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Apresentação..................................................... 5
1 À espera de um avivamento...................................9
2 O derramamento do Espírito................................15
Cremos que o Espírito Santo está nos despertando para refletirmos sobre
a necessidade do avivamento e sobre a nossa missão no mundo. Neste e nos
próximos três anos, temos como o lema: “Uma igreja avivada em missão”,
pois sabemos que este era o perfil da comunidade composta pelos discípulos
de Jesus, no primeiro século, e é o que desejamos e precisamos ser, nos dias
atuais. Por isso, escolhemos o livro dos Atos dos Apóstolos para ser estuda-
do por nós, neste terceiro trimestre de 2016, de um jeito diferente: os treze
estudos desta série são expositivos; analisaremos capítulo por capítulo, a fim
de aprender com as experiências da igreja primitiva. Esse é o primeiro livro de
história da igreja cristã e o único inspirado por Deus.
O autor do livro
Atos foi escrito por Lucas, o mesmo autor do terceiro evangelho, que leva
seu nome. Sabe-se que Atos e o Evangelho de Lucas fazem parte de uma
única obra dividida em dois volumes (Lc 1:1-14; At 1:1-2). Por essa razão,
não é aconselhável examinar esses livros separadamente, ignorando o fato de
que um é a continuidade do outro. Levamos isso em consideração, quando
decidimos estudá-los em sequência, na Escola Bíblica. Nessa obra dupla, é
apresentado um relato ordenado e esmerado das origens do cristianismo, em
que são unidas as histórias de Jesus e da igreja.
Entender que Lucas é o autor de Atos, para nós, é importantíssimo. Ele
não era um teórico de gabinete. Além de ser médico e historiador, foi com-
panheiro e colaborador de Paulo em algumas viagens missionárias. O uso do
pronome “nós”, em suas narrativas, provam que vivenciou alguns fatos con-
tados no livro (At 20:4-6, 27:1-2, 28:14). Merece um destaque a informação
de que ele era um cristão gentio, natural de Antioquia, na Síria. Era sírio de
nascimento e grego de fala e cultura. Isso faz de Lucas o único autor do Novo
Testamento que não era judeu.
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Os leitores do livro
Para quem o livro de Atos foi destinado? Esta não é uma pergunta difícil.
O próprio livro responde: Em meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de
tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar (At 1:1). O nome do destinatá-
rio imediato do livro é Teófilo. E quem era ele? No Evangelho, Lucas o chama
de “excelentíssimo” (Lc 1:3), indicando tratar-se de alguém de condição so-
cial nobre ou uma autoridade do Império Romano.1 Mas, certamente, ele não
queria alcançar apenas uma pessoa com seu escrito. Escreveu também para
que os não-judeus do seu tempo pudessem ter acesso àquelas informações
sobre a origem da fé cristã.
A escrita do livro
É bem provável que Lucas tenha escrito o livro em Roma, onde a história
terminou (At 28:16-31). Há dois fatos importantes que ele, com seu tino de
historiador, jamais deixaria de relatar: o incêndio em Roma, em 64 d. C., e
a destruição de Jerusalém, em 70 d.C. Isso significa que ele escreveu o livro
antes dessas datas. Alguns pesquisadores concordam que ele pode ter escrito
o terceiro evangelho, ou, pelo menos, reunido os materiais durante os dois
anos em que Paulo ficou preso em Cesareia, tempo em que ficaram um tanto
ociosos em suas atividades missionárias. Seguindo a mesma lógica, ele deve
ter escrito Atos dos Apóstolos durante os dois anos em que Paulo ficou preso
em Roma. Assim, o livro teria sido escrito por volta de 62 d.C.2
O propósito do livro
Atos cobre os trinta primeiros anos da história da igreja. Inicia-se com a
ascensão de Jesus e vai até a prisão de Paulo. O propósito primário do médico
amado era fazer um relato do crescimento da igreja em sua época, mostran-
do como isso aconteceu. Ele descreve a expansão do cristianismo, partindo
de Jerusalém, até chegar a Roma, capital do império. Assim como no evan-
gelho, sua intenção com Atos era fortalecer a fé dos cristãos gentios (Lc 1:4).
Ao descrever o espantoso crescimento da igreja, que ocorreu apesar das
limitações humanas e das perseguições, Lucas faz questão de enfatizar, cla-
ramente, a obra do Espírito Santo por meio da igreja. Ele mostra ao seu
leitor que havia duas importantes armas espirituais utilizadas pelos primeiros
cristãos, que lhes garantiam o sucesso no cumprimento de sua missão no
1. González (2011:30).
2. Harper et al (2006:201).
O conteúdo do livro
A narrativa de Lucas se desenvolve em cima do esboço traçado por Jesus,
que diz: Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e
ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Sama-
ria, e até aos confins da terra (At 1:8 - grifo nosso). Curiosamente, nos sete
primeiros capítulos do livro, vemos a igreja crescendo em Jerusalém; nos capítu-
los 8 a 12, vemos a igreja alcançando a Judeia e chegando à região de Samaria,
e, nos capítulos 13 a 28, vemos o evangelho chegando aos confins da Terra.4
Atos 1:8 é o versículo-chave de Atos e o resumo de todo o livro. Mas não
apenas isso: é, sobretudo, a apresentação da missão e do plano estratégico
de Deus para a sua igreja. Segundo Lucas, os primeiros cristãos, no poder do
Espírito Santo, cumpriram a missão e seguiram o plano integralmente. Eles
eram, literalmente, uma igreja avivada em missão.
Além disso, a palavra-chave de Atos é “testemunha”, e aparece 29 vezes
em todo o livro.5 Essa palavra descreve a identidade de um verdadeiro cristão.
Uma ideia por trás dela é a de um julgamento, como se Jesus e o evangelho
estivessem sendo julgados num tribunal e nós tivéssemos de depor e apre-
sentar provas em favor deles, diante dos homens, sendo testemunhas de
defesa. Uma testemunha é alguém que relata o que viu e ouviu (At 4:19-20).
Os apóstolos deram testemunho da ressurreição de Jesus.
Outra ideia relacionada a “testemunha” é de um mártir. Isso significa que um
discípulo autêntico é aquele que está disposto a morrer por sua fé em Cristo. E,
realmente, muitos cristãos selaram seu testemunho, entregando a própria vida.6
A relevância do livro
O conhecido autor Jonh Stott diz que “Atos é fundamental por causa de
seus registros históricos e também por sua inspiração contemporânea”.7 Não é
3. Lopes (2012:23).
4. Wiersbe (2006:522).
5. Idem.
6. Ibidem, p.521.
7. Stott (2008:9).
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apenas um livro de história da igreja, mas também o maior livro de missões do
mundo, que motiva os cristãos da atualidade a caminhar nessa direção. Atos
é, ainda, um alerta para a necessidade urgente de uma nova reforma e de um
profundo avivamento. Mostra-nos que não precisamos recorrer às novidades
do mercado da fé, mas que devemos voltar às origens do cristianismo bíblico.8
Um fato curioso é que Lucas termina Atos de maneira abrupta, dando a
impressão de que ainda faltava escrever mais um capítulo ou uma conclusão.
Será que ele pretendia escrever um terceiro volume de sua obra ou o texto
terminou exatamente como desejava? Há muitas teses que tentam explicar
essa questão. Contudo, concordamos com Gundry, quando afirma que, no
sentido teológico, o final repentino de Atos “sugere que a tarefa da evange-
lização mundial estava incompleta” e que nós precisamos terminá-la .9 Isso
mostra que o livro tem uma mensagem muito relevante e desafiadora para
aqueles que professam fé cristã nos dias atuais.
Nosso desejo é que o Pai recompense cada um dos escritores que, através
de pesquisa e dedicação, colaboram para a preparação desta série. Que o Es-
pírito Santo motive as coordenadorias da Escola Bíblica, use os professores, na
ministração das aulas, e edifique os estudantes da Bíblia. Que o Senhor Jesus
Cristo nos desperte, para que sejamos, de fato, uma igreja avivada em missão.
Ao Deus trino, sejam dados a honra, a glória e o louvor, por meio de sua
igreja, pelos séculos dos séculos. Amém!
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I CONHECENDO O LIVRO DE ATOS
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contrário, foi um tempo de intensa suicídio de Judas. Provavelmente, in-
preparação. Vejamos suas ações. dagavam: Como foi possível um de
Em primeiro lugar, eles reuniram nós fazer coisas tão terríveis? Será que
no Cenáculo. Acharam um lugar pro- Cristo errou na escolha? A saída deles
pício para estar juntos, em unidade foi buscar orientação na Palavra e se
e comunhão. Em segundo lugar, eles debruçar sobre ela. A Bíblia sempre
começaram a orar. Atos 1:14 infor- tem as respostas de que precisamos.
ma-nos que eles oravam juntos. Um Atos 1:15-22 mostra Pedro fazen-
motivava o outro. A oração era per- do uma exposição baseada nos Sal-
severante (gr. proskartereo), ou seja, mos 69 e 109 e nos ensinos de Jesus.
com determinação obstinada. O apóstolo concluiu que o ocorrido
Eles usaram o tempo de espera com Judas fora necessário para que se
orando fervorosamente. Além dis- cumprisse a Escritura (At 1:16) e en-
so, oravam “unânimes”. Isso sig- tendeu que ele deveria ser substituído.
nifica que havia harmonia em suas Em quarto lugar, eles se submete-
orações. Eles sabiam o que estavam ram à vontade de Deus. No exame bíbli-
buscando. Não há registros, na Bíblia co, os apóstolos foram convencidos de
ou na história da igreja, de um avi- que precisavam corrigir algo. A lideran-
vamento que tivesse começado sem ça precisava ser recomposta, e foi o que
ser precedido por oração. Não há fizeram. Tudo foi feito em oração, em
igreja avivada sem oração. submissão à vontade de Deus. Eles es-
Em terceiro lugar, eles estavam es- tavam colocando a casa em ordem para
tudando a Bíblia. Os discípulos tam- receber o importante hóspede. Assim,
bém estavam pensando nas instru- o primeiro capítulo de Atos termina
ções dadas por Cristo e buscavam, com cento e vinte pessoas, no Cenácu-
ainda, digerir alguns fatos estranhos lo, orando, estudando a Bíblia e espe-
que ocorreram, como a traição e o rando pela chegada do Espírito Santo.
