fossem
plenamente aplicáveis diante das inéditas situações. Essas adaptações perduram até os dias atuais.
A atualidade do direito romano é fato evidente e resta comprovada pela sua presença em vários institutos jurídicos
atuais. É considerado a mais importante fonte histórica do direito nos países do ocidente. Sendo assim, inegável que o
nosso direito atual deriva do Romano. Diante disso, ao estudá-lo, ocorre a análise das origens do direito vigente.
Referências
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