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Antiguidade Clássica - Roma

A Antiguidade Clássica refere-se a um período da História da Europa que


ocorre aproximadamente do século VIII a.C., quando surge a poesia
grega de Homero, até a queda do Império romano do ocidente no século
V d.C., mais precisamente no ano 476.

O que diferencia esta época de outras anteriores ou posteriores são os


fatores culturais das civilizações mais marcantes, a Roma e a Grécia
antigas.

Roma foi o último grande império do mundo antigo. Com exércitos


poderosos dominou terras que antes pertenciam a gregos, egípcios,
mesopotâmios, persas e muitos outros povos.

Com quase 1 milhão de habitantes, Roma transformou-se na maior


cidade da Antiguidade. Para lá se dirigiam pessoas dos lugares mais
distantes, levando suas culturas.

O poder do império construído pelos romanos era tão grande que acabou
se tornando uma referência para todo o mundo ocidental, mesmo
séculos depois de ter chegado ao seu final.

Origem de Roma: explicação mitológica


Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de
Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados
no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou,
foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos,
retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma
nova cidade que seria Roma.

Origem de Roma: explicação histórica


De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura
de três povos que foram habitar a região da península itálica: gregos,
etruscos e italiotas.

Desenvolveram na região uma economia baseada na agricultura e nas


atividades pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios
(nobres proprietários de terras) e plebeus (comerciantes, artesãos e
pequenos proprietários). O sistema político era a monarquia, já que a
cidade era governada por um rei de origem patrícia.

A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes


aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a
pintura de afrescos, murais decorativos e esculturas com influências
gregas.

Localização
Roma é capital da Itália, país europeu localizado em uma das penínsulas
do Mar Mediterrâneo. Trata-se da Península Itálica, situada na cordilheira
dos Alpes e banhada pelos mares Adriático, Tirreno e Jônico.

Os períodos da história de Roma


A história de Roma é dividida em três momentos:

Monárquico (753-509 a.C.);


Republicano (507-27 a.C.);
Imperial (27 a.C. – 476 d.C.).

Período Monárquico: o domínio etrusco


Muitas das informações sobre o período Monárquico fundamentam-se
nas lendas contadas pelos romanos. Nessa época, a cidade deve ter sido
governada por reis de diferentes origens; os últimos de origens etrusca,
devem ter dominado a cidade por cerca de cem anos.

Durante o governo dos etruscos, Roma adquiriu o aspecto de cidade.


Foram realizadas diversas obras públicas entre elas, templos, drenagens
de pântanos e um sistema de esgoto.

Nessa época, a sociedade romana estava assim organizada:

Patrícios ou nobres: Descendentes das famílias que promoveram a


ocupação inicial de Roma. Eram grandes proprietários de terra e de
gado.
Plebeus: Em geral, eram pequenos agricultores, comerciantes,
pastores e artesãos. Constituíam a maioria da população e não
tinham direitos políticos.
Clientes: eram homens de negócios, intelectuais ou camponeses
que tinham interesse em fazer carreira pública e que por isso
recorriam à proteção de algum patrono, geralmente um patrício de
posses.
Escravos: Eram plebeus endividados e principalmente prisioneiros
de guerra. Realizavam todo o tipo de trabalho e eram considerados
bens materiais. Não tinham qualquer direito civil ou político.

O último rei etrusco foi Tarquínio, o Soberbo. Ele foi deposto em 509 a.C.,
provavelmente por ter descontentado os patrícios com medidas a favor
dos plebeus.

No lugar de Tarquínio, os patrícios colocaram no poder dois magistrados,


chamados cônsules. Com isso, terminava o período Monárquico e tinha
inicio o período Republicano.

Período Republicano
República é uma palavra de origem latina e significa “coisa pública”.
Durante a passagem da monarquia para a república, eram os patrícios
que detinham o poder e controlavam as instituições políticas.
Concentrando o poder religioso, político e a justiça, eles exerciam o
governo procurando se beneficiar.

Para os plebeus, sem direito à participação política, restavam apenas


deveres, como pagar impostos e servir o exército.

Organização política e social na república


Na república, o poder que antes era exercido pelo rei foi partilhado por
dois cônsules. Eles exerciam o cargo por um ano e eram auxiliados por
um conselho de 100 cidadãos, responsáveis pelas finanças e pelos
assuntos externos. Esse conselho recebia o nome de Senado, e a ele
competia promulgar as leis elaboradas pela Assembleia de Cidadãos,
dominada pelos patrícios.

À medida que Roma cresceu e se tornou poderosa, as diferenças entre


patrícios e plebeus se acentuaram. Marginalizados, os plebeus
desencadearam uma luta contra os patrícios, que se estendeu por cerca
de dois séculos (V-IV a.C.)

Durante esses dois séculos, os plebeus conquistaram seus direitos.


Entre eles, o de eleger seus próprios representantes, chamados tribunos
da plebe. Os tribunos tinham o poder de vetar as decisões do Senado
que fossem prejudiciais aos interesses dos plebeus.
Outras conquistas foram a proibição da escravização por dívidas e o
estabelecimento de leis escritas, válidas tanto para os patrícios quanto
para plebeus. Até então, em Roma, as leis não eram escritas e os
plebeus acabavam julgados conforme os critérios dos patrícios.
Estabelecendo as leis por escrito, os plebeus garantiam um julgamento
mais justo.

Os plebeus conquistaram ainda a igualdade civil, com a autorização do


casamento entre patrícios e plebeus; a igualdade política, com o direito
de eleger representantes para diversos cargos, inclusive o de cônsul; e a
igualdade religiosa, com o direito de exercer funções sacerdotais.

A estrutura do poder na República


Romana

Cônsules: chefes da República, com mandato de um ano; eram os


comandantes do exército e tinham atribuições jurídicas e
religiosas.
Senado: composto por 300 senadores, em geral patrícios. Eram
eleitos pelos magistrados e seus membros eram vitalícios.
Responsabilizavam-se pela elaboração das leis e pelas decisões
acerca da política interna e externa.
Magistraturas: responsáveis por funções executivas e judiciária,
formadas em geral pelos patrícios.
Assembleia Popular: composta de patrícios e plebeus; destinava-
se a votação das leis e era responsável pela eleição dos cônsules.
Conselho da Plebe: composto somente pelos plebeus; elegia os
tributos da plebe e era responsável pelas decisões em plebiscitos
(decretos do povo).

A expansão das fronteiras romanas


Iniciado durante a República, o expansionismo romano teve basicamente
dois objetivos: defender Roma do ataque dos povos vizinhos rivais e
assegurar terras necessárias à agricultura e ao pastoreio. As vitórias
nas lutas conduziram os romanos a uma ação conquistadora, ou seja, a
ação do exército levou à conquista e incorporação de novas regiões a
Roma. Dessa forma, após sucessivas guerras, em um espaço de tempo
de cinco séculos, a ação expansionista permitiu que o Império Romano
ocupasse boa parte dos continentes europeu, asiático e africano.

O avanço das forças militares romanas colocou o Império em choque


com Cartago e Macedônia, potências que nessa época dominavam o
Mediterrâneo. As rivalidades entre os cartagineses e os romanos
resultaram nas Guerras Púnicas (de puni, nome pelo qual os
cartagineses eram conhecidos).

As Guerras Púnicas desenvolveram-se em três etapas, durante o período


de 264 a 146 a.C. Ao terminar a terceira e ultima fase das Guerras
Púnicas, em 146 a.C., Cartago estava destruída. Seus sobreviventes
foram vendidos como escravos e o território cartaginês foi transformado
em província romana. Com a dominação completa da grande rival, Roma
iniciou a expansão pelo Mediterrâneo oriental (leste). Assim, nos dois
séculos seguintes, foram conquistados os reinos helenísticos da
Macedônia, da Síria e do Egito. No final do século I a.C., o mediterrâneo
havia se transformado em um “lago romano” ou, como eles diziam, Mare
Nostrum(“nosso mar”).

Período de instabilidade política


Com o fim das Guerras Púnicas, em 146 a.C., iniciou-se um período de
intensa agitação social. Além dos escravos, povos da Península Itálica
também se revoltaram, só que exigindo o direito à cidadania romana. A
expansão das conquistas e o aumento das pilhagens fortaleceram o
exército romano, que então se colocou na luta pelo poder. Assim, esse
período ficou marcado por uma acirrada disputa política entre os
principais generais, abrindo caminho para os ditadores.

Essa crise se iniciou com a instituição dos triunviratos ou triarquia, isto


é, governo composto de três indivíduos. O Primeiro Triunvirato, em 60
a.C., foi composto de políticos de prestigio: Pompeu, Crasso e Júlio
César. Esses generais iniciaram uma grande disputa pelo poder, até que,
após uma longa guerra civil, Júlio César venceu seus rivais e recebeu o
título de ditador vitalício.

Durante seu governo, Júlio César formou a mais poderosa legião romana,
promoveu uma reforma político-administrativa, distribuiu terras entre
soldados, impulsionou a colonização das províncias romanas e realizou
obras públicas.
O imenso poder de César levou os senadores a tramar sua morte, o que
aconteceu em 44 a.C. Os generais Marco Antonio, Lépido e Otávio
formaram, então, o Segundo triunvirato, impedindo que o poder passasse
para as mãos da aristocracia, que dominava o Senado.

A disputa pelo poder continuou com o novo triunvirato. Em 31 a.C., no


Egito, Otávio derrotou as forças de Marco Antônio e retornou vitorioso a
Roma. Fortalecido com essa campanha, Otávio pôde governar sem
oposição. Terminava, assim, o regime republicano e iniciava o Império.

O Império Romano

Após vencer Marco Antonio, Otávio recebeu diversos títulos que lhe
conferiram grande poder. Por fim, em 27 a.C., o senado atribuiu-lhe o
título de Augusto, que significava consagrado, majestoso, divino.

O período Imperial, tradicionalmente, costuma ser dividido em dois


momentos:

Alto Império: período em que Roma alcançou grande esplendor


(estende-se até o século III d.C.)
Baixo Império: fase marcada por crises que conduziram a
desagregação do Império Romano (do século III ao século V).

Alto Império
Augusto, durante seu governo (27 a.C. a 14 d.C.), adotou uma série de
medidas visando controlar os conflitos sociais, solucionar problemas
econômicos e, com isso, consolidar o império fazendo com que Roma
atingisse seu apogeu e vivesse um longo período de prosperidade e de
relativa tranquilidade social, também conhecido como Pax Romana. Isso
foi possível porque o imperador Otávio abandonou a política agressiva de
conquistas, promoveu a aliança entre aristocracia e os cavaleiros
(plebeus enriquecidos) e apaziguou a plebe com a política do “pão e
circo” (panem et circenses) (anexo), que consistia em distribuir trigo
para a população carente e organizar espetáculos públicos de circo.

