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Catálogo de técnicas de diagnóstico em edifícios

antigos

Ricardo Costa Pavão

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadora: Prof. Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen

Júri

Presidente: Prof. Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia


Orientador: Prof. Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen
Vogal: Prof. Doutora Soraya de Fátima Mira Godinho Monteiro Genin

Junho de 2016
ii
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que contribuíram de alguma forma na realização deste


trabalho:

 À minha orientadora Profª. Inês Flores-Colen, pela disponibilidade, orientação,


esclarecimento de dúvidas e ajuda prestados.
 À minha família, pai, mãe, irmã Carolina e irmão Rodrigo, pelo apoio,
preocupação e incentivo para trabalhar, e para atingir os meus objetivos.
 Aos meus amigos Gustavo, Joana, Diana, Duarte, Wilson, e Luís por toda a força
transmitida e compreensão na altura de não poder ter havido diversão por causa
do trabalho.

iii
iv
RESUMO

Os fenómenos patológicos que surgem ao longo da vida útil de uma dada


construção contribuem para a sua deterioração, sendo por isso necessário realizar
intervenções prévias de diagnóstico das anomalias encontradas, o que deve constituir
a primeira ação no processo de reabilitação.

Com esta dissertação procura-se dar continuidade a outras teses realizadas


anteriormente, tendo os mesmos objetivos de encontrar, sistematizar e transmitir as
técnicas de diagnósticos adequadas aos principais elementos que constituem os
edifícios antigos, incluindo as fundações, paredes, revestimentos, pavimentos, tetos e
cobertura.

O catálogo, resultante do trabalho e pesquisa produzidos, permite uma consulta


fácil e prática, engloba técnicas aplicáveis tanto a elementos estruturais, como também
não estruturais, sendo as técnicas não destrutivas, técnicas reduzidamente intrusivas,
e técnicas intrusivas.

Perante este objetivo foi sistematizada a informação referente a várias técnicas,


tendo sido elaboradas 16 fichas.

Palavras-chave: edifício antigo, anomalias, técnicas de diagnóstico, reabilitação

v
vi
ABSTRACT

The anomalies that appear over the “life” of a given construction contribute to
deterioration, therefore it is necessary to perform diagnostics on the anomalies, which
what should be the first action in the rehabilitation process.

This dissertation seeks to give continuity to other theses held previously, having
the same goals to find, systematize and transmit the diagnostics techniques suitable to
the principle elements that constitute old buildings, such as foundations, walls, coating,
floor, ceiling, and roof.

The catalog resulting from this work allows a quick and practical consult, and
includes techniques applicable to structural and nonstructural elements. The techniques
can be nondestructive, decreasingly intrusive and intrusive.

Given this objective all the information relative to various techniques was
systematized in 16 sheets.

Keywords: old building, anomalies, diagnosis, rehabilitation

vii
viii
INDÍCE

AGRADECIMENTOS…………………………………………………………………iii

RESUMO……………………………………………………………………………….v

ABSTRACT……………………………………………………………………………vii

ÍNDICE DE TABELAS………………………………………………………………..xii

ÍNDICE DE FIGURAS………………………………………………………………..xiii

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

1.1 Considerações preliminares ................................................................. 1

1.2 Objetivos e metodologia ....................................................................... 2

1.3 Estrutura do documento ....................................................................... 3

2 CARACTERIZAÇÃO CONSTRUTIVA DE EDIFÍCIOS ANTIGOS................ 5

2.1 Enquadramento geral ........................................................................... 5

2.2 Anatomia e caracterização construtiva de um edifício antigo ............... 6

Fundações ....................................................................................... 7

Paredes resistentes ......................................................................... 8

Paredes de compartimentação ........................................................ 9

Revestimento e acabamento de paredes....................................... 10

Escadas......................................................................................... 11

Pavimentos – estrutura, revestimentos e acabamentos ................. 12

Tetos - revestimentos e acabamentos ........................................... 14

Coberturas – Estrutura e revestimento .......................................... 15

Caixilharia ...................................................................................... 17

Cantarias ..................................................................................... 19

Elementos singulares .................................................................. 19

Instalações .................................................................................. 21

Representação esquemática de um edifício antigo pombalino..... 22

2.3 Síntese do capítulo ............................................................................ 26

3 PATOLOGIA CORRENTE EM EDIFÍCIOS ANTIGOS ............................... 27

ix
3.1 Enquadramento geral ......................................................................... 27

Anomalias em fundações............................................................... 27

Anomalias em paredes resistentes ................................................ 28

Anomalias em paredes de compartimentação ............................... 31

Anomalias em revestimentos e acabamentos de paredes ............. 32

Anomalias em pavimentos ............................................................. 36

Anomalias em tetos ....................................................................... 38

Anomalias em coberturas .............................................................. 39

Anomalias em escadas .................................................................. 40

Anomalias em caixilharia ............................................................... 41

Anomalias em cantarias............................................................... 42

Anomalias em instalações ........................................................... 44

3.2 Metodologia de um diagnóstico – sistematização .............................. 44

3.3 Síntese do capítulo ............................................................................ 61

4 TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO EM EDIFÍCIOS ANTIGOS....................... 63

4.1 Tipos de Técnicas de diagnóstico ...................................................... 63

4.2 Técnicas de diagnóstico em edifícios antigos..................................... 64

Técnicas de perceção sensorial..................................................... 64

Técnicas de ação mecânica .......................................................... 66

Técnicas de propagação de ondas elásticas ................................. 68

Técnicas de propagação de radiação eletromagnética .................. 70

Técnicas de reações químicas....................................................... 71

Técnicas de análise de vibrações .................................................. 71

Técnicas de efeitos elétricos .......................................................... 72

Técnicas hidrodinâmicas ............................................................... 73

5 CATÁLOGO DE FICHAS DE DIAGNÓSTICO EM EDIFÍCIOS ANTIGOS . 79

5.1 Objetivos do capítulo .......................................................................... 79

5.2 Proposta da estrutura da ficha de diagnóstico.................................... 79

5.3 Elementos do modelo de ficha ........................................................... 83

x
Designação da técnica .................................................................. 83

Referência ..................................................................................... 83

Grau de destruição ........................................................................ 83

Local de realização da técnica ....................................................... 83

Elementos em que pode ser utilizada a técnica ............................. 83

Princípio utilizado........................................................................... 83

Custo ............................................................................................. 84

Dificuldade ..................................................................................... 84

Documentos normativos ................................................................ 84

5.4 Elaboração da ficha técnica de diagnóstico 04 TAM .......................... 85

5.5 Organização e estrutura do catálogo.................................................. 88

5.6 Apresentação do catálogo de diagnóstico .......................................... 90

5.7 Síntese do capítulo .......................................................................... 124

6 CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ........................... 125

6.1 Considerações gerais ...................................................................... 125

6.2 Conclusões finais ............................................................................. 125

6.3 Desenvolvimentos futuros ................................................................ 128

7 Referências Bibliográficas ....................................................................... 129

ANEXO……………………………………………………………………………....134

xi
INDÍCE DE TABELAS

Tabela 3.1 – Resumo das metodologias de diagnóstico .................................. 52


Tabela 4.1 – Técnicas de perceção sensorial .................................................. 65
Tabela 4.2 – Técnicas de ação mecânica........................................................ 67
Tabela 4.3 – Técnicas de propagação de ondas elásticas............................... 69
Tabela 4.4 – Técnicas de propagação de radiação eletromagnética ............... 70
Tabela 4.5 – Técnicas de reações químicas .................................................... 71
Tabela 4.6 – Técnicas de análise de vibrações ............................................... 72
Tabela 4.7 – Técnicas de efeitos elétricos ....................................................... 73
Tabela 4.8 - Técnicas hidrodinâmicas ............................................................. 73
Tabela 4.9 - Síntese de aplicação de técnicas de diagnóstico nos elementos de
edifícios antigos .......................................................................................................... 74
Tabela 5.1 – Índice das fichas de diagnóstico ................................................. 90
Tabela 5.2 – Principais/ Mínimas características do sistema ........................... 92
Tabela 5.3 – Valores de frequências ............................................................... 96
Tabela 5.4 – Especificações do aparelho Pylodin ............................................ 97
Tabela 5.5 – Valores referência da densidade de algumas espécies de madeira
................................................................................................................................... 98
Tabela 5.6 – Principais características ............................................................ 99
Tabela 5.7 - Expressões de correlação VRmédio e propriedades mecânicas de
elementos de madeira .............................................................................................. 100
Tabela 5.8 – Valores ref. obtidos em estudos anteriores ............................... 102
Tabela 5.9 – Valores ref. obtidos em estudos anteriores ............................... 104
Tabela 5.10 – Erros nos dados e parâmetros ................................................ 104
Tabela 5.11 – Resultados referência de tubos com diferentes tipos de membrana
................................................................................................................................. 106
Tabela 5.12 – Valores recomendáveis de frequências para o ensaio sónico . 112
Tabela 5.13 – Características básicas necessárias do sistema ..................... 115
Tabela 5.14 - Gama de frequências de resposta estrutural por várias fontes 116
Tabela 5.15 – Exemplo de uma comparação entre o medido no no manómetro
do kit de ensaio speedy e a percentagem encontrada depois de o material ter secado
numa estufa .............................................................................................................. 120
Tabela 5.16 – Resumo das fichas segundo as características e propriedades dos
materiais e dos componentes da construção ............................................................ 123

xii
INDÍCE DE FIGURAS

Figura 2.1 – Fachadas edifícios: (a) Pré-pombalino, (b) Pombalino, (c) Gaioleiro,
(d) Em placa ................................................................................................................. 6
Figura 2.2 – Fundação indireta com arcos e estacaria de fundação .................. 7
Figura 2.3 – Representação de uma fundação direta ........................................ 8
Figura 2.4 – Representação esquemática de uma parede de frontal ................. 8
Figura 2.5 - Paredes resistentes de alvenaria com Cruz de St. André ............... 9
Figura 2.6 – Representação esquemática de uma parede divisória em tabique
................................................................................................................................... 10
Figura 2.7- Tabique simples ............................................................................ 10
Figura 2.8 – (a) Fachada exterior revestida com azulejos; (b) Fachada com
acabamento à base de caiação .................................................................................. 11
Figura 2.9 – (a) Escada de tiro, estreita de grande inclinação de um edifício antigo
do sec XVII (b) Escada helicoidal (c) Escada em estrutura metálica do início do XX .. 12
Figura 2.10 – (a) Pavimento tarugado em madeira com viga intermédia de apoio
(b) Pavimento rés-do-chão com estrutura em arco de alvenaria ................................. 12
Figura 2.11 – Pavimento com vigas de aço e abóbadas de alvenaria ............. 13
Figura 2.12 – (a) Soalho desgastado de um edifício antigo (b) Soalho de
madeiras de diferentes espécies ................................................................................ 13
Figura 2.13 – (a) Teto em “saia e camisa” (b) teto em estuque liso sobre
fasquiado .................................................................................................................... 14
Figura 2.14 – (a) Teto estucado (b) Teto de estuque decorado com pinturas .. 15
Figura 2.15 – Representação esquemática de uma estrutura de cobertura de um
edifício antigo em madeira .......................................................................................... 16
Figura 2.16 – Estrutura de uma cobertura reforçada com ligações metálicas .. 16
Figura 2.17 – Cobertura do séc XIX com estrutura de aço .............................. 16
Figura 2.18 – (a) Cobertura de duas águas com claraboia saliente com
revestimento em telha canudo (b) Cobertura de duas águas com revestimento em telha
marselha ..................................................................................................................... 17
Figura 2.19 – (a) Janela de guilhotina em madeira guarnecida com cantaria (b)
Janela com duas folhas e bandeira fixa guarnecida com cantaria, com portadas
interiores ..................................................................................................................... 18
Figura 2.20 – (a) Porta de duas folhas com bandeira (b) Porta de uma folha (c)
Porta de duas folhas com bandeira sem grade metálica ............................................. 19
Figura 2.21 – Varanda com vedação em ferro fundido .................................... 20

xiii
Figura 2.22 – (a) Cachorro de suporte a uma varanda (b) Pormenor de um
cachorro...................................................................................................................... 20
Figura 2.23 – Platibanda de um edifício antigo ................................................ 20
Figura 2.24 – Rede exterior de esgotos pluviais e domésticos, em tubo de grés
................................................................................................................................... 21
Figura 2.25 – Representação esquemática em corte de um edifício antigo
Pombalino................................................................................................................... 22
Figura 3.1 – Assentamento da fundação, afetando o cunhal ........................... 27
Figura 3.2 – (a) Fendas numa parede resistente exterior (b) Fendas junto a
cunhal ......................................................................................................................... 28
Figura 3.3 – Desagregação de uma parede de fachada de edifício antigo ...... 29
Figura 3.4 – Representação esquemática da formação de eflorescências e
criptoeflorescências .................................................................................................... 30
Figura 3.5 – Esquemas de fendilhações e respetivas causas mais frequentes em
paredes de compartimentação de edifícios antigos .................................................... 32
Figura 3.6 – Fissuração afetando apenas o reboco devido à sua retração ...... 32
Figura 3.7 –Eflorescências .............................................................................. 33
Figura 3.8 – Manchas de humidade por capilaridade ascensional (b) Manchas de
humidade de condensação (c) Manchas de humidade por rotura do tubo de queda .. 34
Figura 3.9 – Destruição do reboco por ação dos agentes climáticos, associada à
falta de aderência e falta de resistência mecânica da argamassa............................... 34
Figura 3.10 – Destacamento/Empolamento do acabamento por pintura.......... 35
Figura 3.11 – Destacamento/Desagregação de um acabamento por pintura... 36
Figura 3.12 – (a) Pavimento do rés-do-chão degradado devido à humidade do
terreno (Appleton 2003) (b) Pavimento com podridão devido à ação da água ............ 37
Figura 3.13 – Deformação excessiva de um pavimento em abóbada .............. 37
Figura 3.14 – Corrosão de vigas de metálicas em pavimentos ........................ 38
Figura 3.15 – (a) Teto estucado com destacamento da pintura e manchas de
humidade (b) Fissuração em elemento decorativo no teto em gesso ......................... 39
Figura 3.16 – (a) Deterioração de uma viga de madeira (perda de secção útil) por
efeito de agentes agressores (b) Deformação excessiva da estrutura de uma cobertura
................................................................................................................................... 39
Figura 3.17 – (a) Ausência do revestimento em telha marselha (b) Sujidade e
colonização biológica no revestimento ........................................................................ 40
Figura 3.18 – Manchas de humidade nas paredes da caixa de escadas ......... 41
Figura 3.19 – Deterioração da caixilharia de madeira ...................................... 42

xiv
Figura 3.20 – Alteração de elementos de madeira na sequência de infiltrações
por janelas de fachadas .............................................................................................. 42
Figura 3.21 – Crostas negras .......................................................................... 43
Figura 3.22 – Fenda sobre cantaria resultante de assentamentos diferenciais
................................................................................................................................... 43
Figura 3.23 – Vegetação biológica (desenvolvimento de uma figueira) sobre
cantaria ....................................................................................................................... 43
Figura 4.1 – Máquina fotográfica ..................................................................... 65
Figura 4.2 - Estação total................................................................................. 65
Figura 4.3 – Equipamento câmara de vídeo de pequeno diâmetro .................. 65
Figura 4.4 – Insetos xilófagos .......................................................................... 65
Figura 4.5 – Medidor ótico ............................................................................... 66
Figura 4.6 – Régua comparador de fissuras .................................................... 66
Figura 4.7 – Fissurómetro................................................................................ 66
Figura 4.8 – Alongâmetro ................................................................................ 66
Figura 4.9 – Pylodin – Aparelho de medição da densidade superficial ............ 67
Figura 4.10 – Resistograph ............................................................................. 67
Figura 4.11 – Ensaio simples e duplo com macacos planos ............................ 68
Figura 4.12 – Dilatómetro ................................................................................ 68
Figura 4.13 – Aparelho de utra-sons ............................................................... 69
Figura 4.14 – Aparelho de propagação de ondas sonoras............................... 69
Figura 4.15 – Gerador de tensão, martelo, acelerómetro, dispositivo recetor e ex.
de mapa de velocidades ............................................................................................. 69
Figura 4.16 – Gerador de tensão, martelo, acelerómetro, dispositivo de recetor
................................................................................................................................... 69
Figura 4.17 – Equipamento para raio-x............................................................ 70
Figura 4.18 – Aparelho medidor de vibrações ................................................. 70
Figura 4.19 – Termografia ............................................................................... 70
Figura 4.20 – kit de campo e fitas colorimétricas ............................................. 71
Figura 4.21 – Kit de ensaio (Speedy – marca representada pela Ambifood) ... 71
Figura 4.22 – Acelerómetros de sensibilidade a vibrações .............................. 72
Figura 4.23 – Humidímetro .............................................................................. 73
Figura 4.24 – Tubo de Karsten ........................................................................ 73
Figura 5.1 – Ficha de diagnóstico .................................................................... 81
Figura 5.2 – Exemplo de referência TPOE - Técnica de propagação de ondas
elásticas...................................................................................................................... 83
Figura 5.3 – Equipamento para ensaio ultrasónico .......................................... 86

xv
Figura 5.4 – Equipamento de câmara de vídeo de pequeno diâmetro ............. 91
Figura 5.5 - Esquema equipamento portátil vídeo ........................................... 92
Figura 5.6 – Câmara fotográfica de precisão e estação total ........................... 93
Figura 5.7 – Equipamento acústico ................................................................. 95
Figura 5.8 – Pylodin – Aparelho de medição da densidade superficial ............ 97
Figura 5.9 – Dois tipos de Resistograph .......................................................... 99
Figura 5.10 – Exemplo de output de Resistograph da resistência à perfuração
para a viga, onde é visível um vazio (a) .................................................................... 100
Figura 5.11 – Fases do ensaio: a) medição dos alinhamentos b) execução do
rasgo c) medição dos deslocamentos relativos d) colocação do macaco plano e)
medição dos deslocamentos após incrementos de carga ......................................... 101
Figura 5.12 – Diagrama exemplo dos resultados de resultados obtidos num
ensaio simples com macacos planos ........................................................................ 102
Figura 5.13 – Execução do 2ºentalhe e introdução de pressões numa amostra
ensaiada de parede de alvenaria (da esquerda para a direita) ................................. 103
Figura 5.14 – Dilatómetro .............................................................................. 105
Figura 5.15 – Equipamento de carotagem e colocação da sonda.................. 106
Figura 5.16 – Aplicação da pressão com o dilatómetro ................................. 106
Figura 5.17 – Exemplo do deslocamento diferencial médio durante a
pressurização ........................................................................................................... 106
Figura 5.18 – Gerador de onda de tensão, martelo calibrado, recetor e dispositivo
de registo .................................................................................................................. 107
Figura 5.19 – Exemplo de gráfico da emissão e recessão da onda sonora ... 108
Figura 5.20 - Marcação da grelha numa alvenaria para a realização do ensaio e
Mapa com isócronas de velocidade obtido no ensaio tomográfico ............................ 108
Figura 5.21 – Equipamento para ensaio ultra-sónico ..................................... 109
Figura 5.22 – Esquema do equipamento e aparelhos.................................... 111
Figura 5.23 – Registo típico de um impacto e respetiva onda de tensão
reproduzida ............................................................................................................... 112
Figura 5.24 – Material para ensaio impacto-eco ............................................ 113
Figura 5.25 – Esquemetatização do ensaio numa alvenaria com injeção grout
................................................................................................................................. 114
Figura 5.26 – Espetro de frequência, para um ensaio de alvenaria de pedro, com
presença de vazios ................................................................................................... 114
Figura 5.27 – Aparelho laser (ometron) e Polytec PDV – 100 Plus ................ 115
Figura 5.28 – Exemplo de medição de vibrações em obra ............................ 116

xvi
Figura 5.29 – Equipamento por raios-x e exemplo de saída de resultados do
ensaio por raios gama .............................................................................................. 117
Figura 5.30 – Radiografia de um elemento de madeira deteriorado e imagem
depois do processamento no software (da esquerda para a direita) ......................... 118
Figura 5.31 – Kit de ensaio Speedy para o ensaio (balança de precisão, capsula
com manómetro, carbonato de cálcio) ...................................................................... 119
Figura 5.32 – Manómetro estável e abertura da cápsula, após leitura ........... 120
Figura 5.33 – Acelerómetros de alta sensibilidae .......................................... 121
Figura 5.34 – Esquema do sistema para registo das vibrações ..................... 122
Figura 5.35 - Gama de frequências de resposta estrutural por várias fontes . 122

xvii
xviii
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações preliminares
Em Portugal, a política seguida nas últimas décadas foi claramente de incentivo
à construção nova, deixando para segundo plano a reabilitação de edifícios antigos.
Segundo dados do INE através dos censos de 2011, existe uma forte relação entre a
idade dos edifícios e o seu estado de conservação, revelando que dos edifícios
construídos até 1945 apenas 36% não apresentavam grandes necessidades de
reparação e cerca de 10% apresentavam-se muito degradados ou com necessidades
de reparação (INE 2011).

Em Portugal, as ações de reabilitação levadas a cabo ao longo do século XX,


incidiram essencialmente na salvaguarda de património histórico – os monumentos,
sendo que apenas na década de 70 se começa a reconhecer a importância de reabilitar
o património urbano no seu conjunto (Ferreira e Brito 2007).

Os edifícios antigos diferenciam-se pela sua tecnologia de construção tradicional


e materiais empregues, apresentando como materiais mais comuns a madeira,
argamassa à base de cal, tijolos cerâmicos e pedra.

A reabilitação de edifícios antigos tem vindo a assumir uma importância


crescente numa lógica que é relacionável com a necessidade de promover a
preservação do património edificado (Ferreira e Brito 2007).

Nesse processo de reabilitação, é indispensável identificar as anomalias


existentes e a sua extensão, de forma a ser possível atuar de uma forma racional e
eficaz, podendo assim, garantir com segurança o sucesso das intervenções de
reabilitação.

Por vezes, a determinação das causas de anomalias em edifícios habitacionais


é tarefa bastante complexa. Nem sempre é possível identificar uma causa de forma
única e clara, dado a grande variedade de elementos e materiais que constituem um
edifício, requerendo, por isso, um conhecimento ao nível técnico de materiais, processos
construtivos e técnicas tradicionais (Paiva, et al. 2006).

Mesmo assim, muitas vezes a abordagem do problema não é a mais correta,


não se tomando uma metodologia de diagnóstico adequada, podendo levar a
intervenções desajustadas, que ocultam sintomas, e mesmo até agravar esses
problemas.

1
Portanto, é fundamental diagnosticar corretamente os fenómenos patológicos
encontrados nas edificações, dando aos responsáveis pela conservação a possibilidade
de optar pela solução mais ajustada.

Hoje em dia os técnicos de engenharia e de arquitetura dispõem de um vasto


conjunto de ferramentas capazes de fornecer apoio muito relevante à deteção de
anomalias e suas consequências (Appleton 2002).

Com o auxílio dessas técnicas de diagnóstico, apesar de um trabalho nem


sempre fácil, tenta-se realizar uma classificação sistemática das insuficiências das
construções de modo a abranger a globalidade das situações, neste tipo de edifícios.

1.2 Objetivos e metodologia


O principal objetivo e motivação para a realização do trabalho é sistematizar
informação com a finalidade de desenvolver um catálogo de fichas de diagnóstico, e
assim, complementar outras dissertações de mestrado em temas da mesma categoria,
como os de Machado (2014) e Correia (2014).

Especificamente os objetivos desta dissertação são os seguintes:

 Selecionar as técnicas aplicáveis para o diagnóstico de elementos


construtivos de edifícios antigos
 Sistematizar a informação disponível e relevante para técnicas de
diagnóstico num modelo de ficha
 Elaborar um catálogo de técnicas de diagnóstico para elementos de
edifícios antigos, que possa ser usado por engenheiros civis ou técnicos
na sua atividade de inspeção, diagnóstico e reabilitação.

A metodologia de investigação deste trabalho teve por base uma pesquisa


bibliográfica assente em livros, artigos científicos, documentos de congressos, normas
nacionais e internacionais, dissertações de mestrado e doutoramento.

2
1.3 Estrutura do documento
Este trabalho é constituído por 6 capítulos.

No capítulo 1, é apresentado o tema e feita uma curta introdução, e expostos os


objetivos do trabalho.

O capítulo 2 consiste no Estado da Arte relacionado com a caracterização e


tipificação construtiva de um edifício antigo, não abrangendo os monumentos, que
constituem património cultural.

O capítulo 3 contempla os fenómenos patológicos mais comuns, assim como as


suas causas e características, para que seja possível perceber como a sua extensão
pode influenciar a técnica de diagnóstico a aplicar. Ainda neste capítulo, aborda-se as
metodologias existentes na intervenção e inspeção aplicáveis a construções antigas.

O capítulo 4 visa recolher e descrever as técnicas de inspeção e ensaios, e


ainda, realizar um quadro resumo com as técnicas e descrição das mesmas indicando
em que elementos construtivos descritos no capítulo 2 são praticáveis.

No capítulo 5 descreve-se a elaboração de uma ficha técnica de diagnóstico tipo,


e expõe-se as fichas de diagnóstico que constam no catálogo.

No último capitulo, apresentam-se as conclusões extraídas desse estudo e


indica-se um conjunto de propostas para possível desenvolvimento no futuro. No final
da dissertação são expostas as referências bibliográficas usadas, e em anexo a
bibliografia do catálogo.

3
4
2 CARACTERIZAÇÃO CONSTRUTIVA DE EDIFÍCIOS
ANTIGOS
2.1 Enquadramento geral
Segundo o Censos de 2011, existiam em Portugal 512 039 edifícios construídos,
anteriormente a 1945, utilizando, sobretudo, a alvenaria e a madeira. Embora este
número represente à volta de 15% do total de edifícios, a maioria deles apresenta
insuficiências estruturais, nos critérios hoje instituídos quanto à verificação de
segurança. Essas insuficiências estruturais são particularmente preocupantes nos
edifícios construídos nas várias zonas sísmicas do País, como é o caso de Lisboa (INE
2011).

De uma maneira geral entende-se por edifícios antigos aqueles cuja construção
se baseia no uso de tecnologias tradicionais, nomeadamente o uso de madeira, e
alvenaria de pedra argamassada como materiais predominantes, distinguindo-se pela
tecnologia de construção, que se manteve sem grande alteração até surgir o betão
armado (Appleton 2003).

Nos edifícios antigos, com ano de construção anterior a 1945, englobam-se os


edifícios Pombalinos, Gaioleiros, e edifícios “de placa”. Os edifícios recentes
consideram-se aqueles edificados depois de 1945, os edifícios “antigos de betão
armado”, e os “recentes de betão armado” (Coías 2006). Sendo importante esta
classificação segundo a sua época construtiva, descreve-se sucintamente essas
tipologias estruturais:

As edificações pré-pombalinas (Figura 2.1(a)), construídas antes do terramoto


de 1755, possuem uma geometria irregular, paredes de alvenaria de pedra, em geral de
“fraca qualidade”, e pisos de madeira (Freitas, et al. 2012).

Os edifícios pombalinos (Figura 2.1 (b)), edificados após o terramoto de 1755 até
fim do séc. XIX, têm uma geometria regular de paredes principais de alvenaria de pedra
de razoável qualidade, com paredes interiores em frontal ou “gaiola” pombalina, paredes
divisórias em tabique, pisos de madeira, exceto o primeiro, que em edifícios de melhor
qualidade é formado por abóbadas de tijolo (Appleton 2003, Cóias 2006, 2007).

Posteriormente, surgiram os “Gaioleiros” (Figura 2.1(c)) que se mantiveram


desde o fim do século XIX até aos anos 30-40. Têm paredes de alvenaria de pedra de
razoável ou má qualidade, ou de alvenaria de tijolo maciço, divisórias de tabique de
tábuas ao alto, pisos de madeira, com contraventamento deficiente (Cóias 2007).

5
Já os “Edifícios em Placa” (Figura 2.1(d)) são edifícios constituídos por paredes
de alvenaria de pedra e de tijolo e lajes de betão armado, tendo surgido após o período
“gaioleiro” (anos 30-50) (Appleton 2003, Cóias 2007).

(a) (b) (c) (d)


Figura 2.1 – Fachadas edifícios: (a) Pré-pombalino, (b) Pombalino, (c) Gaioleiro, (d) Em placa
(Cóias 2007)

Após esta breve contextualização histórica dos edifícios antigos em Portugal,


será caracterizado de forma sucinta os principais elementos que constituem as
edificações antigas, não abrangendo os monumentos.

2.2 Anatomia e caracterização construtiva de um edifício antigo


Um edifício antigo pode ser divido em quatro partes principais. Estes edifícios
podem ter diferentes funções, ser residenciais, comerciais, industriais ou
administrativos.

Segundo Cóias (2006) o edifício pode ser dividido da seguinte forma:

 Local de implantação: a zona onde está situado o edifício, a sua posição


e orientação e as características das áreas envolventes;
 Envolvente: elementos do edifício expostos diretamente aos agentes de
deterioração, caso das paredes exteriores, coberturas, caixilharia e
outros;
 Interiores: corresponde às entradas, zonas comuns interiores, quartos,
casos de banho, cozinhas, todos os elementos como as paredes e
pavimentos interiores, tetos;
 Estrutura e fundações: toda a parte resistente responsável pela
transmissão do peso do edifício para o terreno de fundação.

De seguida faz-se a caracterização construtiva dos principais elementos que


constituem um edifício antigo, descrevendo a sua função, sistema construtivo e
materiais usados.

6
Fundações
Ao nível das fundações existem três tipos de fundações consoante a
profundidade do solo de fundação, a sua capacidade resistente e as cargas transmitidas
ao mesmo.

As fundações indiretas (Figura 2.2) por estacaria de madeira surgem quando o


terreno é de baixa resistência e compacidade, que assentam normalmente num
engradado de troncos de madeira, dispostos sobre estacas, para se atingir uma camada
mais resistente do solo. As estacas dispõem-se, na generalidade, em fiadas paralelas
afastadas ente 0,3 a 0,4 m. O engradado de madeira é constituído por uma primeira
camada de troncos de pinho com cerca de 0,15 m de diâmetro, dispostos
longitudinalmente, e por uma segunda camada, disposta transversalmente. Esta
solução de fundações está associada a zonas com presença de água, onde as camadas
brandas viabilizam a cravação. As estacas de madeira emersas são geralmente de
pinho, enquanto as estacas imersas são de madeira de carvalho ou oliveira (Appleton
2003, Coías 2007, Freitas, et al. 2012).

Figura 2.2 – Fundação indireta com arcos e estacaria de fundação (Cóias 2007)

As fundações semidirectas são formadas pela abertura de Poços ou Pegões


preenchidos com alvenaria de pedra, que apoiavam em arcos também de alvenaria de
pedra, de tijolo ou mistos sobre os quais eram executadas as paredes resistente. Estas
fundações encontram-se em locais cuja capacidade de suporte do terreno é pior à
superfície, havendo necessidade de transmitir as cargas dos pisos aos maciços de
fundação (Appleton 2003, Pinho 2000).

Enquanto as fundações diretas (Figura 2.3) são habitualmente constituídas por


“sapatas” (isoladas para pilares), ou continuas com um prolongamento das paredes
resistentes em pedra ou tijolo, com a mesma largura ou com ligeiro alargamento, em
função das características do terreno (Appleton 2003, Mascarenhas 2005, Pinho 2000).

7
Figura 2.3 – Representação de uma fundação direta (Cóias 2007)

Paredes resistentes
As paredes dos edifícios antigos são elementos construtivos, que se podem
dividir em paredes resistentes ou mestras (maioritariamente exteriores) e paredes de
compartimentação ou divisórias (interiores) (Pinho 2000).

As paredes resistentes (Figura 2.4,) mestras ou principais têm a função estrutural


de resistir a cargas verticais de compressão e cargas horizontais devidas à ação do
vento e ação sísmica, ou até mesmo a impulsos de terras ou a outros elementos
estruturais. A constituição destas paredes resistentes exteriores podia ser em pedra
(calcário, xisto, granito) aparelhada, pedra talhada ou mistura de pedra irregular ligada
por argamassa de cal e areia. Podiam ainda ser utilizadas peças de madeira como
acontecia com as paredes de frontal do período Pombalino (Appleton 2003, Cóias 2007,
Branco 2007).

Figura 2.4 – Representação esquemática de uma parede de frontal (Appleton 2003)

8
As paredes resistentes interiores (Figura 2.5) caracterizam-se por ser de
espessura considerável (ordem dos 20 cm), designadas por frontais, reforçadas por uma
armadura ou esqueleto de madeira, principalmente em madeira das espécies castanho
e casquinha, constituída por um conjunto de peças verticais, horizontais e inclinadas,
devidamente interligadas, formando as denominadas cruzes de Santo André. Entre
esses elementos de madeira seria então colocada a alvenaria de tijolo maciço ou pedra
irregular, miúda e argamassada (Mascarenhas 2005, Pinho 2000)

Figura 2.5 - Paredes resistentes de alvenaria com Cruz de St. André ([W1]; Appleton 2003)

Esta solução da Gaiola Pombalina, com boas características funcionais e


estruturais, foi abandonada na segunda metade do século XIX, dando lugar ao processo
construtivo dos chamados Gaioleiros, em que há uma degradação das práticas
construtivas, resultando, na prática, num aligeiramento das paredes de alvenaria, com
utilização de tijolo simples, e também no desaparecimento das tradicionais e
necessárias ligações das paredes entre si, e destas aos pavimentos e coberturas
(Appleton 2003, Branco 2007, Pinho 2000).

Paredes de compartimentação
Uma parede de compartimentação ou divisória (Figura 2.6) é concebida para
desempenhar essencialmente o papel de elemento de separação

Contudo, por meio da sua interligação com as paredes resistentes, pavimentos


e coberturas, desempenham um papel fundamental no travamento geral das estruturas
(Appleton 2003, Cóias 2007).

9
Figura 2.6 – Representação esquemática de uma parede divisória em tabique (Appleton 2003)

A parede divisória de um edifício antigo apresenta uma grande diversidade de


soluções, consoante a região, estando associadas à disponibilidade de determinados
materiais nos locais. As soluções de âmbito nacional são os tabiques de madeira (Figura
2.7), que atingiu a sua melhor expressão na construção pombalina, tendo em geral uma
espessura média entre 10 a 12 cm (Cóias 2007, Pinho 2000).

