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PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE HOMEOPATIA Junho de 2007 ANO 19 - Nº 97

Homeopatia e epidemias
Enorme contribuição à Humanidade tem prestado
a Homeopatia no controle das doenças epidêmicas
ao longo da História, onde fora utilizada.
A busca dos sintomas e características
predominantes de cada epidemia - o gênio epidêmico,
acaba definindo a utilização da medicação que mais se
enquadra nas peculiaridades da mesma
- o gênio medicamentoso.
Sua administração à população deve ser encarada
como uma tentativa de ação preventiva,
profilática e que, evidentemente, não é uma
vacina, cujos princípios conceituais,
metodológicos e científicos são distintos.
O importante é que este envolvimento
com as populações afetadas seja
acompanhado de estudos pertinentes
e de adequada avaliação
multiprofissional em todas as etapas de
sua vigência, bem como de sua avaliação prospectiva.
Assim, compreendendo conceitos, avaliando resultados e com
diálogo sustentável podemos, quem sabe, transformar os
gritos gerados por controvérsias em manifestações de
solidariedade para o bem comum.

Entrevista Debate Artigo


Dr. Renan Marino As diferentes visões Em defesa da
relata o uso do complexo sobre o uso da Homeopatia:
contra a dengue, Homeopatia em resposta ao médico
em S.J. do Rio Preto epidemias Célio Levyman
Pág. 4 Pág. 7 a 9 Pág. 10
Nº 97 • Junho de 2007

Agenda
Editorial

A Homeopatia em foco Eventos na APH


em São José do Rio Preto Junho de 2007
Dia 23
• Colóquio (Dr. Oswaldo Cudizio,
Dr. Ariovaldo Ribeiro Filho
Dr. Diniz da Gama e Dr.Gustavo Bearzi)
Nesta primeira edição do Info de 2007, Inicialmente, é extremamente importante
abordamos um tema que colocou novamente a esclarecer que homeopatia não é vacina e nem Agosto de 2007
homeopatia na mídia: o episódio da utilização de age de forma a imunizar no sentido da reação Dia 18
complexo homeopático durante surto epidêmico específica de antígeno/anticorpo. Outro ponto
• Síndrome Metabólica: Complexo Diabetes
de dengue na cidade de São José do Rio Preto e importante é que as entidades representativas do
adjacências. Este fato provocou mobilização na País recomendam a obediência aos programas e / Hipertensão Arterial e Obesidade
região. Não suficientemente assistida pelo poder normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. (Dr. Paulo Cezarini)
público, a população passou a procurar os postos A homeopatia, no caso das epidemias, deve ser
de saúde que distribuíam o tal complexo. utilizada como um recurso complementar, de-
Outubro de 2007
No meio homeopático, ouvimos inúmeras vendo ser prescrita por profissionais legalmente
vertentes de opiniões. Uns a favor, outros em habilitados. Dias 20 e 21
termos e outros ainda contra. Mas sempre ficam Então, está aberta a discussão... Esperamos • Pediatria (Dr. Antonio Carlos Rezende e
as perguntas: o que aconteceu foi bom para a não fechar o tema neste Informativo, pois sa- Dr. Corrado Giovanni Bruno)
homeopatia? A maneira como foi conduzido bemos que muitos outros colegas têm também
o processo foi correto? Ou foi feito o melhor suas opiniões e certamente vão querer expressá-
Novembro de 2007
dentro das condições que se apresentaram no las. Para facilitar, abrimos um canal de acesso em
momento? O colega deveria ter declinado do nosso site. Aproveitem para se manifestar! Dias 23 e 24
convite do Secretário de Saúde de Rio Preto? Ademais, seguimos em defesa da Homeo- • Jornada Paulista de Homeopatia
A homeopatia foi utilizada na queda de braço patia como especialidade médica em nosso
entre as Secretarias de Saúde do Município e país, manifestando nossa resposta ao médico
Estado? E o direito de acesso da população à Célio Levyman. Este velho conhecido nosso, Informações e Reservas
homeopatia? E ainda: é cabível nos dias atuais mais uma vez decidiu atacar de forma pública Na APH - Rua Dr. Diogo de Faria, 839,
a utilização da homeopatia em epidemias? e antiética seus colegas de profissão, em artigo pelo telefone: 11 5579-1291
Existem evidências suficientes da ação dos medi- publicado no jornal Folha de S. Paulo. É assim e-mail: aph@aph.org.br
camentos em situações como esta? E porque os mesmo, a homeopatia incomoda e, pelo visto,
complexos e não medicamentos simples? etc. irá incomodar por muito tempo, principalmen- Realização:
A cada manifestação da mídia, brotavam te as mentes reducionistas que entendem o ser Associação Paulista de Homeopatia
perguntas, sem que ninguém conseguisse real- humano como um conglomerado de órgãos.
mente manifestar uma posição mais consensual. Fica a pergunta: o que está por trás destes ata-
Bem, diante das circunstâncias, no mínimo ques? É o que deveremos abordar em nossas
deveríamos procurar registrar historicamente o próximas edições.
que aconteceu. Por isso, neste Informativo da Envio meu abraço a todos, lembrando que já
APH, decidimos apresentar os fatos relatados iniciamos os preparativos para o XXIX Congresso
por seus protagonistas de maneira a não fechar Brasileiro de Homeopatia, a ser realizado na
uma posição, mas abrir um fórum de discussão cidade de São Paulo em setembro de 2008. ■
do processo com apresentação de diferentes opi- Anuncie no
niões. Pensamos que, assim, teremos melhores
condições de partir para a análise dos fatos e da Dr. Ariovaldo Ribeiro Filho Informativo APH
pertinência das iniciativas. é Presidente da APH.

Conselho Fiscal Projeto gráfico e diagramação:


Dr. Felix Barbosa de Almeida Mercury Digital
Dra. Ájax Rabelo Machado tel. 5841-4311
Dr. Rafael Emanuel Gualter Karelisky
Dra. Maria de Lurdes Ventura Fernandes Fotolitos e impressão:
ano 19 nº 97 junho de 2007 Dr. Mário Miranda da Mota Junior Tom Artes Gráficas
tel. 3228-0333
Editor:
Gestão: 2005 – 2008 Tiragem: 3.000 exemplares
Dr. Lech Michal Szymanski
Presidente: Editora executiva e Jornalista responsável: Distribuição: O Informativo APH é distribuído gratuitamente aos
Dr. Ariovaldo Ribeiro Filho Ivanir Vicente de Oliveira (MTb 11.601) associados da Associação Paulista de Homeopatia e à comunidade
Dr. Marcio Armani científica de todo o País.
Dr. Sergio Eiji Furuta Redação:
Dr. Ivanor Tonini Rua Dr. Diogo de Faria, 839 Circulação: seis edições anuais. É permitida a reprodução total
Dra. Déa Marilia Villares Vila Clementino – cep 04037-002 – São Paulo, SP ou parcial das matérias aqui publicadas, desde que mencionada
Dr. Rubens Dolce Filho tel./fax: 5579-1291 – 5084-4207 a fonte. Os textos assinados não traduzem, necessariamente, a
Dr. Gustavo Bearzi aph.comunicacao@aph.org.com.br opinião da equipe editorial.