Do governo de Augusto aos dois séculos que se seguiram, o Império


Romano, por meio de conquistas militares, ampliou ainda mais o seu
território. Seus domínios estendiam-se pela Europa, Ásia e África.
As conquistas abasteciam o império não apenas de riquezas e terras,
mas também de escravos, principal mão-de-obra e todas as atividades,
tanto econômicas quanto domésticas.

A comunicação entre Roma, o centro do vasto império, e as demais


regiões era garantida pela existência de uma extensa rede de estradas.
Daí provém o famoso ditado: “Todos os caminhos levam a Roma”.

As estradas romanas, além de possibilitar a comunicação entre as


diferentes regiões do império, facilitavam a movimentação de tropas e
equipamentos militares, contribuindo para o sucesso das campanhas.

Após a morte de Augusto (14 d.C.) até o fim do século II, quatro dinastias
se sucederam no poder. São elas:

Dinastia Júlio-Claudiana (14-68): Com os imperadores Tibério,


Calígula, Cláudio e Nero, essa dinastia esteve ligada à aristocracia
patrícia romana. Principal característica dessa fase: os constantes
conflitos entre o Senado e os imperadores.
Dinastia Flávia (68-96): Com os imperadores Vespasiano, Tito e
Domiciano, apoiados pelo exército, o Senado foi totalmente
submetido.
Dinastia Antonina (96 – 193): Com Nerva, Trajano, Adriano, Antonio
Pio, Marco Aurélio e Cômodo, assinalou-se uma fase de grande
brilho do Império Romano. Os imperadores dessa dinastia, exceto o
último, procuraram adotar uma atitude conciliatória em relação ao
Senado.
Dinastia Severa (193 – 235): Com Sétimo Severo, Caracala,
Macrino, Heliogábalo e Severo Alexandre, caracterizou-se pelo
inicio de crises internas e pressões externas, exercidas por povos
diversos, prenunciando o fim do Império Romano, a partir do século
III da era cristã.

O Império Romano (continuação)

Baixo Império
Essa fase foi marcada por crises em diferentes setores da vida romana,
que contribuíram para pôr fim ao grande império.

Uma das principais crises diz respeito à produção agrícola. Por séculos,
os escravos foram a principal mão de obra nas grandes propriedades
rurais. Entretanto, com a diminuição das guerras, o reabastecimento de
escravos começou a ficar difícil.

Além disso, com o passar do tempo, os romanos tornaram-se menos


hostis aos povos conquistados, estendendo a eles, inclusive, parte de
seus direitos. Ou seja, os povos dominados deixaram de ser
escravizados.

Essas circunstâncias colaboraram para transformar a produção no


campo. Por causa dos custos, muitos latifúndios começaram a ser
divididos em pequenas propriedades. Nelas, o trabalho escravo já não
era mais tão importante.

Nessa época, os lucros com a produção agrícola eram baixos.

O lugar dos escravos passou a ser ocupado, aos poucos, por


camponeses, que arrendavam a terra em troca da prestação de serviços
nas terras do proprietário. Havia também os colonos que, sem poder
abandonar a terra, não tinham direito à liberdade, pois estavam ligados a
ela por lei e por fortes laços pessoais.

O centro de produção rural era conhecido como Villa. Protegido por


cercas e fossos, era habitado pelos donos das terras e todos aqueles
que dela dependiam.

Ao mesmo tempo em que a vida no campo se transformava, um grande


número de pessoas começou a deixar as cidades em direção ao campo,
provocando a diminuição do comércio e da produção artesanal. Para
uma população empobrecida, as cidades já não representavam mais uma
alternativa de vida.

Arrecadando menos impostos pela diminuição das atividades produtivas,


o governo romano começou a enfraquecer e as enormes fronteiras já não
tinham como ser vigiadas contra a invasão de povos inimigos.

Divisão do Império

Em 395, o imperador Teodósio dividiu o império em duas partes: Império


Romano do ocidente, com capital em Roma; e Império Romano do
Oriente, com capital em Constantinopla. Com essa medida, acreditava
que fortaleceria o império. Achava, por exemplo, que seria mais fácil
proteger as fronteiras contra ataques de povos invasores. Os romanos
chamavam esses povos de bárbaros, por terem costumes diferentes dos
seus.
A divisão estabelecida por Teodósio não surtiu o efeito esperado.
Diversos povos passaram a ocupar o território romano. Em 476, os
hérulos, povo de origem germânica, invadiram Roma e, comandados por
Odoacro, depuseram o imperador Rômulo Augústulo.

Costuma-se afirmar que esse acontecimento marca a desagregação do


Império Romano. Na verdade, isso refere-se ao Império Romano do
Ocidente , pois a parte oriental ainda sobreviveu até o século XV.

Embora as invasões de povos inimigos tenham papel decisivo no fim do


Império Romano do Ocidente, outras circunstâncias também foram
determinantes, tais como:

elevados gastos com a estrutura administrativa e militar;


perda do controle sobre diversas regiões devido ao tamanho do
império;
aumento dos impostos dos cidadãos e dos tributos dos vencidos;
corrupção política;
crise no fornecimento de escravos com o fim das guerras de
expansão;
continuidade das lutas civis entre patrícios e plebeus;
a difusão do cristianismo.

O fim do poderio romano constituiu um longo processo, que durou


centenas de anos. A partir daí, começou a se formar uma nova
organização social, política e econômica, osistema feudal, que
predominou na Europa ocidental até o século XV.

Como vivia o povo romano na Antiguidade


Para o povo romano a vida urbana era um padrão a ser seguido até
mesmo pelos camponeses que visitavam Roma ocasionalmente.

Além de centro político, administrativo, econômico e cultural, a cidade


de Roma foi palco de inúmeras diversões populares como teatro, as
corridas de biga, os jogos de dados e as lutas de gladiadores, uma
paixão nacional.

As habitações da maioria dos romanos eram simples. A população mais


pobre vivia em pequenos apartamentos, em edifícios de até seis
andares, que apresentavam riscos de desabamento e incêndio. Apenas
uma minoria vivia em casas amplas e confortáveis, com água
canalizada, rede de esgoto, iluminação por candelabros, sala de banhos
e luxuosa decoração interior.
A infância em Roma

Assim como na Grécia, a educação dos romanos variava de acordo com


a classe social e o sexo.

Os meninos das classes privilegiadas aprendiam a ler e a escrever em


latim e grego com seus preceptores, isto é, com professores
particulares. Além disso, deviam ter conhecimentos de agricultura,
astronomia, religião, geografia, matemática e arquitetura.

Em relação aos meninos das classes menos abastadas, isso mudava de


figura. A maioria, que não podia dispor de tempo integral para os
estudos, dedicava-se ao trabalho agrícola ou artesanal.

O abandono de crianças, tão comum nos dias de hoje, também existia na


Roma Antiga, e as causas eram variadas. Abandonados, meninos e
meninas estavam destinados à prostituição ou à vida de gladiadores,
treinados para enfrentar leões, tigres e outros animais perigosos. Outros
ainda se tornavam servos.

Ricos e pobres abandonavam os filhos na Roma antiga. As causas eram


variadas: enjeitavam-se ou afogavam-se as crianças malformadas, os
pobres, por não terem condições de criar os filhos, expunham-nos,
esperando que um benfeitor recolhesse o infeliz bebê, os ricos, ou
porque tinham duvidas sobre a fidelidade de suas esposas ou porque já
teriam tomado decisões sobre a distribuição de seus bens entre os
herdeiros já existentes.

Importante assinalar que, na Antiguidade, grega e romana, o infanticídio


era praticado. A legislação da Roma imperial tentou condenar essa
prática, e o imperador Constantino, desde 315 – reconhecendo a
importância do fator econômico na prática do abandono por pais
extremamente pobres -, procurou fazer funcionar um sistema de
assistência aos pais, para evitar que vendessem ou expusessem seus
filhos. Depois de 318 o infanticídio passou a ser punido com a morte.

Os trabalhadores de Roma
Em Roma, como nas demais cidades do Império, existiam diferentes
tipos de trabalhadores, como carpinteiros, marceneiros, cesteiros,
ceramistas, caldeireiros. Toda a produção desses trabalhadores era
vendida nas lojas das cidades.
É preciso lembrar que grande parte do trabalho na cidade era executada
por escravos. Em sua maioria prisioneiros de guerra, eram eles os
responsáveis por qualquer tipo de trabalho, desde os artesanais até os
domésticos.

O papel das mulheres


As mulheres, independentemente da classe social a que pertenciam,
eram educadas primeiramente para ser esposas e mães. Era
responsabilidade das mulheres mais abastadas a administração de suas
casas, dos escravos e a criação dos filhos. Em hipótese alguma
poderiam participar das decisões políticas. Além disso, deveriam ensinar
às suas filhas a arte de fiar, tecer e preparar a comida.

As mulheres de classes menos favorecidas podiam trabalhar ao lado de


seus maridos ou administrar seu próprio negócio, quando solteiras.
Existia ainda um grupo de mulheres virgens que dedicava toda a vida a
zelar pela chama sagrada de Vesta, deusa do fogo,. As vestais, como
eram chamadas, deixavam suas famílias entre os 6 e os 10 anos para
passar aproximadamente 30 anos vivendo ao lado do templo, sem que
pudessem casar. Diferentemente de outras mulheres, as vestais não
tinham de obedecer aos pais ou maridos, possuíam o direito de se sentar
nos melhores lugares nas lutas de gladiadores e eram tratadas com
respeito pelo sexo oposto.

A vida conjugal
Dentre as instituições romanas destacou-se o casamento. Em Roma,
com apenas 12 anos as meninas se casavam por intermédio de arranjos
familiares, isto é, os pais escolhiam os maridos para as filhas. Um
casamento com cerimônia pública era importante para mostrar à
sociedade que os nubentes pertenciam a uma família de posses.

O divórcio também era comum, e pelos motivos mais variados, não


precisando, muitas vezes, nem esclarecer a causa da separação. Ao
findar o processo legal, o pai da moça recebia de volta o dote ofertado à
época do casamento, e os filhos do casal eram entregues aos ex-
maridos.

Como se vestiam os romanos


As vestimentas variavam de acordo com o sexo e com a categoria social.
As mulheres solteiras vestiam uma túnica sem mangas que ia até os
tornozelos; após o casamento, passavam a usar trajes com mangas. As
mulheres mais ricas vestiam roupas de seda e algodão, enquanto as
mais pobres usavam lã ou linho. Os homens livres trajavam túnica de
linho ou lã, até os joelhos, para não atrapalhar os movimentos. Os
trabalhadores vestiam roupas de couro, devido à maior durabilidade. A
toga, manto comprido, era usada apenas pelos cidadãos a partir dos 14
anos.

Os acessórios também constituíam elementos importantes ma


indumentária. Era comum as mulheres utilizarem anéis, colares,
pulseiras, braceletes e tornozeleiras, além de maquiagem e perucas. Os
homens, para completar seus trajes, davam mais ênfase às sandálias,
aos chinelos e às botas de feltro ou couro.

