Professional Documents
Culture Documents
Nestes termos
Pede deferimento.
Salvador, 9 de outubro de 2017.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
RECURSO INOMINADO Nº 0000064-70.2017.8.05.0043
RECORRENTE: COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA
RECORRIDO: GIVALDO LIMA SANTOS
1. DA TEMPESTIVIDADE
O Recorrido declarou que a empresa esteve na sua residência e efetivou uma inspeção
na qual foi constatada irregularidade, tendo sido o mesmo informado da existência de desvio
antes do medidor. Alegou não estar presente no momento em que foi feita a vistoria.
Na peça vestibular fora relatado que a título de recálculo de consumo foi emitida fatura
no valor de R$ 569,31 e o mesmo só tomou conhecimento da existência da cobrança no dia
23.01.2017, quando teve o fornecimento da sua unidade suspenso. Que ao procurara a
empresa obteve o número do procedimento administrativo, sem que lhe tenha sido
oportunizada defesa em relação à cobrança, nem informação a qual período se refere a
cobrança.
2
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Em sede de contestação, a concessionária ora Recorrente esclareceu que a fatura de
consumo questionada pela Recorrida, correspondeu ao consumo de energia efetivamente
realizado na sua unidade consumidora cadastrada, sendo a cobrança efetuada estritamente
legal, que agiu em estrito cumprimento das normas aplicáveis à espécie, seguindo orientação
traçada pela Agência Reguladora do setor energético: ANEEL, a respeito das formas
disponíveis de cobrança de valores não medidos pela existência de irregularidades na unidade,
e a possibilidade de suspensão do fornecimento da unidade.
Entretanto, entendendo pela validade dos argumentos levantados pela parte recorrida,
o juízo originário sentenciou pela procedência parcial da ação, nos seguintes termos:
3
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Destarte, diante da clara afronta ao texto constitucional, bem como da legislação
federal aventada e, ainda, diante do interesse trans individual que envolve a matéria, tornando-
a tema de repercussão geral, não resta outra alternativa à ora Recorrente senão a interposição
do presente Recurso Extraordinário.
3. DO PREQUESTIONAMENTO
4
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Nos termos do art. 1.035, § 1º, do CPC, haverá repercussão geral sempre que o
recurso versar sobre questões “relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou
jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo”.
Do ponto de vista político, é clara a relevância do recurso em tela, uma vez que a
garantia constitucional e legal a ser processada tem como função, entre outras, a de permitir o
controle democrático das decisões proferidas nas instâncias inferiores, tratando-se de reflexo
do exercício da justiça, em nome do povo.
Preconiza o art. 5º da CF/88 que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Tais
direitos e garantias fundamentais devem ser respeitados por todos, sem distinção, uma vez
que constituem direitos basilares do Sistema Jurídico Pátrio.
Nesse diapasão, a Administração Pública deve sempre atuar com vistas a atender o
interesse público, o qual deve sobrepor-se ao de indivíduos em particular.
5
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
Adotar condutas como esta representa uma verdadeira afronta à Constituição Federal,
ignorando-se os direitos dos cidadãos, e submetendo-os à riscos de forma imprudente, sem
mencionar a inadequação com a qual será prestado um serviço tão importante e essencial nos
dias atuais.
6
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Se a decisão recorrida prevalecer, de certo, haverá um prejuízo à segurança jurídica,
pois, frontalmente, estarão sendo violadas as determinações da ANEEL, à lei federal que a
instituiu – VERDADEIRA AFRONTA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
Neste ínterim, a concessionária deve valer-se das normas vigentes para desenvolver
suas atividades. Sendo assim, para que a mesma efetue a instalação dos postes e redes
elétricas, tanto nas unidades consumidoras quanto em vias públicas, é realizado um estudo de
viabilidade técnica, através do qual são determinados os locais mais adequados à instalação
de postes e fiações que possibilitam o fornecimento do serviço público de sua
responsabilidade.
I - obrigatoriedade de:
a) observância, nas instalações elétricas da unidade consumidora,
das normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT ou outra
organização credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
7
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO, e das normas e
padrões da concessionária, postos à disposição do interessado;
b) instalação, pelo interessado, quando exigido pela concessionária,
em locais apropriados de livre e fácil acesso, de caixas, quadros,
painéis ou cubículos destinados à instalação de medidores,
transformadores de medição e outros aparelhos da concessionária,
necessários à medição de consumos de energia elétrica e demandas
de potência, quando houver, e à proteção destas instalações;
1
Alínea “e” do mesmo inciso e artigo citados.
8
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Isso se dá, principalmente, porque a adequação das instalações elétricas evita curtos-
circuitos, incêndios e/ou eletropressão, acidentes que contém alto potencial de óbito. Trata-se,
inclusive, de respeito aos usuários, que não devem pôr em risco seu bem de maior valia, a
vida.
O próprio Código de Defesa do Consumidor, no artigo 6º, incisos I e VI, estabelece
como direitos básicos os de proteção à vida, saúde e segurança, bem como o da efetiva
prevenção de danos patrimoniais e morais, decorrendo de tais direitos o dever do fornecedor
de sanear o serviço, quando este apresente riscos ao consumidor, ainda que por culpa do
próprio interessado.
Ressalte-se, pois, que cabe à Constituição Federal, bem como à legislação pátria,
estabelecer os limites de atuação das concessionárias de serviços públicos, conforme se infere
do dispositivo in verbis:
Daí depreende-se que não existe amparo legal para que a COELBA proceda à
instalação ou remoção de forma arbitrária de postes nas unidades de consumo, considerando
2
Principalmente: artigo 6º da Lei 8.987/95; artigo 6º, I e VI, da Lei 8.078/90 e Resolução ANEEL 456
9
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
apenas uma simples pretensão de um usuário, visto serem os postes alocados em áreas
predeterminadas.
Ademais, o art. 5º, inciso II, da Carta Magna estabelece que ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Desta forma, evidenciamos que
a empresa, ora Recorrente, em verdade apenas agiu em consonância com as determinações
da Agência Reguladora, que é quem detém a competência para legislar sobre a referida
matéria.
Deveras importante ressaltar ainda, que não há outra forma de detectar e coibir
irregularidades, além de verificar erros porventura existentes na medição das unidades. Este é
um procedimento padrão e aceito em todos os quadrantes. Se contrariar esta fórmula
legalmente disciplinada, definitivamente abriremos as portas para as irregularidades e, por via
transversa, descriminalizaremos (na prática) o furto de energia.
6. PEDIDO
2. Que seja reformado o r. aresto recorrido, para negar o pleito originalmente perseguido
na exordial, de acordo com as razões defendidas alhures.
10
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Salvador, 9 de outubro de 2017.
11
Assinado eletronicamente por: MILENA GILA FONTES;
Código de validação do documento: 5dcfccba a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.