02. Após ler At 1:3,6 e o item 2, responda: Por que Jesus enfatizou a
mensagem do reino de Deus? Como os apóstolos entendiam o reino?
Qual o seu verdadeiro significado?
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2. A igreja precisa entender a Os discípulos estavam sedentos
necessidade de poder. e necessitados do Espirito; por isso,
O Senhor, antes de subir ao céu, persistiram unânimes na oração. O
prometeu enviar o Espírito Santo para derramamento do Espírito continua
a sua igreja. Antes de enviar a igreja sendo uma necessidade da igreja em
ao mundo para cumprir a missão, pro- nossos dias. Uma igreja fraca jamais
meteu-lhe o revestimento de poder. poderá cumprir sua missão, que é
Ele insistiu em que os discípulos ficas- tão abrangente. Sem o Espírito San-
sem em Jerusalém, até serem revesti- to, ela está perdida; ela morre. Se
dos pelo Espírito Santo. Os primeiros quisermos ser uma igreja avivada em
cristãos não duvidaram da promessa; missão, precisamos buscar o poder
foram para o Cenáculo e buscaram do alto com o mesmo empenho e
com insistência o poder do alto. anseio dos primeiros cristãos.
DESAFIO MISSIONÁRIO
Acesse os
Comentários Adicionais Além das profecias do Antigo Testamento,
e os Podcasts o próprio Senhor Jesus e seu precursor, João
deste capítulo em
www.portaliap.com.br Batista, asseveravam que o tempo chegaria
em que o Espírito Santo passaria a habitar
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permanentemente no interior dos estava cheia de visitantes de todo o
crentes da Nova Aliança (Mc 1:8; Jo mundo. A data era estratégica. Deus
14:16). Em razão disso, o Pentecos- já a tinha agendado, mas os discípu-
tes não pode ser considerado um los não sabiam.
evento qualquer. Nele se cumprem De acordo com a Bíblia, Jesus
as predições do Antigo Testamento foi crucificado na época da Páscoa
e as palavras de João e de nosso Se- e subiu aos céus quarenta dias de-
nhor. Assim, o evento inaugura um pois da sua ressurreição. Cinquenta
novo tempo em que o Espírito pas- dias depois da ressurreição e dez
saria a morar para sempre nos cren- dias depois da ascensão, o Espíri-
tes. Para compreender a importância to Santo desceu. Como parece ter
desse acontecimento, vamos tratar sido sua prática frequente, após a
alguns de seus aspectos. ascensão, os crentes estavam oran-
1. Inesperado: Lucas inicia sua do, quando o Espírito desceu sobre
narrativa desse acontecimento dizen- eles (At 1:14).
do: Ao cumprir-se o dia de Pentecos- Lucas diz que, de repente, o Espí-
tes, estavam todos reunidos no mes- rito desceu sobre aqueles crentes (At
mo lugar (2:1). No Novo Testamento, 2:2). A expressão “de repente” mos-
o Pentecostes1 ocorria “quando a tra que o acontecimento, conquanto
ceifa do trigo era celebrada por uma fosse aguardado, foi surpreendente,
festa de um dia, durante a qual se inesperado e repentino. É sempre
ofereciam sacrifícios especiais”.2 assim que um grande avivamento
Os judeus celebravam o Pente- acontece: na hora que Deus deter-
costes anualmente, no quinquagési- mina, de acordo com a sua agenda.
mo dia após a Páscoa, para come- Então, almejemos intensamente viver
morar a saída de Israel do Egito. O experiências de avivamento pareci-
Pentecostes também era chamado, das ao Pentecostes, porque, de re-
no Antigo Testamento, de Festa da pente, Deus pode derramar o Espírito
Colheita, quando Israel agradecia a de forma especial.
Deus pelos primeiros frutos colhidos 2. Poderoso: Além de inespe-
(Nm 28:26). Deus havia escolhido rada, a descida do Espírito Santo
aquela data para o derramamento foi um acontecimento poderoso.
do Espírito. Naquele dia, Jerusalém Os versículos narram fenômenos
extraordinários. Todo o evento foi
termo Pentecostes deriva de uma pala-
1. O acompanhado por sinais sobrenatu-
vra grega que significa quinquagésimo (gr. rais. Lucas o descreve do seguinte
πεντηκοστη). Era o nome grego que se
dava à festa judaica das Semanas (Ex 34:22). modo: De repente veio do céu um
2. Marshall (1982:68). ruído, como que de um vento impe-
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aquilo que os discípulos falavam em em línguas estrangeiras, mas os que
línguas estranhas. ouviam é que escutavam em outros
No texto, a expressão: os ouviam idiomas. O que aconteceu, então, foi
falar em suas próprias línguas se re- um milagre (a interpretação de lín-
pete duas vezes, para mostrar que guas estranhas). Esse, sem dúvida, foi
não eram os discípulos que falavam um acontecimento sem precedentes.
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a Deus (Ef 5:14-21). Foi por isso que precisamos desfrutar, com regula-
Paulo disse aos efésios: enchei-vos ridade, do poder do Espírito Santo.
do Espírito (Ef 5:18). Quando nos reunirmos como igreja,
Ao ler o livro de Atos, constata- para orar e adorar a Cristo, como
mos essa verdade. Os cristãos fre- faziam os primeiros discípulos, deve-
quentemente são descritos como mos experimentar a presença do Es-
cheios do Espírito Santo (At 4:8, 31, pírito Santo e nos permitir ser cheios
9:17, 13:9, 52). À semelhança deles, de seu poder. Pense nisso!
DESAFIO MISSIONÁRIO
INTRODUÇÃO
LEITURA DIÁRIA
O que vemos nos relatos dos primeiros
D 10/07 At 5:1-11
S 11/07 At 5:12-20 capítulos do livro de Atos é uma igreja viva,
T 12/07 At 5:21-32 que, conduzida pelo Espírito Santo, fazia di-
Q 13/07 At 5:33-42 ferença na sociedade de seu tempo. Lucas faz
Q 14/07 At 6:1-7
questão de observar que essa igreja contava
S 15/07 At 6:8-15
S 16/07 At 7:1-7
com a simpatia de todo o povo (At 2:47). O
avivamento produzido pelo derramamento do
Espírito Santo, no dia de Pentecostes, mudou
radicalmente a vida dos cristãos do primeiro
século. O medo da perseguição foi suplantado
pelo poder que os habilitou a se tornarem tes-
temunhas de Jesus (At 1:8). A igreja de Atos
vivia o extraordinário no ordinário. Trataremos
sobre isso a seguir.
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igreja avivada. Ela mostrava isso em suscitou, afirma ele. Portanto, Cristo
sua pregação, cujo conteúdo exalta- venceu a morte e o pecado, “des-
va não os seus próprios feitos, mas fez as obras do diabo, cumpriu a lei,
os de Cristo; nas conversões que a satisfez a justiça de Deus e nos deu
fizeram crescer; em sua perseveran- eterna redenção”.1
ça, que a tornou admirável, e nos mi- O quarto aspecto é a exaltação de
lagres que exaltavam o poder de seu Jesus. Pedro diz sobre Cristo: Exalta-
Senhor. Nela, é possível observar as do, pois, à destra de Deus (At 2:33).
marcas de um avivamento. Quais são O trono celestial, não mais a cruz,
essas marcas que se notam numa tornou-se o seu lugar, de onde reina
igreja avivada? Vejamos, com base e governa a igreja. Uma comunidade
em Atos 2:14 a 3:10. avivada, tal como a igreja primitiva,
1. Pregação cristocêntrica: Uma prioriza Cristo em sua pregação.
das marcas da igreja que experimen- 2. Inúmeras conversões: Ob-
ta o avivamento é a pregação cris- servamos conversões em massa, na
tocêntrica. É essa a pregação que experiência daquela igreja avivada.
Pedro faz no capítulo 2 de Atos. Ao A igreja de Cristo, em Atos, cresce
se levantar com os onze, ele ergue muito. Os números falam por si. No
a voz para falar de Jesus. Em sua primeiro capítulo do livro, a igreja
pregação, pelo menos quatro im- tem 120 membros; no segundo, 3
portantes aspectos acerca de Jesus mil membros; no quarto, 5 mil; no
são mencionados. O primeiro é a capítulo 5, uma multidão é agregada
autenticidade do ministério de Jesus. à igreja, que não para de crescer.
Pedro afirmou que ele fora um va- Duas verdades devem ser mencio-
rão aprovado por Deus diante de vós nadas sobre o crescimento da igre-
com milagres (At 2:22). As palavras ja. Primeira, as inúmeras conversões
de Cristo condiziam com suas obras. ocorreram em circunstâncias favo-
Logo, Jesus não era um impostor, ráveis, numa igreja avivada. A igreja
mas o verdadeiro Filho de Deus. crescia porque contava com a sim-
O segundo aspecto é a morte de patia de todo o povo (At 2:47). Ela
Jesus. Pedro lembra que Cristo foi era simpática e amável e seu estilo
entregue por desígnio e presciência de vida impactava a sociedade.2 Por
de Deus (At 2:23). A morte dele não meio de seu exemplo, a igreja aviva-
foi acidental, mas premeditada por da proporciona condições favoráveis
Deus e voluntária. à conversão dos pecadores.
O terceiro aspecto é a ressurreição
de Jesus. A pregação de Pedro exalta 1. Lopes (2012:62).
a verdade da ressurreição. Deus o res- 2. Ibidem, p.69.