2 Informativo APH
Nº 97 • Junho de 2007

Edvaldo Santos - Diário da Região


Acontece

Rio Preto: tratamento


homeopático gera polêmica
Sob orientação do Dr. Renan Marino, a prefeitura
de São José do Rio Preto passou a distribuir um
complexo homeopático para a dengue, o que
gerou reações da Secretaria de Estado da Saúde.
O caso foi parar na Justiça.

Fabrício Spatti
No início de fevereiro, saíram um auto de infração foi pre- Equipe da SES (acima) chega
as primeiras notícias de que a pre- enchido pelos fiscais. Depois à UBS para interditar o uso de
medicamento homeopático para
feitura de São José do Rio Preto de muita conversa, os medi- dengue.
pretendia usar a homeopatia no camentos permaneceram na
Paciente recebe complexo
combate à dengue dos tipos clás- unidade, que se tornou sua homeopático (ao lado).
sica e hemorrágica. Neste período, fiel depositária.
a Secretaria Municipal de Saúde Embora não houvesse ne-
distribuiu 100 mil doses de um nhuma notificação de efeitos
complexo para as 23 unidades de colaterais, a diretora da vigi-
saúde da cidade, a um custo de lância, Maria Cristina Megid,
R$ 1 mil para os cofres públicos. avaliou que o produto não
Os objetivos: tentar bloquear o tem comprovação científica
avanço da doença, evitando uma de eficácia e que a sua distri-
epidemia, e diminuir os sintomas buição não cumpria as regras
para os já contaminados. de manuseio e de distribui-
Pela decisão do promotor, dio homeopático, desde que usado
A aplicação passou a ser feita ção. Segundo ela, o medicamento
a Justiça de Rio Preto garantiu a nos casos sintomáticos de dengue
em uma dose sublingual. Qual- vinha sendo oferecido à população
continuidade da distribuição do e com receita médica individua-
quer morador pode receber o indiscriminadamente, até mesmo
medicamento, desde que o fosse lizada. Ainda segundo a Anvisa,
complexo, formado por 3 tipos de sem receita médica, e para pessoas
entregue com receita médica. A as três substâncias utilizadas no
medicamentos: o Eupatorium 30 que não estavam com dengue.
Justiça teria levado em conside- complexo estão na lista das reco-
CH, retirado de uma planta ame- Como a prefeitura de Rio
ração as normas brasileiras para nhecidas para uso em medicamen-
ricana; o Crotalus horridus 30 CH Preto insistiu na terapêutica, a
produtos homeopáticos, que tos homeopáticos e as Secretarias
(veneno de uma cobra cascavel Vigilância Sanitária do Estado fez
proíbem a distribuição de uma de Saúde podem manipular os
americana) e o Phosphorus 30 CH uma representação ao Ministério
mesma fórmula, em larga escala, produtos em laboratórios próprios
(fósforo mineral). Médicos e en- Público. No dia 2 de abril, o pro-
sem que o produto seja indivi- ou conveniados.
fermeiros foram treinados para motor Carlos Romani indeferiu
dualizado. Com as decisões favoráveis, a
aplicação do medicamento. o pedido de inquérito contra a
Em 17 de abril, a Anvisa – Prefeitura de Rio Preto manteve o
No final de março, o Centro de Prefeitura, apontando que a Se-
Agência Nacional de Vigilância tratamento dos casos de dengue
Vigilância Sanitária da Secretaria de cretaria Estadual não comprovou
Sanitária – liberou o uso do remé- com o complexo homeopático. ■
Estado da Saúde decidiu interditar as acusações contra o Município
a utilização dos remédios homeo- e que a Prefeitura de Rio Preto
páticos e tentou recolher os medi- tem agido de maneira correta ao
camentos dos postos de saúde. A buscar medidas alternativas para
prefeitura não permitiu, alegando impedir uma epidemia de dengue.
ter autonomia na área de saúde. No indeferimento, o promotor
Na UBS do Jardim Americano, o argumentou ainda que, da for-
Secretário Municipal de Saúde, Ar- ma como agiu, o Estado estava
naldo Almendros de Mello, man- colocando em xeque o trabalho
dou chamar a Polícia Militar para realizado pelo Município, que
registrar um boletim de ocorrência. procurava atender a comunidade
As viaturas permaneceram no local com tratamentos alternativos, in-
por mais de meia hora. clusive mais baratos, tanto para a
Os fiscais lacraram os frascos comunidade, como para os cofres
de 100 mililitros do complexo e públicos.

Informativo APH 3
Nº 97 • Junho de 2007
Guilherme Baffi - Diário da Região

Entrevista

Dr. Renan Marino

A experiência de
São José do Rio Preto
Nesta entrevista, o Dr. Renan Marino
relata como se deu o desenvolvimento
do trabalho e comenta a polêmica com a
Secretaria de Estado da Saúde.

