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PC-ES

1 Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; 2 natureza,


fins e princípios; ...................................................................................................................................... 1
3 Direito Administrativo: conceito, fontes e princípios; ...................................................................... 13
4 Organização administrativa da União; 5 administração direta e indireta; ....................................... 22
6 Agentes públicos: espécies e classificação; 7 poderes, deveres e prerrogativas; 8 cargo, emprego e
função públicos; 9 regime jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; 10
direitos e vantagens; 11 regime disciplinar; 12 responsabilidade civil, criminal e administrativa; ........... 39
13 Poderes administrativos: poder hierárquico; 14 poder disciplinar; 15 poder regulamentar; 16 poder
de polícia; 17 uso e abuso do poder; ..................................................................................................... 63
18 Ato administrativo: validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e sanatória; classificação,
espécies e exteriorização; 19 vinculação e discricionariedade; ............................................................. 74
20 Serviços Públicos; 21 conceito, classificação, regulamentação e controle; 22 forma, meios e
requisitos; 23 delegação, concessão, permissão, autorização; ............................................................. 88
24 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; 25 controle judicial; 26
controle legislativo; .............................................................................................................................. 106
27 responsabilidade civil do Estado ................................................................................................. 119

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Bons estudos!

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1 Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e
organização; 2 natureza, fins e princípios;

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foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
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ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITOS, ELEMENTOS, PODERES E


ORGANIZAÇÃO; NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS

Entende-se o Estado como comunidade, soberania e nação, para utilizarmos categorias de hoje, dado
que o Estado é ao mesmo tempo Estado-comunidade, ou república, Estado-aparelho, ou principado, e
comunidade de gerações, ou nação. Por Estado entende-se a unidade administrativa de um território.
Não existe Estado sem território. O Estado é formado pelo conjunto de instituições públicas que
representam, organizam e atendem (ao menos em tese) os anseios da população que habita o seu
território. Entre essas instituições, podemos citar o governo, as escolas, as prisões, os hospitais públicos,
o exército, dentre outras.

Estado

É pessoa jurídica territorial soberana. O estado soberano, traz como regra, um governo que será o
elemento condutor, o povo que irá representar o componente humano e o território que é o espaço físico
que ele ocupa.
Compõem o território: solo, subsolo, águas interiores, o mar territorial e o espaço aéreo.
Quanto ao campo de atuação do Estado, este pode ocorrer no direito público ou no direito privado,
carregando consigo, a qualidade de Pessoa Jurídica de Direito Público, fazendo com que a teoria da
dupla personalidade do Estado já não seja mais assunto a ser discutido.
Foi com a evolução da noção do Estado que surgiu a figura do Estado de Direito, que traz a ideia de
que a Administração Pública, obedece ao direito posto, além dos demais sujeitos de direito que compõem
a sociedade, de modo resumido, entende-se que o Estado de Direito se submete ao regime de direito que
fora por ele mesmo instituído.
Soberania é o poder supremo. No âmbito interno refere-se à capacidade de autodeterminação e, no
âmbito externo, é o privilégio de receber tratamento igualitário perante os outros países.
Nos Estados modernos ganha forças no Poder Constituinte, tendo em vista que ela envolve o poder
de alterar uma lei fundamental, como por exemplo a Constituição do Estado.
É entendida como a propriedade que tem um Estado de ser uma ordem suprema que deve a sua
validade a qualquer outra ordem superior. Na maioria das constituições trata-se de um poder escrito.
Sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, preocupações e costumes, e que
interagem entre si constituindo uma comunidade.
Território é a base espacial do poder jurisdicional do Estado onde este exerce o poder coercitivo
estatal sobre os indivíduos humanos, sendo materialmente composto pela terra firme, incluindo o subsolo
e as águas internas (rios, lagos e mares internos), pelo mar territorial, pela plataforma continental e pelo
espaço aéreo.
Povo é a população do Estado, considerada pelo aspecto puramente jurídico. É o grupo humano
encarado na sua integração numa ordem estatal determinada; é o conjunto de indivíduos sujeitos às
mesmas leis, são os súditos, os cidadãos de um mesmo Estado, detentores de direitos e deveres.
Nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, pelos interesses comuns,
e principalmente, por ideias e princípios comuns. É uma comunidade de consciência, unidas por um
sentimento complexo, indefinível e poderosíssimo: o patriotismo.
Segundo Goffredo Telles Jr. A nação é entendida como a sociedade política cuja ideia a realizar é a
de constituir a mais alta condição social para as entidades que ela encerra melhor se aproximem de seus
respectivos fins.1

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Palaia, Nelson. Noções Essenciais de Direito. Editora: Saraiva,2011.

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A nação é composta por ideia de bem comum e de ordem jurídica e por um povo que vive em
comunhão, mesmo que obedecendo essa nação.

Administração pública

É a forma como o Estado governa, ou seja, como executa as suas atividades para o bem estar de seu
povo. Lembrando que povo são os habitantes de um determinado território. É organizada política, social
e juridicamente, ocupa um território definido, onde normalmente a lei máxima é uma constituição escrita,
e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. Um Estado
soberano é sintetizado pela máxima: um governo, um povo, um território. O Estado é responsável pela
organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio da violência legítima
(coerção, especialmente a legal).
Em sentido formal, orgânico ou subjetivo, designa o conjunto de órgãos e outros agentes estatais, que
estejam no exercício da função administrativa, independentemente do poder a que pertençam (Poder
Executivo, Judiciário ou Legislativo ou a qualquer outro organismo estatal), devendo neste caso, ser
escrita em letra maiúscula. (Administração).
Já a administração em sentido material ou objetivo, acaba se confundindo com a função administrativa,
e pode ser considerada como a atividade administrativa realizada pelo Estado, que vai em direção à
defesa concreta do interesse público. Deve ser escrita com letra minúscula (administração).
A doutrina moderna considera quatro tarefas precípuas da Administração Pública, que são: a prestação
de serviços públicos, o exercício do poder de polícia, a regulação das atividades de interesse público e o
controle da atuação do Estado.
Desse modo, podemos entender a atividade administrativa como sendo aquela voltada para o bem
toda a coletividade, desenvolvida pelo Estado com a finalidade de privilegiar a coisa pública e as
necessidades da coletividade. A função administrativa é considerada um múnus público, que configura
uma obrigação ou dever para o administrador público que não será livre para atuar, já que deve
obediência ao direito posto, para buscar o interesse coletivo.

Governo

É o conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública. A


palavra governo tem dois sentidos, coletivo e singular. O primeiro, como conjunto de órgãos que orientam
a vida política do Estado. O segundo, como poder executivo, órgão que exerce a função mais ativa na
direção dos negócios públicos. É um conjunto particular de pessoas que, em qualquer tempo, ocupam
posições de autoridade dentro de um Estado, que tem o objetivo de regrar uma sociedade política e
exercer autoridade. Neste sentido, os governos se revezam regularmente, ao passo que o Estado perdura
e só pode ser mudado com dificuldade e muito lentamente. O tamanho do governo vai variar de acordo
com o tamanho do Estado, e ele pode ser local, regional ou nacional.
O governo é a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança
de um Estado ou uma nação. É formado por dirigentes executivos do Estado e ministros.
Governo x Estado Os conceitos de Estado e Governo não podem ser confundidos, já que o Estado é
um povo situado em determinado território, que se sujeita a um governo. Assim merecem notoriedade:
povo, território e governo.
O governo é o elemento formador do Estado, não podendo com este se confundir. Pode-se dizer que
o governo é a cúpula diretiva do Estado que se organiza sob uma ordem jurídica por ele posta, a qual
consiste no complexo de regras de direito baseadas e fundadas na Constituição Federal.2
Com o decorrer dos tempos, a palavra governo, acabou sofrendo fortes mudanças, de modo que a
concepção clássica entendia que o governo era:

Sinônimo de Estado + somatória dos 3 poderes

Hoje essa ideia acabou sofrendo alterações, de forma que o governo, em sentido subjetivo é a cúpula
diretiva do Estado, que se responsabiliza pelo caminho dado as atividades estatais, eis que podemos
considerar, que nada mais é do que o conjunto de poderes e órgãos constitucionais
A forma de governo é a maneira como se dá a instituição do poder na sociedade e como se dá a
relação entre governantes e governados. Existem diversos tipos de governo, como anarquismo (quando
existe a ausência ou falta de governo), democracia (os cidadãos elegíveis participam igualmente),

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Carvalho, Matheus. Manual de Direito Administrativo, editora: Jus Podivm , 2ª edição, 2015.

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ditadura (não há participação popular), monarquia (chefe de governo se mantém no cargo até a morte),
oligarquia (poder político concentrado em um pequeno número de pessoas), tirania (utilizada
normalmente em situações excepcionais) e outros.
O sistema de governo não pode ser confundido com a forma de governo, pois a forma é o modo
como se relacionam os poderes e o sistema de governo é a maneira como o poder político é dividido e
exercido no âmbito de um Estado.
Segundo o jurista italiano Norberto Bobbio, a primeira vez que a palavra “estado” foi utilizada, com o
seu sentido contemporâneo, foi no livro Arte da Guerra, do imperador e general que fundou a dinastia dos
Sun Tzu e posteriormente no livro denominado O Príncipe, do diplomata e militar Nicolau Maquiavel.
Normalmente, grafa-se o vocábulo com letra maiúscula, a fim de diferenciá-lo de seus homônimos. Há,
entretanto, uma corrente de filósofos que defende sua escrita com minúscula, como em cidadania ou civil.
O objetivo não é ferir a definição tradicional de Estado, mas equiparar a grafia a outros termos não menos
importantes.
O reconhecimento da independência de um Estado em relação aos outros, permitindo ao primeiro
firmar acordos internacionais, é uma condição fundamental para estabelecimento da soberania. O Estado
pode também ser definido em termos de condições internas, especificamente (conforme descreveu Max
Weber, entre outros) no que diz respeito à instituição do monopólio do uso da violência.
O Estado é uma organização que conta com o monopólio da violência legítima (uso da força), pelo que
dispõe de instituições como as forças armadas, a polícia e os tribunais, pelo fato de assumir as funções
de governo, defesa, segurança e justiça, entre outras, num determinado território. O Estado de Direito é
aquele que enfoca a sua organização na divisão de poderes (Executivo, Legislativo e Judicial). É
importante esclarecer que os conceitos de Estado e governo não são sinônimos. Os governantes são
aqueles que, temporariamente, exercem cargos nas instituições que conformam o Estado.
O conceito parece ter origem nas antigas cidades-estados que se desenvolveram na Antiguidade, em
várias regiões do mundo, como na Suméria, na América Central e no Extremo Oriente. Em muitos casos,
estas cidades-estados foram a certa altura da história colocadas sob a tutela do governo de um reino ou
império, seja por interesses econômicos mútuos, seja por dominação pela força.
O Estado como unidade política básica no mundo tem, em parte, vindo a evoluir no sentido de um
supranacionalismo, na forma de organizações regionais, como é o caso da União Europeia. Os governos
são transitórios e apresentam diferentes formas, que variam de um lugar para outro, enquanto os Estados
são permanentes (ao menos enquanto durar o atual sistema capitalista).
Dessa forma, o governo seria apenas uma das instituições que compõem o Estado, com a função de
administrá-lo. Várias correntes filosóficas opõem-se à existência do Estado tal como o conhecemos. O
anarquismo, por exemplo, promove o total desaparecimento do Estado e a respectiva substituição pelas
associações livres e organizações participativas.
O marxismo, em contrapartida, considera que o Estado é uma ferramenta de domínio que se encontra
sob o controle da classe dominante. Como tal, aspira à sua destruição para que seja substituído por um
Estado Operário como parte constituinte da transição para o socialismo e o comunismo, onde já não será
necessário um Estado, uma vez superada a luta de classes (burguesia x proletariado).
A Nação, por outro lado, tem seu conceito ligado à identidade, à cultura e aos aspectos históricos. Por
nação entende-se um agrupamento ou organização de uma sociedade que partilha dos mesmos
costumes, características, idioma, cultura e que já possuem uma determinada tradição histórica. Alguns
autores chegam a afirmar que o Estado seria a institucionalização da Nação.
Entretanto, observa-se a existência de Estados com muitas nações – ou multinacionais – e algumas
nações sem Estado constituído. Existem nações sem Estado (nação palestina, nação basca) e Estados
que reúnem e abarcam várias nações. No Direito Administrativo contemporâneo, Governo é a expressão
que define o núcleo diretivo do Estado, alterável por eleições e responsável pela gerência dos interesses
estatais e pelo exercício do poder político. É a organização e autoridade governante de uma unidade
política. O poder de regrar uma sociedade política e o aparato pelo qual o corpo governante funciona e
exerce autoridade. O governo é usualmente utilizado para designar a instância máxima de administração
executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação. Os Estados que
possuem tamanhos variados podem ter vários níveis de Governo conforme a organização política daquele
país, como por exemplo o Governo local, regional e nacional. A forma de governo é a política base que
define como o Estado exerce o poder sobre a sociedade. O sistema de governo é a divisão do poder no
Estado. Há ainda o regime político, que é uma relação entre o governante e a força exercida entre ele.

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Aristóteles (384-322 a.C.) na obra Política, dividiu o governo de três formas:

Monarquia: cujo governo tem caráter hereditário, visa o bem comum, como a obediência ás leis e ás
tradições. O governo cabe a uma única pessoa, que possui poderes não só para fazer as leis, como
também para aplicá-las. A forma distorcida da monarquia é a Tirania, na qual o governo é de um homem
só que ascende ao poder por meios ilícitos.
A escolha do monarca é feita com base em motivos históricos tradicionais, de modo que ele não se
preocupa em aparecer como representante da vontade do povo. Seu poder é extraordinário, sem ter
vínculo entre a sua escolha e a vontade dos governados.
O ponto importante é que ele não respondia pelos seus atos e podia ainda se tornar um imperador.

São formas de monarquia: absoluta e constitucional.

Na absoluta, não há limites jurídicos para o monarca, na constitucional, o rei sofre algumas limitações
jurídicas, mesmo que seja considerado o representante mais alto do Estado.
A Monarquia Constitucional se subdivide em pura (poder exercido diretamente pelo rei) e parlamentar
(o poder do rei é exercido através de seus ministros).
OBS: a monarquia mais conhecida é a hereditária, já que a escolha do sucessor, obedece à linha
hereditária, caracterizando-se pela vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade.
Surge a República, como oposta à Monarquia. O chefe do Estado passa a ser temporário e não
vitalício, eleito pelos governados, quer dizer, o povo, não tendo mais que se falar em hereditariedade.
Diferente do monarca, o chefe do Estado passa a ser responsável por seus atos, podendo ser processado,
com a perda do seu mandato.
A forma Republicana de governo existe em nosso país desde a Constituição de 1891. As
características enraizadas das regalias e prerrogativas de certas classes, com a vitaliciedade do soberano
e o nepotismo, não mais perduraria.
Aristocracia: o Estado é governado por um pequeno grupo de pessoas, que em tese, seria o grupo
ou classe mais apta a conduzir o Estado.
Na oligarquia quem governa são os mais poderosos, geralmente, os mais ricos, possuidores de títulos
de nobreza ou que conquistaram o poder pela força.
Segundo os filósofos gregos Platão e Aristóteles apenas os melhores cidadãos, os que fossem
superiores moral e intelectualmente, estariam aptos a atender os interesses da coletividade.
A aristocracia nasce como uma forma de governo que era contra à tirania e a oligarquia, porém a forma
de avaliar quem eram os melhores, acabou tendo caráter subjetivo, de modo que foi confundida com a
oligarquia.
São exemplos: os patrícios na Roma e nobres da Europa, no período da Idade Média.
Politéia: governo do povo, exercido com respeito ás leis e em benefício de todos. A forma distorcida
da Politéia é a Democracia, na qual a maioria exerce o poder, favorecendo preferencialmente os pobres
(POLIZEL, 2010). Apresentamos as formas puras de governo (Monarquia, Aristocracia e Politéia) que
forma propostas por Aristóteles, e também as formas impuras (Tirania, Oligarquia e Democracia).

No entanto, a Democracia, no ocidente, tem uma conotação mais expandida, por exemplo, para
Lincoln, a democracia “é o regime do povo, pelo povo e para o povo”. Hans Kelsen expande essa ideia
na liberdade de consciência, trabalho, religião, igualdade etc.
Podemos considerar o Estado moderno como uma sociedade com base territorial, dividida em
governantes e governados, com ambições, dentro do território que lhe é reconhecido e com supremacia
sobre todas as demais instituições. Estão sob seu domínio todas as formas de atividade cujo controle ele
julgue conveniente. Surge no auge da monopolização do poder do governante do estado.
Segundo Norbert Elias, o governo monopolista, fundamentado nos monopólios da tributação e da
violência física, atingira assim, nesse estágio particular, como monopólio pessoal de um único indivíduo,
sua forma consumada. Era protegido por uma organização de vigilância muito eficiente. O rei latifundiário,
que distribuía terras ou dízimos, tornara-se o rei endinheirado, que distribuía salários, e este fato dava à
centralização um poder e uma solidez nunca alcançados antes. O poder das forças centrífugas havia sido
finalmente quebrado. Todos os possíveis rivais do governante monopolista viram-se reduzidos a uma
dependência institucionalmente forte de sua pessoa. Não mais em livre competição, mas apenas numa
competição controlada pelo monopólio, apenas um segmento da nobreza, o segmento cortesão, concorria
pelas oportunidades dispensadas pelo governante monopolista, e ele vivia ao mesmo tempo sob a
constante pressão de um exército de reserva formado pela aristocracia do interior do país e por elementos
em ascensão da burguesia.

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A corte era a forma organizacional dessa competição restrita. Com o surgimento de uma classe social
e econômica, formada de moradores da cidade, homens livres, comerciantes, banqueiros, estudiosos,
artesões, entre outras atribuições autônomas e sustentáveis, que conseguiram por meio de seus dotes e
por meio do pagamento de tributo de proteção aos senhores feudais formarem os burgos, vindo daí a
origem da expressão “burguês”. Este monopólio do poder, pelo soberano, afora a ingerência da Igreja, foi
evoluindo para o absolutismo ao mesmo tempo em que a classe burguesa igualmente evoluía, mas
achacada pelos altos tributos cobrados de todos os meios e de todos os lados, evoluindo para uma
situação, quem em torno do século XVIII já seria insustentável. Classifica-se a evolução do Estado de
Direito em:
a) Estado Liberal - Liberalismo é forma ao mesmo tempo racional e intuitiva de organização social em
que prevalece a vontade da maioria quanto à coisa pública, e que está livre de qualquer fundamento
filosófico ou religioso capaz de limitar ou impedir a liberdade individual e a igualdade de direitos, e no qual
o desenvolvimento e o bem estar social dependem da divisão do trabalho, do direito de propriedade, da
livre concorrência e do sentimento de fraternidade e responsabilidade filantrópica frente à diversidade de
aptidões e de recursos dos indivíduos. Surge com a revolução burguesa na França, suas características
básicas são a não intervenção do Estado na economia, igualdade formal, autonomia e divisão dos
poderes. A Constituição é tida como norma suprema e limitadora dos poderes públicos e garantidora de
direitos fundamentais individuais. Segundo parte da doutrina, nesse estado somente se fala nos direitos
de primeira geração que são aqueles que pregam a liberdade, também chamados de direitos individuais,
posto que protegem o cidadão contra os arbítrios e abusos do Estado.
b) Estado Social – Segundo La Bradbury (2006), a igualdade tão somente formal aplicada e o
absenteísmo do Estado Liberal em face das questões sociais, apenas serviram para expandir o
capitalismo, agravando a situação da classe trabalhadora, que passava a viver sob condições miseráveis.
O descompromisso com o aspecto social, agravado pela eclosão da Revolução Industrial, que submetia
o trabalhador a condições desumanas e degradantes, a ponto de algumas empresas exigirem o trabalho
diário do obreiro por doze horas ininterruptas, culminou com a Revolução Russa de 1917, conduzindo os
trabalhadores a se organizarem com o objetivo de resistir à exploração. Esse movimento configurava a
possibilidade de uma ruptura violenta com o Estado Liberal, devido à grande adesão de operários do
ocidente europeu. A burguesia, hesitante à expansão dos ideais pregados pela Revolução Russa, adotou
mecanismos que afastassem os trabalhadores da opção revolucionária, surgindo, então, o Estado Social,
com as seguintes características: intervenção do Estado na economia, aplicação do princípio da igualdade
material e realização da justiça social. A burguesia, agora detentora do poder político, passou a defender
o intervencionismo estatal no campo econômico e social, buscando acabar com a postura absenteísta do
Estado, preocupando-se com os aspectos sociais das classes desfavorecidas, conferindo-lhes uma
melhor qualidade de vida, com o único intuito de conter o avanço revolucionário. Para alcançar tal intento,
os capitalistas tiveram que substituir a igualdade formal (igualdade perante à lei), presente no Estado
Liberal, que apenas contribuiu para o aumento das distorções econômicas, pela igualdade material
(igualdade de fato), que almejava atingir a justiça social. O princípio da igualdade material ou substancial
não somente considera todas as pessoas abstratamente iguais perante a lei, mas se preocupa com a
realidade de fato, que reclama um tratamento desigual para as pessoas efetivamente desiguais, a fim de
que possam desenvolver as oportunidades que lhes assegura, abstratamente, a igualdade formal. Surge,
então, a necessidade de tratar desigualmente as pessoas desiguais, na medida de sua desigualdade. O
Estado Social (ou do Bem Estar), apesar de possuir uma finalidade diversa da estabelecida no Estado de
Direito, possuem afinidades, uma vez que utiliza do respeito aos direitos individuais, notadamente o da
liberdade, para construir os pilares que fundamentam a criação dos direitos sociais. Surgem, desta forma,
os “direitos de segunda geração”, que se situam no plano do ser, de conteúdo econômico e social, que
almejam melhorar as condições de vida e trabalho da população, exigindo do Estado uma atuação positiva
em prol dos explorados, compreendendo, dentre outros, o direito ao trabalho, à saúde, ao lazer, à
educação e à moradia, (La Bradbury, 2006). Carlos Ari Sundfeld sintetiza afirmando que: “O Estado torna-
se um Estado Social, positivamente atuante para ensejar o desenvolvimento (não o mero crescimento,
mas a elevação do nível cultural e a mudança social) e a realização da justiça social (é dizer, a extinção
das injustiças na divisão do produto econômico).”
c) Estado Democrático - Surge após a Segunda Guerra Mundial, dissociando-se das políticas
totalitárias como o nazismo e fascismo, sendo suas características principais a representatividade política
pelo voto do povo, detentor da soberania e uma Constituição não apenas limitadora de poderes e políticas
públicas, mas regulamentadora das prestações positivas do Estado em prol do cidadão e da coletividade.
Declara e assegura direitos fundamentais individuais e coletivos, tais como, direito a paz, ao meio
ambiente ecologicamente correto, às tutelas de liberdade do pensamento, expressão, autoria e
intimidade, o respeito e a autodeterminação dos povos, as políticas de reforma agrária e moradia popular,

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os benefícios e aposentadorias previdenciários, a assistência social, entre outros, surgindo os direitos de
terceira geração e outros, denominados de quarta geração, ligados ao constante progresso científico e
tecnológico contemporâneo e outros fenômenos políticos como a globalização e a unificação dos países,
de modo à regular a cibernética, a informática, a biogenética, entre outros.

Reforma do Estado brasileiro e de seu aparelho

A reforma da Administração Pública visa a eficiência dos serviços que são prestados para os cidadãos,
com maior qualidade. Visa-se a redução de custos ao mesmo tempo em que promove-se a revisão e
aperfeiçoamento das rotinas, com a desburocratização e aplicação de metas e indicadores de
desempenho.
A reforma do aparelho do Estado é fundamental para que se assegure a estabilidade do plano real. O
que o governo visa é impedir o aumento dos gastos, sem que haja a perda da qualidade e eficiência dos
serviços prestados.
Com a melhoria da eficiência exige-se também a descentralização dos serviços, aproximando-se da
sociedade e do cidadão, retirando do Estado as atividades que possam ser melhor executadas por
entidades públicas.
Com a reforma do Estado poderão ocorrer mudanças na Constituição, permitindo ainda a revisão de
leis e normas, aplicando-se novos instrumentos de gestão e organização da administração.

Organização político-administrativa

O Estado brasileiro compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos


autônomos, nos termos da Constituição. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito e do Congresso
Nacional, por lei complementar. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios
far-se-á por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal e dependerá de
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Passemos ao estudo
específico da Administração Pública.

Separação dos Poderes

O Estado brasileiro adotou a tripartição de poderes, assim são seus poderes o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário, conforme se infere da leitura do art. 2º da Constituição Federal:

“São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o


Judiciário.”.
a) Poder Executivo: No exercício de suas funções típicas, pratica atos de chefia do Estado, de
Governo e atos de administração, ou seja, administra e executa o ordenamento jurídico vigente. É uma
administração direita, pois não precisa ser provocada. Excepcionalmente, no exercício de função atípica,
tem o poder de legislar, por exemplo, via medida provisória.
b) Poder legislativo: No exercício de suas funções típicas, é de sua competência legislar de forma
geral e abstrata, ou seja, legislar para todos. Tem o poder de inovar o ordenamento jurídico. Em função
atípica, pode administrar internamente seus problemas.
c) Poder judiciário: No exercício de suas funções típicas, tem o poder jurisdicional, ou seja, poder de
julgar as lides, no caso concreto. Sua atuação depende de provocação, pois é inerte.
A partir do momento que a controvérsia é julgada em decisão transitada em julgado, é impossível
modificá-la.
Como vimos, o governo é o órgão responsável por conduzir os interesses de uma sociedade. Em
outras palavras, é o poder diretivo do Estado.
Importante destacar o conceito de governo dado por Alexandre Mazza: “... é a cúpula diretiva do
Estado, responsável pela condução dos altos interesses estatais e pelo poder político, e cuja composição
pode ser modificada mediante eleições.3

3
MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo/Alexandre Mazza. 4. Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 49

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O Governo organiza-se em:
Ministérios: órgãos subordinados ao presidente da República e que auxiliam nas atividades do Poder
Executivo.
Secretarias: também são subordinadas à presidência da República e estão relacionadas a assuntos
de interesses sociais.
Conselhos: são responsáveis por recomendar diretrizes, tomar decisões relacionadas às políticas ou
administrar programas.
Agências reguladoras: fiscalizam os serviços públicos realizados pelas entidades privadas.

Pessoa Administrativa

É aquela que compõe a Administração Indireta, se vinculando a Administração Direta para realizarem
atividades de forma centralizada.

Princípios da administração pública

Como brevemente exposto acima, os princípios jurídicos orientam a interpretação e a aplicação de


outras normas. São verdadeiras diretrizes do ordenamento jurídico, guias de interpretação, às quais a
administração pública fica subordinada. Possuem um alto grau de generalidade e abstração, bem como
um profundo conteúdo axiológico e valorativo.
Os princípios da Administração Pública são regras que surgem como parâmetros para a interpretação
das demais normas jurídicas. Têm a função de oferecer coerência e harmonia para o ordenamento
jurídico. Encontram-se de maneira explícita ou não no texto da Constituição Federal. Os primeiros são,
por unanimidade, os chamados princípios expressos (ou explícitos), estão previstos no art. 37, caput, da
Constituição Federal. Os demais são os denominados princípios reconhecidos (ou implícitos), estes
variam de acordo com cada autor, sendo trabalhado, no presente estudo, apenas os princípios
reconhecidos pela doutrina majoritária e que são mais exigidos e concursos.
Assim, são os princípios expressos da Administração Pública os que estão inseridos no artigo 37
“caput” da Constituição Federal (CF): legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Perfazem um total de cinco princípios, podendo ser facilmente memorizados através da palavra LIMPE,
vejam:

L (legalidade);
I (impessoalidade);
M (moralidade);
P (publicidade); e
E (eficiência).

Esses princípios têm natureza meramente exemplificativa, posto que representam apenas o mínimo
que a Administração Pública deve perseguir quando do desempenho de suas atividades. Exemplos de
princípios implícitos: supremacia do interesse público, razoabilidade, motivação, segurança das relações
jurídicas.
Ressaltamos que não há hierarquia entre os princípios (expressos ou não), visto que tais diretrizes
devem ser aplicadas de forma harmoniosa. Assim, a aplicação de um princípio não exclui a aplicação de
outro e nem um princípio se sobrepõe ao outros.
Os princípios da Administração abrangem a Administração Pública direta e indireta de quaisquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 37 da CF/88).

1. Princípio da Legalidade: Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei (art. 5.º, II, da CF). O princípio da legalidade representa uma garantia para os
administrados, pois qualquer ato da Administração Pública somente terá validade se respaldado em lei.
Representa um limite para a atuação do Estado, visando à proteção do administrado em relação ao abuso
de poder.
O princípio em estudo apresenta um perfil diverso no campo do Direito Público e no campo do Direito
Privado. No Direito Privado, tendo em vista o interesse privado, as partes poderão fazer tudo o que a lei
não proíbe; no Direito Público, diferentemente, existe uma relação de subordinação perante a lei, ou seja,
só se pode fazer o que a lei expressamente autorizar.

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Nesse caso, faz-se necessário o entendimento a respeito do ato vinculado e do ato discricionário, posto
que no ato vinculado o administrador está estritamente vinculado ao que diz a lei e no ato discricionário
o administrador possui uma certa margem de discricionariedade. Vejamos:
a. No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para decidir quanto à atuação. A lei previamente
estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo administrador no fato concreto; não
podendo haver juízo de valores, o administrador não poderá analisar a conveniência e a oportunidade do
ato.
b. Ato discricionário é aquele que, editado debaixo da lei, confere ao administrador a liberdade para
fazer um juízo de conveniência e oportunidade.
A diferença entre o ato vinculado e o ato discricionário está no grau de liberdade conferido ao
administrador.
Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão ser reapreciados pelo Judiciário no
tocante à sua legalidade, pois o judiciário não poderá intervir no juízo de valor e oportunidade da
Administração Pública.
Importante também destacar que o princípio da legalidade, no Direito Administrativo, apresenta
algumas exceções: Exemplo:
a. Medidas provisórias: são atos com força de lei que só podem ser editados em matéria de
relevância e urgência. Dessa forma, o administrado só se submeterá ao previsto em medida provisória
se elas forem editadas dentro dos parâmetros constitucionais, ou seja, se presentes os requisitos da
relevância e da urgência;
b. Estado de sítio e estado de defesa: são momentos de anormalidade institucional. Representam
restrições ao princípio da legalidade porque são instituídos por um decreto presidencial que poderá
obrigar a fazer ou deixar de fazer mesmo não sendo lei.

2. Princípio da Impessoalidade Significa que a Administração Pública não poderá atuar


discriminando pessoas de forma gratuita, a Administração Pública deve permanecer numa posição de
neutralidade em relação às pessoas privadas. A atividade administrativa deve ser destinada a todos os
administrados, sem discriminação nem favoritismo, constituindo assim um desdobramento do princípio
geral da igualdade, art. 5.º, caput, CF.
Ex.: Quando da contratação de serviços por meio de licitação, a Administração Pública deve estar
estritamente vinculada ao edital, as regras devem ser iguais para todos que queiram participar da licitação.

3. Princípio da Moralidade A atividade da Administração Pública deve obedecer não só à lei, mas
também à moral.
A Lei n. 8.429/92, no seu art. 9.º, apresentou, em caráter exemplificativo, as hipóteses de atos de
improbidade administrativa; esse artigo dispõe que todo aquele que objetivar algum tipo de vantagem
patrimonial indevida, em razão de cargo, mandato, emprego ou função que exerce, estará praticando ato
de improbidade administrativa. São exemplos:
1. Usar bens e equipamentos públicos com finalidade particular;
2. Intermediar liberação de verbas;
3. Estabelecer contratação direta quando a lei manda licitar;
4. Vender bem público abaixo do valor de mercado;
5. Adquirir bens acima do valor de mercado (superfaturamento).

Os atos de improbidade podem ser combatidos através de instrumentos postos à disposição dos
administrados, são eles;
1. Ação Popular, art. 5.º, LXXIII, da CF; e
2 Ação Civil Pública, Lei n. 7347/85, art. 1.º.

4. Princípio da Publicidade É o dever atribuído à Administração, de dar total transparência a todos


os atos que praticar, ou seja, como regra geral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
A regra do princípio que veda o sigilo comporta algumas exceções, como quando os atos e atividades
estiverem relacionados com a segurança nacional ou quando o conteúdo da informação for resguardado
por sigilo (art. 37, § 3.º, II, da CF/88).
A publicidade, entretanto, só será admitida se tiver fim educativo, informativo ou de orientação social,
proibindo-se a promoção pessoal de autoridades ou de servidores públicos por meio de aparecimento de
nomes, símbolos e imagens. Exemplo: É proibido placas de inauguração de praças com o nome do
prefeito.

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5. Princípio da Eficiência A Emenda Constitucional nº 19 trouxe para o texto constitucional o princípio
da eficiência, que obrigou a Administração Pública a aperfeiçoar os serviços e as atividades que presta,
buscando otimização de resultados e visando atender o interesse público com maior eficiência.
Para uma pessoa ingressar no serviço público, deve haver concurso público. A Constituição Federal
de 1988 dispõe quais os títulos e provas hábeis para o serviço público, a natureza e a complexidade do
cargo.
Para adquirir estabilidade, é necessária a eficiência (nomeação por concurso, estágio probatório etc).
E para perder a condição de servidor, é necessária sentença judicial transitada em julgado, processo
administrativo com ampla defesa e insuficiência de desempenho.