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As pessoas, vendo aquilo, se enche- autoridade desse nome.7 A igreja
ram de admiração e de assombro (At viva crê em Jesus, pois sabe que
3:10). A igreja de Atos era “receptiva ele tem todo o poder no céu e na
ao agir soberano de Deus”.6 Por isso, terra (Mt 28:18).
presenciava milagres extraordinários. Vimos, até aqui, que uma igreja
Nela, muitos sinais e prodígios eram avivada possui as marcas singulares
efetuados (At 5:12, 15). de uma pregação cristocêntrica, de
Os milagres de Deus são efetua- inúmeras conversões, de uma perse-
dos por meio da igreja viva. Porém, verança admirável e de milagres ex-
não é dela que provém autoridade traordinários. Ao conhecer o livro de
para tal. Pedro curou o paralítico Atos, chegamos a essa conclusão. A
em nome de Jesus. A glória é de nossa reflexão, contudo, não termi-
Cristo, não do apóstolo ou mes- na aqui. Precisamos vivenciar o livro
mo da igreja. Pedro cita o nome de Atos através de duas importantes
de Jesus por causa da suprema aplicações. Prossigamos.
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2. A igreja avivada é marcada Uma comunidade de cuja pre-
por sua pregação. gação Cristo não se constitui a
A igreja viva de Atos tinha uma pre- mensagem principal não pode ser
gação cristocêntrica. Ela ensinava sobre avivada. Não há avivamento onde a
a vida e a obra de Jesus e testemunhava salvação em Jesus é ignorada. Uma
acerca de sua morte e ressurreição (At igreja em que Cristo não é o cabeça
2:23-24). Em circunstâncias favoráveis já declarou independência de Deus
ou adversas, a igreja do primeiro século e, portanto, está morta espiritual-
persistia em ser boca de Deus no mun- mente. Logo, mais do que nunca,
do, de modo que se expandia cada vez o assunto da nossa pregação deve
mais (At 8:1). Não à toa, inúmeras con- ser a pessoa de Jesus. Dele deve-
versões são mencionadas em vários ca- mos falar em tempo e fora de tem-
pítulos do livro de Atos. A igreja avivada po (2 Tm 4:2). Façamos isso, seja-
mostra o Salvador ao mundo! mos avivados!
06. Se somos uma igreja avivada, então qual deve ser a nos-
sa pregação? Responda, com base na segunda aplicação.
DESAFIO MISSIONÁRIO
LEITURA DIÁRIA
Nesta série de lições, já estudamos sobre o
derramamento do Espírito Santo sobre a igreja
D 17/07 At 7:8-16
S 18/07 At 7:17-29
e as consequências deste: pregação cristocên-
T 19/07 At 7:30-40 trica, inúmeras conversões, adoração vibrante,
Q 20/07 At 7:41-53 comunhão verdadeira, milagres extraordiná-
Q 21/07 At 7:54-60; rios e outros. Contudo, o dia-a-dia de uma
8:1-3
S 22/07 At 8:4-13
igreja avivada não é feito só flores. Rapida-
S 23/07 At 8:14-25 mente os primeiros problemas começaram a
aparecer, das mais variadas fontes. Mesmo
sendo guiada pelo poder do Espírito Santo, a
igreja sofria ataques. E foi só por causa do po-
der do Espírito Santo que ela não sucumbiu,
mas conseguiu vencer todas as adversidades,
conforme veremos neste estudo.
Acesse os
Comentários Adicionais O livro de Atos mostra, de modo claro, uma
e os Podcasts verdade: uma igreja cheia do Espírito Santo,
deste capítulo em
www.portaliap.com.br além de atrair vidas para Cristo, atrai oposição
do mundo, provoca a fúria de Satanás e pode
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ver aparecer crises internas em seu Salomão (At 5:12).1 Muitos sinais e
meio. Depois de mostrar o surgimen- feitos extraordinários continuavam
to de uma igreja poderosa engajada acontecendo e o número de discípu-
na missão de Deus, Lucas gasta um los, aumentando. Novamente, toma-
grande bloco de ensino do livro de dos de inveja, os líderes religiosos os
Atos contando-nos os ataques que prenderam e os proibiram de pregar.
ela sofreu em seu nascedouro. Qua- Desta vez, antes de soltá-los, casti-
tro foram estes ataques que tenta- garam-nos com chibatadas. Aque-
ram paralisar os cristãos. les homens eram tiranos e cruéis.
1. A perseguição: Depois que Contudo, em vez de desânimo, os
Deus curou um aleijado na porta apóstolos se retiraram alegres por
do templo, chamada Formosa, em terem sido julgados dignos de sofrer
Jerusalém, por meio do ministério afronta por causa do nome de Jesus
(At 5:41), e continuaram pregando.
dos apóstolos, Pedro fez um discur-
Nada fazia que se calassem!
so dirigido a Israel, convocando-o
2. A corrupção: Além da per-
ao arrependimento (At 3:1-26). Essa
seguição, um ataque de fora para
pregação deixou a liderança judaica
dentro, a igreja também foi atacada
muito incomodada. O resultado? En-
pela corrupção, um ataque de den-
tão os prenderam e os colocaram na
tro para fora. Satanás conseguiu in-
prisão até o dia seguinte (At 4:3).
filtrar-se no meio da igreja para ata-
No dia seguinte, eles foram leva-
cá-la, por meio da hipocrisia de Ana-
dos a prestar esclarecimentos à alta
nias e Safira. Já que não pôde parar
corte judaica: o Sinédrio, composto
a igreja, prendendo os apóstolos e
de setenta membros e o sumo-sacer- proibindo-os de pregar, o inimigo do
dote, que era o presidente. Como era povo de Deus mudou de estratégia e
impossível negar o que havia aconte- quis contaminar os próprios cristãos.
cido, os líderes religiosos, numa me- Ao que parece, o gesto genero-
dida desesperada, proibiram que os so e voluntário de Barnabé chamou
apóstolos continuassem pregando o a atenção dos crentes (At 4:35-36).
evangelho e ainda ameaçaram cas- Um casal resolveu imitá-lo. No meio
tigá-los. Mesmo assim, eles não se daquele entusiasmo, “Ananias e Sa-
intimidaram! Temiam tanto a Deus fira, membros da igreja de Jerusalém,
que não tinham medo dos homens.
Tempos depois, os apóstolos con- 1. Um ambiente ao ar livre, dentro do com-
tinuavam a pregar no templo dos plexo do templo de Jerusalém, onde era
possível reunir uma audiência conveniente
judeus, em Jerusalém, no pórtico de (Champlin, 2002, p. 114).
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guição, da corrupção e das murmu- do discurso, ele acusou os juízes e a
rações, a igreja recebeu um duro nação. Eles se enfureceram, a ponto
golpe. Entre os homens escolhidos de ranger os dentes contra Estevão.
para servir as mesas e cuidar da dis- Na sequência, lemos que ele foi em-
tribuição diária dos mantimentos, purrado para fora da cidade e ape-
estava Estevão. Lucas diz o seguinte drejado. Sua morte não foi um juí-
sobre ele: Estevão, homem cheio de zo, mas um linchamento, visto que
graça e de poder, realizava feitos ex- o Sinédrio não podia aplicar a pena
traordinários e grandes sinais entre o capital a ninguém.
povo (At 6:8). Foi um baque e tanto para a
Os líderes da nação rejeitaram o igreja. O primeiro mártir acabava
testemunho de Estevão, e, não po- de tombar. Os cristãos lamentaram
dendo resistir à sabedoria advinda muito por causa dele. Sua morte
do Espírito, subornaram homens fez levantar-se grande perseguição
para mentir contra ele. Diante disso, contra a igreja. O que aconteceu
o servo de Deus foi preso e levado ao com os cristãos que foram dispersos
Sinédrio judaico, para ser julgado pe- e tiveram de correr de Jerusalém?
las mentiras contadas contra ele. No Eles iam anunciando a Palavra. Nin-
Sinédrio, Estevão não se intimidou e guém podia parar a marcha da igre-
fez um discurso diante dos seus acu- ja! Nem a perseguição feroz, nem
sadores (At 7:1-53). a corrupção, nem as murmurações
Estevão contou a história de internas, nem o martírio de um líder
Abraão, Isaque, Jacó, José, a re- importante. Aquela igreja superava
jeição e libertação de Moisés, e a os problemas que surgiam, no po-
apostasia de Israel. Na conclusão der do Espírito.
04. Após ler At 6:8-15, 7:51-60, comente sobre o duro golpe que a
igreja primitiva sofreu. Esse terrível ataque conseguiu parar os cris-
tãos? Leia também At 8:1-4.
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2. Mesmo sob ataque, a igreja Depois da narrativa das murmura-
não deve deixar de anunciar a Pa- ções internas, lemos: E a palavra de
lavra. Deus era divulgada, de modo que o
Exatamente porque confiava e de- número dos discípulos em Jerusalém
pendia de Deus, a igreja sob ataque se multiplicava muito (At 6:7). Lucas
nunca deixou de anunciar a Palavra. registra que, após a morte de Este-
Depois de cada relato das dificulda- vão, os que foram dispersos iam por
des enfrentadas, temos informações toda a parte, anunciando a palavra
sobre o anúncio e o avanço do evan- (At 8:4). A igreja primitiva, no poder
gelho. Depois da perseguição, lemos: do Espírito Santo, transpôs barreiras.
... com grande poder os apóstolos Parece que as perseguições aumen-
davam testemunho (At 4:33). Após o tavam o fervor evangelístico, e os
ataque satânico, lemos: ... cada vez cristãos proclamavam com mais co-
mais agregava-se ao Senhor grande ragem. Mesmo sob ataque, anuncie-
número de crentes (At 5:14). mos a Palavra, sem medo!
DESAFIO MISSIONÁRIO
A igreja cristã dos nossos dias não está imune aos ataques. Se
ela for fiel ao seu chamado, continuará enfrentando perseguições.