O direito romano
Desde criança, o romano era educado para atender as necessidades do
estado e respeitar as tradições e os costumes. Uma série de normas
regia a conduta dos cidadãos tanto na vida familiar como na vida
pública. Daí surgiram leis que orientavam as relações entre os
indivíduos. Reunidas, essas leis formaram códigos jurídicos, que deram
origem ao Direito Romano.

O Direito Romano dividia-se em duas esferas: a pública e a privada. O


Direito público era composto pelo Direito civil, válido para os cidadãos
romanos, e pelo Direito estrangeiro, válido para os povos conquistados.
O Direito privado regulava as relações entre as famílias.

O Direito foi uma das grandes contribuições dos romanos para as


sociedades ocidentais. Seus fundamentos, adaptados e reelaborados,
foram adotados por diversos povos, servindo de base até hoje para
muitas sociedades.

A cultura romana
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos
"copiaram" muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega.

Os balneários (casas de banhos) romanos espalharam-se pelas grandes


cidades. Eram locais onde os senadores e membros da aristocracia
romana iam para discutirem política e ampliar seus relacionamentos
pessoais.
A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos
quatro cantos do império, dando origem na Idade Média, ao português,
francês, italiano e espanhol.

A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que


os romanos não conseguiam explicar de forma científica. Trata também
da origem de seu povo e da cidade que deu origem ao império. Entre os
principais mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo.

Literatura, arquitetura e arte


A mais conhecida obra literária dos romanos é Eneida. Ela foi escrita
pelo poeta Virgílio, a pedido do imperador Augusto. A intenção de Virgílio
em Eneida é glorificar a cidade de Roma. O livro, escrito em forma de
versos, narra a lenda do herói troiano Eneias.

Segundo a história de Virgílio, Eneias teria fugido para a península


Itálica depois da Guerra de Troia. Lá teria fundado Alba Longa, o reino
pertencente ao avô de Rômulo e Remo, fundadores lendários de Roma.

A Roma declamada por Virgílio tinha a missão divina de proporcionar paz


e vida civilizada ao mundo. O imperador Augusto, por sua vez, era o
designado pelos deuses para tornar a realidade essa missão.

A arte romana foi influenciada tanto por etruscos, um dos povos que
ocuparam a península Itálica, quanto por gregos.

Na arquitetura, por exemplo, os romanos herdaram dos etruscos o arco e


a abóbada, que aperfeiçoaram, além de desenvolver novas técnicas de
construção; dos gregos aproveitaram as colunas.

Na escultura, as principais obras romanas foram as estátuas equestres e


os bustos.

Roma (continuação)
Ciências e tecnologia
O desenvolvimento que os romanos alcançaram nas ciências foi
bastante limitado e sofreu marcante influencia dos gregos. A medicina
somente passou a ter um caráter científico depois que os primeiros
médicos gregos se estabeleceram em Roma; a matemática e a
geometria que os romanos conheceram também não alcançaram
progresso significativo.

Na astronomia, as noções alcançadas pelos romanos também não


ultrapassaram aquelas herdadas da Grécia. Eles sabiam da existência de
cinco planetas e tinham ideias não muito precisas a respeito do
movimento da Lua em torno da Terra. Seus conhecimentos astronômicos
permitiram que, no tempo de César (em 46 a.C.), fosse elaborado um
novo calendário – o calendário Juliano – que sobreviveu até os fins do
século XVI (1582), sendo substituído pelo calendário gregoriano, devido
ao papa Gregório XIII. Esse calendário, que não é muito diferente do
Juliano, foi adotado porque os astrônomos descobriram algumas
inexatidões no antigo calendário romano.

A medição do tempo, para os romanos, apresentava dificuldades que


somente puderam ser superadas séculos mais tarde. Os dias eram
divididos em 24 horas (12 diurnas, 12 noturnas). Os relógios existentes
mostravam as horas pelo deslocamento da sombra em relação à posição
do Sol durante o dia.

Os romanos numeravam as horas contando-as a partir do nascer do Sol.


Assim, o clarear do dia acontecia na primeira hora; a sexta-hora
correspondia ao meio-dia; a nona hora equivalia ao meio da tarde, e
assim por diante.
Os dias dos meses foram divididos em fastos e nefastos. Dias fastos
eram considerados inteiramente favoráveis; nefastos, os dias negativos
para algumas atividades, como as comerciais (por exemplo, o comércio
não podia funcionar naqueles dias).

Os primeiros dias do mês eram denominados calendas; os dias 5 e 7


chamavam-se nonas; e os dia 13 e 15 recebiam o nome de dos. Eram
considerados de má sorte os meses de março, maio e metade de junho.

A geografia entre os romanos foi inteiramente baseada nos


ensinamentos aprendidos dos gregos, e a cartografia limitou-se ao
conhecimento e à elaboração de itinerários; mapas rudimentares que
indicavam, unicamente, os percursos que ligavam diferentes lugares do
império.

Na história, os romanos limitavam-se à narração dos fatos acontecidos


em épocas determinadas. Os historiadores procuravam, ainda, destacar
um sentido moral, extraído dos episódios estudados. Entre os
historiadores romanos, tiveram destaque Tito Lívio, Tácito e Suetônio.

Foi na ciência do direito que se revelou o gênio dos romanos antigos. Em


450 a.C., ocorreu a promulgação da Lei das Doze Tábuas, o primeiro
código escrito de leis elaborado em Roma. Durante quase um milênio, a
partir daquela data, o direito romano sofreu uma evolução contínua, cujo
apogeu foi marcado pela elaboração do Código de Justiniano, em 535
d.C., quando o Império do Ocidente já havia sido invadido pelos bárbaros.

Religião Romana
No culto familiar uma prática muito comum era a existência de
santuários domésticos, onde eram cultuados os deuses protetores do lar
e da família. Os deuses protetores da família eram os Lares.

Os bens e os alimentos estavam sob a proteção de divindades especiais,


os Panates ou Penates. Esses deuses eram cultuados pelo chefe da
família junto à lareira, onde o fogo permanecia sempre aceso. Durante as
refeições, os romanos espalhavam junto ao fogo migalhas de alimentos e
gotas de leite e de vinho, como oferendas às divindades. Com isso,
acreditavam conseguir a proteção dos deuses. Nas festas familiares
oferecia-se aos deuses o sacrifício de um animal (boi, carneiro ou porco),
que depois era dividido entre todas as pessoas da família.

Além dos deuses ligados a família, havia os que eram cultuados pelos
habitantes da cidade. O culto público era organizado pelo Senado. Com
ele, os fiéis esperavam obter dos deuses boas colheitas ou vitórias nas
guerras.

Os rituais religiosos romanos eram controlados pelos governantes


romanos. O culto a uma religião diferente a do império era proibida e
condenada. Os cristãos, por exemplo, foram perseguidos e assassinados
em várias províncias do império romano.

Os doze principais deuses de Roma correspondiam aos principais deuses


gregos. O quadro a seguir mostra a correspondência:

Os deuses romanos eram os mesmos da Grécia, porém com outros


nomes.
Nome Atribuições
Nome
grego
romano
Júpiter Zeus Pai dos deuses; deus do céu.

Juno Hera Mãe dos deuses; protetora das mães e esposas.

Marte Ares Deus da guerra.

Vênus Afrodite Deusa do amor.

Ceres Deméter Deusa da vegetação, das colheitas, da fertilidade da terra.

Diana Ártemis Deusa da caça.

Apolo Apolo Deus da luz; protetor das artes.

Mensageiro dos deuses; deus das estradas; protetor dos comerciantes,


Mercúrio Hermes
dos viajantes e dos ladrões.

Vulcano Hefesto Deus do fogo; protetor dos ferreiros e oleiros.

Vesta Héstia Deusa do fogo doméstico; protetora da família e das cidades.

Minerva Atena Deusa da sabedoria

Netuno Posêidon Deus dos mares.

Durante o período republicano e imperial, os romanos seguiram a


religião politeísta (crença em vários deuses), muito semelhante à
religião praticada na Grécia Antiga. Esta religião foi absorvida pelos
romanos, graças aos contatos culturais e conquistas na península
balcânica.
Porém, a religião romana não era, como muitos afirmam, uma cópia da
religião grega. Os romanos incorporaram elementos religiosos etruscos
e de outras regiões da península itálica.

Muitos imperadores, por exemplo, exigiram o culto pessoal como se


fossem deuses. Esta prática começou a partir do governo do imperador
Júlio César (anexo).

Diferentemente da crença grega, os deuses romanos não agiam como


mortais, isto é, não tinham como os homens e os deuses gregos,
virtudes e defeitos. Por isso não há relatos das suas atividades, como na
mitologia grega.

No início da Idade Média, com seu significativo crescimento, o


cristianismo absorveu todas as crenças e outras práticas ligadas à
religião desenvolvida pelos romanos e passou a ser considerada religião
oficial do Império Romano, desta forma a prática do politeísmo foi, aos
poucos, sendo abandonada.

O cristianismo
No período Imperial surgiu em Roma uma nova religião: o cristianismo.
Monoteísta, essa religião pregava a salvação eterna, isto é, o perdão de
todos os pecados e a recompensa de viver no paraíso após a morte. Seu
deus era um só – Deus - e Jesus Cristo, seu filho, era o messias que tinha
sido enviado à Terra para difundir seus ensinamentos.

Economia
A economia do império Romano teve como base uma única moeda
corrente, a cobrança de baixas tarifas alfandegárias e uma rede de
estradas e portos protegidos. Tudo isso para facilitar as trocas
comerciais entre as várias regiões.

Embora a agricultura fosse a atividade econômica mais importante do


mundo romano, o comércio marítimo de produtos de subsistência,
exóticos ou de luxo foi bastante expressivo.

Roma, centro do império, consumia cereais importados da Sicília e da


África, e azeite de oliva proveniente em especial da região
correspondente à Espanha e ao Egito. Os mármores coloridos, utilizados
nas principais construções e em esculturas da capital e de outras
cidades, vinham da Ásia e do norte da África.
O comércio de cerâmica, cujo principal centro de produção era Arezzo,
na Itália, abastecia o mercado romano, bem como as províncias
ocidentais, as do norte e o sudeste do império.

A produção em fábricas era praticamente desconhecida. Em sua


maioria, os artigos eram confeccionados por artesãos, que trabalhavam
com uma pequena produção e muitas vezes diretamente para os
usuários das mercadorias encomendadas. Já as oficinas que fabricavam
moedas eram de propriedade do imperados e organizadas por seus
funcionários.

O exército romano

As conquistas do Império Romano deveram-se principalmente à firmeza


e à disciplina de seus exércitos. A maior unidade de exercito era a
legião, que contava com 4.800 soldados cada uma. No apogeu do
Império, a Paz Romana era defendida por trinta legiões, ou seja, 144 mil
soldados.

A maioria dos soldados no tempo do império eram voluntários, isto é,


alistavam-se no exército porque queriam e não porque fossem obrigados.
Para ser legionário era preciso ser cidadão romano e ter pelo menos
1,74m de altura. O candidato quando aceito, ia para um acampamento
onde treinava marcha, cavalgada, nado e combate.