Figura 2.7- Tabique simples [W1]

Revestimento e acabamento de paredes


Nos edifícios antigos, os revestimentos são dos elementos mais expostos aos
agentes de deterioração. Além do aspeto visual arquitetónico, a principal função que
lhes cabe é a proteção das paredes (Silva 2002, Veiga, et al. 2004)

Nas paredes de alvenaria, os revestimentos mais usuais são à base de


argamassas, de areia e cal aérea ou gesso e, em determinadas regiões, de areia e
saibro, ou ainda com ligante à base de cimento. A sua execução é em geral de três
camadas (emboço, crespido e reboco, podendo ter mais de 5 cm de espessura total),
com diminuição gradual do teor de ligante da camada interior para a camada exterior, e
com intervalos de tempo suficientes que permitissem a sua secagem e endurecimento
(Pinho 2000, Magalhães 2002).

10
Um acabamento frequente num edifício antigo é a caiação, pintura à base de
cal a branco ou com cores por efeito de pigmentos e corantes naturais, podendo ser
também simplesmente pintado (Appleton 2003, Magalhães 2002, Pinho 2000, Veiga, et
al. 2004).

Em paredes interiores existe uma gama variada de acabamentos, desde o


simples estuque liso ou decorado, à escaiola (acabamento liso e lavável que imita
mármore ou outra pedra), e à pintura com tintas à base de óleos (Appleton 2003, Pinho
2000, Veiga, et al. 2004).

Nos paramentos exteriores usou-se progressivamente o azulejo (Figura 2.8 (a)),


funcionando simultaneamente como primeira camada de proteção, de desgaste das
paredes e camada impermeabilizante, devido à sua superfície vidrada que confere boas
características de resistência mecânica e química, para além de também ter um grande
valor estético são elementos que asseguram uma maior durabilidade relativamente a
outros acabamentos como a caiação (Figura 2.8 (b) (Appleton 2003, Pinho 2000, Veiga,
et al. 2004).

(a) (b)

Figura 2.8 – (a) Fachada exterior revestida com azulejos (Freitas et al. 2012); (b) Fachada com
acabamento à base de caiação [W1]

Escadas
Normalmente em edifícios antigos a estrutura das escadas interiores é de
madeira, podendo ser de pedra o primeiro lanço de escadas até ao rés-do-chão. A sua
localização situa-se vulgarmente próximo do centro do edifício, para se garantir uma
simetria estrutural, existindo patamares intermédios entre os lanços de escadas,
apoiados nas paredes longitudinais da caixa de escadas. Contudo em edifícios do
século XVII, pré-pombalinos, as escadas situam-se junto a paredes de empena,
formadas por um único lanço de escadas entre andares, de reduzida largura e inclinação
acentuada, tendo a designação de escadas de tiro, como se pode observar na Figura
2.9 (a) (Appleton 2003, Freitas, et al. 2012, Pinho 2000).

11
No final do século XIX são usadas as escadas metálicas exteriores (Figura 2.9
(c)) geralmente através de estruturas de ferro fundido de forma simples, constituídas por
colunas cilíndricas de pequeno diâmetro, vigas em I ou degraus de chapa xadrez. Esta
última escada de serviço (exterior) está habitualmente localizada no tardoz dos edifícios,
ligadas às marquises (Appleton 2003, Dias 2008).

(a) (b) (c)

Figura 2.9 – (a) Escada de tiro, estreita de grande inclinação de um edifício antigo do sec XVII (b)
Escada helicoidal (c) Escada em estrutura metálica do início do XX (Appleton 2003)

Pavimentos – estrutura, revestimentos e acabamentos


A estrutura dos pavimentos de madeira de edifícios antigos (Figura 2.10 (a)) é
efetuada colocando os vigamentos principais em paralelo, com um afastamento que
varia entre 0,20 e 0,40m. De modo a evitar a rotação e encurvadura das vigas, é comum
existirem peças de madeira, designados por tarugos, montados segundo alinhamentos
transversais (Appleton 2003, Freitas, et al. 2012, Dias 2008). Em determinadas
construções de maior nobreza, ou em zonas de construção com humidade do terreno,
o principal elemento da estrutura do pavimento era constituído por arcos e abóbadas de
alvenaria de pedra ou tijolo (Figura 2.10 (b)) (Cóias 2007, Pinho 2000).

(a) (b)

Figura 2.10 – (a) Pavimento tarugado em madeira com viga intermédia de apoio (Appleton,
2003) (b) Pavimento rés-do-chão com estrutura em arco de alvenaria [W1]

12
No século XIX, com o desenvolvimento da tecnologia da metalurgia, mais
concretamente do ferro e aço, os perfis de madeira de grandes dimensões são
substituídos por vigas de aço de secção em I (Figura 2.11) (Freitas, et al. 2012).

Figura 2.11 – Pavimento com vigas de aço (Appleton 2003)

Os revestimentos dos pisos antigos são maioritariamente revestidos por um


tabuado de madeira, o soalho (Figura 2.12) (geralmente de madeira de pinho), embora
também se tenha utilizado com menor expressão, revestimentos de tijoleiras, ladrilhos
cerâmicos e lajedos de pedra. Os revestimentos cerâmicos ou à base de pedra são
executados recorrendo a uma ligação à base de argamassas de cal e areia. (Pinho
2000).

(a) (b)

Figura 2.12 – (a) Soalho desgastado de um edifício antigo [W1] (b) Soalho de madeiras de
diferentes espécies (Costa, el al. 2007)

A resistência ao desgaste, dependente da dureza da madeira, é essencial para


a sua durabilidade, sendo as madeiras mais usadas, o castanho, pinho marítimo,
casquinha, pitespaine, podendo ainda ocorrer o carvalho (Appleton 2003, Freitas, et al
2012).

O acabamento que serve como elemento decorativo e de proteção do


revestimento depende do próprio material de revestimento. E no caso de em madeira,
o mais usual é o enceramento para garantir a sua proteção e conservação, contribuindo
ao mesmo tempo para aumentar o seu embelezamento (Appleton 2003, Freitas, et al.
2012, Veiga e Carvalho 2002).

13
Nos elementos de pedra é utilizado habitualmente, um acabamento polido,
destinado a garantir superfícies, lisas, brilhantes ou mates. Os revestimentos cerâmicos
garantem uma boa resistência aos agentes atmosféricos e ao desgaste (Freitas, et al.
2012, Veiga e Carvalho 2002).

Tetos - revestimentos e acabamentos


Os revestimentos de tetos das construções antigas são essencialmente de
madeira formados por forros em peças de 10 a 20 mm de espessura, aplicados de várias
formas (Appleton 2003, Freitas, et al. 2012).

Uma maneira tradicional de revestimento designa-se por forro de “saia e camisa”


(Figura 2.13 (a)), consistindo em pranchas colocadas em fiadas sobrepostas,
diretamente pregado ao vigamento. Um desenvolvimento dessa técnica associada a
uma geometria mais complexa do teto e da estrutura de suporte tem o nome de
caixotões e de “masseira” (Freitas, et al. 2012).

Outra técnica consiste na execução de estuques à base de cal e gesso,


aplicados sobre o fasquiado de madeira (Figura 2.13 (b)), em que este é pregado
diretamente ao vigamento do pavimento, ou a um vigamento independente, aplicando
posteriormente uma primeira camada de argamassa de cal e areia, terminando com a
camada de estuque (Veiga e Carvalho 2002).

Nos tetos de pavimentos à base de arcos e abóbadas de alvenaria, o mais


comum consiste em rebocar inferiormente a estrutura de pavimento, com argamassas
de cal e areia, constituindo o revestimento que depois receberá o acabamento final,
normalmente à base de pintura. Em algumas situações, era usual deixar o material à
vista, seja o material cerâmico ou a pedra de cantaria (Appleton 2003, Veiga, et al.
2004).

(a) (b)

Figura 2.13 – (a) Teto em “saia e camisa” (b) teto em estuque liso sobre fasquiado (Appleton
2003)

14
O uso de pinturas é vulgar no acabamento de tetos, com tintas de óleo, simples
ou decoradas, embora, os tetos estucados e rebocados, pudessem não levar qualquer
tipo de pintura (Figura 2.14 (a)). A pintura de tetos rebocados consiste geralmente numa
caiação, de pelo menos três demãos (Appleton 2003, Freitas, et al. 2012, Veiga, et al.
2004).

Recorria-se ainda a pinturas decorativas (Figura 2.14 (b)) com realce para a
pintura de faixas junto das transições parede-teto, reproduzindo veios, e simulando os
mármores ou madeiras nobres (Appleton 2003, Veiga, et al. 2004).

(a) (b)

Figura 2.14 – (a) Teto estucado (Freitas et al. 2012) (b) Teto de estuque decorado com pinturas
(Appleton 2003)

Coberturas – Estrutura e revestimento


As coberturas de edifícios antigos são maioritariamente inclinadas, podendo
ainda que em menor quantidade ser planas, em terraço e curvas (abóbadas e cúpulas).
Fazem parte das coberturas, elementos como os beirados, cornijas, a chaminé, caleiras,
algerozes, entre outros.

A estrutura de madeira das coberturas inclinadas pode reduzir-se a um conjunto


de vigas dispostas paralelamente, vencendo os vãos disponíveis, em que a forma mais
simples, a de asna de madeira é formada pela interligação das barras inclinadas com
as barras horizontais complanares (Figura 2.15) (Appleton 2003, Branco 2006).

15
Figura 2.15 – Representação esquemática de uma estrutura de cobertura de um edifício antigo
em madeira (Appleton 2003)

Os elementos secundários que constituem a cobertura são formados pelas


madres, varas e ripas, que servem de apoio direto ao revestimento da cobertura. As
ligações entre as peças podem ser pregadas, coladas, ou recorrendo-se a peças
auxiliares metálicas (Figura 2.16), além de vários sistemas de encaixe e de
ensambladuras (Branco 2006, Moreira 2009).

Figura 2.16 – Estrutura de uma cobertura reforçada com ligações metálicas (Appleton 2003)

Embora em construções do século XIX, sobretudo, gares de caminho-de-ferro,


armazéns e outros, a estrutura da cobertura apresenta uma construção em aço (Figura
2.17) (Appleton 2003, Moreira 2009).

Figura 2.17 – Cobertura do séc XIX com estrutura de aço (Appleton 2003)

As coberturas inclinadas podem ter diferentes formas e constituições variadas,


podendo ter uma, duas, três ou até quatro águas. Nas construções menos opulentes, a
cobertura pode limitar-se apenas a uma água furtada, orientada na menor direção do

16
edifício. A sua complexidade (número de águas furtadas) aumenta em edifícios de maior
dimensão e importância (Branco 2006, Freitas et al. 2012).

O revestimento mais usual em Portugal é a telha cerâmica, de canudo (Figura


2.18 (a)), com dimensões diferentes consoante a época e local de fabrico.
Tradicionalmente as peças de telha em canudo são sobrepostas, formando as capas e
canais. Nos edifícios mais simples e pobres, a telha é disposta, sem ligação, tornando
os telhados mais vulneráveis ao vento. Embora a ligação da telha pode ser efetuada por
grampos “especiais”, e aplicação de argamassas nas juntas (Cóias 2006).

Regista-se além da tradicional telha em canudo, o uso da telha romana, em que


o canal de secção curva é substituído por uma telha de secção transversal em U. As
telhas de encaixe simples estão associadas à construção mais recente, sobretudo a
partir do século XVIII, destacando-se a telha de Marselha (Figura 2.18 (b)) (Appleton
2003, Cóias 2007).

(a) (b)

Figura 2.18 – (a) Cobertura de duas águas com claraboia saliente com revestimento em telha canudo
(b) Cobertura de duas águas com revestimento em telha marselha (Freitas, et al. 2012)

As coberturas curvas são comuns em edificações de arquitetura religiosa, e


devido à sua forma estão durante períodos menos reduzidos em contacto com a água
das chuvas (Appleton 2003).

As cornijas ou cimalhas, são um elemento importante, que para além de ser um


elemento decorativo, têm a função de prolongarem o beirado de telhas de canal e com
o objetivo de proteger as fachadas ao conduzirem a água das chuvas para longe dessa
zona (Freitas, et al. 2012).

Caixilharia
A caixilharia dos edifícios antigos, normalmente, é de madeira, frequentemente
de casquinha e pinho (Freitas, et al. 2012).

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No caso das janelas podem ser de uma folha ou de folhas múltiplas. A folha é
formada por uma ou mais chapas de vidro liso, sendo frequente as soluções de janelas
deslizantes (de guilhotina) (Figura 2.19 (a)), em que apenas é móvel a metade inferior
da janela, sendo fixa a folha superior. Pode encontrar-se também janelas de abrir
(Figura 2.19 (b)), onde a folha móvel roda em torno de eixo vertical localizado junto a
um dos bordos da janela. A separar os caixilhos de abrir, pode encontrar-se uma
travessa designada de bandeira, podendo estar decorada ou não (Appleton 2003,
Freitas, et al. 2012).

Na proteção solar das janelas antes de se tornar generalizado o uso de


venezianas e persianas a partir do séc.XIX, recorreu-se a uma proteção parcial, através
de portadas exteriores que alcançavam aproximadamente meia altura da janela, e
também portadas interiores que cobriam toda a janela (Figura 2.19 (b)) (Appleton 2003,
Pinho 2000).

(a) (b)

Figura 2.19 – (a) Janela de guilhotina em madeira guarnecida com cantaria (b) Janela com duas
folhas e bandeira fixa guarnecida com cantaria, com portadas interiores (Freitas, et al. 2012)

As portas são de madeira maciça de uma folha (Figura 2.20 (b)), podendo ou
não ter uma abertura, um postigo e bandeira envidraçada que garante uma iluminação
natural no interior da habitação. No final do séc. XIX, generaliza-se a porta de duas
folhas, esguias e estreitas (Figura 2.20 (a), (c)) (Freitas, et al. 2012).

18
(a) (b) (c)

Figura 2.20 – (a) Porta de duas folhas com bandeira (b) Porta de uma folha (c) Porta de duas
folhas com bandeira sem grade metálica (Freitas, et al. 2012)

Cantarias
O uso da cantaria além de ter uma função decorativa e estética, também
desempenhava uma função estrutural, estando a pedra localizada no contorno de
aberturas portas, janelas, pilastras, socos, cimalhas e cornijas, ou seja, de
guarnecimento de vãos (Freitas, et al. 2012).

O material base para as cantarias é proveniente de pedreiras próximas da região


onde são aplicadas, sendo geralmente de granito na região do norte do país, de calcário
no centro, e mármore no sul. O acabamento da pedra pode ser liso, abujardado a pico
fino, médio ou grosso, ou esculpido com formas e figuras, em edifícios nobres, ou de
natureza religiosa (Appleton 2003). A aplicação das cantarias constituía assim um
remate das construções de alvenaria, realizando-se o seu assentamento através de
argamassas de cal e areia, podendo contudo também utilizar-se gateamentos e
pregagens (Appleton 2003, Freitas, et al. 2012).

Elementos singulares
Os elementos singulares existentes nos edifícios antigos são variados e podem
ir desde as varandas, aos cachorros e às platibandas.

A estrutura da maioria das varandas do séc. XVII era de madeira, devido a


estarem associadas à prática corrente de construção de paredes em tabique. Estas
estruturas em madeira foram gradualmente substituídas por lancis em pedra de granito.
Estas varandas têm uma espessura que varia entre dos 15 aos 20 cm, não
ultrapassando uma largura de 50 cm e encontravam-se apoiadas em cachorros no
mesmo material que a varanda. A vedação (guarda) das varandas era usual ser em ferro
fundido (Figura 2.21) (Appleton 2003, Freitas, et al. 2012, Pinho 2000).

19
Figura 2.21 – Varanda com vedação em ferro fundido [W1]

Os cachorros (Figura 2.22) são elementos que servem de suporte a beirais ou


varandas, podem ter uma grande variedade de formas e molduras, trabalhados em
granito, ou outra pedra, e em alguns casos raros em madeira. A partir do séc. XIX os
cachorros caem em desuso, uma vez que se passa a produzir lajes de varandas de
maiores dimensões, possibilitando o seu apoio em toda a espessura das paredes
(Freitas, et al. 2012).

(a) (b)

Figura 2.22 – (a) Cachorro de suporte a uma varanda (b) Pormenor de um cachorro (Freitas et
al., 2012)

As platibandas (Figura 2.23) podem ter um desenho simples, ou conter


elementos decorativos, estátuas ou vasos. A utilização deste elemento causa alguns
problemas técnicos relacionados com a necessidade de um algeroz que faça a recolhas
das águas pluviais, bem como da impermeabilização da junta onde a platibanda está
apoiada (Freitas, et al. 2012).

Figura 2.23 – Platibanda de um edifício antigo [W2]

20
Instalações
As instalações nas edificações antigas são rudimentares. Estas são constituídas
fundamentalmente pelas redes de instalações elétricas, redes de abastecimento de
água, redes de drenagem pluviais, redes de drenagem de esgotos residuais (Appleton
2003).

As redes elétricas são nos edifícios mais antigos exteriores às paredes, em


condições pouco seguras e funcionais.

A rede de abastecimento de água é normalmente embebida nas paredes,


abastecendo as instalações sanitárias e cozinhas, sendo as tubagens executadas em
ferro fundido, ferro galvanizado, ferro laminado (Freitas, et al. 2012).

A captação da água das chuvas, na rede de drenagem pluviais, é efetuada pelas


caleiras construídas com telhas de canudo ou telhões de maior dimensão. A água
captada é direcionada para os tubos de queda embebidos nas paredes das fachadas,
construídos em ferro fundido (Appleton 2003).

As redes de águas residuais (Figura 2.24) são executadas em paralelo com as


de abastecimento de água, são normalmente formados por um ramal ligado a uma bacia
de despejos localizada na cozinha e um tubo de queda embebido numa parede exterior
ligado à rede geral de saneamento.

Figura 2.24 – Rede exterior de esgotos pluviais e domésticos, em tubo de grés (Appleton 2003)

Os materiais mais utilizados são cerâmicos nomeadamente, nos tubos e sifões,


grés cerâmico vidrado, podendo também ser em ferro fundido (Appleton 2003, Freitas,
et al. 2012).

21
Representação esquemática de um edifício antigo pombalino

Legenda: A – Paredes para prevenção de incêndios; B – Paredes espessas (normais às


fachadas) de separação dos edifícios; C – Estacaria de madeira; D – Arcos de reforço à fundação
em caso de sismo; E- Abóbadas e escadas em cantaria no piso térreo; F – Escadas com patamar
intermédio; G – Escadas junto à fachada de logradouro p/a iluminação e resgate; H – Água-furtada

Figura 2.25 – Representação esquemática em corte de um edifício antigo Pombalino (Pinho


2000)

22
Esta representação (Figura 2.25) ilustra esquematicamente os principais
elementos que constituem um edifício antigo, descritos ao longo deste capítulo, neste
caso da época pombalina.

As fundações indiretas de estacaria de madeira (C) estão associadas a zonas


com presença de água. Estas estão apoiadas em arcos de fundação (D), servindo de
reforço em caso de sismo, e capaz de transmitir as cargas aos maciços de fundação. O
piso do rés-do-chão em é abóbada de pedra (E), sobre o qual assenta a estrutura de
suporte para o pavimento.

A estrutura da caixa de escadas é de madeira, com patamares intermédios entre


os lancis, apoiados nas paredes da caixa de escadas (F).

Segue-se um resumo em formato de tabela dos materiais usados nos elementos


construtivos descritos neste capitulo.

23
Tabela 2.1 – Resumo dos materiais usados nas paredes de edifícios antigos (Appleton 2003, Cóias
2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2008, Flores-Colen 2009)

Elemento construtivo Materiais usados

Fundações Diretas: Alvenaria de pedra aparelhada, ou tijolo


argamassado

Semi-Diretas: Alvenaria de pedra, ou tijolo


argamassada

Indiretas: Madeira de pinho, carvalho ou oliveira

Paredes Fachada e tardoz Alvenaria de pedra (calcário, granito,


exteriores xisto), podendo incluir madeira peças de
madeira

Empena e meeiras Alvenaria de pedra irregular

Paredes interiores Frontal “Esqueleto” de madeira (casquinha e


castanho) com enchimento de alvenaria
de pedra ou tijolo maciço argamassada

Tabique Madeira (casquinha, castanho, carvalho)

Revestimento de Interiores Argamassas, de areia e cal aérea ou


paredes gesso e em determinadas regiões, de
areia e saibro, azulejos, estuque

Exteriores Azulejos

Acabamento de Interiores Pintura à base de óleos


paredes
Exteriores Caiação, pintura texturada

24
Tabela 2.1 (continuação) – Resumo dos materiais usados nas paredes de edifícios antigos
(Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2008, Flores-Colen 2009)

Elemento construtivo Materiais usados

Escadas Interiores Madeira, pedra (até ao 1º piso)

Exteriores Ferro fundido, pedra

Pavimentos Estrutura Madeira (castanho, carvalho, pinho


bravo, pinho manso), abóbodas de pedra,
vigas de aço

Revestimento Soalho de madeira (pitch-pine,


casquinha, carvalho, pinho da terra, pinho
da terra), ladrilhos cerâmicos, ladrilhos de
pedra

Tetos Revestimento Estuque, argamassas de cal e areia

Acabamento Caiação, tintas de óleo

Cobertura Estrutura Madeira (castanho, carvalho, pinho


bravo, pinho manso), aço

Revestimento Cerâmica (telha de canudo, telha


romana, telha de Marselha)

Caixilharia Madeira (casquinha, pinho)

Cantarias Pedra (granito, calcário, mármore)

25
2.3 Síntese do capítulo
Neste capítulo expôs-se a caracterização e tipificação construtiva dos edifícios
antigos. Em que se referiu, num breve contexto histórico os principais tipos de estrutura
dos edifícios urbanos antigos em Portugal.

Na anatomia e caracterização construtiva das edificações antigas, descreveu-se


cada elemento que constitui o edifício, baseado na sua função e importância dentro
desse mesmo sistema construtivo, englobando as fundações, as paredes, as escadas,
os pavimentos, os tetos, as coberturas, a caixilharia, a cantaria, elementos singulares,
(entre eles os cachorros, varandas, as platibandas) e por fim as instalações.

Nessa caraterização dos elementos construtivos salientou-se, o sistema


construtivo, a sua função e os materiais empregues. Esses elementos apresentam uma
grande diversidade de soluções, estando associadas à disponibilidade de determinados
materiais na altura, consoante a região. Esta caracterização é importante para perceber
as anomalias que podem surgir nesses elementos, que serão apresentadas no capítulo
seguinte.

Os materiais dominantes, referidos ao longo deste capítulo, usados na


caracterização dos principais elementos construtivos são resumidos, em tabela, no final
do mesmo.

26
3 PATOLOGIA CORRENTE EM EDIFÍCIOS ANTIGOS
3.1 Enquadramento geral
Neste capítulo será feita uma identificação e descrição das anomalias, mais
comuns em edifícios antigos, dos elementos, descritos no capítulo 2, relacionando com
as causas prováveis para o seu aparecimento.

É relevante referir que podem surgir anomalias de forma natural, que se prendem
com o envelhecimento inevitável dos próprios materiais e ação dos agentes
atmosféricos. Contudo, além disso, a ação humana está ligada de forma negativa a
fenómenos patológicos. A ausência de estudos de segurança e de projetos na
ampliação, alteração ou adaptação do edifício, a deficiente qualidade da construção de
determinadas épocas (como é o caso da época dos “Gaioleiros”), a inadequação face
ao uso de alteração de utilização, constituem algumas causas relevantes de origem
humana.

Anomalias em fundações
As anomalias mais frequentes em fundações de edifícios antigos relacionam-se
com um conjunto variado de fatores, associados ao terreno de fundação, às fundações
ou ao edifício no seu conjunto. Os problemas em terrenos de fundação estão,
geralmente, relacionados com alterações das características dos solos, presença de
água ou descompressões provocadas por perturbações dos equilíbrios pré-existentes
(Appleton 2003).

O escoamento da água, que pode levar ao arrastamento de finos, e a execução


de movimentos de terras nas imediações de edifícios antigos, podem provocar
assentamentos das fundações (Figura 3.1). Que por sua vez dão lugar a deformações
nos edifícios, originando fendas ou em certos casos a destruição total da integridade
estrutural do edifício (Cóias 2007).

Figura 3.1 – Assentamento da fundação, afetando o cunhal (Aplpleton 2003)

27
Nas fundações indiretas por estacaria de madeira, devido ao abaixamento do
nível freático, dá-se o seu apodrecimento, provocado por fungos e insetos, originando
perda de secção das estacas de fundação, o que conduz à redução das propriedades
mecânicas das mesmas (Cóias 2007).

No caso das fundações diretas ou semidirectas, os problemas mais frequentes


associam-se ao envelhecimento dos materiais constituintes e redução da secção de
contacto entre a fundação e o solo, provocado pelo arrastamento dos elementos mais
finos da alvenaria de fundação, nomeadamente das argamassas de assentamento
(Appleton 2003).

Anomalias em paredes resistentes


As anomalias mais frequentes em paredes de alvenaria de edifícios antigos são
a fendilhação, a desagregação e o esmagamento, provocadas por causas de diferente
natureza, seja ela de natureza estrutural, ou pela presença de água e ação dos agentes
atmosféricos (Pinho 2000).

A fendilhação (Figura 3.2) das paredes de alvenaria pode dar-se em zonas


correntes das paredes, nas zonas onde se localizam aberturas para portas e janelas,
principalmente nos cantos, que constituem pontos fracos onde se localizam elevadas
concentrações de tensões, e na ligação entre paredes ortogonais (Bonshor e Bonshor
1996, Freitas, et al. 2012, Pinho 2000).

(a) (b)

Figura 3.2 – (a) Fendas numa parede resistente exterior (b) Fendas junto a cunhal (Cóias 2007)

Os assentamentos diferenciais das fundações são uma das causas principais


que contribuem para a fendilhação destas paredes. Estas fendas podem atingir toda a
largura da parede e ter inclinações que permitem a identificação das zonas críticas das
fundações onde se deram os movimentos acentuados (Appleton 2003, Binda e Saisi
2001, Bonshor e Bonshor 1996, Rato 2002).

28
A formação e amplitude da fenda pode também acontecer nas paredes
resistentes, por erros de construção e devido à própria constituição e qualidade das
alvenarias (Bonshor e Bonshor 1996, Freitas, et al. 2012, Pinho 2000).

O deficiente isolamento térmico nas coberturas em terraço pode causar


variações dimensionais na estrutura, que criam fendas horizontais na ligação parede
cobertura. Também os impulsos horizontais devidos ao abatimento de arcos ou
provocados por deficiências no funcionamento estrutural das asnas de cobertura podem
gerar fenómenos de fendilhação nas paredes que os suportam (Appleton 2003, Pinho
2000).

A desagregação (Figura 3.3) é um efeito patológico comum nas paredes


resistentes dos edifícios antigos, que pode ocorrer por progressão e do agravamento da
fendilhação existente, devido à ação dos agentes climatéricos, como sejam a alternância
entre calor e do frio, e a água das chuvas. Existem outros fatores, como por exemplo a
água proveniente de infiltrações de origens diversas, ou ainda a humidade do terreno
ascendente por capilaridade (Cóias 2007, Pinho 2000).

Figura 3.3 – Desagregação de uma parede de fachada de edifício antigo (Cóias 2007)

O esmagamento das paredes dá-se normalmente em zonas localizadas,


concretamente, nos pontos de aplicação de cargas concentradas excessivas (como é o
caso de descarga de vigas em paredes) (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas et al.,
2012).

Uma ocorrência vulgar é o esmagamento de paredes de pisos inferiores,


coincidindo com zonas de descarga de vigas metálicas substituídas nas fundações de
paredes demolidas. Outras situações de esmagamento podem ocorrer nas zonas de
contacto lateral entre as vigas de madeira e a alvenaria, e devido a construções novas
adjacentes (Appleton 2003, Cóias 2007, Pinho 2000).

29
A ação da água é o principal causador de desagregações nas paredes, por meio
infiltração da água que tendem a encontrar os pontos mais fracos (as fendas e vazios),
criando-se percursos no interior dos elementos, geralmente através das juntas de
argamassa entre pedras ou tijolos (Appleton 2003, Henriques 2007).

No seu trajeto, a água dissolve os sais solúveis das argamassas, e dos próprios
elementos constituintes da alvenaria, até que as condições de humidade e temperatura
ambiente provocam a evaporação da água e a deposição dos sais previamente
dissolvidos. Assim a deposição de sais (Figura 3.4), normalmente de cor branca, nas
superfícies das paredes (eflorescências), ou entre a parede e o revestimento
(criptoflorescências), com a formação de “bolhas” e empolamentos característicos,
reflete a degradação da alvenaria (Flores-Colen, Metodologia de Avaliação do
Desempenho em Serviço de Fachadas Rebocadas na Óptica da Manutenção
Predicativa. Tese de Doutoramento em Engenharia Civil 2009, Henriques 2007, Pinho
2000).

Figura 3.4 – Representação esquemática da formação de eflorescências e criptoeflorescências


(Pinho 2000)

Nas paredes resistentes que incorporam elementos de madeira (com exemplo


mais legítimo a parede de frontal, com as cruzes de “Santo André”), verifica-se
vulgarmente o apodrecimento da própria madeira, devido a fungos de podridão ou
ataques de insetos (térmitas e carunchos), sendo anomalias relacionadas com a
presença sazonal de humidade nas paredes. Este tipo de degradação pode verificar-se
nas paredes atravessadas por tubagens de redes de água e esgotos, que sendo
tubagens rígidas não compatíveis com a elasticidade das paredes compostas por
elementos de madeira, leva ao aparecimento de roturas (Cóias 2007, Pinho 2000,
Weaver 1997).

30
Anomalias em paredes de compartimentação
As anomalias registadas nas paredes interiores dos edifícios antigos estão,
como no caso das paredes exteriores, igualmente relacionadas com as suas
características construtivas e funcionais (Appleton 2003, Pinho 2000).

Os assentamentos diferenciais, seguidos da fendilhação das paredes resistentes


e deformação excessiva de pavimentos da madeira, são situações que podem obrigar
à mobilização da capacidade resistente destas paredes, que vai para além do previsto
inicialmente. Efetivamente, o acréscimo das cargas em paredes com limitações de
resistência a esforços de compressão, leva a um conjunto de anomalias próprias de
paredes estruturais esbeltas e deformáveis, como os abaulamentos, relacionados com
a instabilidade de encurvadura, própria do tabique, e esmagamentos detetáveis pela
ocorrência de fendas da compressão excessiva ou de empolamentos dos rebocos
(Appleton 2003, Cóias 2007).

Estas anomalias referidas podem ainda aparecer após intervenções de


remodelação, com remoção de paredes, efetuadas pelos proprietários dos fogos, em
pisos alternados, criando um sobrecarregamento dos pavimentos subjacentes e
consequente deformação, o que provoca uma situação patológica em cadeia (Cóias
2007, Pinho 2000). Exceto zonas de ligação com as paredes exteriores e zonas que
delimitem áreas húmidas dos compartimentos ou atravessadas por tubagens de águas
e esgotos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al. 2012)

As formas mais correntes de fendilhação (Figura 3.5) nas paredes de


compartimentação sem vãos englobam maioritariamente os seguintes casos: retração
dos panos de parede, variações térmicas que provocam a dilatação do pavimento
superior, assentamento diferencial da fundação, e deformação excessiva por flexão dos
pavimentos.

31
Figura 3.5 – Esquemas de fendilhações e respetivas causas mais frequentes em paredes de
compartimentação de edifícios antigos (Pinho 2000)

Anomalias em revestimentos e acabamentos de paredes


As anomalias nos revestimentos de paredes dos edifícios antigos estão
diretamente relacionadas com as dos próprios suportes, havendo, no entanto, alguns
aspetos específicos a salientar.

Nas paredes rebocadas, a fendilhação do reboco pode ser devido à do próprio


suporte, que acompanha os movimentos e deslocamentos do mesmo. Também pelo
facto de o suporte ser demasiado poroso, que absorvendo água infiltrada, produzem
fissuras internas, que ocasionalmente podem manifestar-se na superfície. No entanto,
quando a fendilhação afeta apenas o reboco (Figura 3.6), é provavelmente devida à
retração das argamassas à base de cimento. Contudo pode ainda estar na origem de
diversos tipos de fissuras, a falta de continuidade construtiva entre o reboco e o suporte,
não só pela falta de aderência inicial, mas também por os materiais possuírem diferentes
coeficientes de dilatação térmica (Magalhães 2002).

Figura 3.6 – Fissuração afetando apenas o reboco devido à sua retração (Magalhães 2002)

32
Ainda relativamente à fendilhação do reboco, pode levar ao seu aparecimento,
uma deficiente dosagem na execução da argamassa e uma aplicação inadequada da
espessura de uma camada de revestimento. Um aumento indefinido da espessura
conduz a outro problema, o destacamento do revestimento. Este fenómeno está
geralmente associado a revestimentos com argamassas à base de cimento (Magalhães
2002, Pinho 2000)

A água é responsável no seu percurso para o interior da parede pelo transporte


sais, que depois de dissolvidos, cristalizam com a evaporação da água, atingindo a
superfície da parede, dando origem às eflorescências (Figura 3.7), de cor branca ou
bege.

A desagregação é característica de rebocos, com baixa resistência mecânica, à


base de cal, e sobretudo quando existem pinturas poucos permeáveis ao vapor de água
(Henriques 2007, Magalhães 2002, Pinho 2000, Rodrigues e Gonçalves 2005).

Figura 3.7 –Eflorescências [W1]

As manchas de humidade (Figura 3.8) estão essencialmente associadas à


presença de água e à inexistência ou falta de condições de elementos que impedem o
contacto da mesma com a construção. A sua origem pode ser de: construção, em que
a água empregue começa a causar danos por não ser feita uma evaporação perfeita;
por condensação, onde o vapor de água gera condensações no interior do edifício, por
falta de ventilação.

Também pode ter origem por ascensão da água por capilaridade, através da
estrutura porosa do material em contacto com a água do terreno; devido à precipitação
que quando associada à atuação do vento pode conduzir à sua infiltração;

Outra fonte pode se dever a fenómenos de higroscopicidade, onde os sais


presentes nos revestimentos absorvem e fixam a água em quantidade superior aos
materiais de revestimento (Flores-Colen et al. 2006, Magalhães 2002, Pinho 2000,
Rodrigues e Gonçalves 2005).