Ela vai despertar o ódio do mundo e a fúria de Satanás. Seus líderes
serão perseguidos. Além disso, vai enfrentar problemas internos, de
hipocrisia, injustiça e outros. Pode ser que a igreja local em que você
serve a Deus esteja passando por um período de hostilidades. Dian-
te desse cenário, continuemos confiando em Deus e anunciando a
sua Palavra. Não deixemos nada e ninguém nos parar. Seu desafio
para esta semana é orar pelos missionários espalhados pelo mundo,
que sofrem perseguição por anunciar o evangelho, especialmente
por aqueles que estão em lugares onde é proibido falar de Cristo.
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do livro de Atos, isso muda. Eles não difícil. Passando em Samaria, os cris-
estavam cumprindo a ordem de Jesus tãos dispersos, Filipe e os apóstolos
(At 1:8). Então, Deus permitiu que uma Pedro e João, pregaram e consoli-
grande perseguição encabeçada por daram vidas para Deus, alcançando
Saulo, ao invés de destruir a igreja, con- até um etíope fora de lá. Deus quer
tribuísse para seu avanço, ao fazer que o evangelho todo, por toda a igreja,
ela saísse de Jerusalém e se espalhasse a todo mundo, a cada criatura, em
por toda a Judeia, Samaria e até os con- cada geração.
fins. É sobre esse avanço missionário 2. Missão Damasco: A missão
que estudaremos hoje. continua em Atos 9 e, agora, che-
1. Missão Samaria: Os cristãos ti- ga a Damasco. Lucas centraliza a
veram de sair de Jerusalém, a fim de história em Saulo, perseguidor dos
escapar da perseguição. A igreja, em cristãos, que se converteu quando
vez de lamentar, fez do caminho de Cristo lhe apareceu no caminho para
fuga um caminho de evangelização. Damasco, 224 km ao norte de Je-
Lucas começa essa narrativa por Sa- rusalém.2 Para ajudá-lo, Deus usou
maria, que ficava cerca de 60 km ao Ananias (At 9:1-16).
norte de Jerusalém.1 Filipe é o mis- Saulo foi curado da cegueira, bati-
sionário em destaque: anunciando zado, ficou cheio do Espírito e recebeu
Jesus, curando, libertando endemo- um chamado especial: pregar aos gen-
ninhados e trazendo alegria à cida- tios, aos reis e filhos de Israel. Ele pre-
de. Homens e mulheres abraçaram a gava, nas sinagogas, a Jesus, afirman-
fé e iam sendo batizados. do que este é o Filho de Deus (At 9:20),
Duas histórias nos chamam à aten- e isso causou surpresas e perseguição
ção, em Atos 8. A primeira é a de Si- em Damasco. Em Jerusalém, Saulo so-
mão, um mágico famoso que creu, freu igual desconfiança e contou com a
mas que não havia se arrependido, ajuda de Barnabé, que testemunhou a
pois queria comprar o dom de Deus favor dele. Saulo continuou pregando.
(At 8:9-25). A outra história é do Eu- Porém, devido às ameaças, foi manda-
nuco etíope, que, entre Gaza e Jeru- do pela igreja para Tarso (At 9:29-30).
salém, no deserto, lendo as Escrituras, Lucas termina esse trecho narran-
teve o esclarecimento necessário para do a caminhada de paz da igreja,
crer no Senhor (At 8:26-40). na Judeia, na Galileia e na Samaria
A igreja não deve deixar de pre- (três regiões que podem representar
gar, mesmo que o tempo em que para nós, hoje, as missões estaduais e
tenha de cumprir sua missão seja nacionais). Assim, houve momentos
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igreja de Jerusalém precisou mandar rodes e termina o capítulo mostran-
reforço: Barnabé, que, indo até lá e do que a palavra do Senhor crescia e
vendo a graça de Deus, alegrou-se e se multiplicava (At 12:24). Ele ainda
exortava a todos a que, com firmeza faz uma última referência a Antio-
de coração, permanecessem no Se- quia e mostra que a missão ali estava
nhor (At 11:23). Barnabé, homem de consolidada (At 12:24-25). Nada era
grande visão, sabiamente convidou capaz de deter a obra do Senhor.
ninguém menos que Saulo para aju- Esta lição mostrou-nos que é pos-
dá-lo. Juntos, durante um ano, ensi- sível até mesmo uma igreja avivada
naram ali. Foi em Antioquia que, pela ter uma visão distorcida de sua mis-
primeira vez, os discípulos foram cha- são no mundo e cometer falhas. Por
mados cristãos (At 11:26). O evange- isso, precisa ser corrigida e orienta-
lho foi tão eficaz que aqueles irmãos da. Deus sempre age para colocar
ajudaram os da Judeia, quando estes sua igreja nos trilhos missionários.
enfrentaram fome (At 11:27-30). A Os capítulos estudados contam-nos
igreja de Antioquia nasceu com uma como fronteiras foram vencidas, in-
excelente visão missionária. diferenças foram deixadas de lado,
Em Atos 12, Lucas volta o olhar impedimentos culturais foram subs-
novamente para igreja em Jerusa- tituídos pela proclamação universal.
lém. Nesse texto, são narrados levan- Obedecendo à voz de Deus, seguin-
tes contra a igreja: Tiago foi morto; do o mandato do Senhor e capacita-
Pedro foi preso, mas liberto por um da pelo poder do Espírito, a igreja se
anjo e recebido por alguns irmãos. O expandiu. Essas histórias nos moti-
episódio causou indignação no rei. vam à prática de nossa missão, como
Lucas também relata a morte de He- igreja de Jesus nos dias atuais.
01. Comente sobre o porquê de Deus permitir que a sua igreja fosse
perseguida. Fale também sobre a “Missão Samaria” e o trabalho de
Filipe. Em At 8:1-15, 26-27, você consegue ver o Senhor empurrando
a igreja para além das fronteiras?
05. Para você, o que mais tem tirado dos cristãos atuais a coragem
para falar do evangelho de Jesus?
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2. Sejamos dispostos a ultra- Não podemos terceirizar aquilo
passar as fronteiras. que nos é mandamento fazer. To-
Para ultrapassar as fronteiras e levar dos somos discípulos-missionários
a Palavra de Deus, é necessário que que devem cumprir a ordem de Je-
muitos cristãos se envolvam com a sus, fazendo discípulos e ensinando
missão. Vimos isso claramente no es- a Palavra a todas as pessoas (Mt
tudo de hoje. Filipe foi a Samaria para 28:18-20). Portanto, disponha-se à
testemunhar do Senhor; depois, Pedro missão; faça parte daqueles que aju-
e João foram até lá para consolidar a darão a igreja a ultrapassar as fron-
obra. Em Damasco, Ananias obede- teiras, tanto no outro lado do mun-
ceu à voz do Senhor e foi até o lugar do quanto no outro lado da rua;
em que estava Saulo, a fim de ser usa- envolva-se; peça poder de Deus;
do por Deus para orientá-lo. Em An- ofereça-se para ajudar nos projetos
tioquia, cristãos anônimos anunciaram evangelísticos locais e faça da sua
a judeus e gentios a Palavra de Deus. vida uma vida em missão.
DESAFIO MISSIONÁRIO
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ja contemporânea, no cumprimento Outro aspecto que destaca essa
de sua tarefa. Analisemos as Escritu- igreja é sua vida devocional. Os cren-
ras para conhecermos melhor essa tes daquele lugar serviam ao Senhor
igreja local, os desafios da missão e com jejuns e oração, e, enquanto o
seus resultados. Vamos “viajar” com faziam, Deus lhes falou. Foi também
Paulo e seus companheiros, nesse jejuando e orando que despediram
importante trabalho, com o fim de os missionários. Ao que parece, essas
encontrarmos lições práticas e ser- eram práticas devocionais comuns
mos também uma igreja missionária, entre eles. Desse modo, declaravam
no poder do Espírito Santo. sua completa dependência do dono
1. O perfil da igreja em Antio- da seara.
quia: A proeminência dessa igreja Naturalmente, aquela igreja tor-
local pode ser constatada sob três nou-se comprometida com a missão.
aspectos: a direção do Espírito San- Prontamente, enviou os missionários.
to, a vida devocional e o compromis- Lucas diz que isso ocorreu através
so com a missão de Deus. A atuação da imposição de mãos. A imposição
do Espírito evidencia-se na operação de mãos era um ato simbólico que
dos dons. Lucas registra que havia ali indicava o reconhecimento público
profetas e mestres. Os líderes daque- do chamado. Era um sinal de que
la comunidade serviam com os dons aquela igreja tomava parte naquela
que o Espírito lhes concedia. Prova- missão e reconhecia a legitimidade
velmente, foi através de um deles daquele envio.
que o Espírito separou Saulo e Bar- 2. Os desafios da missão: Não é
nabé para a obra missionária. difícil imaginar os desafios geográfi-
O Espírito Santo não age à parte cos e logísticos da viagem. A escas-
da igreja, mas em sintonia com ela.2 sez de recursos e a falta de conforto.
Faz parte do ministério do Espíri- Todavia, Lucas nos chama à atenção
to Santo, trabalhando por meio da para um desafio maior: a oposição ao
igreja local, preparar e chamar cris- evangelho. Assim como Jesus, tam-
tãos para ir a outras partes e servir.3 bém Paulo e Barnabé enfrentaram
Em Antioquia, o Espírito capacitava, ataques malignos, ciladas e tumultos,
chamava e enviava os pregadores (At nos vários lugares por que passaram.
13:1-4). Não é de admirar que Paulo Na ilha de Chipre, terra natal de
tenha tratado, em várias de suas car- Barnabé, um mágico chamado Eli-
tas, sobre os dons espirituais. mas, procurava afastar da fé o go-
vernador Sérgio Paulo. O apóstolo
2. Ibidem, p.255. não se intimidou: cheio do Espírito
3. Wiersbe (2006:591). Santo, repreendeu o mágico, de
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ja com seus enviados e abre portas mundo gentílico. Os missionários
para novas ações missionárias. enviados enfrentaram grandes desa-
Vimos, até aqui, como o Espírito fios, mas foram fiéis ao chamado do
Santo capacitou, chamou e enviou Senhor e não retrocederam em sua
missionários, através de uma igreja vocação. Essa investida resultou em
local. Essa mesma igreja mostrou-se muitas conversões, formação e con-
devotada a Deus e comprometida solidação de novas igrejas. Vamos,
com sua obra. O resultado foi um agora, buscar lições práticas para vi-
impulso evangelístico definitivo no vermos o livro de Atos.