Ivanir Vicente de Oliveira

Info – Como surgiu a proposta de rificamos a ocorrência de casos de nal do órgão e da produção dos Info – O medicamento também
uso da homeopatia no combate grande intensidade sintomática fatores de coagulação. O Crotalus é indicado para quem não con-
à dengue? relacionados com o sorotipo 3, horridus corresponde à síntese traiu a doença, como forma de
Dr. Renan Marino – Em maio de ora circulante. Este mais perfeita e aproxi- prevenção?
2001, a Secretaria Municipal de cenário levou-nos a mada, por similitude, RM – A partir da segunda semana
adotar a técnica do
Resultados do quadro hemor-
Saúde e Higiene utilizou preventi- do início do programa com o
vamente o Eupatorium perfoliatum, gênio epidêmico, indo demonstram rágico da dengue. É tratamento da dengue pelo com-
30 CH, em dose única, no bairro ao encontro de uma diminuição de importante lembrar o plexo homeopático, como medida
situação fragmentá-
Cristo Rei, a área mais afetada intensidade dos dado histopatológico complementar ao protocolo clás-
pela epidemia de dengue. Foram ria, composta pela referido por Migowski sico, decidiu-se pela manutenção
administradas 2 mil doses. Consi- associação das pato- sintomas. (MIGOWSKI, E. Uso apenas do tratamento curativo dos
derando-se que, na época, o bairro genesias dos medica- de Antitérmicos em casos suspeitos ou confirmados
tinha cerca de 5 mil habitantes, mentos Eupatorium perfoliatum, Doenças Infecciosas Virais. En- de dengue, em 3 doses diárias,
a evolução estatística mostrou Phosphorus, Crotalus horridus. carte Abbott do Brasil, 2002), ao durante uma semana, com o
queda de 81,5% na incidência da Pela nossa avaliação, é esta a afirmar que 100% dos casos de medicamento sendo retirado em
doença, um índice significativo, equação de maior analogia repre- dengue apresentam algum nível qualquer uma das 23 UBS.
quando comparado a 4 bairros- sentativa, na presente ocorrência de hepatite viral. A reavaliação do processo foi
controle. dos quadros de dengue clássica conseqüência da sensibilidade
Em 1998, no bairro do Estuário, e hemorrágica. Autores de má- Info – Quantos pacientes já utili- e demonstração de abertura ao
em Santos, a Dra. Selma Freire xima relevância como Licínio zaram o medicamento? diálogo, diante das preocupações
utilizou o Eupatorium na epide- Cardoso, Helena Minin e Anna RM – Na fase inicial do programa, manifestadas pela Secretaria de
mia de dengue com excelentes Kossak Romanach (in Pozetti, G. a primeira semana incluía a indi- Estado da Saúde, que temia a
resultados. L. Complexos e Complexismos. cação do complexo homeopático forte associação do medicamento
Ribeirão Preto: IHFL; 1993), en- com objetivo preventivo e curativo, homeopático preventivo com uma
Info – Por que decidiu usar a ho- tendem ser o uso do complexo tendo sido administradas 20 mil vacina contra a dengue, desen-
meopatia na forma de complexo? em Homeopatia extremamente doses à população que procurou cadeando a desmobilização em
RM – O uso da Homeopatia em compatível com os quadros epi- espontaneamente as UBS. relação ao controle do vetor.
quadros epidêmicos inclui um dêmicos, ressaltando-se que suas
diagnóstico minucioso do chama- ações isoladas são asseguradas Info – Quais foram os resultados Info – A experiência de São José do
do gênio epidêmico, que representa a quando usadas conjuntamente obtidos? Rio Preto já atraiu o interesse de
síntese ou essência característica da em razão de representarem um RM – No momento ainda esta- outras cidades e outros países?
maioria dos quadros prevalentes. O complexo harmônico, interativo e mos acompanhando a evolução RM – Além de Cuba e do Paraguai,
quadro apresentado no bairro Cris- complementar, tendo assim suas da epidemia, mas os resultados inúmeras cidades do Brasil têm
to Rei apontou para a utilização do ações potencializadas. O Eupa- têm demonstrado uma diminui- utilizado homeopatia na epidemia
Eupatorium perfoliatum. torium perfoliatum representa o ção de intensidade dos sintomas, de dengue, porém, de maneira
Atualmente, a situação é di- quadro típico de dengue clássica, abreviação da duração da doença informal, em razão da falta de
ferente: milhares de indivíduos enquanto o Phosphorus exerce, e conseguiu-se evitar a ocorrência padronização e de preparo das
já apresentaram dengue pelo pela sua ação hepatotrópica, ma- de complicações hemorrágicas em Secretarias Estaduais de Saúde para
sorotipo 1 ou 2. Além disso, ve- nutenção da integridade funcio- número significativo. dar suporte e orientação. ➠

4 Informativo APH
Nº 97 • Junho de 2007

Edvaldo Santos - Diário da Região

Ação da equipe da SES, com


o objetivo de recolher os
medicamentos homeopáticos
nos postos de saúde, em
São José do Rio Preto.

Info – Como avalia a reação da apresentada no 59º Con-


Secretaria de Estado da Saúde gresso Pan-americano de
em relação ao trabalho realizado Homeopatia, em Havana.
em SJRP? O trabalho despertou in-
RM – No início, classificaria como teresse dos colegas cuba-
desastrada, despreparada, autoritá- nos, iniciando uma pro-
ria e inoportuna, porém, com o an- veitosa colaboração entre
damento do processo, foi possível os dois países. A tese:
estabelecer um consenso. Homeopatia em Saúde
Coletiva: Contribuição ao
Info – Que trabalhos científicos Estudo das Epidemias, foi a
fundamentam e/ou comprovam a primeira aceita e aprovada
eficácia deste tipo de tratamento na Faculdade de Medicina
direcionado à dengue? de Rio Preto – Famerp
RM – Gostaria de colocar em foco –, tendo a Homeopatia
a recente experiência cubana. O como fundamento e de fato teve o interesse da comunidade. O uso nas pessoas, que poderiam se des-
modelo aplicado em junho de uma influência significativa na terapêutico nos casos suspeitos ou cuidar de medidas de controle?
2006, em Havana, Camaguey e decisão da Secretaria Municipal confirmados de dengue sempre foi RM – Sinceramente não acredito
Ciego de Ávila, em Cuba, com de Saúde e Higiene, na utilização desenvolvido mediante receituário nesta possibilidade e considero,
a utilização de complexos ho- da Homeopatia na epidemia de médico. Já o uso preventivo, que inclusive, uma agressão à inteli-
meopáticos, em sintonia com a dengue. se restringiu à primeira semana gência da comunidade.
situação epidemiológica de cada do Programa, foi precedido de
um desses lugares, mostrou a di- Info – Qual a sua resposta à Portaria do Secretário de Saúde Info – E sobre as afirmações de
minuição da duração do período acusação da Dra. Maria Cristina do Município de S. J. Rio Preto, que o Complexo não tem regis-
agudo febril de dois a três dias, Megid, de que o medicamento vi- com implantação de um protocolo tro no MS e que sua distribuição
bem como o controle das ocor- nha sendo oferecido à população de Enfermagem – devidamente contraria as normas da Agência
rências hemorrágicas. indiscriminadamente, até mesmo aprovado pelo Coren – e com a Nacional de Vigilância Sanitária
Atualmente, o Ministério da sem receita médica. orientação da administração da (Anvisa), que proíbem a oferta de
Saúde adota o tratamento homeo- RM – O paradigma dose única do com- uma mesma fórmula homeopáti-
pático como primeira opção na vitalista e sua utiliza- plexo homeopático na ca, em larga escala?
dengue. Gostaria de lembrar ainda ção profilática, infe- Ação da SES: sala de procedimen- RM – A questão do medicamento
a tradição secular da Homeopatia lizmente, ainda são tos das UBS. Em tal de formulação magistral não reque-
na abordagem de epidemias, in- desconhecidos por
“Inicialmente, situação, e diante de rer registro da Vigilância Sanitária
cluindo a dengue, que já é exten- grande parte dos pro- desastrada e todos estes cuidados, é definida na RDC n.214/2006,
samente conhecida. fissionais que respon- autoritária”. alegar a necessidade que trata das boas práticas em
dem por Instituições de receituário médico, farmácia. Questionar o uso do
Info – Qual a contribuição de de grande importân- e em pleno surto epi- medicamento – elaborado crite-
sua tese de mestrado, defendida cia na regulamentação da saúde dêmico, representa, no mínimo, riosamente, segundo o conceito
junto à Faculdade de Medicina pública. Esperamos que, no futu- algo incompreensível. do gênio epidêmico – e questionar
de Rio Preto? ro, após todos os embates que se também a sua utilização em escala
RM – A tese de mestrado teve início sucederam, possamos ingressar Info – O que diz sobre a acusação populacional, é desconhecer tudo
no estudo dos resultados obser- em uma fase de colaboração e de que o remédio poderia produzir o que Hahnemann ensinou sobre
vados no bairro Cristo Rei e foi trabalho conjunto, voltados para uma falsa sensação de segurança o assunto. ■