Há ainda outros princípios que a Administração Pública deve perseguir, dentre eles:

a) Princípio da Motivação: É o princípio mais importante, visto que sem a motivação não há o devido
processo legal.
No entanto, motivação, neste caso, nada tem a ver com aquele estado de ânimo. Motivar significa
mencionar o dispositivo legal aplicável ao caso concreto, relacionar os fatos que concretamente levaram
à aplicação daquele dispositivo legal.
Todos os atos administrativos devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o mérito do
ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem-se observar os motivos
dos atos administrativos.
Hely Lopes Meirelles entende que o ato discricionário, editado sob a lei, confere ao administrador uma
margem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo necessária a
motivação, porém, se houver tal motivação, o ato deverá condicionar-se à referida motivação. O
entendimento majoritário, no entanto, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária a motivação
para que se saiba qual o caminho adotado.

b) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular: Sempre que houver


necessidade de satisfazer um interesse público, em detrimento de um interesse particular, prevalece o
interesse público. São as prerrogativas conferidas à Administração Pública, porque esta atua por conta
dos interesses públicos.
O administrador, para melhor se empenhar na busca do interesse público, possui direitos que
asseguram uma maior amplitude e segurança em suas relações.
No entanto, sempre que esses direitos forem utilizados para finalidade diversa do interesse público, o
administrador será responsabilizado e surgirá o abuso de poder.

c) Indisponibilidade do Interesse Público: Os bens e interesses públicos são indisponíveis, ou seja,


não pertencem à Administração ou a seus agentes, cabendo aos mesmos somente sua gestão em prol
da coletividade. Veda ao administrador quaisquer atos que impliquem renúncia de direitos da
Administração ou que, injustificadamente, onerem a sociedade.
Impõe limitações ao Estado, correspondendo a uma contrapartida às prerrogativas estatais,
decorrentes da supremacia do interesse público sobre o particular. Assim, o Estado tem o poder de
desapropriar um imóvel (prerrogativa decorrente da supremacia do interesse público), porém, deverá
indenizar, como regra o proprietário, respeitando o direito à propriedade (limitação imposta ao Estado).

d) Continuidade do Serviço Público: Os serviços públicos por serem prestados no interesse da


coletividade devem ser adequados e seu funcionamento não deve sofrer interrupções. A Lei 8.987/95
(estabelece normas gerais sobre as concessões e permissões de serviços públicos) em seu art. 6º, dispõe
que serviço público adequado é aquele que atende a alguns requisitos, dentre eles, o da continuidade.
Porém, devemos ressaltar que isto não se aplicará às interrupções por situações de emergência ou
após aviso prévio – nos casos de segurança, ordem técnica ou inadimplência do usuário.
Ainda como decorrência da aplicação de tal princípio, a CF, em seu art. 37, VII, impõe que os limites
ao exercício de greve do servidor público sejam estabelecidos em lei específica.

e) Probidade Administrativa: A conduta do administrador público deve ser honesta, pautada na boa
conduta e na boa-fé. Ganhou status constitucional com a atual Constituição de 1988. O art. 37, §4º traz
as consequências de um ato de improbidade administrativa e o art. 85, V, dispõe que é crime de
responsabilidade do Presidente da República a prática de atos que atentem contra a probidade
administrativa. A improbidade administrativa é regulamentada pela Lei 8.428/92.

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f) Autotutela: Decorre do princípio da legalidade. Por esse princípio a Administração pode controlar
seus próprios atos, anulando os ilegais (controle de legalidade) e revogando os inconvenientes ou
inoportunos (controle de mérito). De forma sucinta, é o princípio que autoriza que a Administração Pública
revise os seus atos e conserte os seus erros. Não deve ser confundido com a tutela administrativa que
representa a relação existente entre a Administração Direta e Indireta.

g) Razoabilidade e da Proporcionalidade: São tidos como princípios gerais de Direito, aplicáveis a


praticamente todos os ramos da ciência jurídica. No âmbito do Direito Administrativo encontram aplicação
especialmente no que concerne à prática de atos administrativos que impliquem restrição ou
condicionamento a direitos dos administrados ou imposição de sanções administrativas.
Funcionam como os maiores limitadores impostos à liberdade de atuação do administrador público, ou
seja, limitam a discricionariedade administrativa. Trata-se da aferição da adequação da conduta escolhida
pelo agente público à finalidade que a lei expressa.
Visa sempre analisar se a conduta do agente público foi razoável e se os fins atingidos foram
proporcionais a determinado caso em concreto.

h) Segurança Jurídica: O ordenamento jurídico vigente garante que a Administração deve interpretar
a norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada
aplicação retroativa de nova interpretação.
O princípio da segurança jurídica não veda que a Administração mude a interpretação dada
anteriormente sobre determinada norma administrativa, porém, veda que a Administração aplique
retroativamente essa nova interpretação.
Por força de tal princípio, por exemplo, veremos que a Administração Pública terá um prazo
decadencial de 5 anos para anular atos administrativos que beneficiem os seus destinatários, salvo se
comprovada a má-fé do administrador público.

Questões

01. (TRT /8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa – CESPE/2016). A
respeito dos elementos do Estado, assinale a opção correta.
(A) Povo, território e governo soberano são elementos indissociáveis do Estado.
(B) O Estado é um ente despersonalizado.
(C) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo.
(D) Os elementos do Estado podem se dividir em presidencialista ou parlamentarista.
(E) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são elementos do Estado brasileiro.

02. (IF/AP - Auxiliar em Administração – FUNIVERSA/2016). No sistema de governo brasileiro, os


chefes do Poder Executivo (presidente da República, governadores e prefeitos) exercem, ao mesmo
tempo, as funções administrativa (Administração Pública) e política (governo). No entanto, são funções
distintas, com conceitos e objetivos bem definidos. Acerca de Administração Pública e governo, assinale
a alternativa correta.
(A) Administração Pública e governo são considerados sinônimos, visto que ambos têm como objetivo
imediato a busca da satisfação do interesse coletivo.
(B) As ações de Administração Pública têm como objetivo a satisfação do interesse público e são
voltadas à execução das políticas públicas.
(C) Administração Pública é a atividade responsável pela fixação dos objetivos do Estado, ou seja,
nada mais é que o Estado desempenhando sua função política.
(D) Governo é o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas de que o Estado dispõe para colocar
em prática as políticas públicas.
(E) A Administração pratica tanto atos de governo (políticos) como atos de execução das políticas
públicas.

03. (STJ -: Técnico Judiciário – Administrativa – CESPE). Julgue o item a seguir, acerca dos
conceitos de Estado, governo e administração pública.
A Presidência da República integra a administração pública federal direta.

( ) Certo ( )Errado

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04. (MPOG - Atividade Técnica - Direito, Administração, Ciências Contábeis e Economia –
FUNCAB). A soberania, que permite afirmação na ordem externa,é atributo:
(A) da Administração Pública.
(B) do Governo.
(C) do Estado.
(D) do Poder Executivo.
(E) do Poder Judiciário.

05. (TJ/CE - Analista Judiciário - Área Administrativa – CESPE). No que se refere ao Estado,
governo e à administração pública, assinale a opção correta.
(A) O Estado liberal, surgido a partir do século XX, é marcado pela forte intervenção na sociedade e
na economia.
(B) No Brasil, vigora um sistema de governo em que as funções de chefe de Estado e de chefe de
governo não são concentradas na pessoa do chefe do Poder Executivo.
(C) A administração pública, em sentido estrito, abrange a função política e a administrativa.
(D) A administração pública, em sentido subjetivo, diz respeito à atividade administrativa exercida pelas
pessoas jurídicas, pelos órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa.
(E) A existência do Estado pode ser mensurada pela forma organizada com que são exercidas as
atividades executivas, legislativas e judiciais.

06. (SEGER/ES - Todos os Cargos – CESPE). Acerca de governo, Estado e administração pública,
assinale a opção correta.
(A) Atualmente, Estado e governo são considerados sinônimos, visto que, em ambos, prevalece a
finalidade do interesse público
(B) São poderes do Estado: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e o Ministério Público.
(C) Com base em critério subjetivo, a administração pública confunde-se com os sujeitos que integram
a estrutura administrativa do Estado.
(D) O princípio da impessoalidade traduz-se no poder da administração de controlar seus próprios
atos, podendo anulá-los, caso se verifique alguma irregularidade
(E) Na Constituição Federal de 1988 (CF), foi adotado um modelo de separação estanque entre os
poderes, de forma que não se podem atribuir funções materiais típicas de um poder a outro.

07. (UFAL - Auxiliar em Administração – COPEVE-UFAL). O termo Administração Pública, em


sentido estrito e objetivo, equivale
(A) às funções típicas dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
(B) à noção de governo.
(C) ao conceito de Estado.
(D) ao conceito de função administrativa.
(E) ao Poder Executivo.

08. (CESPE – INSS - Perito Médico Previdenciário – CESPE). Acerca do direito administrativo, julgue
os itens a seguir.
Povo, território e governo soberano são elementos do Estado.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.A/ 02.B/ 03.Certo/ 04.C/ 05.E/ 06.C/ 07.D/ 08.Certo.

Comentários

01. Resposta: A
Segundo Celso Antônio Bandeira De Mello, em sua obra: Curso de Direito Administrativo. São Paulo:
Malheiros Editores, 2010.
O Estado é uma pessoa jurídica territorial, composta dos elementos povo, território e governo
soberano. Esses três elementos são indissociáveis e indispensáveis para noção de um Estado
independente: o povo, em um dado território, organizado segundo sua livre e soberana vontade.

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02. Resposta: B
Segundo Hely Lopes Meireles:
Governo em sentido formal, é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais; em sentido material, é
o complexo das funções estatais básicas;em sentido operacional; é a condução política dos negócios
públicos.Administração Pública- em sentido formal; é o conjuntos de órgãos instituídos para consecução
dos objetivos do Governo;em sentido materia, é o conjunto das funções necessárias ao serviços públicos
em geral; em acepção funcional, é o desempenho perene e sistemático, legal técnico, dos serviços
públicos do Estado ou por ele assumidos em benefícios da coletividade

03. Resposta: Certo


A Administração Pública Direta refere-se às pessoas políticas, que exercem suas funções por
intermédio de seus órgãos. Em âmbito federal temos a Presidência da República, Ministérios, Casa Civil,
entre outros, em âmbito estadual as Governadorias, Secretarias Estaduais, Procuradorias Estaduais, nos
municípios as Prefeituras, órgãos de assessoramento ao Prefeito, Secretarias Municipais e outros
diversos.

04. Resposta: C
O Estado é pessoa jurídica territorial soberana.
A soberania é o poder supremo. No âmbito interno refere-se à capacidade de autodeterminação e, no
âmbito externo, é o privilégio de receber tratamento igualitário perante os outros países.
Um Estado soberano tem como característica, um governo que é o elemento condutor, um povo, que
representa o componente humano e um território que é o espaço físico que ocupa.

05. Resposta: E
O Estado, sob o ponto de vista constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana; é uma nação
politicamente organizada, dotada de personalidade jurídica própria, sendo pessoa jurídica de direito
público que contém seus elementos e três Poderes.
A organização do Estado é matéria constitucional no que concerne à divisão política do território
nacional, à estruturação dos Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes, aos
direitos e garantias dos governados.

06. Resposta: C
De acordo com a definição proposta pela Prof.ª Maria Sylvia Di Pietro: Pode-se definir Administração
Pública, em sentido subjetivo, como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o
exercício da função administrativa do Estado.

07. Resposta: D
A Administração Pública em sentido objetivo (material ou funcional) relaciona-se ao conjunto de
atividades relacionadas à função administrativa do Estado. São consideradas atividades típicas da
Administração Pública: o fomento (estímulo à iniciativa privada), a polícia administrativa (atividade de
restrições aos direitos individuais), o serviço público (atividades destinadas a satisfazer as necessidades
da coletividade) e a intervenção (regulação e fiscalização estatal sobre as atividades econômicas).

08. Resposta: Certo


São elementos do Estado:
O povo que é o conjunto de pessoas submetidas à ordem jurídica estatal, que compreende o nacional
residente e o que está fora dele.
Território é o elemento material, espacial ou físico do Estado. Compreende a superfície do solo que o
Estado ocupa, seu mar territorial e o espaço aéreo (navio, aeronaves, embaixadas e consulados “fictos”).
Governo é a organização necessária ao exercício do poder político.

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3 Direito Administrativo: conceito, fontes e princípios;

DIREITO ADMINISTRATIVO

A necessidade do homem travar relações sociais fez com que houvesse a necessidade do surgimento
do Direito, criadas através de um Estado organizado, que vise a justiça e a paz social.
O Direito divide-se em Direito Público e Privado. O primeiro tem por finalidade a regulação dos
interesses da sociedade como um todo, composto por normas que visam disciplinar as relações jurídicas.
Tutela-se o interesse público, que apenas atingirá as condutas individuais de forma indireta ou reflexa.
São partes integrantes do direito público o Direito Constitucional, o Direito Tributário, o Direito Penal,
o Direito Processual Civil e o Direito Administrativo, entre outros.
O direito privado irá regular o interesse dos particulares, protegendo as relações existentes entre os
particulares, possibilitando o convívio das pessoas em sociedade, com fruição harmoniosa e utilização de
seus bens. Ele se baseava na igualdade jurídica entre as pessoas tratadas nas relações regidas.
O ramo do Direito Administrativo é um dos ramos do Direito Público, já que rege a organização e o
exercício de atividades do Estado, visando os interesses da coletividade.
O direito administrativo teve origem na França. Foi construído entre a Administração e os
administrados, devido à jurisprudência de um órgão conhecido como Conselho de Estado. Este órgão é
alheio ao Poder Judiciário.
Sobrevindo a Revolução Francesa, como o período histórico era o da Monarquia Absoluta, não
existiam disposições legais que pudessem sancionar o comportamento do Estado com relação aos
administrados. Devido a isso, foi extremamente necessário a existência de um novo direito, pois as
normas do direito eram precárias.
Em suma, o conteúdo do Direito Administrativo possui variação no tempo e no espaço, de acordo com
o Estado adotado. O Estado de Polícia visa assegurar a ordem pública. Fala-se em bem-estar social, em
que o Estado não se limita com a manutenção da ordem pública, mas com o desenvolvimento de inúmeras
atividades na área da saúde, assistência, previdência social, saúde e cultura, de maneira a desenvolver
o bem-estar coletivo. Além disso, a substituição do Estado liberal, baseado na liberdade de iniciativa, pelo
Estado-Providência aumentou, em muito, a atuação estatal no domínio econômico, criando novo
aparelhamento de ação do poder público, tanto para disciplinar e fiscalizar a iniciativa privada, com
embasamento no poder de polícia do Estado, quer para exercer atividade econômica, diretamente, na
qualidade de empresário.

Conceito

Pode-se dizer que direito administrativo é o conjunto dos princípios jurídicos que tratam da
Administração Pública, suas entidades, órgãos, agentes públicos, enfim, tudo o que diz respeito à maneira
de se atingir as finalidades do Estado. Assim, tudo que se refere à Administração Pública e a relação
entre ela e os administrados e seus servidores, é regrado e estudado pelo Direito Administrativo.
Dessa forma, podemos afirmar que a Administração Pública se encontra num patamar superior ao
particular, diferentemente do Direito Privado, onde as partes estão em igualdade de condições.
Celso Antônio Bandeira de Mello4 enfatiza a ideia de função administrativa: “o direito administrativo é
o ramo do direito público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a
exercem”
Hely Lopes Meirelles5, por sua vez, destaca o elemento finalístico na conceituação: os órgãos, agentes
e atividades administrativas como instrumentos para realização dos fins desejados pelo Estado. Vejamos:
“o conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios
jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta
e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.

4
MELLO, Celso Antônio Bandeira de apud Mazza Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 4ª edição, editora Saraiva, 2014.
5
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27ª edição. São Paulo: Malheiros,2002.

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Objeto mediato e imediato do direito administrativo6

O Direito Administrativo é um ramo científico que estuda uma parcela das normas componentes do
ordenamento jurídico, a saber: as normas que disciplinam o exercício da função administrativa. Assim, o
objeto imediato do Direito Administrativo são os princípios e normas que regulam a função administrativa.
Por sua vez, as normas e os princípios administrativos têm por objeto a disciplina das atividades, agentes,
pessoas e órgãos da Administração Pública, constituindo o objeto mediato do Direito Administrativo.

Questões

01. (TRE/PE - Analista Judiciário - Área Administrativa – CESPE/2017). O direito administrativo é


(A) um ramo estanque do direito, formado e consolidado cientificamente.
(B) um ramo do direito proximamente relacionado ao direito constitucional e possui interfaces com os
direitos processual, penal, tributário, do trabalho, civil e empresarial.
(C) um sub-ramo do direito público, ao qual está subordinado.
(D) um conjunto esparso de normas que, por possuir características próprias, deve ser considerado de
maneira dissociada das demais regras e princípios.
(E) um sistema de regras e princípios restritos à regulação interna das relações jurídicas entre agentes
públicos e órgãos do Estado.

02. (PC/PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016). Assinale a opção correta a respeito de direito
administrativo.
(A) A administração exerce atividade política e discricionária.
(B) A administração pública é o objeto precípuo do direito administrativo.
(C) O âmbito espacial de validade da lei administrativa não está submetido ao princípio da
territorialidade.
(D) As instruções normativas podem ser expedidas apenas por ministros de Estado para a execução
de leis, decretos e regulamentos.
(E) O regimento administrativo obriga os particulares em geral.

03. (PC/PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016). Acerca de conceitos inerentes ao direito


administrativo e à administração pública, assinale a opção correta.
(A) O objeto do direito administrativo são as relações de natureza eminentemente privada.
(B) A divisão de poderes no Estado, segundo a clássica teoria de Montesquieu, é adotada pelo
ordenamento jurídico brasileiro, com divisão absoluta de funções.
(C) Segundo o delineamento constitucional, os poderes do Estado são independentes e harmônicos
entre si e suas funções são reciprocamente indelegáveis.
(D) A jurisprudência e os costumes não são fontes do direito administrativo.
(E) Pelo critério legalista, o direito administrativo compreende os direitos respectivos e as obrigações
mútuas da administração e dos administrados.

04. (STJ - Técnico Judiciário – Administrativa – CESPE). Julgue o item seguinte, acerca do direito
administrativo e da prática dos atos administrativos.
Conceitualmente, é correto considerar que o direito administrativo abarca um conjunto de normas
jurídicas de direito público que disciplina as atividades administrativas necessárias à realização dos
direitos fundamentais da coletividade.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.B/ 02.B/ 03.C/ 04. Certo

Comentários
01. Resposta: B
De acordo com José dos Santos Carvalho Filho
"O estudo moderno do Direito não mais comporta a análise isolada e estanque de um ramo jurídico.
Na verdade, o Direito é um só; são as relações jurídicas que podem ter diferente natureza. Assim, embora

6
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2014.

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de forma sucinta, é cabível indicar algumas linhas em que o Direito Administrativo se tangencia com
outras disciplinas jurídicas"

02. Resposta: B
MEDAUAR indica que a Administração Pública é o objeto precípuo do direito administrativo e se
encontra inserida no Poder Executivo. Dois são os ângulos em que a mesma pode ser considerada,
funcional ou organizacional

03. Resposta: C
Os poderes de Estado, na clássica tripartição de Montesquieu, são: o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário, independentes e harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF,
art. 2º).

04. Resposta: Certo


Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, o Direito Administrativo é o "conjunto harmônico de
princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar
concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.

Fontes

Segundo Alexandre Mazza7, “fonte é o local de onde algo provém. No Direito, as fontes são fatos
jurídicos de onde as normas emanam.”
Pode-se traduzir fonte como a origem de algo, nesse caso a origem das normas de Direito
Administrativo. Elas dividem-se em primárias e secundárias.
A fonte primária é a lei.
De acordo com o princípio da legalidade, somente a lei pode impor obrigações, ou seja, somente a lei
pode obrigar o sujeito a fazer ou deixar de fazer algo, mas o que é lei?
Maria Helena Diniz8 ensina que a lei, em sentido jurídico, é um texto oficial que engloba um conjunto
de normas, ditadas pelo Poder Legislativo e que integra a organização do Estado. A elaboração da lei é
disciplinada por comando constitucional e tem sua executoriedade compulsória garantida pelo Estado.
Assim, pode-se afirmar que a lei, em sentido jurídico ou formal, é um ato primário, pois encontra seu
fundamento na Constituição Federal, bem como possui por características a generalidade (a lei é válida
para todos) e a abstração (a lei não regula situação concreta).
Existem diversas espécies normativas: lei ordinária, lei complementar, lei delegada, medida provisória,
decretos legislativos, resoluções, etc. Todas são leis e, portanto, constituem fonte primária do Direito
Administrativo. Não se deve esquecer das normas constitucionais que estão no ápice do ordenamento
jurídico brasileiro.

Tratados Internacionais para ingressarem no ordenamento jurídico pátrio devem seguir um


procedimento.
7
Idem
8
DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro interpretado. São Paulo: Saraiva.

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A Constituição Federal, em seu art. 84 atribuiu competência privativa para o Presidente da República
celebrar Tratados. Após a celebração, é preciso que o Congresso Nacional, utilizando de sua
competência exclusiva, aprove-o (art. 49, CF). A aprovação se dá por meio de Decreto Legislativo.
Superada essa etapa, o tratado deve ser ratificado pelo Presidente da República e, após, promulgado
por meio de Decreto Presidencial.
Cumprido esse procedimento, o tratado está recepcionado pelo ordenamento pátrio e, em regra, terá
força de lei infraconstitucional. Contudo, em se tratando de tratados que versem sobre direitos humanos,
o procedimento é diferente e vem descrito no art. 5º, § 3º da Constituição:

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em


cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Vê-se que, quando o tratado tem por matéria direitos humanos é preciso que seja votado em dois
turnos na Câmara e no Senado Federal e que seja aprovado por quórum qualificado de três quintos.
Nesse caso o Tratado terão força de norma constitucional.
Em tendo força de lei infraconstitucional ou constitucional, os tratados passam a ser fontes do Direito
Administrativo.
O Direito Administrativo possui ainda as fontes secundárias que são: a doutrina, a jurisprudência e os
costumes.
Doutrina é o fruto do trabalho dos estudiosos do Direito, ou seja, é a interpretação que os
doutrinadores dão à lei. Vê-se que a doutrina não cria normas, interpreta-as de forma que determinam o
sentido e alcance dessa e norteiam o caminho do seu aplicador.
Jurisprudência é o resultado do trabalho dos aplicadores da lei, especificamente, são decisões
reiteradas dos Tribunais. Também não cria normas, ao contrário, assemelhar-se à doutrina porque se
trata de uma interpretação da legislação.
Costumes, de modo geral, são conceituados como os comportamentos reiterados que tem aceitação
social. Ex: fila. Não há nenhuma regra jurídica que obrigue alguém a respeitar a fila, porém as pessoas
respeitam porque esse é um costume, ou seja, um comportamento que está intrínseco no seio social.
Especificamente em Direito Administrativo, os costumes são as práticas administrativas reiteradas.
Alexandre Mazza9 define: “os costumes são práticas reiteradas da autoridade administrativa capazes de
estabelecer padrões obrigatórios de comportamento. Ao serem repetidos constantemente, criam o hábito
de os administrados esperarem aquele modo de agir, causando incerteza e instabilidade social sua
repentina alteração. É nesse sentido que os costumes constituem fontes secundárias do Direito
Administrativo. Importante relembrar que os costumes não têm força jurídica igual à da lei, razão pela
qual só podem ser considerados vigentes e exigíveis quando não contrariarem nenhuma regra ou
princípio estabelecido na legislação. Costumes contra legem não se revestem de obrigatoriedade.”.
Regulamentos São atos normativos posteriores aos decretos, que visam especificar as disposições
de lei, assim como seus mandamentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-executáveis independem de
regulamentos para produzir efeitos.
Instruções normativas Possuem previsão expressa na Constituição Federal, em seu artigo 87, inciso
II. São atos administrativos privativos dos Ministros de Estado. É a forma em que os superiores expedem
normas de caráter geral, interno, prescrevendo o meio de atuação de seus subordinados com relação a
determinado serviço, assemelhando-se às circulares e às ordens de serviço.
Na maioria das vezes apresenta-se como Instruções Normativas.
Regimentos São atos administrativos internos que emanam do poder hierárquico do Executivo ou da
capacidade de auto-organização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta maneira, se
destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu.
Estatutos É o conjunto de normas jurídicas, através de acordo entre os sócios e os fundadores,
regulamentando o funcionamento de uma pessoa jurídica. Inclui os órgãos de classe, em especial os
colegiados.
Lei formal Relaciona-se diretamente com a forma e não precisamente com o conteúdo, devendo
seguir o que é proposto pelas Casas Legislativas. São exemplos: as Leis Complementares, Leis
Ordinárias ou Leis Delegadas.
Vale frisar que a lei apresenta o mais alto nível de produção, ficando abaixo, apenas da Constituição
Federal.

9
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2014.

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Princípios do direito administrativo

Os princípios constituem fundamento do Direito Administrativo. São diversas as suas classificações,


por isso adotar-se-á no presente a classificação de Diogo de Figueiredo Neto10.
Para esse autor existem os princípios fundamentais que são os previstos de forma explícita ou
implícita no Título I da Constituição, dos quais destaca-se os mais relevantes para o Direito Administrativo
que são o princípio republicano, o princípio democrático, o princípio da dignidade da pessoa humana, o
princípio da cidadania e o princípio da segurança jurídica.
Alguns princípios são classificados como gerais posto que aplicados para todos os ramos do direito,
como o princípio da legalidade, da igualdade, da publicidade, da sindicalidade, da legitimidade, entre
outros.
Especificamente em Direito Administrativo, os princípios são divididos em princípios gerais de Direito
Administrativo e princípios setoriais de Direito Administrativo.
Os primeiros trazem as normas e os valores que regem a Administração Pública de maneira geral
como os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, entre outros.
Por sua vez, os princípios informativos do Direito Administrativo, dizem respeito a um conjunto de
proposições monovalentes setoriais, que serve como base do Direito Administrativo, comunicando o
campo de jurisprudência, garantindo autonomia e elaboração de institutos específicos.
Princípio da Supremacia Do Interesse Público Este princípio consiste na sobreposição do interesse
público em face do interesse particular. Havendo conflito entre o interesse público e o interesse particular,
aquele prevalecerá.
Podemos conceituar INTERESSE PÚBLICO como o somatório dos interesses individuais desde que
represente o interesse majoritário, ou seja, a vontade da maioria da sociedade.
O interesse público PRIMÁRIO é o interesse direto do povo, é o interesse da coletividade como um
todo. Já o interesse público SECUNDÁRIO é o interesse direto do Estado como pessoa jurídica, titular de
direitos e obrigações, em suma, é vontade do Estado. Assim, a vontade do povo (interesse público
PRIMÁRIO) e a vontade do Estado (interesse público SECUNDÁRIO) não se confundem.
O interesse público SECUNDÁRIO só será legítimo se não contrariar nenhum interesse público
PRIMÁRIO. E, ao menos indiretamente, possibilite a concretização da realização de interesse público
PRIMÁRIO. Daremos um exemplo para que você compreenda perfeitamente esta distinção.
Este princípio é um dos dois pilares do denominado regime jurídico-administrativo, fundamentando a
existência das prerrogativas e dos poderes especiais conferidos à Administração Pública para que esta
esteja apta a atingir os fins que lhe são impostos pela Constituição e pelas leis.
O ordenamento jurídico determina que o Estado-Administração atinja uma gama de objetivos e fins e
lhe confere meios, instrumentos para alcançar tais metas. Aqui se encaixa o princípio da Supremacia do
Interesse Público, fornecendo à Administração as prerrogativas e os poderes especiais para obtenção
dos fins estabelecidos na lei.
O princípio comentado não está expresso em nosso ordenamento jurídico. Nenhum artigo de lei fala,
dele, porém tal princípio encontra-se em diversos institutos do Direito Administrativo. Vejamos alguns
exemplos práticos:
- a nossa Constituição garante o direito à propriedade (art. 5º, XXII), mas com base no princípio da
Supremacia do Interesse Público, a Administração pode, por exemplo, desapropriar uma propriedade,
requisitá-la ou promover o seu tombamento, suprimindo ou restringindo o direito à propriedade.
- a Administração e o particular podem celebrar contratos administrativos, mas esses contratos
preveem uma série de cláusulas exorbitantes que possibilitam a Administração, por exemplo, modificar
ou rescindir unilateralmente tal contrato.
- o poder de polícia administrativa que confere à Administração Pública a possibilidade, por exemplo,
de determinar a proibição de venda de bebida alcoólica a partir de determinada hora da noite com o
objetivo de diminuir a violência.
Diante de inúmeros abusos, ilegalidades e arbitrariedades cometidas em nome do aludido princípio, já
existem vozes na doutrina proclamando a necessidade de se pôr fim a este, através da Teoria da
Desconstrução do Princípio da Supremacia. Na verdade, esvaziar tal princípio não resolverá o
problema da falta de probidade de nossos homens públicos. Como afirma a maioria da doutrina, o
princípio da Supremacia do Interesse Público é essencial, sendo um dos pilares da Administração,
devendo ser aplicado de forma correta e efetiva. Se há desvio na sua aplicação, o Poder Judiciário deve
ser provocado para corrigi-lo.

10
FIGUEIREDO NETO, Diogo de. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2006.

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Princípio Democrático O caput do artigo 1º da Constituição Federal de 1988, adotou em seu
parágrafo único, o denominado princípio democrático, ao afirmar que “todo poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
O Estado Democrático de Direito, que significa a exigência de reger-se pelo Direito e por normas
democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo bem como o respeito das autoridades públicas
aos direitos e garantias fundamentais, proclamado
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana A dignidade da pessoa humana é o princípio permeante
do ordenamento jurídico, sendo, assim, indissociável dos direitos fundamentais. É o que se pode
denominar aspecto pragmático-constitucional – relação entre os direitos fundamentais e a dignidade da
pessoa humana na ordem constitucional.
A tríade Dignidade, Direitos Fundamentais e Constituição é a diretriz da conduta estatal e particular,
porquanto se trata do conjunto fundante da ordem jurídica como um todo. Conclui-se que os direitos
fundamentais são a concretização da dignidade humana dentro da ordem constitucional; concretização
esta que é evidenciada sob o aspecto de informadora de todo o ordenamento jurídico.
O direitos fundamentais foram alçados à condição de princípios constitucionais devido ao
reconhecimento da importância dos valores que encerram. A compreensão dessa posição principiológica
é relevante para o estabelecimento oportuno da conexão entre os direitos fundamentais e a missão a eles
delegada de transmutar-se em sustento da condição digna.
A relação entre direitos fundamentais e dignidade da pessoa humana é das mais íntimas. É certo que
a vida digna se consagra com tais garantias provedoras. A vivência digna vai além da simples relação
com os direitos humanos relativos às liberdades individuais ou aos direitos sociais. É óbvio que a ausência
de direitos dessa natureza importa em constatação mais perceptível de violação e usurpação da condição
intrínseca de ser humano. Contudo, não se pode olvidar que todos e não apenas alguns dos direitos
fundamentais configuram-se em instrumentos assecuratórios da dignidade do ser humano.
Princípio da Cidadania Segundo Dalmo Dallari:
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente
da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social
e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”.
Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à universalidade dos direitos do ser humano na sua
dignidade –, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas concepções mais antigas, possui um
caráter próprio e possui duas categorias: formal e substantiva.
Princípio da Igualdade Também conhecido como Princípio da Isonomia, considera que a
Administração Pública deve se preocupar em tratar igualmente as partes no processo administrativo, sem
que haja discriminações não permitidas.
O objetivo é tratar o administrado com urbanidade, com equidade, com congruência.
No processo administrativo, busca-se uma decisão legal e justa, pois se deve tratar igualmente os
iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades.
Princípio da Executoriedade Trata-se de atributo do ato administrativo que permite ao Poder Público
sua imediata aplicação, sem ter que recorrer ao Poder Judiciário.
Princípio da Consensualidade Muito usado nos casos de mediação, em que não se pode impor uma
decisão às partes, porém o resultado do que for debatido entre elas deve ser levado em consideração.
Para que a mediação tenha bons resultados, é necessário que exista um consenso entre as partes.
Princípio Republicano É a forma de relacionamento das autoridades públicas com os seus cidadãos
e traz como características a eletividade, temporariedade e necessidade de prestação de contas pela
administração pública.
Princípio da Sindicabilidade Diz respeito ao controle dos atos administrativos, seja pela própria
Administração, seja pelo Poder Judiciário. Desde a segunda metade do século XX, como consequência
dos conflitos mundiais, dos atentados aos direitos fundamentais, vem se defendendo a ampliação do
controle (sindicabilidade) da Administração Pública pelo poder Judiciário. Seria esta a forma de se
conterem abusos que geralmente isentam-se de controle sob a alegação da “intangibilidade jurisdicional”
dos atos discricionários".
Princípio da Legitimidade Está voltado aos atos administrativos, mais conhecido como presunção de
legitimidade.
É a presunção de que os atos administrativos devem ser considerados válidos, até que se demonstre
o contrário, a bem da continuidade da prestação dos serviços públicos. Isso não significa que os atos
administrativos não possam ser contrariados, no entanto, o ônus da prova é de quem alega.
Princípio da Especialidade Este princípio está presente em algumas atividades das pessoas jurídicas
não territoriais, limitando, assim, a capacidade e a atividade, sendo-lhes interdito praticar atos que não
tenham relação com o objeto particular que é inerente.

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Com isso, fica proibido às pessoas, aceitarem doações e legados, que impunham a elas, aceitarem
atividades diversas à sua especialidade. Ex: uma escola, que aceitaria doação para que ali funcionasse
um hospital.
A partir do momento em que se confere personalidade jurídica a um agrupamento, já se concede o fim
para o qual se tornou personalidade jurídica, não devendo atuar em sentido diverso do que fora
incumbido.
Princípio da hierarquia. Compreende-se como hierarquia, a relação de coordenação e subordinação
dos órgãos do poder executivo.
Na organização por instâncias, cada uma vai funcionar em esfera diferente da outra, não havendo
comunicação entre essas. Há atos que só podem ser feitos pelo juiz de primeira instância, não sendo de
competência do Tribunal.
Basta pensar no caso do legislador, que quando entende que é caso de reexame, manda que haja
recurso por parte do juiz.
No legislativo, também não existe hierarquia, ainda que se tenha um sistema bicameral. O que pode
haver no judiciário e no legislativo é a hierarquia, naquilo que tais poderes têm de administrativo.
Pelo princípio da hierarquia, no que diz respeito especificamente ao direito administrativo, temos
consequências, como a unidade de direção, revisão dos atos dos subordinados. Tais institutos são
informados pelo princípio da hierarquia, pois há um respeito nas suas áreas de atribuição e competências.
Princípio da continuidade. O serviço público diz respeito as atividades do Estado, de modo que não
pode haver interrupção desses serviços, por isso que é vedada a greve do funcionário público, já que
pode ocasionar a quebra da continuidade dos serviços, que causarão inúmeros transtornos para o Estado,
além da coletividade.

Questões

01. (Câmara de Belo Horizonte/MG – Redator – CONSULPLAN/2018) Ao tratar dos princípios que
regem a administração pública, a doutrina se refere a dois princípios, chamando-os de pedras de toque
ou supraprincípios, pois, a partir destes dois, se extraem inúmeros outros. São eles:
(A) Da legalidade e da finalidade.
(B) Da publicidade e da eficiência.
(C) Da legalidade e da moralidade.
(D) Da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público.