01. Leia At 13:1-4 e, com a ajuda do item 1, fale sobre os três aspec-
tos que se destacam na igreja de Antioquia.
05. Você tem procurado viver sob a direção do Espírito Santo? Ofere-
ça à classe sugestões para viver de tal forma.
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Permaneça fiel, obedeça ao Senhor, Se uma porta se fechar à pregação,
confie nas santas promessas que outras se abrirão. Se precisar, busque
estão bem firmes, continue teste- apoio com outros irmãos maduros na
munhando de Cristo em todo lugar fé. Peça ajuda em oração, orienta-
possível, tantas vezes quantas puder. ções ou palavras de encorajamento.
DESAFIO MISSIONÁRIO
INTRODUÇÃO
LEITURA DIÁRIA
Chegamos ao capítulo 15 do livro de Atos.
D 07/08 At 12:20-25;
13:1-3 Este é um capítulo importante, em razão de ser
S 08/08 At 13:4-15 o relato da primeira assembleia geral da igreja
T 09/08 At 13:16-25 do primeiro século. A decisão teológica tomada
Q 10/08 At 13:26-36
nessa reunião também foi de suma importân-
Q 11/08 At 13:37-51
cia, pois chancelou a missão entre os não-ju-
S 12/08 At 14:1-18
S 13/08 At 14:19-28 deus e reafirmou a verdade central do evange-
lho: de que todas as pessoas são salvas exclusi-
vamente mediante a fé em Jesus (Rm 3:28). Em
suma, a proposta desta lição é compreender o
que levou a igreja a organizar essa primeira as-
sembleia geral e quais foram suas resoluções
teológicas e práticas. Vamos ao estudo!
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tios que eles não poderiam ser salvos, a palavra. Ele recordou aos cristãos as
a não ser que fossem circuncidados, primeiras conversões de não-judeus:
como mandava a Lei de Moisés (At o centurião Cornélio e sua família (At
15:1). Isso causou uma grande discus- 10). Ele concluiu que Deus, ao derra-
são entre os cristãos. Foi então que a mar o Espírito sobre Cornélio e sua
igreja de Antioquia decidiu que Paulo, família, como fizera aos discípulos no
Barnabé e alguns outros cristãos fos- Cenáculo (At 2), havia demonstrado
sem para Jerusalém, a fim de estudar tratamento igual a judeus e gentios.
esse assunto com os apóstolos e os Em outras palavras, não havia di-
presbíteros da igreja. A fim de realizar ferença na forma como Deus aceitara
este estudo e tomar uma decisão bíbli- judeus e gentios: todos foram per-
ca a assembleia foi organizada. doados e salvos, não pela obediência
1. O problema: Basicamente, a lei, mas, exclusivamente, pela graça,
dois pontos levaram essa assembleia mediante a fé. Não é que a lei seja um
a se reunir em Jerusalém. Primeiro: fardo: ela simplesmente não pode sal-
Os não-judeus poderiam ser salvos, var, por não ser esse o seu propósito
sem cumprir as ordenanças cerimo- último. Ela mostra o pecado e santifi-
niais da lei, como a circuncisão, por ca o pecador, mas a justificação é so-
exemplo? Segundo: Se os gentios mente pela graça, mediante a fé em
não precisam cumprir a lei cerimo- Cristo (Rm 3:21-31, 7:7,12).
nial, como teriam comunhão com os 2. A discussão: As palavras de
judeus cristãos, uma vez que estes Pedro convenceram a multidão, que
ainda obedeciam a essas ordenanças, silenciou, deixando o caminho livre
como tradição religiosa e cultural? para Barnabé e Paulo prestarem um
Os cristãos judeus de Jerusalém, relatório sobre sinais e prodígios que
fariseus que haviam se convertido a Deus realizara por meio deles entre
Cristo, entendiam que todos os gen- os gentios, em sua primeira viajem
tios cristãos deveriam obedecer à lei missionária. Nesse ponto, a assem-
em todos os seus aspectos, inclusive bleia já caminhava praticamente em
o cerimonial, e, portanto, deveriam consenso. Foi, então, que o apóstolo
se circuncidar. Eles não negavam o Tiago tomou a palavra, a fim de ofe-
fato de que os gentios poderiam ser recer uma solução definitiva.
salvos, mas criam que eles deveriam Tiago tornou-se um líder proemi-
ser circuncidados para isso. Em outras nente, sendo considerado uma colu-
palavras, somente o sacrifício de Cris- na da igreja (Gl 1:19). Ele era irmão
to não era o suficiente para salvá-los. de Jesus e se convertera após Cristo
Isso gerou grande discussão na as- ressuscitar e aparecer-lhe especial-
sembleia. Foi, então, que Pedro tomou mente (1 Co 15:7). Tiago afirmou
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cristãos nas refeições que comparti- diu redigir uma carta, deixando claro
lhavam. Era uma decisão conciliató- aos cristãos gentios a deliberação
ria para preservar a comunhão na dos apóstolos, dos presbíteros e de
igreja primitiva. Os cristãos que eram todos os cristãos de Jerusalém, que
gentios, mesmo que não morassem escolheram Silas e Judas, bem como
na Palestina, viviam entre israelitas o Paulo e Barnabé, para lerem a carta
tempo todo, pois havia sinagogas e entre as igrejas gentílicas. Assim ter-
judeus em todos os lugares. minou a primeira assembleia da igre-
A assembleia aprovou unanime- ja. A seguir, veremos algumas lições
mente a proposta de Tiago e deci- a partir desse episódio.
01. Com base em At 15:5-6, responda: Qual foi o motivo que levou a
igreja a organizar a primeira assembleia?
1. Sejamos uma igreja bíblica, mou: ... somos salvos pela graça de
pois somente assim poderemos Cristo (At 15:11).
vencer as heresias. Se a igreja não tivesse sido bíbli-
O ponto discutido pela assem- ca, naquele momento crucial da his-
bleia cristã do primeiro século não tória, teria cedido à terrível heresia;
era irrelevante. Muito pelo contrário, teria fundamentado a salvação nas
tratava-se do cerne do evangelho: a próprias obras e não na suficiente
salvação exclusivamente pela graça, obra de Cristo; no mérito humano,
mediante a fé em Jesus. O que esta- não na graça de Deus (Ef 2:8-10). O
va em cheque era se a obra de Cristo mesmo risco permanece hoje. As he-
na cruz era suficiente para purificar resias ainda estão por aí. Às vezes,
o pecador ou se precisava ser com- surgem em movimentos ditos evan-
pletada com a obediência a certos gélicos; às vezes, surgem dentro de
aspectos cerimoniais da lei. A igreja nossas próprias congregações, como
reuniu-se em assembleia e estudou aconteceu na igreja primitiva. Qual a
as Escrituras. Com base nelas, reafir- saída? Precisamos ser bíblicos!
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da igreja. Caso seus líderes negassem ca. A Bíblia e a missão caminham de
a verdade do evangelho, teriam feito mãos dadas. Não podemos ser uma
imposições que dificultariam a entra- igreja bíblica, sem sermos missioná-
da de gentios à fé e à igreja. rios; nem missionários, sem sermos
Naquele momento, a “missão entre bíblicos. Assim, precisamos sempre
os gentios estava ganhando ímpeto”.4 reler as Escrituras, a fim de não em-
Contudo, todo o avanço teria sido in- perrarmos a missão, com nossas ideias
terrompido, se a igreja não fosse bíbli- e preconceitos, e não impedirmos que
as pessoas cheguem à fé. Precisamos
4. Stott (2008:270). abrir as portas aos de fora.
06. Converse com os demais alunos sobre como, por vezes, podemos
dificultar a chegada de pessoas à fé e à igreja com alguns de nossos
preconceitos, que julgamos ser bíblicos.
DESAFIO MISSIONÁRIO
INTRODUÇÃO
LEITURA DIÁRIA Deus intervém na missão. É ele quem a
comanda, sendo o seu mentor e o seu dono.
D 14/08 At 15:1-11
S 15/08 At 15:12-29
Deus incumbe Paulo de pregar o evangelho
T 16/08 At 15:30-41 na Europa, mas também o sustenta ali. É por
Q 17/08 At 16:1-15 ocasião da segunda viagem missionária do
Q 18/08 At 16:16-26 apóstolo que a igreja de Cristo se estabelece
S 19/08 At 16:27-40 no continente europeu, começando pela re-
S 20/08 At 17:1-15
gião da Macedônia. Fazia parte dessa região
a cidade de Filipos, onde Paulo e Silas ficaram
por alguns dias (At 16:12). E foi por meio de-
les, naquela cidade, que Deus conduziu a sua
missão de maneira extraordinária. Vejamos, a
seguir, como se deu essa intervenção divina.
Acesse os
Comentários Adicionais Filipos era uma cidade estratégica e servia
e os Podcasts como ponte para os dois continentes (Ásia e
deste capítulo em
www.portaliap.com.br Europa), de modo que “alcançar a cidade de
Filipos para Cristo era abrir uma importante
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janela para o mundo”.1 Paulo e Silas responde: ... imediatamente, procu-
não chegaram ali por conveniência ramos partir para aquele destino (At
própria, mas porque Deus os ha- 16:10). Ele obedeceu à vontade de
via enviado. Muito tinha o Senhor Deus e foi pregar na Macedônia. A
para fazer naquele lugar, e fez. agenda divina transpõe a nossa.