Principais imperadores romanos


Augusto (27 a.C. - 14 d.C)
Tibério (14-37)
Caligula (37-41)
Nero (54-68)
Marco Aurelio (161-180)
Comodus (180-192)

ROMA: MONARQUIA, REPÚBLICA E


IMPÉRIO
A principal característica da história romana foi a sua expansão territorial. Roma foi o grande
império da antigüidade. A história romana tem a seguinte periodização:
A principal característica da história romana foi a sua expansão territorial.
Roma foi o grande império da antigüidade. A história romana tem a seguinte
periodização:
-Monarquia - de 753 a.C. à 509 a.C. -República - de 509 a.C. à 27 a.C. -Império -
de 27 a.C. à 476 d.C.
MONARQUIA
É um período caracterizado pelas lendas. A própria fundação da cidade no ano
de 753 a.C. está ligada à uma tradição: Enéias, que participou da guerra de
Tróia, chega à Itália e funda uma cidade ALBA LONGA. Os gêmeos Rômulo e
Remo, descendentes de Éneias, foram abandonados no rio Tibre. Uma loba os
amamenta. Foram recolhidos por um pastor que os educa e, mais tarde
fundaram a cidade de Roma.
A história, porém, atesta que Roma provavelmente surgiu como uma
fortificação militar por volta do século VIII a.C. -para defender-se dos povos
etruscos.
A economia no período era baseada na agricultura e no pastoreio. A estrutura
social era formada pelos patrícios, que eram os grandes proprietários; os
clientes, que recebiam amparo e proteção dos patrícios e os plebeus, que
ocupavam a base da sociedade: artesãos, comerciantes e pequenos
proprietários.
Segundo a tradição, houve em Roma sete reis, sendo que o último - Tarqüínio,
o Soberbo foi expulso do poder em virtude de seu despotismo. Com sua
expulsão, inicia-se o período republicano em Roma.
REPÚBLICA
A principal instituição de República romana será o Senado, responsável pela
direção de toda política romana. Formado por patrícios, que ocupavam a
função de forma vitalícia, o Senado era o responsável pela condução da política
interna e da política externa.
Escolhia os magistrados, que eram cargos executivos. Os magistrados eram
indicados anualmente e possuíam funções
específicas de natureza judiciária e executiva. A seguir as principais
magistraturas de Roma:
-Consulado: magistratura mais importante, ocupado por dois militares. Um agia
em Roma e outro fora de Roma. Em casos de extrema gravidade interna ou
externa, esta magistratura - como de resto, as outras também - era substituída
pela DITADURA uma magistratura legal com duração de seis meses.
-Tribunos da plebe: representantes da plebe junto ao Senado. Possuíam o poder
de vetar as decisões do Senado que afetassem os plebeus, assegurando assim
seus direitos.
-Questor: responsável pela arrecadação de impostos.
-Pretor: encarregado da justiça civil.
-Censor: zelava pela moral pública ( a censura) e realizava a contagem da
população ( o censo ).
-Edil: cuidava da manutenção pública -obras, festas, policiamento,
abastecimento.
Para completar a organização política, restam as Assembléias que eram em
número de três:
-Assembléia Centuriata: a mais importante da República. Responsável pela
votação de todas as leis. Monopolizada pelos patrícios.
-Assembléia Tribunícia: composta pelas tribos de Roma. Aqui a votação era
coletiva, pela tribo. O número de tribos de patrícios era maior do que de
plebeus.
-Assembléia da Plebe: uma conquista dos plebeus. Tinha por finalidade
escolher os tribunos da plebe.
As leis votadas nesta assembléia serão válidas a todos os cidadãos, trata-se do
plesbicito.
A expansão territorial romana
Roma surgiu como uma fortificação para proteger-se das invasões estrangeiras.
A evolução militar romana foi excepcional e, ao longo da Monarquia e início da
República, os romanos já haviam conquistado toda a península Itálica. Com
estas conquistas, Roma passa a exercer uma política imperialista ( de caráter
expansionista ), entrando em choque com CARTAGO -importante colônia fenícia
no norte da África -que controlava o comércio marítimo no Mediterrâneo.
O conflito entre Roma e Cartago, as Guerra Púnicas, inicia-se em 264 a.C.,
quando Roma anexou a Sicília, e estende-se até o ano de 146 a.C. quando o
exército romano, comandado por Cipião Emiliano destruiu Cartago.
Atraídos pelas riquezas do oriente, Roma conquista a Macedônia, a Grécia, o
Egito e o Oriente Médio. A parte ocidental da Europa, a Gália e a península
Ibérica também foram conquistadas.
As conseqüências da expansão romana
A expansão territorial trouxe profundas mudanças na estrutura social, política,
econômica e cultural de Roma.
1. Houve um enorme aumento da escravidão, já que os prisioneiros de guerra
eram transformados em escravos.
2. O surgimento dos latifúndios e a falência dos pequenos proprietários. As
terras anexadas ao Estado, através das conquistas possuíam o status de "ager
publicus", destinadas aos camponeses. No entanto o patriciado acaba
apossandose destas terras e ampliando seu poder.
3. Processo de marginalização dos plebeus, resultado do empobrecimento dos
pequenos proprietários e da expansão do escravismo, deixando esta classe
sem terras e sem emprego.
4. O surgimento de uma nova classe social - os Cavaleiros ou Homens-novos
enriquecidos pelo comércio e pela prestação de serviços ao Estado: explorar
minas, construir estradas, cobrar impostos etc...
5. umento do luxo e surgimento de novos costumes, em decorrência da
conquista do Império Helenísitco. Como exemplo, o culto do Mitraísmo.
6. Como resultado da marginalização dos plebeus e do desenvolvimento do
escravismo, houve um enorme êxodo rural, tornando as cidades
superpovoadas, contribuindo para uma onda de fome, epidemias e violência.
Para controlar esta massa urbana, o Estado inicia a Política do Pão e Circo - a
distribuição de alimentos e diversão gratuita. Com isto, o Estado romano
impedia as manifestações em favor de uma reforma agrária.
7. No plano militar, o cidadão soldado foi substituído pelo soldado profissional,
que passou a ser fiel não ao Estado mas sim ao seu general. O fortalecimento
dos generais contribuiu para as guerras civis em Roma.
A crise republicana
A) Os irmãos Graco
A situação de marginalidade dos plebeus, o aparecimento dos latifúndios;
levaram alguns tribunos da plebe a proporem uma reforma agrária: foram os
irmãos Tibério e Caio Graco.
Os irmãos Graco tentaram melhorar as condições de vida dos plebeus por meio
de uma reforma agrária e de uma lei frumentária. As terras públicas ( o Ager
publicus ) seriam utilizadas para transformar o pobre urbano em camponês,
bem como a ampliação da distribuição de alimentos. Mediante estas reformas,
acreditavam os tribunos, as tensões sociais diminuiriam.
Os dois irmãos foram assassinados...
B) Os generais Mário e Sila.
O desaparecimento do cidadão soldado veio fortalecer o poder individual de
alguns generais, que se utilizavam da popularidade diante de seus soldados
para manterem-se no poder. Destaque para
o general Mário e o general Sila que levam seus exércitos a conflitos pela
disputa do poder político. Estes conflitos políticos, com fortes conotações
sociais estão na origem das chamadas guerras civis.
Durante estas guerras internas, outros generais destacaram-se como Pompeu e
Júlio César.
C) Triunvirato.
Período em que o governo de Roma estava dividido entre três generais.
O primeiro Triunvirato foi composto por César, Pompeu e Crasso. Com a morte
de Crasso, César e Pompeu travam uma disputa pelo poder, resultando na
vitória de Júlio César e no início de seu poder pessoal, que dura até o ano de 44
a.C., ano de seu assassinato.
O segundo Triunvirato era formado por Caio Otávio ( sobrinho de Júlio César ),
Marco Antônio e Lépido. Aqui também haverá uma intensa disputa pelo poder
pessoal. No ano de 31 a.C., com a vitória de Caio Otávio sobre Marco Antônio
tem início o poder pessoal de Otávio, que se tornará o primeiro imperador
romano.
IMPÉRIO
A principal característica do Império Romano é a centralização do poder nas
mãos de um só governante. O longo período das guerras civis, contribuiu para
enfraquecer o Senado e fortalecer o exército.
Caio Otávio será o primeiro imperador de Roma e receberá uma série de
títulos, tais como: Augusto ( honra dada somente aos deuses ), Tribuno da
Plebe vitalício e Príncipe ( o primeiro cidadão do Senado). O seu governo vai do
ano 31 a.C. até o ano 14 d.C.
Realizou reformas que contribuíram para a sua popularidade: ampliou a
distribuição gratuita de trigo para a plebe e de espaços para a diversão pública
( a famosa Política do Pão e Circo ), efetuou uma distribuição de terras aos
soldados veteranos e foi um protetor dos artistas romanos.
Seu período é conhecido como a PAX ROMANA, dado ao fortalecimento do
exército, a amenização das tensões sociais - graças à política do pão e circo - e
a pacificação das províncias do império.
O período imperial romano é dividido em dois momentos: o Alto Império,
marcado pelo apogeu de Roma; e pelo Baixo Império, que representa a
decadência e queda de Roma.
A) ALTO IMPÉRIO.
Formado pelas chamadas dinastias de ouro. É o momento de grandiosidade de
Roma tendo as seguintes dinastias:
a) Júlio-Claúdios ( 14 - 68 )
b) Flávios ( 69 - 96 )
c) Antoninos ( 96 -192)
d) Severos (193-235).
A partir do ano de 235, inicia-se um período de crises em virtude do enorme
custo para a manutenção do exército. Os gatos militares minavam as finanças
do Estado, que era obrigado a aumentar os impostos. Esta política provoca
tumultos e revoltas nas províncias.
A crise militar acarreta o fim do expansionismo romano, contribuindo - a médio
prazo e de forma contínua - para diminuir a entrada de mão-de-obra escrava
em Roma. A chamada crise do escravismo está na raiz da queda de Roma.
A crise e a queda De Roma
Toda a riqueza do Império Romano advinha do uso da mão-de-obra escrava,
conseguida pela expansão territorial.
À partir do século III, como forma de conter os excessivos gastos militares,
Roma cessou suas conquistas territoriais, acarretando uma diminuição no
número de escravos e, conseqüentemente, uma expressiva queda na produção
agrícola.
Como resultado desta crise econômica o Estado romano passa a aumentar, de
forma sistemática, os impostos. O aumento dos impostos reflete em um
aumento no preço das mercadorias, gerando um processo inflacionário. Diante
desta situação, a política de pão e circo deixa de existir -pois o Estado não
pode mais arcar com a distribuição gratuita de alimentos -contribuindo para
aumentar as tensões sociais.
Como se não bastasse tudo isto, as fronteiras do Império Romano começam a
serem invadidas pelos chamados povos bárbaros, trazendo um clima de
insegurança e pânico a todos.
Conseqüências da crise imperial
-ÊXODO URBANO: uma saída da população urbana para o campo, fugindo da
crise econômica e dos bárbaros. No campo, esta população tinha uma
oportunidade de trabalho pois, em virtude da diminuição do número de
escravos, os grandes proprietários passam a necessitar de força de trabalho.
-O COLONATO: como solução para a falta de força de trabalho e de uma forte
onda inflacionária, desenvolve-se no campo o regime de colonato, onde o
grande proprietário arrenda lotes de terras para os camponeses que, em troca,
trabalhavam e produziam para o grande proprietário. O colono passa a ser um
homem preso à terra. A economia passa a ser auto-suficiente.
-INFLAÇÃO: com a queda da produção agrícola, o Estado tem sua arrecadação
de impostos diminuída e, em contrapartida, um aumento das despesas -como a
manutenção do exército para a defesa das fronteiras dos ataques bárbaros. Na
falta de dinheiro, o Estado passa a exercer uma política emissionista ( emissão
de moeda ) provocando uma desvalorização do dinheiro. Sem dinheiro, o
Estado inicia a sua falência.
-CRISE MILITAR: sem recursos para manter o exército, o Estado romano passa a
recrutar bárbaros para defender as suas fronteiras, que em troca do serviço
prestado recebiam terras.
No campo, a ausência militar e a necessidade de garantir a propriedade, leva o
grande proprietário a contratar mercenários para a defesa da terra, criando um
exército pessoal.
-O CRISTIANISMO: um outro elemento que contribuiu para a crise de Roma foi a
difusão da religião cristã. O fortalecimento do cristianismo ocorria,
simultaneamente, com o enfraquecimento de Roma. Os cristãos não aceitavam
as instituições romanas, ligadas ao paganismo; não reconheciam a divindade
do imperador e não aceitavam a escravidão.
As autoridades romanas iniciam uma política de perseguição sistemática aos
cristãos, considerando-os culpados por todas as calamidades que ocorriam. No
entanto, quanto mais os cristãos eram perseguidos e torturados, maior o
número de adeptos.
Reformas do Baixo Império
Procurando evitar o colapso político-administrativo total do Império, alguns
imperadores empreenderam algumas reformas, com o objetivo de reestruturar
o império.
DIOCLECIANO: dividiu o poder imperial em quatro parte -a tetrarquia
-procurando aumentar a eficiência administrativa ao descentralizar a
organização do Estado; reintroduziu o serviço militar obrigatório; incentivou o
regime de colonato; editou a lei do Preço Máximo, para combater a inflação;
ampliou a perseguição aos cristãos.
CONSTANTINO: sucessor de Diocleciano, realizando a reunificação do Império e
transferindo a capital de Roma para Bizâncio na parte oriental do Império
( futura Constantinopla ); o Édito de Milão (313) , legalizando o cristianismo.
Esta medida tinha também um interesse econômico. O pagão, de perseguidor
passa a ser perseguido, e seus bens ( maiores que os do cristão ) confiscados
pelo Estado, constituindo assim, uma forma de aumentar o erário estatal.
TEODÓSIO: realizou a divisão do Império romano em duas partes:
Império romano ocidental - Roma
Império romano oriental - Constantinopla
À partir do século IV a pressão dos bárbaros sobre as fronteiras de Roma
aumenta. Uma imensa onda de tribos - fugindo dos Hunos inicia a penetração
na parte ocidental de Roma.
Por conta da fraqueza interna, Roma foi saqueada e dominada no ano de 476
por Odoacro, que se declarou rei da Itália. Esta data é considerada o ponto final
da história romana. Quanto ao lado oriental de Roma, este sobrevivi até o ano
de 1453 com o nome de Império Bizantino.
Cultura romana
A cultura romana foi profundamente influenciada pela cultura grega. O teatro
será um dos divertimentos de Roma. Os romanos gostavam ainda das lutas de
gladiadores e corridas de biga. O martírio dos cristãos também servia de
entretenimento.
Na literatura -cuja época de ouro foi o período de Augusto destacam-se
Horácio, Virgílio e Tito Lívio autor de "A História de Roma".
A principal contribuição dos romanos para a posteridade foi, sem dúvida
alguma, no campo do Direito. O Direito romano continua a ser a base da
ciência do Direito ainda hoje.
Outro importante legado é o latim, origem de muitas línguas modernas, tais
como o português, o italiano, o francês e o espanhol. Para finalizar, o grande
desenvolvimento de Roma -em todos os aspectos, assim como o grego -só foi
possível graças ao uso do
trabalho escravo.