02. (AL/RS – Procurador – FUNDATEC/2018) A evolução do Direito Administrativo no Estado


Democrático de Direito permite afirmar ter ocorrido certa relativização do princípio da supremacia do
interesse público. Sendo assim, é correto afirmar que um dos elementos inovadores que representa essa
relativização é:
(A) O princípio constitucional da legalidade.
(B) A rescisão unilateral de contratos administrativos.
(C) A intervenção na propriedade privada quando atendidos requisitos prévios previstos em lei.
(D) As cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos.
(E) O princípio da dignidade da pessoa humana.

Gabarito

01. D / 02. E

Comentários

01. Resposta: D
Este princípio é um dos dois pilares do denominado regime jurídico-administrativo, fundamentando a
existência das prerrogativas e dos poderes especiais conferidos à Administração Pública para que esta
esteja apta a atingir os fins que lhe são impostos pela Constituição e pelas leis. É pelo princípio da
supremacia do interesse público que o interesse da sociedade deve prevalecer.

02. Resposta: E
A Relativização veio com a Constituição Federal, acompanhada com os princípios sociais e da
moralidade, a fim de valorizar a dignidade da pessoa humana.

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Interpretação das normas de direito administrativo

A interpretação do Direito Administrativo serve-se de alguns princípios próprios e apresenta


especificidades e complexidades que lhe são peculiares. Todavia isso não exclui a técnica da
interpretação geral do direito, conforme passamos à expor:
Gramatical: De acordo com a técnica gramatical (literal, semântica ou filológica) o hermeneuta
procurará o sentido literal do texto normativo, buscando as regras da gramática e da linguística, examinará
o aplicador ou intérprete cada termo do texto normativo, isolada ou sistematicamente, atendendo à
pontuação, colocação dos vocábulos, origem etimológica etc., para, ao final, formular os significados que
possa ter o preceito analisado.
Lógico: No que pertine ao processo lógico, o que se pretende é desvendar o sentido e o alcance da
norma, estudando-a por meio de raciocínios lógicos, analisando os períodos da lei e combinando-os entre
si, com o escopo de atingir perfeita compatibilidade.
Histórica: A técnica interpretativa histórica funda-se na análise dos antecedentes da norma,
pesquisando todo o seu itinerário legislativo, às circunstâncias fáticas que a precederam e lhe deram
origem, as causas ou necessidades que induziram o órgão a elaborá-la. Essa investigação é bastante útil
a fim de captar o exato significado das normas e os resultados que tencionam alcançar.
Sistemático: O intérprete, partindo do pressuposto que o sistema jurídico não se compõe de um único
sistema normativo, mas de vários, que constituem um conjunto harmônico e interdependente, considerará
o sistema em que se insere a norma, relacionando-a com outras normas concernentes ao mesmo objeto.
Deve-se, por conseguinte, cotejar o texto normativo, em análise, com outros do mesmo diploma legal ou
de leis diversas, mas referentes ao mesmo objeto, pois por umas normas pode-se desvendar o sentido
de outras. Examinando o conjunto das normas é possível desvendar o sentido de cada uma delas.
Teleológico: Por fim, o processo teleológico objetiva adaptar a finalidade da norma às novas
exigências sociais. A técnica teleológica conduz à compreensão de que o fim prático da norma coincide
com o fim apontado pelas exigências sociais (fim social, tendo em vista o bem comum).

Questões

01. (CESPE - TRT - 10ª REGIÃO (DF e TO) - Analista Judiciário - Área Judiciária – CESPE). Julgue
os itens a seguir, acerca dos princípios e das fontes do direito administrativo.
Em decorrência do princípio da legalidade, a lei é a mais importante de todas as fontes do direito
administrativo.
(...) Certo ( ) Errado

02. (Prefeitura de Piraúba/MG - Assistente Social - MS CONCURSOS/2017). Com relação às fontes


do Direito Administrativo, assinale a alternativa correta.
(A) Costumes são decisões judiciais reiteradas no mesmo sentido e têm efeito secundário.
(B) A lei é fonte primária e principal do Direito Administrativo.
(C) A doutrina é conduta reiterada praticada pelos agentes públicos com consciência de
obrigatoriedade.
(D) A jurisprudência é a opinião expressa por juristas, cientistas e teóricos do direito.

03. (PC/PE - Agente de Polícia – CESPE/2016). Considerando as fontes do direito administrativo


como sendo aquelas regras ou aqueles comportamentos que provocam o surgimento de uma norma
posta, assinale a opção correta.
(A) A lei é uma fonte primária e deve ser considerada em seu sentido amplo para abranger inclusive
os regulamentos administrativos.
(B) O acordo é uma importante fonte do direito administrativo por ser forma de regulamentar a
convivência mediante a harmonização de pensamentos.
(C) Os costumes, pela falta de norma escrita, não podem ser considerados como fonte do direito
administrativo.
(D) A jurisprudência é compreendida como sendo aquela emanada por estudiosos ao publicarem suas
pesquisas acerca de determinada questão jurídica.
(E) Uma doutrina se consolida com reiteradas decisões judiciais sobre o mesmo tema.

04. (Prefeitura de Sobral/CE - Técnico Legislativo – Área Legislativa – CIDADES). O Direito


Administrativo tem como fontes norteadoras quatro principais objetos. Nesse sentido, assinale a
alternativa que não representa um desses objetos:

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(A) A lei.
(B) A jurisprudência.
(C) A doutrina.
(D) Os poderes constituídos

05. (TJ/CE - Analista Judiciário - Área Administrativa – CESPE). Com relação ao conceito, ao objeto
e às fontes do direito administrativo, assinale a opção correta.
(A) Consoante o critério negativo, o direito administrativo compreende as atividades desenvolvidas
para a consecução dos fins estatais, incluindo as atividades jurisdicionais, porém excluindo as atividades
legislativas.
(B) Pelo critério teleológico, o direito administrativo é o conjunto de princípios que regem a
administração pública.
(C) Para a escola exegética, o direito administrativo tinha por objeto a compilação das leis existentes
e a sua interpretação com base principalmente na jurisprudência dos tribunais administrativos.
(D) São considerados fontes primárias do direito administrativo os atos legislativos, os atos infra legais
e os costumes.
(E) De acordo com o critério do Poder Executivo, o direito administrativo é conceituado como o conjunto
de normas que regem as relações entre a administração e os administrados.

06. (Prefeitura de São Paulo – SP - Auditor Fiscal Municipal - Tecnologia da Informação –


CETRO). Entre as fontes principais do Direito Administrativo estão a lei, a doutrina, a jurisprudência e os
costumes. Acerca dessas fontes, assinale a alternativa correta.
(A) A doutrina, em sentido amplo, é a fonte primária do Direito Administrativo. Ela influi na elaboração
da lei e nas decisões contenciosas e não contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito
Administrativo.
(B) A jurisprudência caracteriza-se pelo nacionalismo, isto é, enquanto a doutrina tende a universalizar-
se, a jurisprudência tende a nacionalizar-se, pela contínua adaptação da lei e dos princípios teóricos ao
caso concreto.
(C) Os costumes distinguem as regras que convêm ao Direito Público e ao Direito Privado. Assim como
a doutrina, influi na elaboração da lei.
(D) A lei possui um caráter mais prático, mais objetivo, que a doutrina e os costumes, mas nem por
isso se aparta de princípios teóricos.
(E) A doutrina, no Direito Administrativo Brasileiro, exerce ainda influência em razão da deficiência da
legislação.

Gabarito

01.Certo/ 02.B/ 03.A/ 04.D/ 05.C/ 06.B.

Comentários

01. Resposta: Certo


Como fonte do Direito Administrativo, a lei é a mais importante. Porém, entre os princípios, não há
hierarquia. Quer dizer, o Princípio da Legalidade não é superior, nem mais importante que os demais
princípios.

02. Resposta: B
No Brasil, o que predomina é a lei como fonte primária, outros países adotam a jurisprudência.
Como se sabe o Princípio da Legalidade é um dos pilares que fundamentam a Administração Pública.

03. Resposta: A
A lei é fonte primária do Direito administrativo. Em decorrência do princípio da legalidade, a lei é a mais
importante de todas as fontes. Abrange, em seu sentido amplo, as medidas provisórias; os regulamentos,
os tratados internacionais, etc.

04. Resposta: D
Para Hely Lopes Meirelles e Marcelo Alexandrino são 4 as principais Fontes do Direito Administrativo:
a Lei, a Doutrina, a Jurisprudência e o Costume.

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05. Resposta: C
A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que, em suas origens, na França, o Direito
Administrativo tinha por objeto apenas a interpretação das leis administrativas. Os doutrinadores
limitavam-se a compilar as leis existentes e a interpretá-las com base principalmente na jurisprudência
dos Tribunais Administrativos, formando a chamada Escola Exegética, Legalista, Empírica ou Caótica,
"para a qual o Direito Administrativo era compreendido como sinônimo de Direito Positivo".

06. Resposta: B
A jurisprudência caracteriza-se pelo nacionalismo, isto é, enquanto a doutrina tende a universalizar-
se, a jurisprudência tende a nacionalizar-se, pela contínua adaptação da lei e dos princípios teóricos ao
caso concreto. Realmente, pois, pela lógica, a jurisprudência é produzida a partir da utilização de leis
nacionais, e, ao contrário, a doutrina pode espelhar-se em interpretações de várias legislações, seguir
outros pensadores, não vejo limitação para a doutrina.

4 Organização administrativa da União; 5 administração direta e indireta;

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA

A Organização Administrativa compõe a parte do Direito Administrativo que estuda os órgãos e


pessoas jurídicas que a compõem, além da estrutura interna da Administração Pública.
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n. 200/67 que “dispõe sobre a organização
da Administração Pública Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
Para que as suas competências constitucionais sejam cumpridas, a Administração utiliza-se de duas
formas distintas: a descentralização e a desconcentração.
A análise desses dois institutos é basilar para analisar a organização interna da Administração Pública.
Administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que procuram satisfazer
as necessidades da sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, etc. Em outras palavras,
administração pública é a gestão dos interesses públicos por meio da prestação de serviços públicos,
sendo dividida em administração direta e indireta.

Administração pública direta

A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públicos vinculados diretamente ao chefe da


esfera governamental que integram. Não possuem personalidade jurídica própria, patrimônio e autonomia
administrativa e cujas despesas são realizadas diretamente através do orçamento da referida esfera.
Assim, ela é responsável pela gestão dos serviços públicos executados pelas pessoas políticas via de
um conjunto de órgãos que estão integrados na sua estrutura.
Sua competência abarca os diversos órgãos que compõem a entidade pública por eles responsáveis.
Exemplos: Ministérios, Secretarias, Departamentos e outros que, como característica inerente da
Administração Pública Direta, não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direitos e
assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa política (União, Estado, Distrito Federal e
Municípios).

A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou seja, não pode ingressar como autor
ou réu em relação processual. Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda que
pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de alguma vantagem pecuniária. Ele não irá
propor a demanda em face da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa política dotada
de personalidade jurídica para estar no outro polo da lide.

Administração pública indireta

São integrantes da Administração indireta as fundações, as autarquias, as empresas públicas e as


sociedades de economia mista.

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Essas quatro pessoas são criadas para a prestação de serviços públicos ou para a exploração de
atividades econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade e eficiência da prestação do
serviço público.
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a título de exceção em duas situações
previstas na CF/88, no seu art. 173:
- para fazer frente à uma situação de relevante interesse coletivo;
- para fazer frente à uma situação de segurança nacional.
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando explora atividade econômica. Quando
estiver atuando na atividade econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade com os
particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88, inclusive quanto à livre concorrência.

Questões

01. (Prefeitura de São Paulo/SP - Assistente de Gestão de Políticas Públicas I – CESPE/2016).


No que se refere à administração pública direta e indireta, assinale a opção correta.
(A) As pessoas administrativas que formam a administração pública indireta são aquelas dotadas de
personalidade jurídica de direito público (como as autarquias e as fundações públicas).
(B) Na esfera municipal, a administração direta é formada pelos órgãos que compõem a prefeitura e a
câmara municipal, além das fundações e das empresas públicas de âmbito local.
(C) A administração indireta compreende as pessoas administrativas que, vinculadas à respectiva
administração direta, desempenham atividades administrativas de forma descentralizada.
(D) Tanto a administração direta quanto a indireta são compostas por órgãos e por pessoas jurídicas
administrativas, com a diferença de que todas as que integram a administração indireta estão submetidas
a regime de direito privado.
(E) O aspecto mais relevante que caracteriza a administração indireta é o fato de ela ser, ao mesmo
tempo, titular e executora de serviço público.

02. (CASAN - Advogado - INSTITUTO AOCP/2016). Quanto à Administração Pública Indireta,


assinale a alternativa correta.
(A) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia, empresa pública, sociedade de economia
mista e fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
(B) A criação de subsidiárias pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como
sua participação em empresas privadas, depende de autorização legislativa, exceto se já houver previsão
para esse fim na própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei
criadora é a própria medida autorizadora.
(C) A fundação pública não pode ser extinta por ato do Poder Público.
(D) O chefe do Poder Executivo poderá, por decreto, extinguir empresa pública ou sociedade de
economia mista.
(E) A sociedade de economia mista poderá ser estruturada sob qualquer das formas admitidas em
direito.

03. (TJ/RS - Contador – FAURGS/2016). A Administração Direta compreende


(A) as autarquias.
(B) as empresas públicas.
(C) as sociedades de economia mista.
(D) as fundações públicas.
(E) a presidência da república e os ministérios.

04. (Prefeitura de Cláudio/MG - Guarda Municipal – FUNDEP/2016). Assinale a alternativa em que,


segundo o direito positivo brasileiro, todas as pessoas indicadas são componentes da Administração
Pública Indireta.
(A) Autarquia, fundação e organização social.
(B) Fundação, agência executiva e sociedade de propósitos específicos.
(C) Organização da sociedade civil de interesse público, conselho popular e consórcio público.
(D) Autarquia, sociedade de economia mista e empresa pública.

Gabarito

01.C/ 02.B/ 03.E/ 04.D

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Comentários

01. Resposta: C
Segundo José dos Santos Carvalho Filho, a Administração Pública Indireta é o conjunto de pessoas
administrativas que, vinculadas à respectiva Administração direta, têm o objetivo de desempenhar as
atividades administrativas de forma descentralizada. (José dos Santos Carvalho Filho).

02. Resposta: B
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
( )
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
Na ADIN 1.649-1 o STF firmou o seguinte entendimento: "é dispensável a autorização legislativa para
a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a
empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a própria medida autorizadora".

03. Resposta: E
DL 200/67
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.

04. Resposta: D
DL 200/67
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de
personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.

Centralização e descentralização

A execução do serviço público poderá ser por:


Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo feita pela Administração direta do Estado
(ex.: Secretarias, Ministérios etc.). Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular do serviço público,
como o prestador do mesmo, o próprio estado é quem centraliza a atividade.
Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que não se confundem com a
Administração direta do Estado. Esses terceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública.
Se estiverem dentro da Administração Pública, poderão ser autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da Administração,
serão particulares e poderão ser concessionários, permissionários ou autorizados.
Assim, descentralizar é repassar a execução e a titularidade, ou só a execução de uma pessoa para
outra, não havendo hierarquia. Por exemplo, quando a União transferiu a titularidade dos serviços
relativos à seguridade social à autarquia INSS.
Na esfera federal, a Administração Direta ou Centralizada é composta por órgãos subordinados à
Presidência da República e aos Ministérios, como o Departamento da Polícia Federal, Secretaria do
Tesouro Nacional ou a Corregedoria-Geral da União.

Concentração e desconcentração

Desconcentração (Criar órgãos): Mera técnica administrativa de distribuição interna de


competências mediante criação de órgãos públicos. Pressupõe a existência de apenas uma pessoa, pois
os órgãos não possuem personalidade jurídica própria.

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Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa política ou uma entidade da administração
indireta distribui competências no âmbito de sua própria estrutura afim de tornar mais ágil e eficiente a
prestação dos serviços. Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa jurídica.
Porque a desconcentração ocorre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, surge relação de
hierarquia, de subordinação, entre os órgãos dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas
temos controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando, fiscalização, revisão, punição,
solução de conflitos de competência, delegação e avocação.
Concentração (extinguir órgãos): Trata-se da técnica administrativa que promove a extinção de
órgãos públicos. Pessoa jurídica integrante da administração pública extingue órgãos antes existentes
em sua estrutura, reunindo em um número menor de unidade as respectivas competências. Imagine-se,
como exemplo, que a secretaria da fazenda de um município tivesse em sua estrutura superintendências,
delegacias, agências e postos de atendimento, cada um desses órgãos incumbidos de desempenhar
específicas competências da referida secretaria. Caso a administração pública municipal decidisse, em
face de restrições orçamentárias, extinguir os postos de atendimento, atribuindo às agências as
competências que aqueles exerciam, teria ocorrido concentração administrativa.
Diferença entre Descentralização e Desconcentração: As duas figuras dizem respeito à forma de
prestação do serviço público. Descentralização, entretanto, significa transferir a execução de um serviço
público para terceiros que não se confundem com a Administração Direta, e a desconcentração significa
transferir a execução de um serviço público de um órgão para o outro dentro da Administração Direta,
permanecendo está no centro.

Questões

01. (ANAC - Especialista em Regulação de Aviação Civil – ESAF/2016). Complete as lacunas em


branco com os termos descentralização ou desconcentração.
Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta.

1. Em nenhuma forma de _____________ há hierarquia.


2. Ocorre a chamada ______________ quando o Estado desempenha algumas de suas atribuições
por meio de outras pessoas e não pela sua administração direta.
3. Trata-se, a ____________________, de mera técnica administrativa de distribuição interna de
competências.
4. Porque a ______________ ocorre no âmbito de uma pessoa jurídica, surge relação de hierarquia,
de subordinação, entre os órgãos dela resultantes.
(A) descentralização/desconcentração/desconcentração/ descentralização
(B) descentralização/descentralização/desconcentração/ desconcentração
(C) desconcentração/desconcentração/descentralização/ descentralização
(D) desconcentração/descentralização/desconcentração/ descentralização
(E) desconcentração/descentralização/descentralização/ desconcentração

02. (DER/CE - Procurador Autárquico – UECE-CE/2016). A criação de uma autarquia na estrutura


da Administração Pública consiste no instituto jurídico da
(A) descentralização.
(B) desconcentração.
(C) concentração.
(D) centralização.

03. (Prefeitura de Resende/RJ - Assistente Administrativo – IBEG/2016). "Ocorre quando a


entidade da Administração, encarregada de executar um ou mais serviços, distribui competências, no
âmbito de sua própria estrutura, no intuito de tornar mais eficiente e ágil a prestação dos serviços”. O
presente conceito refere-se à:
(A) Descentralização administrativa.
(B) Centralização administrativa.
(C) Concentração administrativa.
(D) Desconcentração administrativa.
(E) Nenhuma das alternativas.

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Gabarito

01.B/ 02.A/ 03.D.

Comentários

01. Resposta: B
A descentralização administrativa ocorre quando o estado desempenha algumas de suas atribuições
por meio de outras pessoas e não pela sua administração direta. Ex: as autarquias.
A desconcentração trata-se de mera técnica administrativa de distribuição interna de funções, ocorre,
tanto na prestação de serviços pela Administração Direta, quanto pela Indireta.

02. Resposta: A
Na descentralização administrativa, o Estado transfere a execução dessas atividades a particulares ou
a outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado. Dito de outro modo, a descentralização
administrativa consiste na distribuição ou transferência de atividades ou serviços da Administração Direta
para a Administração Indireta ou para particulares, o que pressupõe a existência de pelo menos duas
pessoas, a pessoa política que transfere as atribuições e a pessoa física ou jurídica (de direito público ou
de direito privado) que recebe as atribuições.

03. Resposta: D
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa política ou uma entidade da administração
indireta distribui competências no âmbito de sua própria estrutura afim de tornar mais ágil e eficiente a
prestação dos serviços. Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa jurídica.

Feitas essas considerações iniciais, passamos à análise das pessoas jurídicas que compõem a
Administração Pública Indireta:

Autarquias

As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas para a prestação de serviços públicos,
contando com capital exclusivamente público, ou seja, as autarquias são regidas integralmente por regras
de direito público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços e contando com capital oriundo
da Administração Direta (ex.: INCRA, INSS, DNER, Banco Central etc.).
Características: Temos como principais características das autarquias:
- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº
200/67 e constando agora do artigo 37, XIX, da Constituição;
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obrigações próprios, distintos daqueles
pertencentes ao ente que a instituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito público,
quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios, sujeições;
- Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o próprio direito, mas apenas a
capacidade de se auto administrar a respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela
pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio próprio é necessária, sem a qual a
capacidade de autoadministração não existiria.
Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio próprios.
- Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre as formas de descentralização
administrativa por serviços ou funcional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da
especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para as quais foram instituídas; e
- Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a autarquia não se desvie de seus fins
institucionais.
- Liberdade Financeira: As autarquias possuem verbas próprias (surgem como resultado dos serviços
que presta) e verbas orçamentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade para
manejar as verbas que recebem como acharem conveniente, dentro dos limites da lei que as criou.
- Liberdade Administrativa: As autarquias têm liberdade para desenvolver os seus serviços como
acharem mais conveniente (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei que as
criou.
Classificação: Para Carvalho Filho, pode-se apontar três fatores que de fato demarcam diferenças
entre as autarquias. São eles:

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- o nível federativo: as autarquias podem ser federais, estaduais, distritais e municipais, conforme
instituídas pela União, Estados, Distrito Federal e pelos Municípios;
- quanto ao objeto: dentro das atividades típicas do Estado, as que estão pré-ordenadas; e
- as autarquias podem ter diferentes objetivos: as autarquias assistenciais são aquelas que visam
a dispensar auxílio a regiões menos desenvolvidas, ou à categorias sociais específicas, para o fim de
minorar as desigualdades regionais e sociais, conforme artigo 3º, inciso III, da Constituição (ex.:
SUDENE).
Segundo di Pietro, a classificação pode ser de acordo com vários critérios:
- tipo de atividade: Econômicas, de crédito e industriais, de previdência e assistência, profissionais
ou corporativas;
- capacidade administrativa: geográfica ou territorial e a de serviço ou institucional;
- estrutura: fundações e corporativas; e
- âmbito de atuação: federais, estaduais e municipais.
Quanto ao tipo de atividade elas ainda podem ser distribuídas em 5 grupos de classificação:
- Econômicas: São destinadas para incentivar a produção e controle de produtos. Como é o exemplo
do Instituto do Açúcar e do Álcool;
- De crédito e industriais: Para gestão de recursos financeiros, bem como sua distribuição mediante
empréstimo. Atualmente foram substituídas por empresas públicas, como é o caso da Caixa Econômica
Federal;
- De previdência e assistência: Para atividades de seguridade social. Como é o caso do INSS e o
IPESP;
- As profissionais ou corporativas: Para fiscalizar as profissões;
- As culturais ou de ensino: Universidades federais.
Patrimônio: A questão patrimonial diz respeito à caracterização dos bens em públicos e privados. Em
1916, o sistema jurídico administrativo sofreu várias mudanças com a criação desse tipo especial de
pessoas jurídicas - as autarquias - que, mesmo sem integrar a organização política do Estado, a ela está
vinculada, ostentando personalidade jurídica de direito público. Vários doutrinadores, com intuito de
adaptarem-se à norma do Código Civil e mais ainda de proteger os bens das pessoas federativas,
qualificaram os bens públicos como aqueles que integram o patrimônio das pessoas administrativas de
direito público. Dessa forma, pacificou-se o entendimento de que os bens das autarquias são
considerados como bens públicos.
Pessoal: Com o artigo 39 da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas (União,
Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de instituir, no âmbito de sua organização, regime
jurídico único para todos os servidores da administração direta, das autarquias e das fundações públicas.
Segundo Carvalho Filho, o art. 39 da CF, foi a maneira que o legislador encontrou de manter planos de
carreira idênticos para esses setores administrativos, acabando com as antigas diferenças que, como é
sabido, por anos e anos, provocaram inconformismos e litígios entre os servidores.
Controle Judicial: As autarquias, por serem dotadas de personalidade jurídica de direito público,
podem praticar atos administrativos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último,
controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação processual, tal como ocorre com os
atos jurídicos normais praticados por particulares. Já os atos administrativos, possuem algumas
características especiais, pois eles são controlados pelo judiciário tanto por vias comuns, quanto pelas
especiais, como é o caso do mandado e da ação popular.
Necessário se faz destacar que os elementos do ato autárquico que resultam de valoração sobre a
conveniência e oportunidade da conduta, são excluídos de apreciação judicial, assim como os atos
administrativos em geral que trazem o regular exercício da função administrativa e são privativos dos
seus agentes administrativos.
Foro dos litígios judiciais: Os litígios comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras,
rés, assistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na Justiça Federal, o mesmo
foro apropriado para processar e julgar mandados de segurança contra agentes autárquicos.
Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em que encontramos como partes ou
intervenientes terão seu curso na Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições da
lei estadual de divisão e organização judiciárias.
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime poderá ser estatutário ou trabalhista. Sendo
estatutário, o litígio será de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processadas e julgadas
nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o
servidor, a natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser resolvido na Justiça do
Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou municipal.

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Responsabilidade civil: Prevê a Constituição que as pessoas jurídicas de direito público respondem
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da responsabilidade objetiva do Estado,
aquela que independe da investigação sobre a culpa na conduta do agente.
Prerrogativas autárquicas: As autarquias possuem algumas prerrogativas de direito público, sendo
elas:
- imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda a instituição de impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais
ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade para as autarquias tem natureza
condicionada.
- impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode ser usado o instrumento coercitivo
da penhora como garantia do credor.
- imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como bens públicos, não podem ser eles
adquiridos por terceiros através de usucapião.
- prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros contra autarquias prescrevem em 5
anos.
- créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são inscritos como dívida ativa e podem
ser cobrados pelo processo especial das execuções fiscais.
- presunção de legitimidade de seus atos administrativos:
- principais situações processuais específicas:
As autarquias são consideradas como fazenda pública, razão pela qual, nos processos em que é parte,
tem prazo em dobro para recorrer (art. 183 do NCPC). Elas estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição. A
defesa de autarquia em execução por quantia certa, fundada em título judicial, se formaliza em outros
apensos ao processo principal e por meio de embargos do devedor.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais,
cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o ente público.

Chamamos a atenção com relação aos prazos:

A redação do Código de Processo Civil de 1973, previa prazo em dobro para a Fazenda Pública e
o Ministério Público se manifestarem e prazo em quádruplo para recorrer.
Com o novo Código de Processo de 2015, esse prazo sofreu modificações, de forma que o Ministério
Público, à Fazenda Pública e à Defensoria Pública gozam de prazo em dobro para manifestação nos
autos, exceto nos casos em que a lei estabelecer, de maneira expressa, outro prazo específico para
esses entes.
Entretanto, esse benefício da contagem do prazo em dobro, não se aplica ao ente público, Ministério
Público ou Defensoria Pública, quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente
público. (art. 183, §2º, NCPC)

Contratos; Os contratos celebrados pelas autarquias são de caráter administrativo e possuem as


cláusulas exorbitantes, que garantem à administração prerrogativas que o contratado não tem, assim,
dependem de prévia licitação, exceto nos casos de dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os
trâmites da lei 8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade licitatória do pregão para
os entes públicos.
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas jurídicas de direito público, as entidades
autárquicas relacionam-se com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as
prerrogativas estatais.
Autarquia de regime especial: É toda aquela em que a lei instituidora conferir privilégios específicos
e aumentar sua autonomia comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir os preceitos
constitucionais pertinentes a essas entidades de personalidade pública. O que posiciona a autarquia de

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regime especial são as regalias que a lei criadora lhe confere para o pleno desempenho de suas
finalidades específicas. 11
Assim, são consideradas autarquias de regime especial o Banco Central do Brasil, as entidades
encarregadas, por lei, dos serviços de fiscalização de profissões. Com a política governamental de
transferir para o setor privado a execução de serviços públicos, reservando ao Estado a regulamentação,
o controle e fiscalização desses serviços, houve a necessidade de criar na administração agências
especiais destinadas a esse fim.
OBS: Havia discussão no mundo jurídico acerca do regime jurídico da OAB, se seria autarquia de
regime especial ou não. No julgamento da ADIn 3026/DF o STF decidiu que “a OAB não é uma entidade
da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no
elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro”.
Veja a íntegra do julgado:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE.


"SERVIDORES" DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE POSSIBILITA A OPÇÃO
PELO REGIME CELESTISTA. COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO
MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO DOS DITAMES INERENTES À
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART. 37, II DA
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO PARA A ADMISSÃO DOS
CONTRATADOS PELA OAB. AUTARQUIAS ESPECIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA OAB.
ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO
ELENCO DAS PERSONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO DIREITO BRASILEIRO.
AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO
ARTIGO 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A Lei n. 8.906, artigo 79,
§ 1º, possibilitou aos "servidores" da OAB, cujo regime outrora era estatutário, a opção pelo regime
celetista. Compensação pela escolha: indenização a ser paga à época da aposentadoria. 2. Não procede
a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. 3. A
OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público
independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 4.
A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como "autarquias
especiais" para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas "agências". 5. Por
não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da
Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e
materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem
função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da Justiça
[artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados.
Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem dos
Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência, não pode ser tida como
congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a
finalidades corporativas. Possui finalidade institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o
regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma
e independente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que se dê interpretação conforme o
artigo 37, inciso II, da Constituição do Brasil ao caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a
aplicação do regime trabalhista aos servidores da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público
para admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da
legalidade e moralidade. Confinamento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que
não pode ser ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema. Desvio de poder ou de finalidade.
12. Julgo improcedente o pedido”. (STF - ADI: 3026 DF, Relator: EROS GRAU, Data de Julgamento:
08/06/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-
00478)

Agências executivas: A qualificação de agências executivas se dá por meio de requerimento dos


órgãos e das entidades que prestam atividades exclusivas do Estado e se candidatam à qualificação.
Aqui estão envolvidas a instituição e o Ministério responsável pela sua supervisão.12
Segundo determina a lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, artigos. 51 e 52 e parágrafos, o Poder
Executivo poderá qualificar como Agência Executiva autarquias ou fundações que tenham cumprido os

11
http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/27676/autarquias-de-regime-especial
12
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=661

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requisitos de possuir plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento além da celebração de Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
Os planos devem definir diretrizes, políticas e medidas voltadas para a racionalização de estruturas e
do quadro de servidores, a revisão dos processos de trabalho, o desenvolvimento dos recursos humanos
e o fortalecimento da identidade institucional da Agência Executiva.
O Poder Executivo definirá também os critérios e procedimentos para a elaboração e o
acompanhamento dos Contratos de Gestão e dos programas de reestruturação e de desenvolvimento
institucional das Agências.
A qualificação como Agência Executiva deve ser dada por meio de decreto do Presidente da República.
O Poder Executivo também estabelecerá medidas de organização administrativa específicas para as
Agências Executivas, com o objetivo de assegurar a sua autonomia de gestão, bem como as condições
orçamentárias e financeiras para o cumprimento dos contratos de gestão.
O plano estratégico de reestruturação deve produzir melhorias na gestão da instituição, com vistas à
melhoria dos resultados, do atendimento aos seus clientes e usuários e da utilização dos recursos
públicos.
O contrato de gestão estabelecerá os objetivos estratégicos e as metas a serem alcançadas pela
instituição em determinado período de tempo, além dos indicadores que medirão seu desempenho na
realização de suas metas contratuais, condições de execução, gestão de recursos humanos, de
orçamento e de compras e contratos.
A autonomia concedida estará subordinada à assinatura do Contrato de Gestão com o Ministério
supervisor, no qual serão firmados, de comum acordo, compromissos de resultados.
Organização administrativa das Agências Executivas. As Agências Executivas serão objeto de
medidas específicas de organização administrativa. Os objetivos são, basicamente, aumento de eficiência
na utilização dos recursos públicos, melhoria do desempenho e da qualidade dos serviços prestados,
maior autonomia de administração orçamentária, financeira, operacional e de recursos humanos além de
eliminar fatores restritivos à sua atuação como instituição.
A não existência de certos limites de atuação das Agências é condicionada à existência prévia de
recursos orçamentários disponíveis e a necessidade dos serviços para o cumprimento dos objetivos e
metas do contrato de gestão.
Sem aumentar despesas e o numeral de cargos da entidade, os Ministros supervisores tem
competência para aprovação ou readequação das estruturas regimentais ou estatutos das Agências
Executivas. Esta competência poderá ser delegada pelo Ministro supervisor ao dirigente máximo da
Agência Executiva.
Os dirigentes máximos das Agências Executivas também poderão autorizar os afastamentos do País
de servidores civis das respectivas entidades.
As Agências Executivas também poderão editar regulamentos próprios de avaliação de desempenho
dos seus servidores. Estes serão previamente aprovados pelo seu Ministério supervisor e, provavelmente,
pelo substituto Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado nos governos posteriores à sua
extinção.
De acordo com o que se viu a partir da Emenda Constitucional nº 19 de 1998, os resultados da
avaliação poderão ser levados em conta para efeito de progressão funcional dos servidores das Agências
Executivas.
O art 7º do Decreto subordina a execução orçamentária e financeira das Agências Executivas aos
termos do contrato de gestão e isenta a mesma dos limites nos seus valores para movimentação,
empenho e pagamento. Esta determinação não se coaduna, entretanto, com o pensamento reinante de
administração fiscal responsável a partir do que se encontra positivado pela Lei Complementar 101 de
2000.
Algo semelhante é o que se deu também com o art. 8º e parágrafo que delega competência para os
Ministros supervisores e dirigentes máximos das Agências para a fixação de limites específicos, aplicáveis
às Agências Executivas, para a concessão de suprimento de fundos para atender a despesas de pequeno
vulto.
As Agências Executivas poderão editar regulamento próprio de valores de diárias no País e condições
especiais para sua concessão. O que se busca é adequá-las às necessidades específicas de todos os
tipos de deslocamentos. Todos os dados relativos a número, valor, classificação funcional programática
e de natureza da despesa, correspondentes à nota de empenho ou de movimentação de créditos devem
ser publicados no Diário Oficial da União em atendimento ao princípio constitucional da publicidade.
Agências Reguladoras: As agências reguladoras foram criadas pelo Estado com a finalidade de
tentar fiscalizar as atividades das iniciativas privadas. Tratam-se de espécies do gênero autarquias,
possuem as mesmas características, exceto pelo fato de se submeterem a um regime especial. Seu

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escopo principal é a regulamentação, controle e fiscalização da execução dos serviços públicos
transferidos ao setor privado.
São criadas por meio de leis e tem natureza de autarquia com regime jurídico especial, ou seja, é
aquela que a lei instituidora confere privilégios específicos e maior autonomia em comparação com
autarquias comuns, sem de forma alguma infringir preceitos constitucionais.
Uma das principais características das Agências Reguladoras é a sua relativa autonomia e
independência. As agências sujeitam-se ao processo administrativo (Lei 9.784/99, na esfera federal, além
dos próprios dispositivos das leis especificas).
Caso ocorra lesão ou ameaça de lesão de direito, a empresa concessionária poderá ir ao Judiciário.
Sua função é regular a prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses serviços a serem
prestados por concessionárias ou permissionárias.