Com base em Atos 15:36 a 16:38, A segunda lição é que os métodos
veremos que Deus conduziu a sua de Deus podem traçar a via do so-
missão, no que concerne ao seu di- frimento. Paulo e Silas obedeceram
recionamento, às suas adversidades à agenda de Deus. Sim, estavam no
e aos seus resultados. centro da vontade do Senhor, mas
1. Deus intervém no direcio- não foram poupados das persegui-
namento da missão: Deus é quem ções dos oponentes do evangelho
direciona a missão e o faz com mé- (At 16:20-24).
todos próprios. Sobre estes, duas De fato, Deus “deu-lhes sucesso
lições devem ser consideradas. A na missão, mas não sem dor, sofri-
primeira é que os métodos de Deus mento ou sangue”.2 Em sua segunda
podem contrariar a vontade huma- carta a Timóteo, Paulo resume esse
na. Após visitarem algumas igrejas e tipo de situação assim: ... pelo que
percorrerem a região frígio-gálata, sofro trabalhos e até prisões, como
Paulo e Silas foram impedidos pelo um malfeitor; mas a palavra de Deus
Espírito Santo de pregar a palavra na não está presa (2 Tm 2:9). Ainda que
Ásia (At 16:6). a missão se dê em sofrimento, não
Eles ainda tentaram ir para Bitínia, devemos temer o mal, porque o Se-
mas o Espírito de Jesus não o permi- nhor é conosco e nos direciona na
tiu (At 16:7). O plano de Paulo era missão (Sl 23:4).
evangelizar a Ásia, mas o propósito 2. Deus intervém nas adversi-
de Deus era outro: ... sobreveio a dades da missão: A missão de Deus
Paulo uma visão na qual um varão liberta os cativos, é algo nobre; con-
macedônio estava em pé e lhe ro- tudo, é constantemente hostilizada.
gava, dizendo: Passa a Macedônia Por meio de Paulo, Deus curou, em
e ajuda-nos (At 16:9). Assim, os pla- Filipos, uma jovem possessa de um
nos do apóstolo foram contrariados. espírito adivinhador (At 16:16-18).
Nem sempre nossos planos, por me- A moça tinha status importante na
lhores que pareçam, possuem o res- cidade, pois era possuída pelo de-
paldo divino. mônio que servia como porta-voz de
Nesse caso, o que fazer? Paulo Píton, uma serpente que, segundo a
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nenhum deles fugira.6 Em seguida, cereiro, “membro da classe média
pregaram-lhe a Palavra de Deus, e romana que se ocupava dos servi-
ele creu em Jesus (At 16:32-33). ços civis”.9 Assim, a classe alta, a
Lídia também foi alcançada pelo classe média e a classe baixa de Fi-
evangelho (At 16:14). Assim, “a lipos estavam representadas nessas
igreja em Filipos começou com ela; três pessoas. O evangelho salva e
depois veio o carcereiro”.7 Deus, liberta a todos.
portanto, salva em Filipos três pes- E foi assim que, por meio da in-
soas de etnias diferentes. Lídia era tervenção divina, o evangelho che-
asiática, da cidade de Tiatira; a jovem gou à Europa. Paulo e Silas, envia-
escrava era grega; o carcereiro era ci- dos de Deus, contaram com a inter-
dadão romano.8 O evangelho rompe venção divina no direcionamento
fronteiras transculturais. da missão. E não só isso: eles se
Em segundo lugar, a missão beneficiaram da ajuda de Deus nas
teve um alcance econômico-social. adversidades da missão. Finalmen-
Lídia era financeiramente bem-su- te, puderam contemplar o favor do
cedida, pois vendia púrpura, uma Senhor nos resultados da missão.
mercadoria muito cara. A jovem Diante do estudo exposto aqui, o
possessa era uma escrava e o car- que fazer? Simples: aplicar o que
aprendemos. Para isso, vejamos os
ensinamentos a seguir.
6. Coelho Filho, op. cit., p. 119.
7. Ibidem, p.118.
8. Lopes, op. cit., p.303. 9. Idem.
02. Por qual motivo Paulo e Silas foram perseguidos em Filipos? Res-
ponda, com base no item 2 e em At 16:16-19.
05. Você já passou por situações em que os seus planos foram suplan-
tados pelos propósitos divinos? O que podemos aprender com elas?
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2. Na missão, devemos consi- Se a missão de Deus abran-
derar o acolhimento divino. ge o resgate de pessoas de todas
A missão vislumbra um alcance as etnias e de todas as condições
transcultural e econômico-social. Deus econômico-sociais, não podemos
liberta uma jovem grega escrava; sal- imaginar que a missão deve ser
va Lídia, uma mulher asiática de classe usada para privilégio de uns, em
alta, e o carcereiro romano, membro detrimento de outros. A igreja de
da classe média. Perceba: Deus não faz Cristo deve acolher judeus e gen-
acepção de pessoas. Seu amor acolhe tios, ricos e pobres, ocidentais e
a todos. O evangelho é para todos e orientais, escravos e livres. A mis-
a salvação é para todo o que crê em são não pode ser impedida pela
Jesus (Jo 3:16; At 16:31). A igreja de acepção, mas deve ser norteada
Filipos foi iniciada por gente de etnias e pela inclusão. É pela junção de di-
condições econômicas distintas. Deus ferentes membros que o corpo de
acolhe e salva sem discriminação. Cristo é formado (1 Co 12:12).
DESAFIO MISSIONÁRIO
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Silas saíram em campanha missioná- seu trabalho. Por ser a capital da
ria por uma das mais importantes es- Macedônia, através dela as cidades
tradas romanas da época, a Via Egná- menores ao redor poderiam ser al-
tia. Esta estrada interligava inúmeras cançadas. Eles também foram sábios
cidades da Macedônia, favorecendo ao irem à sinagoga, tanto em Tes-
o comércio daqueles dias. Os missio- salônica quanto em Bereia, pois ali
nários passaram por cidades como poderiam alcançar judeus piedosos e
Anfípolis e Apolônia, mas decidiram gentios simpatizantes do judaísmo e,
focar seu trabalho na cidade de Tes- a partir destes, outros gentios (seus
salônica. Por quê? É o que veremos. familiares, amigos etc.).
1. Tessalônica e Bereia: A cida- 2. Atenas: Por causa da persegui-
de de Tessalônica era a capital da ção promovida pelos judeus em Be-
província da Macedônia. Sendo por- reia, mais uma vez Paulo precisou fugir
tuária, devia sua importância basica- para outra cidade. Agora o apóstolo
mente ao comércio. Era uma cidade chegara a Atenas, a mais famosa cida-
cosmopolita e influente. Por isso, de da Grécia, que se orgulhava de sua
Paulo a escolheu estrategicamente. “tradição filosófica, (...) de sua literatu-
Os missionários concentraram lá o ra e arte, e de seus progressos”.1
seu trabalho, indo à sinagoga anun- A primeira atitude de Paulo foi co-
ciar o Senhor Jesus Cristo (At 17:2-4). nhecer e analisar a cultura daqueles
Inflamados de inveja, os judeus a quem pretendia apresentar Jesus.
resistentes à mensagem incitaram Ao fazer isso, ficou indignado com
o povo da cidade contra Paulo e Si- tanta idolatria. Atenas era repleta
las, acusando-os de subversão, por de estátuas e santuários a deuses. O
anunciarem outro rei além do impe- apóstolo dedicou-se incansavelmen-
rador César, ou seja, Jesus Cristo. te a anunciar o evangelho na sina-
A confusão foi tamanha que os goga e na praça principal da cidade,
evangelistas precisaram sair da cida- todos os dias. A pregação causou
de, no meio da noite, em fuga para interesse em dois grupos de filósofos
Bereia. Incansáveis, continuaram a atenienses: os epicureus e estóicos.
pregar a Palavra. Os bereanos rece- Os epicureus seguiam o pensamen-
beram a mensagem com interesse, to filosófico de seu fundador, Epícu-
conferindo nas Escrituras tudo o que ro (341-270 a.C.), e os estóicos, o de
Paulo ensinava. Em Bereia, muitos Zenão (335-264 a.C.), duas escolas
judeus creram, e também não-ju- estabelecidas em Atenas. Os filósofos
deus (At 17:12). levaram Paulo a um lugar onde o con-
Paulo e Silas foram sábios ao es-
colher Tessalônica como foco de 1. Stott (2008:311).
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01. Com base na introdução e no item 1, responda: Por que Paulo deci-
diu focar seu trabalho em Tessalônica e não nas cidades de Anfípolis e
Apolônia? Por que foi às sinagogas nas duas cidades? Leia At 17:1,10.
02. Leia Atos 17:16, 23; o item 2, e responda: Qual foi a primeira ati-
tude de Paulo em Atenas? Por que ele observou a cultura ateniense?
Como estabeleceu uma conexão entre sua mensagem e seus ouvintes?
03. Com base no item 3, responda: Por que Paulo escolheu a cidade de
Corinto? Qual a sua importância? Depois de deixar a sinagoga, onde o
apóstolo estabeleceu sua base missionária? Sua estratégia deu certo?
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DESAFIO MISSIONÁRIO
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I CONHECENDO O LIVRO DE ATOS
Éfeso era uma cidade portuária naquele lugar a palavra de Deus (At
que, no primeiro século da era cristã, 19:8,10). Ele fez o mesmo em Trôa-
pode ter chegado a 250 mil pessoas. de, quando pregou até a meia noite
Tinha um templo gigantesco dedi- e, após a ressurreição impressionan-
cado à deusa grega Ártemis (Diana, te de Êutico, voltou a pregar até ao
para os romanos), que atraía turistas, amanhecer (At 20:7-12). Em Éfeso,
festivais e movimentava o comér- precisou dedicar mais tempo ao en-
cio da região. No templo, havia mil sino. A Palavra sempre tinha a prima-
prostitutas cultuais à disposição de zia. Além disso, Paulo usou lugares
homens promíscuos, que faziam do estratégicos. Não perdeu tempo na
pecado uma forma de adoração. Essa sinagoga, onde havia resistência à
era a realidade daquela gente. Porém, mensagem. Após três meses, saiu
onde um olhar limitado veria apenas e fez da escola de Tirano seu quar-
sujeira, desesperança e podridão es- tel-general.1 Ensinou naquela escola
piritual, Deus viu o poder incompará- por dois anos, de modo que toda a
vel de sua graça, capaz de soerguer região da Ásia ouviu as boas novas.
uma igreja e fazê-la abalar toda a ci- Ao ensinar o evangelho, o apóstolo
dade. Confira, pois, as características estava semeando. Os frutos desse
do impacto causado em Éfeso. trabalho é que veremos a seguir.
