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Por Adrienne Youdim, MD, Assistant Professor of Medicine, David Geffen School
of Medicine at UCLA; Associate Professor of Medicine, Cedars Sinai Medical
Center
Nutrição é a ciência dos alimentos e sua relação com a saúde. Nutrientes são as
substâncias químicas presentes nos alimentos, utilizadas pelo organismo para
crescimento, manutenção e fornecimento de energia. Nutrientes que não podem ser
sintetizados pelo organismo e, portanto, devem provir da dieta são chamados de
essenciais. Incluem vitaminas, minerais, alguns aminoácidos e ácidos graxos. Nutrientes
que o organismo pode sintetizar a partir de outros componentes, embora também possam
ser derivados da dieta, são considerados não essenciais. Macronutrientes são necessários
ao organismo em grandes quantidades; micronutrientes são necessários em menores
quantidades.
A falta de nutrientes pode resultar em deficiências (p. ex., kwashiorkor, pelagra) ou outros
distúrbios ( Subnutrição). A ingestão excessiva de macronutrientes pode causar obesidade
( Obesidade) e distúrbios relacionados; a ingestão excessiva de micronutrientes pode ser
tóxica. Além disso, o balanço de vários tipos de nutrientes, como o consumo de gorduras
saturadas e insaturadas, pode influenciar o desenvolvimento de distúrbios.
Macronutrientes
Carboidratos
Proteínas
À medida que o organismo utiliza as proteínas da dieta para produzir tecidos, há um ganho
líquido de proteínas (balanço nitrogenado positivo). Durante estados catabólicos (como
jejum, infecções, queimaduras), mais proteínas podem ser utilizadas (porque os tecidos
corporais são quebrados) do que se absorve, resultando em perda de proteína (balanço
nitrogenado negativo). O balanço nitrogenado é mais bem determinado subtraindo-se a
quantidade de nitrogênio excretado na urina e nas fezes da quantidade de nitrogênio
consumido. Dos 20 aminoácidos, 9 são essenciais (AAE), os quais não podem ser
sintetizados e devem ser obtidos da dieta. Todas as pessoas necessitam de 8 AAE;
crianças também precisam de histidina.
A composição aminocídica das proteínas varia bastante. O valor biológico (VB) reflete a
similaridade da composição aminocídica da proteína à de tecidos animais; assim, o VB
indica qual porcentagem de proteína da dieta fornece AAE para o corpo. Um exemplo
perfeito é a proteína do ovo, cujo valor é 100. As proteínas animais do leite e da carne
têm alto VB (cerca de 90); as proteínas dos cereais têm VB menor (cerca de 40) e alguns
derivados de proteínas (p. ex., gelatina) têm VB igual a zero. A extensão em que o
fornecimento de proteínas da dieta supre cada aminoácido deficiente
(complementaridade) determina o VB da dieta. As ingestões diárias recomendadas
(RDA) de proteínas assumem uma média de dieta mista com VB de 70.
Gorduras
As gorduras são quebradas em ácidos graxos e glicerol. São necessárias para crescimento
dos tecidos e produção de hormônios. Os ácidos graxos saturados, comuns em gorduras
animais, tendem a ser sólidos em temperatura ambiente. Com exceção dos óleos de coco
e de palma, as gorduras derivadas de plantas tendem a ser líquidas em temperatura
ambiente; essas gorduras contêm altos níveis de ácidos graxos monoinsaturados ou poli-
insaturados (PUFA).
Macrominerais
Sódio, cloro, potássio, cálcio, fósforo e magnésio são necessários em quantidades diárias
relativamente grandes ( Macrominerais, Ingestões dietéticas de referência
recomendadas* de alguns macronutrientes (Food and Nutrition Board, Institute of
Medicine of the National Academies) e Ingestão diária recomendada de minerais).
Macrominerais
Micronutrientes
Outros minerais (p. ex., alumínio, arsênio, boro, cobalto, flúor, níquel, sílica, vanádio)
não são essenciais para as pessoas. O flúor, embora não essencial, auxilia a prevenir a
cárie dentária pela formação de um composto com o cálcio (CaF2), que estabiliza a matriz
mineral dentária.
Todos os oligoelementos minerais são tóxicos em altos níveis e alguns (arsênio, níquel e
cromo) podem causar câncer.
Outras substâncias dietéticas
A dieta humana diária normalmente contém 100.000 substâncias químicas (o café, p. ex.,
contém 1.000). Dessas, somente 300 são nutrientes, dos quais apenas alguns são
essenciais. Entretanto, muitos não nutrientes em alimentos são úteis. Por exemplo,
aditivos alimentares (como conservantes, emulsificantes, antioxidantes, estabilizantes)
melhoram a produção e a estabilidade dos alimentos. Oligoelementos (p. ex., especiarias,
aromas, odores, cores, fitoquímicos e muitos outros produtos naturais) melhoram a
aparência e o sabor.
Fibras
As fibras podem ter várias formas (p. ex., celulose, hemicelulose, pectina, gomas). Elas
potencializam a motilidade gastrointestinal, previnem a obstipação e auxiliam a controlar
doença diverticular. Acredita-se que as fibras acelerem a eliminação de substâncias
cancerígenas produzidas por bactérias no intestino grosso. Evidências epidemiológicas
sugerem uma associação entre câncer de cólon e baixa ingestão de fibras e um efeito
benéfico das fibras em pacientes com distúrbios intestinais funcionais, doença de Crohn,
obesidade e hemorroidas. Fibras solúveis (presentes em frutas, verduras, aveia, cevada e
leguminosas) reduzem o aumento pós-prandial de glicose sanguínea e insulina e podem
diminuir os níveis de colesterol.