Questões

01. (TRE/SP - Analista Judiciário - Área Administrativa – FCC/2017). A Administração pública,


quando se organiza de forma descentralizada, contempla a criação de pessoas jurídicas, com
competências próprias, que desempenham funções originariamente de atribuição da Administração
direta. Essas pessoas jurídicas,
(A) quando constituídas sob a forma de autarquias, podem ter natureza jurídica de direito público ou
privado, podendo prestar serviços públicos com os mesmos poderes e prerrogativas que a Administração
direta.
(B) podem ter natureza jurídica de direito privado ou público, mas não estão habilitadas a desempenhar
os poderes típicos da Administração direta.
(C) desempenham todos os poderes atribuídos à Administração direta, à exceção do poder de polícia,
em qualquer de suas vertentes, privativo da Administração direta, por envolver limitação de direitos
individuais.
(D) quando constituídas sob a forma de autarquias, possuem natureza jurídica de direito público,
podendo exercer poder de polícia na forma e limites que lhe tiverem sido atribuídos pela lei de criação.
(E) terão natureza jurídica de direito privado quando se tratar de empresas estatais, mas seus bens
estão sujeitos a regime jurídico de direito público, o que também se aplica no que concerne aos poderes
da Administração, que desempenham integralmente, especialmente poder de polícia.

02. (PC/PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016). Com referência à administração pública direta e
indireta, assinale a opção correta.
(A) Os serviços sociais autônomos, por possuírem personalidade jurídica de direito público, são
mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais.
(B) A fundação pública não tem capacidade de autoadministração.
(C) Como pessoa jurídica de direito público, a autarquia realiza atividades típicas da administração
pública.
(D) A sociedade de economia mista tem personalidade jurídica de direito público e destina-se à
exploração de atividade econômica.
(E) A empresa pública tem personalidade jurídica de direito privado e controle acionário majoritário da
União ou outra entidade da administração indireta.

03. (TCE/PR - Auditor – CESPE/2016). Na organização administrativa do poder público, as autarquias


públicas são
(A) entidades da administração indireta com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios.
(B) sociedades de economia mista criadas por lei para a exploração de atividade econômica.
(C) organizações da sociedade civil constituídas com fins filantrópicos e sociais.
(D) órgãos da administração direta e estão vinculadas a algum ministério.
(E) organizações sociais sem fins lucrativos com atividades dirigidas ao ensino e à pesquisa científica

04. (EPT – Maricá -Assistente Administrativo –IESAP). Sobre as autarquias não é correto afirmar:
(A) Deve ser criada mediante lei específica.
(B) Executa atividades típicas da administração pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
(C) É uma entidade com personalidade jurídica de direito privado, criada por lei.
(D) São entes de direito público com personalidade jurídica e patrimônios próprios.

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1528209 E-book gerado especialmente para NATASCHA SIMOES FRANCK
05. (ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento - Conhecimentos Gerais – ESAF). São
características das autarquias, exceto:
(A) criação por lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo.
(B) personalidade de direito público, submetendo-se a regime jurídico administrativo quanto à criação,
extinção e poderes.
(C) capacidade de autoadministração, o que implica autonomia referente às suas atividades de
administração ordinária (atividade meio), bem como às suas atividades normativas e regulamentares.
(D) especialização dos fins ou atividades, sendo-lhes vedado exercer atividades diversas daquelas
para as quais foram instituídas.
(E) sujeição a controle ou tutela, o que não exclui o controle interno.

Gabarito

01.D/ 02.C/ 03.A/ 04.C/ 05.C.

Comentários

01. Resposta: D
De acordo com Maria Silvia de Pietro a autarquia é conceituada como "pessoa jurídica de direito
público, criada por lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho de serviço público
descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei".

02. Resposta: C
Decreto 200/67
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

03. Resposta: A
Autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Pública
Indireta, criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas da Administração Pública.
Algumas das autarquias mais importantes do Brasil são: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,
Banco Central – Bacen, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
Ibama.
São dotadas de autonomia gerencial, orçamentária e patrimonial: autonomia é capacidade de
autogoverno representando um nível de liberdade na gestão de seus próprios assuntos, intermediário
entre a subordinação hierárquica e a independência.

04. Resposta: C
Criação: ocorre por lei ordinária e específica
Personificação: serviço público.
Pessoa Jurídica: de direito público.
Funções: exerce função típica do Estado.
Natureza: administrativa

05. Resposta: C
Embora possua capacidade de autoadministração e autonomia para o desenvolvimento de suas
atividades, as autarquias não possuem autonomia nas suas atividades normativas e regulamentares, pois
só podem editar normas e regulamentos nos limites definidos na lei. Nesse sentido, o STJ já decidiu que
não caberia a determinada autarquia expedir atos de caráter normativo por inexistir norma expressa que
lhe conferisse tal competência (Resp. 1.103.913/PR).

Fundações públicas

Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio personalizado, destacado pelo seu
instituidor para atingir uma finalidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público quanto
de direito privado.

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As fundações que integram a Administração indireta, quando forem dotadas de personalidade de
direito público, serão regidas integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas de
personalidade de direito privado, serão regidas por regras de direito público e direito privado.
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Administração direta, que é o instituidor para definir
a finalidade pública. Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Geográfico
Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FUNAI; Fundação Memorial da América Latina;
Fundação Padre Anchieta (TV Cultura).
Características:
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
- Patrimônio próprio: Patrimônio personalizado significa dizer que sobre ele recai normas jurídicas que
o tornam sujeito de direitos e obrigações e que ele está voltado a garantir que seja atingido a finalidade
para qual foi criado.
Não existe hierarquia ou subordinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é um
controle de legalidade, um controle finalístico.
As fundações governamentais, sejam de personalidade de direito público, sejam de direito privado,
integram a Administração Pública. A lei cria e dá personalidade para as fundações governamentais de
direito público. As fundações governamentais de direito privado são autorizadas por lei e sua
personalidade jurídica se inicia com o registro de seus estatutos.
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Administração direta, tanto na área tributária
(ex.: imunidade prevista no art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).
As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a terceiros. A responsabilidade da
Administração é de caráter subsidiário, independente de sua personalidade.
As fundações governamentais têm patrimônio público. Se extinta, o patrimônio vai para a
Administração indireta, submetendo-se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As
particulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem à ação popular e mandado de
segurança, sendo estas fundações fiscalizadas pelo Ministério Público.

Questões

01. (ANS - Técnico Administrativo – FUNCAB/2016). Em relação à organização administrativa,


marque a alternativa correta.
(A) As entidades paraestatais, como as fundações ou entidades de apoio, e os serviços sociais
autônomos compõem a estrutura da Administração Pública e se submetem ao regime jurídico
administrativo previsto na Constituição da República.
(B) As autarquias, assim como as fundações públicas, podem assumir a personalidade de direito
privado ou público. No entanto, quando criadas com natureza privada, não se submetem ao regime
próprio das entidades públicas.
(C) As sociedades de economia mista federais são dotadas de personalidade jurídica de direito
privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, e só podem assumir a forma jurídica de
sociedades anônimas.
(D) Os servidores das empresas públicas federais são admitidos obrigatoriamente por concurso público
para ocupar cargos públicos sem estabilidade e sujeitos às normas estabelecidas na CLT.
(E) As fundações públicas de direito privado somente adquirem personalidade jurídica com a inscrição
da escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as
demais disposições do Código Civil concernentes às fundações.

02. (JUCEPAR/PR - Administrador – FAU/2016). A Administração Pública pode ser exercida por
meio de órgãos ou instituições diretas e indiretas, de várias formas e com conceitos e caracterizações
bem definidos. Neste sentido questiona-se: a que tipo de órgão ou instituição pertence a seguinte
caracterização?

“(...) o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de personalidade jurídica, de direito público ou
privado, e destinado por lei, ao desempenho de atividades do Estado na ordem social, com capacidade
de autoadministração e mediante controle da Administração Pública, nos limites da lei.”
(A) Autarquia.
(B) Sociedade de Economia Mista.
(C) Fundação.

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(D) Agência Reguladora.
(E) Administração Direta.

Gabarito

01.E/ 02.C

Comentários

01. Resposta: E
Decreto 200/1967
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
[...]
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não
exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio
próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e
de outras fontes.
[...]
§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem personalidade jurídica com a inscrição
da escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as
demais disposições do Código Civil concernentes às fundações.

02. Resposta: C
Fundação pública – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito público ou privado, sem fins
lucrativos, criada por lei (Fundação de Direito Público) ou criada em virtude de autorização legislativa
(Fundação de Direito Privado), para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por
órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

Empresas públicas

Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, criadas para a prestação de serviços
públicos ou para a exploração de atividades econômicas que contam com capital exclusivamente público
e são constituídas por qualquer modalidade empresarial. Se a empresa pública é prestadora de serviços
públicos, por consequência está submetida a regime jurídico público. Se a empresa pública é exploradora
de atividade econômica, estará submetida a regime jurídico igual ao da iniciativa privada.
Alguns exemplos de empresas públicas:
- BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social): Embora receba o nome de banco,
não trabalha como tal. A única função do BNDS é financiar projetos de natureza social. É uma empresa
pública prestadora de serviços públicos.
- EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos): É prestadora de serviço público (art. 21, X, da
CF/88).
- Caixa Econômica Federal: Atua no mesmo segmento das empresas privadas, concorrendo com os
outros bancos. É empresa pública exploradora de atividade econômica.
- RadioBrás: Empresa pública responsável pela “Voz do Brasil”. É prestadora de serviço público.
As empresas públicas, independentemente da personalidade jurídica, têm as seguintes características:
- Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são contempladas com verbas
orçamentárias;
- Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e demitir pessoas, devendo seguir as regras
da CF/88. Para contratar, deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver motivação.
Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas públicas e a Administração Direta,
independentemente de sua função. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e
finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão vinculadas àquela. Só é possível,
portanto, controle de legalidade finalístico.
A lei não cria, somente autoriza a criação das empresas públicas, ou seja, independentemente das
atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das empresas públicas.

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1528209 E-book gerado especialmente para NATASCHA SIMOES FRANCK
A empresa pública será prestadora de serviços públicos ou exploradora de atividade econômica. A
CF/88 somente admite a empresa pública para exploração de atividade econômica em duas situações
(art. 173 da CF/88):
- Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
- Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo: A empresa pública deve obedecer aos
princípios da ordem econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o Estado explora,
portanto, atividade econômica por intermédio de uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela
vantagens e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre concorrência).

Quanto à responsabilidade das empresas públicas, temos que:

Empresas públicas exploradoras de Empresas públicas prestadoras de serviço


atividade econômica público
A responsabilidade do Estado não existe, pois,
se essas empresas públicas contassem com
alguém que respondesse por suas obrigações,
Como o regime não é o da livre concorrência,
elas estariam em vantagem sobre as empresas
elas respondem pelas suas obrigações e a
privadas. Só respondem na forma do § 6.º do art.
Administração Direta responde de forma
37 da CF/88 as empresas privadas prestadoras
subsidiária. A responsabilidade será objetiva, nos
de serviço público, logo, se a empresa pública
termos do art. 37, § 6.º, da CF/88.
exerce atividade econômica, será ela a
responsável pelos prejuízos causados a terceiros
(art. 15 do CC);
Submetem-se a regime falimentar,
Não se submetem a regime falimentar, visto
fundamentando-se no princípio da livre
não estão em regime de concorrência.
concorrência.

Vale fazer uma ressalva quanto às empresas públicas prestadoras de serviço público, muitos
doutrinadores divergem se eles podem ou não falir. Trouxemos os entendimentos apontados por alguns
doutrinadores no sentido que essas empresas não se submetem ao regime falimentar. Vejamos:
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro13, “As empresas públicas e sociedades de economia mista não
estão sujeitas à falência, conforme está expresso no artigo 2º da Lei nº 11.101 de 9-2- 2005 (Lei de
Falências). Essa lei deu tratamento diferente às empresas concessionárias e às empresas estatais
(sociedades de economia mista e empresas públicas). Estas últimas foram excluídas da abrangência da
lei (art. 2º, I) . A diferença de tratamento tem sua razão de ser: é que as empresas estatais fazem parte
da Administração Pública indireta, administram patrimônio público, total ou parcialmente, dependem de
receitas orçamentárias ou têm receita própria, conforme definido em lei, e correspondem a forma diversa
de descentralização: enquanto as concessionárias exercem serviço público delegado por meio de
contrato, as empresas estatais são criadas por lei e só podem ser extintas também por lei. Sendo criadas
por lei, o Estado provê os recursos orçamentários necessários à execução de suas atividades, além de
responder subsidiariamente por suas obrigações.
Só cabe fazer uma observação: a lei falhou ao dar tratamento igual a todas as empresas estatais, sem
distinguir as que prestam serviço público (com fundamento no artigo 1 75 da Constituição) e as que
exercem Administração Indireta atividade econômica a título de intervenção (com base no artigo 1 73 da
Constituição). Estas últimas não podem ter tratamento privilegiado em relação às empresas do setor
privado, porque o referido dispositivo constitucional, no § 1 º, II, determina que elas se sujeitem ao mesmo
regime das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações.”
Também ensina Celso Antônio Bandeira de Mello:
“Quando se tratar de exploradoras de atividade econômica, então, a falência terá curso absolutamente
normal, como se de outra entidade mercantil qualquer se tratara. É que a Constituição, no art. 173, §1º,
II, atribui-lhes sujeição "ao regime jurídico próprio das empresas privadas inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais (...).”
Para Jose dos Santos Carvalho Filho
“De plano, o dispositivo da Lei de Falências não parece mesmo consentâneo com a ratio inspiradora
do art. 173, § 1º, da Constituição Federal. De fato, se esse último mandamento equiparou sociedades de
economia mista e empresas públicas de natureza empresarial às demais empresas privadas, aludindo

13
DIREITO ADMINISTRATIVO, 27ª edição, editora ATLAS, 2014.

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expressamente ao direito comercial, dentro do qual se situa obviamente a nova Lei de Falências, parece
incongruente admitir a falência para estas últimas e não admitir para aquelas. Seria uma discriminação
não autorizada pelo dispositivo constitucional. Na verdade, ficaram as entidades paraestatais com
evidente vantagem em relação às demais sociedades empresárias, apesar de ser idêntico o objeto de
sua atividade. Além disso, se o Estado se despiu de sua potestade para atuar no campo econômico, não
deveria ser merecedor da benesse de estarem as pessoas que criou para esse fim excluídas do processo
falimentar.”
Para Hely Lopes Meirelles, o entendimento é o mesmo:
“A nova Lei de Falências (Lei 11.101, de 9.2.2005, que `regula a recuperação judicial, extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária’) dispõe expressamente, no art. 2º, I, que ela não se
aplica às empresas públicas e sociedades de economia mista. Não obstante, a situação continuará a
mesma. Tal dispositivo só incidirá sobre as empresas governamentais que prestem serviço público; as
que exploram atividade econômica ficam sujeitas às mesmas regras do setor privado, nos termos do art.
173, §1º, II, da CF [...].”
Empresas privadas Primeiramente devemos enfatizar que a empresa privada não depende do poder
do Estado para sua subsistência, o particular, conhecido como empresário é que terá comando sobre
esta. Contudo, vale lembrar que o fato de não depender do Estado não desobriga a pessoa jurídica
criadora da empresa a pagar impostos ao Estado. Entretanto, o Estado funciona como sócio desta, veja
o que a Constituição Federal traz a respeito:

Art. 37, CF A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte
(...)
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

As empresas privadas funcionam em um sistema de mercado. O empresário possui liberdade para


agir, ainda que se submeta a algumas limitações relacionadas `a natureza do produto, condições de
trabalho, entre outros.
Nela encontramos a concorrência, pois é formada por particulares, ensejando na perda e ganhos de
seus produtos. Desta forma apresenta vantagens, já que precisa ter um diferencial em relação às demais,
oferecendo os melhores produtos e um preço mais atrativo para o consumidor.
Os bens e serviços que produz estão destinados a um mercado, a reação do qual é um elemento de
risco do gerenciamento da empresa.
Infelizmente, devido ao insucesso de algumas, acaba ocorrendo a falência por não se adequarem ao
competitivo mercado de trabalho. Para que isso não ocorra com a maioria das nossas empresas privadas,
o Estado mantendo-se indiretamente como sócio.
Subsidiárias são empresas que são controladas ou pertencem a outra empresa. A empresa que
controla a subsidiária é conhecida como empresa mãe (holding).
Uma holding tem a função de controlar a outra empresa e não de controlar seu próprio negócio. Caso
a holding detenha todo o estoque, a subsidiária que é controladas passa a se chamar de subsidiária
integral.
Vários são os motivos para a criação das subsidiárias, como por exemplo:
- constituir nova empresa fora do país de origem, pois a lei do seu país pode restringir algumas
atividades que o empresário sonha em construir;
- conseguir benefícios fiscais ou outras vantagens legais que poderia conseguir com a constituição de
uma subsidiária e a posterior exigência de alguns impostos;
- aplicações financeiras diversificadas.
Questão

01. (Prefeitura de Rio de Janeiro – RJP- Assistente Administrativo - Prefeitura do Rio de Janeiro
– RJ). De acordo com o entendimento doutrinário, as empresas públicas podem ser conceituadas como:
(A) pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Indireta, criadas por lei sob a
forma de sociedades anônimas para desempenhar funções que, despidas de caráter econômico, sejam
próprias e típicas de estado
(B) pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração Indireta, criadas por autorização
legal sob qualquer forma jurídica adequada a sua natureza, para que o governo exerça atividades gerais
de caráter econômico ou, em certas situações, execute a prestação de serviços públicos

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(C) pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Indireta, criadas por autorização
legal sob qualquer forma jurídica adequada a sua natureza, para que o governo exerça atividades gerais
de caráter econômico ou, em certas situações, execute a prestação de serviços públicos
(D) pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração Indireta, criadas por autorização
legal sob a forma de sociedades anônimas, cujo controle acionário pertença ao Poder Público, tendo por
objetivo, como regra, a exploração de atividades gerais de caráter econômico e a prestação de serviços
públicos

Gabarito

01.C.

Comentário

01. Resposta: C
MAZZA (2014) — Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas por autorização
legislativa, com totalidade de capital público e regime organizacional livre. Exemplos: Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT,
Caixa Econômica Federal – CEF, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa e Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero.

Sociedade de economia mista

As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas para a prestação
de serviços públicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com capital misto e
constituídas somente sob a forma empresarial de S/A. As sociedades de economia mista são:
- Pessoas jurídicas de Direito Privado.
- Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de serviços públicos.
- Empresas de capital misto.
- Constituídas sob forma empresarial de S/A.
Veja alguns exemplos de sociedade mista:
a. Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil.
b. Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô, CDHU (Companhia de Desenvolvimento
Habitacional Urbano) e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços, empresa responsável pelo
gerenciamento da execução de contratos que envolvem obras e serviços públicos no Estado de São
Paulo).
As sociedades de economia mista têm as seguintes características:
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
- Patrimônio próprio.
Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de economia mista e a Administração
Direta, independentemente da função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de legalidade.
Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades não estão subordinadas à Administração Direta,
mas sim à lei que as autorizou.
As sociedades de economia mista integram a Administração Indireta e todas as pessoas que a
integram precisam de lei para autorizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do registro
de seus estatutos.
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das sociedades de economia mista, ou seja,
independentemente das atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das sociedades
de economia mista.
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade econômica, submete-se ao mesmo regime
jurídico das empresas privadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora atividade
econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade de economia mista prestadora de serviço público
não se submete ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre concorrência.

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Para maior complemento de seus estudos, trouxemos as diferenças entre a empresa pública e
a sociedade de economia mista

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista


Forma Jurídica: As sociedades de
Forma jurídica: As empresas públicas podem economia mista utilizam-se da forma de
revestir-se de qualquer das formas previstas em direito Sociedade Anônima (S/A), sendo regidas,
(sociedades civis, sociedades comerciais, Ltda, S/A, etc). basicamente, pela Lei das Sociedades
por Ações (Lei n° 6.404/1976).
Composição do capital: o capital é composto por Composição do Capital: o capital é
integrantes da Administração Pública, portanto é composto por recursos públicos e
integralmente público. Dessa forma, não se permite a privados, sendo, portanto as ações
participação de recursos particulares na formação de divididas entre a entidade governamental
capital das empresas públicas. e a iniciativa privada.
Foro processual: Será competente para julgamento
das empresas públicas federais, quando estas se Foro processual: Será competentes
encontrarem nas condições de autoras, rés, assistentes para julgamento das sociedades de
ou opoentes, exceto as de falência, as de acidente do economia federal a Justiça Estadual, não
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do usufrui de privilégios da Justiça Federal.
Trabalho, à Justiça Federal.

Diferença entre Autarquia e Fundações Públicas

Autarquia Fundação
Criação: ocorre por lei ordinária e Criação: ocorre por autorização legislativa e lei
específica complementar, o que permite definir a área de atuação.
Personificação: serviço público. Personificação: patrimônio.
Pessoa Jurídica: de direito público. Pessoa Jurídica: de direito público ou privado.
Funções: exerce função típica do
Funções: exerce funções atípicas do Estado.
Estado.
Natureza: administrativa Natureza: social

Questões

01. (TJ/SC - Técnico Judiciário Auxiliar – FGV). São pessoas jurídicas de direito privado, integrantes
da Administração Indireta do Estado, criadas por autorização legal, sob qualquer forma jurídica adequada
a sua natureza, para que o Governo exerça atividades gerais de caráter econômico ou, em certas
situações, execute a prestação de serviços públicos, as:
(A) autarquias;
(B) fundações públicas;
(C) fundações privadas;
(D) empresas públicas;
(E) agências reguladoras.

02. (Prefeitura de São Lourenço/MG - Advogado – FUNDEP/2016). Entre os requisitos legais da


alienação de um bem imóvel pertencente a uma sociedade de economia mista, não se inclui:
(A) autorização legislativa.
(B) motivação.
(C) licitação.
(D) avaliação prévia.

Gabarito

01.D/ 02.A.

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Comentário

01. Resposta: D
Art. 5º, Decreto 200/1967.Para os fins desta lei, considera-se:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o
Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo
revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações
com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não
exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio
próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e
de outras fontes.

02. Resposta: A
Lei nº 8666/1993
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público
devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e
entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de
avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:( )

6 Agentes públicos: espécies e classificação; 7 poderes, deveres e


prerrogativas; 8 cargo, emprego e função públicos; 9 regime jurídico único:
provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; 10 direitos e
vantagens; 11 regime disciplinar; 12 responsabilidade civil, criminal e
administrativa

AGENTES PÚBLICOS

Agente público refere-se àquela pessoa física a qual exerce uma função pública, seja qual for esta
modalidade de função (mesário, jurado, funcionário público aprovado em concurso público, etc.).
Agente público é toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da
Administração Indireta.14
Antes da Constituição Federal de 1988 (CF/88), ficavam afastados os que prestavam serviços às
pessoas jurídicas de direito privado instituídas pelo Poder Público (empresas públicas, fundações e
sociedades de economia mista). Importante ser mencionado que hoje o artigo 37 exige a inclusão de
todos eles.
A denominação “agente público” é tratada como gênero do qual são espécies os agentes políticos,
servidores públicos, agentes militares e particulares em colaboração.

Espécies

Agentes políticos: a primeira espécie dentro do gênero agentes públicos é a dos agentes políticos.
Os agentes políticos exercem uma função pública (munus publico) de alta direção do Estado. Ingressam,
em regra, por meio de eleições, desempenhando mandatos fixos ao término dos quais sua relação com
o Estado desaparece automaticamente. A vinculação dos agentes políticos com o aparelho
governamental não é profissional, mas institucional e estatutária.
Os agentes políticos são, definidos por Celso Antônio Bandeira de Melo como os titulares dos cargos
estruturais à organização política do País. Exemplos: Presidente da República, Governadores, Prefeitos

14
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª edição, 2018

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e respectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das
diversas pastas, bem como os Senadores, Deputados Federais e Estaduais e os Vereadores.
Exercem funções e mandatos temporários. Não são funcionários nem servidores públicos, exceto para
fins penais, caso cometam crimes contra a Administração Pública.

Agentes de fato: para que um ato administrativo seja praticado é necessário que o agente esteja
legitimamente investido no cargo para que possa exercer a competência prevista em lei. Exemplo: “falta
de requisito legal para investidura, como certificado de sanidade vencido; inexistência de formação
universitária para função que a exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo ocorre quando o servidor
está suspenso do cargo, ou exerce funções depois de vencido o prazo de sua contratação, ou continua
em exercício após a idade-limite para aposentadoria compulsória”.15
Os atos praticados pelo agente de fato presumem-se válidos, com base na conformidade da lei,
visando tutelar a boa-fé dos administrados. A validade dos atos decorre de exame caso a caso, visando
assegurar a segurança jurídica e da boa-fé da população. Caso os atos praticados por agente público
não sejam de sua competência, os mesmos serão considerados nulos, como no caso do usurpador de
função16.

Agentes militares: os agentes militares formam uma categoria à parte entre os agentes políticos na
medida em que as instituições militares são organizadas com base na hierarquia e na disciplina. Aqueles
que compõem os quadros permanentes das forças militares possuem vinculação estatutária, e não
contratual, mas o regime jurídico é disciplinado por legislação específica diversa da aplicável aos
servidores civis.
Assim, os militares abrangem as pessoas físicas que prestam serviços às Forças Armadas - Marinha,
Exército e Aeronáutica (art. 142, caput, e § 3.º, da Constituição) - e às Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos Territórios (art. 42), com vínculo estatutário sujeito
a regime jurídico próprio, mediante remuneração paga pelos cofres públicos.

Particulares em colaboração: os particulares em colaboração com a Administração constituem uma


classe de agentes públicos, em regra, sem vinculação permanente e remunerada com o Estado. São
agentes públicos, mas não integram a Administração e não perdem a característica de particulares.
Exemplos: jurados, recrutados para o serviço militar, mesário de eleição.
De acordo com Hely Lopes Meirelles, são chamados também de “agentes honoríficos”, exercendo
função pública sem serem servidores públicos. Essa categoria de agentes públicos é composta, segundo
Celso Antônio Bandeira de Mello, por:
a) requisitados de serviço: como mesários e convocados para o serviço militar (conscritos);
b) gestores de negócios públicos: são particulares que assumem espontaneamente uma tarefa pública,
em situações emergenciais, quando o Estado não está presente para proteger o interesse público.
Exemplo: socorrista de parturiente;
c) contratados por locação civil de serviços: é o caso, por exemplo, de jurista famoso contratado para
emitir um parecer;
d) concessionários e permissionários: exercem função pública por delegação estatal;
e) delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares de cartórios.
Importante destacar que os particulares em colaboração com a Administração, mesmo atuando
temporariamente e sem remuneração, podem praticar ato de improbidade administrativa (art. 2.º da Lei
n. 8.429/92) e, enquanto exercerem a função, são considerados funcionários públicos para fins penais,
respondendo, assim, pelos crimes que cometerem. A Administração Pública responde pelos danos
causados a terceiros por este agente, voltando-se, depois, contra o agente público delegado.

Servidores públicos: são servidores públicos, em sentido amplo, as pessoas físicas que prestam
serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante
remuneração paga pelos cofres públicos.
Já os servidores públicos em sentido restrito, são aqueles que possuem uma relação com o regime
estatutário, que sejam ocupantes de cargos públicos efetivos ou em comissão e se submetam a regime
jurídico de direito público.
Os servidores públicos, por sua vez, são classificados em:
1. Funcionário público: titularizam cargo e, portanto, estão submetidos ao regime estatutário.

15
Idem
16
Usurpar a função pública é, portanto, exercer ou praticar ato de uma função que não lhe é devida.

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2. Empregado público: titularizam emprego, sujeitos ao regime celetista. Ambos exigem concurso.
É o agente público que tem vínculo contratual, ou seja, sua relação com a Administração Pública decorre
de contrato de trabalho. Possui, então, vínculo de natureza contratual celetista (CLT). Assim, o
Empregado Público é regido pela CLT e o Servidor Público é regido por lei específica - no caso do servidor
público federal, será regido pela Lei 8.112/90.
3. Contratados em caráter temporário: são servidores contratados por um período certo e
determinado, por força de uma situação de excepcional interesse público. Não são nomeados em caráter
efetivo, que tem como qualidade a definitividade – art. 37, inc. IX, da Constituição Federal.
O trabalho temporário é regulado pela Lei nº 6.019/74 - é aquele prestado por pessoa física a uma
empresa para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou
a acréscimo extraordinário de serviços. O vínculo empregatício do trabalhador temporário não se dá com
a empresa tomadora de serviços, mas sim com a empresa de trabalho temporário.
Essa modalidade de contratação tem como objetivo atender a serviços extraordinários de serviços
(época de Páscoa e Natal), além de atender à necessidade transitória de substituição de pessoal regular
e permanente.
O contrato do trabalhador temporário deve ser feito de forma escrita, além de constar expressamente
a causa que enseja sua contratação.
Quanto ao prazo, este não poderá exceder 3 meses, caso seja a mesma empresa tomadora e o mesmo
empregado, salvo autorização conferida pelo órgão local do Ministério do Trabalho e Previdência Social.
No aludido instrumento deve constar expressamente o prazo que vigerá o contrato, data de início e
término da prestação de serviço.

Classificação

Agentes políticos: pessoas físicas que exercem determinada função (legislativa, executiva ou
administrativa) descrita na Constituição Federal. São exemplos: deputado federal, senador, governador
de estado, procurador do trabalho, entre outros.
Agentes administrativos: são servidores sujeitos a uma relação hierárquica com os agentes políticos,
isto é, são os servidores públicos propriamente ditos (ocupam cargo efetivo ou em comissão e respeitam
o estatuto da respectiva instituição na qual trabalham), os empregados públicos (trabalham em empresas
públicas e respeitam a legislação trabalhista) e os servidores temporários (contratados temporariamente
para suprirem necessidade temporária de excepcional interesse público).
Agentes honoríficos: pessoas que desempenham atividade administrativa em razão de sua
honorabilidade (honra). Exemplos: mesário da eleição ou jurado convocado para júri de algum crime
doloso contra a vida.
Agentes delegados: pessoas que recebem a incumbência de executarem, por sua conta e risco, um
serviço público ou uma atividade de interesse público. Podem ser os notários, os registradores de imóveis,
os tradutores públicos, os concessionários ou permissionários de serviço público, entre outros.
Agentes credenciados: pessoas que representam a Administração Pública em um determinado
evento ou atividade.

Normas constitucionais concernentes à administração pública e aos servidores públicos

CF/88
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;

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III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso
público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para
assumir cargo ou emprego, na carreira;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento;
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público;
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão
ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices;
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o
subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no
âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
aos Defensores Públicos;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores
aos pagos pelo Poder Executivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem
acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis,
ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade
de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público;
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação;
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

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XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas,
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei.
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta,
regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção
de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos
serviços;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado
o disposto no art. 5º, X e XXXIII;
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou
função na administração pública.
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da
administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta
e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à
lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e
suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos
arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei
de livre nomeação e exoneração.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite
único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais
e dos Vereadores.

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego
ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração;

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III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens
de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados
como se no exercício estivesse.

SEÇÃO II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório
observará:
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;
II - os requisitos para a investidura;
III - as peculiaridades dos cargos.
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos
para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
quando a natureza do cargo o exigir.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado
o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação
entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto
no art. 37, XI.
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio e da
remuneração dos cargos e empregos públicos.
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de
recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e
fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a
forma de adicional ou prêmio de produtividade.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do
§ 4º.

Regime de Previdência
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos
e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste
artigo.
Para o regime previdenciário ter equilíbrio financeiro, basta ter no exercício atual um fluxo de caixa de
entrada superior ao fluxo de caixa de saída, gerado basicamente quando as receitas previdenciárias
superam as despesas com pagamento de benefícios.
Já para se ter equilibro atuarial, deve estar assegurado que o plano de custeio gera receitas não só
atuais, como também futuras e contínuas por tempo indeterminado, em um montante suficiente para
cobrir as respectivas despesas previdenciárias.
Para se manter o equilíbrio financeiro e atuarial é imprescindível que o regime mantenha um fundo
previdenciário que capitalize as sobras de caixa atuais que garantirão o pagamento de benefícios futuros.

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§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados,
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na
forma da lei;
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos
de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 88, de 2015)
Com relação a aposentadoria por idade cabe ainda destacar recente alteração no texto Constitucional
pela Emenda nº 88/2015, onde os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, serão aposentados
compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar (art.40, § 1°, II, da CF).
A Lei Complementar nº 152/2015 foi instituída para regulamentar o novo dispositivo constitucional,
vejamos:

Art. 2º Serão aposentados compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição,


aos 75 (setenta e cinco) anos de idade:
I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações;
II - os membros do Poder Judiciário;
III - os membros do Ministério Público;
IV - os membros das Defensorias Públicas;
V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas.

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes
condições:
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de
idade e trinta de contribuição, se mulher;
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão
exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que
serviu de referência para a concessão da pensão.
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão
consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de
previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
complementares, os casos de servidores:
I - portadores de deficiência;
II - que exerçam atividades de risco;
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física.
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação
ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
A redução só é permitida nos casos em que o tempo de contribuição é exclusivamente no magistério.
Ou seja, não é possível somar o tempo de magistério com o tempo em outra atividade e ainda reduzir 5
(cinco) anos. A soma é possível, no entanto, sem a redução de 5 (cinco) anos.