Informativo APH 5
Nº 97 • Junho de 2007

A APH informa:

NOTA ABFH
• Homeopatia não é vacina e nem O texto abaixo é da nota enviada 5. “A administração sistemática do 9. A homeopatia age preventiva e
age de forma a imunizar no pela APFH ao Departamento de Aten- gênio medicamentoso de uma epi- curativamente e não dever ser
sentido da reação específica de ção Básica do MS. demia vigente, tanto aos indivíduos confundida com vacina.
antígeno/anticorpo. 1. Veiculada, na imprensa, notícia sadios quanto aos ainda assinto- 10. A ABFH recomenda que a utili-
• As entidades representativas da sobre a disponibilidade de um máticos, representa uma proposição zação de qualquer medicamento
homeopatia do País recomendam complexo para os dois tipos de válida, preventiva ou mesmo cura- para a dengue siga uma prescrição
a obediência aos programas e dengue, clássica e hemorrágica. tiva, tendo sido adotada em várias médica.
normas estabelecidas pelo Minis- 2. Nesses mais de 200 anos de histó- epidemias, a exemplo da cólera 11. Farmácias que manipulam medi-
tério da Saúde. ria da Homeopatia foram utiliza- asiática e do dengue”. [KOSSAK- camentos homeopáticos devem
• A homeopatia, no caso das epide- dos medicamentos homeopáticos ROMANACH, ANNA. O critério ter um profissional habilitado em
mias, deve ser utilizada como um para o combate de epidemias, as “Gênio epidêmico” em Homeo- homeopatia, para aviar a prescri-
recurso complementar, ser prescri- mais variadas, e parte da confiança patia: possibilidades e restrições. ção médica.
ta por profissionais médicos e ter da população nesta terapêutica é Anais: Congresso Brasileiro de 12. A ABFH alerta que, mais importan-
os medicamentos manipulados devida aos sucessos alcançados Homeopatia. Florianópolis, se- te que o uso de medicamentos, a
por farmacêuticos especialistas nestes momentos. tembro/2006.] principal arma de combate à den-
na área. 3. Uma das principais características 6. O gênio epidêmico determinará a gue é a informação e o esclarecimento
da terapêutica homeopática é a in- necessidade de preparações com da população sobre todo o ciclo da
dividualização do doente e, no caso um ou mais medicamentos. doença, desde o criadouro do mos-
SITE APH de uma epidemia, não é diferente. 7. Complexos são preparações com quito transmissor até os sinais e
A APH está fazendo uma consulta Para o uso de medicamentos mais de um medicamento ho- sintomas, tanto da dengue clássica
aos homeopatas sobre a utilização da homeopáticos em uma epidemia, meopático. São reconhecidos como da dengue hemorrágica.
Homeopatia no combate à dengue. Haverá será necessário o estudo prévio pela Farmacopéia Homeopática 13. A Homeopatia pode, e não se
duas enquetes com as seguintes questões: do conjunto de sinais e sintomas Brasileira. furtará em ajudar a minorar o
1 - Você é a favor da utilização da homeo- da doença predominantes em 8. Em São José do Rio Preto/SP, o gê- sofrimento desses doentes. Como
patia em surtos de dengue? uma determinada região, ou seja, nio medicamentoso determinado Prática Integrativa e Complemen-
SIM / NÃO / EM TERMOS determinar o gênio epidêmico. para a dengue, é um composto: tar, atualmente na Política do SUS,
– VOTAR/RESULTADO A droga correspondente será o Eupatorium perfoliatum 30 CH / pode ser utilizada no tratamento
2 - Você concorda com a metodologia gênio medicamentoso. Crotalus horridus 30 CH / Phospho- da dengue, desde que sejam consi-
utilizada em S. J. do Rio Preto? 4. A falta de segmento de protocolo rus 30 CH, cujos medicamentos deradas as observações acima.
SIM / NÃO / EM TERMOS homeopático poderá implicar são descritos em matérias médicas
– VOTAR / RESULTADO na diminuição da eficácia desta e podem ser utilizados contra a Dra. Katia Torres
Acesse: www.aph.org.br terapêutica. dengue. Presidente da ABFH

Boiron Medicamentos Homeopáticos Ltda.


Rua Joaquim Floriano, nº 1.120, Conjunto 41
Itaim Bibi - São Paulo - SP CEP 04534-004
Tel: (11) 3707-5858 / Fax: (11) 3078-8429
E-mail: boiron@boiron.com.br

6 Informativo APH
Nº 97 • Junho de 2007

Artigos Dr. Paulo Rosenbaum

Médico, especialista em homeo-


patia pelo CFM, doutor em ciên-
cias e pesquisador da USP
Gênio epidêmico
e epidemias

E-mail: rosenbau@usp.br
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Os recentes acontecimentos, incapazes de atender a demanda a sua devida posição. Foi o possí-
Arqu

envolvendo a moléstia “dengue”, de enfermos, buscou-se lançar vel em uma situação que denota
o
Acerv