33
(a) (b) (c)

Figura 3.8 – Manchas de humidade por capilaridade ascensional (b) Manchas de humidade de
condensação (c) Manchas de humidade por rotura do tubo de queda [W1]

Os revestimentos em paredes exteriores estão particularmente sujeitos aos


agentes atmosféricos, em especial, a ação abrasiva do vento, que transporta poeiras e
areias, causando desgaste; à ação da água das chuvas; e além disso pode ser relevante
o efeito das variações acentuadas de temperatura (Appleton 2003, Flores-Colen, et al.
2006, Pinho 2000).

O esmagamento dos rebocos (Figura 3.9) pode acontecer pelas razões referidas
nas anomalias de paredes, e por meio do desenvolvimento de tensões muito elevadas,
o que justifica a compressão excessiva destas camadas, que podem, contudo, não
afetar a estrutura da parede. Este fenómeno pode, mais uma vez, estar relacionado com
a fraca resistência mecânica dos rebocos à base de cal (Appleton 2003, Magalhães
2002).

Figura 3.9 – Destruição do reboco por ação dos agentes climáticos, associada à falta de
aderência e falta de resistência mecânica da argamassa (Appleton 2003)

Esta última situação ocorre de forma semelhante no caso dos revestimentos de


azulejos, que pelos mesmos motivos se pode dar o desprendimento (Magalhães 2002,
Pinho 2000).

34
Uma outra situação particular prende-se com as anomalias verificadas nas
paredes resistentes que incorporam peças de madeira, em que os problemas mais
usuais correspondem a uma diminuição e consequente perda de aderência entre o
reboco e a madeira e ainda aos efeitos associados ao empolamento provocado pela
corrosão de elementos metálicos incorporados (Appleton 2003, Magalhães 2002, Pinho
2000).

Um dos acabamentos mais comuns dos revestimentos exteriores, é à base de


caiação, o que constitui um problema deste acabamento, pelo facto de a caiação ser
lavável pela água da chuva, nomeadamente quando não se utiliza produtos fixantes.
Não estando sujeitas a esse tipo de agentes atmosféricos, a durabilidade da caiação
das paredes interiores é muito mais elevada. Outros acabamentos por pintura podem
sofrer na mesma empolamento e destacamento (Figura 3.10) (Appleton 2003,
Magalhães 2002).

Figura 3.10 – Destacamento/Empolamento do acabamento por pintura (Appleton 2003)

Além do destacamento da pintura nas paredes exteriores (Figura 3.11), é vulgar


a alteração do aspeto, sobretudo das cores e do tom, devido basicamente, à sujidade
acumulada nas superfícies, resultante da poeira transportada pelo vento e em produtos
químicos diversos associados à poluição atmosférica, e também ao efeito dos raios
solares ultravioletas. Ainda a salientar que as escolhas de tintas texturadas, pela sua
maior superfície específica, favorecem a retenção de poeiras e sujidade (Flores-Colen
2006, Magalhães 2002, Pinho 2000).

35
Figura 3.11 – Destacamento/Desagregação de um acabamento por pintura (Pinho 2000)

Anomalias em pavimentos
Como mencionado, a maior parte dos pavimentos são de madeira, tanto a
estrutura como o revestimento dos pisos, fugindo a essa regra, casos especiais de
pavimentos com formas estruturais à base de abóbadas e arcos.

Nos pavimentos de madeira, identificam-se as anomalias associadas ao


processo de envelhecimento do material ao nível de certas características mecânicas,
sendo que as ocorrências mais vulgares correspondem à deformação excessiva das
vigas de pavimentos, eventualmente agravado pela existência de empenamentos,
fendas e outras deteriorações (Appleton 2003, Martins e Fioriti 2015).

Contudo, as anomalias mais preocupantes em pavimentos de madeira


correspondem aquelas relacionadas com a presença de água e os seus efeitos na
construção. A humidade de precipitação ocorre a partir de infiltrações por meio da
caixilharia exterior, das próprias paredes e coberturas, afetando os pavimentos, na
medida em que, cria-se condições propícias ao desenvolvimento de fungos de podridão
(Figura 3.12 (b)), assim como, com alternâncias de temperaturas, proliferam insetos
xilófogos, em particular térmitas e carunchos, tal como acontece nas paredes com
elementos de madeira. As atuações destes agentes agressores conduzem a uma
redução da secção útil das peças, como a destruição dos apoios, o que leva a
movimentos verticais e rotações.

O efeito visual destes fenómenos corresponde a uma deformação acentuada dos


pavimentos, com flechas a meio vão. Outras deformações excessivas têm origem
exterior ao pavimento, relacionando-se com as anomalias já mencionadas ao nível das
paredes resistentes. De salientar que todas estas situações patológicas podem
igualmente atingir os revestimentos de pavimento em madeira (Appleton 2003, Costa,
et al. 2007, Freitas, et al. 2012).

36
(a) (b)

Figura 3.12 – (a) Pavimento do rés-do-chão degradado devido à humidade do terreno (Appleton
2003) (b) Pavimento com podridão devido à ação da água (Cóias 2007)

A humidade do terreno (Figura 3.12 (a)), apenas tem expressão ao nível dos
pavimentos térreos, quer pelo seu contacto direto com o terreno, que pela ocorrência de
fenómenos de ascensão por capilaridade por meio das paredes (Appleton 2003, Costa,
et al. 2007)

Quanto aos pavimentos com estrutura à base de arcos e abóbadas de alvenaria


de pedra ou tijolo, as anomalias típicas, já foram referidas causas no ponto das paredes
resistentes, como os esmagamentos, a desagregação e fendilhação. Uma outra razão
para a fendilhação, pode dever-se ao agravamento das cargas sobre os arcos e
abóbadas, que provocam a sua deformação (Figura 3.13), por força da execução de
camadas sucessivas de enchimentos pesados, destinadas a fazer o nivelamento dos
pavimentos, sem que se verifique as condições de segurança, antes da sua execução
(Appleton 2003, Cóias 2007).

Figura 3.13 – Deformação excessiva de um pavimento em abóbada (Cóias 2007)

Os revestimentos de pavimentos à base de pedra apresentam mais


frequentemente, o desgaste devido ao uso, fendilhação e fraturas, ligadas a problemas
de assentamento dos elementos de revestimento, e as desagregações, associadas a
fenómenos físicos e químicos, usualmente de reação com a água e agentes de limpeza.
Estes problemas assinalados dependerão das características do elemento pétreo,
concretamente, da dureza superficial, da porosidade e das condições de uso (Appleton
2003, Weaver 1997).

37
Revestimentos à base de materiais cerâmicos, tijoleiras e ladrilhos, exibem
anomalias similares, evidenciando-se a fendilhação e fracturação, devido a dilatações e
contrações de origem térmica, podendo estar associadas ou não a movimentos de
assentamento da base do pavimento, que associado à ausência ou deficiente espessura
das juntas pode provocar ainda o desprendimento dos ladrilhos (Appleton 2003).

Nos pavimentos com peças metálicas, como vigas de aço, a anomalia


característica é a corrosão desses elementos (Figura 3.14), que consiste na formação
de óxido de ferro devido à presença de humidade, causando um aumento de volume da
peça, que por sua vez gera tensões nas alvenarias e rebocos. Sucede-se o
empolamento desses materiais, seguindo-se a fendilhação e consequente
desagregação (Appleton 2003, Freitas, et al. 2012).

Figura 3.14 – Corrosão de vigas metálicas em pavimentos (Appleton 2003)

Anomalias em tetos
Na generalidade as anomalias encontradas nos revestimentos de tetos, já foram
tratadas de forma indireta, noutros pontos. Concretamente, os revestimentos à base de
argamassas apresentam anomalias similares aos revestimentos em paredes, e os
revestimentos de madeira nos pavimentos apresentam um quadro patológico idêntico
ao que se descreveu nos pavimentos.

Nos casos dos revestimentos de teto à base de gesso as anomalias mais usuais,
são as fendilhações (Figura 3.15 (b)) e deformações excessivas, que se podem associar
à incapacidade dos tetos acompanharem a deformação das estruturas dos pavimentos,
a vibrações estruturais ou a fenómenos de retração das argamassas de gesso (Appleton
2003, Pinho 2000).

38
(a) (b)

Figura 3.15 – (a) Teto estucado com destacamento da pintura e manchas de humidade
(Appleton 2003) (b) Fissuração em elemento decorativo no teto em gesso (Freitas, et al. 2012)

Os acabamentos por pintura com caiação de tetos rebocados ou estucados


apresentam os mesmos fenómenos patológicos desses mesmos acabamentos nas
paredes.

Anomalias em coberturas
As coberturas de edifícios antigos são um elemento construtivo que apresenta
um quadro patológico sistemático, pelo facto de ser um elemento envolvente do edifico,
sujeito à ação da água da chuva, das variações de temperatura, do vento carregado de
poeiras, da poluição, etc.

A estrutura de madeira, deforma-se naturalmente, contudo contribuem também


para o seu agravamento, alterações da sua configuração geométrica, que é
acompanhada por movimentos de adaptação do próprio revestimento da cobertura
(Appleton 2003, Branco, et al. 2004)

(a) (b)

Figura 3.16 – (a) Deterioração de uma viga de madeira (perda de secção útil) por efeito de
agentes agressores (Freitas, et al. 2012) (b) Deformação excessiva da estrutura de uma cobertura
(Appleton 2003)

39
A infiltração da água da chuva, que entra em contacto com a estrutura de
madeira dá origem à sua humidificação. Esta situação, como referido anteriormente,
provoca deteriorações características da madeira, as perdas de secção ou degradação
da resistência e capacidade resistente do próprio material, que leva inevitavelmente a
um aumento da deformação da estrutura da cobertura (Appleton 2003, Cóias 2007,
Costa, et al. 2007).

A ação da água da chuva também é especialmente gravosa, nas situações em


que haja infiltrações nas zonas correntes da cobertura, ou relacionadas com problemas
na rede de drenagem de águas pluviais. Sendo que, as principais anomalias em
revestimentos de coberturas dependem do tipo de cobertura, coberturas em terraço ou
coberturas inclinadas (Appleton 2003, Freitas, et al. 2012).

Nas coberturas inclinadas, as anomalias mais representativas dos revestimentos


à base de telha cerâmica, podem dever-se a: telhas partidas; telhas mal colocadas ou
desviadas da sua posição (destacando-se nessa situação a telha de “Marselha”);
aumento do peso da cobertura, pela colocação de camadas de argamassa nos canais
do telhado; inexistência ou danificação de telhas de ventilação, passadeiras ou remates
(Appleton 2003, Cóias 2007).

(a) (b)

Figura 3.17 – (a) Ausência do revestimento em telha marselha (b) Sujidade e colonização
biológica no revestimento (Freitas, et al. 2012)

Anomalias em escadas
Como referido, as escadas de edifícios antigos são predominantemente
executadas de madeira, excetuando-se as escadas exteriores e degraus de arranque
em pedra, além das escadas metálicas exteriores em edifícios no final do séc. XIX.

Neste sentido, as anomalias em escadas de madeira, já foram referidas nos


pontos em que se trata de paredes, pavimentos e coberturas, embora o efeito da água
da chuva seja de menor relevo, senão em relação às infiltrações através de paredes
laterais encostadas a outro edifício (paredes de empena), ou através de claraboias
existentes sobre as escadas, nas construções do século XIX e XX.

40
Ainda deve assinalar-se as ações mecânicas, em particular o desgaste a que os
degraus estão sujeitos, assim como a remoção de paredes de tabique onde possam
estar apoiadas e a remoção de troços de escadas, pode levar ao assentamento das
mesmas (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al. 2012).

Figura 3.18 – Manchas de humidade nas paredes da caixa de escadas (Freitas, et al. 2012)

Nas escadas de pedra enfatiza-se o desgaste, as fendas e fraturas das suas


partes constituintes. Já em escadas com elementos metálicos (em aço), o fenómeno
patológico com mais relevância é naturalmente a oxidação (Appleton 2003, Freitas, et
al. 2012).

Anomalias em caixilharia
Os elementos de caixilharia nos edifícios antigos são usualmente de madeira
(Figura 3.19), embora em muitos casos não seja a original, podendo já ter sido
substituída.

As principais anomalias destes elementos já foram abordadas nos outros pontos,


sendo as anomalias mais condicionantes devido à ação da humidade, que favorece
apodrecimento e ao ataque de fungos e insetos, intensificando a sua deterioração.

Os componentes exteriores, como as portas e janelas, são particularmente


vulneráveis, pela sua localização no edifico, e exposição direta aos agentes
atmosféricos, e caso tenham algum tipo deficiência na sua estanquidade, consegue
provocar degradações nos restantes elementos construtivos, principalmente as paredes
e os pavimentos (Figura 3.20) (Appleton 2003, Freitas, et al. 2012).

41
Figura 3.19 – Deterioração da caixilharia de madeira (Pinho 2000)

A utilização de caixilharia metálica é corrente sobretudo nas soluções de


marquises no final do séc. XIX. Os aspetos a destacar referem-se à própria degradação
do material, com maior relevância a corrosão, resultando na perda de secção (Appleton
2003, Freitas, et al. 2012)

Figura 3.20 – Alteração de elementos de madeira na sequência de infiltrações por janelas de


fachadas (Appleton 2003)

Anomalias em cantarias
A pedra de cantaria apesar de usualmente exibir um estado de conservação mais
satisfatório do que elementos de outros materiais, como os revestimentos de argamassa
e caixilharia de madeira, apresenta com frequência algumas anomalias. Como o
desgaste da pedra, pela água da chuva que provoca a dissolução da pedra (como
acontece com pedras calcárias), que pode ser agravada por efeitos químicos
relacionados com a poluição atmosférica.

Os edifícios situados em meio urbano estão sujeitos à deposição de sujidade,


produzida pela poluição atmosférica, podendo constituir uma forma vulgar de sujidade,
as crostas negras (Figura 3.21). Na maior parte dos casos estas peliculas apresentam-
se como películas finas (0,5 a 2-3 mm) uniformes que cobrem a pedra calcária (Cóias
2006, Weaver 1997).

42
Figura 3.21 – Crostas negras (Freitas, et al. 2012)

É também comum a fendilhação e fraturação (Figura 3.22), devido a


assentamentos de fundações, de choques acidentais e ainda fenómenos de corrosão
de elementos metálicos embebidos nas cantarias (chumbadouros e tirantes de ferro
fundido).

Figura 3.22 – Fenda sobre cantaria resultante de assentamentos diferenciais (Freitas, et al.
2012)

Pode também ocorrer eflorescências, relacionadas com a migração de sais


através da pedra, podendo os sais, ter origem na própria pedra (por exemplo como nos
calcários), ou sendo provenientes de rebocos, ou até águas infiltradas, ou ascendentes
do solo (Appleton 2003, Weaver 1997).

Os agentes biológicos também podem provocar deterioração na pedra, através


de processos descritos coletivamente como “biodegradação” caso como: a perturbação
física das raízes das plantas (Figura 3.23), e presença de líquenes; bem como a
colonização por algas e fungos que favorece a dissolução das pedras (Weaver 1997).

Figura 3.23 – Vegetação biológica (desenvolvimento de uma figueira) sobre cantaria (Freitas, et
al. 2012)

43
Anomalias em instalações
Nas instalações de distribuição de águas e redes de drenagem de águas
residuais, os problemas que se podem encontrar são similares, verificando-se situações
como: roturas nas tubagens, por acompanhamento do movimento das paredes, na
sequência de assentamentos diferenciais nas fundações, e ainda devido ao próprio
envelhecimento do material e corrosão; entupimento, no caso das de distribuição de
água, sobretudo de águas quentes, devido a deposições de calcários.

Já no caso das redes de drenagem o entupimento deve-se principalmente à


obstrução provocada pela deposição de gorduras. Estes entupimentos provoca o refluxo
das águas, que não podendo escoar, derramam através das juntas entre tubagens
(Appleton 2003, Freitas, et al. 2012)

A rede de drenagem de águas pluviais, onde se inclui todas as zonas e


elementos para assegurar o escoamento da água das chuvas, abrange as caleiras e
algerozes, remates com edifícios confinantes, remates com platibandas, claraboias e
outras construções emergentes, e outras zonas singulares. O entupimento das redes de
drenagem, em particular, das caleiras e tubos de queda, é um problema frequente por
falta de manutenção.

Outras anomalias que se podem assinalar são a degradação das redes de


drenagem, particularmente as caleiras e tubos de queda; o arrancamento e destruição
de elementos de zinco, como os algerozes, pela ação do vento; e a corrosão de
elementos metálicos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al. 2012).

Os principais problemas nas instalações elétricas de edifícios antigos


relacionam-se com o facto de essas redes serem obsoletas e não cumprirem as
exigências de segurança, com o agravamento de ausência de dispositivos de proteção
(Freitas, et al. 2012).

3.2 Metodologia de um diagnóstico – sistematização


A realização do diagnóstico é essencial para uma correta intervenção sobre a
construção e terá de acontecer anteriormente a qualquer ação de projeto ou construtiva.

Nos edifícios antigos é vital assegurar uma manutenção regular e permanente,


numa diversidade de casos específicos de problemas que possam ocorrer, há que
procurar uma sistematização no diagnóstico de anomalias que podem contribuir para a
sua degradação, conseguindo, assim respeitar e manter a obra histórica e artística
desse tipo de edifício, seja especificamente, o caso de um monumento ou um edifício
de valor cultural e histórico (Carta de Atenas, 1931).

44
Existem entidades em Portugal e comissões que trabalham para a conservação
dos sítios património cultural. Como é o caso do ICOMOS (Comissão Portuguesa do
Conselho Internacional de Monumentos e Sítios), sendo uma organização não-
governamental global deste género, dedicada à promoção da aplicação da teoria,
metodologia e técnicas científicas para a conservação do património arquitetónico e
arqueológico. O seu trabalho desenvolvido é baseado nos princípios consagrados na
Carta Internacional para a Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios, que se
baseou na anteriormente nos princípios básicos referidos Carta de Atenas (1931) (Carta
de Veneza 1964).

O ICOMOS contribui para o aperfeiçoamento e melhoria da preservação do


património, das normas, e das técnicas para cada tipo de bem do património cultural:
edifícios, cidades históricas, paisagens culturais e sítios arqueológicos e as suas
recomendações na boa prática de um diagnóstico assentam nos seguintes pontos,
baseados nos artigos referidos na Carta de Veneza (1964):

 Objetivos: A conservação e o restauro de construções de caráter cultural


visam salvaguardar tanto a obra de arte como o testemunho histórico;
 Conservação: A conservação de monumentos implica uma manutenção
permanente dos mesmos; é sempre favorecida pela sua adaptação a
uma função útil à sociedade, sem alterar a disposição e decoração do
edifício;
 Restauro: O restauro destina-se a conservar os valores estéticos e
históricos dos monumentos e históricos, em que sempre que as técnicas
tradicionais se revelem inadequadas, a consolidação da construção pode
ser salvaguardada com o apoio de técnicas modernas, cuja eficácia tenha
sido comprovada por dados científicos e garantida pela experiência;
 Sítios monumentais: Os sítios monumentais devem ser objeto de
cuidados para salvaguardar a sua integridade, organização e
valorização.
 Escavações: Os trabalhos de escavação devem efetuar-se em
conformidade com normas científicas e com a “Recomendação definidora
dos princípios internacionais a aplicar em matéria de escavações
arqueológicas”, adotada pela UNESCO;
 Documentação e Publicação: Os trabalhos de conservação, de
restauro e de escavação serão sempre acompanhados pela compilação
de uma documentação precisa de desenhos e de fotografias, que será

45
guardada em arquivos e colocada à disposição de quem a quiser
consultar.

Além do ICOMOS existem outros organismos e comissões em diversos países,


responsáveis pela preservação de edificações. Cada país criou ao longo do tempo, a
sua própria base de dados, de catálogos relativamente a anomalias das mesmas.

Nos subcapítulos que se seguem, apresenta-se, de forma sintética, alguns


exemplos de maior relevância dos métodos de diagnóstico e estratégias de reabilitação,
que podem ser utilizados em edifícios antigos (não incluindo monumentos), tanto a nível
nacional como internacional, em que a escolha dos mesmos refere-se aos métodos que
sistematizam o conteúdo informativo por meio de fichas. Conhecer esses documentos
é crucial para servir de base e compreender os aspetos neles abordados, para que se
consiga cumprir o objetivo da realização do catálogo proposto.

Nas oito metodologias de sistematização que se seguem, três delas não foram
objeto de análise no trabalho desenvolvido por Machado (2014). As restantes cinco
apesar de apresentadas, consideraram-se por serem relevantes para edifícios antigos,
tendo sido acrescentada alguma informação.

3.2.1.1 Defect action Shet – BRE (1982)

Esta organização denominada Building Research Establishment (BRE) é


especializada em edifícios, que analisa regularmente, o que lhe permite uma vasta
coleção de relatórios. Estes relatórios, além de constituírem uma base de dados
importante sobre os edifícios, podem também ser usados para fornecer um feedback
aos profissionais da construção. O seu principal objetivo consiste concretamente em
disponibilizar informação necessária aos profissionais da construção, para prevenir e
corrigir possíveis erros ou anomalias dos edifícios (Abrantes e da Silva 2012, Lima
2009).

Foram elaboradas e publicadas 144 fichas, entre 1982 e 1990, intitulados


coletivamente “Defect Action Sheet” – DAS. A informação destas fichas é apresentada
nos seguintes campos (CIB 2013):

 Descrição da patologia;
 Descrição das causas;
 Medidas de prevenção princípio e prática;
 Referências e leituras complementares.

46
3.2.1.2 Fichas de Reparação de Anomalias – LNEC (1985)

No âmbito do 1º Encontro relativamente à Conservação e Reabilitação de


Edifícios de Habitação em Junho de 1985, realizado no LNEC, apresentou-se a
metodologia para a elaboração de “Fichas de Reparação de Patologias”, que tiveram
por base fontes bibliográficas de origem inglesa. Essa situação emerge da necessidade
de apresentar de forma concisa e organizada a vasta matéria existente sobre patologias
na construção, visto que nessa época a informação sobre o tema se encontrava
dispersa e desorganizada (Abrantes e da Silva 2012, LNEC 1985).

A listagem de fichas proposta encontra-se organizada em três capítulos


fundamentais, nomeadamente, “Patologia Estrutural”, “Patologia Não Estrutural” e
“Instalações”.

Essas fichas de reparação, compreendem um cabeçalho identificativo das


anomalias relacionadas com os materiais. O cerne da ficha é composta pelo campo
“sintomas” onde se explica a anomalia. No campo “exame” lista-se as diferentes
técnicas de verificação de sinais, para confirmar a existência de anomalias. Já no
“Diagnóstico das Causas” são abordadas as causas que poderão ter provocado as
anomalias. No último campo “Reparação” são feitas sugestões para reparar anomalia e
um procedimento antes de se proceder à reparação (Abrantes e da Silva 2012).

3.2.1.3 Cases of failure information sheet – CIB (1993, 2013)

Antigamente a abreviatura CIB francesa correspondia ao Conseil International


du Bâtiment (Conselho Internacional da Construção) tendo sido estabelecida em 1953.
Atualmente corresponde ao acrónimo de International Council for Research and
Innovation in Building and Construction, tendo alterada para essa designação no
decorrer de 1998 (Conselho Internacional para a Investigação e Inovação da Construção
Civil). O CIB é formado por um grupo de trabalho encarregue da investigação,
divulgação e estudo da patologia na construção, mais propriamente denominado por
W086 Building Pathology (CIB 2013).

Em Junho de 1993, foi apresentado um modelo de fichas de patologias


designadas “Cases of Failure Information Sheet” (Abrantes e da Silva 2012, Sousa
2004). O modelo de ficha “Cases of Failure Information Sheet” desenvolvido reúne a
informação do campo da patologia, propondo a seguinte estrutura: “identificação do
elemento afetado”, “descrição da anomalia e suas causas”, “descrição da anomalia
recorrendo a representação gráfica”, “identificação das dos agentes causadores da
anomalia”.

47
No Encontro de Vancouver, em Junho de 1999 do CIB W086 Building Pathology
foi sugerida a criação de um fórum aberto, no qual se poderia publicar estudos de casos
de patologia, tendo sido denominado por “Building Pathology Forum” (BPForum) (CIB
1999).

No ano de 2013, no relatório divulgado pelo CIB W086 são anunciados


desenvolvimentos no estudo sobre patologia em construção, tendo novas propostas de
fichas para a avaliação das anomalias, fichas de técnicas de diagnóstico, fichas de
reabilitação, além de dados estatísticos e outros conteúdos informativos na patologia e
prática da reabilitação (CIB 2013).

Estas fichas de diagnóstico destacam quatro campos indispensáveis, a


“descrição do ensaio ou técnica”, que faz um resumo esclarecedor das informações
básicas da técnica. O “procedimento” que descreve os passos na execução do ensaio
ou a forma de aplicação da técnica. No ponto dos “resultados”, são mostrados os
resultados obtidos dos ensaios, ao passo que na “interpretação” são discutidos os
resultados que permitem tirar as devidas conclusões (CIB 2013)

3.2.1.4 Metodologia de Quantificação Causa – Efeito QCE (1994)

O método de análise de fenómenos patológicos, denominado por Metodologia


de Quantificação Causa – Efeito, for criado por Alfredo Soeiro e Rui Taborda, tendo sido
publicado no livro do 2º encore, pelo LNEC (Abrantes e da Silva 2012, Sousa 2004).

Os autores desta metodologia apresentaram a resolução das anomalias através


da formulação de matrizes inter-relacionáveis. As matrizes seriam compostas por
parâmetros quantificáveis mais relevantes, retiradas de informação de processos de
diagnóstico reais. Este método tem como base um levantamento exaustivo de
informações sobre cada patologia e a utilização de técnicas de previsão e de correlação
(Abrantes e da Silva 2012).

Este processo, expressa a necessidade de obter o máximo de informação


possível sobre os fenómenos patológicos, geralmente verificadas nos edifícios,
resumindo-a a um conjunto de conceitos, onde é necessário esclarecer e correlacionar
de modo a ser facultada uma análise lógica e fundamentada entre as respetivas causas
e efeitos das anomalias (Abrantes e da Silva 2012, Soeiro e Taborda 1994).

Numa primeira fase, efetua-se o levantamento dos dados, com o objetivo de


receber a máxima informação possível sobra cada anomalia. Esta informação é obtida
através dos documentos técnicos do edifício, relativamente às fases, de projeto,
construção e manutenção (Soeiro e Taborda 1994).

48
Na segunda etapa, a fase de previsão, realiza-se a identificação das variáveis
mais relevantes para cada anomalia que se analisa. Seguidamente faz-se um estudo
probabilístico de cada variável selecionada (Lima 2009, Soeiro e Taborda 1994, Sousa
2004).

A fase que se segue refere-se à construção da matriz de correlação, onde se


junta todas as variáveis anteriormente identificadas, cujo propósito é conhecer o grau
de interdependência entre os intervenientes (Lima 2009, Soeiro e Taborda 1994).

Esta metodologia tem afinal, dois objetivos fundamentais, o de obter um conjunto


de soluções de reparação, e estabelecer um conjunto de premissas que podem ser
seguidas ao longo da vida da construção, de forma a precaver ou diminuir a
manifestação das anomalias (Soeiro e Taborda 1994).

3.2.1.5 Metodologia de Diagnóstico de Patologias em Edifícios – DPE (2001)

Esta outra metodologia surge na dissertação de doutoramento de Rui Calejo,


que propõe na mesma linha da metodologia de quantificação causa-efeito, um conjunto
de encadeamento lógico, na tentativa de convergir para a melhor solução a adotar num
projeto de reabilitação (Abrantes e da Silva 2012).

O método proposto sugere que a abordagem das anomalias existentes num


edifício possa ser executada segundo duas formas distintas de intervenção, pontual e
global, sendo que, para cada uma delas, é sugerido um modelo de elaboração do
diagnóstico e execução do projeto de intervenção. As propostas baseiam-se
essencialmente em rotinas tipo com procedimentos padrão, para que a aplicabilidade
da metodologia seja vasta, envolvendo um número variado de situações (Abrantes e da
Silva 2012).

A intervenção é pontual quando se planeia apenas o tratamento pontual de uma


patologia, normalmente única, localizada e de extensão espacial limitada. Os casos
pontuais são abordados segundo uma metodologia padronizada, na qual o diagnóstico
assume um papel fundamental, contribuindo para o sucesso das intervenções. Uma
intervenção global ocorre quando os edifícios são abordados de forma integral com o
objetivo de responder à totalidade das patologias existentes. Contudo, a fronteira entre
estes dois tipos de intervenção nem sempre é de separar, pelo que muitas vezes é
possível a existência de uma terceira forma de intervenção, podendo ser designada por
“mista” (Calejo 2001, Lima 2009).

De uma forma geral os procedimentos a realizar numa intervenção são os


seguintes (Calejo 2001):

49
 Caracterização da situação:
o Subdivisão do edifício (em zonas, elementos construtivos ou
ainda recorrendo aos Elementos Fonte de Manutenção – EFM);
o Levantamento das manifestações (inspeção e/ou inquérito);
o Associação de manifestações (agrupamento de manifestações
semelhantes criando Grupos de Manifestações e Afins – GMA);
o Exame da listagem e exclusão de diagnósticos; matriz de
diagnósticos
 Projeto experimental
 Projeto de execução

A sistematização das anomalias encontradas efetua-se por meio de um quadro


de dupla entrada no qual se associam o local e a manifestação)

Ao agrupar-se a informação consegue-se criar uma matriz de diagnóstico, que


tem como finalidade resumir num único quadro a estrutura patológica do edifício. Em
cada grupo de manifestações retiradas da fase de exame são estabelecidas de uma
forma matricial as respetivas causas, sendo referenciado, de forma simples a fiabilidade
do diagnóstico (Calejo 2001).

3.2.1.6 Fichas de Diagnóstico e de Intervenção – FDI (2003)

Esta proposta das “Fichas de Diagnóstico e de Intervenção” deriva de um


trabalho elaborado por Vítor Abrantes, Rui Calejo e Helena Corvacho, no âmbito do
Sistema Integrado de Manutenção de Edifícios de Habitação (SIMEH), com o propósito
principal de gestão e manutenção de um extenso parque de habitação social (Abrantes
e da Silva 2012).

O sistema proposto nas fichas assenta em procedimentos tipo e no constante


registo de todas as intervenções, sendo sustentado por uma ferramenta informática
(Antunes e Corvacho 2006). Os dados a preencher relativamente à patologia, organiza-
se de forma estruturada em cinco campos fundamentais (Antunes e Corvacho 2006):

 Informação geral;
 Caracterização do local onde se manifesta a anomalia;
 Descrição da manifestação/Exame;
 Observações;
 Informação a preencher pelo técnico.

50
No caso em que após efetuada a conclusão do “Diagnóstico Preliminar”, se a
recolha da informação não for suficiente para que seja possível a identificação exata da
anomalia existente, torna-se essencial uma análise mais detalhada. Nestas situações e
com base em presumíveis anomalias, deve-se proceder à realização de “Diagnósticos
Específicos” com o objetivo de conduzir um novo levantamento de informação, mais
detalhado (Abrantes e da Silva 2012).

3.2.1.7 Fichas de Apresentação dos Métodos Correntes de Inspeção e Ensaio –


Cóias (2006)

O autor Vítor Cóias apresenta no seu livro, “Inspeções e ensaios na reabilitação


de edifícios” (2006), 44 fichas de métodos correntes de inspeção e ensaio, com base na
experiência do autor e da sua equipa e literatura especializada, podendo encontrar-se
fichas que se adequam não só a edifícios correntes, mas também a edifícios antigos.
As fichas podem ter mais do que 2 páginas, podendo chegar a 5. A informação distribui-
se maioritariamente por quatro campos: “introdução”, “equipamento”, “metodologia”
“campo de aplicação” e “referência bibliográfica”. Estas fichas podem ter subcampos
divididos em 2 ou 3 tópicos, que podem variar consoante cada técnica consultada (Cóias
2006)

3.2.1.8 Fichas de Técnicas de Diagnóstico – Abreu (2013)

Um método de análise recente da autoria de Domingos Abreu em 2013, através


da elaboração de um catálogo de fichas de técnicas de diagnóstico, que no seu conjunto
embora sem que faça distinção, contém fichas aplicáveis a construções antigas, neste
trabalho de dissertação de mestrado pela FEUP (Abreu 2013).

Esta ficha proposta por Abreu integra os tópicos mais relevantes de cada técnica,
como, o nome da técnica, a localização da realização do ensaio, os elementos
construtivos em que pode ser utilizada, uma breve descrição da técnica, o seu princípio
de funcionamento, o procedimento de ensaio, os equipamentos necessários, as
potencialidades, as limitações, o custo, a dificuldade, se é uma técnica destrutiva ou
não-destrutiva, a expressão dos resultados obtidos, a interpretação destes resultados,
as entidades prestadoras do serviço, os documentos normativos em que se baseia e
alguns valores de referência relevantes (Machado 2014).

51
Na tabela que se segue sintetiza-se as metodologias de diagnóstico e reabilitação apresentadas, por ordem de campo de aplicação,
apontando os fatores distintivos entre cada modelo.