1. O impacto foi estratégico: 2. O impacto foi sobrenatural:
Primeiramente, é preciso notar que o A cidade de Éfeso experimentou
apóstolo Paulo designou pessoas es- algo sobrenatural. Isso mesmo: so-
tratégicas para evangelizar a cidade. brenatural! Lucas faz questão de uti-
Era o final de sua segunda viagem lizar a expressão “milagres extraordi-
missionária. Ele pregou por pouco nários”. Ali, o Senhor derramou do
tempo em Éfeso, e prosseguiu em seu poder. Naquele lugar cheio de
sua viagem; porém, deixou ali Priscila idolatria e ocultismo, Deus permitiu
e Áquila para continuarem o traba- que os lenços e os aventais de Paulo
lho missionário. Foi assim que Apolo, fossem usados para curar enfermos
homem sábio em palavras, foi con- e expulsar demônios, algo incomum
quistado para defesa do evangelho (At 19:11,12).
(At 18:20-28). Obviamente, isso não é regra
Na terceira viagem missionária, para nós. Não vemos Paulo fazendo
retornando a Éfeso, Paulo dedica
um tempo estratégico para ensinar 1. Lopes (2012:387).
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Quanto aos ídolos, estes não eram vas e em líderes locais (At 20:17). Era
mais comprados, o que motivou seus hora de o apóstolo seguir adiante.
fundidores a um grande alvoroço na Antes de sua partida rumo a Je-
cidade, descrito em Atos 19:23-41: rusalém, Paulo fala aos presbíteros
Demétrio começou a espalhar sua sobre sua fidelidade na pregação,
propaganda anticristã e, em pouco sobre a convicção de seu ministério
tempo, causou grande rebuliço na e sua preocupação com o futuro dos
cidade toda.3 Contudo, a ira dos ho- cristãos. Sem dúvida, ele desejava
mens nada pode contra a graça de um impacto permanente da Palavra.
Deus. O abalo da igreja prevaleceu De fato, a igreja de Éfeso se tornou a
sobre o abalo dos seus opositores. mais importante do primeiro século.4
6. O impacto foi permanente: Em resumo, esse texto nos ensina
Comparemos duas passagens revela- que, quando pregado por uma igreja
doras. Em Atos 18:20-21, Paulo dei- avivada, o evangelho, por si só, é po-
xa claro que há o momento certo de deroso o bastante para mudar a reali-
permanecer e pregar. Em Atos 20:16, dade de todo e qualquer lugar. Como
fica claro que há o momento de partir prova disso, vimos as características
para outras prioridades. Por que ele do impacto que o evangelho cau-
agiu assim? Porque chega o momen- sou em Éfeso. Permitamos que Deus
to em que o evangelho deve estabe- aqueça nosso coração, ao descobrir-
lecer-se. O abalo espiritual na cidade mos quão grandiosa pode ser a ação
de Éfeso resultou em várias vidas sal- divina na evangelização dos perdidos.
04. Após ler o item 6, responda: Por que podemos afirmar que o
impacto do evangelho foi permanente em Éfeso? Relate as últimas
palavras de Paulo aos presbíteros de Éfeso, em Atos 20:18-36.
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2. Para sermos uma igreja que Não desanime, se não vir os
abala a cidade, reconheçamos o abalos citados nesta lição. Paulo
agir de Deus. também pregou em Atenas, como
De todos os seis tópicos estuda- pôde ser visto na lição anterior;
dos, apenas parte deles diz respeito contudo, os resultados foram me-
às nossas ações ou às ações dos ou- nos expressivos. Nossa parte não é
vintes. Deus é o mentor e o protago- converter, muito menos operar o
nista na missão da igreja. Na verdade, que unicamente Deus é capaz de
sem ele, é impossível qualquer tipo de operar. Realizemo-nos, porém, ao
missão da igreja. Pregue, use as estra- cumprir nossa missão, que é pregar,
tégias certas, mas saiba que é o poder e, quem sabe, veremos a cidade ser
do Espírito Santo que faz o sobrena- abalada! Algo é certo: precisamos
tural e que convence o pecador. do agir de Deus.
DESAFIO MISSIONÁRIO
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continuaram a viagem. Desistindo de serir gregos no templo (At 21:28-29).
seguir em um navio que parava de Ambas as acusações eram falsas. Pau-
porto em porto, eles embarcaram em lo nunca ensinou que os judeus não
outro navio, mais rápido, que ia para deveriam guardar a lei; apenas que
a Fenícia, cerca de 650 km de onde sua obediência não era o meio pelo
estavam. A Fenícia era “uma região li- qual somos salvos, uma vez que so-
torânea da Síria, da qual Tiro era uma mos justificados pela fé (At 21:23-26;
das principais cidades”.1 Uma vez que Rm 3:28,31, 7:7).
o navio seria descarregado ali, Paulo e A segunda acusação também foi
seus companheiros desembarcaram. uma intepretação equivocada. Ao
Vejamos o relato de Atos. verem Paulo andando pela cidade
1. A prisão do apóstolo: Paulo e com um efésio, chamado Trófimo,
sua comitiva ficaram em Tiro sete dias. presumiram que ele o havia levado
Nesta cidade, os cristãos, movidos ao templo, quando não havia. En-
pelo Espírito, recomendavam a Paulo fim, não havia crime, nem acusações
que não fosse a Jerusalém (At 21:4). plausíveis. Mesmo assim, o apóstolo
Mesmo sabendo que sofrimentos lhe foi arrastado para fora do templo e
aguardavam, Paulo seguiu viagem, espancado pelos judeus. Diante do
agora em direção a Cesareia. Nesta alvoroço, Paulo acabou sendo preso.
cidade, o apóstolo ficou na casa de O relato diz que, aproximando-
Felipe, o evangelista (At 21:5-8). se o comandante, apoderou-se de
Depois de alguns dias, um profeta, Paulo e ordenou que fosse acorren-
chamado Ágabo, lhe mostrou o que tado com duas cadeias, perguntan-
haveria de lhe acontecer em Jerusa- do quem era e o que havia feito (At
lém (At 21:11). A profecia era clara: o 21:33). O apóstolo se defendeu da
apóstolo estava a caminho da prisão. multidão enfurecida de judeus con-
Paulo, porém, não se intimidou. O tando seu testemunho pessoal, mas
próprio Espírito o havia mandado para sem sucesso algum (At 21:37-22:22).
lá (At 20:22). Foi com essa certeza Paulo foi preso pelo comandante
que o apóstolo seguiu viajem e che- romano e levado ao quartel general.
gou, então, a Jerusalém (At 21:17). Uma vez que a acusação era de caráter
Ali, as profecias se cumpriram. Pau- religioso, foi levado ao Sinédrio, o tri-
lo foi acusado de ensinar os judeus a bunal dos judeus responsável por jul-
apostatarem de Moisés, dizendo-lhes gar tais questões. Mais uma vez, Pau-
que não devem circuncidar os filhos, lo se defendeu, mas sem sucesso. Os
nem andar segundo os costumes da lei judeus estavam enfurecidos. Temendo
(At 21:21). Depois, foi acusado de in- que o apóstolo fosse morto, o coman-
dante o levou à prisão novamente.
1. MacDonald (2008:395). 2. A defesa do apóstolo: Em
70 Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2016
uma visão, Jesus apareceu a Paulo e sua missão entre judeus e gentios. O
o animou, dizendo: Tenha coragem, apóstolo não perdia a chance de pre-
Paulo! Você falou a meu respeito gar o evangelho; não desanimava.
aqui em Jerusalém e vai falar tam- Mesmo acorrentado, testemunhava
bém em Roma (At 23:11 - NTLH). com ousadia acerca da morte e da
O apóstolo precisava dessa certeza, ressurreição de Jesus, diante de go-
visto que os judeus haviam montado vernadores e reis.
uma conspiração para pressionar o A reação do governador Festo,
governo a entregá-lo (At 23:12-15). diante das palavras de Paulo, foi cha-
Segundo o relato de Lucas, a cons- má-lo de louco. O rei Agripa, pelo
piração fracassou, uma vez que o co- contrário, afirmou quase ter sido
mandante transferiu Paulo da prisão convencido por Paulo. Diante da de-
de Jerusalém para a de Cesareia. Uma fesa do apóstolo, Festo, Agripa, sua
carta foi escrita pelo comandante esposa Berenice e outros que o ou-
Cláudio ao governador Félix, contan- viam, concluíram: Este homem nada
do da prisão do apóstolo e relatando tem feito passível de morte ou de
os acontecimentos (At 23:26-30). Em prisão (At 26:31).
Cesareia, foi afirmado que Paulo fica- Segundo o relato de Lucas, Paulo
ra preso por mais de dois anos, entre não foi solto somente por ter apela-
a transição dos governadores Félix e do ao tribunal de César (At 26:32).