e complexos medicamentosos mão dos sintomas mais evidentes a precariedade da saúde pública
supostamente aplicados segundo e característicos da epidemia, iso- e os duvidosos critérios de elei-
o princípios dos semelhantes, lando medicamentos que fizessem ção de prioridades da disciplina
transformaram-se numa batalha a cobertura para distribuí-los “à “economia da saúde”. Entretanto,
judicial que reuniu órgãos gover- guisa de vacinas”. Mas ora, não afirmações dos mais entusiastas,
namentais de vigilância sanitária, trabalhamos com vacinas, ainda de que distribuir complexos com
ministério público e redações de que o princípio dos semelhantes mistura não submetida a nenhuma
grandes jornais. tenha inspirado Jenner. Teríamos experimentação e sem controle dos
De que se trata tudo isto afi- que ter o cuidado de especificar sintomas, é uma atuação homeo-
nal? Hahnemann, inspirado nas a ação: uma tentativa de ação pática propriamente dita e de que
Medicamento usado na epidemia
definições de Sydenham resgatou de gripe espanhola, em 1918. profilática. Infelizmente não sa- pode ser contabilizada per se como
do médico escocês o termo “gênio bemos detalhes da efetividade. um procedimento científico, não
epidêmico”? Sim, é isto mesmo. Nem exatamente por que dois pode ser sustentada por nenhuma
Hahnemann buscou padrões, vale com a febre amarela e também medicamentos foram misturados. análise séria. E obviamente terei
dizer, alguns traços singulares em com o cólera, como nos mostrou Imaginem quão importantes se- que discordar de quem suposta-
toda epidemia que examinava. Galhardo, apoiado em ampla do- riam os relatos dos sintomas dos mente defende a homeopatia, ao
Buscava fármacos que cobrissem cumentação disponível. O governo sujeitos saudáveis que ingeriram o defender o episódio como evidên-
melhor as “idiossincrasias” de imperial autorizou inclusive a complexo. A coleta dos sintomas. cia cabal da ação.
cada surto epidêmico. Bom dizer colocação de “bandos” (notícias O acompanhamento prospectivo Completamente diferente se-
que nem sempre os achava. Mas públicas coladas em postes) para destas pessoas. ria encarar a iniciativa como uma
foi bem sucedido, nos conta a mostrar como a população deveria Os indícios parciais aponta- tentativa heróica de lutar contra
história, com a epidemia de escar- agir, buscando tratamento homeo- ram para certa efetividade e algum o abandono da saúde publica à
latina ocorrida em Königslutter. pático no caso do cólera. grau de proteção aos expostos ao própria sorte. E de se colocar soli-
Examinando a moléstia, elegeu Mas estamos falando de pro- complexo. Não acho esta iniciativa dários com a população refém de
Atropa belladona para controlar al- cessos que se passaram há mais de condenável a priori. Mas é preciso um sistema epidemiológico que
guns dos sintomas que colocou a 150 anos. Muitas mudanças ocor- – não só para a população e a paradoxalmente descuidou de
saúde pública alemã em alvoroço. reram nas vacinas, nas formas de comunidade científica, mas para aspectos sanitários básicos. Esta,
Hahnemann foi extremamente controle e profilaxia, e também na a própria segurança institucional aliás, tem sido a postura histórica
cauteloso e usou o termo “pro- capacidade de intervir da medicina da homeopatia - redimensioná-la dos homeopatas neste país. ■
filático” da escarlatina. Mesmo comum. Existiram e existirão sem-
assim, seu sucesso foi saudado pre situações críticas – como foi o
pelos farmacêuticos com uma caso da epidemia de meningite dos
tentativa de linchamento e sua anos 80 - nas quais os homeopatas
subseqüente fuga para Hamburgo. tentaram isoterápicos. Mais uma Homeo
Seguindo Rapou, a homeopatia
era clandestinamente praticada
vez agiram para suprir a inércia
das políticas públicas de saúde. As med
na Áustria no Hospital de Gum- motivações então sempre foram
Clínica de Homeopatia em Osasco,
pendorf. Esta situação de prática salutares, defensáveis e baseadas
clandestina da doutrina proscrita na ética. O que aconteceu recente-
com demanda reprimida, necessita de novos sócios
só se altera quando a epidemia do mente no interior paulista parece (médicos homeopatas),
cólera ficou fora de controle e o tra- ter sido um fenômeno análogo. para crescimento e desenvolvimento.
tamento homeopático mostrou-se Numa recente e violenta epidemia Entrar em contato com Sra. Anélia.
eficaz na enfermaria deste hospital. de dengue, onde o Estado e a rede
(11) 3685-4171 / 3683-6435 / 3681-2402
Por aqui, não foi muito diferente pública de saúde mostraram-se

Informativo APH 7
Nº 97 • Junho de 2007

Glacus S. Brito
Artigos Dr. Glacus de Souza Brito

Médico sanitarista formado


pela FMUSP, responsável pelo
Ambulatório de Investigação
Medicamento homeopático Clínica de Eventos Adversos da
Divisão de Imunologia Clínica e
não é vacina Alergia do HC-FMUSP; obteve título
de homeopata na APH, em 1986.

E-mail: glacusmd@uol.com.br

Pela minha formação, exerci o homeopático assuma um papel altos títulos de anticorpos, não Após um período de exposição
cargo de Coordenador do Progra- semelhante ao da vacina, mas mostraram eficácia protetora ao destes 2 grupos na comunidade
ma de Imunização da Secretaria de medicamento homeopático não serem submetidas à metodolo- onde circula o agente infeccioso
Estado da Saúde e, como homeo- é vacina e nem vacina é medica- gia epidemiológica e não foram em questão, algumas pessoas, ou
pata, me interessei desde o início mento homeopático. Ambos têm liberadas. muitas, serão acometidas pela
por conhecer e investigar eventos princípios distintos, propriedades É por estes motivos que vejo, doença que se pretende manter
adversos. Cheguei a realizar um físico-químicas distintas e ações com certa preocupação, anúncios afastada. Observada a taxa de
trabalho pioneiro no mundo, biológicas no ser humano tam- de utilização de medicamento incidência nos dois grupos, ava-
nesta área, tornando-me consultor bém distintas. homeopático com fins profiláticos, lia-se como a vacina interfere na
da OMS - Organização Mundial A partir do momento que co- sem que tenham passado pelo cri- proteção das pessoas e, matema-
da Saúde. legas empregam o medicamento vo metodológico de avaliação de ticamente, é estabelecido o índice
Realizei ainda várias investiga- homeopático como uma medida eficácia clínica. As vacinas são sub- de eficácia da vacina.
ções neste campo do conhecimen- profilática coletiva, semelhante metidas a estudos pré-clínicos em É a esse método que deve
to, inclusive para avaliar a eficácia ao papel de vacina, este passa a ser animais e, uma vez demonstrada ser submetido o medicamento
de vacinas, mantendo em paralelo concebido como tendo um efeito a indução de anticorpos, passam homeopático para se provar sua
uma atividade clínica orientada de vacina. Neste sentido, embora para ensaios em humanos, numa efi cácia protetora. Os métodos
pelos princípios homeopáticos. saibamos que não podemos es- seqüência de estudos. até agora divulgados como com-
Caminhando sobre o fio da nava- perar semelhante resposta com a Os Estudos de Fase 1 são provação não obedecem a esses
lha, sempre soube distinguir estes administração do medicamento realizados com pequeno núme- critérios e permitem interferên-
dois campos e sua correlação, es- homeopático – em termos de títu- ro de pessoas e são observados cias que prejudicam substancial-
crevendo artigos e capítulos sobre los de anticorpos protetores, como basicamente os eventos adversos. mente os resultados apontados
a relação da homeopatia com a observamos com as vacinas – nada Uma vez que este grupo não te- como indicadores de uma eficácia
imunização. impede que possamos tentar de- nha expressado eventos adversos protetora.
A Homeopatia prima pelo tectar, no uso da Homeopatia, uma importantes, passa-se ao Estudo Tenho analisado alguns tra-
princípio da individualização resposta clínica protetora. Porém, Clínico de Fase 2, onde são monta- balhos que, do ponto de vista
do ser humano, mas observam- para que isso seja demonstrado, dos 2 grupos. Um deles é vacinado científico, posso dizer que apre-
se tentativas de adotar medi- é necessário obedecer à metodo- e o outro recebe placebo. É o que sentam resultados interessantes,
camentos homeopáticos como logia epidemiológica clássica de chamamos de duplo cego contro- mas nada mais do que isso, não
medida profilática, no controle avaliação de eficácia protetora lado, uma experimentação em que sendo possível apontar uma efi-
de doenças epidêmicas. Este pro- de vacina. Lembro que, mesmo nenhum dos grupos sabe o que cácia protetora nos trabalhos até
cedimento faz com que o remédio vacinas estudadas, que induziram está sendo administrado. então apresentados. ■