Em geral, a ingestão recomendada diminui com a idade, uma vez que a atividade física
tende a diminuir, resultando em menos gasto de energia. O novo guia de pirâmide ali-
mentar enfatiza:
A supernutrição pode contribuir para distúrbios crônicos, como câncer, hipertensão, obe-
sidade, diabetes melito e doença arterial coronária. Restrições dietéticas são necessárias
em muitos distúrbios metabólicos (p. ex., galactosemia, fenilcetonúria).
O histórico inclui questões sobre ingestão alimentar, alterações no peso e fatores de risco
de deficiências nutricionais, além do exame atento dos sistemas ( Sinais e sintomas de
deficiências nutricionais). Um nutricionista pode obter um histórico alimentar mais
detalhado. Inclui uma lista dos alimentos consumidos nas últimas 24 h e um questionário
alimentar. Um diário alimentar pode ser utilizado para registrar os alimentos consumidos.
O recordatório no qual o paciente pesa os alimentos consumidos é mais preciso.
Interações droga-nutriente
Os alimentos podem aumentar, retardar ou diminuir a absorção de drogas. Eles
prejudicam a absorção de muitos antibióticos. Podem alterar o metabolismo das drogas;
p. ex., dietas hiperproteicas podem acelerar o metabolismo de determinadas drogas pela
estimulação do citocromo P-450. O consumo de toranja (grapefruit) pode inibir o
citocromo P-450, retardando o metabolismo de algumas drogas (p. ex., amiodarona,
carbamazepina, ciclosporina, certos bloqueadores de canais de cálcio). Dietas que alteram
a flora bacteriana podem afetar o metabolismo de determinadas drogas. Alguns alimentos
afetam a reação do organismo às drogas. Por exemplo, a tiramina, componente de
determinados queijos, é um potente vasoconstritor que pode causar crises hipertensivas
em pacientes que utilizam inibidores da monoaminoxidase.
Efeito Drogas
Aumento do apetite Álcool, anti-histamínicos, corticoides, dronabinol, insulina, acetato
de megestrol, mirtazapina, várias drogas psicoativas, sulfonilureias,
hormônio da tireoide
Redução do apetite Antibióticos, metilcelulose, goma guar, ciclofosfamida,
digoxina, glucagon, indometacina, morfina, fluoxetina
Diminuição da Orlistate
absorção de gorduras
Aumento dos níveis de Octreotida, opioides, fenotiazinas, fenitoína, probenecida, diuréticos
glicose sanguínea tiazidícos, corticoides, varfarina
Diminuição dos níveis Inibidores da ECA, ácido acetilsalicílico, barbitúricos,
de glicose sanguínea betabloqueadores, insulina, inibidores da monoaminoxidase, drogas anti-
hiperglicêmicas orais, fenacetina, fenilbutazona, sulfonamidas
Diminuição dos níveis Ácido acetilsalicílico, ácido p-aminossalicílico, L-asparaginase,
de lipídios clortetraciclina, colchicina, dextranas, glucagon, niacina, fenindiona,
plasmáticos estatinas, sulfimpirazona, trifluperidol
Aumento dos níveis de Corticoides adrenais, clorpromazina, etanol, hormônio do crescimento,
lipídios plasmáticos contraceptivos orais (tipo progesterona-estrógeno), tiouracil, vitamina D
Diminuição do Cloranfenicol, tetraciclina
metabolismo proteico
Aditivos e contaminantes alimentares
Aditivos
São substâncias químicas combinadas aos alimentos para facilitar seu processamento e
preservação ou para melhorar sua palatabilidade. Somente quantidades seguras de
aditivos testadas em laboratório são permitidas em alimentos preparados comercialmente.
Analisar os benefícios dos aditivos (p. ex., redução do sabor, aumento da variedade de
alimentos, proteção contra doenças de origem alimentar) em relação aos seus riscos
costuma ser complexo. Por exemplo, o nitrito, usado em carnes curadas, inibe o
crescimento de Clostridium botulinum e melhora o sabor. Entretanto, o nitrito converte-
se em nitrosaminas, que são cancerígenas em animais. Por outro lado, a quantidade
adicionada a carnes curadas é pequena quando comparada à quantidade de nitratos
presentes naturalmente em alimentos convertidos em nitrito pelas glândulas salivares. A
vitamina C da dieta pode reduzir a formação de nitrito no trato gastrointestinal.
Raramente, alguns aditivos (p. ex., sulfitos) causam reações de hipersensibilidade
alimentar (alergia). A maioria dessas reações é provocada por alimentos comuns ( Alergia
alimentar).
Contaminantes
Às vezes, quantidades limitadas de contaminantes são permitidas porque eles não podem
ser eliminados por completo sem danificar os alimentos. Pesticidas, metais pesados
(chumbo, cádmio, mercúrio), nitratos (em folhas de vegetais verdes), aflatoxinas (em
nozes e leite), hormônios (em derivados do leite e carne), pelos e fezes de animais e partes
de insetos são contaminantes comuns. A Food and Drug Administration (FDA) estima
níveis de segurança que não causariam doenças e efeitos adversos às pessoas. Entretanto,
é muito difícil demonstrar uma relação causal entre a exposição a níveis extremamente
baixos e os efeitos adversos; efeitos adversos a longo prazo, embora improváveis, são
possíveis. Níveis seguros costumam ser determinados por consensos, não por evidências.