§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta


Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência
previsto neste artigo.
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual:
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento
da parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou

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II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento,
até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o
art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do
óbito.
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
real, conforme critérios estabelecidos em lei.
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria
e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício.
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive
quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades
sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição de
proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo
efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência
social.
§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime
geral de previdência social.
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de
previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar,
para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o
limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.
201.
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do
respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por
intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos
respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida.
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado
ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do
correspondente regime de previdência complementar.
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3°
serão devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime
de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares
de cargos efetivos.
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria
voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de
permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para
aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II.
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores
titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal,
ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de
aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na
forma da lei, for portador de doença incapacitante.

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar,
assegurada ampla defesa.

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§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado
em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade,
com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de
desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

Cargo, Emprego e Função Pública

A Constituição Federal, em vários dispositivos, emprega os vocábulos cargo, emprego e função para
designar realidades diversas, porém que existem paralelamente na Administração. Cumpre, pois,
distingui-las.
Para bem compreender o sentido dessas expressões, é preciso partir da ideia de que na Administração
Pública todas as competências são definidas na lei e distribuídas em três níveis diversos: pessoas
jurídicas (União, Estados e Municípios), órgãos (Ministérios, Secretarias e suas subdivisões) e
servidores públicos; estes ocupam cargos, empregos ou exercem funções.

Cargo público: é o lugar dentro da organização funcional da Administração Direta de suas autarquias
e fundações públicas que, ocupado por servidor público, submetidos ao regime estatuário, tem funções
específicas e remuneração fixada em lei ou diploma a ela equivalente.
Para Melo17 são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um
agente. São criados por lei, previstos em número certo e com denominação própria.
Com efeito, as várias competências previstas na Constituição para a União, Estados e Municípios são
distribuídas entre seus respectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de cargos
criados por lei, que lhes confere denominação própria, define suas atribuições e fixa o padrão de
vencimento ou remuneração.
Criar um cargo é oficializa-lo, atribuindo a ele denominação própria, número certo, funções
determinadas, etc. Somente se cria um cargo por meio de lei, logo cada Poder, no âmbito de suas
competências pode criar um cargo através da lei.
A transformação ocorre quando há modificação ou alteração na natureza do cargo de forma que, ao
mesmo tempo que o cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio de lei e há o aproveitamento
de todos os servidores quando o novo cargo tiver o mesmo nível e atribuições compatíveis com o anterior.
A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve ser efetuada por meio de lei.
O art. 84, VI, “b” da CF traz exceção ao atribuir competência para o Presidente da República para
dispor, mediante decreto, sobre a extinção de funções ou cargos públicos quando vagos.

Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por
pessoas contratadas para desempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista e somente podem ser criados
por lei.

Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as tarefas desenvolvidas pelos servidores.


São espécies:
a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
destinadas ás atribuições de chefia, direção e assessoramento;
b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada ente federado.

Acumulação: em regra, o ordenamento jurídico brasileiro proíbe a acumulação remunerada de cargos


ou empregos públicos. Porém, a CF prevê um rol taxativo de casos excepcionais em que a acumulação
é permitida. Importantíssimo destacar que, em qualquer hipótese, a acumulação só será permitida se
houver compatibilidade de horários e observado o limite máximo de dois cargos.
As hipóteses de acumulação constitucionalmente autorizadas são:
a) a de dois cargos de professor (art. 37, XVI, a);
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico (art. 37, XVI, b);
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas
(art. 37, XVI, c);

17
MELLO. Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. Edição 29ª. 2012.

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d) a de um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou função pública (art. 38, III);
e) a de um cargo de magistrado com outro no magistério (art. 95, parágrafo único, I);
f) a de um cargo de membro do Ministério Público com outro no magistério (art. 128, § 5º, II, d).

Posse: é o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efetiva, o exercício das funções para que
foi nomeada, designada ou eleita. O ato da posse determina a concordância e a vontade do sujeito em
entrar no exercício, além de cumprir a exigência regulamentar.

Exercício: é o momento em que o servidor dá início ao desempenho de suas atribuições de trabalho.


A data do efetivo exercício é considerada como o marco inicial para a produção de todos os efeitos
jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda para o início do período do estágio probatório, da
contagem do tempo de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo para a percepção de férias e
outras vantagens remuneratórias.

Cessão Funcional de Servidores: trata-se de ato autorizativo para o exercício de cargo em comissão
ou função de confiança, ou para atender situações previstas em leis específicas, em outro órgão ou
entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sem alteração da
lotação no órgão de origem.18
O servidor da Administração Pública Federal Direta, suas autarquias e fundações poderá ser cedido a
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
abarcando as empresas públicas e sociedades de economia mista, seja para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança, podendo atender as situações que tenham previsão em leis específicas
(art. 93 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990).
Via de regra, a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
suscitará o ônus da remuneração ao órgão ou entidade cessionária. Já para os outros casos, ou seja,
para a cessão entre os órgãos ou entidades da Administração Pública Federal será conservado o ônus
do cedente.
Para se viabilizar a cessão deve-se notar a disponibilidade orçamentária da Administração Pública.
Em nenhuma hipótese a cessão poderá ser considerada efetivação do servidor em órgão para o qual
está cedido, independente do tempo em que ele permanece no órgão. Ainda que o servidor passe um
grande tempo de sua vida funcional cedido, seu vínculo será sempre com órgão de origem, de acordo
com o Decreto 4.050/2001.

Investidura: é um ato complexo, exigindo, segundo Meirelles19, a manifestação de vontade de mais


de um órgão administrativo – a nomeação é feita pelo Chefe do Executivo; a posse e o exercício são
dados pelo Chefe da Repartição.
O art. 37, I, da CF dispõe que os brasileiros e estrangeiros que preencham os requisitos estabelecidos
em lei terão acesso aos cargos, aos empregos e às funções públicas.
Essa norma é de eficácia contida. Enquanto não há lei regulamentando, não é possível sua aplicação.
A Constituição Federal permitiu o amplo acesso aos cargos, aos empregos e às funções públicas, porém,
excepciona-se a relação trazida pelo § 3.º do art. 12 da CF, que define os cargos privativos de brasileiros
natos:

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:


I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa

O art. 37, inc. II, da CF estabelece que para a investidura em cargo ou emprego público é necessário
a aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego.
A exigência de concurso é válida apenas para os cargos de provimento efetivo – aqueles preenchidos
em caráter permanente.
18
https://jus.com.br/artigos/21640/cessao-e-requisicao-de-servidor-publico-federal.
19
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2005.

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Os cargos preenchidos em caráter temporário não precisam ser precedidos de concurso, pois a
situação excepcional e de temporariedade, que fundamenta sua necessidade, é incompatível com a
criação de um concurso público.
Para os cargos em comissão também não se exige concurso público (art.37, inc. V), desde que as
atribuições sejam de direção, chefia e assessoramento. Esses devem ser preenchidos nas condições e
nos percentuais mínimos previstos em lei.
Para as funções de confiança não se impõe o concurso público, no entanto a mesma norma acima
mencionada estabelece que tal função será exercida exclusivamente por servidores ocupantes de cargo
efetivo.
Durante o prazo do concurso, o aprovado não tem direito adquirido à contratação. Há apenas uma
expectativa de direito em relação a esta.
O art. 37, inc. IV, apenas assegura ao aprovado o direito adquirido de não ser preterido por novos
concursados.

Efetividade, Estabilidade e Vitaliciedade

Efetividade: cargos efetivos são aqueles que se revestem de caráter de permanência, constituindo a
maioria absoluta dos cargos integrantes dos diversos quadros funcionais. Com efeito, se o cargo não é
vitalício ou em comissão, terá que ser necessariamente efetivo. Embora em menor grau que nos cargos
vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segurança a seus titulares; a perda do cargo, segundo
art. 41, §1º, da CF, só poderá ocorrer, depois que adquirirem a estabilidade, se houver sentença judicial
ou processo administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação
negativa de desempenho, como introduzido pela EC nº 19/1998.20

Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva permanência no serviço após TRÊS anos de
estágio probatório, após os quais só perderá o cargo se caracterizada uma das hipóteses previstas no
artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da CF.
Hipóteses:
a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado (art. 41, §1º, I, da CF);
b) por meio de processo administrativo em que lhe seja assegurada a ampla defesa (art. 41, § 1º, II,
da CF);
c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma da lei complementar,
assegurada ampla defesa (art. 41, § 1º, III, da CF);
d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo e inativo, desde que as medidas previstas
no art. 169, § 3º, da CF, não surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4º, da CF).

- Estabilidade e estágio probatório


A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que preencher os requisitos estabelecidos na CF,
que lhe garante a permanência no serviço.
O servidor estabilizado, que tiver seu cargo extinto, não estará fora da Administração Pública, porque
a CF lhe garante estabilidade no serviço e não no cargo. O servidor é colocado em disponibilidade
remunerada, seguindo o disposto no art. 41, § 3.º, da Constituição, com redação dada pela Emenda
Constitucional n. 19 – a remuneração é proporcional ao tempo de serviço. Antes da emenda, a
remuneração era integral.
O servidor aprovado em concurso público de cargo regido pela lei 8112/90 e consequentemente
nomeado passará por um período de avaliação, terá o novo servidor que comprovar no estágio probatório
que tem aptidão para exercer as atividades daquele cargo para o qual foi nomeado em tais fatores:
a) Assiduidade;
b) Disciplina;
c) Capacidade de iniciativa;
d) Produtividade;
e) Responsabilidade.

20
FILHO, José dos Santos de Carvalho. Manual de Direito Administrativo. Editora Atlas. 27ª edição. 2014.

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ATENÇÃO: atualmente o prazo mencionado de 3 anos de efetivo exercício para o servidor público
(de forma geral), adquirir estabilidade é o que está previsto na Constituição, que foi alterado após a
Emenda nº 19/98. Embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 2 anos, para que o servidor
adquira estabilidade devemos considerar que o correto é o texto inserido na Constituição Federal.
Como não houve uma revogação expressa de tais normas elas permanecem nos textos legais, mesmo
que na prática não são aplicadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas).
As cortes superiores consideraram os institutos do estágio probatório e da estabilidade
indissociáveis, não havendo sentido na existência de prazo distinto para os dois institutos, concluindo
que o art. 41 da CF é imediatamente aplicável, reafirmando que o prazo para aquisição da estabilidade
é de três anos, durante os quais o servidor encontra-se em estágio probatório, mesmo diante da
previsão do prazo de dois anos constante do art. 20 da Lei nº 8.112/90 (MS 12.523-DF, Rei. Min. Felix
Fischer, j. em 22-4-09). No mesmo sentido, acórdão do STF, n° AI 754802 ED-AgR/DF, rei. Min. Gilmar
Mendes, j. 7-6-11.
Assim, a jurisprudência tem aplicado interpretação harmônica ao direito infraconstitucional
considerando o prazo comum de 3 (três) anos para a garantia da estabilidade nos termos
constitucionais, repercutindo no período de estágio probatório.
"EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚBLICO. ESTABILIDADE E ESTÁGIO PROBATÓRIO.
PRAZO COMUM DE TRÊS ANOS. PRECEDENTES. 1. O Supremo Tribunal Federal assentou
entendimento no sentido de que “a Emenda Constitucional 19/1998, que alterou o art. 41 da
Constituição Federal, elevou para três anos o prazo para a aquisição da estabilidade no serviço público
e, por interpretação lógica, o prazo do estágio probatório” (STA 269, Rel. Min. Gilmar Mendes).
Precedentes. 2. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 3. Agravo regimental
a que se nega provimento."

- Requisitos para adquirir estabilidade:


a) estágio probatório de três anos;
b) nomeação em caráter efetivo;
c) aprovação em avaliação especial de desempenho.

Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem a maior garantia de permanência a seus
ocupantes. Somente através de processo judicial, como regra, podem os titulares perder seus cargos (art.
95, I, CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do vínculo por exclusivo processo administrativo
(salvo no período inicial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade configura-se como
verdadeira prerrogativa para os titulares dos cargos dessa natureza e se justifica pela circunstância de
que é necessária para tornar independente a atuação desses agentes, sem que sejam sujeitos a pressões
eventuais impostas por determinados grupos de pessoas.21
Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil:
- Magistrados (Art. 95, I, CF);
- Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF);
- Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).

Por se tratar de prerrogativa de sede constitucional, em função da qual cabe ao Constituinte aferir a
natureza do cargo e da função para atribuí-la, não podem Constituições Estaduais e Leis Orgânicas
municipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com a garantia da vitaliciedade.
Consequentemente, apenas Emenda à Constituição Federal poderá fazê-lo.22

Questões

01. (TRT 8ª Região - Técnico Judiciário - CESPE/2016) No que diz respeito aos agentes públicos,
assinale a opção correta
(A) Permite-se que os gestores locais do Sistema Único de Saúde admitam agentes comunitários de
saúde e agentes de combate às endemias por meio de contratação direta.
(B) Não se permite o acesso de estrangeiros não naturalizados a cargos, empregos e funções públicas.
(C) O prazo de validade de qualquer concurso público é de dois anos, prorrogável por igual período.

21
FILHO, José dos Santos de Carvalho. Manual de Direito Administrativo. Editora Atlas. 27ª edição. 2014.
22
FILHO, José dos Santos de Carvalho. Manual de Direito Administrativo. Editora Atlas. 27ª edição. 2014.

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(D) As funções de confiança somente podem ser exercidas pelos servidores ocupantes de cargo
efetivo.
(E) Como os cargos em comissão destinam-se à atribuição de confiança, não há previsão de
percentual mínimo de preenchimento desses cargos por servidores efetivos.

02. (SUPEL/RO - Engenharia Civil - FUNCAB/2016) Os agentes públicos cujos cargos são providos
por nomeação política, sem concurso público, com atribuições de direção, chefia e assessoramento e que
são passíveis de exoneração imotivada são os:
(A) ocupantes de cargo comissionado.
(B) contratados temporários.
(C) empregados públicos.
(D) agentes honoríficos.
(E) agentes políticos.

03. (IBGE - Analista de Processos Administrativos - FGV/2016) Em matéria de regime jurídico dos
agentes públicos, especificamente quanto aos cargos em comissão e às funções de confiança, a
Constituição da República dispõe que:
(A) ambos são exercidos por cinquenta por cento de servidores de carreira e cinquenta por cento de
pessoas não concursadas com livre nomeação e exoneração;
(B) ambos são exercidos exclusivamente por servidores de carreira e destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento;
(C) os cargos em comissão são providos exclusivamente por pessoas não concursadas, com livre
nomeação e exoneração e para atribuições de direção, chefia e assessoramento;
(D) as funções de confiança são exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo;
(E) os cargos em comissão são providos exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo.

04. (PGFN - Procurador da Fazenda Nacional - ESAF) Sobre os servidores públicos, assinale a
opção incorreta.
(A) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores
aos pagos pelo Poder Executivo.
(B) O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar.
(C) É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público.
(D) A administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei.
(E) A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público.

05. (Pref. de Cuiabá/MT - Agente da Saúde - FGV) Após aprovação em concurso público, o servidor
nomeado para o cargo de provimento efetivo só adquire estabilidade depois do estágio probatório, que
corresponde a um período de:
(A) 24 meses.
(B) 30 meses.
(C) 36 meses.
(D) 42 meses.
(E) 48 meses.

06. (TRT/PR - Analista Judiciário - FCC) No que se refere às regras constitucionais aplicáveis à
Administração pública, é VEDADO
(A) promover a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos sempre na mesma data.
(B) contratar servidor ou pessoal por tempo determinado.
(C) exigir qualificação técnica e econômica, indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações,
para contratar com o Poder Público.
(D) acumular dois cargos ou empregos privativos de profissionais da saúde, caso haja compatibilidade
de horário.
(E) vincular ou equiparar espécie remuneratória para efeito de remuneração pessoal do serviço
público.

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07. (Pref. de Caieiras/SP - Assistente Legislativo - VUNESP) A contratação por tempo determinado
(A) é admitida durante todo o período eleitoral.
(B) é admitida em todas as circunstâncias em que haja interesse público.
(C) depende da discricionariedade e vontade do administrador público.
(D) é admitida para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público.
(E) não é admitida pela Constituição Federal.

08. (TC/DF - Técnico de Administração - CESPE) No que se refere aos agentes públicos e aos
dispositivos da Lei Complementar n.º 840/2011, julgue os seguintes itens.

Em obediência ao princípio da soberania nacional, os estrangeiros somente poderão ocupar funções


públicas de caráter transitório e sem vínculo estatutário.
( ) Certo ( ) Errado

09. (SEPLAG/MG - Gestor de Transportes e Obras - IBFC) Caio, servidor público, foi eleito para
exercer o mandato eletivo de Vereador. Nessa hipótese, a Constituição da República dispõe que Caio:
(A) Deverá ficar afastado de seu cargo, percebendo cumulativamente as vantagens de seu cargo de
servidor com a remuneração do cargo eletivo.
(B) Deverá perceber somente a remuneração do cargo de Vereador, pois não lhe é permitido optar a
remuneração que pretende receber, se houver incompatibilidade de horários.
(C) Perceberá as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, desde que
haja compatibilidade de horários.
(D) Será imediatamente afastado de seu cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração,
independentemente da possibilidade de cumular o exercício das duas funções.

10. (DPE/MS - Defensor Público - VUNESP) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
(A) aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros,
na forma da lei.
(B) aos brasileiros e aos estrangeiros, igualmente, nos termos específicos previstos nas leis de cada
ente federativo.
(C) aos brasileiros que preencham os requisitos previstos em lei, excluindo-se qualquer forma de
acesso por estrangeiros.
(D) aos brasileiros que preencham os requisitos legais e aos estrangeiros, se houver reciprocidade em
favor dos brasileiros no exterior.

11 (CEASA/CAMPINAS - Advogado - SHDIAS) Entre os princípios e regras constitucionais aplicáveis


aos servidores públicos, é CORRETO afirmar:
(A) Pela Constituição Federal, não há impedimento à Administração que, durante o prazo de validade
de um concurso de ingresso no serviço público, outro seja aberto, levado a efeito e classificados os
aprovados.
(B) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos em lei e aos estrangeiros naturalizados, na forma da lei.
(C) O concurso restrito ou interno somente tem respaldo constitucional quando utilizado para elevação
de servidores na carreira ou para ascensão funcional, na forma da lei.
(D) A Constituição Federal, com a redação da Emenda Constitucional 19/98 estipulou como prazo de
validade do concurso o prazo de dois anos, não podendo ser inferior a tal período.

12. (Câmara Municipal/RJ - Analista Legislativo – Pref. do Rio de Janeiro) O regime jurídico
funcional que visa disciplinar a categoria dos servidores temporários denomina- se:
(A) regime especial
(B) regime jurídico único
(C) regime jurídico híbrido
(D) regime trabalhista

13. (SC/CE - Analista de Desenvolvimento Urbano - FUNCAB) A respeito do regime jurídico dos
servidores públicos, é correto afirmar:
(A) Os cargos em comissão, de ocupação transitória, são de livre nomeação e exoneração.
(B) Somente podem ser contratados sob o regime estatutário.

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(C) Seus litígios com a Administração Pública serão dirimidos pela Justiça do Trabalho, tanto no caso
de emprego, quanto no de cargo público.
(D) Os servidores temporários possuem vínculo trabalhista obrigatoriamente disciplinado pela CLT.
(E) Inexiste vedação ao chamado nepotismo cruzado.

14. (HEMOBRÁS - Analista de Gestão Administrativa - CESPE) Julgue os itens a seguir acerca dos
servidores públicos.
A criação, transformação ou extinção de cargos, empregos ou funções públicas é competência do
presidente da República, realizada por intermédio de decretos.
( ) Certo ( ) Errado

15. (FNDE - Técnico em Financiamento - CESPE) Com relação a agente público, cargo e emprego
público, julgue os itens subsequentes.
Como regra, a criação, a transformação e a extinção de cargos, empregos e funções públicas somente
podem ocorrer por lei.
( ) Certo ( ) Errado

16. (Câmara Legislativa do Distrito Federal – FCC/2018) O conceito de agente público na extensão
a este atualmente conferida pela Constituição da República, predica que:
(A) os militares, a partir da edição da Emenda Constitucional n° 20/98, não mais se enquadram na
definição de agentes públicos, sujeitos que estão a regime jurídico próprio, diverso dos servidores
públicos.
(B) os particulares que atuam em colaboração com a Administração, tais como aqueles convocados
para prestação de serviço eleitoral, são agentes públicos, na medida em que exercem função pública,
embora não se enquadrem na categoria de agente administrativo.
(C) são considerados agentes administrativos apenas os detentores de mandato eletivo e seus
auxiliares diretos, também denominados agentes políticos, diversamente dos agentes públicos que detém
vínculo funcional com a Administração, denominados servidores públicos.
(D) os ocupantes de cargo em comissão de livre nomeação e exoneração, assim como os temporários
e os empregados públicos são considerados agentes administrativos, em contraposição aos ocupantes
de cargo efetivo, cuja natureza do vínculo confere apenas a estes últimos a condição de agentes públicos.
(E) os agentes políticos ocupantes de cargo efetivo provido por meio de mandato eletivo não são
considerados servidores públicos para fins previdenciários, embora se enquadrem na categoria de
agentes administrativos.

Gabarito

01.D / 02.A / 03.D / 04.B / 05.C / 06.E / 07.D / 08.Errado / 09.C / 10.A / 11.A / 12.A / 13.A /
14.Errado / 15.Certo / 16.B

Comentários

01. Resposta: D
Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento.

02. Resposta: A
CF/88
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na

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forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração.
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento.

03. Resposta: D
Conhecidos popularmente como “cargos de confiança”, os cargos em comissão ou comissionados
estão reservados a atribuições de direção, chefia e assessoramento (art. 37, V, da CF). Qualquer outra
atribuição de função a comissionados – e que não envolva direção, chefia ou assessoramento – deve ser
considerada como inconstitucional.
Tais cargos são acessíveis sem concurso público, mas providos por nomeação política. De igual modo,
a exoneração é ad nutum, podendo os comissionados ser desligados do cargo imotivadamente, sem
necessidade de garantir contraditório, ampla defesa e direito ao devido processo legal.

04. Resposta: B
Art. 37, CF. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;

05. Resposta: C
Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.
Muita atenção: Embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 24 meses para que o servidor
adquira estabilidade devemos considerar que o correto é o texto inserido na Constituição Federal. Como
não houve uma revogação expressa de tais normas elas permanecem nos textos legais, mesmo que na
prática não são aplicadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas normas). A justificativa?
Eis um prazo previsto na Constituição Federal, nossa Lei Maior.

06. Resposta: E
CF/88
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público.

07. Resposta: D
Art. 37 da CF: IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público;

08. Resposta: Errado


Valendo-se do que está disciplinado no artigo 37, inciso I, da Constituição Federal, a questão de fato
está errada, Vejamos:
Art. 37, I, CF – Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;

09. Resposta: C
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego
ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração;

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III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens
de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;

10. Resposta: A
Art. 37 I, CF os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham
os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.

11. Resposta: A
a) CORRETO. A CF não veda a realização de novo concurso, porém deve ser observado o disposto
no art. 37, IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;
b) ERRADO. Art. 37, I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que
preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
c) ERRADO.
d) ERRADO. Art. 37, III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável
uma vez, por igual período.

12. Resposta: A
Hely Lopes Meirelles ensina que “os contratados por prazo determinado são os servidores públicos
submetidos ao regime jurídico administrativo especial da lei prevista no art. 37, IX, da Carta Magna, bem
como ao regime geral de previdência social.”

13. Resposta: A
Artigo 37, II CF - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração.

14. Resposta: Errado


Constituição Federal
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos,
na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento
de sua remuneração.

15. Resposta: Certo


Constituição Federal
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta
para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre:
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que
estabelece o art. 84, VI, b;

16.Resposta:B
Particulares em colaboração: os particulares em colaboração com a Administração constituem uma
classe de agentes públicos, em regra, sem vinculação permanente e remunerada com o Estado. São
agentes públicos, mas não integram a Administração e não perdem a característica de particulares.
Exemplos: jurados, recrutados para o serviço militar, mesário de eleição.

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AGENTES PÚBLICOS – Regime Jurídico

Regime jurídico

Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de princípios e regras referentes a direitos,
deveres e demais normas que regem a vida funcional do servidor. A lei que reúne estas regras é
denominada de Estatuto e o regime jurídico passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário.

Para Medauar23, “Ao se mencionar regime jurídico dos servidores, cogita-se do modo como o
ordenamento disciplina seus vínculos com o Poder Público, quanto a direitos, deveres e vários aspectos
da sua vida funcional”.

No âmbito de cada pessoa política - União, Estados, Distrito Federal e Municípios - há um Estatuto. A
Lei nº 8.112 de 11/12/1990, com suas alterações, estabeleceu que o regime jurídico Estatutário é o
aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas federais,
ocupantes de cargos públicos.
No âmbito federal, a Lei nº 9.962, de 22.02.2000, disciplina o regime de emprego público da
Administração federal direta, autárquica e fundacional, dispondo que o pessoal admitido para emprego
público terá sua relação de trabalho regida pela CLT (art.1º, caput). Porém, esse regime fica vedado aos
ocupantes de emprego público, os cargos públicos de provimento em comissão, bem como os servidores
regidos pela lei 8.112/90.

Regime Estatutário: É o conjunto de regras que regula a relação jurídica funcional entre o servidor
público estatutário e o Estado. São servidores públicos estatutários tanto os servidores efetivos (aqueles
aprovados em concursos públicos) quanto os servidores comissionados ou de provimento em comissão
(esses cargos detêm natureza de ocupação provisória, caracterizados pela confiança depositada pelos
administradores em seus ocupantes, podendo seus titulares, por conseguinte, ser afastados ad nutum, a
qualquer momento, por conveniência da autoridade nomeante. Não há que se falar em estabilidade em
cargo comissionado).
As regras básicas desse regime devem estar contidas em lei que possui duas características:
1ª) Pluralidade normativa, indicando que os estatutos funcionais são múltiplos.
2º) Natureza da relação jurídica estatutária. Portanto, não tem natureza contratual, haja vista que a
relação é própria do Direito Público.

Regime Trabalhista: É constituído de normas que regulam a relação jurídica entre o Estado e o
empregado. O regime em tela está amparado na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT - (Decreto-
Lei nº 5.452, de 01/05/43), razão pela qual essa relação jurídica é de natureza contratual.

Regime Especial: Visa disciplinar uma categoria específica de servidores: Os servidores temporários.
A Constituição Federal remeteu para a lei a disposição dos casos de contratação desses servidores.
Os pressupostos do Regime Especial são:
- Determinabilidade temporal da contratação (prazo determinado);
- Temporariedade da função;
- Excepcionalidade do interesse público que obriga o recrutamento.

Formas de provimento

Segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a
designação de seu titular. Podendo ser:
a) originário ou inicial: quando o agente não possui vinculação anterior com a Administração Pública;
b) derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a Administração.

Subdivide-se em:
a) horizontal: ocorre de um cargo para outro sem ascensão na carreira;
b) vertical: o provimento se dá com ascensão na carreira.

23
MEDAUAR, Odete, Direito Administrativo Moderno, 21ª edição,2018.

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1528209 E-book gerado especialmente para NATASCHA SIMOES FRANCK
Divide-se nas seguintes formas:

a) nomeação: é o único caso de provimento originário, já que o servidor dependerá da aprovação


prévia em concurso público e não possuirá relação anterior com o Estado, conforme o art. 9 da lei
8.112/90.

b) promoção: esta, por sua vez, é forma de provimento derivado (neste caso o agente público já se
encontra ocupando o cargo) onde o servidor passará a exercer um cargo mais elevado dentro da carreira
exercida.

c) readaptação: também é forma de provimento derivado onde o servidor que sofreu alguma limitação
física ou mental será readaptado a exercer uma outra função, desde que haja disponibilidade de vaga
(caso contrário, exercerá suas funções como excedente, até a ocorrência de vaga).

d) reversão: é o retorno do servidor aposentado. É possível em duas hipóteses:


-No caso de aposentadoria por invalidez, o servidor retornará à função anteriormente exercida quando
a junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; OU
-No interesse da Administração, desde que: tenha solicitado a reversão; a aposentadoria tenha sido
voluntária; estável quando na atividade; a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à
solicitação; exista cargo vago.

e) aproveitamento: é o retorno do servidor posto em disponibilidade a um cargo com atribuições e


vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.

f) reintegração: trata-se do retorno do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo


resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
com ressarcimento de todas as vantagens, conforme estabelecem os artigos 28 da Lei n. 8.112/90 c/c
art. 41, § 2º, da CF.
Caso seja extinto o cargo, o servidor será posto em disponibilidade, sendo possível seu aproveitamento
em outro cargo. Caso o cargo esteja provido, três situações poderão ocorrer seu atual ocupante:
-será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização; ou
-aproveitado em outro cargo; ou
-posto em disponibilidade.

g) recondução: é a volta do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado. Ela se dará nas
seguintes hipóteses:
-inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; ou
-reintegração do anterior ocupante.

Vacância

A vacância24 é a situação do cargo que está sem ocupante. Vários fatos levam à vacância, entre os
quais: o servidor pediu o desligamento (exoneração a pedido); o servidor foi desligado do cargo em
comissão ou não iniciou exercício (exoneração ex officio); o servidor foi punido com a perda do cargo
(demissão); o servidor passou a exercer outro cargo ante limitações em sua capacidade física ou mental
(readaptação); aposentadoria ou morte do servidor; acesso ou promoção.

Para Di Pietro25, Vacância é o ato administrativo pelo qual o servidor é destituído do cargo, emprego
ou função.
Decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e falecimento. O artigo 33 da Lei
8.112/90, com alteração decorrente da Lei 9.527/97, prevê ainda a readaptação e a posse em outro cargo
inacumulável. Mas a ascensão e a transformação deixaram de existir por força da Lei 9.527/97.
A exoneração não é penalidade; ela se dá a pedido ou ex officio, neste caso quando se tratar de cargo
em comissão ou função de confiança; no caso de cargo efetivo, quando não satisfeitas as exigências do
estágio probatório ou quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo
estabelecido.

24
MEDAUAR, Odete, Direito Administrativo Moderno, 21ª edição,2018.
25
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª edição, 2018

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1528209 E-book gerado especialmente para NATASCHA SIMOES FRANCK
Já a demissão constitui penalidade decorrente da prática de ilícito administrativo; tem por efeito
desligar o servidor dos quadros do funcionalismo.
A promoção é, ao mesmo tempo, ato de provimento no cargo superior e vacância no cargo inferior.
A readaptação, segundo artigo 24 da 8.112/90, “é a investidura do servidor em cargo de atribuições e
responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental
verificada em inspeção médica”.

Direitos e vantagens

Os direitos e vantagens dos servidores públicos, quais sejam: vencimento, indenizações, gratificações,
diárias, adicionais, férias, licenças, concessões e direito de petição.
Indenizações: de acordo com o art. 51 da Lei nº 8.112/90 as indenizações são constituídas pela ajuda
de custo, diárias, transporte e auxílio moradia.
Diárias: essa prerrogativa está regulamentada no art. 58 da Lei nº 8.112/90. É devida ao servidor que
se afastar da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o
exterior. São destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada, alimentação
e locomoção urbana.
Gratificações e Adicionais: são tratados no art. 61 da Lei nº 8.112/90 que as discrimina, a saber:
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento, gratificação natalina, adicional
pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas, adicional pela prestação de serviço
extraordinário, adicional noturno, adicional de férias, outros (relativos ao local ou à natureza do trabalho),
gratificação por encargo de curso ou concurso.
Férias: é um direito que o servidor alcança após cumprir o período aquisitivo (12 meses). Consiste em
um período de 30 dias de descanso que podem ser cumuladas até o máximo de dois períodos, bem como
podem ser parceladas em até três etapas.
Licenças: de acordo com o art. 81 da referida lei a licença é concedida por motivo de doença em
pessoa da família, de afastamento do cônjuge ou companheiro, para o serviço militar, para a atividade
política, para capacitação, para tratar de interesses particulares e para desempenho de mandato
classista.
Concessões: existem quando é permitido ao servidor se ausentar sem ter que arcar com quaisquer
prejuízos. O art. 97 da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão, vejamos: por um dia para
doação de sangue, pelo período comprovadamente necessário para alistamento ou recadastramento
eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois dias, por oito dias consecutivos em razão de casamento,
falecimento de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda
ou tutela ou irmãos.
Direito de Petição: o direito de petição existe para a defesa do direito ou interesse legítimo. É
instrumento utilizado pelo servidor e dirigido à autoridade competente que deve decidir.

Deveres, Proibições e Responsabilidades

Deveres
Os estatutos listam condutas e proibições a serem observadas pelos servidores, configurando, umas
e outras, os seus deveres como dois lados da mesma moeda. Por exemplo: a proibição de proceder de
forma desidiosa equivale ao dever de exercer com zelo as atribuições do cargo. Por isso, podem ser
englobados sob a rubrica “deveres” os que os estatutos assim intitulam e os que os estatutos arrolam
como proibições.

Os deveres mencionados a seguir não abarcam todos aqueles indicados nos estatutos, pois a atenção
se voltará aos mais genéricos e comuns.

- Dever de Agir: O administrador público tem o dever de agir, ele tem por obrigação exercitar esse
poder em benefício da comunidade. Esse poder é irrenunciável. Buscando portanto zelar prelo princípio
da continuidade do serviço. Ex.: O prefeito da cidade “X” não pode deixar de praticar atos de seu dever
funcional (zelar pelo meio ambiente, promover limpeza da cidade, saneamento básico etc.).
- Dever de Probidade: A probidade é um elemento essencial na conduta do agente público necessária
à legitimidade (validade) do ato administrativo. O administrador ao desempenhar suas atividades deve
atuar em consonância (harmonia) com os princípios da moralidade e da honestidade. É um dever pautado
na ética e moral.