Tabela 3.1 – Resumo das metodologias de diagnóstico

Elementos Nº de Versão
Campo Referência Designação Ano Estrutura / Procedimento
aplicáveis páginas online
Introdução
“Fichas de Apresentação
Inspeção e Equipamento
Cóias dos Métodos Correntes de 2006 Todos 2a5 *Sim
ensaios Metodologia
Inspeção e Ensaio”
Campo de Aplicação
Elementos construtivos
Descrição
Princípio de funcionamento
Técnicas de “Fichas de Técnicas de Procedimento de ensaio
Abreu 2013 Todos 2 Não
Diagnóstico Diagnóstico” Equipamento
Custo
Dificuldade
Expressão dos resultados

Descrição
Técnicas de “Survey Information Procedimento Revestimentos
2013 1 Não
diagnóstico Sheet” Resultados de paredes
Interpretação

CIB “Cases of Failure Identificação de componentes


Information Sheet” afetados
Descrição das causas
Anomalias 1993 Todos Variável Não
Descrição da anomalia
Identificação das causas
Indicação de erros cometidos

52
Tabela 3.1 (continuação) – Resumo das metodologias de diagnóstico
Descrição da anomalia
Descrição da causa
Anomalias BRE “Defect Action Sheet” 1982 Todos 2 Não
Medidas de Prevenção
Referências
Subdivisão do edifício
Levantamento das manifestações
“Metodologia de Diagnóstico Associação das manifestações
Anomalias DPE 2001 Todos Variável Não
de Patologias em Edifícios” Exame de listagem e exclusão de
diagnóstico
Matriz de diagnóstico
Informação geral da anomalia
Caracterização do local da
"Fichas de Diagnóstico e de
Anomalias FDI 2003 anomalia Todos Variável Não
Intervenção”
Descrição da manifestação/Exame
Informações por parte do técnico
Levantamento de dados das
anomalias
“Metodologia de Identificação das variáveis
Anomalias/
QCE Quantificação Causa – 1994 Estudo probabilístico de cada Todos Variável Não
Reabilitação
Efeito” variável
Construção da matriz de correlação

Sintomas
“Fichas de Reparação de Exame
Reabilitação LNEC 1985 Todos 1 Não
anomalias” Diagnóstico de causas
Reparação

*Fichas disponíveis online em http://www.oz-diagnostico.pt/

53
A tabela que se segue tenta resumir o tipo de anomalia, as suas causas e
características nos elementos construtivos abordados no segundo capítulo.

Tabela 3.2 – Resumo das anomalias nos elementos construtivos dos edifícios antigos (Appleton
2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 movimento de terras
 escoamento da água provocando saturação
Assentamento do solo
 pode afetar a estrutura do edifício,
provocando deformações e fendas
Fundações  abaixamento do nível freático dá-se o
apodrecimento das fundações indiretas por
estacaria de madeira
Ação da água
 provoca o arrastamento de finos de
fundações semi-diretas e diretas,
provocando perdas de secção

54
Tabela 3.2 (continuação) – Resumo das anomalias nos elementos construtivos dos edifícios
antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 progressão e/ou agravamento da
fendilhação
 variações extremas de temperatura entre
calor e frio
Desagregação  ação da água (da chuva, por capilaridade,
por condensação)
 choques acidentais e por vandalismo (mais
grave ao nível do r/chão
 destruição de revestimentos e acabamentos
 fenómeno localizado (pouco frequente)
 principalmente devido a cargas
concentradas excessivas, como apoios de
vigas, cargas maiores que previstas
 zonas de contato entre vigas de madeira e a
Esmagamento alvenaria, em que a torção devido à secagem
da madeira origina grandes compressões
 em edifícios próximos de obras novas com
muros de suporte ancorados, as pressões
ascendentes transmitem-se às fundações e
posteriormente às paredes
 frequentemente junto a aberturas ou na
ligação de paredes ortogonais
 assentamentos diferenciais, podendo
identificar as zonas onde ocorrem
Paredes resistentes
 agravada na presença de água
 agravada na ausência de lintéis superiores
adequados
Fendilhação
 ação de arcos de descarga (impulsos
laterais) provocando fendas horizontais
 abatimento de arcos de descarga
 ação de sismos
 deficiente isolamento térmico (em terraços)
 deficiente funcionamento de asnas de
cobertura
 ascensão da água por capilaridade, criando
um percurso preferencial (nas argamassas
de assentamento), diluindo sais, até à sua
deposição superficial
 entradas de água pela cobertura
Ação da água
 rutura de tubagens
 manchas de humidade em tetos e paredes
 habitualmente em paredes atravessadas por
redes de abastecimento de água ou de
esgotos (em tubos de grés
 maior gravidade no apodrecimento de
Ação de agentes biológicos elementos de madeira nas paredes
e climáticos resistentes, devido a fungos e insetos
 variação sazonal da humidade

55
Tabela 3.2 (continuação) – Resumo das anomalias nos elementos construtivos dos edifícios
antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 acréscimo de cargas
 assentamentos diferenciais
Abaulamentos e  redistribuição de cargas e/ou ocorrência de
esmagamentos fendilhação nas paredes resistentes
 modificação das condições de equilíbrio
estrutural
Paredes de  encontro com paredes resistentes exteriores
compartimentação Ação da água  anomalias em redes de abastecimento de
água e esgotos
 movimentos diferenciais relativos da
estrutura
Fendilhação  assentamentos diferenciais das fundações
 retração dos panos de parede
 flexão excessiva dos pavimentos

Tabela 3.2 (continuação) – Resumo das anomalias nos elementos construtivos dos edifícios
antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 esmagamento dos rebocos (devido ao
esmagamento de paredes)
 fraca resistência mecânica do reboco
(argamassas de cal)
Esmagamento
 empolamento devido a corrosão em
elementos metálicos
 diminuição da aderência entre a argamassa
e as paredes com elementos de madeira
 presença de humidade
 presença de sais
 dilatações e contrações térmicas (variações
dimensionais do reboco)
 elevada impermeabilidade do suporte à água
e ao vapor de água
 erros de execução do reboco: excesso de
Revestimentos e Desprendimento, água na amassadura; falta e humedecimento
acabamentos de Destacamento conveniente do suporte; falta de rugosidade
paredes do suporte, composição pouco adequada da
argamassa
 desprendimento de azulejos devido a
retração da argamassa, podendo partir os
azulejos se as tensões tangenciais forem
mais fortes do que a ligação
 movimentos diferenciais em paredes
 retração das argamassas (rebocos fortes
com elevados teores de cimento)
 acompanhamento da fendilhação do suporte
 variações bruscas de temperatura
Fendilhação  deficiente dosagem na execução da
argamassa
 espessura inadequada do revestimento
 deslocamento do suporte
 reações com sais existentes no suporte

56
Tabela 3.2 (continuação) – Resumo das anomalias nos elementos construtivos dos
edifícios antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000,
Flores-Colen 2009)

 absorção excessiva da parede de suporte


 corrosão de elementos metálicos: ligadores,
canos, redes metálicas
 humidade seguida de cristalização de sais
 reação química entre os materiais que
constituem os revestimentos e os compostos
Desagregação poluentes na atmosfera
 comum nas situações de rebocos fracos (à
base de cal e areia) e/ou nos casos de
pinturas pouco permeáveis ao vapor de água
Ação da água  ascensão da água por capilaridade, criando
um percurso preferencial (nas argamassas
de assentamento), diluindo sais, até à sua
deposição superficial, criando eflorescências
 rutura de tubagens, podendo originar
manchas de humidade nas paredes e tetos
 manchas de humidade, devido a diferentes
origens da humidade, de obra ou construção,
Revestimentos e do terreno, de precipitação; condensação;
fenómenos de higrospicidade
acabamentos de
 a caiação torna-se lavável pela água da
paredes chuva, na ausência de produtos fixantes
 falta de repetição da caiação 1 ou 2 vezes por
Deterioração da caiação
ano
 existência de sais solúveis na cal
 fraca resistência ao desgaste
 sujidade acumulada nas superfícies (poeiras
transportadas pelo vento, poluição industrial
e atmosférica, escorrimento da água da
Alteração do aspeto das chuva, textura superficial do reboco)
pinturas  ação dos raios solares (ultravioletas)
 ação abrasiva do vento (com poeiras e
areias) nas paredes exteriores
 variações de temperatura

57
Tabela 3.2 (continuação) – Resumo das anomalias nos elementos construtivos dos edifícios
antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 humidade de precipitação, por infiltrações
por meio da caixilharia exterior, das próprias
paredes e coberturas
 a humidade do terreno, apenas tem
expressão ao nível dos pavimentos térreos,
Ação da água
ocorrendo fenómenos de capilaridade
 cria condições propicias para o
desenvolvimento de fungos de podridão e
insetos (térmitas e carunchos), na estrutura e
revestimentos em madeira
 a redução da secção útil dos apoios leva uma
deformação acentuada, com flechas a meio
vão
Deformação  acréscimos de cargas (nos pisos)
 assentamentos diferencias
 modificação das condições de equilíbrio
estrutural
 agravamento das cargas sobre arcos e
abóbadas, devido à execução de camadas
sucessivas de enchimentos pesados, para
nivelamento dos pavimentos
Pavimentos
 assentamentos diferencias
 ação sísmica
Fendilhação
 em revestimentos à base de pedra pode
estar ligada a problemas de assentamento
 em revestimentos cerâmicos o fenómeno
associa-se a dilatações e contrações
térmicas e a movimentos da base do
pavimento
 progressão e agravamento da fendilhação
 processo em revestimentos de elementos
Desagregação
pétreos relacionados com a reação com a
água e agentes de limpeza
 o desprendimento de ladrilhos pode dever-se
Desprendimento à retração da argamassa de assentamento
 ausência ou deficiente espessura das juntas
 pavimentos com vigas de aço, dá-se a
corrosão desses elementos, causando um
Corrosão de elementos aumento de volume da peça
metálicos  é possível visualizar a manifestação através
do aparecimento de manchas castanho-
avermelhadas juntos dos elementos

58
Tabela 3.2 (continuação) – Resumo das anomalias nos elementos construtivos dos edifícios
antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 nos revestimentos à base de gesso pode
dever-se à incapacidade de os tetos
acompanharem a deformação das estruturas
Fendilhações e deformações dos pavimentos
 vibrações estruturais
 fenómenos de retração das argamassas de
Tetos gesso
 a caiação torna-se lavável pela água, na
ausência de produtos fixantes
 fraca resistência ao desgaste
Deterioração da caiação
 existência de sais solúveis na cal
 não repetição da pintura por caiação 1 a 2
vez no ano
 a estrutura de madeira não está protegida
contra ataques de fungos e insetos, e a ação
da água e a humidade sazonal propicia essa
deterioração
 proporciona a deterioração e rompimento da
ligação dos apoios das asnas de cobertura
 infiltrações de água das chuvas nas zonas
correntes da cobertura
 nas coberturas em terraço a ação da água
Ação da água
agrava-se com a perda de estanquidade,
devido a deformações e fendilhação do
revestimento
 infiltrações de água nas coberturas
inclinadas, por telhas danificadas, mal
colocadas
Coberturas
 deficiente funcionamento das redes de
drenagem (caleira e tubos de queda) por
entupimento das mesmas
 aumento do peso da cobertura pela
colocação de argamassas nos canais do
telhado
 perdas de secção ou degradação da
Deformações
resistência e capacidade de deformação dos
próprios elementos de madeira
 alteração da deformação geométrica da
estrutura das coberturas
 danificação das redes de drenagem (caleiras
e tubos de queda) pela ação do vento
Ação de agentes climáticos
 arrancamento e destruição de algerozes pela
ação do vento

59
Tabela 3.2 (continuação) – Resumo das anomalias nos elementos construtivos dos edifícios
antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 em caixilharia de madeira, a água e
humidade favorecem o apodrecimento e o
ataque de fungos e insetos
Ação da água
 deficiente estanquidade da caixilharia
consegue provocar degradações
principalmente nas paredes e pavimentos
 corrosão da caixilharia de ferro,
principalmente nas soluções de marquise
Corrosão
Caixilharia  o seu efeito provoca a perda de secção e
compromete a estanquidade
 envelhecimento dos materiais de
assentamento e vedação dos vidros
 perda das características elásticas dos
Deterioração materiais de assentamento, pode levar ao
desprendimento e fratura dos vidros
 fratura dos vidros por choques acidentais e
devido a efeitos de movimentos estruturais

Tabela 3.2 (continuação) – Resumo das anomalias nos elementos construtivos dos edifícios
antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 vento provoca erosão
deposição de sujidade, devido à poluição
Ação de agentes climáticos
atmosférica (crostas negras em pedras não
afetadas pela desagregação granular)
 água da chuva provoca dissolução, agravada
por efeitos químicos relacionados com a
poluição atmosférica
 alteração bruscas de temperaturas (gelo e
Ação da água degelo) podem deteriorar e provocar
fendilhação
 eflorescências, relacionadas com a migração
de sais, provenientes de águas infiltradas ou
ascendentes do solo
Cantarias  desgaste por efeito da água da chuva e ação
do vento
 a fendilhação pode ter como causas, os
assentamentos de fundações, ação de
sismos e choques acidentais
Desagregação e fendilhação
 fendilhação devido a corrosão de elementos
metálicos embebidos nas cantarias
(chumbadouros e tirantes de ferro)
 pode haver um agravamento devido à
presença de agentes biológicos
 perturbação física das raízes das plantas e
de líquenes
Ação de agentes biológicos
 colonização por algas e fungos que favorece
a desagregação e dissolução das pedras

60
3.3 Síntese do capítulo
No seguimento do capítulo anterior, em que caracterizou os principais elementos
de um edifício antigo, fez-se uma descrição das causas e anomalias que se podem
encontrar mais frequentemente nesses mesmos elementos.

Na exposição das causas e anomalias, de forma a sintetizar essas


manifestações patológicas, elaborou-se uma tabela resumo apresentada no final do
capítulo, designando o tipo de anomalia, e indicando as respetivas causas e
características.

Foi efetuada, ainda, uma apresentação generalizada de fichas existentes, de


métodos de análise de diagnóstico de anomalias, que podem ser aplicados a edifícios
antigos.

No final do capitulo, apresentou-se uma tabela resumo ordenada segundo o


campo de aplicação (inspeção e ensaios, técnicas de diagnóstico, anomalias e
reabilitação), que mostra de uma forma comparativa as diferenças essenciais entre os
métodos de análise e diagnóstico de anomalias existentes. A estrutura/procedimento do
documento e o campo de análise são dois fatores distintivos importantes para perceber
essas diferenças.

Destas metodologias como mencionado, das nove apresentadas, três delas não
foram objeto de análise no trabalho elaborado por Machado (2014), concretamente os
métodos “Metodologia de Quantificação Causa – Efeito QCE (1994), “Metodologia de
Diagnóstico de Patologias em Edifícios” DPE (2001) e "Fichas de Diagnóstico e de
Intervenção” FDI (2003). As restantes cinco metodologias são apresentadas neste
trabalho por incidirem em métodos de análise e diagnóstico de fenómenos patológicos
que podem ser relacionados com edifícios antigos.

Tendo sido realizada a caracterização do edifício antigo, e a patologia frequente


nos seus elementos, e também apresentadas algumas metodologias de análise
existentes, no capítulo seguinte, serão expostas algumas técnicas de diagnósticos
existentes que podem ser efetuadas em construções antigas, segundo o seu princípio
de funcionamento.

61
62
4 TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO EM EDIFÍCIOS
ANTIGOS
4.1 Tipos de Técnicas de diagnóstico
Tendo como objetivo o presente trabalho identificar as técnicas de inspeção de
elementos ou materiais que os constituem, relacionadas com o comportamento de
edifícios antigos, é desejável o uso de técnicas não destrutivas ou reduzidamente
intrusivas in situ.

Existem diferentes formas de classificação das técnicas de diagnóstico,


distinguida por diferentes autores das seguintes formas, no que respeita (Cóias 2006,
Paiva 2006):

 Ao local de realização da técnica (in situ ou em laboratório);


 À dimensão da destruição do elemento em causa (não destrutivas,
parcialmente destrutivas, destrutivas);
 Aos princípios utilizados em que se baseiam (sensoriais, mecânicos,
térmicos, químicos, eletroquímicos, elétricos, magnéticos,
eletromagnéticos, ultrassónicos, radioativos e outros)
 Ao tipo de resultados obtidos (as propriedades a avaliar, como a
aderência, permeabilidade)
 Aos elementos e componentes de construção a que se podem aplicar
(como elemento estrutural ou não estrutural)
 À atividade em que se incluem (controlo da qualidade, inspeção de
edifícios, verificação da aplicação de regulamentos, entre outros)
 Ao conjunto de “questões”, “objetos” e “atividades”, ou seja um conjunto
de pressupostos a ensaiar, que não se excluem mutuamente

Convém enfatizar que as inspeções efetuadas tendo em conta a dimensão da


sua destruição podem ser classificadas como destrutivas ou não destrutivas, sendo que
as técnicas destrutivas, que representam alterações permanentes de qualquer tipo,
fazem com que a amostra fique inutilizada após a realização do ensaio, simplesmente,
é uma técnica em que ocorre a destruição da amostra. As técnicas não destrutivas são
aquelas que não envolvem quaisquer danos naquilo que se inspeciona, porém podem
não ser inteiramente não destrutivas, isto é, certas técnicas podem provocar certos
danos localizados reparáveis, designando-se também por semi-destrutivas ou
reduzidamente intrusivas (Cóias 2006).

63
Outra forma abrangente de distinguir as técnicas referida acima, é através da
separação das in situ, das realizadas em laboratório. Em que as in situ são, geralmente,
pouco destrutivas e as em laboratório são muitas vezes um complemento importante e
indispensável aos ensaios in situ. (Cóias 2006).

Apesar de uma gama vasta no que respeita a elementos estruturais e não


estruturais dos edifícios antigos, optou-se nesta dissertação, tendo em conta as
diferentes formas de classificação já mencionadas, pela classificação por princípios em
que se baseiam, nas seguintes categorias:

 Técnicas de perceção sensorial


 Técnicas de ação mecânica
 Técnicas de propagação de ondas elásticas
 Técnicas de propagação de radiação eletromagnética
 Técnicas de reações químicas
 Técnicas de efeitos elétricos
 Técnicas de deteção e análise de vibrações
 Técnicas hidrodinâmicas

Nos subcapítulos que se seguem serão apresentadas, em quadro, técnicas que


se podem realizar em construções antigas, descrevendo de forma sucinta os objetivos
da técnica, e enumerando algumas vantagens e desvantagens.

No final do capítulo será exposta uma tabela síntese de aplicação das técnicas
de diagnóstico abordadas neste capitulo, nos elementos de edifícios antigos
anteriormente caracterizados no capítulo 2.

4.2 Técnicas de diagnóstico em edifícios antigos


Técnicas de perceção sensorial
Estas técnicas são simples e com recurso a métodos pouco ou nada
tecnológicos, em que o responsável pelo ensaio utiliza os seus próprios sentidos, como
a visão como principal fonte de informação visual, ou através de aparelhos que os
potenciem.

Contudo a observação visual, pode ser reforçada por outras impressões


sensoriais, como a sonoridade obtida por percussão pode dar indicações quanto à
presença de anomalias (vazios defeitos, alterações). O olfato pode detetar odores
característicos de espaços interiores que com humidade permitem referenciar a sua
presença.

64
Tratam-se de métodos inerentemente não destrutivas, a não ser que envolvam
orifícios ou fendas do elemento em análise (Cóias 2006).

Tabela 4.1 – Técnicas de perceção sensorial (Cóias 2006; Campos 2014, Faria J. 2004; Fiala et
a.l 2014; Flores-Colen 2009; Fujii 1990; Freitas et al. 2012; Weaver 1997)

Técnica de diagnóstico Descrição Objetivos Vantagens/Desvantagens

Levantamento O levantamento
fotogramétrico fotogramétrico baseia-se na
observação do mesmo
elemento de dois ou três
ângulos diferentes, para Reconstituir Vantagens: execução de
posteriormente se características levantamentos de forma
reconstruir uma imagem geométricas dos mais rápida e com maior
Figura 4.1 – espacial a partir das edifícios e dos rigor do que os tradicionais.
Máquina fotográfica [W1] imagens bidimensionais. materiais que os Desvantagens: requer
Considera-se uma fase de constituem, como profissional com
campo em que se faz a fachadas experiência, prática,
tomada de coordenadas com ornamentadas ou perspicácia e
a estação total e executa-se de monumentos conhecimento
as fotografias de diferentes históricos especializado.
ângulos. Na fase de
gabinete recupera-se e trata-
Figura 4.2 - Estação total se o realizado na fase de
[W1] campo.

Inspeção câmara de
vídeo de pequeno
Técnica não destrutiva ou Estas câmaras de
diâmetro
semi-destrutiva e in situ, vídeo de pequeno
Vantagens: fácil, rápido e
utilizando uma câmara de diâmetro permitem
portabilidade do aparelho.
pequeno diâmetro, que inspecionar o
Desvantagens: instrumento
estabelece uma forma pouco interior de furos,
dispendioso. O descuido na
intrusiva de fazer inspeções tubos, poços, e
sua utilização pode provocar
no interior de locais de difícil outros espaços
a perda do sistema ótico.
alcance, com ou sem confinados de difícil
Figura 4.3 – Equipamento furação dos elementos. acesso.
câmara de vídeo de
pequeno diâmetro [W1]

Deteção acústica de
insetos xilófagos Identificar a
existência de
Ensaio não-destrutivo in situ,
insetos xilófagos, Vantagens: possibilidade de
através de um aparelho
como as térmitas, gravação, simples utilização.
auscultador utilizado, em
no interior Desvantagens: técnica de
elementos de madeira,
elementos de execução difícil em zonas de
possibilitando localizar a
madeira, sem sinais muita poluição sonora.
atividade insetos xilófagos.
exteriores visíveis
Figura 4.4 – Insetos de infestação.
xilófagos [W1]

65
Tabela 4.1 (continuação) – Técnicas de perceção sensorial (Cóias 2006; Campos 2014, Faria J.
2004; Fiala et al. 2014; Flores-Colen 2009; Fujii 1990; Freitas et al. 2012; Weaver 1997)

Medidor Ótico

Ensaio não-destrutivo e Caracterizar o Vantagens: rigor na


realizado in situ. Instrumento estado da superfície quantificação da abertura de
formado por um conjunto permitindo uma fissuras e fendas.
ótico focável, cujo campo de observação Desvantagens: difícil
visão pode ser iluminado por qualitativa dos observação em fissuras de
uma lâmpada. defeitos. acesso complicado.
Figura 4.5 – Medidor ótico
[W3]

Comparador de
fissuras Vantagens: fácil utilização,
económico.
Ensaio não-destrutivo e in
Desvantagens: pode ser
situ. Consiste numa régua Estimar a dimensão
necessário utilizar um
transparente, com diferentes da abertura de
medidor ótico de fissuras
traços de espessuras fissuras.
para quantificar com maior
conhecidas.
Figura 4.6 – Régua rigor a abertura de fissuras e
comparador de fissuras fendas.
[W3]

Fissurómetro Medir os Vantagens: fácil utilização,


Ensaio não-destrutivo e in
movimentos económico.
situ. constituído por duas
relativos que se Desvantagens: requer
partes, que possibilitam um
verificam num ponto leitura rigorosa, de modo à
controlo das fissuras ao
Figura 4.7 – Fissurómetro duma fissura ou obtenção de resultados
longo do tempo.
[W3] fenda. fiáveis.
Alongâmetro
Aparelho que permite medir Medição de fissuras
Vantagens: precisão na
in situ, com precisão os ou deslocamentos
medição.
deslocamentos em juntas e em juntas ao longo
Desvantagens: requer o
fissuras, em que através da do tempo que se
uso de uma barra padrão
interpretação dos dados ao manifestam devido
para corrigir os valores lidos
longo do tempo poderá ao comportamento
por influência da variação de
estabelecer-se relações estrutural da
temperatura.
Figura 4.8 – Alongâmetro causa-efeito na construção. edificação.
[W1]

Técnicas de ação mecânica


A aplicação das técnicas de ação mecânica sobre os diferentes elementos
estruturais, de revestimento ou simplesmente na escolha dos materiais que melhor se
adaptam ao ambiente em questão, pode ser executada de forma generalizada ou
pontualmente (Cóias, 2006).

66
Este tipo de técnicas pode ser cumprido recorrendo à remoção de partes do
elemento construtivo, ou a dispositivos mecânicos, elétricos, hidráulicos ou
eletromecânicos, podendo ser mais ou menos intrusivos e com maior ou menor grau de
destruição (Lombillo, et a.l 2013).

Os ensaios deste grupo podem não ser destrutivos se a grandeza que se mede
for de natureza elástica, sem envolver a rotura local do material (caso do Pylodin);
reduzidamente intrusivo, se envolver uma pequena agressão localizada, que constitui
ela própria o parâmetro a medir (caso do Resistograph); ou, finalmente, destrutivos que
pode levar à rotura in situ de uma amostra (Cóias 2006, Lombillo, et al. 2013)

Será sempre desejável que este tipo de procedimento experimental seja


realizado da forma menos intrusiva possível para a construção (Lombillo, et al. 2013).

Tabela 4.2 – Técnicas de ação mecânica (Abreu 2013, Arêde et al. 2005, Botelho et al. 2006,
Cóias, 2006, CIB W086 2013, Freitas et al. 2012, Júnior 2006, Vicente 2009)

Técnica de diagnóstico Descrição Objetivos Vantagens/Desvantagens

Medição da densidade
superficial de Vantagens: análise fácil da
elementos de madeira densidade e dureza
com Pylodin O ensaio com o superficial do elemento de
Ensaio in situ, não destrutivo Pylodin permite madeira sujeito ao ensaio.
para medir a densidade caracterizar a Desvantagens: não garante
superficial de peças de densidade correlações com a
madeira por meio do superficial de resistência mecânica das
aparelho Pylodin. elementos de madeiras, e caracteriza
madeira. apenas o estado superficial
das peças, não detetando
Figura 4.9 – Pylodin –
defeitos no seu interior
Aparelho de medição da
densidade superficial [W1]

Avaliação da
integridade de
Permite a deteção Vantagens: registo feito
elementos de madeira Técnica in situ
de deteriorações automaticamente numa fita
com Resistograph reduzidamente intrusiva, em
em elementos de de papel, podendo
que o aparelho é constituído
madeira. selecionar a escala em que
por uma broca de muito
Fornece dados é executado.
pequeno diâmetro e por um
relativamente à Desvantagens: diferentes
sistema que mede e regista
densidade que vai graus de rigor podem
a potência exigida para a
sendo encontrada produzir resultados menos
furação.
na furação. fidedignos.
Figura 4.10 –
Resistograph [W1]

67
Tabela 4.2 (continuação) – Técnicas de ação mecânica (Abreu 2013, Arêde et al. 2005, Botelho
et al. 2006, Cóias, 2006, CIB W086 2013, Freitas et al. 2012, Júnior 2006, Vicente 2009)
Ensaios com macacos
planos

Ensaios que podem ser Num ensaio Vantagens: ensaio capaz de


realizados in situ ou em simples com forneces propriedades
laboratório para a macaco plano mecânicas e estado de
determinação do estado de medir a tensão, e tensão fiáveis.
tensão, num ensaio simples num ensaio duplo Desvantagens: ensaio de
com um macaco plano; e da com macacos difícil execução e pode
deformabilidade e de planos medir a causar alguns danos
resistência com dois resistência e (fissuras) na estrutura
macacos planos; isto em deformabilidade ensaiada, e até destruição
paredes e outros elementos do elemento em total do elemento.
estruturais de alvenaria. estudo.

Figura 4.11 – Ensaio


simples e duplo com
macacos planos [W1]
Ensaio com dilatómetro
em alvenarias Possível obter Vantagens: complementa o
Técnica in situ destrutiva, características de ensaio duplo com macacos
com furação prévia para deformabilidade planos, na parte interior das
colocação de uma sonda da alvenaria, o paredes
que exerce pressão no módulo de Desvantagens: ensaio
material circundante do furo elasticidade e destrutivo, em que os danos
por pressão hidrostática coeficiente de dependem do dilatómetro
poisson do usado
Figura 4.12 – Dilatómetro material.
[W1]

Técnicas de propagação de ondas elásticas


Neste tipo de métodos de diagnóstico, os ensaios baseiam-se na deteção,
medição ou análise das vibrações provocadas nas edificações ou elementos
construtivos, avaliando a forma de propagação das ondas elásticas, são normalmente
técnicas muito pouco intrusivas capazes de detetar anomalias que não são visíveis
(Coías 2006, Galvão, et al. 2013).

Quando uma onda elástica ao se desloca através de um meio (como de alvenaria


de pedra) encontra uma superfície (fronteira com o ar), sofre uma reflexão quase total,
e por esta razão, estes métodos não destrutivos têm provado serem bem-sucedidos na
deteção de defeitos no interior de materiais.

68
Tabela 4.3 – Técnicas de propagação de ondas elásticas (Arêde e Costa 2005, Cóias 2006,
Costa et al. 2005, CIB W086 2013 Galvão et al. 2013, Lombillo et al. 2013, Valluzzi et al. 2009)

Técnica de diagnóstico Descrição Objetivos Vantagens/Desvantagens

Obter informação, Vantagens: técnica


Ensaio ultra-sónico Ensaio não destrutivo in situ, das caraterísticas recorrendo a sons de baixa
que consiste em determinar mecânicas, frequência, com maior
a velocidade de propagação homogeneidade e energia e menor atenuação
de impulsos ultrassónicos presença de Desvantagens: dá uma
entre dois pontos onde se fissuras e defeitos indicação qualitativa da
colocam os transdutores, nas paredes de parede de alvenaria e das
para a caracterização de alvenaria. A gama suas propriedades
alvenarias. A metodologia do de velocidades mecânicas.
ensaio pode ser por encontradas Recorrer a furos para
transparência, de baixa relaciona-se introduzir os transdutores em
Figura 4.13 – Aparelho de frequência ou no interior de agulha, quando os
diretamente com a
utra-sons [W3] furos. transdutores normais não
qualidade do
material podem ser utilizados

Ensaio sónico
Qualificar
Ensaio também não estruturas de
destrutivo in situ para medir alvenaria, detetar
Vantagens: técnica rápida e
o tempo de propagação de vazios, defeitos no
relativamente fácil de efetuar
uma onda sonora. É um seu interior, e
Desvantagens: necessário
teste mais adequado do que áreas de
técnico com experiência e
o ultra-sónico para ensaiar deficiente
especializado.
elementos muito resistência.
Figura 4.14 – Aparelho de
heterogéneos Controlo de
propagação de ondas
sonoras [W1] injeção grout

Tomografia sónica
Obtenção dum
Ensaio não destrutivo in situ, mapa
em que o equipamento pormenorizado da
mede a velocidade de distribuição de Vantagens: ensaio com
propagação de um impulso propagação do resultados pormenorizados
sónico ao longo de várias som, que através Desvantagens:
direções. O equipamento é do cálculo usando equipamento com muitos
constituído por um gerador o método de aparelhos, necessário
de onda de tensão, um inversão, permite técnico com experiência e
martelo calibrado, um identificar especializado.
Figura 4.15 – Gerador de acelerómetro e um heterogeneidades
tensão, martelo, dispositivo de registo. e áreas de
acelerómetro, dispositivo deficiente
recetor e ex. de mapa de resistência.
velocidades [W1, W5]
Ensaio impacto-eco Vantagens: permite localizar
defeitos, e estimar a sua
Qualificação de
Ensaio não destrutivo in situ, dimensão geométrica, com
alvenarias,
algum grau de incerteza
que estuda a reflexão de deteção de
Desvantagens: alguma
ondas sónicas ou ultra- defeitos, vazios no
complexidade na
sónicas em paramentos com seu interior ou
interpretação dos resultados.
Figura 4.16 – Gerador de diferentes impedâncias entre elementos
Equipamento com muitos
tensão, martelo, acústicas. de diferentes
aparelhos, necessário
acelerómetro, dispositivo materiais.
técnico com experiência e
de recetor [W1]
especializado.

69
Técnicas de propagação de radiação eletromagnética
Através das técnicas de propagação eletromagnética é possível observar as
alterações provocadas localmente na forma como a construção altera a propagação
destas ondas. São técnicas especificamente não destrutivas.

Tabela 4.4 – Técnicas de propagação de radiação eletromagnética (Cóias 2006, Fiala, et al.,
2014, Freitas, et al. 2012, Maia 2007, Júnior 2006)

Técnica de diagnóstico Descrição Objetivos Vantagens/Desvantagens


Radiografia em
estruturas de madeira Identificar devido
A radiografia é um tipo de às diferenças de Vantagens: possível
ensaio não-destrutivo que se densidade e identificar diferenças de
baseia na absorção variações de densidade, deteriorações na
diferenciada da radiação espessura do estrutura sem que esta seja
penetrante no elemento material e perturbada
inspecionado. composição do Desvantagens: perigo da
Existem dois tipos de mesmo, o estado radiação transmitida para a
radiografia utilizados, as por de conservação e saúde, custo por vezes
raio-x ou por raios gama possíveis
Figura 4.17 – elevado
(digital). anomalias
Equipamento para raio-x
interiores.
(Júnior 2006)

Detetam a
Medição de vibrações à velocidade de Vantagens: medir as
distância utilizando Método de ensaio, não movimento de um vibrações sem ser
tecnologia laser destrutivo, tem como ponto pelo feixe necessário contacto com a
principal objetivo, avaliar laser, medindo a estrutura. Útil na preparação
e/ou acompanhar in situ o mudança de de obras de reabilitação e
comportamento dinâmico da frequência do consolidação, selecionando
construção, através de um feixe de laser, as medidas corretivas mais
aparelho de tecnologia laser quando este é adequadas.
capaz de executar medições refletido pela Desvantagens: limitação da
estrutura em
Figura 4.18 – Aparelho sem contacto, em estruturas. distância para ser
vibração, segundo operacional
medidor de vibrações [W1]
o efeito de
doppler.

Observar alguns
Termografia tipos de
Ensaio in situ e não- anomalias, como
destrutivo. Baseia-se no fendas Vantagens: técnica de
princípio que todos os humidades; análise rápida, aparelho
corpos emitem radiação análise de portátil
térmica e utiliza-se heterogeneidade Desvantagens:
aparelhos que possam de paredes ou equipamento caro, e às
visualizar e registar outros elementos. vezes imagens de
Figura 4.19 – Termografia Cada material
(Cóias 2006) diferentes graus de emissão interpretação difícil.
na faixa do infravermelho. reage de forma
diferentes às
solicitações
térmicas.

70
Técnicas de reações químicas
Neste grupo com os métodos químicos, detetam-se os efeitos das reações
químicas que ocorrem nos materiais construtivos em estudo.

As reações químicas a que se recorre in situ constituem formas expedidas de


análise química, através de determinados indicadores ou reagentes, de forma a
identificar ou caracterizar os materiais ou seu estado de equilíbrio químico.