O Direito Romano e suas fases: principais eventos, organização social, política,


judiciária e fontes do direito
Rodrigo Almeida Magalhães, Henrique Viana Pereira

Resumo: O Império Romano teve início com a fundação da cidade e o período histórico em que Roma foi governada
por reis foi chamado de realeza. Existiam quatro classes: patrícios, clientes, escravos e plebeus. Os poderes públicos
eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. O fim da realeza teve como marco a expulsão de Tarquínio. Na fase
da república, houve a substituição do rex por dois comandantes militares. As classes sociais eram classe baixa e
nobreza. A economia se baseava na mão-de-obra escrava. A organização política era composta por cônsules, pelo
senado e pelo povo. Alto império é o período histórico do reinado de Augusto até a morte de Diocleciano. Os poderes
públicos eram exercidos pelo imperador, consilium principis, funcionários imperiais, magistraturas republicanas,
senado, comícios e pela organização das províncias. A fase do baixo império é caracterizada pela monarquia
absolutista. E o fim dessa fase é marcado pela morte do Imperador Justiniano. Os poderes públicos eram exercidos
pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador. Chama-se período bizantino a fase histórica que vai
desde a morte de Justiniano até a tomada da cidade de Constantinopla. Nesse período os poderes ainda estavam
concentrados nas mãos de um imperador. O direito romano é considerado a mais importante fonte histórica do
direito. Sua atualidade é evidente. Ele está presente em vários institutos jurídicos e princípios atuais. Ao estudá-lo,
ocorre a análise das origens do direito vigente.

Palavras-chave: Direito Romano. Organização social, política e judiciária de Roma. Fontes do Direito Romano.

Abstract: The Roman Empire had beginning with the foundation of the city and the historical period in that Rome was
governed by kings was called of royalty. Four classes existed: compatriots, clients, slaves and plebeian. The public
powers were exercised by the king, by the senate and by the people. The end of the royalty had like landmark the
expulsion of Tarquínio. In the phase of the republic, had the substitution of the rex for two military commanders. The
social classes were underclass and nobility. The economy itself based in the slave labor. The political organization
was composed by consuls, by the senate and by the people. High empire is the historical period that goes of the reign
of Augusto up to death of Diocleciano. The public powers were exercised by the emperor, by the consilium principis,
by the imperial members of staff, republican magistracies, senate, assemblies and organization of the provinces. The
phase of the short empire is characterized by the absolutist monarchy. And the end of that phase is marked by the
death of the Emperor Justiniano. The public powers were exercised by the Senate, by the republican magistracies
and by the Emperor. Byzantine period is the historical phase that goes since the death of Justiniano up to the taking
of the city of Constantinopla. In that period the powers still were concentrated in the hands of an emperor. Roman
law is considered the most important historical source of law. Its present time is evident. Today it is present in
various legal institutions and principles. Upon studying it, occurs the analysis of the origins of existing law.

Keywords: Roman law. Political, social and judiciary organization of Rome. Sources of the Roman law.

Sumário: 1. Introdução. 2. As fases do Direito Romano. 2.1. O Direito Romano na Realeza (753 a.C. a 510 a.C.). 2.1.1.
Principais eventos. 2.1.2. Organização social. 2.1.3. Organização da família. 2.1.4. Organização da religião. 2.1.5.
Organização política e judiciária 2.1.6. Fontes do direito. 2.2. O Direito Romano na República (510 a.C. a 27 a.C.).
2.2.1. Principais eventos. 2.2.2. Organização social. 2.2.3. Organização da religião. 2.2.4. Organização política e
judiciária. 2.2.5. Fontes do direito. 2.3. O Direito Romano no Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.). 2.3.1. Principais
eventos. 2.3.2. Organização política e judiciária. 2.3.3. Fontes do direito 2.4. O Direito Romano no Baixo Império (284
d.C. a 565 d.C.). 2.4.1. Principais eventos 2.4.2. Organização política e judiciária. 2.4.3 Fontes do direito. 2.5. O
Direito Romano no período Bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.). 2.5.1. Principais eventos 2.5.2. Organização política e
judiciária 2.5.3. Fontes do direito. 3. Conclusão.

1 INTRODUÇÃO

Conforme enfatizado pelo Professor Doutor César Fiúza, o “Direito Romano é a mais importante fonte histórica do
Direito nos países ocidentais, e, ainda, a maioria dos institutos e princípios do Direito Civil nos foi legada pelo gênio
jurídico dos romanos” (FIUZA, 2006, p. 160).

E, é de conhecimento de todos que o nosso direito deriva do Romano. Dessa forma, ao estudá-lo, buscam-se as origens
do nosso próprio direito vigente. Além disso,

“A perenidade do direito romano é fato evidente. Sua atualidade não pode ser negada, pela presença constante em
inúmeros institutos jurídicos de nossa época.

Além disso, qualquer estudo profundo de direito privado principia sempre por introdução histórica que investiga as
raízes romanas do assunto tratado.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 57).

Então, de extrema relevância este artigo, o qual com certeza será responsável para aprofundar o conhecimento no
âmbito do Direito Privado. Passa-se então, ao desenvolvimento do tema.

2 AS FASES DO DIREITO ROMANO

2.1 O Direito Romano na Realeza (753 a.C. a 510 a.C.)

2.1.1 Principais eventos

Os manuais de Direito Romano indicam que o Império Romano teve início com a fundação da Cidade, em 753 a.C. e
que o período histórico em que Roma foi governada por reis foi chamado de realeza. Essa cidade teria sido governada
por sete reis até 510 a.C., ano considerado como fim desse período histórico.

Rômulo foi o primeiro rei, sendo considerado fundador lendário de Roma. Com relação à época da fundação,
considera-se ter sido “a cidade romana constituída, no início, pelos componentes das tribos conhecidas pelos nomes
de ramnenses, tirienses e luceres” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 25), razão pela qual Rômulo, conforme narra César
Fiuza, “dividiu a cidade em três tribos: Tities, Ramnes e Luceres” (FIUZA, 2007, p. 37).

Tendo em vista que nessas tribos havia apenas homens, Rômulo convidou os sabinos, povo vizinho, constituído de
indivíduos de ambos os sexos, para festividades. Nessa ocasião, os romanos teriam raptado as pessoas do sexo
feminino, razão pela qual se iniciou uma guerra entre esses povos. Antes do término da batalha, por influência das
mulheres, os sabinos resolveram se integrar aos romanos, junto à tribo dos Tities.

Sérvio Túlio, penúltimo rei dessa fase, ordenou o primeiro censo na história. Ele “mandou fazer cadastro de todos,
sendo que os censores vasculhavam todos os cantos da cidade à procura de riqueza, para que se pudesse pagar
impostos e ampliar as receitas” (TAVARES, 2003, p. 8).