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1528209 E-book gerado especialmente para NATASCHA SIMOES FRANCK
Em contrapartida, a improbidade relaciona-se ao ato praticado pelo administrador que importa
enriquecimento ilícito; lesão ao erário; ato decorrente de concessão ou aplicação indevida de benefício
financeiro ou tributário e aos atos que atenta contra os princípios da administração pública.
Importante ressaltar que a Administração poderá invalidar o ato administrativo praticado com lesão aos
bens e interesses da coletividade.
- Dever de Prestar Contas: É dever de todo administrador público prestar contas em decorrência da
gestão de bens e interesses alheios, nesse caso, de bens e interesses coletivos. Ex. a cidade “X” recebe
verba destinado à saúde, sendo assim terá que ter uma prestação de contas por parte do responsável
para falar o seguinte, olha eu gastei “Y” com cirurgias, “Z” com insumos e assim por diante.
- Dever de Eficiência: Cabe ao agente público realizar suas atribuições com presteza, perfeição e
rendimento funcional.
- Dever de Urbanidade: Significa26 tratar com educação e respeito os colegas de trabalho e o público
em geral. No local de trabalho, torna-se necessário manter ambiente adequado à realização das
atividades, para que estas não sejam interrompidas ou dificultadas por exasperações emocionais,
grosserias, ofensas verbais ou físicas.
- Dever de Assiduidade: Ligado27 ao adequado desempenho das atribuições do cargo, significa a
imposição, ao servidor, de comparecimento ao local de trabalho, nos dias e horários determinados. Em
geral, inclui-se no dever de assiduidade o de pontualidade.

Proibições
De acordo com o estatuto federal, aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
fundações públicas federais, ocupantes de cargos público, seu artigo 117 traz um rol de proibições sendo
elas:
- ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;
- retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição;
- recusar fé a documentos públicos;
- opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço;
- promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
- cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
- coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
partido político;
- manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
até o segundo grau civil;
- valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função
pública;

- participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada,


exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
A essa vedação existe duas exceções, já que o servidor poderá:
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União
detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída
para prestar serviços a seus membros;
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 (8.112), observada a
legislação sobre conflito de interesses.

- atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
companheiro;
- receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
- aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
- praticar usura sob qualquer de suas formas;
- proceder de forma desidiosa;
- utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;
- cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias;
26
MEDAUAR, Odete, Direito Administrativo Moderno, 21ª edição,2018.
27
Idem

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- exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho;
- recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

Responsabilidade dos Agentes Públicos


No que diz respeito à responsabilidade dos servidores, podemos dizer que ao exercer funções
públicas, os servidores públicos não estão desobrigados de se responsabilizar por seus atos, tanto atos
públicos quanto atos administrativos, além dos atos políticos, dependendo de sua função, cargo ou
emprego.
Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade administrativa, ou seja, enquanto houver
exercício irregular de direito ou de poder a responsabilidade deve estar presente. É uma forma de manter
a soberania e a autenticidade dos órgãos públicos.
Quanto o Estado repara o dano, fica com direito de regresso contra o responsável, isto é, com o direito
de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causou o dano.
Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilidade estatal, configura-se na pretensão
do Estado em buscar do seu agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez
desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização à vítima. Nesse aspecto, o direito de
regresso é o direito assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o
agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa ou dolo.

O agente público poderá ser responsabilizado nos âmbitos civil, penal e administrativo.

a) Responsabilidade Civil: Neste caso, responsabilidade civil se refere à responsabilidade


patrimonial, que faz referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a regra geral da responsabilidade civil,
que é de reparar o dano causado a outrem. O órgão público, confirmada a responsabilidade de seus
agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do Texto Maior, é "assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa", descontará nos vencimentos do servidor público,
respeitando os limites mensais, a quantia exata para o ressarcimento do dano.
b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade administrativa é apurada em processo
administrativo, assegurando-se ao servidor o contraditório e a ampla defesa. Uma vez constatada a
prática do ilícito administrativo, ficará o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que
poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição
de cargo em comissão ou destituição de função comissionada. A penalidade deve sempre ser motivada
pela autoridade competente para sua aplicação, sob pena de ser nula. Na motivação da penalidade,
devem estar presentes os motivos de fato (os atos irregulares praticados pelo servidor) e os motivos de
direito (os dispositivos legais ou regulamentares violados e a penalidade prevista). Se durante a apuração
da responsabilidade administrativa a autoridade competente verificar que o ilícito administrativo também
está capitulada como ilícito penal, deve encaminhar cópia do processo administrativo ao Ministério
Público, que irá mover ação penal contra o servidor
c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do servidor é a que resulta de uma conduta
tipificada por lei como infração penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções
imputadas ao servidor, nessa qualidade. Muitos dos crimes funcionais estão definidos no Código Penal,
artigos 312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva, a prevaricação etc. Outros estão
previstos em leis especiais federais. A responsabilidade penal do servidor é apurada em Juízo Criminal.
Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá uma sanção penal, que pode ser privativa de
liberdade (reclusão ou detenção), restritiva de direitos (prestação pecuniária, perda de bens e valores,
prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação
de fim de semana) ou multa (Código Penal, art. 32).
Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa da responsabilidade penal do servidor,
só terá reflexo na responsabilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo patrimonial
(ilícito civil).

A responsabilidade administrativa do servidor será afastada se, no processo criminal, o servidor for
absolvido por ter sido declarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu, não tenha sido
imputada sua autoria ao servidor. Notem que, se o servidor for absolvido por falta ou insuficiência de
provas, a responsabilidade administrativa não será afastada.

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1528209 E-book gerado especialmente para NATASCHA SIMOES FRANCK
Vejamos alguns julgados sobre o tema:

Desde que o servidor foi absolvido em processo criminal e nenhum resíduo restou sob o aspecto
administrativo, não se justifica a sua demissão (TJSP, in RDP 1 6/249) .

"A absolvição no crime produz efeito na demissão do funcionário desde que não haja resíduo a
amparar o processo administrativo" (STF, in RDA 5 1 / 1 77) .

"Se a decisão absolutória proferida no juízo criminal não deixa resíduo a ser apreciado na instância
administrativa, não há como subsistir a pena disciplinar" (STF, in RDA 123/2 1 6) .

"Se o inquérito administrativo se baseia tão s ó e m fato previsto como crime, a absolvição faz
desaparecer o motivo do procedimento administrativo, se do fato não restou resíduo para a pena
disciplinar" (STF, in RDP 34/ 1 3 1) .

Entretanto, o funcionário poderá ser punido pela Administração se, mesmo com a absolvição na esfera
criminal houver infração administrativa, que é a chamada falta residual, disposta na Súmula 18, do STF.

Súmula 18, do STF: Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é
admissível a punição administrativa do servidor público.

Questões

01. (IF/BA - Auxiliar em Administração – FUNRIO/2016). De acordo com o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, constitui forma de
provimento de cargo público a
(A) nomeação.
(B) chamada.
(C) indicação.
(D) ascensão.
(E) transferência.

02. (IF/BA - Assistente em Administração – FUNRIO/20016). De acordo com o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, o retorno do servidor
estável ao cargo anteriormente ocupado é definido como
(A) recondução.
(B) reversão.
(C) readaptação.
(D) promoção.
(E) transferência.

03. (IF/BA - Assistente em Administração – FUNRIO/2016). O regime jurídico dos servidores


públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, estabelece que somente
haverá posse nos casos de provimento de cargo por
(A) seleção simples.
(B) convocação.
(C) nomeação.
(D) reversão.
(E) alocação.

04. (IF/BA - Auxiliar em Administração – FUNRIO/2016). Segundo o regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, a vacância do cargo público
decorrerá, dentre outros motivos, por
(A) nomeação e promoção.
(B) transferência e demissão.
(C) promoção e ascensão.
(D) aposentadoria e nomeação.
(E) exoneração e demissão.

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05. (DPE/RJ - Técnico Superior Especializado – Administração - FGV) Pedro, servidor público
estadual do Poder Executivo, foi injustamente demitido por falta grave, após processo administrativo
disciplinar, sendo acusado de receber propina. Pedro buscou assistência jurídica na Defensoria Pública
e, após longo processo judicial, que durou quatro anos, o Poder Judiciário reconheceu que Pedro não
praticara o ato que lhe fora imputado, determinando seu retorno ao serviço, com ressarcimento dos
vencimentos e vantagens, bem como reconhecimento dos direitos ligados ao cargo. O nome dado à forma
de provimento de cargo determinada na decisão judicial é:
(A) nomeação.
(B) retorno.
(C) aproveitamento.
(D) reintegração.
(E) readaptação

Gabarito

01.A / 02.A / 03.C / 04.E / 05.D

Comentários

01. Resposta: A
Lei nº 8112/1990
Art. 8ºSão formas de provimento de cargo público:
I - nomeação;

02. Resposta: A
Lei nº 8112/1990
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante.

03. Resposta: C
Lei nº 8112/1990
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições,
os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados
unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei.
( )
§ 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação

04. Resposta: E
Lei nº 8112/1990
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
I - exoneração
II - demissão

05. Resposta: D
Art. 28, Lei 8112/90 A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente
ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão
administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.

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13 Poderes administrativos: poder hierárquico; 14 poder disciplinar; 15 poder
regulamentar; 16 poder de polícia; 17 uso e abuso do poder;

PODERES E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Poderes da Administração Pública

O poder administrativo representa uma prerrogativa especial de direito público (conjunto de normas
que disciplina a atividade estatal) outorgada aos agentes do Estado, no qual o administrador público para
exercer suas funções necessita ser dotado de alguns poderes.
Esses poderes podem ser definidos como instrumentos que possibilitam à Administração cumprir com
sua finalidade, contudo, devem ser utilizados dentro das normas e princípios legais que o regem.
Vale ressaltar que o administrador tem obrigação de zelar pelo dever de agir, de probidade, de prestar
contas e o dever de pautar seus serviços com eficiência. Mas o que seria cada um desses deveres?

- Dever de Agir: O administrador público tem o dever de agir, ele tem por obrigação exercitar esse
poder em benefício da comunidade. Esse poder é irrenunciável. Ex.: O prefeito da cidade “X” não pode
deixar de praticar atos de seu dever funcional (zelar pelo meio ambiente, promover limpeza da cidade,
saneamento básico etc.).
- Dever de Probidade: A probidade é um elemento essencial na conduta do agente público necessária
à legitimidade (validade) do ato administrativo. O administrador ao desempenhar suas atividades deve
atuar em consonância (harmonia) com os princípios da moralidade e da honestidade. É um dever pautado
na ética e moral.
Em contrapartida, a improbidade relaciona-se ao ato praticado pelo administrador que importa
enriquecimento ilícito; lesão ao erário; ato decorrente de concessão ou aplicação indevida de benefício
financeiro ou tributário e aos atos que atenta contra os princípios da administração pública.
Importante ressaltar que a Administração poderá invalidar o ato administrativo praticado com lesão aos
bens e interesses da coletividade.
- Dever de Prestar Contas: É dever de todo administrador público prestar contas em decorrência da
gestão de bens e interesses alheios, nesse caso, de bens e interesses coletivos. Ex. a cidade “X” recebe
verba destinado à saúde, sendo assim terá que ter uma prestação de contas por parte do responsável
para falar o seguinte, olha eu gastei “Y” com cirurgias, “Z” com insumos e assim por diante.
- Dever de Eficiência: Cabe ao agente público realizar suas atribuições com presteza, perfeição e
rendimento funcional.

Características e Subcaracterísticas dos Poderes Administrativos

Características
a) Obrigatoriedade: o administrador deve exercer os poderes obrigatoriamente, ou seja, o poder não
tem o exercício facultativo, não cabe ao administrador exercer juízo de valor sobre o exercício ou não do
poder.
b) Irrenunciabilidade: se o administrador público tem o dever de exercer o poder, ele não pode
renunciá-lo, já que essa atividade gerará benefícios para o bem comum. Fica mais claro quando
comparamos determinada situação, por ex. o particular tem o “poder de agir” facultativo, realiza a
atividade se quiser ou não, diferente quando o assunto é a atividade realizada pelo administrador público,
onde esse tem a obrigação de exercê-la.
Destacando que, se a Administração Pública deixar de exercê-lo haverá responsabilização por parte
do agente público;
c) Limitação legal: embora seja um poder irrenunciável e seu exercício seja obrigatório, o
administrador deve agir dentro dos limites legais, cumprir exatamente com o que a lei determina, sob
pena de ser responsabilizado.

Subcaracterísticas
a) Necessidade: o administrador deve, antes de agir, verificar se o ato é realmente necessário.
Ex.: 1º Determinada escola não cumpre com as regras de acessibilidade. É necessário fechá-la por
isso? Cidade X fará aniversário e a prefeitura realizará festa comemorativa. É necessário contratar cantor
famoso?

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Tais decisões são de caráter subjetivo, tendo em vista a análise do gestor público da real necessidade
em agir, no entanto, cumpre ressaltar que em toda decisão administrativa deve ser demonstrada a sua
necessidade.
b) Proporcionalidade: o ato deve ser proporcional à situação. Ato proporcional é a determinação de
adequação.
c) Adequação: proporcionalidade e adequação caminham juntas, por isso muitas vezes se
confundem. O agente público somente age nos limites da lei quando suas ações são pautadas por essas
três subcaracterísticas (necessidade, proporcionalidade e adequação). A ausência de uma ou mais
implica em excesso de poder, que resulta em responsabilização.

Espécies de Poderes

Poder Vinculado: quando o poder é vinculado, o administrador não tem possibilidade de exercer juízo
de valor, ou seja, não tem campo de discricionariedade. Ocorre quando a lei determinada que se atue de
determinada forma, não dando escolha para o agente.
Ex.: licença para construir. Se um cidadão cumpre com todos os requisitos legais, a licença deve ser
concedida, assim a concessão da licença é ato vinculado, não cabendo ao agente público deixar de
concede-la. Também é exemplo de poder vinculado, o poder que tem o agente público de instaurar
processo administrativo para averiguação de irregularidades cometidas por um servidor.

Poder Discricionário: contrariamente ao poder vinculado, o poder discricionário é aquele em que o


agente público pode exercer juízo de valor, ou seja pode analisar a conveniência e a oportunidade do ato
a ser praticado. Embora haja esse grau de liberdade, o poder discricionário também é delimitado pela lei,
porque é a própria lei que confere esse poder ao administrador público.
São exemplos de poder discricionário: a nomeação para cargo em comissão, uma vez que o
administrador irá nomear aquele que é de sua confiança. Também é exemplo de poder discricionário a
aplicação de penalidades. Acima vimos que a instauração do processo administrativo é poder vinculado.
Uma vez sendo verificado o ilícito, o agente que assim atuou deve ser punido. No mais a lei confere
algumas espécies de sanções, então, cabe ao administrador, de acordo com o juízo de conveniência e
oportunidade, escolher qual punição será aplicada.

Questões

01. (DPE/RS - Defensor Público - FCC) Sobre os poderes administrativos, é correto afirmar:
(A) Os atos administrativos decorrentes do exercício do poder discricionário não são passíveis de
apreciação judicial.
(B) A possibilidade de o administrador interpretar a lei equivale ao exercício do poder administrativo
discricionário.
(C) O poder administrativo discricionário pressupõe que a norma legal apresente conceitos jurídicos
indeterminados, mas determináveis.
(D) A doutrina dos motivos determinantes estabelece que o administrador deve enunciar os motivos
de fato que ensejaram o ato administrativo discricionário.
(E) O motivo, como pressuposto do ato administrativo decorrente do poder discricionário, poderá vir
expresso em lei ou deixado à escolha do administrador.

02. (TJ/RJ- Analista Judiciário - FGV) Prefeito municipal praticou ato administrativo escolhendo, por
meio de critérios de oportunidade e conveniência, quais ruas da cidade serão asfaltadas nos próximos
meses. Foi-lhe permitido estabelecer tais prioridades a partir do poder administrativo:
(A) vinculado;
(B) hierárquico;
(C) normativo;
(D) discricionário;
(E) regulamentar.

Gabarito

01.E / 02.D

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Comentários

01. Resposta: E
O poder discricionário é aquele que, editado debaixo da lei, confere ao administrador a liberdade para
fazer um juízo de conveniência e oportunidade. Assim, tem-se que o motivo é o porquê daquele ato
administrativo ser praticado, podendo estar tanto expresso na lei ou ser deixado á escolha do
administrador.

02. Resposta: D
A questão trata do poder discricionário onde estão presentes os critérios de conveniência e
oportunidade, isto é, há certa margem de liberdade quando da atuação do prefeito em escolher quais ruas
seriam asfaltadas nos próximos meses.

Poder Hierárquico: a Administração Pública é hierarquizada, ou seja, existe um escalonamento de


poderes entre as pessoas e órgãos. É pelo poder hierárquico que, por exemplo, um servidor está obrigado
a cumprir ordem emanada de seu superior desde que não sejam manifestamente ilegais. É também esse
poder que autoriza a delegação, a avocação, etc.
A lei é quem define as atribuições dos órgãos administrativos, bem como cargos e funções, de forma
que haja harmonia e unidade de direção. Percebam que o poder hierárquico vincula o superior e o
subordinado dentro do quadro da Administração Pública.

Compete ainda a Administração Pública:


a) editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), que tenham como objetivo ordenar a
atuação dos órgãos subordinados, pois refere-se a atos normativos que geram efeitos internos e não
devem ser confundidas com os regulamentos, por serem decorrentes de relação hierarquizada, não se
estendendo a pessoas estranhas;
b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obediência, salvo para os manifestamente ilegais;
c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o objetivo de verificar a legalidade de seus atos e o
cumprimento de suas obrigações, permitindo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenientes, seja
ex. officio (realiza algo em razão do cargo sem nenhuma provocação) ou por provocação dos
interessados, através dos recursos hierárquicos;
d) aplicar sanções em caso de cometimento de infrações disciplinares;
e) avocar atribuições, caso não sejam de competência exclusiva do órgão subordinado;
f) delegação de atribuições que não lhe sejam privativas.

Podemos perceber que a relação hierárquica é acessória da organização administrativa, permitindo a


distribuição de competências dentro da organização administrativa.
Exemplo: quando a própria lei atribui uma competência, com exclusividade, a alguns órgãos
administrativos, principalmente os colegiados, excluindo a influência de órgãos superiores.

A relação hierárquica encontra-se da seguinte forma:


- gradua a competência de cada um;
- coordena relações;
- subordina uns aos outros; e
- é uma relação estabelecida entre órgãos.

Com base nestas peculiaridades, poder hierárquico pode ser definido como o vínculo que subordina
uns aos outros órgãos do Poder Executivo, ponderando a autoridade de cada um.

Di Pietro28: “Nos Poderes Judiciário e Legislativo não existe hierarquia no sentido de relação de
coordenação e subordinação, no que diz respeito às suas funções institucionais. No primeiro, há uma
distribuição de competências entre instâncias, mas uma funcionando com independência em relação à
outra; o juiz da instância superior não pode substituir-se ao da instância inferior, nem dar ordens ou
revogar e anular os atos por este praticados. Com a aprovação da Reforma do Judiciário pela Emenda
Constitucional nº 45/2004, cria-se uma hierarquia parcial entre o STF e todos os demais órgãos do Poder
Judiciário, uma vez que suas decisões sobre matéria constitucional, quando aprovadas como súmulas,
nos termos do artigo 103-A, introduzido na Constituição, terão efeito vinculante para todos. O mesmo

28
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ªed. São Paulo: Atlas, 2014.

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ocorrerá com as decisões definitivas proferidas em ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações
declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual (art. 102, § 2º). No
Legislativo, a distribuição de competências entre Câmara e Senado também se faz de forma que haja
absoluta independência funcional entre uma e outra Casa do Congresso.”

Ressaltando por fim que, mediante decreto, será de competência do Presidente da República (art. 84
CF/88) versar sobre a organização e funcionamento da Administração Pública Federal, mas caso implicar
o aumento das despesas ou até mesmo na criação e extinção de órgãos públicos, será mediante lei.

Questões

01. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suplementar - FUNCAB/2016) No tocante aos poderes
administrativos pode-se afirmar que a delegação e avocação decorrem do poder:
(A) hierárquico.
(B) discricionário.
(C) disciplinar.
(D) regulamentar.
(E) de polícia.

02. (MPOG - Atividade Técnica - FUNCAB). Delegação e avocação são institutos relacionados ao
poder interno e permanente da Administração Pública denominada:
(A) disciplinar.
(B) restritivo.
(C) policial.
(D) consultivo.
(E) hierárquico.

03. (Câmara Municipal de Caruaru/PE - Analista Legislativo - FGC) A Administração Pública


escalona, em plano vertical, seus órgãos e agentes com o objetivo de organizar a função administrativa,
por meio do poder
(A) disciplinar.
(B) de polícia.
(C) regulamentar.
(D) hierárquico.
(E) vinculado.

Gabarito

01.A / 02.E / 03.D

Comentários

01. Resposta: A
O poder hierárquico é aquele conferido à autoridade administrativa para distribuir e escalonar funções
de seus órgãos, estabelecendo uma relação de coordenação e subordinação entre os servidores sob sua
chefia. Essa relação de subordinação (hierarquia) acarreta algumas consequências, como o dever de
obediência dos subordinados, a possibilidade de o superior delegar ou avocar atribuições e, também, a
de rever os atos dos seus subordinados.

02. Resposta: E
A avocação e a delegação são institutos que nascem do Poder Hierárquico:
a. Avocação: trata-se de forma de concentração de competência, na medida que o agente público
chama para si a competência de um subordinado. No Brasil, existe apenas a avocação vertical (de cima
para baixo). Tal espécie de avocação depende do vínculo de subordinação.
b. Delegação: trata-se de forma de distribuição de competência. O agente delega parte de sua
competência a um subordinado ou não subordinado, portanto, diferentemente da avocação, a delegação
não depende do vínculo de subordinação. É o caso, por exemplo, do oficial de justiça que cumpre os
mandados do colega que está de férias.

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03. Resposta: D
É o de que dispõe o Executivo para distribuição e escalonamento das funções de seus órgãos, ordenar
e rever a atuação de seus agentes estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu
quadro de pessoal.

Poder Disciplinar: para que a Administração possa se organizar é necessário que haja a possibilidade
de aplicar sanções aos agentes que agem de forma ilegal. A aplicação de sanções para o agente que
infringiu norma de caráter funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui de sanções penais
e sim de penalidades administrativas como advertência, suspensão, demissão, entre outras.
Estão sujeitos às penalidades os agente públicos quando praticarem infração funcional, que é aquela
que se relaciona com a atividade desenvolvida pelo agente.
Acima vimos que a aplicação de sanção é ato discricionário, ou seja, cabe ao administrador público
verificar qual a sanção mais oportuna e conveniente para ser aplicada ao caso concreto. Para tanto ele
deve considerar as atenuantes e as agravantes, a natureza e a gravidade da infração, bem como os
prejuízos causados e os antecedentes do agente público.
É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja motivada para que se possa controlar sua
regularidade.

Questões

01. (MPE/RN -Técnico do Ministério Público Estadual - COMPERVE/2017) Os poderes inerentes à


Administração Pública são necessários para que ela sobreponha a vontade da lei à vontade individual, o
interesse público ao privado. Nessa perspectiva,
(A) no exercício do poder disciplinar, são apuradas infrações e aplicadas penalidades aos servidores
públicos sempre por meio de procedimento em que sejam asseguradas a ampla defesa e o contraditório.
(B) no exercício do poder normativo, são editados decretos regulamentares estabelecendo normas
ultra legem, inovando na ordem jurídica para criar direitos e obrigações.
(C) o poder de polícia, apesar de possuir o atributo da coercibilidade, carece do atributo da
autoexecutoriedade, de modo que a Administração Pública deve sempre recorrer ao judiciário para
executar suas decisões.
(D) o poder conferido à Administração Pública é uma faculdade que a Constituição e a lei colocam à
disposição do administrador, que o exercerá de acordo com sua livre convicção.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia - CESPE/2016) Acerca dos poderes e deveres da administração
pública, assinale a opção correta.
(A) A autoexecutoriedade é considerada exemplo de abuso de poder: o agente público poderá impor
medidas coativas a terceiros somente se autorizado pelo Poder Judiciário.
(B) À administração pública cabe o poder disciplinar para apurar infrações e aplicar penalidades a
pessoas sujeitas à disciplina administrativa, mesmo que não sejam servidores públicos.
(C) Poder vinculado é a prerrogativa do poder público para escolher aspectos do ato administrativo
com base em critérios de conveniência e oportunidade; não é um poder autônomo, devendo estar
associado ao exercício de outro poder.
(D) Faz parte do poder regulamentar estabelecer uma relação de coordenação e subordinação entre
os vários órgãos, incluindo o poder de delegar e avocar atribuições.
(E) O dever de prestar contas aos tribunais de contas é específico dos servidores públicos; não é
aplicável a dirigente de entidade privada que receba recursos públicos por convênio.

03. (MPOG - Atividade Técnica - FUNCAB) A aplicação da penalidade de demissão a um servidor


público exemplifica o exercício de um dos poderes da Administração Pública. O referido poder denomina-
se
(A) de polícia.
(B) disciplinar.
(C) hierárquico.
(D) regulamentar.
(E) delegatório.

04. (MJ - Gerente de Projetos em Tecnologia da Informação - FUNCAB) São poderes cujo exercício
tem efeitos apenas no âmbito interno da Administração Pública:
(A) hierárquico e regulamentar.
(B) hierárquico e disciplinar.

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(C) disciplinar e regulamentar.
(D) regulamentar e de polícia.
(E) disciplinar e de polícia.

Gabarito

01.A / 02.B / 03.B / 04.B

Comentários

01. Resposta: A
O poder disciplinar é aquele conferido ao agente público para a aplicação de sanções aos agentes,
em decorrência de alguma infração disciplinar funcional. O poder disciplinar visa punir às pessoas sujeitas
à disciplina da Administração em razão da prática de infração administrativa, que deverão ser apuradas
através de processo administrativo, assegurando a ampla defesa e o contraditório.

02. Resposta: B
Poder disciplinar é o que cabe à administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades aos
servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa; é o caso dos estudantes de
uma escola pública.29

03. Resposta: B
Poder disciplinar é o poder atribuído a Administração Pública para aplicar sanções administrativas aos
seus agentes pela prática de infrações de caráter funcional. O poder disciplinar abrange somente as
sanções administrativas, como por exemplo, a advertência, a multa, a suspensão e a demissão.
Entretanto, não podemos esquecer que existem sanções penais e civis que podem ser aplicadas ao caso
concreto, embora não façam parte do poder disciplinar.

04. Resposta: B
Poder Hierárquico - É a relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes
administrativos, com distribuição de funções e a gradação de autoridade de cada um. Lembrando que
não há hierarquia entre a administração direta e indireta.
Poder Disciplinar - O poder disciplinar é o poder-dever de punir internamente as infrações funcionais
dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. Não se
aplica penalidade administrativa sem o devido processo administrativo.

Poder Regulamentar ou Poder Normativo: é o poder que tem os chefes do Poder Executivo de criar
regulamentos, de dar ordens e de editar decretos, com a finalidade de oferecer fiel execução à lei, sendo
portanto privativa dos Chefes do Executivo e, em princípio, indelegável.
Podemos dizer então que esse poder, são normas internas da Administração. Como exemplo temos a
seguinte disposição constitucional (art. 84, IV, CF/88):

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...]


IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
sua fiel execução.

De acordo com Mazza30 “O poder regulamentar enquadra-se em uma categoria mais ampla
denominada poder normativo, que inclui todas as diversas categorias de atos gerais, tais como:
regimentos, instruções, deliberações, resoluções e portarias”.

A função do poder regulamentar é estabelecer detalhes quanto ao modo de aplicação de dispositivos


legais, dando maior clareza aos comandos gerais de caráter abstratos presentes na lei.
- Os atos gerais são os atos como o próprio nome diz, geram efeitos para todos (erga omnes); e
- O caráter abstrato é aquele onde há uma relação entre a circunstância ou atividade que poderá
ocorrer e a norma regulamentadora que disciplina eventual atividade.

29
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ªed. São Paulo: Atlas, 2014.
30
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição. 2014.

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Para Mazza31 “existem casos raros em que os atos regulamentares são gerais e concretos, como
ocorre com os regulamentos revogadores expedidos com a finalidade específica de extinguir ato
normativo anterior. Trata-se, nessa hipótese, de ato geral e concreto porque se esgota imediatamente
após cumprir a tarefa de revogar o regulamento pretérito”.

Tal privatividade, enunciada no art. 84, caput, da Constituição Federal, é coerente com a regra prevista
no art. 13, I, da Lei nº 9.784/99, segundo a qual não pode ser objeto de delegação a edição de atos de
caráter normativo. Entretanto, o parágrafo único do art. 84 da Constituição Federal prevê a possibilidade
de o Presidente da República delegar aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União a competência para dispor, mediante decreto, sobre:

A) Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa


nem criação ou extinção de órgãos públicos; e
B) Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Deve-se considerar as hipóteses do art. 84, parágrafo único, da CF, como os únicos casos admitidos
de delegação de competência regulamentar.
Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente dotadas de competência para estabelecer
regras disciplinando os respectivos setores de atuação. É o denominado poder normativo das agências.
Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao cumprimento do princípio da legalidade na
medida em que os atos normativos expedidos pelas agências ocupam posição de inferioridade em relação
à lei dentro da estrutura do ordenamento jurídico.
Além disso, convém frisar que não se trata tecnicamente de competência regulamentar porque a
edição de regulamentos é privativa do Chefe do Poder Executivo (art. 84, IV, da CF). Por isso, os atos
normativos expedidos pelas agências reguladoras nunca podem conter determinações, simultaneamente,
gerais e abstratas, sob pena de violação da privatividade da competência regulamentar.
Portanto, é fundamental não perder de vista dois limites ao exercício do poder normativo decorrentes
do caráter infralegal dessa atribuição, que são:
A) Os atos normativos não podem contrariar regras fixadas na legislação ou tratar de temas que não
foram objeto de lei anterior;
B) É vedada a edição, pelas agências, de atos administrativos gerais e abstratos.

Questões

01. (PC/AC - Escrivão de Polícia Civil - IBADE/2017) Considerando os Poderes e Deveres da


Administração Pública e dos administradores públicos, é correta a seguinte afirmação:
(A) O dever-poder normativo viabiliza que o Chefe do Poder Executivo expeça regulamentos para a
fiel execução de leis.
(B) O dever-poder de polícia, também denominado de dever-poder disciplinar ou dever-poder da
supremacia da administração perante os súditos, é a atividade da administração pública que, limitando
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
(C) Verificado que um agente público integrante da estrutura organizacional da Administração Pública
praticou uma infração funcional, o dever-poder de polícia autoriza que seu superior hierárquico aplique
as sanções previstas para aquele agente.
(D) O dever-poder de polícia pressupõe uma prévia relação entre a Administração Pública e o
administrado. Esta é a razão pela qual este dever-poder possui por fundamento a supremacia especial.
(E) A possibilidade do chefe de um órgão público emitir ordens e punir servidores que desrespeitem o
ordenamento jurídico não possui arrimo no dever-poder de polícia, mas sim no dever-poder normativo.

02. (Prefeitura de Rio de Janeiro/RJ - Administrador - RJ/2016) Ao editar leis, o Poder Legislativo
nem sempre possibilita que elas sejam executadas. Cumpre, então, à Administração criar os mecanismos
de complementação das leis indispensáveis a sua efetiva aplicabilidade. Essa atividade é definida pela
doutrina como base do exercício do poder:
(A) regulamentar
(B) hierárquico
31
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição. 2014.

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(C) disciplinar
(D) vinculado

03. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB/2016) No que se refere aos poderes da
Administração Pública, é correto afirmar que:
(A) praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra a autoridade
delegante caberá mandado de segurança, ou outra medida judicial, por ser detentora da competência
originária.
(B) o Poder regulamentar deverá ser exercido nos limites legais, sem inovar no ordenamento jurídico,
expedindo normas gerais e abstratas, permitindo a fiel execução das leis, minudenciando seus termos.
(C) o Poder Hierárquico é o escalonamento vertical típico da administração direta. Desta forma, a
aplicação de uma penalidade pelo poder executivo da União a uma concessionária de serviço público é
uma forma de manifestação deste Poder.
(D) tanto a posição da doutrina, quanto da jurisprudência são pacíficas sobre a possibilidade de edição
dos regulamentos autônomos, mesmo quando importarem em aumento de despesas.
(E) decorre do Poder Hierárquico a punição de um aluno de uma universidade pública pelo seu reitor,
uma vez que este é o chefe da autarquia educacional, sendo competência dele a punição dos alunos
faltosos.

04. (TRT 8ª Região (PA e AP) - Técnico Judiciário - CESPE/2016) Assinale a opção correta, a
respeito dos poderes da administração.
(A) A autoexecutoriedade inclui-se entre os poderes da administração
(B) A existência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos é expressão do poder
discricionário
(C) Poder disciplinar da administração pública e poder punitivo do Estado referem-se à repressão de
crimes e contravenções tipificados nas leis penais.
(D) O poder regulamentar refere-se às competências do chefe do Poder Executivo para editar atos
administrativos normativos.
(E) O poder de polícia não se inclui entre as atividades estatais administrativas.

05. (TRE/RR - Técnico Judiciário - FCC) A edição de atos normativos de efeitos internos, com o
objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados decorre do poder
(A) disciplinar.
(B) regulamentar.
(C) hierárquico.
(D) de polícia.
(E) normativo.

Gabarito

01.A / 02.A / 03.B / 04.D / 05.C

Comentários

01. Resposta: A
O Poder Normativo ou Poder Regulamentar relaciona-se ao poder que a Administração possui em
editar atos para complementação da lei. Se regulamenta por Decreto, em obediência ao artigo 84, IV, CF.

02. Resposta: A
O exercício do poder regulamentar encontra fundamento no art. 84, IV, da Constituição Federal,
consistindo na competência atribuída aos Chefes de Poder Executivo para que editem normas gerais e
abstratas destinadas a detalhar as leis, possibilitando a sua fiel execução (regulamentos).

03. Resposta: B
De acordo com Alexandre Mazza, o poder regulamentar decorre do poder hierárquico e consiste na
possibilidade de os Chefes do Poder Executivo editarem atos administrativos gerais e abstratos, ou gerais
e concretos, expedidos para dar fiel execução à lei.

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04. Resposta: D
O poder regulamentar é o poder conferido aos Chefes do Executivo para editar decretos e
regulamentos com a finalidade de oferecer fiel execução à lei. Temos como exemplo o art. 84, IV, CF/88.

05. Resposta: C
O Poder Normativo e o Regulamentar guardam algumas semelhanças com a função legislativa (apesar
de não se confundirem), pois de ambos emanam normas gerais e atos com efeitos erga omnes e
abstratos. Nisto diferem do Poder Hierárquico, que apesar de também editar normas gerais e atos
normativos, o faz direcionado aos subordinados, apenas, ou seja, carente do efeito erga omnes.