Tabela 4.5 – Técnicas de reações químicas (Abreu 2013, Cóias, 2006 Flores-Colen 2009,
Freitas, et al. 2012)

Técnica de diagnóstico Descrição Objetivos Vantagens/Desvantagens

Teor de sais: kit de Para identificar o teor e tipo


campo e fitas de sais, pode usar-se dois
colorimétricas tipos de ensaios não
destrutivos in situ, o kit de
campo e a as fitas Analisar a
colorimétricas, que analisam, natureza dos Vantagens: técnica de
praticamente, os mesmos compostos das análise fácil e rápida
sais, mas fornecendo os eflorescências, Desvantagens:
resultados de forma compreender os Kit de campo, é mais
diferente. O kit de ensaio mecanismos de dispendioso
utiliza o espectrofotómetro, degradação. As fitas colorimétricas são
na determinação das
Determinar o teor por vezes de difícil
concentrações por processo
de sais. interpretação.
colorimétrico dos sulfatos e
cloretos. Com as fitas, faz-se
por comparação visual entre
a cor obtida na banda de
Figura 4.20 – kit de campo deteção e a escala de
e fitas colorimétricas [W1] referência.

Medição da humidade
Determinar a
no interior de paredes
percentagem de
Técnica in situ, que permite humidade da
por meio do aparelho em amostra recolhida Vantagens: material portátil
conjunto com a reação do material, e utilização rápida.
química entre o material e o podendo saber o Desvantagens: necessário
carboneto de cálcio, grau de executar um pequeno orifício
relacionar a percentagem de deterioração da para efetuar o ensaio.
humidade presente no parede, que pode
Figura 4.21 – Kit de ensaio material levar a problemas,
(Speedy – marca
como a perda do
representada pela
revestimento,
Ambifood) (Cóias 2006)

Técnicas de análise de vibrações


Esta categoria engloba técnicas que tentam avaliar o comportamento dinâmico
da construção, para perceber principalmente a sua capacidade de resistência à
solicitação sísmica, mas também a vibrações provocadas por tráfego, vento e outras
solicitações do mesmo campo.

71
O estudo das respostas das construções a ações dinâmicas permite obter
informações importantes sobre as suas características, o seu desempenho e a presença
de eventuais anomalias, podendo esse estudo ser feito, genericamente por duas vias.
Uma por análise de dados de resposta dinâmica da construção às solicitações
dinâmicas que lhe são constantemente impostas pela envolvente, seja passagem de
viaturas, metropolitano, comboios e outros.

A outra via é por aplicação de solicitações dinâmicas à construção (produzindo


níveis de vibração forçada que não afetem a sua integridade) e análise de resposta
(Cóias, 2006).

Tabela 4.6 – Técnicas de análise de vibrações (Cóias, 2006, Freitas et al. 2012)

Técnica de diagnóstico Descrição Objetivos Vantagens/Desvantagens

A informação
Análise e monitorização processada após
de vibrações em as medições serve
estruturas para avaliar o Vantagens: técnica que
Ensaio efetuado in situ, para
comportamento da permite perceber o
estudar o comportamento
estrutura face a comportamento dinâmico por
dinâmico da estrutura,
vibrações duas vias.
utilizando um sistema
aplicadas Desvantagens: necessária
formado por acelerómetro
constantemente grande quantidade de
com alta sensibilidade, em
(passagem de material e um técnico
que todas as medições
Figura 4.22 – viaturas, especializado ou com
podem ser registadas em
Acelerómetros de comboios) ou conhecimento específico
memória
sensibilidade a vibrações forçadas, para realizar o ensaio.
[W1] traduzindo-a em
gráficos ou tabelas
para análise

Técnicas de efeitos elétricos


Nesta categoria de técnicas de diagnóstico, os ensaios são fundamentados no
uso de instrumentos, que através de efeitos elétricos conseguem obter resultados sobre
as caraterísticas dos materiais.

Geralmente os aparelhos associados a este tipo de técnica, são direcionados


para a medição do teor de humidade em revestimentos de madeira e rebocos.

72
Tabela 4.7 – Técnicas de efeitos elétricos (Cóias 2006, Galvão 2009, Ferreira 2010, Freitas te al
2102, Padrão 2004)

Técnica de diagnóstico Descrição Objetivos Vantagens/Desvantagens


Medição da humidade
superficial
Vantagens: técnica fácil de
Ensaio efetuado in situ,
executar.
através de um humidímetro, Identificar o teor Desvantagens: necessário
que se vai posicionando de humidade na grande número de
sucessivamente sobre a superfície das medições. Ensaio apenas dá
superfície de uma parede, paredes das resultados sobre a superfície
ao longo de uma zona de construções do elemento, podendo haver
referência anteriormente (revestimentos). a possibilidade de humidade
marcada.
no seu interior.
Figura 4.23 – Humidímetro
[W4]

Técnicas hidrodinâmicas
Este grupo de métodos serve para o estudo do modo como a água, em diferentes
estados físicos, penetra e se movimenta no interior dos materiais de construção
obedecendo a processos como de absorção, efeito de capilaridade e permeabilidade
associada a diferenças de pressão (Veiga 2004, Flores Colen et al. 2006).

A observação e medição dos efeitos associados a estes processos permitem


recolher informações para materiais sólidos utilizados na construção de edifícios antigos
(pedra, tijolo e outros), que condicionam a sua durabilidade.

Os processos são determinados por duas caraterísticas fundamentais dos


materiais: a sua porosidade, uma propriedade de volume que representa o conteúdo de
poros; e a permeabilidade, uma propriedade de fluxo que define a facilidade de um meio
poroso se deixar atravessar por um fluido, sob a ação de uma diferente pressão.

Tabela 4.8 - Técnicas hidrodinâmicas (Cóias 2006, Veiga 2004, Flores Colen et al. 2006)

Técnica de diagnóstico Descrição Objetivos Vantagens/Desvantagens


Ensaio com tubo de
karsten Avaliar a
permeabilidade,
da água liquida e Vantagens: ensaio de
O ensaio de absorção de
a capacidade de execução fácil, de baixo
água sob baixa pressão é
impermeabilização custo
executado in situ ou em
estimar em Desvantagens: ensaio
laboratório, recorrendo ao
revestimentos de dependente das condições
tubo de Karsten. Utilizado
bases minerais. atmosféricas, necessidade
geralmente em
Estimar grau de de homogeneidade do
revestimentos e paredes.
deterioração face revestimento.
á ação superficial
Figura 4.24 – Tubo de
da água.
Karsten [W1]

73
Tabela 4.9 - Síntese de aplicação de técnicas de diagnóstico nos elementos de edifícios antigos (Abreu 2013, Arêde, et al. 2002, Cóias 2006, Ferreira 2010, Flores-
Colen 2009)

Paredes resistentes Pavimentos


Técnica Fundações
Estrutura Revestimentos Estrutura Revestimentos
Levantamento fotogramétrico X X X X X
Inspeção com câmara de vídeo de
X X X
pequeno diâmetro
Deteção acústica de insetos xilófagos X X
Medidor ótico X X
Comparador de fissuras X X X X
Fissurómetro X X X X
Medição da densidade superficial de
X X
elementos de madeira com Pylodin
Avaliação da integridade de
elementos de madeira com X X X X
Resistograph
Ensaios com macacos planos X
Ensaio com dilatómetro em alvenarias X
Ensaio ultra-sónico X
Ensaio sónico X
Tomografia sónica X
Ensaio impacto-eco X
Radiografia em estruturas de madeira X X
Medição de vibrações à distância
X
utilizando tecnologia laser

74
Tabela 4.9 (continuação) - Síntese de aplicação de técnicas de diagnóstico nos elementos de edifícios antigos (Abreu 2013, Arêde et al. 2002, Cóias 2006, Ferreira
2010, Flores-Colen 2009)

Tetos Paredes de compartimentação Cobertura


Técnica
Revestimentos Estrutura Revestimentos Estrutura Revestimentos
Levantamento fotogramétrico X X X X X
Inspeção com câmara de vídeo de
X X X X
pequeno diâmetro
Deteção acústica de insetos xilófagos X X X
Medidor ótico X X X
Comparador de fissuras X X
Fissurómetro X X X X
Medição da densidade superficial de
X X
elementos de madeira com Pylodin
Avaliação da integridade de
elementos de madeira com X X X
Resistograph
Ensaios com macacos planos X
Ensaio com dilatómetro em alvenarias X
Ensaio Ultra-Sónico X
Ensaio sónico na caracterização de
X
alvenarias
Tomografia sónica X
Ensaio Impacto-Eco X
Radiografia em estruturas de madeira X X
Medição de vibrações à distância
X
utilizando tecnologia laser

75
Tabela 4.9 (continuação) - Síntese de aplicação de técnicas de diagnóstico nos elementos de edifícios antigos (Abreu 2013, Arêde et al. 2002, Cóias 2006, Ferreira
2010, Flores-Colen 2009)

Caixilharia
Técnica Escadas Instalações
Envidraçados Outros
Levantamento fotogramétrico X X X
Inspeção com câmara de vídeo de
X X
pequeno diâmetro
Deteção acústica de insetos xilófagos X
Medidor ótico
Comparador de fissuras
Fissurómetro
Medição da densidade superficial de
X X
elementos de madeira com Pylodin
Avaliação da integridade de elementos de
X X
madeira com Resistograph
Ensaios com macacos planos
Ensaio com dilatómetro em alvenarias
Ensaio Ultra-Sónico
Ensaio sónico na caracterização de
alvenarias
Tomografia sónica
Ensaio Impacto-Eco
Radiografia em estruturas de madeira X
Medição de vibrações à distância
utilizando tecnologia laser

76
Tabela 4.9 (continuação) - Síntese de aplicação de técnicas de diagnóstico nos elementos de edifícios antigos (Abreu 2013, Arêde et al. 2002, Cóias 2006, Ferreira
2010, Flores-Colen 2009)

Paredes resistentes Pavimentos


Técnica Fundações
Estrutura Revestimento Estrutura Revestimento
Termografia X X X X X
Teor de sais: kit de campo e fitas
X
colorimétricas
Medição da humidade no interior de
X
paredes
Análise e monitorização de vibrações
X X X
em estruturas
Medição da humidade superficial X X
Ensaio com tubo de karsten X X

Tabela 4.9 (continuação) - Síntese de aplicação de técnicas de diagnóstico nos elementos de edifícios antigos (Abreu 2013, Arêde et al. 2002, Cóias 2006, Ferreira
2010, Flores-Colen 2009)

Paredes de compartimentação Cobertura


Técnica Tetos
Estrutura Revestimento Estrutura Revestimento
Termografia X X X X X
Teor de sais: kit de campo e fitas
X X
colorimétricas
Medição da humidade no interior de
X
paredes
Análise e monitorização de vibrações
X X X
em estruturas
Medição da humidade superficial X X
Ensaio com tubo de karsten X X X X

77
Tabela 4.9 (continuação) - Síntese de aplicação de técnicas de diagnóstico nos elementos de edifícios antigos (Abreu 2013, Arêde et al. 2002, Cóias 2006, Ferreira
2010, Flores-Colen 2009)

Caixilharia
Técnica Escadas Instalações
Envidraçados Outros
Termografia X X X X
Teor de sais: kit de campo e fitas
colorimétricas
Medição da humidade no interior de
paredes
Análise e monitorização de vibrações
X X X
em estruturas
Medição da humidade superficial
Ensaio com tubo de karsten

78
5 CATÁLOGO DE FICHAS DE DIAGNÓSTICO EM
EDIFÍCIOS ANTIGOS
5.1 Objetivos do capítulo
Em primeiro lugar explicar o processo de elaboração de forma completa, do
modelo da ficha de diagnóstico adotado, o que inclui a descrição e justificação dos
parâmetros escolhidos para integrar na ficha. O catálogo será formado por 16 fichas de
diagnóstico.

Nos subcapítulos que se seguem, serão apresentadas as fichas de diagnóstico,


depois de identificar a estrutura e organização das fichas técnicas segundo os princípios
de funcionamento mencionados no capítulo anterior.

As fichas elaboradas tiveram por base a informação retirada de várias fontes,


designadamente catálogos de equipamentos, guias técnicos de utilização, documentos
normativos, especificações técnicas, dissertações, artigos científicos, e informação
online.

5.2 Proposta da estrutura da ficha de diagnóstico


A estrutura de ficha técnicas de diagnóstico proposta neste trabalho tem como
base o modelo desenvolvido por Abreu (2013). Contudo, este trabalho propõe novos
tópicos e algumas alterações, que serão apresentados mais à frente, de forma a ser
aplicável a edifícios antigos.

De salientar mais uma vez, que as fichas executadas tentam complementar


todas as técnicas que não foram tratadas por Machado (2014) e Correia (2014), e claro,
dentro dessas, aquelas adequadas a edifícios antigos. Desta estrutura de ficha
apresentada, em relação a Correia (2014), suprimiu-se o campo avaliação de elementos
(estrutural ou não estrutural), por não se enquadrar no contexto deste trabalho. Em
relação a Machado (2014) seguiu-se a mesma estrutura de ficha, alterando os
elementos construtivos em que se pode utilizar a técnica e também os princípios de
funcionamento utilizados.

A proposta modelo da estrutura da ficha consiste em condensar toda a


informação relevante para cada técnica de diagnóstico a utilizar em edifícios antigos.
Sendo cada ficha constituída por duas páginas, tornando-se essencial para uma fácil
utilização e entendimento, por parte do utilizador da mesma.

79
Cada página da ficha está dividida em quadros, para uma melhor ordenação do
espaço e visualização da informação de cada técnica.

No cabeçalho, destaca-se a designação da técnica e a respetiva referência


numérica. De seguida encontra-se a caixa dos elementos em que pode ser aplicada, o
grau de destruição da técnica, o local de realização do ensaio (in situ ou laboratório), o
seu princípio de funcionamento, a descrição sumária da técnica, os equipamentos e
materiais necessários, as vantagens e desvantagens. No rodapé coloca-se ainda o
princípio de utilização e a referência da ficha em questão.

Na segunda página da ficha seguem-se os campos que dizem respeito ao custo


e dificuldade da técnica, o procedimento de ensaio, os parâmetros de medição, os
documentos normativos ou técnicos que se podem aplicar, os valores de referência ou
orientativos e a interpretação dos resultados. É apresentada a referência no rodapé e
designação da técnica, como na primeira página. Pode ainda encontrar-se nas fichas
as referências bibliográficas numeradas utilizadas no seu desenvolvimento.

Resumidamente, as fichas técnicas guia contêm a seguinte informação:

 Descrição;
 Grau de destruição da técnica
 Principio utilizado;
 Elementos construtivos em que pode ser utilizada;
 Procedimento de ensaio;
 Custo do ensaio
 Dificuldade do ensaio
 Parâmetros de medição;
 Valores de referência
 Interpretação dos resultados
 Equipamento;
 Vantagens;
 Desvantagens;

Desta forma, é proposto o seguinte modelo de ficha de técnicas de diagnóstico,


na qual se explicam parte dos campos, na própria ficha.

80
Ref.ª
Nome da técnica
GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:
In situ
Destrutiva Semi-destrutiva Não- destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Coberturas (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:

Nesta parte, será descrita a técnica em estudo, de Neste campo são mostradas imagens e fotos dos
forma sumária identificando a natureza da mesma. equipamentos e materiais que são usados na
Também são apontadas as anomalias que o ensaio realização do ensaio. Este campo pode variar
permite identificar. consoante a ficha, podendo ser exibidos alguns
pormenores relevantes relativamente aos aparelhos ou
os resultados que os mesmos produzem.

VANTAGENS: DESVANTAGENS:

Nesta secção, serão identificadas as principais Neste caso, mencionadas as principais desvantagens e
vantagens deste tipo de ensaio, dando ao utilizador entraves que acontecem ao usar este tipo de ensaio.
uma ideia geral das suas potencialidades

Ref.ª. PRINCIPIO UTILIZADO


Figura 5.1 – Ficha de diagnóstico

81
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso

DIFICULDADE DO ENSAIO:

Baixa Médio Elevada

PROCEDIMENTO DE ENSAIO: VALORES DE REFERÊNCIA:

Nesta parte, irá fazer-se uma descrição d as etapas Neste campo, são considerados valores e resultados
na realização do ensaio. Estes podem depender base de ensaios, trabalhos ou estudos anteriores
das normas aplicáveis, de resultados de ensaios comparáveis com os resultados obtidos no ensaio da
anteriores ou mesmo de documentos elaborados técnica em análise.
especificamente para a técnica de diagnóstico em
questão.

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:

PARÂMETROS DE MEDIÇÃO: Nesta fase é necessário fazer uma análise dos resultados
obtidos do ensaio para verificar se os objetivos tidos
Esta informação indica-nos principalmente o que é
em conta com a realização da técnica foram atingidos,
medido no ensaio, além disso pode informar sobre a
e também diagnosticar aquilo que foi ensaiado.
forma como os resultados dos ensaios são
apresentados (em tabela, gráfico ou imagem), e
como são produzidos pelo equipamento que os
realizou.

PRINCIPIO UTILIZADO Ref.ª.


Figura 5.1 (continuação) – Ficha de diagnóstico

82
5.3 Elementos do modelo de ficha
Designação da técnica
A designação da técnica é o campo da ficha que a identifica, através de
referências chave nesse título, como o aparelho utilizado, elementos construtivos e
materiais, e o próprio nome do ensaio.

Referência
Campo localizado no canto superior direito para obter uma visualização da ficha,
na organização e pesquisa do catálogo. Essa referência de identificação é formada pelo
número sequencial da ficha no catálogo e um código, composto pelas iniciais do
respetivo princípio de utilização da técnica, ilustrado na figura seguinte.

Ref.ª

10 TPOE

Figura 5.2 – Exemplo de referência: TPOE - Técnica de propagação de ondas elásticas

Grau de destruição
Este parâmetro diz respeito ao grau de destruição da técnica aplicada, algo
essencial saber, pois trata-se da sua aplicabilidade em edifícios antigos, que podem
conter materiais de difícil substituição. Como já referido anteriormente é possível
agrupar os ensaios não só em destrutivos e não destrutivos, mas também em semi-
destrutivos, que podem provocar certos danos localizados reparáveis.

Local de realização da técnica


Nesta secção é apresentada o local onde a técnica pode ser realizada, se in situ
ou em laboratório. No entanto, existem técnicas que podem ser efetuadas nos dois
locais, sendo que nessas situações ambos os campos deverão estar assinalados.

Elementos em que pode ser utilizada a técnica


Estes elementos descritos no segundo capítulo, que constituem um edifício
antigo, refere-se aos elementos principais estruturais e não estruturais: paredes,
pavimento, tetos, revestimentos tanto de paredes como de pavimentos, cobertura
(estrutura), elementos singulares, e instalações.

Princípio utilizado
Neste parâmetro são referenciados no modelo os seguintes princípios de
funcionamento: perceção sensorial, ação mecânica, propagação de ondas elásticas,

83
propagação de radiação eletromagnética, reação química, deteção e análise de
vibrações.

Custo
Relativamente ao custo este dá uma estimativa do valor da execução do ensaio,
tem apenas uma vertente qualitativa, para se ter uma noção do seu preço e seja possível
comparar este parâmetro pelo utilizador. Este tenta, assim, fornecer uma estimativa
preço de execução do ensaio incluindo a mão-de-obra especializada, não considerando
o custo de aquisição do equipamento. Optou-se por esta classificação, pois um preço
real seria difícil de concretizar, já que pode sofrer variações consideráveis de entidade
ou laboratório que são capazes de executar os ensaios.

Com base nisto, a forma de quantifica-lo foi, então, económico, médio ou


oneroso.

Dificuldade
Este campo tenta avaliar a dificuldade em realizar o ensaio, tendo em conta
diversos fatores, como o conhecimento técnico indispensável, a complexidade e
conhecimento técnico de manuseamento do aparelho, a duração e número de ensaios
necessários.

Documentos normativos
Este tipo de documentos, normalmente são normas portuguesas (NP), europeias
(EN), particularmente, americanas (ASTM), francesas (RILEM), britânicas (BS) ou
internacionais (ISO) que devem ser respeitas para que se faça uma execução correta
do ensaio de diagnóstico. Esses documentos normativos podem dizer respeito ao
material que se ensaia, ou à própria técnica em si, mais concretamente, ao princípio de
funcionamento. Podem conter algum esclarecimento completar ao que se encontra na
ficha técnica.

84
5.4 Elaboração da ficha técnica de diagnóstico 04 TAM
Para mostrar a potencialidade do esquema de ficha escolhida, neste ponto, será
explicado a ficha Ensaios ultra-sónicos para a caracterização de alvenarias, focando
alguns campos que têm importância significativa na ficha.

A elaboração da ficha foi efeituada recorrendo a bibliografia que pode ser


encontrada no Anexo I, de referências bibliográficas do catálogo. De referir que em
alguns casos poderão não estar indicadas todas as citações usadas, devido ao pouco
espaço que alguns campos apresentam e também devido à grande quantidade de
referências que seria apresentada ao longo do texto, e até de informação excessiva que
possa prejudicar a consulta por parte do utilizador.

Os pontos que dizem respeito ao grau de destruição, local de ensaio, avaliação


de elementos, e o parâmetro de medição do ensaio ultra-sónico, foram completados
dispondo da bibliografia indicada para a respetiva ficha e complementando com toda a
informação descrita no capítulo 4.

Na página traseira da ficha são expostos os documentos normativos


encontrados e consultados na execução da ficha, onde se encontram normas
portuguesas (NP), francesas (RILEM), britânicas (BS) e normas internacionais (ISO).

Na página seguinte mostra-se o exemplo referido.

85
Ensaios ultra-sónicos para a caracterização de Ref.ª

alvenarias 10 TPOE

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-destrutiva Não-destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Coberturas (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Os ensaios ultra-sónicos para a caracterização de Equipamento consiste num sistema portátil:
alvenarias utilizam normalmente frequências baixas,  unidade central com painel de
com maior energia e menor atenuação. A metodologia controlo
dos ensaios pode ser por ser por transparência, de  conjunto transmissor/recetor para
baixa frequência (5-20kHz) ou no interior de furos observações por transparência
[10.1].  transmissor mecânico gerador de
Uma frequência maior implica uma medição do tempo sinais de baixa frequência
de que percorre o pulso mais exata. Contudo uma  conjunto para ensaio sónico usando
frequência mais baixa, permite que haja uma orifícios: dois transdutores agulha
atenuação do sinal das ondas, que percorrendo um
caminho mais longo, torna o ensaio mais amplo [10.3]
Esta técnica é normalmente utilizada nas paredes de
alvenaria e nos seus revestimentos, para identificar
no geral (não individualmente a sua dimensão):
vazios, fissuras/fendas, espessura da parede, a
composição estrutural, a qualidade relativa da
alvenaria, existência de ascensão capilar, o teor de
humidade relativa, zonas contaminadas por sais
(criptoeflorescências) [10.2].
Figura 5.3 – Equipamento para ensaio ultrasónico [10.4]
VANTAGENS: DESVANTAGENS:

 Permite identificar defeitos e  Custo pode ser elevado em grandes áreas de


heterogeneidades estudo
 Técnica de ensaio simples  Cada metodologia envolve a utilização de
 Equipamento portátil e fácil de utilizar, software especialmente concebido
podendo ser in situ ou em laboratório  Resultados podem ser influenciados, por vários
fatores: constituição do elemento, forma do
elemento, teor de humidade à superfície,
rugosidade à superfície
Ref.ª: 10 TPOE TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS

86
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Non-destructive –
ISO 5577:2000 Ultrasonic inspection - 2000
DIFICULDADE DO ENSAIO: Vocabulary
Ensaios não destrutivos
Baixa Médio Elevada NP EN 583-1:2000 por ultra-sons: Princípios 2000
gerais
PROCEDIMENTO DE ENSAIO: Tests of Masonry
RILEM TC 127 – Materials and Structures –
1997
1. Independentemente da metodologia de MS Materials and Structures –
200/30 – Mar.97
ensaio calibrar todos os constituintes do MS D.5 – Measurement of
equipamento ultrasonic pulse velocity
RILEM TC 127 –
for masonry units and 1996
2. No ensaio por transparência, através de MS D.5
wallets – Materials and
um disco transmissor de cerâmica piezo Structures – 129/29 – Oct.

elétrica com frequência de missão 30 a 50


kHz, aplicar um impulso de compressão
transmissão de num determinado ponto da VALORES DE REFERÊNCIA:
alvenaria e medir o sinal recebido no ponto
Não foram encontrados valores referência
exatamente oposto
3. Na técnica por baixa frequência utilizar o
martelo e escopro para produzir uma onda
de compressão de baixa frequência,
considerável energia e capacidade de
penetração
4. Num ensaio no interior de furos, realizar INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
Sendo o sinal obtido e mostrado no ecrã do computador
previamente os furos e introduzir os dois
da unidade de comando, pode-se calcular o tempo entre
transdutores em agulha o disparo e a receção do primeiro sinal [10.1]
5. Observar o sinal obtido no ecrã do painel de
O processamento dos dados recolhidos em cada uma
controlo para posterior tratamento de dados
das três metodologias de ensaio passa pela utilização de
com software adequado software especialmente concebido [10.1]
Notas:
 Não são transmitidos impulsos nos grandes A receção do sinal possibilita a determinação da
velocidade de propagação na estrutura, sabendo o
vazios de ar tempo gasto no percurso feito aquando do disparo e a
receção do primeiro sinal [10.1][10.4]:
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:
Da mesma forma que na tomografia sónica o
𝑑 𝑚
parâmetro a medir é a velocidade de propagação do 𝑣= ( )
𝑡 𝑠
impulso ultra-sónico, mas neste caso com menores
frequências, com mais energia e menor atenuação É necessário distinguir pela parte do operador zonas em
[10.1] [10.2] que as medições não foram válidas.
Os ensaios por transparência têm como fim a
Após o processamento dos dados, com base nesses
determinação das características elásticas da valores obtidos consegue-se obter informação, sobre as
alvenaria. Os de baixa frequência normalmente para características mecânicas, homogeneidade e presença
ensaiar elementos de alvenaria em condições de fissuras e defeitos na alvenaria ensaiada [10.2].
deficientes, em reparação e restauro, ou com grandes Os materiais em fracas condições ou com pouca coesão
espessuras. registam velocidades menores do que os mais compactos
A técnica no interior com furos é utilizada, onde os ou menos degradados. A velocidade está diretamente
transdutores normais não são utilizados [10.1]. relacionada com a qualidade do material [10.4].
TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS Ref.ª: 10 TPOE

87
5.5 Organização e estrutura do catálogo
Sabendo que existem diferentes formas classificação já mencionadas, optou-se
nesta dissertação, numa perspetiva de continuidade do trabalho realizado por Machado
(2014) e Correia (2014), e também por se achar que é uma forma, de facto, expedita e
fácil de organizar o catálogo de fichas de diagnóstico, segundo os princípios de
funcionamento do ensaio. Tendo-se utilizado a seguinte codificação:

 TPS – Técnicas de perceção sensorial


 TAM – Técnicas de ação mecânica
 TPOE – Técnicas de propagação de ondas elásticas
 TPRE – Técnicas de propagação de radiação eletromagnética
 TRQ – Técnicas de reações químicas
 TDAV – Técnicas de deteção e análise de vibrações

Tendo tido por base o trabalho realizado por o trabalho realizado por Abreu
(2013), Machado (2014) e Correia (2014) foram produzidas 16 fichas de diagnóstico,
das quais 5 sofreram modificações relativamente (03 TPS, 05 TAM, 06 TAM, 07, TAM
e 10 TPOE). As restantes 11 são propostas novas: 01 TPS, 02 TPS, 04 TAM, 08 TAM,
09 TPOE, 11 TPOE, 12 TPOE, 13 TPRE, 14 TPRE, 15 TRQ, 16 TDAV.

Desta forma, as técnicas foram organizadas segundo uma numeração


sequencial, seguida do código de cada categoria, em linha com esses mesmos
trabalhos. Neste sentido, noutros trabalhos futuros, as fichas poderão ser adicionadas
prosseguindo a referência ordenada adotada.

A conceção das fichas propostas elaborados com base numa pesquisa


bibliográfica tentam possibilitar aperfeiçoar consideravelmente a estrutura e informação
apresentadas. Relativamente aos catálogos desenvolvidos por Abreu (2013), Machado
(2014) e Correia (2014), introduziram-se as seguintes alterações:

 Para referenciar cada ficha, adotou-se uma forma mais simplificada, onde
se indica a sequência numérica da ficha no catálogo, e as iniciais do
princípio de funcionamento em que se baseia
 No que diz respeito ao grau de destruição das técnicas, Abreu (2013),
apenas diferencia técnicas como sendo destrutivas ou não destrutivas.
Contudo, por meio da pesquisa realizada, consegue-se inserir um novo
parâmetro de grau de destruição, designado por “semi-destrutiva”. Este
grau incorpora determinadas técnicas de diagnóstico que implicam a
execução de pequenos furos para colheita de material, sendo possível

88
de reparar num momento posterior ao ensaio. Por este facto, a introdução
do parâmetro de técnica “semi-destrutiva”, permite uma categorização
mais precisa da técnica de diagnóstico em causa. Como exemplo incluí-
se no catálogo, a técnica de medição de humidade no interior de paredes
 Considerando ainda a estrutura geral do modelo proposto por Abreu
(2013), o campo relativamente ao princípio de funcionamento, foi
modificado de um campo descritivo para um com caixas de seleção. Esta
escolha torna a leitura da ficha mais fácil e rápida, permitindo
imediatamente identificar o princípio de funcionamento em que a técnica
em análise se baseia
 Sendo o presente trabalho sobre técnicas aplicáveis a edifícios antigos,
é apresentado na ficha, em forma de caixas de verificação, os elementos
em que se podem aplicar a técnica, distinguindo paredes, pavimentos,
revestimentos, tetos, cobertura (estrutura), instalações e elementos
singulares
 No que se refere ao corpo das fichas, nas técnicas já abordadas por
Abreu (2013), foi adicionada mais informação técnica para as vantagens
e desvantagens das técnicas. No domínio relativo à “Descrição”,
preservou-se apenas a informação essencial, para o entendimento da
técnica, descrevendo sucintamente em que é que consiste a técnica, e o
que permite avaliar e os aparelhos utilizados.
 Relativamente à estrutura da ficha realizada por Machado (2014), que
adotou pela primeira vez esta estrutura usada, manteve-se o que foi
apresentado, mantendo os mesmos campos. Contudo foram alterados os
elementos construtivos em que se pode utilizar a técnica e também os
princípios de funcionamento utilizados
 No verso da ficha, os campos relativos à “dificuldade” e ao “custo de
ensaio”, mantiveram-se com carácter qualitativo e não quantitativo, mas
preferiu-se usar caixas de verificação que se distinguem em três níveis
de fácil compreensão. Desta forma, o parâmetro associado à “dificuldade
de ensaio”, diferencia-se pelas opções de “fácil”, “médio”, e “difícil”. Bem
como, o parâmetro associado ao “custo do ensaio”, pode ser distinguido
entre,“económico”, “médio” e “oneroso.”
 Além disso, ainda no verso da ficha, Abreu (2013), apresentava uma lista
de entidades habilitadas a realizar o ensaio em questão. Este campo foi
eliminado, uma vez que este trabalho se debruça sobre a elaboração de
um catálogo de técnicas de diagnóstico como um documento de consulta

89
apenas técnica, ficando este tipo de indicação das entidades ao cargo de
catálogos de carácter comercial.
 A técnica de deteção acústica de insetos xilófagos (Abreu 2013)
adicionou-se informações nos campos das vantagens e desvantagens, e
na interpretação dos resultados
 Na técnica relativa à avaliação da integridade da madeira com
Resistograph (Abreu 2013) adicionou-se conteúdo informativo
relativamente às vantagens e desvantagens da técnica
 Nas fichas dos ensaios com macacos planos realizadas por Abreu (2013)
acrescentou-se alguma informação geral ao longo da ficha e atualizou-
se os documentos normativos.
 Relativamente ao ensaio ultra-sónico em alvenaria, tem diferenças
relativamente ao realizado por Correia (2014), já que este era feito em
betão. O realizado em alvenaria é feito a frequências diferentes,
normalmente mais baixas.

5.6 Apresentação do catálogo de diagnóstico


Apresenta-se o catálogo de técnicas de diagnóstico em edifícios antigos, num
índice geral das respetivas fichas, bem como as referências que as identificam.

Tabela 5.1 – Índice das fichas de diagnóstico

Referência Técnica de Diagnóstico Página


TPS – Técnicas de perceção sensorial
01 TPS Inspeção do interior de furos e espaços confinados com câmara e vídeo de 91 e 92
pequeno diâmetro
02 TPS Levantamento fotogramétrico de monumentos e edifícios antigos 93 e 94
03 TPS Deteção acústica de insetos xilófagos 95 e 96
TAM – Técnicas de ação mecânica
04 TAM Medição da densidade superficial de elementos de madeira com Pylodin 97 e 98
05 TAM Avaliação da integridade da madeira com Resistograph 99 e 100
06 TAM Ensaio simples com macaco plano 101 e 102
07 TAM Ensaio duplo com macaco plano 103 e 104
08 TAM Ensaio com dilatómetro em alvenarias 105 e 106
TPOE – Técnicas de propagação de ondas elásticas
09 TPOE Tomografia sónica na alvenaria 107 e 108
10 TPOE Ensaios ultra-sónicos para a caracterização de alvenarias 109 e 110
11 TPOE Ensaio sónico para a caracterização de alvenarias 111 e 112
12 TPOE Ensaio impacto-eco 113 e 114
TPRE – Técnicas de propagação de radiação eletromagnética
13 TPRE Medição de vibrações à distância utilizando tecnologia laser 115 e 116
14 TPRE Radiografia em estruturas de madeira 117 e 118
TRQ – Técnicas de reações química
15 TRQ Medição da humidade no interior de paredes 119 e 120
TDAV – Técnicas de deteção e análise de vibrações
16 TDAV Análise e monitorização de vibrações em estruturas 121 e 122

90
Ref.ª
Inspeção do interior de furos e espaços confinados 01 TPS
com câmara de vídeo de pequeno diâmetro
GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:
In situ
Destrutiva Semi- Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Equipamento portátil constituído por:
As câmaras de vídeo de pequeno diâmetro são  Unidade central dotada de um painel de
controlo, dum monitor e gravador de vídeo
concebidas para inspecionar o interior de furos, tubo,
 Câmara de vídeo montada no interior dum
poços, e outros espaços confinados de difícil acesso, cilindro de aço, com um sistema de iluminação
fornecendo, na estação de controlo, uma imagem frio, podendo dispor de visão radial ou axial
limpa e nítida, para visionamento direto ou gravação  Sistema de alimentação de transmissão de
imagem
[1.1]
 Cabo co-axial e outras ligações

As redes de abastecimento de água e drenagem, são


formadas por elementos muitas vezes inacessíveis,
como as tubagens de abastecimento, câmaras de
visita, coletores, podendo se utilizar este tipo de
câmara para encontrar possíveis anomalias que
afetam o sistema [1.2]
Figura 5.4 – Equipamento de câmara de vídeo de pequeno
diâmetro [W1]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:

 Aparelho fácil de manusear pelo utilizador  Nitidez de imagem pode ser condicionada pelo
 Possibilita uma inspeção de elementos de ambiente em que se encontra o elemento e
difícil acesso pela própria qualidade da câmara

Ref.ª: 01 TPS TÉCNICA DE PERCEÇÃO SENSORIAL

91
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Não foram identificados documentos normativos
Económico Médio Oneroso

DIFICULDADE DO ENSAIO [1.1]:

Baixa Médio Elevada

PROCEDIMENTO DE ENSAIO:

1. Ligar todo o equipamento à unidade de


controlo por meio de um cabo co-axial
2. Introduzir a câmara no espaço a
VALORES DE REFERÊNCIA:
inspecionar Não são aplicáveis valores de referência

Notas:
 A focagem da câmara e a intensidade
de iluminação podem ser comandadas
remotamente a partir da unidade
central de controlo
 Principais/Mínimas características do
Sistema
Tabela 5.2 – Principais/ Mínimas características do sistema
[1.2]
Característica Parâmetros mínimos
Resolução-vídeo 550 linhas
Sensibilidade-vídeo 0,5 Lux
Diâmetro da câmara 63,5 mm
Transmissão até 3000 m

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:
Para interpretação dos resultados é necessário registar
todos os dados necessários, como a localização e
Uma vez que este é técnica é de perceção,
identificação das áreas ensaiada, recorrendo, sempre
sensorial, e não existindo documentos normalizados
que se justifique a desenhos esquemáticos [1.1].
par tal, apenas as imagens conseguidas serão alvo
de análise por parte do utilizador.
As imagens obtidas durante a inspeção são gravadas
para posterior visionamento por parte do utilizador, para
uma análise mais pormenorizada, uma vez que no
momento de visionamento pode escapar alguma
situação ao operador.

