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Prenúncio de Imortalidade em Recordações da primeira infância

Nosso nascer é sono e esquecimento;


Esta alma, o sol da vida em seu levante,
Se pôs noutro momento,
E vem de bem distante:
Não em completo olvido,
Espírito despido,
Mas nuvens de esplendor traz a arrastar
De Deus, que é nosso lar;
O céu conosco em nossa infância mora!
Sobre o Menino logo caem, porém,
As sombras da prisão,
Embora
Ele ainda fite a luz, e de onde vem,
Em sua excitação;
Mesmo a afastar-se dessa aurora acesa,
O moço ainda oficia a Natureza,
E a visão inflamada
Assiste-o na jornada;
O Adulto, enfim, sua morte presencia,
E ela se esvai à luz comum do dia.

Às graças de seu colo a Terra nos convida;


Mostra anelar por sua espécie natural,
E, com algo da mente maternal,
E até com nobre anseio,
A rústica Babá faz tudo de bom grado
Para que o Homem, seu Vizinho e seu
Enteado,
Esqueça toda a glória conhecida
E o palácio imperial de onde ele veio.

Que bom que na cinza nossa


Nem tudo esteja tão frio,
Que a Natureza ainda possa
Recordar o fugidio!...

Por isso, quando calmo o tempo está,


Ainda que fique longe o litoral,
Vislumbram nossas almas o imortal
Mar que nos trouxe cá;
E podem num instante ir para lá,
Ver as crianças a brincar por sobre a areia,
E ouvir a água pujante que sem-fim ondeia.

Ode à Imortalidade de Wordsworth

Nosso nascimento não é senão um sono e um esquecimento


A Alma que cresce conosco, estrela de nossa Vida

Já teve seu pouso em outro lugar

E vem de muito longe

Não em completo esquecimento

E não em total desnudamento

Mas trilhando nuvens de glória viemos

de Deus, que é nossa casa:

O Céu que circunda nossa infância!

Sombras do cárcere começam a cobrir

O menino que cresce

Mas ele vê a luz e sua fonte

Com alegria a contempla;

O jovem, dia a dia afasta-se do oriente

Deve ir embora, da Natureza ainda é sacerdote,

E sua visão esplêndida

Em seu caminho o acompanha;

Por fim, o Homem percebe como morre

E, na luz de um dia comum, se desvanece.

I
Houve um tempo em que o prado, o bosque, o manancial
A terra e o que nela se via,
Tudo me parecia
Envolto em luz celestial,
Um sonho de esplendor e louçania.
Agora ficou tudo para trás…
Em todos os locais,
Ou noite ou dia,
As coisas que antes via ora não vejo mais.
II
O arco-íris vem e vai,
E a rosa ainda me atrai.
A lua olha encantada,
Quando o céu está limpo, ao redor dela;
A água em noite estrelada
Brilha formosa e bela;
Glorioso nascimento é a aurora;
No entanto claro está, aonde quer que eu vá,
Que desta terra um esplendor se foi embora.
[…]

V
Nosso nascer é sono e esquecimento:
Esta alma, o sol da vida em seu levante,
Se pôs noutro momento,
E vem de bem distante:
Não em completo olvido,
Espírito despido,
Mas nuvens de esplendor traz a arrastar
De Deus, que é nosso lar:
O céu conosco em nossa infância mora!
Sobre o Menino logo caem, porém,
As sombras da prisão,
Embora
Ele ainda fite a luz, e de onde vem,
Em sua excitação;
Mesmo a afastar-se dessa aurora acesa,
O Moço ainda oficia à Natureza,
E a visão inflamada
Assiste-o na jornada;
O Adulto, enfim, sua morte presencia,
E ela se esvai à luz comum do dia.
VI
Às graças de seu colo a Terra nos convida;
Mostra anelar por sua espécie natural,
E, com algo da mente maternal,
E até com nobre anseio,
A rústica Babá faz tudo de bom grado
Para que o Homem, seu Vizinho e seu Enteado,
Esqueça toda glória conhecida
E o palácio imperial de onde ele veio.

XI
E oh vós, colinas, fontes, bosques, prados,
Não pressagieis ruptura em nossos fados!
No cerne de meu cerne está vosso poder;
Eu renunciei a apenas um prazer
Por vossa mais comum soberania.
Amo o arroio, que chora no seu leito,
Mais que quando eu também veloz corria;
O inocente esplendor de um novo dia
Ainda é perfeito;
As nuvens ao redor do sol poente
Tomam os tons sombrios de um olhar
Que à existência mortal pôde vigiar;
Finda a prova, há outras palmas pela frente.
Graças ao nosso humano coração,
Sua ternura e júbilo e fraqueza,
Até as florzinhas ínfimas me dão
Cismas fundas demais para a tristeza.

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