Poder de Polícia: é o poder conferido à Administração para condicionar, restringir e frenar o exercício
de direitos e atividades dos particulares em nome dos interesses da coletividade. Ex.: fiscalização.
Será considerado originário, o Poder de Polícia exercido pelas pessoas políticas do Estado, como é o
caso da União, Estados e Municípios. Por sua vez o poder delegado é aquele exercido pelas pessoas
pertencentes à Administração Indireta. Estes recebem o poder e o executam.

O art. 78 do Código Tributário Nacional assim conceitua poder de polícia:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

O que autoriza o Poder Público a condicionar ou restringir o exercício de direitos e a atividade dos
particulares é a supremacia do interesse público sobre o interesse particular.
O poder de polícia se materializa por atos gerais ou atos individuais:

- Ato geral é aquele que não tem um destinatário específico. Exemplo: Ato que proíbe a venda de
bebidas alcoólicas a menores – atinge todos os estabelecimentos comerciais.
- Ato individual é aquele que tem um destinatário específico. Exemplo: Autuação de um
estabelecimento comercial específico por qualquer motivo de irregularidade, por exemplo, segurança.

O poder de polícia poderá atuar inclusive sobre o direito da livre manifestação do pensamento. Poderá
retirar publicações de livros do mercado ou alguma programação das emissoras de rádio e televisão
sempre que estes ferirem valores éticos e sociais da pessoa e da família. Exemplo: Livros que façam
apologia à discriminação racial, programas de televisão que explorem crianças, etc.
Os meios de atuação da Administração no exercício do poder de polícia compreendem os atos
normativos que estabelecem limitações ao exercício de direitos e atividades individuais e os atos
administrativos consubstanciados em medidas preventivas e repressivas, dotados de coercibilidade.
A competência surge como limite para o exercício do poder de polícia. Quando o órgão não for
competente, o ato não será considerado válido.
O limite do poder de atuação do poder de polícia não poderá divorciar-se das leis e fins em que são
previstos, ou seja, deve-se condicionar o exercício de direitos individuais em nome da coletividade. Neste
pensamento podemos indagar o seguinte, poder de polícia pode ser exercido por meio de atos vinculados
ou de atos discricionários, neste caso quando houver certa margem de apreciação deixada pela lei.

Limites32
Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe alguns limites quanto à competência, à
forma, aos fins ou ao objeto.
Quanto à competência e procedimento (forma), observa-se as normas legais pertinentes, a lei.
Já em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido para atender ao interesse público. A
autoridade que fugir a esta regra incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com todas
as consequências nas esferas civil, penal e administrativa. O fundamento do poder de polícia é a

32
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8930

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predominância do interesse público sobre o particular, logo, torna-se escuso qualquer benefício em
detrimento do interesse público.
Enquanto que o objeto (meio de ação), deve-se considerar o princípio da proporcionalidade dos meios
aos fins. O poder de polícia não deve ir além do necessário para a satisfação do interesse público que
visa proteger, pois sua finalidade é assegurar o exercício dos direitos individuais, condicionando-os ao
bem-estar social. Só poderá reduzi-los quando em conflito com interesses maiores da coletividade e na
medida estritamente necessária à consecução dos fins estatais.
Para os executores dos atos de polícia, pode não ser fácil o estabelecimento das linhas divisórias entre
a discricionariedade e a arbitrariedade. Mister se faz que os executores dos atos de polícia tenham
treinamento adequado, com bons conhecimentos dos direitos dos cidadãos, para se aterem aos limites
legais do poder de polícia, e não adotarem a arbitrariedade.
Um freio eficiente para deter a arbitrariedade é o bom senso nos atos de polícia. Bom senso na
verificação dos resultados de cada atitude. Bom senso na aplicação da coercitividade. Deve-se manter a
proporcionalidade entre a infração e o ato coercitivo, para não se extrapolar os limites estabelecidos.
Portanto, com os limites impostos à discricionariedade, o que se pretende é vedar qualquer
manifestação de arbitrariedade por parte do agente do poder de polícia. A intenção não é extinguir os
direitos individuais com as medidas administrativas referentes ao poder de polícia mas sim aplicar os
princípios da necessidade, proporcionalidade, eficácia e razoabilidade.

Extensão
Assim ensina Meirelles:
“A extensão do poder de polícia é hoje muito ampla, abrangendo desde a proteção à moral e aos bons
costumes, a preservação da saúde pública, a censura de filmes e espetáculos públicos, o controle das
publicações, a segurança das construções e dos transportes, a manutenção da ordem pública em geral,
até à segurança nacional em particular. Daí, encontramos nos Estados modernos, a polícia de costumes,
a polícia sanitária, a polícia das águas e da atmosfera, a polícia florestal, a polícia rodoviária, a policia de
trânsito, a polícia das construções, a polícia dos meios de comunicação e divulgação, a polícia política e
social, a polícia da economia popular, e outras que atuam sobre as atividades individuais que afetam ou
possam afetar os superiores interesses da coletividade, a que incumbe o Estado velar e proteger. Onde
houver interesse relevante da comunidade ou da Nação, deve haver, correlatamente, igual poder de
polícia para a proteção desse interesse público. É a regra sem exceção”.

Liberdades públicas e o poder de polícia


Estes se referem aos atributos do poder de polícia. Os atributos do poder de polícia, é certo que
busca-se garantir a sua execução e a prioridade do interesse público. São eles: discricionariedade,
autoexecutoriedade e coercibilidade.

- Discricionariedade: a Administração Pública goza de liberdade para estabelecer, de acordo com


sua conveniência e oportunidade, quais serão os limites impostos ao exercício dos direitos individuais e
as sanções aplicáveis nesses casos. Também confere a liberdade de fixar as condições para o exercício
de determinado direito.
No entanto, a partir do momento em que são fixados esses limites, com suas posteriores sanções, a
Administração será obrigada a cumpri-las, ficando dessa maneira obrigada a praticar seus atos
vinculados.
Por exemplo: fixar o limite de velocidade para transitar nas vias públicas.

- Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder Judiciário intervenha na atuação da


Administração Pública. No entanto, essa liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder Judiciário o
controle desse ato.
Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta for prevista em lei, além de seu uso para
situações emergenciais, em que será necessária a atuação da Administração Pública.
Vale lembrar que a administração pública pode executar, por seus próprios meios, suas decisões, não
precisando de autorização judicial.

- Coercibilidade: Limita-se ao princípio da proporcionalidade, na medida que for necessária será


permitido o uso da força par cumprimento dos atos. A coercibilidade é um atributo que torna obrigatório o
ato praticado no exercício do poder de polícia, independentemente da vontade do administrado.

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Uso e Abuso De Poder

Sempre que a Administração extrapolar os limites dos poderes aqui expostos, estará cometendo uma
ilegalidade. A ilegalidade traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido judicialmente.
O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em que a Administração será
responsabilizada. Todos os Poderes Públicos estão obrigados a respeitar os princípios e as normas
constitucionais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado a possibilidade do ingresso ao Poder
Judiciário.
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atribuída ao Poder Público, de compor os
danos patrimoniais causados a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício das suas
atribuições quanto agindo nessa qualidade.

Questões

01. (CFESS - Assistente Técnico Administrativo - CONSULPLAN/2017) Quando a Administração


Pública aplica penalidade de cassação da carteira de motorista ao particular que descumpre as regras de
direção de veículos configura-se o exercício do poder
(A) de polícia.
(B) disciplinar.
(C) ordinatório.
(D) regulamentar

02. (IF/BA - Assistente em Administração - FUNRIO/2016) O poder de polícia tem atributos


específicos e peculiares ao seu exercício, sendo eles:
(A) discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.
(B) imperatividade, direção e coercibilidade.
(C) objetividade, imperatividade e autoexecutoriedade.
(D) exclusividade, coercibilidade e objetividade.
(E) discricionariedade, tempestividade e direção.

03. (Prefeitura de Curitiba/PR - Procurador - UFPR) Sobre o poder de polícia, é correto afirmar:
(A) Um dos fundamentos do poder de polícia é o princípio da supremacia do interesse público sobre o
particular.
(B) O poder de polícia é uma das manifestações subjetivas da Administração Pública.
(C) O princípio da proporcionalidade é um dos limites impostos ao exercício do poder de polícia, porém
a ele (poder da polícia) não se aplica o princípio da motivação, por ser uma atividade de cunho
discricionário.
(D) São características do poder de polícia a coercibilidade, a autoexecutoriedade e a eficácia, esta
considerada como a relação entre o direito individual e o dano a ser prevenido.
(E) A competência do agente, por se situar no plano da eficácia da medida de polícia, deve ser
observada, sob pena de ilegalidade da atuação administrativa.

04. (Prefeitura de Rio Grande da Serra/SP - Procurador - IMES) São características inerentes ao
poder de polícia da Administração Pública:
(A) legalidade, impessoalidade e facultatividade.
(B) moralidade, coatividade e proporcionalidade.
(C) autoexecutoriedade, discricionariedade e coercibilidade.
(D) eficiência, imperatividade e derrogabilidade.

05. (PC/SE - Delegado de Polícia – CESPE/2018) Acerca do poder de polícia — poder conferido à
administração pública para impor limites ao exercício de direitos e de atividades individuais em função do
interesse público —, julgue o próximo item.

O poder de polícia é indelegável.


( ) Certo ( ) Errado
Gabarito

01.A / 02.A / 03.A / 04.C

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Comentários
01. Resposta: A
O Poder de Polícia: é o poder conferido à Administração para condicionar, restringir, frenar o exercício
de direitos e atividades dos particulares em nome dos interesses da coletividade.

02. Resposta: A
São atributos do Poder e Polícia:
- Discricionariedade: Consiste na livre escolha, pela Administração Pública, dos meios adequados para
exercer o poder de polícia, bem como, na opção quanto ao conteúdo, das normas que cuidam de tal
poder.
- Autoexecutoriedade: Possibilidade efetiva que a Administração tem de proceder ao exercício imediato
de seus atos, sem necessidade de recorrer, previamente, ao Poder Judiciário.
- Coercibilidade: É a imposição imperativa do ato de polícia a seu destinatário, admitindo-se até o
emprego da força pública para seu normal cumprimento, quando houver resistência por parte do
administrado.
- Atividade Negativa: Tendo em vista o fato de não pretender uma atuação dos particulares e sim sua
abstenção, são lhes impostas obrigações de não fazer.

03. Resposta: A
Para Celso Antônio Bandeira de Mello.
"Poder de Polícia é a atividade da Administração Pública, que expressa em atos normativos ou
concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a
propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, impondo
coercitivamente aos particulares um dever de abstenção (non facere) a fim de conformar-lhes os
comportamentos aos interesses sociais consagrados no sistema normativo."

04. Resposta: C
A discricionariedade se traduz na livre escolha pela Administração Pública, da oportunidade e
conveniência de exercer ou não o Poder de Polícia. A autoexecutoriedade é a faculdade de que dispõe a
Administração de decidir e executar diretamente sua decisão, por seus próprios meios, sem a intervenção
do Poder Judiciário. E a coercibilidade, que é a determinação por parte da própria Administração das
medidas de força que se tornarem necessárias para a execução do ato ou aplicação da penalidade
resultante do exercício do Poder de Polícia.

05.Resposta:Errado
O Poder de Polícia pode ser delegado nos casos de fiscalização e consentimento.

18 Ato administrativo: validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e


sanatória; classificação, espécies e exteriorização; 19 vinculação e
discricionariedade;

ATO ADMINISTRATIVO

Ato administrativo é toda manifestação lícita e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe
faça às vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir, transferir, modificar ou extinguir
direitos e obrigações.
Os atos administrativos podem ser praticados pelo Estado ou por alguém que esteja em nome dele.
Logo, pode-se concluir que os atos administrativos não são definidos pela condição da pessoa que os
realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público.
Deve-se diferenciar o conceito de ato administrativo do conceito de ato da Administração. Este último
é ato praticado por órgão vinculado à estrutura do Poder Executivo.
Nem todo ato praticado pela Administração será ato administrativo, ou seja, há circunstâncias em que
a Administração se afasta das prerrogativas que possui, equiparando-se ao particular.
O que qualifica o ato como administrativo é o fato que sua repercussão jurídica produz efeitos a uma
determinada sociedade, devendo existir uma regulação pelo direito público. Para que esse ato seja
caracterizado, é necessário que ele seja emanado por um agente público, quer dizer, alguém que esteja
investido de múnus público, podendo atuar em nome da Administração.

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Esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde serão definidas prerrogativas, que diz respeito à
supremacia do interesse público sobre o particular, em virtude da indisponibilidade do interesse público.
Embora existam divergências, a doutrina mais moderna entende que os atos administrativos podem
ser delegados, assim os particulares recebem a delegação pelo Poder Público para prática dos referidos
atos.

Questões

01. (Câmara Municipal de Atibaia/SP - Advogado - CAIP-IMES/2016) Assinale a alternativa


incorreta.
Os atos administrativos:
(A) decorrem de manifestação bilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou
impor obrigações aos administrados, apenas.
(B) decorrem de manifestação unilateral de vontade da Administração Pública no exercício da função
administrativa típica.
(C) decorrem de manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou
impor obrigações aos administrados ou a si própria.
(D) decorrem de manifestação unilateral de vontade da Administração Pública, portanto são de
exclusividade do Poder Executivo no exercício da função típica. Contudo, os demais poderes (Judiciário
e Legislativo) também podem exercê-los, atipicamente.

02. (CNMP -Técnico do CNMP FCC) Ato administrativo é:


(A) realização material da Administração em cumprimento de alguma decisão administrativa.
(B) sinônimo de fato administrativo.
(C) manifestação bilateral de poder da Administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por
fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir, declarar direitos e impor obrigações aos
administrados.
(D) manifestação unilateral de vontade da Administração pública que visa impor obrigações aos
administrados ou a si própria ou alguma realização material em cumprimento a uma decisão de si própria.
(E) manifestação unilateral de vontade da Administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha
por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria.

Gabarito

01.A / 02.E

Comentários

01. Resposta: A
Os atos administrativos enquadram-se na categoria dos atos jurídicos. Logo, são manifestações
humanas, e não meros fenômenos da natureza. Ademais, são sempre manifestações unilaterais de
vontade (as bilaterais compõem os chamados contratos administrativos).

02. Resposta: E
Para Hely Lopes.
Ato Administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo
nessa qualidade, tenha por fim IMEDIATO adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.
Para Maria Sylvia.
É a declaração de vontade do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos,
com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e se sujeita a controle do Poder Judiciário.
Para Celso Antônio.
É a declaração de vontade do Estado ou de lhe faça as vezes, no exercício de prerrogativas Públicas,
manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento e
sujeitas a controle de legitimidade dos órgãos jurisdicionais.

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Pressupostos

Existência, validade e eficácia33


A aceitação da divisão ternária dos planos lógicos do ato jurídico foi difundida no Brasil por Pontes de
Miranda, razão pela qual tem sido denominada de teoria tripartite ou pontesiana. Como todo ato jurídico,
o ato administrativo está sujeito a três planos lógicos distintos:
a) Plano da existência ou da perfeição: consiste no cumprimento do ciclo de formação do ato.
b) Plano da validade: envolve a conformidade com os requisitos estabelecidos pelo ordenamento
jurídico para a correta prática do ato administrativo.
O ato válido é aquele que foi criado em conformidade com as regras previamente estabelecidas na
legislação pertinente. Para que um ato seja avaliado como válido é necessário que ele exista, quer dizer,
seja perfeito.
A validade é a compatibilidade entre o ato jurídico e o disposto na norma. Assim, de acordo com o
silêncio da lei, não há atuação administrativa, tendo em vista a aplicação da estrita legalidade em matéria
de Direito Administrativo, não sendo permitido ao agente público atuar sempre que não haja vedação por
lei.34
No entanto, somente pode ser avaliada a validade de um ato, se ele for ao menos existente (perfeito),
tratando-se de segundo plano de análise dos atos administrativos. ·
c) Plano da eficácia: está relacionado com a aptidão do ato para produzir efeitos jurídicos.
A interação do ato administrativo com cada um dos três planos lógicos não repercute nos demais.
Constituem searas sistêmicas distintas e relativamente independentes.
A única exceção a tal independência reside na hipótese dos atos juridicamente inexistentes, caso em
que não se cogita de sua validade ou eficácia. Ato inexistente é necessariamente inválido e não produz
qualquer efeito.
A existência ou perfeição é o primeiro plano lógico do ato administrativo. Nesse plano é necessário a
verificação dos elementos e pressupostos que compõem seu ciclo de formação. Após isso e, se presentes
os requisitos, o ato passa a ser válido.
O ato administrativo é perfeito quando cumpre todos os trâmites previstos em lei para a constituição,
quando se esgota toda as etapas do processo constitutivo desse ato.
Quando o ato estiver perfeito, ele não pode ser retratável, porém pode ser revisado e até anulado, em
virtude do princípio administrativo da autotutela, previsto nas súmulas 346 e 473 do Supremo Tribunal
Federal.

OBS: o ato imperfeito será aquele que ainda está em formação, sem que se tenha concluído as
etapas estabelecidas em lei para que exista no ordenamento jurídico.

O destino natural do ato administrativo é ser praticado com a finalidade de criar, declarar, modificar,
preservar e extinguir direitos e obrigações.
Os atos administrativos produzem efeitos próprios efeitos próprios e impróprios.
Os efeitos próprios são aqueles típicos do ato, configurando o objeto ou o conteúdo da conduta
estatal. Desta forma, o efeito principal ou próprio de um ato de desapropriação é a perda do bem público
pelo particular.
Os efeitos impróprios ou atípicos são os que decorrem, de forma indireta, da prática do ato
administrativo, e se dividem em duas espécies, quais sejam: efeito reflexo e efeito prodrômico.

Vinculação e discricionariedade

No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para decidir quanto à atuação. A lei previamente
estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo administrador no caso concreto; não
podendo haver juízo de valores, o administrador não poderá analisar a conveniência e a oportunidade do
ato.
Celso Antônio Bandeira de Mello dispõe que os atos vinculados seriam aqueles em que, por existir
prévia e objetiva tipificação legal do único possível comportamento da Administração em face de situação

33
Mazza, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 4ª edição, 2014.
34
Carvalho, Mateus. Manual de Direito Administrativo. Editora Jus Podivm, 2ª edição, 2015.

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igualmente prevista em termos de objetividade absoluta, a Administração, ao expedi-los, não interfere
com apreciação subjetiva alguma. 35
O ato discricionário é aquele que, editado sob o manto da lei, confere ao administrador a liberdade
para fazer um juízo de conveniência e oportunidade. A diferença entre o ato vinculado e o ato
discricionário está no grau de liberdade conferido ao administrador. Tanto o ato vinculado quanto o ato
discricionário só poderão ser reapreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade, pois o judiciário
não poderá intervir no juízo de valor e oportunidade da Administração Pública.

Questões

01. (TRT/14ª Região - Técnico Judiciário - FCC/2016). Sobre atos administrativos, considere:
I. Os atos administrativos vinculados comportam anulação e revogação.
II. Em regra, os atos administrativos que integram um procedimento podem ser revogados.
III. A competência para revogar é intransferível, salvo por força de lei.
Está correto o que se afirma em
(A) III, apenas.
(B) I, II e III.
(C) I e III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) II, apenas.

02. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1ª Classe – VUNESP). Diz-se que os atos administrativos
são vinculados quando
(A) observam corretamente os princípios constitucionais da moralidade administrativa.
(B) a lei estabelece que, diante de determinados requisitos, a Administração deve agir de forma
determinada.
(C) o administrador público os pratica ultrapassando os limites regrados pelo sistema jurídico vigente.
(D) a autoridade competente deixa de observar dispositivo constitucional obrigatório, quando deveria
fazê-lo.
(E) a lei estabelece várias situações passíveis de apreciação subjetiva pela autoridade competente.

Gabarito

01.A / 02.B

Comentários

01. Resposta: A
Segundo a obra de Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito administrativo, 2014. p. 262:
"Só quem pratica o ato, ou quem tenha poderes, implícitos ou explícitos, para dele conhecer de ofício
ou por via de recurso, tem competência legal para revogá-lo por motivos de oportunidade ou conveniência,
competência essa intransferível, a não ser por força de lei, e insuscetível de ser contrasteada em seu
exercício por outra autoridade administrativa".”

02. Resposta: B
Alexandre Mazza narra:
“Fala­-se em poder vinculado ou poder regrado quando a lei atribui determinada competência definindo
todos os aspectos da conduta a ser adotada, sem atribuir margem de liberdade para o agente público
escolher a melhor forma de agir. Onde houver vinculação, o agente público é um simples executor da
vontade legal. O ato resultante do exercício dessa competência é denominado de ato vinculado. Exemplo
de poder vinculado é o de realização do lançamento tributário (art. 3º do CTN).”
Classificação

Quanto ao regramento:
a) Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados em lei, não existindo possibilidade
de apreciação por parte do administrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao

35
Mello, Celso Antonio Bandeira de – Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 26ª edição, 2009.

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administrador apenas a verificação da existência de todos os elementos expressos em lei para a prática
do ato. Caso todos os elementos estejam presentes, o administrador é obrigado a praticar o ato
administrativo; caso contrário, ele estará proibido da prática do ato.
b) Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o motivo e sobre o objeto do ato, devendo
pautar suas escolhas de acordo com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionariedade é
sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo com o princípio da finalidade pública. O poder
judiciário não pode avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a legalidade, os
motivos e o conteúdo ou objeto do ato.

Quanto aos destinatários


a) Gerais: os atos gerais tem a finalidade de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica
que abrange um número indeterminado de pessoas, portanto abrange todas as pessoas que se
encontram na mesma situação, por tratar-se de imposição geral e abstrata para determinada relação.
Esses atos dependem de publicação para que possam produzir efeitos e devem prevalecer sobre a
vontade individual.
Exemplo: a Administração cria uma norma interna para que os servidores se reúnam todas as
segundas com o chefe. Como se percebe, o ato não individualiza nenhum sujeito específico, e será
aplicado de forma ampla a todos aqueles que estiverem nesse local.
b) Individuais: são aqueles destinados a um destinatário certo, impondo a norma abstrata ao caso
concreto. Nesse momento, seus destinatários são individualizados, pois a norma é geral restringindo seu
âmbito de atuação.
Não se fala em atividade em geral, mas sim de modo específico de quais agentes devem se submeter
às disposições da conduta.
Exemplo: promoção de servidor público

Quanto à abrangência dos efeitos (Alcance):


a) Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno da Administração Pública, não
atingindo terceiros, como as circulares e pareceres.
Via de regra, não dependem de publicação oficial, tendo em vista sua destinação interna aqueles que
estão vinculados à estrutura das entidades.
Exemplo: circular que exige que os servidores usem sapatos pretos fechados.
b) Externos: Têm como destinatárias pessoas além da Administração Pública, e, portanto, necessitam
de publicidade para que produzam adequadamente seus efeitos.
Exemplos: a fixação do horário de atendimento e a ocupação de bem privado pela Administração
Pública.

Quanto à supremacia do poder público (Objeto):


a) Atos de império: Atos onde o poder público age de forma imperativa sobre os administrados,
impondo-lhes obrigações. Exemplos de atos de império: A desapropriação e a interdição de atividades.
A Administração Pública atua com prerrogativa de poder público, valendo-se da supremacia do
interesse público sobre o privado. Aqui, o poder público impõe obrigações, aplica penalidades, sem que
se tenha que recorrer aos meios judiciais, em razão da aplicação das regras que exorbitam o direito
privado, em prol do interesse da coletividade.
Se os atos praticados contrariarem às normas vigentes, eles poderão ser anulados pela Administração
ou pelo Judiciário, podendo ainda ocorrer a sua revogação por motivos de interesse público, se forem
justificadas devidamente.
Exemplo: autos de infração, por descumprimento das normas de trânsito.
b) Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, sem as prerrogativas do Estado, sendo
que a Administração irá atuar em situação de igualdade com o particular. Nesses casos, a atividade será
regulada pelo direito privado, de modo que o Estado não irá se valer das prerrogativas que tenham relação
com a supremacia do interesse público.
Trata-se de condutas que não restringem ou ainda que não admitem que o ente estatal possa se valer
dos meios coercitivos para que haja uma execução.
Exemplo: a alienação de um imóvel público inservível.
c) Atos de expediente: São aqueles destinados a dar andamento aos processos e papéis que
tramitam no interior das repartições. Os atos de gestão (praticados sob o regime de direito privado).
Exemplo: contratos de locação em que a Administração é locatária) não são atos administrativos, mas
são atos da Administração. Para os autores que consideram o ato administrativo de forma ampla

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(qualquer ato que seja da administração como sendo administrativo), os atos de gestão são atos
administrativos.

Quanto à formação: Os atos se dividem em simples, complexo e compostos.


a) Simples: depende de uma única manifestação. Assim, a manifestação de vontade de um único
órgão, mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portanto, a vontade para manifestação
do ato deve ser unitária, obtida através de votação em órgão colegiado ou por manifestação de um agente
em órgãos singulares.
b) Complexo: decorre da manifestação de dois ou mais órgãos; de duas ou mais vontades que se
unem para formar um único ato. Neste tipo, somam-se as vontades dos órgãos públicos independentes,
em mesmo nível de hierarquia, de modo que tenham a mesma força, não se falando em dependência de
uma relação com a outra. Aqui, os atos que formarão o ato complexo serão expedidos por órgãos públicos
distintos.
Exemplo: Decreto do prefeito referendado pelo secretário.
c) Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um edita o ato principal e o outro será
acessório. Como se nota, é composto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo órgão público,
em patamar de desigualdade, de modo que o segundo ato deve contar com o que ocorrer com o primeiro.
Exemplo: nomeação de ministro do Superior Tribunal feito pelo Presidente da República e que
depende de aprovação do Senado. A nomeação é o ato principal e a aprovação o acessório.

Quanto a manifestação de vontade:

a) Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma das partes. Exemplo: licença
b) Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes. Exemplo: contrato administrativo;
c) Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes. Exemplo: convênios.

Quanto à natureza do ato:

a) Atos-regra: Traçam regras gerais (regulamentos).


b) Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito determinado.
c) Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada condição se cumpra.

Quanto aos efeitos:

a) Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser outorgado um novo
direito, como permissão de uso de bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um período
de suspensão.
Exemplo: autorização para uso de bem público a um particular que pretende montar um show na
cidade.
b) Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação já existente, seja de fato ou de direito.
Não cria, transfere ou extingue a situação existente, apenas a reconhece. Também é dito enunciativo. É
o caso da expedição de uma certidão de tempo de serviço.
c) Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja extinta, não retirando direitos ou
obrigações. A alteração do horário de atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato.
d) Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato que põe termo a um direito ou dever
existente. Cite-se a demissão do servidor público.

Quanto à validade:

a) Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
Pode estar perfeito, pronto para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro.
b) Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito que não pode ser corrigido. Não
produz qualquer efeito entre as partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos, ele
deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa, seja judicial, declarando sua nulidade, que
terá efeito retroativo, ex tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os direitos de
terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato nulo.
Cite-se a nomeação de um candidato que não tenha nível superior para um cargo que o exija. A partir
do reconhecimento do erro, o ato é anulado desde sua origem. Porém, as ações legais eventualmente
praticadas por ele, durante o período em que atuou, permanecerão válidas.

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c) Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser sanados, convalidados. Ressalte-se
que, se mantido o defeito, o ato será nulo; se corrigido, poderá ser "salvo" e passar a ser válido. Atente-
se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles expressamente previstos em lei.
d) Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato administrativo, mas falta a manifestação de
vontade da Administração Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente público, sem
sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impossível.
Os atos inexistentes não podem ser convalidados, sendo que os seus efeitos que já foram produzidos,
não poderão ser ressalvados, mesmo que em relação aos destinatários de boa-fé.
Exemplo do primeiro caso é a multa emitida por falso policial; do segundo, a ordem para matar alguém.

Quanto à exequibilidade:

a) Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação, estando apto a produzir seus efeitos.
Perfeição não se confunde com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se às etapas
de sua formação.
b) Imperfeito: Não completou seu processo de formação, portanto, não está apto a produzir seus
efeitos, faltando, por exemplo, a homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.
c) Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou termo, mas já completou seu ciclo
de formação, estando apenas aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confunde com
o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o casamento. Termo é evento futuro e certo, como
uma data específica.
d) Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada mais havendo para realizar.
Exemplifique-se com a exoneração ou a concessão de licença para doar sangue.

Quanto ao conteúdo, os atos administrativos podem ser classificados em autorização, licença,


admissão, permissão, aprovação, homologação, parecer e visto.
Autorização: ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a Administração faculta
ao particular o uso de bem público (autorização de uso), ou a prestação de serviço público (autorização
de serviço público), ou o desempenho de atividade material, ou a prática de ato que, sem esse
consentimento, seriam legalmente proibidos (autorização como ato de polícia).
Licença: é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que
preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade. A diferença entre licença e autorização é
nítida, porque o segundo desses institutos envolve interesse, “caracterizando-se como ato discricionário,
ao passo que a licença envolve direitos, caracterizando-se como ato vinculado”. Na autorização, o Poder
Público aprecia, discricionariamente, a pretensão do particular em face do interesse público, para outorga
ou não a autorização, como ocorre no caso de consentimento para porte de arma; na licença, cabe à
autoridade tão somente verificar, em cada caso concreto, se foram preenchidos os requisitos legais
exigidos para determinada outorga administrativa e, em caso afirmativo, expedir o ato, sem possibilidade
de recusa; é o que se verifica na licença para construir e para dirigir veículos automotores. A autorização
é ato constitutivo e a licença é ato declaratório de direito preexistente.
Admissão: é ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração reconhece ao particular, que
preencha os requisitos legais, o direito à prestação de um serviço público. É ato vinculado, tendo em vista
que os requisitos para outorga da prestação administrativa são previamente definidos, de modo que todos
os que os satisfaçam tenham direito de obter o benefício. São exemplos a admissão nas escolas públicas,
nos hospitais e nos estabelecimentos de assistência social.
Permissão: em sentido amplo, designa o ato administrativo unilateral, discricionário, gratuito ou
oneroso, pelo qual a Administração Pública faculta a execução de serviço público ou a utilização privativa
de bem público. O seu objeto é a utilização privativa de bem público por particular ou a execução de
serviço público.
Aprovação: é ato unilateral e discricionário pelo qual se exerce o controle a priori ou a posteriori do
ato administrativo. No controle a priori, equivale à autorização para a prática do ato; no controle a
posteriori equivale ao seu referendo. É ato discricionário, porque o examina sob os aspectos de
conveniência e oportunidade para o interesse público; por isso mesmo, constitui condição de eficácia do
ato.
Homologação: é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece a legalidade
de um ato jurídico. Ela se realiza sempre a posteriori e examina apenas o aspecto de legalidade, no que
se distingue da aprovação. É o caso do ato da autoridade que homologa o procedimento da licitação.
Parecer: é o ato pelo qual os órgãos consultivos da Administração emitem opinião sobre assuntos
técnicos ou jurídicos de sua competência. O parecer pode ser facultativo, obrigatório e vinculante. O

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parecer é facultativo quando fica a critério da Administração solicitá-lo ou não, além de não ser vinculante
para quem o solicitou. Se foi indicado como fundamento da decisão, passará a integrá-la, por
corresponder à própria motivação do ato. O parecer é obrigatório quando a lei o exige como pressuposto
para a prática do ato final. A obrigatoriedade diz respeito à solicitação do parecer (o que não lhe imprime
caráter vinculante). O parecer é vinculante quando a Administração é obrigada a solicitá-lo e a acatar a
sua conclusão. Por exemplo, para conceder aposentadoria por invalidez, a Administração tem que ouvir
o órgão médico oficial e não pode decidir em desconformidade com a sua decisão. Se a autoridade tiver
dúvida ou não concordar com o parecer, deverá pedir novo parecer. Apesar do parecer ser, em regra, ato
meramente opinativo, que não produz efeitos jurídicos, o STF tem admitido a responsabilização de
consultores jurídicos quando o parecer for vinculante para a autoridade administrativa, desde que
proferido com má-fé ou culpa.
Visto: é o ato administrativo unilateral pelo qual a autoridade competente atesta a legitimidade formal
de outro ato jurídico. Não significa concordância com o seu conteúdo, razão pela qual é incluído entre os
atos de conhecimento, que são meros atos administrativos e não encerram manifestações de vontade.
Exemplo de visto é o exigido para encaminhamento de requerimento de servidores subordinados a
autoridade de superior instância; a lei normalmente impõe o visto do chefe imediato, para fins de
conhecimento e controle formal, não equivalendo à concordância ou deferimento do seu conteúdo.

Quanto à forma, os atos administrativos podem ser classificados em decreto, resolução e portaria,
circular, despacho, alvará.
Decretos: São atos emanados pelos chefes do Poder Executivo, tais como, prefeitos, governadores e
o Presidente da República. Podem ser dirigidos abstratamente às pessoas em geral (decreto geral), ou a
pessoas, ou a um grupo de pessoas determinadas. (decreto individual). O decreto geral é ato normativo,
apresentado efeitos e conteúdos semelhantes à lei.
Resoluções e Portarias: São atos emanados por autoridades superiores, mas não os chefes do Poder
Executivo. Ou seja, é a forma pelo qual as autoridades de nível inferior aos Chefes do Poder Executivo
fixam normas gerais para disciplinar conduta de seus subordinados. Embora possam produzir efeitos
externos, as resoluções e portarias não podem contrariar os regulamentos e os regimentos, limitando-se
a explicá-los.
Circular: É o instrumento usado para a transmissão de ordens internas uniformes, incumbindo de
certos serviços ou atribuições a certos funcionários. É o ato que envolve a decisão da Administração
sobre assuntos de interesse individual ou coletivo submetido a sua apreciação.
Despacho: Quando a administração, por meio de um despacho, aprova parecer proferido por órgão
técnico sobre determinado assunto de interesse geral, este despacho é denominado de despacho
normativo. O despacho normativo deverá ser observado por toda administração, valendo como solução
para todos os casos que se encontram na mesma situação.
Alvará: é instrumento pelo qual a Administração se vale para conferir ao administrado uma licença ou
autorização. Ou seja, é o formato pelo qual são emitidas as licenças e autorizações. Como se pode notar,
enquanto as licenças e autorizações representam o conteúdo, o alvará representa a forma.