8 Informativo APH
Nº 97 • Junho de 2007

Ivanir Vicente de Oliveira


Artigos Dra. Célia Barollo

Médica homeopata; prof. do ICEH


e da APH; pesquisadora
da UNIFESP
Dengue e Homeopatia

E-mail: crbarollo@ajato.com.br

A dengue é uma das mais im- Nos últimos 15 anos, temos epidemia de Gripe Espanhola. En- – “dengue artificial” – protegeria
portantes doenças virais dos países assistido uma séria epidemia no tendemos que a Homeopatia pode o organismo de uma doença mais
de clima tropical, onde as condições país, acompanhando a tendência e deve colaborar na atual epidemia fraca – dengue natural.
do meio-ambiente favorecem a mundial de agravamento da epi- de Dengue, tanto profilática como Kent refere que o melhor profi-
proliferação do mosquito Aedes demia ano a ano, com casos de in- curativamente, e seria interessante lático requer um grau de similitude
Aegypti, seu principal transmissor. fecção primária e o aparecimento um programa em âmbito nacional menor do que o necessário para
A transmissão ocorre com a picada cada vez mais freqüente de casos visando a aplicação de nossa tera- curar. Dessa forma, a escolha do
da fêmea do mosquito que, entre 8 e secundários, com suas complica- pêutica, eficaz e de baixo custo, no medicamento a ser usado para
12 dias após ter sugado uma pessoa ções hemorrágicas. campo da Saúde Pública. profilaxia em grande escala deve
contaminada, está apta a transmitir A Homeopatia já se mostrou A aplicação profilática funda- pertencer ao Grupo Epidêmico de
a doença. O período de incubação uma terapêutica eficaz em muitas menta-se nos Parágrafos 32 a 51 Medicamentos, mas oferecer um
varia de 3 a 15 dias, com média de epidemias no passado. Podemos do Organon, onde Hahnemann menor risco de reações, principal-
5 a 6 dias. O agente etiológico é um citar as epidemias de cólera tra- afirma que uma doença artificial mente nos hipersensíveis.
arbovírus da família Flaviviridae, tadas por Hahnemann, Gerstel e mais forte e semelhante sobre- No site http://www.cesaho.
gênero Flavivirus, com 4 sorotipos: Chargé, e as epidemias de escarla- põe-se à mais fraca, curando-a. com.br/publicacoes, os interes-
DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4. A tina e sarampo tratadas por Kent. O mesmo raciocínio pode ser sados poderão encontrar mais
IgM é positiva a partir do 5º dia de Em nosso país, Murtinho Nobre aplicado para a compreensão do detalhes da proposta de estudo
doença em 80% dos casos, e entre o trabalhou com Osvaldo Cruz na poder profilático do medicamen- multicêntrico e dos medicamentos
6º e o 9º dia em 99% dos casos. A epidemia da Febre Amarela, e to homeopático: uma doença que compõem o Gênio Epidêmico
IgG surge entre o 5º e o 7º dia. Guilherme Marchi em Niterói na artificial semelhante e mais forte da Dengue. ■

estatísticas foram bem favoráveis à meningite meningocócica na cidade


A homeopatia e as Homeopatia.
No Brasil, também os exem-
de Guaratinguetá, numa população
de 18.640 pessoas. Enfim, os exem-
epidemias: a dengue plos são bem significativos. 1850,
epidemia de febre amarela no Rio
plos são múltiplos.
Em 2001, a dengue vem reto-
Dr. Izao Carneiro Soares de Janeiro, com curas homeopá- mar a questão: o mérito cabe ao
ticas. 1855, epidemia de cólera, Dr. Renan Marino, que soube con-
Médico Homeopata; sobretudo no Rio de Janeiro. Fo- tornar os obstáculos para realizar
Presidente do IHFL - Instituto Homeopático Francois Lamasson ram instaladas enfermarias para o um trabalho junto à Secretaria de
tratamento de coléricos, com bons Saúde de Rio Preto, comprovando
Ivanir Vicente de Oliveira

A Homeopatia já tem tradição resultados. O Jornal do Comércio da a ação preventiva de medicamento


em atenuar os efeitos das epidemias época registra as discussões sobre as homeopático na dengue.
e tal contribuição já vem desde seu condutas nas epidemias e o papel Enfim, após muitas lutas, a Ho-
fundador, Samuel Hahnemann da Homeopatia, diminuindo o meopatia pode cumprir seu papel
(1755-1843). Citemos alguns exem- número de mortos. 1900, surto epi- de especialidade médica a oferecer
plos da História: entre 1831 e 1834, dêmico de peste bubônica também um recurso a mais para somarmos
ocorreu epidemia de cólera na com contribuição homeopática po- na defesa da saúde. Hahnemann,
Europa. A Homeopatia contribuiu sitiva. 1974, epidemia de meningite o descobridor da Homeopatia, já
com seus medicamentos. 1832, meningocócica, com metodologia defendia a importância das medi-
epidemia de cólera em Nova Iorque, já mais atualizada para os nossos das sanitárias gerais em relação ao
com uma contribuição significativa dias. Observou-se que o medica- meio-ambiente para a preservação
da Homeopatia. 1878, epidemia mento homeopático aumentou da saúde. Assim deve ser em relação
de febre amarela no Mississipi. As significativamente a resistência à à dengue. ■

Informativo APH 9
Nº 97 • Junho de 2007

Ivanir Vicente de Oliveira


Artigos Dr. Ariovaldo Ribeiro Filho

Médico Homeopata especialista


pelo CFM; Presidente da APH;
Membro da Comissão Científica
A Homeopatia como da AMHB; Membro da Câma-
ra Técnica de Homeopatia do
especialidade médica CREMESP. É autor de “Repertório
de Homeopatia”.
(Íntegra do artigo enviado ao jornal Folha de S. Paulo,
em resposta ao artigo publicado em 17 de maio pelo
médico Célio Levyman)