Figura 5.5 - Esquema equipamento portátil vídeo [1.1]

TÉCNICA DE PERCEÇÃO SENSORIAL Ref.ª: 01 TPS

92
Ref.ª
Levantamento fotogramétrico de monumentos e 02 TPS
edifícios antigos
GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:
In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


A fotogrametria é um método de levantamento Equipamento portátil constituído por:
baseado na observação do mesmo objeto de dois ou  Computador com requisitos mínimos para
três ângulos diferentes possibilitando a reconstituição correr o software de fotogrametria e software
de uma imagem espacial a partir de imagens Autocad instalados
bidimensionais. Nesta técnica, é necessário um  Estação total munida de caderneta de terreno,
sistema informático e software especialmente conetável ao computador e distanciómetro
concebido, que possibilita a partir de pares de laser
fotografias convergentes posicionadas no espaço  Câmara fotográfica de precisão com objetivas
através da tomada de pontos coordenados, a de 24 a 50 mm
reconstituição da geometria das fachadas trabalhadas  Mesa digitalizadora com formato de 24 x 36
de edifícios antigos ou de monumentos históricos. A polegadas
referenciação exata das zonas fotografadas
consegue-se por meio da determinação das
coordenadas cartesianas xyz de alguns pontos, por
processos topográficos correntes [2.1].
A inexistência de documentação, a imprecisão das
plantas ou o seu mau estado de conservação, torna a
fotogrametria essencial, no processo de reabilitação
[2.2].
Figura 5.6 – Câmara fotográfica de precisão e
estação total [W35] [W36]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
 Executar levantamentos de forma mais  A precisão e rigor depende da qualidade da
rápida que os tradicionais feitos máquina fotográfica, da sua calibração, e do
manualmente e com mais rigor programa de software usado
 Obter desenhos, fornecer informação  Requer profissionais com experiência, prática e
importante de ordem histórica ou conhecimento técnico especializado para
arqueológica, referenciar anomalias realização da técnica

Ref.ª: 02 TPS TÉCNICA DE PERCEÇÃO SENSORIAL

93
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Não foram identificados documentos normativos.
Económico Médio Oneroso

DIFICULDADE DO ENSAIO:

Baixa Médio Elevada

PROCEDIMENTO DE ENSAIO[2.1]:
O procedimento de ensaio está dividido em duas
fases principais (fase de campo e de gabinete)
I. Fase de campo
1. Tomada de coordenadas com o auxílio da
estação total (para posicionar no espaço em VALORES DE REFERÊNCIA:
coordenadas cartesianas xyz, os pares de
Não são aplicáveis valores de referência
fotografias)
2. Execução das fotografias convergentes das
fachadas (pelo menos duas fotografias de
ângulos diferentes)
3. Fotografar caso existam pormenores
arquitetónicos, como frisos decorados e
capiteis
4. Revelação das fotos em formato 10x15 ou
20x30 cm, permitindo uma documentação
topográfica do objeto levantado
5. Levantamento manual de pormenores de
dimensões e complementares à informação
topográfica necessária
Notas1:
 Na execução das fotografias modelo é
necessário que a distância entre duas
estações seja de pelo menos cerca de 30 a
50%
 Em espaços de pouca luminosidade usar
flash
II. Fase de gabinete
1. Recuperação das coordenadas com auxílio
da caderneta de campo ligada ao
computador
2. Orientar as fotografias utilizando o software
de fotogrametria (orientação do modelo para
determinar a posição da câmara em relação
ao objeto, introduzindo as coordenas xyz)
3. Digitalizar a informação contida nas fotos, INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
com o software a funcionar em parelo com o Depois de levantada toda a informação necessária
Autocad, transmitir para ai a informação sob produz-se as imagens e desenhos pela metodologia
entidade 3D descrita, e imprime-se à escala desejada. Podendo
4. Restituição e retificação em CAD do ficheiro então obter a geometria do objeto alvo, para análise ou
produzido
para arquivo.
5. Impressão à escala desejada do ficheiro
produzido

PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:
Esta técnica sendo de perceção sensorial, e não
existindo documentos normalizados para tal, é
baseado na observação de um objeto de pelo menos
dois ângulos diferentes, permitindo reconstituir
desenhos e imagens espaciais a partir de imagens
bidimensionais.
TÉCNICA DE PERCEÇÃO SENSORIAL Ref.ª: 02 TPS

94
Ref.ª
Deteção acústica de insetos xilófagos 03 TPS

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Equipamento portátil constituído por:
A deteção acústica de insetos xilófagos (ex.:  Sensores de emissão acústica, amplificador
carunchos, térmitas) tem como objetivo encontrar  Computador para receção dos dados, com
estes insetos quando não há sinais exteriores visíveis software especializado para processar o sinal
da deterioração que possam provocar, ou seja, em
fases pouco avançadas de infestação [3.1].
É possível a deteção da sua atividade devido
especialmente ao som que as larvas emitem durante
a sua criação e alimentação [3.4].
A deteção pode ser feita diretamente com saída de
áudio para auscultadores, ou podem ser analisadas as
ondas sonoras por meio de PC com software
especializado.
Figura 5.7 – Equipamento acústico [3.4]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
 Possibilita encontrar zonas atacadas, sem  Só é possível detetar problemas no ensaio
serem visíveis exteriormente separadamente para cada peça de madeira
 Em função do volume e natureza do sinal  O alcance em cada elemento de madeira é
produzido, é possível para alguns modelos limitado a 2 metros
comerciais, estimar a intensidade do ataque  Por ser um ensaio de ataques biológicos, não
e distingui-lo da ação de outros organismos fornece qualquer informação em relação à
vivos, como os roedores secção residual das peças, não se avaliando a
 A análise da saída de áudio pode ser feito capacidade resistente
diretamente por meio de auscultadores, ou
por análise das ondas sonares no PC
Ref.ª: 03 TPS TÉCNICA DE PERCEÇÃO SENSORIAL

95
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Não foram identificados documentos normativos
Económico Médio Oneroso

DIFICULDADE DO ENSAIO:

Baixa Médio Elevada

PROCEDIMENTO DE ENSAIO [3.1][3.2]:

1. Colocar os sensores de emissão acústica


no elemento de madeira
2. Colocar os auscultadores e tentar perceber
VALORES DE REFERÊNCIA:
se existe algum ruido vindo do elemento Tabela 5.3 – Valores de frequências
3. Gravação do som de cada ensaio para cada
Valores
sensor
Frequências audíveis 100 Hz – 25 kHz
Notas:
Frequência limitada pelo
 O alcance em cada peça de madeira é 1 kHz – 20 kHz
aparelho
limitado a dois metros
 Sensores acústicos que funcionam no
domínio de frequências audíveis (100
Hz a 25 kHz.
 Módulo de receção do aparelho,
amplificação e filtração, limitando a
banda de frequências compreendidas
entre 1 kHz e 20 kHz

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:

Os sons emitidos registados nos elementos de madeira


Esta técnica de diagnóstico, conhecida por INADEC
inspecionados terão que ser comparados com um
(Insect Acoustic Detecion), utiliza um aparelho
conjunto de sons em base de dados, para poder
portátil concebido na Europa.
distinguir e identificar o organismo responsável pela
infestação da zona inspecionada [3.3].
Este sinal é digitalizado e pode ser armazenado num
DAT (Digital Audio Tape), ou ser enviado
Com o conhecimento do inseto responsável pela
diretamente para um computador portátil, para ser
deterioração, é possível aplicar o tratamento no local
processado. O sinal é depois comparado com outros
onde se detetou o ruído, assim como os elementos
sinais padrão, processados em condições
vizinhos ligados ao elemento.
controladas [3.2].

TÉCNICA DE PERCEÇÃO SENSORIAL Ref.ª: 03 TPS

96
Ref.ª
Medição da densidade superficial de elementos de 04 TAM
madeira com o Pylodin
GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:
In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Principais características do Pylodin:
A medição da densidade superficial da madeira Tabela 5.4 – Especificações do aparelho Pylodin
constitui uma técnica de inspeção não destrutiva, Características do aparelho
sendo a mesma realizada por um aparelho Força de perfuração 6 (Joule – Nm)
denominado de Pylodin. Este consiste num pino Profundidade de furação 40 mm
metálico, constituído no seu interior por uma barra Diâmetro orifício resultante do ensaio 2,5 mm
metálica circular de 2,5mm, a qual é introduzida na Dimensões do aparelho 50 x 335 mm
Peso do aparelho 1,6 kg
madeira por impacto, com determinada energia. Em
função da profundidade de penetração, cujo valor
máximo é de 40mm, é possível estabelecer relações
com a dureza superficial da madeira na direção
transversal e consequentemente, com a sua
densidade ou massa volúmica [4.1].

Figura 5.8 – Pylodin – Aparelho de medição da densidade


superficial [4.2]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
 Método simples para estimar o estado de  Não garante correlações significativas com a
conservação superficial e a secção residual resistência mecânica das madeiras;
de peças de madeira;
 Apenas é capaz de caracterizar o estado
 Medição rápida da densidade/dureza da
superficial da peça, não sendo sensível à
superfície da peça
existência de defeitos/degradações/vazios no
 Portabilidade e facilidade de utilização.
seu interior;

Ref.ª: 04 TAM TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA

97
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Não foram identificados documentos normativos
Económico Médio Oneroso

DIFICULDADE DO ENSAIO:

Baixa Médio Elevada

PROCEDIMENTO DE ENSAIO [4.1][4.2][4.3]:


1. Colocação do pino no interior da cápsula,
com auxílio de uma ferramenta destinada
para o efeito;
2. Posicionamento do aparelho e verificação
do correto apoio dos pernos que permitem
a execução do ensaio em direção
perpendicular à superfície;
3. Efetuar pressão ou pequeno impacto sobre VALORES DE REFERÊNCIA:
Tabela 5.5 – Valores referência da densidade de algumas
a zona superior da cápsula para que a mola
espécies de madeira [4.4]
se solte e o pino perfure a madeira; Densidade
Espécie Idade (anos)
básica (g/cm3)
4. Leitura e registo da profundidade de
Eucalyptus grandis 4-5 0,38 a 0,40
penetração enquanto o pino se encontra Eucalyptus grandis 9-11 0,56 a 0,62
premido contra a madeira, localização do Eucalyptus saligna 4-5 0,40 a 0,46
Eucalyptus saligna 9-11 0,56 a 0,66
ensaio e designação do elemento.
Eucalyptus urophylla 4-5 0,46 a 0,49
5. Repetir o ensaio o número de vezes Eucalyptus urophylla 9-11 0,65 a 0,75
Pinus caribaea 9-11 0,33 a 0,35
necessário para se ter uma amostra
Pinus elliottii 18-24 0,50 a 0,54
considerável de resultados, podendo com Pinus oocarpa 9-11 0,35 a 0,39
as várias medições efetuar o cálculo da Pinus taeda 18-24 0,45 a 0,47

dureza superficial média de cada peça


INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
avaliada Esta técnica utilizando o Pilodyn, restringe-se apenas à
Notas: zona superficial da peça, em que os resultados obtidos
das leituras da profundidade de perfuração podem ser
 O resultado é lido no mostrador que
relacionados com a dureza superficial da madeira na
permite a leitura da profundidade de direção transversal e consequentemente, com a sua
perfuração com uma escala de leitura de 0 a densidade ou massa volúmica [4.2].
40 mm, sem décimas
O valor da penetração é inversamente proporcional ao
valor da dureza, ou seja, quanto maior for a dureza
menor será o valor da penetração e vice-versa [4.3].

Os resultados do ensaio do Pilodyn variam em função


PARÂMETROS DE MEDIÇÃO: da espécie de madeira, ou seja, cada espécie apresenta
O parâmetro medido neste ensaio é a dureza uma densidade distinta o que influencia diretamente a
superficial da madeira depende de alguns fatores, sua dureza superficial [4.3].
como o teor em água e as condições de atuação, pelo
que as conclusões devem ser alcançadas por Assim, para uma espécie com densidade superior são
comparação com valores obtidos em situações esperados valores de dureza superiores, sendo que o
idênticas [4.3] contrário também acontece. A análise dos resultados
deve ser realizada em função da conjugação e
conciliação das duas propriedades: espécie e dureza
[4.3].
TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA Ref.ª: 04 TAM

98
Ref.ª
Avaliação da integridade de elementos de madeira 05 TAM
com Resistograph
GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:
In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Equipamento constituído por:
Esta técnica reduzidamente intrusiva, por meio da  1 broca de muito pequeno diâmetro
utilização do aparelho Resistograph, é normalmente  sistema de controlo para medir e registar
a potencia exigida ao motor de furação
aplicável a estruturas de madeira em estado de
Principais características do equipamento:
serviço, já que a perfuração é insignificante, com Tabela 5.6 – Principais características [5.1]
pouca influência na resistência mecânica do Características
Profundidade de furação 300 mm
elemento, possibilitando a deteção de
Exatidão das medidas ± 1 mm
heterogeneidades e fornece dados relativamente à Velocidades de avanço (cm/min) 7,5;15;30,45,60;75
densidade que vai sendo encontrada na furação [5.1] Tensão de trabalho 12 V

Permite ainda detetar vazios no interior da madeira,


provocados por insetos como as térmitas e carunchos.

Figura 5.9 – Dois tipos de Resistograph [5.5]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
 Aparelho fácil de manusear pelo utilizador  Não fornece diretamente informação sobre a
 Possibilita uma inspeção de elementos de resistência mecânica da madeira;
madeira correntes e antigos;  É necessário ter conhecimento das
 Possibilita a determinação de variações de propriedades da madeira, analisando aspetos
densidade ao longo furação, assim como de de saída de dados, como os anéis de
vazios ou deterioração. crescimento, identificação de defeitos e outros.

Ref.ª: 05 TAM TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA

99
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Não foram identificados documentos normativos
Económico Médio Oneroso

DIFICULDADE DO ENSAIO:

Baixa Médio Elevada

PROCEDIMENTO DE ENSAIO [5.1][5.2]:


VALORES DE REFERÊNCIA:
Os valores de referência devem ser consultados, caso
1. Escolher o ponto de aplicação, e marca-lo
existem, em estudos anteriores sobre cada espécie de
com um marcador, já que depois do ensaio madeira aplicada na estrutura em análise.[5.4]
devido à reduzida dimensão do furo, não Abaixo apresenta-se algumas expressões para obter
correlações entre o VRmédio obtido do equipamento e
seria facilmente detetável
algumas das principais características mecânicas dos
2. Escolher qual o comprimento da broca e elementos, tendo sido uniformizada a notação utilizada
tipo de velocidade de rotação mais pelos vários autores dos estudos, para facilitar a análise
Tabela 5.7 - Expressões de correlação VRmédio e
adequado à madeira em análise
propriedades mecânicas de elementos de madeira [5.1]
3. Encostar o aparelho perpendicularmente à
peça.
4. Dar o inicio à furação, pressionando o
interruptor, até que a broca atravessa todo
o elemento, ou até ao limite estipulado pelo
equipamento
Notas:
 Quando a aplicação perpendicular ao
elemento não é possível, usar o
acessório que permite furar o elemento
a 45º

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:
O resultado que pode ser obtido automaticamente,
O principal critério a ter em conta na medição é a
numa fita de papel, imprimindo o gráfico com as
resistência á penetração da broca de sondagem que
densidades que vão sendo encontradas, por uma
permite distinguir variações de densidade da
impressora incorporada ou ligada à unidade de controlo
madeira e traçar o perfil correspondente [5.1].
[5.1].
O Resistograph fornece um perfil de variação radial
De outra forma para se obter valores quantitativos é
da resistência à perfuração, o qual é alvo de um
necessário tratar os dados, e existem algumas
tratamento estatístico, de forma a permitir obter um
limitações para obtê-los relativamente às características
valor médio, denominado de Valor de Resistograph
mecânicas, pois nem todas as correlações entre os
(VR). Esta forma de tratamento dos dados tenta ter
resultados obtidos e as características da madeira são
em consideração zonas de menor resistência e /ou
aceitáveis [5.3].
com degradação superficial, podendo influenciar os
resultados e a caracterização da resistência do
elemento [5.1].
Para se retirar informação dos resultados do
Resistograph sobre as características mecânicas da
peça, é necessário estabelecer correlações entre o
VRmédio e valores conhecidos de ensaios mecânicos
(por exemplo, para a determinação do módulo de Figura 5.10 – Exemplo de output de Resistograph da resistência
elasticidade, E0, e módulo de rotura, fm, segundo a à perfuração para a viga, onde é visível um vazio (a) [5.1]
EN 408), para a mesma espécie [5.3].
TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA Ref.ª: 05 TAM

100
Ref.ª
Ensaio simples com macacos planos 06 TAM

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Equipamento constituído por:
Ensaio utilizado para determinar o estado de tensão  Máquina de corte com disco ou anel
de paredes e outros elementos estruturais de diamantado (depende do tipo de macaco
plano a utilizar)
alvenaria [6.1][6.4].
 Sistema transmissor de pressões
 Instrumento de medição de deformações
Baseia-se na libertação do estado de tensão, por meio
da realização de um entalhe, com profundidade
dependente do tipo de macaco plano, seguida ade
aplicação de cargas através de macacos planos de
pequena área e espessura, inseridos anteriormente
nos entalhes [6.3][6.4].
Figura 5.11 – Fases do ensaio: a) medição dos alinhamentos b)
execução do rasgo c) medição dos deslocamentos relativos d)
colocação do macaco plano e) medição dos deslocamentos após
incrementos de carga [6.6]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
 Além de ser utilizado na avaliação do estado  Tensões estimadas podem não ser
de tensão, pode ser utilizado como técnica representativas das instaladas, devido a uma
de monitorização, mantendo o macaco na distribuição assimétrica destas;
abertura a recolher dados;  Fiabilidade dos resultados para níveis de carga
 Resultados com fiabilidade, devido às muito baixos, dado o nível de baixas
perturbações muito reduzidas na alvenaria deformações associadas;
ensaiada;  Fiabilidade dos resultados em situações com
material muito fraco, heterogéneo ou solto;
 Zonas próximas de pontos singulares podem
influenciar os resultados
Ref.ª: 06 TAM TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA

101
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Standard test method for
in situ compressive stress
DIFICULDADE DO ENSAIO: ASTM C 1196-04 wich solid masonry 2004
estimated using flatjack
Baixa Médio Elevada mesasurements.
MDT D.4 – In situ stress
PROCEDIMENTO DE ENSAIO [6.1][6.5]: test based on the flack
RILEM TC 177 –
1. Calibração do macaco plano, por exemplo, jack – Materials and 2004
MDT D.4
Structures – 271/37 –
segundo as diretrizes da norma ASTM C Aug-Sept 2004 – p.491
1196-04; MDT D.5 – In situ stress –
strain behavior tests
2. Definição e marcação da do RILEM TC 177 – based om the flack jack –
2004
desenvolvimento da ranhura a marcar na MDT D.5 Materials and Structures –
271/37 – Aug-Sept 2004
parede;
– p.497
3. Definição da localização das miras acima e
abaixo da ranhura, afastados cerca de 10 cm VALORES DE REFERÊNCIA:
Tabela 5.8 – Valores ref. obtidos em estudos anteriores [6.3]
da ranhura para cada mira;
Localização Tentúgal Bragança P.Delgada Porto
4. Colocação dos alinhamentos verticais, Autores do Pagaimo; Roque; Mesquita; Guedes;
estudo Lourenço Lourenço Lança Miranda
afastados no mínimo 5cm das extremidades;
Nº de 2 simples 3 simples 3 simples 1 simples
5. Medição das posições iniciais ensaios 8 duplos 3 duplos 3 duplos 1 duplo
Nº de pisos 2 2 2 3
6. Com máquina de corte executar a abertura
Tipo de
7. Colocação do macaco na abertura com um alvenaria Calcário Xisto Basalto Granito
de pedra
papel químico entre folhas brancas e placas Estado de
tensão 0,08 – 0,15 0,08 – 0,13 0,02 – 0,09 0,4 – 0,7
de enchimento (MPa)
8. Ligação da bomba ao macaco; Mod.Elastic
idade 0,5 2.,0 – 1,0
9. Purgação do macaco; (GPa)
Tensão
10. Ajuste do macaco ao rasgo aplicando cerca rotura 0,7 0,7 0,7 0,7
(MPa)
de 50% da tensão estimada na parede.
INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
Despressurização até 0;
No início do ensaio regista-se o valor de pressão (P) que
11. Aplicação de incrementos de 0,05 MPa até repõe as condições iniciais da alvenaria. O valor da
estabilização dos manómetros (1 minuto). tensão é dado por:
Registo das distâncias entre miras; 𝜎 = 𝐾𝑚 × 𝐾𝑎 × 𝑃
-𝐾𝑚 tem em conta as características geométricas do
12. Suspensão do ensaio quando ultrapassadas
macaco e a rigidez do cordão de soldadura. Parâmetro
as posições medidas inicialmente definido por testes de caibração feitos pelo fabricante.
13. Despressurização dos macacos -𝐾𝑎 é dado pela razão entre a área do macaco (A m) e a
de corte (Ac): 𝐾𝑎 = 𝐴𝑚 /𝐴𝑐 [6.1]

PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:
O parâmetro medido neste ensaio é a tensão
instalada na parede ao nível da secção que é
expressiva das paredes de alvenaria pela média dos
registos dos ensaios realizados em diferentes
alinhamentos [6.2]

Figura 5.12 – Diagrama exemplo dos resultados de resultados


obtidos num ensaio simples com macacos planos [6.4]

TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA Ref.ª: 06 TAM

102
Ref.ª
Ensaio duplo com macacos planos 07 TAM

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Equipamento constituído por:
Técnica utilizada para avaliar as características de  Máquina de corte com disco ou anel
deformabilidade de paredes e outros elementos diamantado (depende do tipo de macaco
plano a utilizar)
estruturais de alvenaria, quer na direção vertical, quer
 Sistema transmissor de pressões
na horizontal [7.1].  Instrumento de medição de deformações

Baseia-se na libertação do estado de tensão, por meio


da realização de um entalhe, com profundidade
dependente do tipo de macaco plano, seguida ade
aplicação de cargas através de macacos planos de
pequena área e espessura, inseridos anteriormente
nos entalhes [7.1]. Figura 5.13 – Execução do 2ºentalhe e introdução de
pressões numa amostra ensaiada de parede de alvenaria (da
Utilizando dois rasgos paralelos, eliminam-se as esquerda para a direita) [7.2]
tensões existentes nessa zona da alvenaria [7.1]
VANTAGENS: DESVANTAGENS:
 Pode também utilizada como técnica de  Tensões estimadas podem não ser
monitorização, mantendo o macaco na representativas das instaladas, devido a uma
abertura a recolher dados; distribuição assimétrica destas;
 Resultados com fiabilidade, devido às  Fiabilidade dos resultados para níveis de carga
perturbações muito reduzidas na alvenaria muito baixo, dado o nível de baixas
ensaiada; deformações associadas;
 Estimar resistência à compressão,  Fiabilidade dos resultados em situações com
extrapolando a curva carga/deformação material muito fraco, heterogéneo ou solto;
 Zonas próximas de pontos singulares podem
influenciar os resultados
Ref.ª: 07 TAM TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA

103
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Standard test method for
in situ measurement of
DIFICULDADE DO ENSAIO: ASTM C 1197-04 masnory deformatibility 2004
properties using the
Baixa Médio Elevada flatjack method.
MDT D.4 – In situ stress
PROCEDIMENTO DE ENSAIO [7.1]: test based on the flack
RILEM TC 177 –
1. Calibração do macaco, por exemplo, plano jack – Materials and 2004
MDT D.4
Structures – 271/37 –
segundo as diretrizes da norma ASTM C Aug-Sept 2004 – p.491
1197-04; MDT D.5 – In situ stress –
strain behavior tests
2. Definição e marcação da do RILEM TC 177 – based om the flack jack –
2004
desenvolvimento da ranhura a marcar na MDT D.5 Materials and Structures –
271/37 – Aug-Sept 2004
parede;
– p.497
3. Definição da localização das miras acima e
abaixo da ranhura, afastados cerca 10 cm da VALORES DE REFERÊNCIA:
Tabela 5.9 – Valores ref. obtidos em estudos anteriores [7.3]
ranhura para cada mira;
Localização Tentúgal Bragança P.Delgada Porto
4. Colocação dos alinhamentos verticais, Autores do Pagaimo; Roque; Mesquita; Guedes;
estudo Lourenço Lourenço Lança Miranda
afastados no mínimo 5cm das extremidades;
Nº de 2 simples 3 simples 3 simples 1 simples
5. Medição das posições iniciais ensaios 8 duplos 3 duplos 3 duplos 1 duplo
Nº de pisos 2 2 2 3
6. Com máquina de corte executar a abertura
Tipo de
7. Colocação do macaco na abertura com um alvenaria Calcário Xisto Basalto Granito
de pedra
papel químico entre folhas brancas e placas Estado de
tensão 0,08 – 0,15 0,08 – 0,13 0,02 – 0,09 0,4 – 0,7
de enchimento (MPa)
8. Ligação da bomba ao macaco; Mod.Elastic
idade 0,5 2.,0 – 1,0
9. Purgação do macaco; (GPa)
Tensão
10. Ajuste do macaco ao rasgo aplicando cerca rotura 0,7 0,7 0,7 0,7
(MPa)
de 50% da tensão estimada na parede.
INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
Despressurização até 0;
11. Aplicação de incrementos de 0,05 Mpa até O ensaio é realizado através de vários ciclos
estabilização dos manómetros (1 minuto). carga/descarga, com o aumento/diminuição gradual dos
Registo das distâncias entre miras; níveis de tensão com incrementos constantes, sendo
realizado em cada nível leituras das deformações da
12. Suspensão do ensaio quando ultrapassadas
amostra.
as posições medidas inicialmente O valor do módulo de elasticidade de Young (𝐸), para
13. Despressurização dos macacos cada intervaldo de tensão é dado por: 𝐸 = 𝜎/𝜀
- 𝜎 = 𝐾𝑚 × 𝐾𝑎 × 𝑃 é a tensão, - P é a pressão no inicio
do ensaio; -𝐾𝑚 tem em conta as características
geométricas do macaco e a rigidez do cordão de
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO: soldadura. Parâmetro definido por testes de caibração
Além da tensão instalada nas paredes de alvenaria feitos pelo fabricante.
em estudo, esta técnica permite determinar as -𝐾𝑎 é dado pela razão entre a área do macaco (A m) e a
características de deformabilidade da amostra. de corte (Ac): 𝐾𝑎 = 𝐴𝑚 /𝐴𝑐
Tabela 5.10 – Erros nos dados e parâmetros [7.3]
- 𝜀 é a extensão medida nas base da medição
Tensão in Tensão de Modulo de
Norma
situ rotura elasticidade 𝜀 = 𝑙𝑖 − 𝑙𝑖 /𝑙𝑖
ASTM C Variância Sobrestima - 𝑙𝑖 é a distância inicial entre as bases de medição

1197-04 de 24% em 15% - 𝑙𝑓 é a distância finall entre as bases de medição
RILEM TC Sobrestima Sobrestima
– É necessário corrigir as pressões lidas no manómetro
177MDTD.4 em 15% em 10%
tendo em conta os fatores de correção 𝐾𝑚 e 𝐾𝑎 [7.1].
TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA Ref.ª: 07 TAM

104
Ref.ª
Ensaio com dilatómetro em alvenarias 08 TAM

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


A utilização da técnica do dilatómetro é, na sua Equipamento constituído por:
essência, idêntica à dos macacos-planos embora  Máquina de carotagem
recorrendo a equipamento diferente e destinando-se a  Dilatómetro com sonda
obter as características de deformabilidade da
alvenaria, o módulo de elasticidade e coeficiente de
poisson do material [8.1] [8.2].

Método menos destrutivo do que o tradicional com


macacos planos [8.4]

O dilatómetro permite avaliar tais características na


parte interior (núcleo) das paredes, contrariamente ao
dos macacos planos, que apenas permite caracterizar
os panos exteriores da alvenaria [8.1].

Figura 5.14 – Dilatómetro [W1]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
 Fornece dados quantitativos, que podem ser  Os danos causados na alvenaria dependem do
aplicados diretamente numa avaliação tipo de dilatómetro usado
numérica do elemento estrutural (input de  Fiabilidade dos resultados em situações com
dados para métodos numéricos) material muito fraco, heterogéneo ou solto;
 Os dilatómetros podem ter diferentes  Zonas próximas de pontos singulares podem
diâmetros influenciar os resultados
 No caso de alvenarias de vários panos o
ensaio completa o ensaio duplo de macacos
planos, na caracterização do pano interior.

Ref.ª: 08 TAM TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA

105
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Standard test method for
in situ measurement of
DIFICULDADE DO ENSAIO: ASTM C 1197-04 masnory deformatibility 2004
properties using the
Baixa Médio Elevada flatjack method.
MDT D.4 – In situ stress
PROCEDIMENTO DE ENSAIO [8.1][8.2][8.3]: test based on the flack
RILEM TC 177 –
1. Furação da alvenaria a ensaiar com uma jack – Materials and 2004
MDT D.4
Structures – 271/37 –
máquina de carotagem Aug-Sept 2004 – p.491
2. Colocação da sonda no furo MDT D.5 – In situ stress –
strain behavior tests
3. Aplicação da pressão hidrostática exercida RILEM TC 177 – based om the flack jack –
2004
pelo dilatómetro nas paredes do furo, por MDT D.5 Materials and Structures –
271/37 – Aug-Sept 2004
meio da água bombada ou ar comprimido
– p.497
para o interior da sonda
VALORES DE REFERÊNCIA:
Tabela 5.11 – Resultados referência de tubos
com diferentes tipos de membrana [8.4]

Figura 5.15 – Equipamento de carotagem e colocação da


sonda [8.1]

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:

Com recurso à medição dos deslocamentos resultantes


da pressão aplicada dos ciclos carga-descarga, é
possível determinar o módulo de elasticidade (E) da zona
em análise, 𝐸 = 𝜎/𝜀 [8.4].
- 𝜎 = 𝐾𝑚 × 𝐾𝑎 × 𝑃 é a tensão, - P é a pressão no inicio
Figura 5.16 – Aplicação da pressão com o dilatómetro [8.1] do ensaio; -𝐾𝑚 tem em conta as características
Notas: geométricas do macaco e a rigidez do cordão de
soldadura. Parâmetro definido por testes de caibração
 A sonda é dotada de um corpo rígido feitos pelo fabricante.
cilíndrico envolvido por uma membrana de -𝐾𝑎 é dado pela razão entre a área do macaco (A m) e a
borracha ou latex
de corte (Ac): 𝐾𝑎 = 𝐴𝑚 /𝐴𝑐
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:

Além da pressão aplicada, são medidas as


deformações diametrais daí decorrentes, segundo
quatro direções desfasadas de 45º entre si e
perpendiculares ao eixo do furo, a partir das quais é
possível calcular o parâmetro quantitativo, módulo de
deformabilidade do material [8.1].

A sonda exerce uma pressão radial conhecida contra


o material circundante [8.2].