Porcio Festo (At 24:22-27). Contudo, devemos lembrar que sua
Em Atos 25, temos várias acusa- ida a Roma seria para o bem do evan-
ções e a defesa de Paulo em resposta. gelho, como Jesus mesmo lhe havia
Os judeus queriam que ele fosse para dito: assim importa que também o
Jerusalém, a fim de o matar, mas Festo faças em Roma (At 23:11). Era a von-
decidiu que os judeus é que deveriam tade de Deus que ele testemunhasse
ir até Cesareia para participar do julga- na capital do Império Romano.
mento. Paulo respondeu as acusações Como aprendemos, tanto em Je-
diante do tribunal, e, tendo consciên- rusalém como em Cesareia, Paulo
cia de não haver cometido crime al- foi acusado falsamente de desvios
gum contra os judeus, apelou a Cesar, doutrinários. Contudo, não havia
a fim de ser julgado em Roma. contra ele acusação legítima. Ele era
Antes de Paulo ser enviado a inocente. Ainda assim, não deteve a
Roma, o governador Festo contou o mensagem, apesar de acusações e
caso ao rei Herodes Agripa II. Mais prisões injusta; antes, testemunhou
uma vez, o apóstolo apresentou sua nesses momentos com bravura e
defesa, agora não mais ao governa- autoridade. Ele estava preso, mas
dor, mas ao rei da Judeia (At 26). a mensagem, livre. Temos muito a
Paulo falou de sua conversão e de aprender com o exemplo de Paulo.
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01. O que indicavam as profecias a respeito da ida de Paulo a Jerusa-
lém? Leia At 21:4,11 e os dois primeiros parágrafos do item 1.
02. Quais eram as acusações contra Paulo por parte dos judeus?
Eram acusações falsas ou verdadeiras? Leia At 21:21,28-29 e os pará-
grafos 3 e 4 do item 1.
1. Não podemos permitir que o futuro difícil que lhe fora revelado. A
sofrimento nos impeça de pregar reação do apóstolo, diante das pro-
evangelho. fecias, foi mostrar que estava pre-
O Espírito Santo estava na direção parado para sofrer e até morrer por
da vida de Paulo, mesmo diante do Cristo. Afinal, para ele, era uma hon-
05. Em sua opinião, por que alguns evangélicos dizem que o sofri-
mento não faz parte da vida cristã? Comente sobre a fé dos cristãos
que são presos em muitos lugares do mundo.
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06. Reflita com os demais alunos sobre como alguns obstáculos, às
vezes, nos impedem de cumprir a missão de levar o evangelho. O
que aprendemos com Paulo, nesse sentido?
DESAFIO MISSIONÁRIO
LEITURA DIÁRIA
INTRODUÇÃO
D 11/09 At 25:1-12
S 12/09 At 25:13-27 Em Jerusalém, Paulo estava preso, mas de
T 13/09 At 26:1-18 forma injusta. As próprias autoridades confir-
Q 14/09 At 26:19-32
maram isso: Este homem nada tem feito pas-
Q 15/09 At 27:1-8
S 16/09 At 27:9-20
sível de morte ou de prisão (At 26:31b). Em
S 17/09 At 27:21-26 outras palavras, reconheceram que “a prega-
ção do evangelho de Cristo não era ameaça
ao Império Romano”.1 Paulo, porém, havia
apelado para César, e, então, foi enviado para
Roma. A viagem, entretanto, não seria tran-
quila. Como em outras ocasiões, a vida do
apóstolo novamente estaria em risco. O tre-
cho de Atos 27:1 a 28:10, no qual se baseará
a lição de hoje, mostra-nos como se deu essa
viagem atribulada e o cuidado de Deus para
Acesse os
Comentários Adicionais
com o apóstolo fiel.
e os Podcasts
deste capítulo em
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1. Kistemaker (2006:548).
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I CONHECENDO O LIVRO DE ATOS
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Deus. Os planos do Senhor não po- navio quanto aos perigos do tempo.
dem ser frustrados. O propósito ina- E ele tinha razão em sua observação.
balável de Deus garantiu às duzentas Nos tempos antigos, era contraindi-
e setenta e seis pessoas do navio che- cado navegar em alto-mar, naquele
garem sãs e salvas ao destino final. período de inverno.5 Paulo, porém,
Esse episódio inquietante da viagem não foi ouvido. A imprudência dos
a Roma ensina-nos duas lições impor- líderes da viagem falou mais alto.
tantes sobre o propósito divino. Não se deve tentar a Deus. Não
A primeira lição é que a imprevi- é inteligente a atitude de cruzar o
sibilidade não pode frustrar o pro- sinal, quando ele se mostra verme-
pósito divino. Os comandantes do lho. A imprudência também mata
navio não previam grande tormenta. e pode interromper os planos de
O vento soprava levemente, e eles, muita gente. Mas não os de Deus. A
pensando ter alcançado o que dese- imprudência causou muitos prejuí-
javam, levantaram âncora (At 27:13). zos, mas as pessoas foram livres da
Mas o imprevisto logo ocorreu. A morte. No caminho, muitos foram
tempestade os levou à ilha de Malta, evangelizados e curados, e Paulo,
onde, por meio de Paulo, Deus tor- por sua vez, chegou a Roma com
nou conhecido o seu evangelho às vida. Deus cuida da missão e dos
pessoas que lá residiam (At 28:7-10). missionários. Essa importante lição
O propósito divino prevaleceu. aprendemos neste estudo. Vamos,
A segunda lição é que a imprudên- portanto, às aplicações.
cia não pode frustrar o propósito divi-
no. Paulo advertiu os condutores do 5. Lopes, op. cit., p.491.
02. De que maneira Paulo foi usado por Deus como instrumento
encorajador, durante a difícil viagem para Roma? Recorra ao item 1 e
a At 27:13-25, 29-36.
05. Por que a narrativa da difícil viagem para Roma nos estimula à
confiança em Deus? Responda, com base na primeira aplicação.
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2. Na tormenta, devemos ser- Não podemos usar a crise como
vir a Deus. desculpa para a ociosidade, a pas-
Em meio à tormenta, Paulo traba- sividade e a omissão. As tormen-
lhou para Deus. O anjo lhe avisou que tas não nos eximem das nossas
chegaria a salvo ao seu destino, mas responsabilidades para com aquilo
também o incumbiu de cuidar dos de- que o Senhor nos confiou. Portan-
mais tripulantes: ... e eis que Deus, por to, ainda que estejamos passando
sua graça, te deu todos quantos nave- por sérias dificuldades e vivendo
gam contigo (At 27:24). Por isso, o fiel sob ameaça e castigo de fortes ven-
apóstolo encorajou a tripulação a ter tos advindos de todas as direções,
bom ânimo, a permanecer unida e a se continuemos fazendo o nosso me-
alimentar. Ali, Cristo estava sendo tes- lhor para o desenvolvimento e o
temunhado por sua vida. As coisas não cumprimento da missão divina. O
estavam fáceis, mas Paulo não fugiu de mesmo Deus que cuida de nós em
suas responsabilidades, e, em meios às situações difíceis confirmará a obra
tormentas, o evangelho foi anunciado. das nossas mãos (Sl 90:17).
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Sábado
Estudo especial
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13
24 DE SETEMBRO DE 2016
A história
precisa continuar
Hinos sugeridos – Inicial: HBJ 156 • Final: BJ 317 / HBJ 309
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No dia marcado, a casa em que com trombetas soando, mas é um
Paulo residia ficou lotada pela gran- final vitorioso”.1 Depois de tantos fa-
de quantidade de judeus que foram tos grandiosos e emocionantes nesse
ouvi-lo. Aquele foi um grande dia. O livro histórico, destaquemos dois de-
apóstolo começou a falar de manhã talhes do seu encerramento.
e foi até a tarde. O conteúdo de sua Em primeiro lugar, vemos o ponto
conversa foi o seguinte: ... fez uma ex- de pregação de Paulo. Ele estava em
posição em testemunho do reino de prisão domiciliar. No Império Romano,
Deus, procurando persuadi-los a res- essa prisão era chamada de custodia
peito de Jesus, tanto pela lei de Moi- militaris. O preso tinha de arranjar
sés como pelos profetas (At 28:23). uma residência e manter-se financei-
Você consegue imaginar quão ramente; era vigiado por um soldado,
excelente foi aquela aula ministrada que tinha seu braço esquerdo ligado
por Paulo? Ele expôs o conteúdo do por uma corrente ao braço direito
evangelho, falando sobre o coman- do preso.2 Foi assim que Paulo viveu
do de Deus sobre todas as coisas, aqueles dois anos em Roma. Sua casa
provando que Jesus era o messias tornou-se uma espécie de ponto de
aguardado e mostrando que o Anti- pregação, em que ele recebia as pes-
go Testamento é base para essa cer- soas para falar do evangelho.
teza. Suas afirmações geraram a fé Em segundo lugar, vemos o mé-
em alguns, mas muitos não creram. todo de pregação de Paulo. O tex-
Para os incrédulos e discordantes, o to nos explica qual era o conteúdo
apóstolo citou Isaías 6:9-10. Uma par- de sua pregação e a sua maneira de
te deste texto tem seguinte afirmação: pregar. Está registrado assim, na pa-
De ouvido, ouvireis e de maneira ne- lavra de Deus: Ele anunciava o Reino
nhuma entendereis; e, vendo, vereis e de Deus e ensinava a respeito do Se-
de maneira nenhuma percebereis (At nhor Jesus Cristo, falando com toda
28:28). Paulo concluiu a explanação, a coragem e liberdade (At 28:31).
falando aos judeus descrentes que, O final do livro não é sem sentido.
embora estes não acreditassem, os Além desses dois detalhes do texto,
gentios creriam no evangelho. há outro que pode passar desper-
3. Que fim de história é esse?: É cebido: foi daquele lugar que Paulo
possível que alguém diga que o livro escreveu algumas de suas cartas. En-
de Atos dos Apóstolos tem um fecha- quanto estava preso, a Bíblia estava
mento parecido com aqueles filmes sendo escrita.
que nos agitam desde o início, mas
cujo final deixa a desejar. Impressão 1. Coelho Filho (2009:189).
errada: “Não é um final estrondoso, 2. Ibidem, p.187.
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II VIVENCIANDO O LIVRO DE ATOS
05. Em sua reflexão pessoal, o que hoje tem mais servido de obstáculo
ao cristianismo e como superar isso?
DESAFIO MISSIONÁRIO
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apresentação
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Lição 13
COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Atos dos Apóstolos: de Jerusalém a Roma.
Rio de Janeiro: Juerp, 2009.
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