Recomendada pela Organiza- homeopática subsiste, mostrando vários hospitais públicos, como o óbvias, não tem interesse na área
ção Mundial de Saúde (OMS), a sua eficácia clínica por meio da cura Hospital das Clínicas, o Hospital homeopática.
Homeopatia ocupa um importan- de milhares de pacientes em todo São Paulo, o Hospital do Servi- A Homeopatia é uma ciência
te espaço na Medicina brasileira o mundo. dor Público Municipal e outros. do campo da terapêutica, e, por
e mundial, e caminha cada vez Em uma pesquisa sobre o Per- É muito importante a condição isso, necessita ser cada dia mais
mais em direção à sua plena ins- fil dos Médicos do Brasil, divulgada de especialidade conferida à Ho- pesquisada para ser mais bem en-
titucionalização. em 1997 pelo Jornal do Conselho meopatia, pois regula e define a tendida, assim como ocorre com
Dentro desta recomendação, Federal de Medicina (CFM), a Ho- responsabilidade do ato médico, toda ciência. Isso não invalida, de
ela foi reconhecida, em 1980, como meopatia se destacou, ocupando para que ela possa ser exercida forma nenhuma, a sua aplicação,
especialidade médica pelo Conse- o 16º lugar em número de profis- com qualidade. O serviço público já que possui princípios claros e
lho Federal de Medicina, por inter- sionais atuantes, dentre mais de 50 talvez seja o setor mais carente de método bem definido e, principal-
médio do decreto 1000/80, sendo, especialidades médicas analisadas. atendimento, por falta da aplicação mente, por ser efetiva e muito bem
portanto, uma prática médico-te- Atualmente, estima-se que cerca de políticas específicas para o se- aceita por aqueles que mais preci-
rapêutica de ampla aplicabilidade, de 15 mil profissionais tenham tor, como, por exemplo, a Política sam dela: os pacientes ansiosos por
com princípios bem determinados passado por cursos de especiali- Nacional de Práticas Integrativas e verem seus males curados.
e grande aceitação por parte dos zação nesta área. Em uma tese de Complementares do SUS (PNPIC), A Homeopatia, além de revolu-
pacientes. Isto fez com que a Ho- doutorado defendida na Faculdade que foi recentemente aprovada. cionária em seus conceitos de ação
meopatia entrasse pela porta da de Medicina da USP, em 2005, o Em todos esses pólos encontramos e efetividade, é uma terapêutica de
frente no meio médico, e, a partir autor demonstrou que 52% dos uma prática com foco no modelo baixíssimo custo, e que, se aplica-
do seu reconhecimento oficial, médicos endossam ou prescrevem de atenção humanizada e centrada da de forma correta e responsável,
apenas profissionais com condições algum tipo de terapêutica médica no indivíduo. e por profissionais habilitados,
de avaliar clinicamente um paciente complementar; e dentre as mais A ciência é para todos. Exis- traz muitos benefícios, curando
podem determinar a terapêutica a citadas estão a Homeopatia e a tem inúmeros trabalhos e estudos pacientes e suas enfermidades. É
ser prescrita. Este fato inibiu muitas Acupuntura; além disso, do total científicos que comprovam a efeti- verdade que a Homeopatia não é
pessoas leigas, tanto bem quanto de participantes da pesquisa, 81% vidade das doses mínimas homeo- a panacéia universal, ou seja, uma
mal-intencionadas, de exercer essa dizem que essas terapias são úteis páticas. Um exemplo: em recente prática que cura todas as doenças,
prática. Com o decorrer do tem- para o tratamento dos pacientes, e pesquisa realizada pelo Departa- assim como não o é qualquer
po, a Homeopatia brasileira, pela 91% concordam que é importante mento de Otorrinolaringologia especialidade médica. Ela é, sim,
qualificação de seus profissionais, o médico ter conhecimento de- da UNIFESP, demonstrou-se, com um recurso terapêutico muito útil,
começou a ganhar espaço científico las. Por tudo isso percebe-se que todo o rigor metodológico, que, que pode ser somado aos demais
e acadêmico, tornando-se modelo existe, sem dúvida alguma, grande após o tratamento homeopático, conhecimentos que se obtêm na
de implantação institucional para aceitação da Homeopatia não só quatro em cada cinco crianças da Faculdade de Medicina.
muitos países. pelos pacientes mas também pelos fila de espera para cirurgia de extra- Por isso, sempre lembramos
É certo, porém, que muitas estudantes de Medicina e médicos ção de amígdalas não necessitaram que o homeopata é, antes de tudo,
dificuldades ainda são enfrenta- em geral. mais do procedimento cirúrgico, um médico, e que, nessa condição,
das, dentre as quais ataques que a Hoje em dia já existe am- resultado esse muito superior ao deve pautar sua conduta dentro de
Homeopatia vez por outra sofre, pla difusão dessa terapêutica no grupo placebo. Outro exemplo: a parâmetros éticos e de responsa-
geralmente por parte de pessoas meio acadêmico, e isso pode ser OMS está prestes a publicar um bilidade profissional. O fato de a
que ignoram os princípios que exemplificado pela presença da levantamento feito com mais de Homeopatia ser uma especialidade
norteiam a prática, e que insistem Homeopatia dentre as disciplinas 150 trabalhos e estudos randomi- do campo da Medicina faz com que
em repetir velhos chavões como “a eletivas dos cursos de Medicina da zados nesta área que demonstram o profissional tenha condições de
Homeopatia não é científica”, “que USP e da UNIFESP, da Residência a eficácia da Homeopatia. E como determinar adequadamente qual
funciona por causa do bom relacio- Médica na UNIRIO, das ligas estu- esses, há muitos outros. O que não recurso terapêutico disponível
namento médico-paciente”, “que o dantis de Homeopatia, e de muitas há, na realidade, são trabalhos e deva ser utilizado e também possa
remédio é placebo”, etc. Mas, ape- outras instituições. O tratamento estudos financiados pela indús- eleger o melhor a ser feito para o
sar disso, o princípio da similitude homeopático já é oferecido em tria farmacêutica, que, por razões seu paciente. ■

10 Informativo APH
Nº 97 • Junho de 2007

Eventos

III Seminário de Homeopatia Previsível 3° Congresso Brasileiro de Homeopatia Veterinária