Vale ressaltar que o fim da realeza (510 a.C.) teve como marco a expulsão do “último rex, Tarqüínio, o Soberbo,
usurpador de poderes realmente imperiais” (ENGELS, 2006, p. 143).

2.1.2 Organização social

Dentre os habitantes de Roma havia quatro classes bem distintas: os patrícios, os clientes, os escravos e os plebeus.
Os primeiros, homens livres, fundadores da cidade e seus descendentes, agrupados em clãs familiares patriarcais,
denominados gentes, formavam a classe detentora do poder e privilegiada.

Os clientes, de origem diversa, “eram pessoas que se submetiam ao poder de um chefe de família patrício,
oferecendo seus préstimos e seu patrimônio em troca de proteção” (FIUZA, 2007, p. 39). Geralmente eram
estrangeiros e escravos alforriados.

Já os escravos eram a mão-de-obra responsável por praticamente toda a economia romana da época. Viviam sob as
ordens do senhor, ou pater. Por último, os plebeus, que não faziam parte das gentes, estavam em posição de
inferioridade, mas estavam sob a proteção do rei.

Até o reinado de Sérvio Túlio, a plebe não fazia parte da organização política de Roma. Somente após essa ocasião -
com as mudanças introduzidas por esse rei - é que os plebeus ganham cidadania e “entram nos comícios centuriatos,
que se reúnem no Campo de Marte; pagam impostos e prestam serviço militar” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 26).
2.1.3 Organização da família

A família patrícia era uma estrutura organizada, como se fosse uma pequena sociedade com seu governo, chefiado
unicamente pelo pai. Este, que exercia as funções mais elevadas, sendo todos os demais membros submissos a ele.
Essa submissão se dava em todos os sentidos eis que o pater detinha, dentro do lar, poderes ilimitados de pai, esposo,
administrador, sacerdote e, até mesmo, de um juiz cujas decisões nenhuma autoridade tinha o direito de reforma.

Sendo assim, “no pai repousa o culto doméstico; quase pode dizer como o hindu: “Eu sou o deus”. Quando a morte
chegar, o pai será um ser divino que os descendentes invocarão” (COULANGES, 2007, p. 93). Em caso de morte, o
lugar do pai “era ocupado pelo filho primogênito. Se não tivesse, adotava um. O que não podia ocorrer era a vacância
de seu lugar, sob pena de não se dar continuidade ao culto familiar” (FIUZA, 2007, p. 40). E, “cada gens transmitia,
de geração em geração, o nome do antepassado e perpetuava-o com o mesmo cuidado com que continuava o seu
culto” (COULANGES, 2007, p. 119).

Com relação ao conceito de gens, expressão comumente trazida nos manuais de direito romano, pode-se,
resumidamente, considerar que trata-se do “conjunto de pessoas que pela linha masculina descendem de um
antepassado comum” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 26).

Acredita-se que essa organização familiar foi um empecilho para o desenvolvimento das regras comerciais em Roma,
uma vez que, em decorrência da predominância da indústria doméstica, somente foram desenvolvidas relações
contábeis e não-jurídicas entre pai e filhos. Relação cujas decisões, conforme já mencionado, eram tomadas
arbitrariamente pelo detentor do poder patriarcal.

2.1.4 Organização da religião

A religião tinha como base duas classes de deuses. Uma era inspirada na alma humana, em que os deuses eram
chamados de domésticos, manes ou lares. Tratava-se dos ancestrais e, a eles, era feito o “culto doméstico, em que se
invocavam os antepassados para proteção. Levava-se-lhes comida e prestavam-se-lhes orações” (FIUZA, 2007, p. 40).

A outra classe era inspirada nos fenômenos naturais, chamados de deuses superiores (deuses do Olimpo), “cujas
principais figuras foram Zeus, Hera, Atena, Juno, a do Olimpo helênico e a do Capitólio romano” (COULANGES, 2007,
p. 132).

Essas duas classes, que alguns autores chamam de religiões, perduraram em harmonia, dividindo o domínio sobre o
homem.

2.1.5 Organização política e judiciária

Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. O rei era o supremo sacerdote, chefe do
exército, juiz soberano e protetor da plebe. Seu cargo, que era “indicado por seu antecessor ou por um senador”
(CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 27), era vitalício, mas não hereditário. Apesar disso tudo, podia ser deposto, conforme a
já mencionada expulsão ocorrida com Tarqüínio, o Soberbo.

Já a instituição do senado era como um conselho, que tinha competência para gerir e opinar nos negócios de interesse
público. “O Senado detinha a auctoritas para aconselhar o rei, quando convocado, e para confirmar as decisões dos
comícios” (FIUZA, 2007, p. 41).

Nomeados dentre os chefes das gentes pelo rei, os “senadores, por serem os mais velhos em suas gens, chamavam-
se patres, pais. O conjunto deles acabou formando o Senado (de senex, velho, ancião – conselho dos anciãos)”
(ENGELS, 2006, p. 139/140). E, o “poder, de fato, estava nas mãos dos patres-familias, sendo o Senado sua
representação máxima” (FIUZA, 2007, p. 41).

O último dos três elementos que integram a organização política e judiciária na fase da realeza era o povo. Este era,
no início,

“Integrado pelos patrícios, na idade de serviço militar. Reúne-se em assembléias – os comícios curiatos – (“comitia
curiata”) -, num recanto do fórum denominado mesmo comitium. A lei, proposta pelo rex, é votada pelo populus, que
vota por cúrias. As leis, assim votadas, recebem o nome de leges curiatae” (CRETELLA JÚNIOR: 2007, p. 27).

Então, o povo era a sociedade romana, constituída, no início, apenas de patrícios. Após Sérvio Túlio, que deu à plebe
a cidadania, também passaram a compor a populus romanus.

O povo exercia seus direitos em assembléias, denominadas comícios, onde votavam para decidir sobre propostas
específicas de casos concretos.

2.1.6 Fontes do direito


As fontes do direito na fase da realeza são apenas duas: o costume (fonte principal) e a lei (secundária). E, tendo em
vista o amplo domínio dos deuses sobre o homem, essas fontes são extremamente influenciadas pela religião.

Costume pode ser entendido como o “uso repetido e prolongado de norma jurídica tradicional, jamais proclamada
solenemente pelo Poder Legislativo” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 28). Sua autoridade resulta de um acordo tácito
entre todos os componentes da cidade.

Já a lei decorre de uma iniciativa do rex, tendo em vista um caso concreto em que alguém deseja agir contrariando
algum costume. Essa proposta do rei pode ou não ser aceita pelo povo. Se for aceita, a lex é analisada pelo senado.
Caso ratificada torna-se obrigatória perante todos.

Aqui, a autoridade da lei resulta, ao contrário do costume, de um acordo formal entre todos os cidadãos. Então, o
Direito na realeza é:

“Casuístico, porque era criado para cada caso concreto. Empírico, porque se baseava na observação prática, nada
possuindo de científico. A posteriori, porque nascia depois do fato concreto. Finalmente, concreto, uma vez que nada
tinha de abstrato, vinculando-se exclusivamente ao caso concreto” (FIUZA, 2007, p. 42).

Então, a lei na fase da realeza teria surgido de forma gradativa e “como parte da religião. As normas sobre direito de
propriedade e de sucessão estavam dispersas entre as regras relativas aos sacrifícios, à sepultura e ao culto dos
antepassados” (COULANGES, 2007, p. 206).

2.2 O Direito Romano na República (510 a.C. a 27 a.C.)

2.2.1 Principais eventos

No início da fase da república, logo após a expulsão de Tarqüínio, o Soberbo, houve a “substituição do rex por dois
comandantes militares (cônsules) dotados de iguais poderes” (ENGELS, 2006, p. 143).

Esses sucessores do rei eram eleitos anualmente, em número de dois, para que governassem de forma alternada, cada
mês um deles controlavam o imperium, enquanto o outro fazia uma fiscalização, com direito de veto ou intercessio.
E, “se perigos gravíssimos ameaçam a república, o cônsul em exercício enfeixa o poder dos dois, tornando-se ditador,
com opoderes absolutos, perdendo o colega o recurso da intercessio (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 30).

Foi nessa época que a diferença entre patrícios e plebeus já não se justificava. Inclusive, por volta dos séculos IV e III
a.C., “a plebe já ocupava todos os cargos da magistratura, antes reservados só aos patrícios” (FIUZA, 2007, p. 54).

2.2.2 Organização social

Na República, a organização social se modifica um pouco. As classes sociais eram bem distintas: classe baixa (ou plebs
urbana), escravos, Cavaleiros da Ordem Eqüestre e a nobreza.

A economia, assim como na realeza, se baseava na mão-de-obra escrava. Os escravos, parcela significativa da
população, “eram considerados bens semoventes, despidos de personalidade” (FIUZA, 2007, p. 53).

Já a classe baixa, ou plebs urbana, era a casta composta por plebeus pobres, “com profissões menos prestigiosas:
barbeiros, sapateiros, padeiros, açougueiros, pastores, agricultores etc” (FIUZA, 2007, p. 53).

A classe dos Cavaleiros da Ordem Eqüestre era composta, na verdade, por homens de negócio. Atuavam, até mesmo,
em nome de nobres, que não queriam ou não podiam exercer atividades mercantis. Eram os homens que não
integravam a nobreza e que possuíam patrimônio superior a 400.000 sestércios. Esse nível patrimonial era o mesmo
exigido “para se tornar um juiz eqüestre, a quem competia julgar as questões envolvendo corrupção” (FIUZA, 2007, p.
54).

A última classe era a nobreza, também chamada de nobilitas, composta de descendentes de magistrados. Nesta
classe, tinha destaque a Ordem Senatorial. Ao final da República, não era preciso ser descendente de homem público
para integrar essa Ordem.

A nobilitas era considerada a classe administradora e constituía, juntamente com os Cavaleiros, a classe dominante da
época. Posto isso, as demais classes (plebe urbana e os escravos) eram dominados na fase do direito romano na
República.

2.2.3 Organização da religião

Na fase anterior, o rei era o supremo sacerdote. Já na República, conforme ensina César Fiuza:
“Os poderes sacerdotais do rei passaram ao rex sacrorum (rei das coisas sacras) na República. Além dele, havia o
Colégio de Pontífices, encabeçado pelo pontifex maximus (sumo pontífice). Com o passar dos tempos, a pessoa do rex
sacrorum se tornou figurativa e quem exercia o poder sacerdotal era o sumo pontífice” (FIUZA, 2007, p.48/49).

2.2.4 Organização política e judiciária

Na República, a organização política era composta por cônsules, pelo senado e pelo povo, que se reúne em comícios
populares.

Tendo em vista que os cônsules eram apenas dois e que enquanto um governava, o outro fiscalizava, o
desenvolvimento da população de Roma exigiu a repartição das funções antes concentradas no rex. Por isso, foram
criados vários cargos, dentre eles: questores, censores, edis curuis, pretores, praefecti jure dicundo e governadores
das províncias.