Figura 5.17 – Exemplo do deslocamento diferencial médio


durante a pressurização [8.4]

TÉCNICA DE AÇÃO MECÂNICA Ref.ª: 08 TAM

106
Tomografia Sónica na Alvenaria Ref.ª
09 TPOE

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


A tomografia sónica na alvenaria refere-se à obtenção Equipamento constituído por:
de um mapa pormenorizado da distribuição de  gerador de onda de tensão
 martelo calibrado
velocidade de propagação do som numa secção plana
 acelerómetro recetor
da estrutura em estudo [9.1].  dispositivo de registo
Tal como no ensaio ultra-sónico, este ensaio tem por
objetivo descrever a morfologia da secção,
identificando a presença de cavidades, vazios ou de
materiais com diferentes módulos de elasticidade
permitindo, desta forma, avaliar a homogeneidade (e
o grau de descontinuidades) de paredes [9.2] [9.3]. Figura 5.18 – Gerador de onda de tensão, martelo calibrado,
recetor e dispositivo de registo [W1]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
 Oferece bastante pormenorização da  Custo elevado na análise de grandes áreas de
distribuição de velocidade secção plana da estrutura em estudo;
 Para controlo da qualidade de injeção de  Resultados podem ser influenciados, por vários
grout em alvenaria ao longo da altura de fatores: constituição do elemento, forma do
injeção e também, após o processo de cura, elemento, teor de humidade à superfície,
e determinar possíveis áreas não atingidas. rugosidade à superfície
 Aparelho que que fornece de forma expedita
os resultados de medição
 Permite com base nesses resultados de
medição, identificar heterogeneidades e
áreas de deficiente resistência
Ref.ª:09 TPOE TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS

107
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Practice for computer
ASTM E 1570-00 tomographic (LT) 2000
DIFICULDADE DO ENSAIO: examination

Baixa Médio Elevada

PROCEDIMENTO DE ENSAIO [9.1][9.4]:

1. Calibrar todos os constituintes do


equipamento
2. Instalar os acelerómetros recetores nas
posições que se acharem adequadas para
cobrir uma vasta área do elemento em VALORES DE REFERÊNCIA:
estudo
3. Instalar o dispositivo de registo ligado ao Não foram encontrados valores referência

acelerómetro para se realizar o registo


4. Gerar a onda de tensão com o martelo
sintonizado modalmente
5. Verificar o registo do impulso inicial e a onda
recebida
INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:
Analisando as curvas de emissão e receção serão
O ensaio consiste em medir a velocidade de
visíveis as características do impacto na parede e da
propagação dum impulso sónico ao longo de várias
resposta do acelerómetro, que se mantém em repouso
direções que cobrem uniformemente a secção a
até ao início da receção da onda gerada pelo martelo
estudar. Para efeitos de medição, a onda de tensão é
[9.5].
gerada pelo pequeno martelo sintonizado
modalmente, dotado de um acelerómetro para
Figura 5.19 – Exemplo
registar o impulso inicial, obtendo uma curva de
de gráfico da emissão e
emissão e uma de receção [9.1][9.5]. recessão da onda
sonora [9.5]
O cálculo da velocidade é feito pressupondo que, num
campo não uniforme de velocidades, os impulsos Após a captação dos tempos entre o emissor e o
sónicos não se propagam segundo linhas retas mas acelerómetro recetor, e o devido tratamento dos dados,
seguem linhas curvas, em resultado da refração [9.1]. o sistema tendo, em conta os efeitos da refração sobre a
trajetória dos raios sónicos, reconstrói o comportamento
A reconstrução tomográfica da alvenaria é destas ondas perante os materiais presentes na
assegurada pelo equipamento através da utilização alvenaria como uma função do campo de velocidades,
de um algoritmo iterativo de inversão designado por permitindo conhecer as características elásticas de toda
SIRT (Simultaneous Iterative Reconstrution a alvenaria, podendo então obter o mapa de distribuição
Technique). O algoritmo, a partir da velocidade inicial das velocidades de propagação sónicas [9.3] [9.4].
captada, reduz progressivamente a discrepância
entre o tempo medido ao longo dos diferentes
caminhos e os tempos efetivos com base na iteração
antecedente [9.4] [9.3].

Figura 5.20 - Marcação da grelha numa alvenaria para a


realização do ensaio e Mapa com isócronas de velocidade obtido
no ensaio tomográfico [9.4]
TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS Ref.ª:09 TPOE

108
Ensaios ultra-sónicos para a caracterização de Ref.ª

alvenarias 10 TPOE

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:

Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética


Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Os ensaios ultra-sónicos para a caracterização de Equipamento consiste num sistema portátil:
alvenarias utilizam normalmente frequências baixas,  unidade central com painel de
com maior energia e menor atenuação. A metodologia controlo
dos ensaios pode ser por ser por transparência, de  conjunto transmissor/recetor para
baixa frequência (5-20kHz) ou no interior de furos observações por transparência
[10.1].  transmissor mecânico gerador de
Uma frequência maior implica uma medição do tempo sinais de baixa frequência
de que percorre o pulso mais exata. Contudo uma  conjunto para ensaio sónico usando
frequência mais baixa, permite que haja uma orifícios: dois transdutores agulha
atenuação do sinal das ondas, que percorrendo um
caminho mais longo, torna o ensaio mais amplo [10.3]
Esta técnica é normalmente utilizada nas paredes de
alvenaria e nos seus revestimentos, para identificar
no geral (não individualmente a sua dimensão):
vazios, fissuras/fendas, espessura da parede, a
composição estrutural, a qualidade relativa da
alvenaria, existência de ascensão capilar, o teor de
humidade relativa, zonas contaminadas por sais
(criptoeflorescências) [10.2].
Figura 5.21 – Equipamento para ensaio ultra-sónico [10.4]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:

 Permite identificar defeitos e  Custo pode ser elevado em grandes áreas de


heterogeneidades estudo
 Técnica de ensaio simples  Cada metodologia envolve a utilização de
 Equipamento portátil e fácil de utilizar software especialmente concebido
 Resultados podem ser influenciados, por vários
fatores: constituição do elemento, forma do
elemento, teor de humidade à superfície,
rugosidade à superfície
Ref.ª: 10 TPOE TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS

109
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Non-destructive –
ISO 5577:2000 Ultrasonic inspection - 2000
DIFICULDADE DO ENSAIO: Vocabulary
Ensaios não destrutivos
Baixa Médio Elevada NP EN 583-1:2000 por ultra-sons: Princípios 2000
gerais
PROCEDIMENTO DE ENSAIO [10.1]: Tests of Masonry
RILEM TC RILEM
Materials and Structures –
TC 127 – MS 1997
1. Independentemente da metodologia de Materials and Structures –
D.5127 – MS
200/30 – Mar.97
ensaio calibrar todos os constituintes do MS D.5 – Measurement of
equipamento ultrasonic pulse velocity
RILEM TC 127 –
for masonry units and 1996
2. No ensaio por transparência, através de MS D.5
wallets – Materials and
um disco transmissor de cerâmica piezo Structures – 129/29 – Oct.

elétrica com frequência de missão 30 a 50


kHz, aplicar um impulso de compressão
transmissão de num determinado ponto da VALORES DE REFERÊNCIA:
alvenaria e medir o sinal recebido no ponto
Não foram encontrados valores referência
exatamente oposto
3. Na técnica por baixa frequência (5-20 kHz)
utilizar o martelo e escopro para produzir
uma onda de compressão de baixa
frequência, considerável energia e
capacidade de penetração
4. Num ensaio no interior de furos, realizar INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
Sendo o sinal obtido e mostrado no ecrã do computador
previamente os furos e introduzir os dois
da unidade de comando, pode-se calcular o tempo entre
transdutores em agulha o disparo e a receção do primeiro sinal [10.1]
5. Observar o sinal obtido no ecrã do painel de
O processamento dos dados recolhidos em cada uma
controlo para posterior tratamento de dados
das três metodologias de ensaio passa pela utilização de
com software adequado software especialmente concebido [10.1]
Notas:
 Não são transmitidos impulsos nos grandes A receção do sinal possibilita a determinação da
velocidade de propagação na estrutura (v), sabendo o
vazios de ar tempo gasto no percurso (t) feito aquando do disparo e a
receção do primeiro sinal [10.1][10.4]:
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:
Da mesma forma que na tomografia sónica o
𝑑 𝑚
parâmetro a medir é a velocidade de propagação do 𝑣= ( )
𝑡 𝑠
impulso ultra-sónico, mas neste caso com menores
frequências, com mais energia e menor atenuação Após o processamento dos dados, com base nesses
[10.1] [10.2] valores obtidos consegue-se obter informação, sobre as
Os ensaios por transparência têm como fim a
características mecânicas, homogeneidade e presença
determinação das características elásticas da de fissuras e defeitos na alvenaria ensaiada [10.2].
alvenaria. Os de baixa frequência normalmente para
ensaiar elementos de alvenaria em condições Os materiais em fracas condições ou com pouca coesão
deficientes, em reparação e restauro, ou com grandes registam velocidades menores do que os mais compactos
espessuras. ou menos degradados. A velocidade está diretamente
A técnica no interior com furos é utilizada, onde os relacionada com a qualidade do material [10.4].
transdutores normais não são utilizados [10.1].
TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS Ref.ª: 10 TPOE

110
Ensaio sónico para a caracterização de alvenarias Ref.ª
11 TPOE

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Esta técnica refere-se à determinação da velocidade Equipamento consiste num sistema portátil:
de propagação de impulsos mecânicos de baixa  gerador de ondas de tensão
frequência na alvenaria. Os impulsos ou ondas de  martelo calibrado
tensão são induzidos percutindo a alvenaria com um  acelerómetro recetor com sensibilidade de 100
martelo instrumentado. mV/g a 1000 mV/g
Existem três tipos de ensaios: ensaio direto ou  dispositivo de registo: osciloscópio ou gravador
através da parede, ensaio semi-direto e ensaio de ondas digital
indireto [11.1].

O objetivo do ensaio é encontrar defeitos ou vazios


em elementos de alvenaria, ou avaliar a sua
uniformidade [11.2]

É um teste mais adequado do que o ultra-sónico para


ensaiar elementos muito heterogéneos, antigos e
degradados, pois os ultra-sónicos não são capazes
de penetrar nesse tipo de elemento. Também é
utilizado no controlo de injeção grout em alvenarias.
[11.5].
Figura 5.22 – Esquema do equipamento e aparelhos [11.1]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:

 Permite determinar a uniformidade do  Custo pode ser elevado em grandes áreas de


elemento e identificar defeitos e estudo
heterogeneidades  Dificuldade na interpretação e elaboração de
 Técnica de ensaio simples resultados devido à não homogeneidade do
 Equipamento portátil material
 Necessidade de calibrar os valores para os
diferentes tipos de alvenaria

Ref.ª: 11 TPOE TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS

111
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Tests of Masonry
RILEM TC 127 – Materials and Structures –
1997
DIFICULDADE DO ENSAIO: MS Materials and Structures –
200/30 – Mar.97
Baixa Médio Elevada MS D.1 – Measurement of
RILEM TC 127 – pulse velocity for masonry
1996
PROCEDIMENTO DE ENSAIO [11.1]: MS D.1 – Materials and Structures
Em qualquer um dos três tipos de ensaio, direto, – 192/29 – Oct. 1996
semi-direto ou indireto:
1. Marcar uma malha de pontos de ensaio no VALORES DE REFERÊNCIA:
elemento em estudo Tabela 5.12 – Valores recomendáveis de frequências para o
ensaio sónico [11.1]
2. Fixar o acelerómetro sucessivamente nos
pontos de receção Ensaio Estrutura/Material Frequência (kHz)
3. Registar o sinal obtido quando se bate no Sónico Alvenaria 20 – 20000
ponto de impacto selecionado
A forma de medição dos três tipos de ensaio [11.1]:
 ensaio direto ou através da parede, no qual
o ponto de impacto do martelo e o
acelerómetro estão alinhados em lados
opostos do elemento de alvenaria; INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
 ensaio semi-direto, no qual o ponto de O tempo entre a geração do impulso e a chegada do
impacto e o acelerómetro estão em faces do primeiro sinal ao transdutor de receção, isto é, o tempo
elemento perpendiculares uma à outra; de propagação da onda de tensão, pode ser determinado
 ensaio indireto, no qual o ponto de impacto [11.1].
e o acelerómetro estão na mesma face do
elemento, segundo uma linha vertical ou
horizontal
Notas:
 caminho mais curto entre cada ponto de
ensaio no elemento em estudo é medido com
uma precisão de 0,5 % e registado
 osciloscópio transiente é regulado para
disparar e registar o canal quer o canal de
input quer o de output
 a massa do martelo determina a energia de Figura 5.23 – Registo típico de um impacto e respetiva onda de
impulso inicial, e pode conseguir-se um tensão reproduzida
impulso mais consistente, batendo numa De uma forma simples com este tipo de ensaio, mede-se
placa de aço colocada previamente no ponto os tempos de percurso e calcula-se uma velocidade
de impacto média por impulso: 𝑣 = 𝑙/𝑡 (𝑙 é o comprimento do trajeto
e 𝑡 o tempo).
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO: Numa análise mais aprofundada, efetua-se
Existem três métodos possíveis para a realização representações cartesianas x-y, ou mapas com iguais
deste tipo de ensaios (em que medindo o tempo de linhas de velocidade, em que as primeiras são feitas
percurso, consegue-se calcular a velocidade): o marcando em ordenadas os comprimentos e em abcissas
ensaio direto, semidireto ou indireto, com o objetivo de os tempos, tomando os valores obtidos ao longo de linhas
calcular a velocidade média por impulso. verticais ou horizontais. As segundas, são usadas para
Os métodos, direto e semidirecto têm como medições segundo o método direto, através do elemento,
finalidade a avaliação das características de mapeando a área ensaiada com linhas de igual
resistência mecânica e de homogeneidade e deteção velocidade, ou se com espessura constante, linhas de
de descontinuidades na alvenaria. O método indireto igual tempo de percurso [11.1].
aplica-se, fundamentalmente, na determinação da Para poder facilitar a interpretação, este tipo de ensaio
profundidade de fissuras. pode ser realizado em conjunto com o de macacos
O método semidirecto aplica-se apenas na planos, para avaliar a deformabilidade e resistência da
impossibilidade de colocação dos transdutores alvenaria. É investigada a relação entre a velocidade de
segundo o método direto [11.1] . propagação de ondas e os parâmetros mecânicos [11.4]
TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS Ref.ª: 11 TPOE

112
Avaliação da integridade de elementos de alvenaria Ref.ª

pelo método do impacto-eco 12 TPOE

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


A técnica de impacto-eco é tradicionalmente usada Equipamento consiste num sistema portátil:
para localizar defeitos em estruturas de betão.  gerador de ondas de tensão, martelo
calibrado
Contudo pode ser aplicada para avaliar a estabilidade
 recetor transdutor
estrutural de elementos de alvenaria, particularmente  dispositivo de registo e análise: osciloscópio ou
na identificação de vazios e fendas [12.1]. gravador de ondas digital
O impacto-eco utiliza técnicas de reflexão de pulsos
para analisar as ondas que contornam vazios e
descontinuidades internas da alvenaria. O pulso pode
ser gerado por golpes de martelo calibrado. O método
consiste em emitir um impacto mecânico sobre a
superfície e pulsos são projetados ao longo do
material. As ondas refletidas por uma falha interna são
captadas por um recetor posicionado na mesma
superfície do impacto [12.1] [12.2].
Figura 5.24 – Material para ensaio impacto-eco [12.1]

VANTAGENS: DESVANTAGENS:

 Necessário apenas acesso a uma das  Equipamento com muitos aparelhos


superfícies para o ensaio  Necessário um técnico especializado
 Capacidade de localização de uma grande  Os resultados por vezes podem ser de difícil
variedade de defeitos interpretação
 Permite localizar vazios, fissuras e defeitos e  Limitado à deteção de defeitos próximo da
estimar a sua dimensão superfície

Ref.ª: 12 TPOE TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS

113
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Tests of Masonry
RILEM TC 127 – Materials and Structures –
1997
DIFICULDADE DO ENSAIO: MS Materials and Structures –
200/30 – Mar.97
Baixa Médio Elevada MS D.1 – Measurement of
RILEM TC 127 – pulse velocity for masonry
1996
PROCEDIMENTO DE ENSAIO [12.1]: MS D.1 – Materials and Structures
1. Marcar os pontos que se pretende ensaiar – 192/29 – Oct. 1996
no elemento em estudo
2. Fixar o recetor transdutor (com a pequena VALORES DE REFERÊNCIA:
ponta cónica piezométrica) nos pontos de
receção Não foram encontrados valores referência
3. Produzir o impacto por meio martelo
4. São registadas as ondas obtidas o quando
se bate no ponto de impacto selecionado
Notas:
 a escolha de cada tipo de ensaio é crítica
para se obter um ensaio com sucesso
 uma abordagem com frequências mais
INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
baixas (100-200 kHz) tem maior
potencialidade de sucesso no ensaio
As frequências associadas com os picos no espectro de
amplitude representam as frequências dominantes
[12.2].

A presença de descontinuidades e vazios irá resultar


numa reflexão de frequências menores do que as
transmitidas pelo elemento com massa (de pedra, tijolo
ou outro). Outra forma de as identificar é distinguindo os
picos de mais alta amplitude no espetro de frequência
entre a espessura da parede e interface refletora (pedra,
tijolo, grout ou outra) [12.1].

A profundidade, T, a que se situa a superfície refletora


pode ser determinada conhecendo a velocidade de
Figura 5.25 – Esquemetatização do ensaio numa alvenaria
com injeção grout [12.1] propagação Cp, da onda P, pela seguinte expressão
[12.1]:
𝐶𝑝
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO: 𝑇=
2𝑓𝑝
Quando a superfície do elemento estrutural em
Em que fp é a frequência dominante da onda P na
estudo recebe o impacto, é registada a passagem da
interface. Esta equação pressupõe que o caminho
onda R (Rayleigh wave) pelo transdutor. A onda P
percorrido pela onda P é duas vezes a profundidade (2T),
(pressure wave) propaga-se, entretanto, no interior
sendo válida para espetros obtidos a partir de ondas
do elemento, e é sucessivamente refletida. Após
registadas perto do ponto de impacto [12.2].
cada impacto, os resultados do processamento
efetuado são mostrados no monitor do computador
[12.1].

Figura 5.26 – Espetro de frequência, para um ensaio de alvenaria


de pedra [12.1]
TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE ONDAS ELÁSTICAS Ref.ª: 12 TPOE

114
Medição de vibrações à distância utilizando Ref.ª

tecnologia laser 13 TPRE

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


Técnica em que se utiliza um sistema portátil baseado Equipamento consiste num sistema portátil:
num sensor de laser para efetuar medições, sem  Baseado num sensor de laser visível de
baixa potência
contacto, de vibrações em estruturas [13.1].
Laser HeNe, classe II (<1 mW)
Gama de medição 0,005 a 100 mm/s
O laser utilizado é visível, de baixa potência, Dimensões do aparelho DC a mais de 50 kHz

permitindo a visualização em locais encontrem Peso do aparelho 1 mm de diâmetro a 20 m


Tabela 5.13 – Características básicas necessárias do sistema
pessoas [13.1].

O equipamento utiliza o principio do efeito de Doppler,


é uma característica encontrada nas ondas
eletromagnéticas quando emitidas ou refletidas por
um objeto que está em movimento em relação ao
observador [13.2].
Figura 5.27 – Aparelho laser (ometron) [13.1] e Polytec PDV –
100 Plus [13.3]

VANTAGENS DESVANTAGENS:

 Equipamento portátil e de fácil utilização  Limite de distância em que o equipamento é


 Não são necessários refletores ou operacional, até 200 m
revestimentos especiais no ponto-alvo  Necessário software para a digitalização
 Medição expedita e rápida, sem necessário
contacto, de vibrações na estrutura em
estudo
 Alta precisão e sensibilidade

Ref.ª:13 TPRE TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA

115
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Evaluation and
measurement for vibration
DIFICULDADE DO ENSAIO: in buildings. Guide for
BS 7385 – 1:1990 1990
measurement of vibrations
Baixa Médio Elevada and evaluation of their
effects on buildings
PROCEDIMENTO DE ENSAIO [11.1][11.4]: Evaluation and
1. Montar o sistema no local de observação measurement for vibration
selecionado BS 7385 – 2:1993 in buildings. Guide to 1993
damage from groundborne
2. Dirigir o laser para cada um dos pontos a
vibration.
observar
Guide to evaluation of
human exposure to
Notas: BS 6472:1992 1992
vibration in buildings (1 Hz
 O equipamento é operacional até distâncias to 80 Hz)

de 200m
 Não são necessários refletores ou
revestimentos no ponto-alvo VALORES DE REFERÊNCIA:
Segundo a norma BS 7385 – 2:1993

Tabela 5.14 - Gama de frequências de resposta estrutural por


várias fontes [13.4]

Figura 5.28 – Exemplo de medição de vibrações em obra

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
Os resultados são as vibrações registadas no sistema
através do PC portátil e a sua interpretação será efetuada
por meio da digitalização das medições feitas.

É medida a mudança de frequência do feixe de laser,


quando este é refletido pela estrutura em vibração, de
acordo com o efeito de Doppler [13.5].
Concretamente, consegue-se extrair a velocidade v,
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO: sabendo que a variação da frequência medida é igual à
variação do efeito de Doppler, que por sua vez depende
São medidas as vibrações, sem contacto, por meio do de v e do comprimento de onda da fonte (λ) [13.5].
sistema, utilizando o princípio do efeito de Doppler.
O operador segundo os resultados encontrados nas
A norma BS 7385-1:1990 [13.4] refere que estudos medições ensaiadas terá que perceber onde se
experimentais indicam que a gama de frequências enquadram, segundo o seu conhecimento e com base
fundamental para edifícios com alturas entre 3 a 12m, em normas com valores de referência para comparação
enquadra-se entre os 4Hz e os 15Hz. com os valores medidos.

TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA Ref.ª: 13 TPRE

116
Radiografia em estruturas de madeira Ref.ª
14 TPRE

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


A radiografia é um tipo que se baseia na absorção Equipamento consiste num sistema portátil:
diferenciada da radiação penetrante no elemento  Equipamento para aplicação da
inspecionado. técnica de raios-x
Uma vez que a densidade do material condiciona a  Equipamento para aplicação da
quantidade de radiação que o atravessa, o resultado técnica de raios gama
consiste num esquema bidimensional da variação de
densidade do elemento atravessado. Os seus
resultados permitirem identificar degradações, vazios
e elementos diversos (ligadores, diferentes materiais,
entre outros) sem perturbar o funcionamento da
estrutura [14.1] [14.2].
Podem ser utilizados dois tipos de radiografia por raio
x (mais antiga) ou por raios gama (ou radiografia
digital). A por raios-x devido ao seu elevado custo e
possível perigosidade das radiações que emite, levou
a que fosse progressivamente abandonada, em
detrimento da radiografia por raios gama [14.1]. Figura 5.29 – Equipamento por raios-x e exemplo de
A por raios gama pode fornecer uma imagem do saída de resultados do ensaio por raios gama [14.1][14.2]
elemento em análise em tempo real, isto é,
funcionando como uma câmara [14.1].

VANTAGENS DESVANTAGENS:

 Raios gama: menor custo, dá uma imagem  Raios-x: perigosidade das radiações que emite
em tempo real, funcionando como uma  Aparelhos de custo elevado
câmara, menor perigosidade das radiações  Ensaios onerosos
que emite
 As duas radiografias permitem identificar
degradações, vazios e elementos diversos
(ligadores, diferentes materiais, entre outros)

Ref.ª: 14 TPRE TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA

117
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Não foram encontrados documentos normativos
Económico Médio Oneroso

DIFICULDADE DO ENSAIO:

Baixa Médio Elevada

PROCEDIMENTO DE ENSAIO [14.1][14.2]:

1. Montar o sistema no local de observação


selecionado
2. Direcionar o aparelho para a zona que se
deseja analisar
3. Capturar a imagem do elemento em análise

Notas:
 Evitar a exposição ao aparelho de raios-x,
VALORES DE REFERÊNCIA:
pode ter efeitos prejudiciais para a saúde,
caso haja demasiada exposição Não são aplicáveis valores de referência
 O equipamento de raios gama pode ser capaz
de capturar imagem atuando como uma
câmara, caso o aparelho seja dotado de tal
funcionalidade

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:

Os resultados são as imagens registadas pelo


equipamento em tempo real, ou posteriormente, para
possibilitar identificar devido às diferenças de densidade
e variações de espessura do material e composição do
mesmo, o estado de conservação e possíveis anomalias
superficiais, e mesmo saber a extensão de deteriorações
provocados por insetos xilófagos, embora não seja o
melhor método mais eficaz para esse tipo de deteção
[14.2][14.3].

Existem certos sistemas de raios x com um tipo de


software especializado, que permite diagnosticar
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO: automaticamente danos causados por infestações de
insetos. Esse software facilita a localização de pragas de
O ensaio é feito por meio de uma radiografia que se insetos que destroem elementos de madeira [14.2].
baseia na absorção diferenciada da radiação
penetrante no elemento inspecionado [14.2][14.3].
Uma vez que a densidade do material condiciona a
quantidade de radiação que o atravessa, o resultado
consiste num esquema bidimensional da variação de
densidade do elemento atravessado [14.1].

Figura 5.30 – Radiografia de um elemento de madeira


deteriorado e imagem depois do processamento no software (da
esquerda para a direita)[14.2]

TÉCNICA DE PROPAGAÇÃO DE RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA Ref.ª: 14 TPRE

118
Medição da humidade no interior de paredes Ref.ª
15 TRQ

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-Destrutiva Não-Destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Cobertura (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:
Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética
Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


A técnica permite determinar a quantidade de água Kit de ensaio consiste num sistema portátil:
existente num material pulverulento, fazendo-o reagir  Depósito metálico com uma tampa
num espaço confinado, com uma determinada capaz de garantir vedação
quantidade de carboneto de cálcio. O acetileno, hermética com manómetro
desenvolvido pela reação, provoca um aumento de  Carboneto de cálcio
pressão no meio, que pode relacionar-se com a  Balança de precisão para medir a
percentagem de humidade presente no material quantidade material a ensaiar
[15.1].

A reação dá-se devido ao equipamento que consiste


num depósito metálico com uma tampa dotada dum
sistema de aperto, capaz de garantir uma vedação
hermética, onde se dá a reação entre a humidade
presente na amostra recolhida e o carboneto de
cálcio, dando origem ao acetileno que devido à
pressão hermética, traduz-se num aumento de
pressão, que é medido por um manómetro [15.1].
Figura 5.31 – Kit de ensaio Speedy para o ensaio (balança de
precisão, capsula com manómetro, carbonato de cálcio) [15.4]

VANTAGENS DESVANTAGENS:

 Permite medir a humidade no interior de  Necessário executar um pequeno orifício para


paredes ou até de um revestimento realizar o ensaio
 Equipamento portátil e utilização fácil e
rápida, de grande precisão, que pode ser
usado não só nas alvenarias, em solos,
areias, agregados e betão

Ref.ª:15 TRQ TÉCNICA DE REAÇÕES QUIMICAS

119
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Método de Ensaio DNER-
ME 052/94: Solos e
DIFICULDADE DO ENSAIO: DNER-ME 052/94 agregados miúdos – 1994
medição da umidade com
Baixa Médio Elevada emprego do “Speedy”

PROCEDIMENTO DE ENSAIO [15.1][15.3]:


VALORES DE REFERÊNCIA:
1. Executar na parede um pequeno orifício com Tabela 5.15 – Exemplo de uma comparação entre o medido no
profundidade suficiente para chegar ao seu no manómetro do kit de ensaio speedy e a percentagem
núcleo encontrada depois de o material ter secado numa estufa [15.3]
2. Caso a parede esteja coberta por um reboco
ou estuque, a furação é interrompida quando
o furo tiver cerca de 5 cm de profundidade
3. Cuidadosamente limpar o furo
4. Continuar a furação até se atingir, de
preferência, o terço central da parede;
5. Os detritos de tijolo, pedra ou argamassa,
extraídos durante a furação são recolhidos,
com uma certa quantidade colocado no
depósito metálico
6. Mantendo a tampa para cima, agitar
vigorosamente cerca de 10 vezes, com
movimentos de baixo para cima
7. Após a leitura no manómetro, efetuar a
agitação até o valor estar estável
8. Ler e registar o valor no manómetro final
Notas:
 O kit de ensaio contém uma balança de
precisão para medir a quantidade material a
ensaiar, e dos acessórios necessários à
INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
realização do ensaio

É possível simplesmente com o ensaio determinar a


percentagem de humidade da amostra recolhida,
podendo perceber em função disso se a humidade na
parede de construção já conduziu ou pode conduzir à
deterioração da parede, em termos estruturais, à
alteração das propriedades térmicas, à perda de
revestimentos decorativos e ao desenvolvimento de
Figura 5.32 – Manómetro estável e abertura da cápsula, após microrganismos [15.1].
leitura [15.3]

PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:

Através do ensaio é possível correlacionar a


percentagem de humidade presente no material, por
meio do acetileno presente produzido pela reação
entra a amostra do material e o carbonato de cálcio
[15.1].

A leitura da humidade é lida diretamente no


manómetro localizado na cápsula [15.2]
TÉCNICA DE REAÇÕES QUIMICAS Ref.ª: 15 TRQ

120
Análise e monitorização de vibrações em estruturas Ref.ª
16 TDAV

GRAU DE DESTRUIÇÃO DA TÉCNICA:


In situ
Destrutiva Semi-destrutiva Não-destrutiva
Laboratório

ELEMENTOS EM QUE PODE SER UTILIZADA:


Paredes Revestimentos Pavimentos Tetos Coberturas (estrutura)

Instalações Elementos Singulares

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:

Perceção sensorial Propagação de radiação eletromagnética


Ação mecânica

Propagação de ondas elásticas


Deteção e análise de vibrações
Reações químicas

DESCRIÇÃO: EQUIPAMENTO/MATERIAL NECESSÁRIO:


A análise e monitorização de vibrações em estruturas Sistema constituído:
é um ensaio não destrutivo que tem como principal  Pelo menos 4 acelerómetros de alta
objetivo, avaliar e/ou acompanhar o comportamento sensibilidade com gama de frequências de
dinâmico da construção, tendo em vista a sua 0,1 Hz a 1 kHz, com mínima aceleração de
capacidade de resistência à solicitação sísmica [16.1]. 0,05 mm.s-2
É uma técnica que pode ser útil na preparação de  4 cabos de ligação
intervenções de reabilitação e consolidação, em  2 rolos de cabo, 2 caixas de sensores
particular na seleção das medidas a adotar [16.1].  1 caixa de ligação portátil
O estudo do comportamento dinâmico pode ser feito  PC portátil com software específico
por duas vias:
 Análise dos dados quanto à resposta
dinâmica da construção às solicitações que
constantemente lhe são impostas pela
evolvente (passagem de viaturas,
metropolitano, comboios)
 Aplicação das vibrações forçadas à
construção (produzindo níveis de vibração
que não afetem a sua integridade) e registo Figura 5.33 – Acelerómetros de alta sensibilidae [16.3]
de resposta.

VANTAGENS DESVANTAGENS:

 Possibilita perceber o comportamento  Necessário técnico especializado ou com


dinâmico da estrutura, segundo duas vias conhecimento para realizar o ensaio
 Mede o registo das vibrações segundo o  Grande quantidade de material no sistema de
domínio do tempo e domínio da frequência equipamento
 Para cada medição são monitorizados vários
parâmetros: as acelerações, as velocidades,
os deslocamentos máximos, as frequências
dominantes
Ref.ª:16 TDAV TÉCNICA DE DETEÇÃO E ANÁLISE DE VIBRAÇÕES

121
CUSTO DO ENSAIO: DOCUMENTOS NORMATIVOS:
Refª Designação Ano
Económico Médio Oneroso Evaluation and measurement
for vibration in buildings.
DIFICULDADE DO ENSAIO: BS 7385 – 1:1990 Guide for measurement of 1990
vibrations and evaluation of
their effects on buildings
Baixa Médio Elevada Evaluation and measurement
for vibration in buildings.
BS 7385 – 2:1993 1993
PROCEDIMENTO DE ENSAIO [16.1]: Guide to damage from
1. Montar todo o material no elemento ou zona groundborne vibration.
Guide to evaluation of human
a ensaiar BS 6472:1992 exposure to vibration in 1992
2. Os sinais dos transdutores são introduzidos buildings (1 Hz to 80 Hz)
num PC com software adequado, que Mechanical vibration and
shock – Vibration of buildings
executa o processamento de dados e fornece
– Guidelines for the
a informação relevante para a monitorização ISO 4866:1990 1990
measurement of vibrations
das vibrações da construção and evaluation of their effects
Notas: on buildings

 Sistema tem a possibilidade de monitorizar


vibrações, como por exemplo, as induzidas
pelo tráfego ou máquinas VALORES DE REFERÊNCIA:
 Todas as medições podem ser registadas em Segundo a norma BS 7385 – 2:1993
memória durante as medições
 Numa situação específica de vibrações
provocado pele execução de estacas de
fundação, esta pode ser acompanhada
adequadamente com base neste ensaio

Figura 5.35 - Gama de frequências de resposta estrutural por


várias fontes [16.2]
INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS:
A informação processada da monitorização pode ser
traduzida em termos de:
 intensidade das vibrações,
Figura 5.34 – Esquema do sistema para registo das vibrações  representação gráfica dos sinais de aceleração;
[16.1] velocidade ou deslocamento medidos ao longo
do tempo;
PARÂMETROS DE MEDIÇÃO:
O ensaio tem diversos campos de aplicação [16.1]:  valores máximos de aceleração, velocidade ou
deslocamento,
 Comportamento dinâmico: análise, verificação
 frequências dominantes nos sinais de
 Modelação estrutural: apoio, verificação
vibrações;
 Monitorização do comportamento estrutural
 verificação automática e alarme se forem
 Vibrações: avaliação, análise, monitorização
excedidos os valores limites prés estabelecidos
O operador terá que adotar o método adequado para
Este tipo de medições pode ser registado em memória,
avaliar a estrutura em causa, os danos que pode
podendo esses resultados ser apresentados em tabela
causar, através dos seguintes fatores: frequências de
ou gráficos, para poderem ser analisados.
ressonância da estrutura e seus componentes (janelas,
paredes), características de amortecimento da
estrutura, tipo e estado da construção e propriedades
dos materiais [16.2].
TÉCNICA DE DETEÇÃO E ANÁLISE DE VIBRAÇÕES Ref.ª: 16 TDAV

122
Tabela 5.16 – Resumo das fichas segundo as características e propriedades dos materiais e dos
componentes da construção

Técnicas de diagnóstico
15 TRQ – Medição da humidade no interior de
paredes
01 TAS – Inspeção de furos e espaços confinados
Argamassas e rebocos
com câmara de vídeos de pequeno diâmetro
02 TAS – Levantamento fotogramétrico de
monumentos e edifícios antigos
09 TPOE – Tomografia sónica na alvenaria
10 TPOE – Ensaio ultra-sónico em alvenaria
11 TPOE – Medição da velocidade de impulso
mecânico na alvenaria
Comportamento dinâmico 12 TPOE – Ensaio impacto-eco
13 TPRE – Medição de vibrações à distância
utilizando tecnologia laser
16 TDAV – Análise e monitorização de vibrações
em estruturas
03 TAS – Deteção acústica de insetos xilófagos
04 TAM – Medição da densidade superficial de
elementos de madeira com Pylodin
Construção de madeira
05 TAM – Avaliação da integridade da madeira
com Resistograph
13 TPRE – Radiografia em estruturas de madeira
01 TAS – Inspeção de furos e espaços confinados
com câmara de vídeos de pequeno diâmetro
Levantamento arquitetónico
02 TAS – Levantamento fotogramétrico de
monumentos e edifícios antigos
05 TAM – Avaliação da integridade da madeira
com Resistograph
Propriedades mecânicas 06 TAM – Ensaio simples com macaco plano
07 TAM – Ensaio duplo com macaco plano
08 TAM – Ensaio com dilatómetro em alvenarias

123
5.7 Síntese do capítulo
Neste capítulo foi exposto o modelo de ficha e o catálogo de técnicas de
diagnóstico em edifícios antigos, onde ser reuniu 16 fichas seguindo esse modelo.