Data: 18 a 22 de junho de 2007 - Revendo Conceitos da Homeopatia Veterinária
Local: Caldas Novas / GO Data: 18 a 20 de outubro de 2007
Presença do Dr Prafull Vijayakar, Drª Anita Salunke e Dr Pravin Jain. Local: Porto Alegre - RS
Informações: http://www.smgh.com.br/seminario/ Hotel SESC Campestre
www.sesc-rs.com.br
II Simpósio Internacional de Comissão Organizadora:
Dr. Paulo Antônio Casa Nova – Presidente
Saúde Mental nas Práticas em Saúde Contato: (51) 3485-1583;
Local: UNIFESP-EPM clínica: 3330-9688; celular: 8427-4188
Data: 22 23 e 24 de junho de 2007
XIII Fórum Estadual de Homeopatia na Rede Pública
62° Congreso de la Data: 21 de novembro de 2007
Liga Medicorum Homeopathica Internationalis Local: Rua México 128 - auditório do 10º andar
Horário: 8 às 17 horas
VII Congreso Latinoamericano Inscrições: a partir de 1º de agosto pelo telefone: 2299-9740
ou preferencialmente pelo e-mail: homeopatia@saude.rj.gov.br,
de Materia Médica informando nome, profissão, instituição que representa,
XXVI Asamblea de Homeopatía de México, A.C. telefone e e-mail.
Data: 7 a 11 de agosto de 2007
Local: Puebla, Pue. México
Informações: http://www.lmhi2007.com

II Encuentro Internacional en Latinonamérica


Alfonso Masi Elizalde
14, 15 e 16 de Setembro de 2007
m
Buenos Aires, Argentina ga e
Entre icílio
D o m

II Encontro de Homeopatia da Costa Brasileira


Data: 26 de janeiro a 2 de fevereiro de 2008
Local: Costa Mágica – Cruzeiro Bem Estar Medicamentos Homeopáticos • Florais • Fitoterápicos
Informações: Secretaria da AMHPR (41) 3243-3025 – Francielle Horário de Funcionamento: 2ª a 6ª das 9h00 às 19h00
amhpr@mps.com.br Sábados das 9h00 às 13h00 • Domingos e Feriados das 9h00 às 15h00
R. Domingos de Moraes, 1.382 V. Mariana - Fone/Fax 5579-7919 • Fone: 5082-4387 / 5082-4371

Informativo APH 11
Nº 97 • Junho de 2007

Eventos

SUGESTÕES PARA O

No site da APH – www.aph.org.br – está à disposição dos homeopatas uma enquete sobre os temas de maior interesse para
serem abordados durante o XXIX Congresso de Homeopatia, que será realizado em São Paulo, em setembro de 2008. Até o
momento, o número maior de votos é para a área de clínica e terapêutica. Os homeopatas demonstraram uma grande necessidade
de enriquecer o conhecimento para atuar diretamente na cura dos pacientes.

VEJA NO QUADRO A SEGUIR COMO ESTÃO OS ÍNDICES DE VOTAÇÃO:


Clínica e Terapêutica: homeopatia nas especialidades Semiologia e Repertório: agravações e segunda prescrição;
37% (saúde da mulher, geriatria, doenças auto-imunes; alergias;
5% Repertório e repertorização; Diferentes estratégias
tratamento de câncer, etc.); Casos clínicos; Prescrição semiológicas; Informática; etc.
homeopática (posologia nas diferentes escolas, nosódios e
Ensino: Conselho de Entidades Formadoras; Instituições de
bioterápicos); doenças agudas, etc. 4% ensino; a formação do homeopata.
Cursos: Pediatria; Matéria Médica; Miasmas; LM; Prafull; Uso
22% dos Nosódios; Gestão de clínicas; etc. 4% História: Museu; Volta a Hahnemann; Bibliotecas e acervos;
etc.
Filosofia: Individualidade e medicina do sujeito;
9% Interdisciplinaridade; Adoecer e processo de cura; Teoria da 4% Saúde Pública: SUS; Experiências em atendimento público;
Legislação do Ministério da Saúde; Portaria 971; etc.
complexidade; etc.
Farmácia: Anvisa; Complexos; LM; Prescrição e aviamento;
6% Pesquisa: Universidade; Internacional; Patogenesias; Protocolos; 2% Farmacopéia; etc.
Efetividade e comprovação do efeito das ultradiluições;
Revisões bibliográficas; Matriz de ficha clínica; Medicina Institucional: AMHB (comissões); Residência médica; Mestrado/
baseada em evidências; etc
1% Doutorado; Experiências em hospitais; Relacionamento com
convênios médicos/Tabelas e custos; Universidade; Bioética;
Polêmicas: Canova; FAO; Potências SD; Nutrição;
6% Homotoxicologia; etc.
Inter-relação com outras áreas e instituições; etc.

Estimados(as) colegas homeopatas,


A APH mantém há vários anos um ambulatório homeopático (SAMAPH) que presta serviço à população carente da cida-
Ambulatório
na APH

de de São Paulo. Deste serviço, conseguimos manter o convênio junto à Prefeitura desta cidade para a manutenção do
comodato do terreno onde está construída a nossa sede.
Atendem neste ambulatório vários homeopatas com renomada experiência, tanto na área de clínica geral como de pe-
diatria. O ambulatório é aberto a todos os sócios que desejam consolidar ou reciclar a sua prática. A seguir, a lista de
horário de atendimento e de profissionais:

DIA horário SEMANA do MÊS SUPERVISOR (A) ESPECIALIDADE


1ª 2ª 3ª 4ª
CINQ.
2ª 14hs – 18hs X DRA. CRISTIANE BARBUGLI SORTINO
MILESIMAL
3ª 14hs – 16hs X DR. OSMAR MANIR SANNA PNEUMOLOGIA
8h30 - 11h30 X X X X DR. EMILIO CARLOS DEL MASSA CL. GERAL
9h30 - 13h30 X X X X DR. ARIOVALDO RIBEIRO FILHO CL. GERAL
4ª DR. MARCIO ARMANI
16hs - 20hs X X X X DR. IVANOR TONINI CL. GERAL
DRA. ELPIS ARMANI
9hs - 12hs X X DR. GUSTAVO BEARZI CL. GERAL
14hs - 18hs X DRA. ANAMARIA N. NASCENTE PEDIATRIA

16hs – 20hs X X DRA. AFRA HUMBERTO PEIXEIRO CL. GERAL
18h30 - 22hs X X DR. RUBENS DOLCE FILHO CL. GERAL
6ª 9hs - 12hs X DRA. MARIA DE LURDES V. FERNANDES PEDIATRIA
Caso seja do seu interesse participar de nosso ambulatório,
faça contato através dos tels. (11) 5579-1291 / 5571-0483 ou pelo e-mail: aph@aph.org.br
Informamos que é oferecido certificado com carga horária ao término de um ano de atendimento.
A APH é o ponto de encontro das várias tendências e linhas da homeopatia. Participe. Compareça.

12 Informativo APH

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