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1.

Edes Amaral - Canção Outonal

Através da janela
Vejo a sinfonia da vida ecoar ante meus olhos.
Contemplo um vento de outono que passa
E esparrama folhas pelo jardim,
Trazendo até mim
O último perfume do estio.
O quintal, outrora verde,
Agora reluz um esplendor dourado
Emprestado por Apolo à estação que entra.
Os deuses que regem a natureza
Voltam a compor suas canções de partida,
Pois é chegada a hora da renovação.

2. Lúcia Helena Galvão – Outono

A vivacidade do verão esvanece


E o silêncio dos tempos, timidamente
Proclama um novo ciclo
Com frutos amarelos, e folhas caídas

Assim, o outono imperial diz “Boa tarde”


Já no final do dia
Abre seus braços e traz para seu colo
As sementes do trigo
Aperta-as em seu peito dourado
Com a força necessária para que essas
Adentrem até suas vísceras
E ali fiquem em força e latência
O outono imperial
Põe na cesta o fruto maduro
Sopra da terra a vida vibrante
E se prepara para oferecer agasalho a um novo germe
Que se instala em seu silêncio
Enquanto aguarda seu despertar.

3. Amado Nervo - Dentro de Ti Está o Segredo

Busca dentro de ti a solução de todos os problemas,


Até daqueles que julgues mais exteriores e materiais.
Dentro de ti está o segredo; dentro de ti estão todos os segredos.
Seja para abrir caminho na floresta virgem, seja para levantar um muro,
Seja para lançar uma ponte, tens de buscar em ti, antes, o segredo.
Dentro de ti já estão lançadas as pontes.
Estão já abatidos dentro de ti
Todos os obstáculos que dificultam os caminhos.
Todas as construções já estão levantadas dentro de ti.
Pergunta ao arquiteto escondido: Ele dará as fórmulas.
Antes de ires em busca do machado mais afiado,
Da picareta mais dura,
Dá pá mais resistente,
Recolhe-te em teu interior e pergunta...
E saberás o essencial de todos os problemas,
Te será apresentada a melhor fórmula
E se te dará a mais sólida de todas as ferramentas.
E acertarás constantemente,
Pois levas dentro de ti a luz misteriosa de todos os segredos.
4. Rafael Arévalo Martínez – Entrega-te por inteiro
Solta papagaios com teus filhos
Cultiva tuas filosofias;
Às mulheres dá os teus carinhos,
E aos homens tuas energias.

E em cada momento, valente, sincero,


Em cada momento de todos os teus dias,
Entrega-te por inteiro!

Diz: - “Sempre lavoro


Com igual esmero
Meu barro ou meu ouro.”
E ao meio do dia, quando o Sol mais arde,
- como bom obreiro: como bom obreiro!
E ao cair da tarde
Brinca com teus filhos, sente-te ligeiro;
E ao baixar a noite
Dorme por inteiro!

Entrega-te por inteiro


Até caíres inerte
No momento derradeiro,
E quando chegar a morte
Entrega-te por inteiro!

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