Já o Senado, que exercia funções consultivas, como por exemplo, ratificar leis e decisões dos Comícios, “compõe-se
de 300 patres, nomeados pelos cônsules” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 31). “A partir de 312 a.C., os censores
passaram a nomear os senadores, normalmente, dentre antigos cônsules. Até essa data eram indicados pelos cônsules”
(FIUZA, 2007, p. 47).

O povo, composto por patrícios e plebeus, exercia seus direitos reunidos em comícios:

“Os comícios curiatos e os comícios centuriatos, como na realeza. Além disso, há uma nova espécie de comícios, os
comícios tributos. A plebe, sozinha, reúne-se nos concilia plebis. Nestes concílios, votam-se os plebiscitos. Os
comícios tributos (comitia tributa) são assembléias do povo, cuja unidade de voto é a tribo.” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 32).

Nesses comícios populares, o populus romanus exercia funções legislativas e judiciárias (Comícios Centuriatos); eram
responsáveis pelos testamentos e pelas ad-rogações (Comícios Curiatos); e exerciam funções eletivas e legislativas
(Comícios Tributos e Conselhos da Plebe).

2.2.5 Fontes do direito

As fontes do direito na fase da República são cinco: os costumes, as leis escritas, o senatusconsultos, a jurisprudência
e os editos dos magistrados.

Em se tratando de um povo conservador, os costumes continuam desempenhando um papel importante como fonte do
direito em Roma. Para César Fiúza,

“um costume só será fonte de Direito, só será verdadeiramente costume se nele estiverem presentes o uso (repetição
constante de uma prática) e a opinio necessitatis (convicção de que aquele uso tem força de norma jurídica).”
(FIUZA, 2007, p. 49).

Para José Cretella Júnior, a autoridade de um costume resulta de um acordo tácito entre os componentes da cidade.
Para esse autor, costume pode ser entendido como o “uso repetido e prolongado de norma jurídica tradicional, jamais
proclamada solenemente pelo Poder Legislativo” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 28).

Pela incerteza oriunda de um ordenamento baseado em costumes, a plebe luta por uma lei escrita, pública, conhecida
e que possa ser invocada contra qualquer um. Havia duas espécies de leis escritas, as leges rogatae e as leges datae.
As primeiras eram propostas por iniciativa de um magistrado, votadas pelo povo e homologadas pelo Senado. Já
as leges datae eram medidas unilaterais tomadas diretamente pelos cônsules, em nome do povo, sem votação e nem
homologação do Senado.

Das leis escritas, fundamental mencionar sobre a Lei das XII Tábuas, considerada até mesmo como sendo fonte de
todo o direito privado. Elas “foram escritas em meio a uma evolução social; foram os patrícios que as fizeram, mas a
pedido e para uso da plebe” (COULANGES, 2007, p. 334). Esse pedido foi feito através de protestos e revoltas
populares.

Diante do caráter tipicamente romano da Lei das XII Tábuas, ocorreu imediata aceitação e, assim que publicadas,
passaram a regular as relações do povo de Roma.Há autores que afirmam de modo diferente, que essa Lei teria sido
fruto de compilação dos costumes da época.

O senatusconsultos era a consulta que o Senado fazia após convocação por um magistrado. Era “uma espécie de
parecer senatorial” (FIUZA, 2007, p. 51). Não tinha força de lei.

A jurisprudência, que também pode ser chamada de interpretação dos prudentes, seria como se fosse nossa atual
doutrina jurídica, contendo interpretações e adaptações à lei.
Como a lei na época tinha muitas lacunas, de extrema importância o trabalho dos jurisprudentes, que eram
“jurisconsultos encarregados de preencher as lacunas deixadas pelas leis” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 34).

Os editos dos magistrados tinham grande relevância na fase da república. Eram um conjunto de cláusulas, que
funcionavam como normas, expondo a plataforma que seria aplicada para os casos que fossem apresentados. Eram
divulgados assim que os magistrados assumiam o cargo.

2.3 O Direito Romano no Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.)

2.3.1 Principais eventos

“Chama-se alto império (27 a.C. a 284 d.C.) ou principado (de princeps) o período histórico que vai do reinado de
Augusto até a morte de Diocleciano” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38). Nessa fase ocorreram revoltas de escravos e
vários conflitos entre as classes sociais. Esses acontecimentos levaram a uma alteração política em Roma.

Dentre os acontecimentos importantes, destaca-se a reforma no início da fase que deu poder aos generais de
livremente recrutarem soldados, que se tornaram fiéis à eles, e não a Roma. Diante disso Silas, com o apoio de suas
tropas, tornou-se ditador, em 82 a.C, permanecendo até 79 a.C.

Em 66 a.C., formou-se, com a associação política entre Júlio César, Pompeu e Crasso, o primeiro triunvirato. Por volta
de 43 a.C., “formou-se um segundo triunvirato, formado por Otávio (sobrinho e filho adotivo de Júlio César), Marco
Antônio e Lépido”. (FIUZA, 2007, p. 55).

E, considera-se triunvirato “uma associação política entre três homens em pé de igualdade. A palavra triunvirato
originou-se a partir de dois radicais do latim: trium (três) e vir (homem)” (TRIUNVIRATO, 2008).

Durante o segundo triunvirato, Lépido foi exilado e Marco Antônio se suicidou. Então, conforme conta César Fiuza:

“Otávio se tornou ditador. Em 36 a.C., foi-lhe atribuída a tribunicia potestas (poder de veto e inviolabilidade). Em 29
a.C., o título de imperator (comandante-em-chefe das forças armadas). Em 28 a.C., recebeu o título de princeps
senatus; em 27 a.C., o de augusto. Otávio se tornou, então, o senhor absoluto, mas sem o título de rei, do qual não
fazia questão”. (FIUZA, 2007, p. 56).

Vale ressaltar ainda que, nesta fase, “O imperador ou príncipe não governa sozinho: partilha o poder com o senado,
havendo, pois uma diarquia, (governo de dois).” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38).

2.3.2 Organização política e judiciária

Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador, pelo consilium principis, pelos funcionários imperiais,
magistraturas republicanas, senado, comícios e organização das províncias.

O imperador, que tinha autoridade máxima, inviolável, reunia todas as atribuições que na república eram divididas
entre vários magistrados. Eram atribuições dele:

“a tribunicia potestas, o pró-consulado (comando militar de todas as províncias), o direito de declarar guerra e
celebrar paz, fundar e organizar colônias, conceder cidadania, convocar o Senado, cunhar moedas, instituir tributos,
administrar, dizer o direito (jurisdição civil em 2ª instância e jurisdição criminal).” (FIUZA, 2007, p. 56).

O consilium principis atuava como órgão consultor para o imperador, quando este entendia necessário. Era integrado
por amigos do imperador e juristas que se destacavam na época.

Os funcionários imperiais tinham funções variadas, desde cuidar das vias públicas e do abastecimento de água
(curadores) e, até mesmo, governar províncias imperiais (Legados de César).

As magistraturas republicanas tiveram suas funções reduzidas, eis que o consulado perdeu os poderes militares e civis,
a pretura peregrina desapareceu, a censura deixou de existir (sendo que seus poderes passaram para o imperador), a
edilidade curul e da plebe deixaram de existir e o tribunato da plebe recebeu funções administrativas de menor
importância.

O senado “administra as províncias senatoriais, cujas receitas vão para o aerarium, tesouro público” (CRETELLA
JÚNIOR, 2007, p. 38). Nessa fase, os senadores, que eram nomeados pelo imperador, repartiam com este o poder
judiciário.

Além disso, o Senado possui atribuições de poder eleitoral dos comícios, parte do legislativo e administra as províncias
senatoriais e o erário de Saturno. Então, o senado perde independência e sua função de corpo consultivo.

Os comícios, também perdem atribuições, eis que não possuem mais seus poderes legislativos, eleitorais e judiciários.
Quanto à organização das províncias, leciona César Fiuza:

“Províncias imperiais – eram mais numerosas e necessitavam de forças permanentes.


Províncias senatoriais – estavam pacificadas. Eram governadas por um pró-cônsul, auxiliado por legados e um
questor.” (FIUZA, 2007, p. 58).

2.3.3 Fontes do direito

As fontes do direito na fase do alto império são seis, conforme ensina José Cretella Júnior: costume,
lei, senatusconsultos, editos dos magistrados, constituições imperiais e a jurisprudência.

Os costumes continuam desempenhando um papel importante como fonte do direito. Isso eis que o povo romano é
extremamente conservador. Tal fonte já foi explicada no item 3.5, motivo pelo qual dispensa maiores esclarecimentos
nesta oportunidade.

Das leis escritas, ainda havia duas espécies: as leges rogatae, que assumem grande importância, e as leges datae, que
perdem relevância nessa época.

O senatusconsultos, espécie de consultoria senatorial, era feito através de um parecer, a pedido do príncipe. Passam,
na fase do Alto Império, a ter força de lei.

Os editos dos magistrados, nesta fase, perdem importância, eis que os magistrados foram perdendo o direito de editar
editos de seus antecessores. Então, os pretores passaram a apenas reproduzir os editos passados. Isso ocorreu até que

“Adriano (117 a 138), finalmente, encarregou o jurisconsulto Sálvio Juliano de fixar e sistematizar em um único texto
os editos pretorianos. A obra denominou-se Edito Perpétuo, por ser imutável. A partir daí, os pretores só podiam
inovar por solicitação do Imperador ou do Senado.” (FIUZA, 2007, p. 58).

Para José Cretella Júnior, as constituições imperiais podiam ser de quatro tipos:

“Edicta são proclamações feitas pelo imperador, ao ser consagrado, do mesmo modo que os pretores quando
assumiam as preturas.

Mandata são instruções que o príncipe envia aos funcionários da administração, principalmente aos governadores
imperiais das províncias, indicando-lhes um plano a seguir no exercício de suas magistraturas.

Decreta são decisões que o imperador toma, como juiz, nos processos que lhe são submetidos pelos particulares em
litígio. São sentenças emanadas extra ordinem, fugindo, pois, aos princípios da ordo judiciorum. Tomadas com relação
a um caso particular, passam, como os atuais acórdãos, a ser invocados para situações iguais ou semelhantes, até que
Justiniano, mais tarde, lhes dá força de lei.

Rescripta são respostas dadas pelo imperador a consultas jurídicas que lhe são feitas ou por particulares (subscriptio)
ou por magistrados (epístula).” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 43).

Por fim, a jurisprudência, considerada fonte eis que vinculava as decisões judiciais, “equivalia a nossa doutrina. Diga-
se que o imperador podia atribuir a certos juristas o chamado ius respondendi, que conferia a seus pareceres maior
força que aos dos demais” (FIUZA, 2007, p. 59).

2.4 O Direito Romano no Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.)

2.4.1 Principais eventos

Essa fase é marcada pela monarquia absolutista, diante da concentração dos poderes nas mãos do Imperador, sem
repartição de poderes com o Senado. Para alguns autores, esse período é chamado de Dominato.

