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Manter a saúde mental é mais fácil do que muita gente imagina. As pesquisas
dos últimos 10 anos apontam ser possível, sim, estimular a formação de novos
neurônios (o que até 1998 a ciência considerava impossível!) e,
conseqüentemente, afastar os riscos de doenças como Parkinson e mal de
Alzheimer. Saiba como.
Segundo relatório publicado pela revista científica inglesa The Lancet, um novo caso
de demência surge a cada sete segundos no mundo (o que inclui entre outros
distúrbios progressivos e degenerativos do cérebro o mal de Alzheimer) - são quase
5 milhões de novas vítimas ao ano. E estima-se que esses números possam
quadruplicar, chegando a um total de 81 milhões de pessoas nas próximas três
décadas.
A boa nova é que em 1998 uma notícia abalou o mundo da neurociência e, apesar
de ainda causar controvérsias, sugere um futuro menos sombrio para a
humanidade. Naquele ano, uma pesquisa publicada na revista Nature Medicine
comprovava uma desconfiança que surgiu na década de 60 com os estudos
realizados com ratos pela equipe do neurocientista norte-americano Fred Gage - e
para a qual pouca gente deu importância na época -, a de que novos neurônios são
produzidos diariamente no cérebro humano.
Não é à toa que, de acordo com o médico e especialista Cícero Galli, 40% dos
parkinsonianos tiveram ou tem depressão e que, nestes casos, a doença costuma
evoluir mais rapidamente.
Além disso, aqueles que são tratados com a ajuda de psicoterapia têm apresentado
excelentes resultados. "Os que recebem instruções para relaxar e encarar a vida de
forma mais simples e descontraída, em casos mais leves, podem deixar de
apresentar os sintomas. Enquanto aqueles que se encontram em estágios finais da
enfermidade, há ao menos uma melhora do quadro, com o desaparecimento de
problemas urinários, bem como dos pesadelos e dificuldades de raciocínio - comuns
nessa fase", explica.
E em que isso prejudica o cérebro? "Além de ser essencial para a formação óssea,
ela estimula a produção de NGF (fator de crescimento dos neurônios)", esclarece
Cícero Galli. Descrita em 1956, a NGF é uma proteína essencial para a
sobrevivência e fortalecimento das células nervosas cerebrais, por ser capaz de
enviar sinais contínuos para que um neurônio dirija suas terminações na direção de
outro e forme uma sinapse (aproximação entre os neurônios, onde ocorrem várias
reações químicas que ainda estão sendo estudadas). Quanto mais numerosas e
fortes forem essas conexões (sinapses), menos ocorrências de apoptose e mais
eficientes as capacidades cognitivas, como a memória.