Em algumas das fichas elaboradas foi difícil encontrar conteúdo informativo


relevante para a técnica/ensaio em causa, particularmente, informação para passos nos
procedimentos, na pesquisa de documentos normativos de ensaios, de valores de
referência, de figuras representativas dos ensaios e seus procedimentos.
Principalmente nas fichas 08 TAM, 09 TPOE, 14 TPRE é destacável essa carência de
informação.

Relativamente a campos, como o custo do ensaio e dificuldade deste, nem


sempre foi fácil quantifica-los. O campo do custo permite uma estimativa do valor da
execução do ensaio (incluindo custo do equipamento e eventual mão-de-obra
especializada). Essa informação muitas vezes não é fácil de obter, por isso, numa
tentativa de afinar essa estimativa, comparou-se as técnicas apresentadas nas fichas.
Ao nível da dificuldade do ensaio, é mais fácil medi-la, uma vez que a complexidade, e
conhecimento necessário no manuseamento dos aparelhos, a duração e número de
ensaios, é variável e mais facilmente mensurável.

A tabela 5.16, no final deste capitulo, organiza as fichas de diagnóstico segundo


as características e propriedades dos materiais e dos componentes da construção,
organizadas anteriormente segundo o principio de funcionamento do ensaio.

A bibliografia encontra-se referenciada numericamente em cada ficha, estando


disponível no Anexo I.

124
6 CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
6.1 Considerações gerais
Nesta dissertação foram abordados conceitos construtivos de edifícios antigos,
desde uma breve descrição, à sua caracterização construtiva, às anomalias mais
frequentes e respetivas causas. Além disso, identificaram-se metodologias de
diagnóstico existentes, adequadas a construções antigas, publicadas a nível nacional e
internacional, para servir de suporte a um bom entendimento das técnicas de
diagnóstico adequadas a esse tipo de edifícios, com vista a alcançar o objetivo de
elaboração do catálogo.

O conhecimento da tipificação construtiva, das anomalias frequentes que


surgem nos elementos construtivos e uma compreensão das técnicas de diagnóstico
existentes é essencial para o correto diagnóstico das anomalias de um edifício antigo e,
deste modo, facilitar o trabalho de inspeção e diagnóstico deste tipo de construção.

A elaboração do catálogo das técnicas de diagnóstico é uma tentativa de


sistematização de informação que permita abordar a patologia na construção de forma
a simplificar o trabalho de um técnico de engenharia na inspeção dessas construções.
Esse objetivo principal foi cumprido, apesar de em apenas algumas técnicas a
bibliografia encontrada ter sido escassa e com falta de conteúdo técnico, relevante para
a ficha.

6.2 Conclusões finais


Neste trabalho a pesquisa bibliográfica foi essencial para a produção das fichas
e todos os outros pontos abordados. Permitindo tirar as principais elações na criação
dos meios de acesso expedito à informação para se efetuar um diagnóstico, essencial
no desempenho da reabilitação.

Nos edifícios antigos, que podem ser definidos como pré-pombalinos (antes do
terramoto de 1755), pombalinos (séc. XVIII e XIX), gaioleiro (fim XIX até anos 30-40, e
edifícios em placa (anos 30-50), identificaram-se as anomalias e respetivas causas
predominantes. Como a ação da água, que é um dos principais agentes que causam
deterioração, podendo dar origem a eflorescências, manchas de humidade, cria
condições propícias, para o desenvolvimento de fungos de podridão e insetos (térmitas
e carunchos) em elementos de madeira, e até o aparecimento de fissuração no
revestimento.

125
Conclui-se ainda, que outras situações de fissuração, concretamente em
paredes, podem dever-se à retração dos panos da parede, variações térmicas que
provocam a dilatação do pavimento superior, assentamento diferencial da fundação,
deformação excessiva por flexão dos pavimentos, entre outras. Desta forma, é
percetível que a maioria das anomalias que surgem em edifícios antigos não têm uma
causa única e clara, podendo ser diversas e relacionáveis com outras manifestações.

Com esta dissertação concebeu-se um modelo de ficha, com uma folha (frente
e verso), onde se descreve a técnica e princípios de utilização das técnicas de
diagnóstico em edifícios antigos. Foram considerados os seguintes campos: designação
da técnica, referência numérica, tipo de elemento construtivo (estrutural ou não
estrutural, elementos que a técnica pode ser aplicada, grau de destruição da técnica,
local da sua utilização (in situ ou laboratório), princípio de funcionamento, descrição da
técnica, equipamentos e materiais necessários à realização do ensaio com imagens
ilustrativas, vantagens e desvantagens, custo, dificuldade da técnica, procedimento de
ensaio, documentos normativos ou técnicos aplicáveis, parâmetros de medição, valores
de referência ou orientativos, e interpretação dos resultados.

Apesar de ter sido seguida esta estrutura de ficha, foram também apresentadas
fichas de sistematização de informação, com métodos de análise e diagnóstico e
estratégias de reabilitação, de diversas entidades e países. Tendo-se concluído, que a
maior parte das fichas encontradas seguem uma estrutura semelhante entre elas,
focando-se nos mesmos tópicos de “descrição”, “causas”, “medidas de intervenção” e
“resultados/interpretação”.

Essas técnicas, para a produção do catálogo, foram classificadas pelos


princípios em que se baseiam, especificamente em termos de perceção sensorial, ação
mecânica, propagação de ondas elásticas, propagação de radiação eletromagnética,
reações química e eletroquímica e deteção e análise de vibrações.

Produziram-se 16 fichas de técnicas de diagnóstico; em que 5 resultam de


melhorias introduzidas em fichas propostas inicialmente num trabalho de mestrado
realizado por Abreu (2013) e 11 são propostas de novas fichas. Essas melhorias nas
fichas resumem-se à adição matéria informativa e técnica com maior clareza e
especificidade para as técnicas abordadas, e numa melhor organização dos campos da
ficha modelo, mantendo a mesma estrutura em todas as fichas do catálogo.

126
As fichas foram organizadas no catálogo segundo uma codificação baseada
numa numeração sequencial seguida do princípio de utilização das técnicas, para que
seja possível uma futura adição de fichas.

Conclui-se que o modelo de ficha seguido integra os tópicos fundamentais de


cada técnica de diagnóstico de forma completa e fácil de compreensão. Podendo assim,
informar de uma forma objetiva e sistemática os técnicos de reabilitação de construções,
não apenas antigas, apesar de o tema incidir nesse tipo de edificação.

Contudo, ao longo do trabalho deparou-se com algumas dificuldades,


concretamente, na pesquisa de documentos normativos de ensaios, de valores de
referência, do custo do ensaio, de ilustrações representativas dos ensaios e seus
procedimentos. Devido a essas razões referidas, não foi possível desenvolver o
catálogo com todas as técnicas possíveis de serem aplicadas em edifícios antigos. Para
além disso muitas das técnicas já tinham sido desenvolvidas por Machado (2014) e
Correia (2014), não se conseguindo na sua maioria encontrar alterações que as
pudessem melhorar significativamente.

Com o trabalho realizado atingiu-se os objetivos propostos à partida, pois


testemunha a utilidade de uma metodologia de diagnóstico necessária na reabilitação
destes edifícios, ainda com maior cuidado naqueles cujos materiais são difíceis de
substituir. Ainda proporcionou uma satisfação pessoal e aprofundamento de
conhecimento nesta área fundamental que é a da reabilitação.

127
6.3 Desenvolvimentos futuros
Não tendo sido apresentado um catálogo com todas as técnicas aplicáveis a
edifícios antigos, pelas razões referidas acima, será sempre importante, realizar
melhorias em trabalhos futuros:

 Desenvolver mais fichas aplicáveis a edifícios antigos;


 Incluir na ficha mais campos “informação adicional”, “técnicas auxiliares”,
“técnicas complementares”;
 Melhorar campos já abordados nas fichas como o custo, que dá apenas
uma vertente qualitativa, traduzi-lo numa quantitativa, com informação
atualizada e relevante;
 Organização diferente do catálogo, em vez de ser pelo principio de
utilização, organizar pelo tipo de anomalia que se quer detetar.

Seria também importante testar a utilização das fichas em ambientes reais de


trabalho, podendo verificar in situ ou em laboratório se as fichas resultam da forma
pretendida, para se necessário introduzir melhorias.

128
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Zoreta, L.C. Curso de Mecânica y tecnologia de los Edifícios Antiguos. Madrid, 1986.

[W1] http://google.pt (11/2015 a 04/2016)

[W2] http://reabilitacaodeedificios.dashofer.pt/ (11/2015 a 04/2016)

[W3] http://www.oz-diagnostico.pt (11/2015 a 04/2016)

[W4] http://www.mrtools.com.pt/ (11/2015 a 04/2016)

[W5] ]http://www.engenhariacivil.com (11/2015 a 04/2016)

133
ANEXO
Anexo I

[1] Inspeção do interior de furos e espaços confinados com câmara de vídeo de


pequeno diâmetro
[1.1] Cóias, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[1.2] Campos, Ana Rita, Soluções de Reabilitação de Sistemas de Drenagem
de Águas Residuais, Dissertação para obtenção de grau de mestre em Eng.
Civil, FEUP, Porto, 2014
[2] Levantamento fotogramétrico de monumentos e edifícios antigos
[2.1] Cóias, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[2.2] Borges, Maria, Aplicações Práticas da Fotogrametria Arquitetural na
documentação de edifícios e cidades históricas, para uso efetivo por
arquitetos e planejadores urbanos, restauradores e historiadores, CIPA
Working Group 3,
[3] Deteção acústica de insetos xilófagos
[3.1] Fujii, Y. Using acoustic emission monitoring to detect termite activity in
wood. Forest Products Journal, Vol. 40, Nº1, pg. 34-36.
[3.2] Padrão, J. Técnicas de Inspeção e Diagnóstico em Estruturas.
Dissertação de Mestrado em Estruturas de Engenharia Civil, Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, Porto, 2004.
[3.3] Faria, J. Reabilitação de Estruturas de Madeira. Palestra nas 2as
Jornadas de Engenharia Civil, Instituto Politécnico da Guarda, 2004.
[3.4] Fiala, P., Friedl, M., Cap, M., Konas, P., Smira, P., Naswettrova, A. Non
Destructive Method for Detection Wood-destroying Insects; Department of
Theoretical and Experimental Electrical Engineering, Brno University of
Technology, 2014
[4] Medição da densidade superficial de elementos de madeira com Pylodin
[4.1] Júnior, Jerónimo. Avaliação não destrutiva da capacidade resistente de
estruturas de madeira de edifícios antigos. Dissertação de Mestrado
Reabilitação do Património Edificado, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, Porto, 2006.
[4.2] Das Neves, André. Tratamento e Consolidação de Madeira em Edifícios
Antigos. Dissertação de mestrado para obtenção de grau de mestre em
engenharia civil. ISEL, Lisboa, 2013.
[4.3] Cândido, Ana. Diagnóstico de estruturas de madeira em serviço num
palacete do século XIX. Dissertação de mestrado para obtenção de grau de
mestre em engenharia civil. ISEL, Lisboa, 2013.
[4.4] http://www.ambienteduran.eng.br/densidade-basica-media-da-madeira-
e-densidade-media-aparente-do-carvao-vegetal
[5] Avaliação da integridade de elementos de madeira com Resistograph
[5.1] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[5.2] Júnior, J. Avaliação não destrutiva da capacidade resistente de estruturas
de madeira de edifícios antigos. Dissertação de Mestrado Reabilitação do
Património Edificado, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,
Porto, 2006.
[5.3] Dias, T. Pavimentos de madeira em edifícios antigos; Diagnóstico e
intervenção estrutural. Dissertação de Mestrado em Reabilitação do Património
Edificado, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, 2008.
[5.4] Botelho, J. et al. Avaliação da capacidade resistente de estruturas de
madeira com recurso a ensaios “in-situ”. 2º Encontro sobre Patologia e
Reabilitação de edifícios – PATORREB 2006, Porto, 2006.
[5.5] http://www.imlusa.com/assets/images/IML_Building-250.jpg
[6] Ensaio simples com macacos planos
[6.1] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[6.2] Rufo, R. Ensaios de caracterização mecânica das alvenarias de adobe:
“Flat-jack testing”. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia
Civil da Universidade de Aveiro, 2010.
[6.3] Andrade, H. Caracterização de edifícios antigos. Edifícios “Gaioleiros”.
Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade Nova de Lisboa, 2011.
[6.4] Vicente, R., Silva, J. Caracterização mecânica de paredes de alvenaria
em construções antigas - Ensaios com macacos planos. Revista Internacional
Construlink, 05/2009, pág. 59.
[6.5] ASTM, C 1196-04 - In Situ Compressive Stress Within Solid Unit Mansory
Estimated Using Flatjack Measurements, 2004.
[6.6] NP EN 12504-2 Ensaios de betão nas estruturas. Parte 2: Ensaio não
destrutivo. Determinação do índice esclorométrico, 2012
[7] Ensaio duplo com macacos planos
[7.1] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[7.2] Vicente, R., Silva, J. Caracterização mecânica de paredes de alvenaria
em construções antigas - Ensaios com macacos planos. Revista Internacional
Construlink, 05/2009
[7.3] Andrade, H. Caracterização de edifícios antigos. Edifícios “Gaioleiros”.
Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade Nova de Lisboa, 2011.
[8] Ensaio com dilatómetro em alvenarias
[8.1] ARÊDE, André, COSTA, Aníbal, Inspeção e Diagnóstico Estrutural de
Construções Históricas, 2ª Seminário - A Intervenção no Património. Práticas
de Conservação e Reabilitação, FEUP
[8.2] Lombillo, Ignacio, Villegas, Liaño, 3.9 – Non (minor) Destructive
Methodologies applied to the Study and Diagnosis of Masonry Structures of
the Built Heritage, Cib, 2013.
[8.3] Costa, A.G., Arêde, António, Guedes, João, Paupério, E., Metodologias
de Intervenção no Património Edificado, 2ª Seminário - A Intervenção no
Património. Práticas de Conservação e Reabilitação, FEUP
[8.4] Ramos, Luís F., Manning, Elizabeth, Fernandes, Francisco, Fangueiro,
Raúl, Azenha, Miguel, Cruz, Juliana, Sousa, Christoph, Tube-jack testing for
irregular masonry walls: Prototype development and testin. Elsevier, Scienc-
Direct, Guimarães, 2013
[9] Tomografia Sónica na Alvenaria
[9.1] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[9.2] Maria Rosa VALLUZZI, N. MAZZON, M. MUNARI, F. CASARIN, Claudio
MODENA, Effectiveness of injections evaluated by sonic tests on reduced
scale multi-leaf masonry building subjected to seismic actions, Department of
Structural and Transportation Engineering, University of Padua, Italy , Nantes,
France, July 3rd, 2009.
[9.3] Maria Rosa VALLUZZI, Francesca DA PORTO, F. CASARIN, N.
MONTEFORTE, Claudio MODENA, A contribution to the characterization of
masonry typologies by using sonic waves investigations, Department of
Structural and Transportation Engineering, University of Padua, Italy , Nantes,
France, July 3rd, 2009.
[9.4] Correia, Tiago, Ficha Módulo: 06 - Reabilitação de Edifícios Passo a
Passo, Verlag Dashofer – Reabilitação e Manutenção de Edificios
(http://reabilitacaodeedificios.dashofer.pt/?s=modulos&v=capitulo&c=12053)
[9.5] Correia, Joana, Análise Experimental de um Murete de Alvenaria de
Pedra Tradicional de Grande Dimensões, Dissertação para obtenção do grau
de mestre em Eng. Civil, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade
Nova de Lisboa, Abril de 2011
[10] Ensaios ultra-sónicos para a caracterização de alvenarias
[10.1] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[10.2] RILEM TC 127 – MS: Tests of Masonry Materials and Structures –
Materials and Structures – 200/30 – Mar.97
[10.3] RILEM TC 127 – MS D.5 – Measurement of ultrasonic pulse velocity for
masonry units and wallets – Materials and Structures – 129/29 – Oct
[10.4] Galvão, Jorge, Flores-Colen, Inês, Brito, Jorge, Coating Walls –
Ultrassonic technique, A State of the Art Report on Building Pathology, CIB
W086, 2013
[11] Ensaio Sónico para a caracterização de alvenarias
[11.1] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[11.2] RILEM TC 127 – MS: Tests of Masonry Materials and Structures –
Materials and Structures – 200/30 – Mar.97
[11.3] RILEM TC 127 – MS D.1 – Measurement of pulse velocity for masonry –
Materials and Structures – 192/29 – Oct. 1996
[11.4] Varum, Humberto; Costa, Aníbal; Pereira, Henrique; Almeida, João;
Rodrigues, Hugo, Caracterização do Comportamento Estrutural de Paredes
de Alvenaria e Adobe, Revista da Associação Portuguesa de Análise
Experimental de Tensões ISSN 1646-70
[11.5] Lombillo, Ignacio; Villegas, Luis; Liaño, Clara, Non (Minor) Destructive
Methodologies Applied to the Study and Diagnosis of Masonry Structures of
the Built Heritage, CIB W086, 2013
[12] Avaliação da integridade de elementos de alvenaria pelo método do
impacto-eco
[12.1] Sadri, Afshin, Application of impact-echo technique in diagnoses and
repair of stone masonry structures. Elsevier, Scienc-Direct, Canada, 2003
[12.2] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006
[13] Medição de vibrações à distância utilizando tecnologia laser
[13.1] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[13.2] Maia, Helton; Farias, Sheyla; Efeito Doppler Ondas eletromagnéticas
para detecção de velocidade, Centro Federal de Educação Tecnológica da
Paraíba, Curso Superior de Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações
[13.3] Ficha técnica PDV-100 Plus
(http://www.grom.com.br/marcas/polytec/vibrometria_laser/OM_DS_PDV100
plus_2009_06_E.pdf)
[13.4] BS 7385 – 1:1990 Evaluation and measurement for vibrations in
buildings. Guide for measurement of vibrations and evaluation their effects on
buildings.
[13.5] De fino, Mariella; De Tommasi, Giambattista, 3.4.5 – Innovative
Tecnologies, A State of the Art Report on Building Pathology, Cib W086,
2013.
[14] Radiografia em estruturas de madeira
[14.1] Júnior, Jerónimo, Avaliação não destrutiva da capacidade resistente de
estruturas de madeira de edifícios antigos, Dissertação submetida para
satisfação parcial dos requisitos do grau de mestre em Reabilitação do
Património Edificado, FEUP, Porto, 2006.
[14.2] P. Fiala, M. Friedl, M. Cap, P. Konas, P. Smira, and A. Naswettrova; Non
Destructive Method for Detection Wood-destroying Insects; Department of
Theoretical and Experimental Electrical Engineering, Brno University of
Technology, Technicka 3082/12, Brno 616 00, Czech Republic, Thermo
Sanace s.r.o., Chamradova 475/23, Ostrava, Kuncicky 718 00, Czech
Republic; PIERS Proceedings, Guangzhou, China, August 25-28, 2014.
[14.3] P. Fiala, P.Koňas, M.Friedl, R. Kubásek1, P.Šmíra; X-ray Diagnostics of
Wood Invaded by Insect; Department of Theoretical and Experimental
Electrical Engineering, Brno University of Technology, Brno, Czech Republic,
Thermo Sanace s.r.o., Ostrava – Kunčičky, Czech Republic,
MEASUREMENT 2013, Proceedings of the 9th International Conference,
Smolenice, Slovakia.
[15] Medição da humidade no interior de paredes
[15.1] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[15.2] Roma, J., Ficha: Speedy moisture testers for soils, sands, powders,
aggregates, concrete and masonry, GE Protimeter Ashworth Instrumentation
Division
[15.3] http://www.ebah.pt/content/ABAAAg3nEAB/relatorio-metodo-speedy
[15.4] http://www.ge-mcs.com/pt/moisture-and-humidity/moisture-
meters/standard-speedy.html
[16] Análise e monitorização de vibrações em estruturas
[16.1] CÓIAS, Vítor, Inspeções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios,
2ªEdição,IST PRESS, Lisboa, 2006.
[16.2] BS 7385 – 1:1990 Evaluation and measurement for vibrations in buildings.
Guide for measurement of vibrations and evaluation their effects on buildings.
[16.3] http://ocdm.com.br/noticias/wpcontent/uploads/2012/02/4332_Accelero
meter-2-2.jpg
Anexo II

Tabela A1 - Tabela resumo dos materiais usados nas paredes de edifícios antigos (Appleton 2003,
Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2008, Flores-Colen 2009)

Elemento construtivo Materiais usados

Fundações Diretas: Alvenaria de pedra aparelhada, ou tijolo


argamassado

Semi-Diretas: Alvenaria de pedra, ou tijolo


argamassada

Indiretas: Madeira de pinho, carvalho ou oliveira

Paredes Fachada e tardoz Alvenaria de pedra (calcário, granito,


exteriores xisto), podendo incluir madeira peças de
madeira

Empena e meeiras Alvenaria de pedra irregular

Paredes interiores Frontal “Esqueleto” de madeira (casquinha e


castanho) com enchimento de alvenaria
de pedra ou tijolo maciço argamassada

Tabique Madeira (casquinha, castanho, carvalho)

Revestimento de Interiores Argamassas, de areia e cal aérea ou


paredes gesso e em determinadas regiões, de
areia e saibro

Exteriores Azulejos

Acabamento de Interiores Pintura à base de óleos, estuque


paredes
Exteriores Caiação, pintura texturada
Tabela A1 (continuação) – Tabela resumo dos materiais usados nas escadas, pavimentos
tetos, cobertura, caixilharia, cantarias

Elemento construtivo Materiais usados

Escadas Interiores Madeira, pedra (até ao 1º lancil)

Exteriores Metálicas (aço), pedra

Pavimentos Estrutura Madeira (castanho, carvalho, pinho


bravo, pinho manso), abóbodas de pedra,
vigas de aço

Revestimento Soalho de madeira (pitch-pine,


casquinha, carvalho, pinho da terra, pinho
da terra), ladrilhos cerâmicos, ladrilhos de
pedra

Tetos Revestimento Estuque, argamassas de cal e areia

Acabamento Caiação, tintas de óleo

Cobertura Estrutura Madeira (castanho, carvalho, pinho


bravo, pinho manso), aço

Revestimento Telha cerâmica (de canudo, romana, de


Marselha)

Caixilharia Madeira (casquinha, pinho da terra)

Cantarias Pedra (granito, calcário, mármore)


Anexo III

Tabela A2 – Resumo das anomalias nas fundações de edifícios antigos (Appleton 2003, Cóias
2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 movimento de terras
 escoamento da água provocando saturação
Assentamento do solo
 pode afetar a estrutura do edifício,
provocando deformações e fendas
Fundações  abaixamento do nível freático dá-se o
apodrecimento das fundações indiretas por
estacaria de madeira
Ação da água
 provoca o arrastamento de finos de
fundações semi-diretas e diretas,
provocando perdas de secção
Tabela A2 (continuação) – Resumo das anomalias nas paredes resistentes de edifícios antigos
(Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 progressão e/ou agravamento da
fendilhação
 variações extremas de temperatura entre
calor e frio
Desagregação  ação da água (da chuva, por capilaridade,
por condensação)
 choques acidentais e por vandalismo (mais
grave ao nível do r/chão
 destruição de revestimentos e acabamentos
 fenómeno localizado (pouco frequente)
 principalmente devido a cargas
concentradas excessivas, como apoios de
vigas, cargas maiores que previstas
 zonas de contato entre vigas de madeira e a
Esmagamento alvenaria, em que a torção devido à secagem
da madeira origina grandes compressões
 em edifícios próximos de obras novas com
muros de suporte ancorados, as pressões
ascendentes transmitem-se às fundações e
posteriormente às paredes
 frequentemente junto a aberturas ou na
ligação de paredes ortogonais
 assentamentos diferenciais, podendo
identificar as zonas onde ocorrem
Paredes resistentes
 agravada na presença de água
 agravada na ausência de lintéis superiores
adequados
Fendilhação
 ação de arcos de descarga (impulsos
laterais) provocando fendas horizontais
 abatimento de arcos de descarga
 ação de sismos
 deficiente isolamento térmico (em terraços)
 deficiente funcionamento de asnas de
cobertura
 ascensão da água por capilaridade, criando
um percurso preferencial (nas argamassas
de assentamento), diluindo sais, até à sua
deposição superficial
 entradas de água pela cobertura
Ação da água
 rutura de tubagens
 manchas de humidade em tetos e paredes
 habitualmente em paredes atravessadas por
redes de abastecimento de água ou de
esgotos (em tubos de grés
 maior gravidade no apodrecimento de
Ação de agentes biológicos elementos de madeira nas paredes
e climáticos resistentes, devido a fungos e insetos
 variação sazonal da humidade
Tabela A2 (continuação) – Resumo das anomalias nas paredes de compartimentação de edifícios
antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 acréscimo de cargas
 assentamentos diferenciais
Abaulamentos e  redistribuição de cargas e/ou ocorrência de
esmagamentos fendilhação nas paredes resistentes
 modificação das condições de equilíbrio
estrutural
Paredes de  encontro com paredes resistentes exteriores
compartimentação Ação da água  anomalias em redes de abastecimento de
água e esgotos
 movimentos diferenciais relativos da
estrutura
Fendilhação  assentamentos diferenciais das fundações
 retração dos panos de parede
 flexão excessiva dos pavimentos

Tabela A2 (continuação) – Resumo das anomalias nos revestimentos e acabamentos de paredes


de edifícios antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-
Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 esmagamento dos rebocos (devido ao
esmagamento de paredes)
 fraca resistência mecânica do reboco
(argamassas de cal)
Esmagamento
 empolamento devido a corrosão em
elementos metálicos
 diminuição da aderência entre a argamassa
e as paredes com elementos de madeira
 presença de humidade
 presença de sais
 dilatações e contrações térmicas (variações
dimensionais do reboco)
 elevada impermeabilidade do suporte à água
e ao vapor de água
 erros de execução do reboco: excesso de
Revestimentos e
Desprendimento, água na amassadura; falta e humedecimento
acabamentos de
Destacamento conveniente do suporte; falta de rugosidade
paredes
do suporte, composição pouco adequada da
argamassa
 desprendimento de azulejos devido a
retração da argamassa, podendo partir os
azulejos se as tensões tangenciais forem
mais fortes do que a ligação
 movimentos diferenciais em paredes
 retração das argamassas (rebocos fortes
com elevados teores de cimento)
 acompanhamento da fendilhação do suporte
 variações bruscas de temperatura
Fendilhação
 deficiente dosagem na execução da
argamassa
 espessura inadequada do revestimento
 deslocamento do suporte
Tabela A2 (continuação) – Resumo das anomalias nos revestimentos e acabamentos de
paredes de edifícios antigos (Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho
2000, Flores-Colen 2009)

 reações com sais existentes no suporte


 absorção excessiva da parede de suporte
 corrosão de elementos metálicos: ligadores,
canos, redes metálicas
 humidade seguida de cristalização de sais
 reação química entre os materiais que
constituem os revestimentos e os compostos
Desagregação poluentes na atmosfera
 comum nas situações de rebocos fracos (à
base de cal e areia) e/ou nos casos de
pinturas pouco permeáveis ao vapor de água
 ascensão da água por capilaridade, criando
um percurso preferencial (nas argamassas
de assentamento), diluindo sais, até à sua
deposição superficial, criando eflorescências
 rutura de tubagens, podendo originar
Ação da água
manchas de humidade nas paredes e tetos
 manchas de humidade, devido a diferentes
origens da humidade, de obra ou construção,
do terreno, de precipitação; condensação;
fenómenos de higrospicidade
 a caiação torna-se lavável pela água da
chuva, na ausência de produtos fixantes
 falta de repetição da caiação 1 ou 2 vezes por
Deterioração da caiação
ano
 existência de sais solúveis na cal
 fraca resistência ao desgaste
 sujidade acumulada nas superfícies (poeiras
transportadas pelo vento, poluição industrial
e atmosférica, escorrimento da água da
Alteração do aspeto das chuva, textura superficial do reboco)
pinturas  ação dos raios solares (ultravioletas)
 ação abrasiva do vento (com poeiras e
areias) nas paredes exteriores
 variações de temperatura
Tabela A2 (continuação) – Resumo das anomalias nos pavimentos de edifícios antigos (Appleton
2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000, Flores-Colen 2009)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 humidade de precipitação, por infiltrações
por meio da caixilharia exterior, das próprias
paredes e coberturas
 a humidade do terreno, apenas tem
expressão ao nível dos pavimentos térreos,
Ação da água
ocorrendo fenómenos de capilaridade
 cria condições propicias para o
desenvolvimento de fungos de podridão e
insetos (térmitas e carunchos), na estrutura e
revestimentos em madeira
 a redução da secção útil dos apoios leva uma
deformação acentuada, com flechas a meio
vão
Deformação  acréscimos de cargas (nos pisos)
 assentamentos diferencias
 modificação das condições de equilíbrio
estrutural
 agravamento das cargas sobre arcos e
abóbadas, devido à execução de camadas
sucessivas de enchimentos pesados, para
nivelamento dos pavimentos
Pavimentos
 assentamentos diferencias
 ação sísmica
Fendilhação
 em revestimentos à base de pedra pode
estar ligada a problemas de assentamento
 em revestimentos cerâmicos o fenómeno
associa-se a dilatações e contrações
térmicas e a movimentos da base do
pavimento
 progressão e agravamento da fendilhação
 processo em revestimentos de elementos
Desagregação
pétreos relacionados com a reação com a
água e agentes de limpeza
 o desprendimento de ladrilhos pode dever-se
Desprendimento à retração da argamassa de assentamento
 ausência ou deficiente espessura das juntas
 pavimentos com vigas de aço, dá-se a
corrosão desses elementos, causando um
Corrosão de elementos aumento de volume da peça
metálicos  é possível visualizar a manifestação através
do aparecimento de manchas castanho-
avermelhadas juntos dos elementos
Tabela A2 (continuação) – Resumo das anomalias nos tetos, coberturas de edifícios antigos
(Appleton 2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 nos revestimentos à base de gesso pode
dever-se à incapacidade de os tetos
acompanharem a deformação das estruturas
Fendilhações e deformações dos pavimentos
 vibrações estruturais
 fenómenos de retração das argamassas de
Tetos gesso
 a caiação torna-se lavável pela água, na
ausência de produtos fixantes
 fraca resistência ao desgaste
Deterioração da caiação
 existência de sais solúveis na cal
 não repetição da pintura por caiação 1 a 2
vez no ano
 a estrutura de madeira não está protegida
contra ataques de fungos e insetos, e a ação
da água e a humidade sazonal propicia essa
deterioração
 proporciona a deterioração e rompimento da
ligação dos apoios das asnas de cobertura
 infiltrações de água das chuvas nas zonas
correntes da cobertura
 nas coberturas em terraço a ação da água
Ação da água
agrava-se com a perda de estanquidade,
devido a deformações e fendilhação do
revestimento
 infiltrações de água nas coberturas
inclinadas, por telhas danificadas, mal
colocadas
Coberturas
 deficiente funcionamento das redes de
drenagem (caleira e tubos de queda) por
entupimento das mesmas
 aumento do peso da cobertura pela
colocação de argamassas nos canais do
telhado
 perdas de secção ou degradação da
Deformações
resistência e capacidade de deformação dos
próprios elementos de madeira
 alteração da deformação geométrica da
estrutura das coberturas
 danificação das redes de drenagem (caleiras
e tubos de queda) pela ação do vento
Ação de agentes climáticos
 arrancamento e destruição de algerozes pela
ação do vento
Tabela A2 (continuação) – Resumo das anomalias na caixilharia de edifícios antigos (Appleton
2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 em caixilharia de madeira, a água e
humidade favorecem o apodrecimento e o
ataque de fungos e insetos
Ação da água
 deficiente estanquidade da caixilharia
consegue provocar degradações
principalmente nas paredes e pavimentos
 corrosão da caixilharia de ferro,
principalmente nas soluções de marquise
Corrosão
Caixilharia  o seu efeito provoca a perda de secção e
compromete a estanquidade
 envelhecimento dos materiais de
assentamento e vedação dos vidros
 perda das características elásticas dos
Deterioração materiais de assentamento, pode levar ao
desprendimento e fratura dos vidros
 fratura dos vidros por choques acidentais e
devido a efeitos de movimentos estruturais

Tabela A2 (continuação) – Resumo das anomalias nas cantarias de edifícios antigos (Appleton
2003, Cóias 2007, Freitas, et al 2012, Magalhães 2002, Pinho 2000)

Elemento Tipo de Anomalia Causas e características


 vento provoca erosão
deposição de sujidade, devido à poluição
Ação de agentes climáticos
atmosférica (crostas negras em pedras não
afetadas pela desagregação granular)
 água da chuva provoca dissolução, agravada
por efeitos químicos relacionados com a
poluição atmosférica
 alteração bruscas de temperaturas (gelo e
Ação da água degelo) podem deteriorar e provocar
fendilhação
 eflorescências, relacionadas com a migração
de sais, provenientes de águas infiltradas ou
ascendentes do solo
Cantarias  desgaste por efeito da água da chuva e ação
do vento
 a fendilhação pode ter como causas, os
assentamentos de fundações, ação de
sismos e choques acidentais
Desagregação e fendilhação
 fendilhação devido a corrosão de elementos
metálicos embebidos nas cantarias
(chumbadouros e tirantes de ferro)
 pode haver um agravamento devido à
presença de agentes biológicos
 perturbação física das raízes das plantas e
de líquenes
Ação de agentes biológicos
 colonização por algas e fungos que favorece
a desagregação e dissolução das pedras

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