O primeiro a experimentar esse “poder absoluto” foi Diocleciano (284 a 305), que dividiu o império romano em
Império Romano do Oriente (Constantinopla) e Império Romano do Ocidente (Roma).

Todos os poderes, atribuições e órgãos públicos passaram a ser submetidos à vontade do imperador. Como fatos
importantes nessa fase têm-se:

“313 – Edito de Milão, de Constantino, dando liberdade de culto aos cristãos. O edito foi reforçado posteriormente e
aplicado em todo o império. Constantino se converteu à fé cristã, atribuindo várias de suas vitórias a isso.

380 - Constituição Cunctos Populos, de Teodósio I (379 a 395). Elevou o catolicismo a religião oficial.
395 - Morte de Teodósio I e divisão do Império em Oriente e Ocidente, com dois imperadores, seus filhos: Arcádio, no
Oriente, e Honório, no Ocidente. A unidade jurídica foi mantida por meio da legislação, que era a mesma.

476 - Queda do Império Romano do Ocidente. Rômulo Augusto é derrotado por Odoacro, rei dos hérulos. Alguns reis
bárbaros invasores passaram a ser tratados como delegados do Imperador no Ocidente (ex.: Odoacro, Teodorico e
outros).

527 a 565 - Reinado do Imperador Justiniano. Tenta reunificar o Império e promulga as compilações de leis e doutrina,
conhecidas hoje com o nome de Corpus Iuris Civilis.” (FIUZA, 2007, p. 60/61).

E o fim da fase do baixo império é marcada pela morte do Imperador Justiniano (565 d.C.).

2.4.2 Organização política e judiciária

Os poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador. O senado já não
tinha quase nenhum poder eis que nem mais repartia a função judiciária com o imperador. Passa a ser um mero
conselho municipal.

As magistraturas republicanas eram compostas por cônsules (que davam nome ao ano), pretores (perderam as funções
judiciais), tribunos da plebe, questor para o Sacro Palácio (assessor do imperador), Prefeitos para o Pretório
(administravam prefeituras e exerciam funções judiciais), vigários (governavam as Dioceses) e governadores
(governavam as províncias). Então, as magistraturas não desaparecem, mas perdem suas atribuições.

Como o Império Romano estava subdivido em Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente, cada um
desses blocos foi entregue a um imperador, monarca absoluto, que concentrava em suas mãos todos os poderes. Junto
ao imperador “funcionava o Sacrum Consistorum (conselho imperial para assuntos administrativos e judiciais).”
(FIUZA, 2007, p. 61).

2.4.3 Fontes do direito

O imperador, conforme já mencionado, concentrava em si todos os poderes nesse período. Detinha o poder absoluto.
E, além disso, o monarca invocava “a vontade divina como fonte de inspiração de sua autoridade: o que agradou ao
príncipe tem força de lei (“quod principi placuit, legis habet vigorem”). É a monarquia absoluta.” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 46).

Diante dessa centralização de poderes, desaparecem as antigas fontes, restando as constituições imperiais como única
fonte de direito no período do baixo império, conforme José Cretella Júnior. Eram chamadas de leges. Já César Fiúza
considera como fontes desse período, além das constituições imperiais, “basicamente os costumes, a lei escrita e a
jurisprudência (doutrina).” (FIUZA, 2007, p. 62).

Nesse período, ocorreram várias compilações particulares (elaboradas ou editadas por iniciativa privada) e oficiais
(criadas por iniciativa de um Imperador). Apesar de todas essas codificações, o Imperador Justiniano ainda elaborou
novas Constituições. Mas,

“foi no século XVI que o jurisconsulto francês Denis Godefroy reuniu todas essas compilações em um só volume,
dando-lhe o nome de Corpus Iuris Civilis. A primeira edição é de 1583; a segunda, de 1604.” (FIUZA, 2007, p. 63).

O Corpus Iuris Civilis, por reunir em um só volume várias compilações de leis de sua época e de épocas anteriores, é
considerado uma dos maiores heranças deixadas pela civilização de Roma. Vale mencionar que essa foi a procedência
de muitos institutos jurídicos do nosso tempo.

2.5 O Direito Romano no período Bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.)

2.5.1 Principais eventos

Chama-se período bizantino a fase histórica que vai desde a morte de Justiniano ocorrida em 565 até a tomada da
cidade de Constantinopla pelos turcos, em 1453. Essa fase foi assim denominada em decorrência da capital, que “era
a cidade de Bizâncio, situada no Bósforo, estreito que liga Europa e Ásia. No início do século IV, Constantino mudou
seu nome para Constantinopla. É hoje, a cidade de Istambul, na Turquia” (FIUZA, 2007, p. 63).

Para alguns autores a civilização bizantina é considerada continuação da civilização romana. “Os historiadores
especializados em Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu com o grande imperador da dinastia
Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros), no início do século IX.” (BIZANTINO, 2008).

Para Marcia Mallmann Lippert,

“No ano de 396 o Império Romano foi dividido, sendo Roma o centro do Império Romano do Ocidente enquanto
Constantinopla (Istambul) era o centro do Império Romano do Oriente. Em 410 Roma foi pilhada por povos bárbaros, e
476 é o marco fim do Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente manteve-se até 1453, ano em que
os turcos tomaram Constantinopla.” (LIPPERT, 2003, p. 41).

Então, a queda de Constantinopla, ocorrida em 1453, após batalha com os turcos, é considerado o marco final da
Idade Média. E, para alguns autores o período Bizantino pode ser chamado de Império Romano do Oriente.

2.5.2 Organização política e judiciária

Os poderes ainda estavam concentrados nas mãos de um imperador. Então, o poder ainda era centralizado e
absolutista. Ocorreu intenso desenvolvimento comercial, que foi fundamental para o combate às invasões feitas por
povos bárbaros.

O imperador, dentre seus vastos poderes, concentrava o comando do exército e da igreja. E, nessa época, ainda era
considerado representante de Deus na terra. Por isso, o papa, no Império Romano do Oriente, tinha pouca força.

Nesse período, após a primeira queda de Constantinopla, surgiram três Estados: o Império de Nicéia, o Despotado do
Épiro e o Império de Trebizona. Desses,

“é o Império de Nicéia que é considerado o verdadeiro sucessor. Governado por imperadores fortes e bons, se tornou
a primeira potência territorial na Ásia Menor. A agricultura se desenvolveu, assim como o comércio, e várias cidades
na Europa foram recuperadas. Os Paleólogos, faltando com o seu juramento de lealdade, assassinaram o legítimo
imperador e depuseram a dinastia dos Vatatzes-Laskaris. Miguel VIII Paleólogo fez uma aliança com Gênova
(desnecessária) e conseguiu reconquistar a antiga capital do Império Bizantino no dia 25 de julho de 1261.”
(BIZANTINO, 2008).

2.5.3 Fontes do direito

Entende-se por Direito Bizantino o “conjunto de regras jurídicas justinianéias que continuaram em vigor de 565 a
1453, mas adaptadas à vida dos povos do novo império.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 56).

O Corpus Iuris Civilis, que reuniu em um só volume várias compilações de leis e doutrina, na época do Reinado do
Imperador Justiniano, trazia muitas normas inflexíveis, adaptadas à época de sua elaboração. Com a constante
evolução das relações privadas, o direito deveria acompanhar. Por isso, os imperadores ordenaram a edição de outras
compilações oficiais, para que fossem plenamente aplicáveis diante das inéditas situações jurídicas que vinham
surgindo.

Dessa forma, “surgem, assim, a Egloga legum compendiaria, a Lex Rhodia, o Prochiron legum.” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 56). No século IX, por determinação do imperador Teófilo (829 a 843), foi editada a chamada Paráfrase das
Instituições, que seria uma adaptação em língua grega das Instituições de Justiniano.

E, conforme ensina César Fiuza,

“Em seguida, a mando do imperador Basílio I (867 a 886), foram escritas as Basílicas (do grego basilica, significando
imperiais, reais). Foram terminadas por seu filho, Leão VI (886 a 912). Compreendem 60 livros, divididos em títulos,
reunindo os textos do Digesto e do Código Novo, acompanhados de comentários de juristas da época de Justiniano.”
(FIUZA, 2007, p. 64).

Pode-se até afirmar que essas adaptações perduram até os dias atuais, eis que, “a perenidade do direito romano é
fato evidente. Sua atualidade não pode ser negada, pela presença constante em inúmeros institutos jurídicos de nossa
época” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 57).

3 CONCLUSÃO

O Império Romano teve início com a fundação de Roma. O período histórico em que essa cidade foi governada por reis
foi chamado de realeza (753 a.C. a 510 a.C.). Dentre os habitantes de Roma, existiam quatro classes bem distintas:
patrícios, clientes, escravos e plebeus. A religião tinha duas classes de deuses: uma inspirada na alma humana e a
outra inspirada nos fenômenos naturais. Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. A
realeza teve como marco final a expulsão do último rex, Tarquínio, o Soberbo.

Na fase da república (510 a.C. a 27 a.C.), houve a substituição do rex por dois comandantes militares. As classes
sociais eram bem distintas: classe baixa e nobreza. A economia era baseada na mão-de-obra escrava. Os poderes
sacerdotais do rei passaram ao rei das coisas sacras. A organização política era composta por cônsules, pelo senado e
pelo povo.

Alto império (27 a.C. a 284 d.C.) é o período histórico que compreende o reinado de Augusto até a morte de
Diocleciano. Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador, consilium principis, funcionários imperiais,
magistraturas republicanas, senado, comícios e pela organização das províncias.
A fase do baixo império (284 d.C. a 565 d.C.) ficou marcada pela monarquia absolutista. O fim dessa fase é marcado
pela morte do Imperador Justiniano. Os poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas
republicanas e pelo Imperador.

Já o período bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.) compreende a fase histórica que vai desde a morte de Justiniano até a
tomada da cidade de Constantinopla, pelos turcos. A queda de Constantinopla simboliza o marco final da Idade Média.
Nesse período os poderes ainda estavam concentrados nas mãos de um imperador e ocorreu intenso desenvolvimento
comercial.

O Direito Bizantino trata-se do conjunto de regras jurídicas justinianéias que continuaram em vigor de 565 a 1453,
mas adaptadas à vida dos povos. Os imperadores ordenaram a edição de outras compilações oficiais, para que fossem
plenamente aplicáveis diante das inéditas situações. Essas adaptações perduram até os dias atuais.

A atualidade do direito romano é fato evidente e resta comprovada pela sua presença em vários institutos jurídicos
atuais. É considerado a mais importante fonte histórica do direito nos países do ocidente. Sendo assim, inegável que o
nosso direito atual deriva do Romano. Diante disso, ao estudá-lo, ocorre a análise das origens do direito vigente.

Referências
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Informações Sobre os Autores


Rodrigo Almeida Magalhães
Mestre e Doutor em Direito pela PUC Minas. Professor nos cursos de graduação e pós-graduação em Direito da PUC
Minas. Advogado

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