Questões

01. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Assinale a alternativa CORRETA sobre os


atos administrativos.
(A) Atos individuais, também chamados de normativos, são aqueles que se voltam para a regulação
de situações jurídicas concretas, com destinatários individualizados, como instruções normativas e
regulamentos.
(B) Em razão do formalismo que o caracteriza, o ato administrativo deve sempre ser escrito, sendo
juridicamente insubsistentes comandos administrativos verbais.
(C) Aprovação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece a legalidade
de um ato jurídico.
(D) Tanto os atos vinculados como os atos discricionários podem ser objeto de controle pelo Poder
Judiciário.
(E) Os provimentos são exclusivos dos órgãos colegiados, servindo especificamente para demonstrar
sua organização e seu funcionamento.
02. (UFRB - Assistente em Administração – FUNRIO). Quanto a seus destinatários, os atos
administrativos se classificam em
(A) simples e compostos.
(B) gerais e individuais.

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(C) fechados e abertos.
(D) unilaterais e complexos.
(E) internos e especiais.

03. (IF-BA - Assistente em Administração - FUNRIO) O ato administrativo pelo qual os órgãos
consultivos da Administração emitem opinião sobre assuntos técnicos ou jurídicos de sua competência é
(A) a homologação.
(B) o visto.
(C) o parecer.
(D) o relatório.
(E) a declaração.

Gabarito

01.D / 02.B / 03.C

Comentários

01. Resposta: D
- Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados em lei, não existindo possibilidade de
apreciação por parte do administrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao administrador
apenas a verificação da existência de todos os elementos expressos em lei para a prática do ato. Caso
todos os elementos estejam presentes, o administrador é obrigado a praticar o ato administrativo; caso
contrário, ele estará proibido da prática do ato.
- Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o motivo e sobre o objeto do ato, devendo
pautar suas escolhas de acordo com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionariedade é
sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo com o princípio da finalidade pública. O poder
judiciário não pode avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a legalidade, os
motivos e o conteúdo ou objeto do ato.

02. Resposta: B
Atos Gerais - São aqueles expedidos sem destinatários determinados, possuem finalidade normativa,
atingindo todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato, abrangida por seus preceitos.
Apresenta cunho normativo, não se sabe quem o ato vai atingir por não ter individualização. Ex.: Ato que
concede promoção a uma categoria profissional.
Atos Individuais – São aqueles voltados a destinatários certos. Apresenta cunho ordinário e
enunciativo, sem caráter normativo.
Ex: Secretaria de Esportes convoca seus diretores para participarem de reunião.

03. Resposta: C
O enunciado da questão apresenta o conceito de parecer sendo este o ato pelo qual os órgãos
consultivos da Administração emitem opiniões sobre assuntos de sua competência.

Espécies de ato administrativo36

a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando geral do Executivo visando o cumprimento
de uma lei. Podem apresentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto geral que
regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção (decreto de nomeação de um servidor).
Os atos normativos se subdividem em:
Regulamentos – São atos normativos posteriores aos decretos, que visam especificar as disposições
de lei, assim como seus mandamentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-executáveis independem de
regulamentos para produzir efeitos.
- Regulamentos executivos: são os editados para a fiel execução da lei, é um ato administrativo que
não tem o foto de inovar o ordenamento jurídico, sendo praticado para complementar o texto legal. Os
regulamentos executivos são atos normativos que complementam os dispositivos legais, sem que ivovem
a ordem jurídica, com a criação de direitos e obrigações.
36
http://domtotal.com/direito/pagina/detalhe/31774/especies-de-atos-administrativos-em-relacao-ao-conteudo

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-Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e visam inovar o ordenamento jurídico,
determinando normas sobre matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, podem ser
considerados atos expedidos como substitutos da lei e não facilitadores de sua aplicação, já que são
editados sem contemplar qualquer previsão anterior.
Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou não de serem expedidos regulamentos
autônomos, em decorrência do princípio da legalidade.
Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Constituição Federal, em seu artigo 87,
inciso II. São atos administrativos privativos dos Ministros de Estado.
Regimentos – São atos administrativos internos que emanam do poder hierárquico do Executivo ou
da capacidade de auto-organização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta maneira, se
destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu.
Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regimentos e regulamentos, expedidos pelas
autoridades do executivo.
Deliberações – São atos normativos ou decisórios que emanam de órgãos colegiados provenientes
de acordo com os regulamentos e regimentos das organizações coletivas. Geram direitos para seus
beneficiários, sendo via de regra, vinculadas para a Administração.

b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta


funcional de seus agentes. Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por chefes de
serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos particulares.

São eles:
Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierárquico em desempenhar determinada
função;
Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para determinados funcionários ou agentes;
Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao Ministério;
Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos aos seus subalternos que determinam a
realização de atos especiais ou gerais;
Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras ou serviços
públicos;
Provimentos – atos administrativos intermos, com determinações e instruções em que a Corregedoria
ou os Tribunais expedem para regularização ou uniformização dos serviços;
Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Administração a terceiros;
Despachos administrativos – são decisões tomadas pela autoridade executiva (ou legislativa e
judiciária, quando no exercício da função administrativa) em requerimentos e processos administrativos
sujeitos à sua administração.

c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declaração de vontade da Administração apta
a concretizar determinado negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas condições
impostas ou consentidas pelo Poder Público.
Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que a Administração concede ao Administrado
a faculdade de realizar determinada atividade.
Autorização – ato discricionário e precário em que a Administração confere ao administrado a
faculdade de exercer determinada atividade.
Permissão - ato discricionário e precário em que a Administração confere ao administrado a faculdade
de promover certa atividade nas situações determinadas por ela;
Aprovação - análise pela própria administração de atividades prestadas por seus órgãos;
Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato praticado pela própria Administração como
maneira de exequibilidade;
Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato praticado pelos seus órgãos como meio
de lhe dar eficácia;
Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cumprimento de certa obrigação até então
conferida por lei. Ex. Dispensa de prestação do serviço militar;
Renúncia - ato administrativo em que o poder Público extingue de forma unilateral um direito próprio,
liberando definitivamente a pessoa obrigada perante a Administração Pública. A sua principal
característica é a irreversibilidade depois de consumada.

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d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar
um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e arquivos
públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo.
Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública comprova um fato ou uma situação de que
tenha conhecimento por meio dos órgãos competentes;
Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos existentes em
processos, livros ou documentos que estejam na repartição pública;
Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referentes a assuntos submetidos à sua
consideração.

e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção imposta pela lei e aplicada pela
Administração, visando punir as infrações administrativas ou condutas irregulares de servidores ou de
particulares perante a Administração.
Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as disposições legais, regulamentares ou
ordinatórias dos bens ou serviços.
Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atuação externa e interna. Quando for interna,
compete à Administração punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os serviços que contenham
defeitos, por meio de sanções previstas nos estatutos, fazendo com que se respeite as normas
administrativas.

Questões

01. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1ª Classe – VUNESP). São atos administrativos
ordinatórios, entre outros,
(A) os Decretos, os Despachos, os Regimentos e as Resoluções.
(B) os Despachos, os Avisos, as Portarias e as Ordens de Serviço.
(C) os Decretos, as Instruções, os Provimentos e os Regimentos.
(D) as Instruções, as Deliberações, as Portarias e os Regulamentos.
(E) os Regulamentos, as Instruções, os Regimentos e as Deliberações.

02. (TCE/GO - Analista de Controle Externo - FCC) Enzo, servidor público e chefe de determinada
repartição pública, na mesma data, editou dois atos administrativos distintos, quais sejam, uma certidão
e uma licença. No que concerne às espécies de atos administrativos, tais atos são classificados em
(A) ordinatórios e negociais, respectivamente.
(B) enunciativos.
(C) negociais.
(D) enunciativos e negociais, respectivamente.
(E) normativos e ordinatórios, respectivamente.

Gabarito

01.B/ 02.D.

Comentários

01. Resposta: B
Atos ordinatórios são aqueles que tem por objetivo disciplinar o funcionamento da Administração e a
conduta funcional dos seus agentes, representando exercício do poder hierárquico do Estado. São
espécies de atos ordinatórios: as portarias, as instruções, os avisos, as circulares, as ordens de serviço,
os ofícios e os despachos.

02. Resposta: D
Os atos praticados pelo servidor são atos enunciativos e negociais. Atos enunciativos: São todos
aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre
determinado assunto, constantes de registros, processos e arquivos públicos, sendo sempre, por isso,
vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo. Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma
declaração de vontade da Administração apta a concretizar determinado negócio jurídico ou a deferir
certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo Poder Público.

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Extinção do ato administrativo

Cassação Ocorre a extinção do ato administrativo quando o administrado deixa de preencher condição
necessária para permanência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre condição indispensável
para manutenção do ato administrativo.
Exemplo: habilitação cassada porque o condutor ficou cego.37
Anulação ou invalidação (desfazimento) É a retirada, o desfazimento do ato administrativo em
decorrência de sua invalidade, ou seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Administração ou
pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc.
A anulação pode acontecer por via judicial ou por via administrativa. Ocorrerá por via judicial quando
alguém solicita ao Judiciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando a própria
Administração expede um ato anulando o antecedente, utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja,
a Administração tem o poder de rever seus atos sempre que eles forem ilegais ou inconvenientes. Quando
a anulação é feita por via administrativa, pode ser realizada de ofício ou por provocação de terceiros.
A anulação de um ato não pode prejudicar terceiro de boa-fé.

Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF:

SÚMULA 346
A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

SÚMULA 473
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Um ponto muito discutido pela doutrina diz respeito ao caráter vinculado ou discricionário da anulação.
Os que defendem que deve-se anular (caráter vinculado), embasam esse entendimento no princípio da
legalidade e os que defendem como uma faculdade (caráter discricionário) invocam o princípio da
predominância do interesse público sobre o particular.
O entendimento por nós defendido é de que, em regra, a Administração, tem o dever de anular os atos
ilegais.
Revogação É a retirada do ato administrativo em decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade
em face dos interesses públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo com a lei. A
revogação somente poderá ser feita por via administrativa.
Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração perdeu o interesse na manutenção deste, ainda
que não exista vício que o tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito administrativo, por set
um ato legal, todos os atos já foram produzidos de forma lícita, de modo que a revogação não irá retroagir,
contudo mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc).
Não há limite temporal para a revogação de atos administrativos, não se configurando a decadência,
no prazo quinquenal, tendo em vista o entendimento que o interesse público pode ser alterado a qualquer
tempo.
Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato, por razões de conveniência e oportunidade.

Convalidação ou sanatória É o ato administrativo que, com efeitos retroativos, sana vício de ato
antecedente, de modo a torná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que sana um
vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde o momento em que foi praticado. Alguns
autores, ao se referir à convalidação, utilizam a expressão sanatória.
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente majoritária), constitutiva, secundária, e eficácia
ex tunc.
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos, sustentando que os atos administrativos
somente podem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos anuláveis.
Existem três formas de convalidação:
a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade que praticou o ato;
b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade superior àquela que praticou o ato;
c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou seja, não é feita nem por quem praticou
o ato nem por autoridade superior.

37
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª edição. 2014.

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Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação será discricionária, ou seja, a
Administração convalidará ou não o ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base
o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a convalidação deverá ser obrigatória,
visto que, se houver como sanar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto, que
existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra alternativa senão anular o ato.

Os obstáculos ao dever de convalidar são:


Impugnação do ato: Se houve a impugnação, judicial ou administrativa, não há que se falar mais em
convalidação. O dever de convalidar o ato só se afirma se ainda não houve sua impugnação.
Decurso de tempo: O decurso de tempo pode gerar um obstáculo ao dever de convalidar. Se a lei
estabelecer um prazo para a anulação administrativa, na medida em que o decurso de prazo impedir a
anulação, o ato não poderá ser convalidado, visto que o decurso de tempo o estabilizará – o ato não
poderá ser anulado e não haverá necessidade de sua convalidação.
Conversão É o ato administrativo que, com efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente,
transformando-o em ato distinto, desde o seu nascimento, ou seja, aproveita o ato defeituoso como
ato válido de outra categoria. Exemplo: Concessão de uso sem prévia autorização legislativa; A
concessão é transformada em permissão de uso, que não precisa de autorização legislativa, para que
seja um ato válido – conversão.
Não se deve confundir a convalidação com a conversão do ato administrativo. O ato nulo, embora não
possa ser convalidado, poderá ser convertido, transformando-se em ato válido.
Prescrição O instituto da prescrição, entendida como a perda do direito de ação devido à inércia de
seu titular, também é reconhecido pela legislação pertinente ao Direito Administrativo.
Como regra, o prazo para interposição de recursos administrativos é de cinco dias.
Já o prazo para propositura de ações judiciais, tanto pela Administração quanto pelo administrado, em
regra é de cinco anos. Importante destacar que as hipóteses de suspensão e interrupção do prazo
prescricional previstas na legislação civil também são aplicáveis às ações judiciais pertinentes ao Direito
Administrativo.
Decadência A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos potestativos, que “são
poderes que a lei confere a determinadas pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre
situações jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”, ou seja, quando a lei ou a vontade
fixam determinado prazo para serem exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio direito material.
O instituto da decadência tem a mesma finalidade da prescrição, qual seja, garantir a segurança
jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é de ordem pública, não podendo ser renunciada.
Entretanto, se o prazo decadencial for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por convenção
entre as partes, pode ser renunciado, que corresponderá a uma revogação da condição para o exercício
de um direito dentro de determinado tempo.
Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-se como de decadência administrativa os
prazos estabelecidos por diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Administração. E isso
porque a prescrição, como instituto jurídico, pressupõe a existência de uma ação judicial apta à defesa
de um direito. Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro dos quais o administrado pode
interpor recursos administrativos ou pode a Administração manifestar-se, seja pela prática de atos sobre
a conduta de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou outras obrigações com os
administrados, refere-se a esses prazos denominando-os de prescricionais.
Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcurso do prazo, impedindo a prática de um ato
pela própria Administração.

Questões

01. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017). Sobre a revogação dos atos administrativos,
assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Nem todos os atos administrativos podem ser revogados.
(B) A revogação de ato administrativo é realizada, ordinariamente, pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe
ainda examinar os aspectos de validade do ato revogador.
(C) Considerando que a revogação atinge um ato que foi praticado em conformidade com a lei, seus
efeitos são ex nunc.
(D) Pode a Administração Pública se arrepender da revogação de determinado ato.
(E) O fundamento jurídico da revogação reside no poder discricionário da Administração Pública

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02. (CONFERE - Assistente Administrativo VII - INSTITUTO CIDADES/2016). A anulação do ato
administrativo:
(A) Pode ser decretada à revelia pelo administrador público.
(B) Pode ser decretada somente pelo poder judiciário, desde que exista base legal para isso.
(C) Pode ser decretada tanto pelo poder judiciário como pela administração pública competente.
(D) Não pode ser decretada em hipótese alguma, pois o ato administrativo tem força de lei.

03. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto – FAURGS/2016). No que se refere aos atos administrativos,
assinale a alternativa correta.
(A) Em face de sua competência para apreciar a legalidade de quaisquer atos administrativos para fins
de registro, a declaração de invalidade ou anulação por vícios legais desses atos é exclusiva do Poder
Legislativo respectivo.
(B) O direito da Administração de anular seus próprios atos de que decorram efeitos favoráveis aos
destinatários prescreve em 3 (três) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé.
(C) A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivos de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
(D) Têm natureza política e são excluídos de apreciação pelo Poder Judiciário os atos administrativos
dotados de vinculação resultantes do exercício do poder de polícia administrativa que limitam ou
disciplinam direito, interesse ou liberdade dos administrados.
(E) Os atos administrativos eivados de vício que os tornem ilegais somente podem ser declarados
inválidos ou revogados pelo Poder Judiciário.

04. (DPE/MA - Defensor Público – FCC). No que tange à competência para revogar atos
administrativos, é correto afirmar que
(A) a revogação de atos que se sabem eivados de nulidade é possível, desde que devidamente
motivada por razões de interesse público.
(B) a competência para revogar é sempre delegável.
(C) atos já exauridos podem ser revogados, desde seja expressamente atribuído efeito retroativo ao
ato revocatório.
(D) atos ineficazes, porque ainda não implementada condição deflagradora de sua eficácia, estão
sujeitos à revogação.
(E) é possível revogar atos vinculados, desde que sua edição seja de competência autoridade que
editará o ato revocatório

05. (TRT - 18ª Região (GO)Prova: Juiz do Trabalho – FCC). No que tange à validade dos atos
administrativos
(A) é possível convalidar ato administrativo praticado com vício de finalidade, desde que se evidencie
que tal decisão não acarrete prejuízo a terceiros.
(B) todos os atos administrativos praticados com vício de competência devem ser anulados, pois se
trata de elemento essencial à validade dos atos administrativos.
(C) o descumprimento, pelo administrado, dos requisitos referentes ao desfrute de uma dada situação
jurídica, justifica a anulação do ato administrativo que gerou referida situação.
(D) a caducidade é a extinção de ato administrativo em razão da superveniência de legislação que
tornou inadmissível situação anteriormente consentida, com base na legislação então aplicável.
(E) os atos praticados por agente incompetente estão sujeitos à revogação pela autoridade que detém
a competência legal para sua prática.

Gabarito

01.B/ 02.C/ 03.C/ 04.D/ 05.D.

Comentários

01. Resposta: B
Revogação é a retirada do ato administrativo em decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade
em face dos interesses públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo com a lei.

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02. Resposta: C
A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-
los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
O ato administrativo também pode ser anulado pelo Poder Judiciário

03. Resposta: C
Súmula 473
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

04. Resposta: D
Um ato administrativo pode ser ineficaz por algumas razões, ou não está formado ou foi extinto. Dessa
forma, os atos que apresentam condição deflagadora de eficácia, estão sujeitos à revogação.

05. Resposta: D
O Prof. José dos Santos Carvalho Filho cita o seguinte exemplo: "uma permissão para uso de um bem
público; se, supervenientemente, é editada lei que proíbe tal uso privativo por particular, o ato anterior, de
natureza precária, sofre caducidade, extinguindo-se."
Outro exemplo é apresentado pela Prof. Maria Sylvia Di Pietro: "a caducidade de permissão para
explorar parque de diversões em local que, em face da nova lei de zoneamento, tornou-se incompatível
com aquele tipo de uso".

20 Serviços Públicos; 21 conceito, classificação, regulamentação e controle; 22


forma, meios e requisitos; 23 delegação, concessão, permissão, autorização;

SERVIÇOS PÚBLICOS

Serviços públicos são aqueles serviços prestados pela Administração, ou por quem lhe faça às vezes,
mediante regras previamente estipuladas por ela para a preservação do interesse público.
A titularidade da prestação de um serviço público sempre será da Administração Pública, somente
podendo ser transferido a um particular a prestação do serviço público. As regras serão sempre fixadas
unilateralmente pela Administração, independentemente de quem esteja executando o serviço público.
Qualquer contrato administrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se utilizar as regras de competência
dispostas na Constituição Federal. Quando não houver definição constitucional a respeito, deve-se
observar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem como o regime jurídico ao qual a atividade
se submete. Sendo regras de direito público, será serviço público; sendo regras de direito privado, será
serviço privado.
O fato de o Ente Federado ser o titular dos serviços não significa que deva obrigatoriamente prestá-
los por si. Assim, tanto poderá prestá-los por si mesmo, como poderá promover-lhes a prestação,
conferindo à entidades estranhas ao seu aparelho administrativo, titulação para que os prestem, segundo
os termos e condições fixadas, e, ainda, enquanto o interesse público aconselhar tal solução. Dessa
forma, esses serviços podem ser delegados a outras entidades públicas ou privadas, na forma de
concessão, permissão ou autorização.
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é a atividade ou organização abrangendo
todas as funções do Estado; já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administração pública.

Requisitos ou caracteres jurídicos

Os serviços públicos possuem quatro caracteres jurídicos, quais sejam:


Generalidade: o serviço público deve ser prestado a todos, ou seja à coletividade.
Uniformidade: exige a igualdade entre os usuários do serviço público, assim todos eles devem ser
tratados uniformemente.
Continuidade: não se pode suspender ou interromper a prestação do serviço público.
Regularidade: todos os serviços devem obedecer às normas técnicas.

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Modicidade: o serviço deve ser prestado da maneira mais barata possível, de acordo com a tarifa
mínima. Deve-se considerar a capacidade econômica do usuário com as exigências do mercado, evitando
que o usuário deixe de utilizá-lo por motivos de ausência de condições financeiras.
Eficiência: para que o Estado preste seus serviços de maneira eficiente é necessário que o Poder
Público atualize-se com novos processos tecnológicos, devendo a execução ser mais proveitosa com o
menos dispêndio.
Em caso de descumprimento de um dos requisitos supra mencionado, o usuário do serviço tem o
direito de recorrer ao Judiciário e exigir a correta prestação.
Quando se trata de Serviços Públicos, não se pode esquecer que ele apresenta determinados
princípios. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, brilhantemente os conceituou:
“O princípio da continuidade do serviço público, em decorrência do qual o serviço público não pode
parar, tem aplicação principalmente em relação aos contratos administrativos.
O princípio da mutabilidade do regime jurídico ou da flexibilidade dos meios aos fins, autoriza mudança
no regime de execução do serviço para adaptá-lo ao interesse público, que é sempre variável no tempo.
Pelo princípio da igualdade dos usuários perante o serviço público, desde que a pessoa satisfaça às
condições legais, ela faz jus à prestação do serviço sem qualquer distinção de caráter pessoal”.

Princípios

Vamos conferir os principais princípios do serviço público.


a. Princípio da continuidade da prestação do serviço público: Em se tratando de serviço público,
o princípio mais importante é o da continuidade de sua prestação.
Num contrato administrativo, quando o particular descumpre suas obrigações, há rescisão contratual.
Se a Administração, entretanto, que descumpre suas obrigações, o particular não pode rescindir o
contrato, tendo em vista o princípio da continuidade da prestação.
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar à Administração Pública uma prerrogativa que
não existe para o particular, colocando-a em uma posição superior em razão da supremacia do interesse
público.
b. Princípio da mutabilidade: Fica estabelecido que a execução do serviço público pode ser alterada,
desde que para atender o interesse público. Assim, nem os servidores, nem os usuários de serviços
públicos, nem os contratados pela administração pública, têm direito adquirido à manutenção de
determinado regime jurídico.
c. Princípio da igualdade dos usuários: Esse princípio estipula que não haverá distinção entre as
pessoas interessadas em contratar com a administração pública. Dessa forma, se tais pessoas possuírem
condições legais de contratação, não poderão ser diferenciadas.
d. Princípio da adequação: na própria Lei 8.897/95, resta claro que o serviço adequado é aquele que
preenche as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança...Dessa forma, se nota que
à Administração Pública e aos seus delegado é necessário que se respeite o que a legislação exige.
e. Princípio da obrigatoriedade: o Estado não tem a faculdade discricionária em prestar o serviço
público, ele é obrigado a fazer, sendo, dessa maneira, um dever jurídico.
f. modicidade das tarifas: significa que o valor exigido do usuário a título de remuneração pelo uso
do serviço deve ser o menor possível, reduzindo-se ao estritamente necessário para remunerar o
prestador com acréscimo de pequena margem de lucro. Daí o nome “modicidade”, que vem de “módico”,
isto é, algo barato, acessível.
Como o princípio é aplicável também na hipótese de serviço remunerado por meio de taxa, o mais
apropriado seria denominá-lo princípio da modicidade da remuneração.38
g. transparência: o usuário tem direito de receber do poder concedente e da concessionária
informações para defesa de interesses individuais ou coletivos.

Regulamentação e controle

A regulamentação e o controle competem ao serviço público, independente da forma de prestação de


serviço público ao usuário.
Caso o serviço não esteja sendo prestado de forma correta, o Poder Público poderá intervir e retirar a
prestação do terceiro que se responsabilizou pelo serviço. Deverá, ainda exigir eficiência para o
cumprimento do contrato.

38
Mazza, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Saraiva, 4ª edição, 2014.

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Como a Administração goza de poder discricionário, poderão ter as cláusulas contratuais modificadas
ou a delegação do serviço público revogada, atendendo ao interesse público.
O caráter do serviço público não é a produção de lucros, mas sim servir ao público donde nasce o
direito indeclinável da Administração de regulamentar, fiscalizar, intervir, se não estiver realizando a sua
obrigação.
Características jurídicas: As características do serviço público envolvem alguns elementos, tais
quais: elemento subjetivo, elemento formal e elemento material.
Elemento Subjetivo – o serviço público compete ao Estado que poderá delegar determinados serviços
públicos, através de lei e regime de concessão ou permissão por meio de licitação. O Estado é
responsável pela escolha dos serviços que em determinada ocasião serão conhecidos como serviços
públicos. Exemplo: energia elétrica; navegação aérea e infraestrutura portuária; transporte ferroviário e
marítimo entre portos brasileiros e fronteiras nacionais; transporte rodoviário interestadual e internacional
de passageiros; portos fluviais e lacustres; serviços oficiais de estatística, geografia e geologia
Elemento Material – o serviço público deve corresponder a uma atividade de interesse público.
Elemento Formal – a partir do momento em que os particulares prestam serviço com o Poder Público,
estamos diante do regime jurídico híbrido, podendo prevalecer o Direito Público ou o Direito Privado,
dependendo do que dispuser a lei. Para ambos os casos, a responsabilidade é objetiva. (os danos
causados pelos seus agentes serão indenizados pelo Estado)
Quanto à titularidade: A titularidade da prestação de um serviço público sempre será da
Administração Pública, somente podendo ser transferido a um particular a execução do serviço público.
As regras serão sempre fixadas unilateralmente pela Administração, independentemente de quem esteja
executando o serviço público. Qualquer contrato administrativo aos olhos do particular é contrato de
adesão.
Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-se utilizar as regras de competência
dispostas na Constituição Federal. Quando não houver definição constitucional a respeito, deve-se
observar as regras que incidem sobre aqueles serviços, bem como o regime jurídico ao qual a atividade
se submete. Sendo regras de direito público, será serviço público; sendo regras de direito privado, será
serviço privado.
Desta forma, os instrumentos normativos de delegação de serviços públicos, como concessão e
permissão, transferem apenas a prestação temporária do serviço, mas nunca delegam a titularidade do
serviço público.
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público é a atividade ou organização abrangendo
todas as funções do Estado; já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela administração pública.
Portanto, a execução de serviços públicos poderá ser realizada pela administração direta, indireta ou
por particulares. Oportuno lembrar que a administração direta é composta por órgãos, que não têm
personalidade jurídica, que não podem estar, em regra, em juízo para propor ou sofrer medidas judiciais.
Exemplos: Ministérios, Secretarias de Estado, administrações regionais, subprefeituras.39
A administração indireta é composta por pessoas, surgindo como exemplos: autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista. Por outro lado, o serviço público também pode ser
executado por particulares, por meio de concessão, permissão, autorização. Importante dizer ainda que
todas estas figuras que integram a administração indireta têm de comum entre si os seguintes itens:
a) são pessoas jurídicas;
b) são criadas ou autorizadas por lei de iniciativa do poder executivo;
c) são dotadas de autonomia administrativa, financeira e patrimônio próprio.

A regulação de serviços públicos

Pode ser definida como sendo a atividade administrativa desempenhada por pessoa jurídica de direito
público que consiste no disciplinamento, na regulamentação, na fiscalização e no controle do serviço
prestado por outro ente da Administração Pública ou por concessionário ou permissionário do serviço
público, à luz de poderes que lhe tenham sido, por lei, atribuídos para a busca da adequação daquele
serviço, do respeito às regras fixadoras da política tarifária, da harmonização, do equilíbrio e da
composição dos interesses de todos os envolvidos na prestação deste serviço, assim como da aplicação
de penalidades pela inobservância das regras condutoras da sua execução.
A regulação deve levar em consideração o tratamento diferenciado imposto por circunstâncias de
tempo e espaço. Isto ocorre porque os ordenamentos jurídicos de diferentes Estados, ou do mesmo

39
https://sites.google.com/site/zeitoneglobal/parte-especial-1/1-01-servico-publico

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Estado em diferentes momentos, ou ainda os de unidades federativas de um mesmo Estado, poderão ter,
em relação à regulação ou às atividades reguladas, as mais distintas visões ou entendimentos.
A regulação do serviço público pode ocorrer sobre serviços executados de forma direta, outorgados a
entes da administração indireta ou para serviços objeto de delegação por concessão, permissão ou
autorização. Em qualquer um desses casos, a atividade regulatória é diversa e independente da
prestação dos serviços. Desta forma é necessário que o órgão executor do serviço seja diverso do órgão
regulador, do contrário, haverá uma tendência natural a que a atividade de regulação seja deixada de
lado, em detrimento da execução, ou que aquela seja executada sem a isenção, indispensável a sua
adequada realização.

Classificação dos serviços públicos

a) Serviços delegáveis e indelegáveis: Serviços delegáveis são aqueles que por sua natureza, ou
pelo fato de assim dispor o ordenamento jurídico, comportam ser executados pelo estado ou por
particulares colaboradores.
Ex: serviço de abastecimento de água e energia elétrica
Serviços indelegáveis são aqueles que só podem ser prestados pelo Estado diretamente, por seus
órgãos ou agentes.
Ex: serviço de segurança nacional.
b) Serviços administrativos e de utilidade pública: O chamado serviço de utilidade pública é o
elenco de serviços prestados à população ou postos à sua disposição, pelo Estado e seus agentes,
basicamente de infraestrutura e de uso geral, como correios e telecomunicações, fornecimento de
energia, dentre outros.
Ex: imprensa oficial
c) Serviços coletivos (uti universi) e singulares (uti singuli): Coletivo. São serviços gerais,
prestados pela Administração à sociedade como um todo, sem destinatário determinado e são mantidos
pelo pagamento de impostos.
Ex: serviço de iluminação pública e segurança pública
Serviços singulares são os individuais onde os usuários são determinados e são remunerados pelo
pagamento de taxa ou tarifa.
Ex: serviço de telefonia domiciliar
d) Serviços sociais e econômicos: Serviços sociais são os que o Estado executa para atender aos
reclamos sociais básicos e representam; ou uma atividade propiciadora de comodidade relevante; ou
serviços assistenciais e protetivos.
Ex: serviços de educação e saúde.
Serviços econômicos são aqueles que, por sua possibilidade de lucro, representam atividades de
caráter industrial ou comercial.
Ex: serviço de telefonia e fornecimento de gás canalizado.
e. Serviços próprios – compreendem os que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder
Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc.) devendo ser usada a supremacia sobre
os administrados para a execução da Administração Pública. Em razão disso não podem ser delegados
a particulares. Devido a sua essência, são na maioria das vezes gratuitos ou de baixa remuneração.
f. Serviços impróprios – por não afetarem substancialmente as necessidades da comunidades,
apenas irá satisfazer alguns de seus membros, devendo ser remunerado pelos seus órgãos ou entidades
administrativas, como é o caso das autarquias, sociedades de economia mista ou ainda por delegação.

Remuneração dos serviços públicos

Os serviços públicos podem ser prestados de forma abstrata, difusa, à toda coletividade, sem
particularização ou individualização da prestação (educação, a saúde pública, a iluminação pública, a
segurança pública, a limpeza pública, coleta de lixo, calçamento e outros), que são remunerados por via
necessariamente tributária.
Em contrapartida, existem serviços cuja prestação é especifica, mensurável, individual, ou seja, se
apresenta de forma concreta ao usuário, o que gerará um direito subjetivo de prestação. A fruição destes
serviços não será homogênea para todos os usuários, que poderão utilizá-los em intensidades diversas,
de acordo com a necessidade de cada um. São serviços como energia elétrica, telefonia, gás, água
encanada e transporte coletivo. Eles são específicos, que significa dizer que são prestados de uma forma
autônoma, destacada e são também divisíveis, em que o uso efetivo ou potencial pode ser aferido
individualmente. Estes serviços serão remunerados por Taxas de serviços (que diferem das taxas de

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polícia) ou por tarifas (também chamadas de preços), já que este tipo de serviço público pode ser objeto
de delegação.
Taxa: Taxa é o tributo cobrado de alguém que se utiliza, ou possui à sua disposição, serviço público
especial e divisível, de caráter administrativo ou jurisdicional. Serviço divisível é aquele que pode ser
mensurado, medido, ter sua quantidade aferida por algum instrumento, ser prestado de forma
individualizada ao usuário. Está capitulado no art. 79, III do CTN. Entendem-se divisíveis, os serviços
quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos usuários.
Tarifa: Também conhecida como preço público, é o valor cobrado pela prestação de serviços públicos
por empresas públicas, sociedades de economia mista, empresas concessionárias e permissionárias de
serviços públicos (art. 2° e 3° do Código de Defesa do Consumidor). Aqui, o Estado também presta serviço
público, mas por meio dos órgãos da administração indireta, ao contrário do tributo taxa, cobrado pelos
órgãos da Administração Direta, que podem, inclusive, celebrar contratos administrativos para a
prestação de serviços taxados. Tarifa é um instituto típico de direito privado, existente em uma relação de
consumo, em que há a autonomia da vontade, a liberdade de contratar e de discutir cláusulas e condições
de contrato, ou seja, do pacta sunt servanda.
Imposto: quando se trata de serviços públicos uti universi, não há que se falar em remuneração, mas
em prestação custeada pelas receitas oriundas de impostos. Ex: serviço de limpeza e conservação de
logradouros públicos.

Usuário do serviço público

O usuário do serviço público não é necessariamente o destinatário final. Podem ser usuários tanto o
indivíduo que recebe energia ou serviço de telecomunicações em sua residência, como uma pessoa
jurídica que utiliza a energia elétrica ou a telecomunicação como insumo em sua atividade comercial.
Direitos e Obrigações dos usuários: Os usuários dos serviços públicos têm direito ao recebimento
do serviço e indenização no caso de ser mal prestado ou interrompida a prestação, provocando prejuízos
ao particular.
Os usuários dos serviços públicos devem obedecer aos requisitos de ordem administrativa,
apresentando dados que a administração requisitar, tais como os de ordem técnica que são condições
necessárias para Administração prestar o serviço e os de ordem pecuniária, no que diz respeito à
remuneração do serviço. Vamos fazer a leitura do artigo 7º da Lei 8.987/95. Essa lei dispõe sobre o regime
de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal:
Dentro deste contexto, observados os aspectos comuns a todas elas, passaremos agora a estabelecer
uma definição de cada uma procurando ressaltar seus aspectos característicos, permitindo a visualização
das diferenças entre elas.

Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações
dos usuários:
I - receber serviço adequado;
II - receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de interesses
individuais ou coletivos;
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de serviços, quando
for o caso, observadas as normas do poder concedente.
IV - levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularidades de que tenham
conhecimento, referentes ao serviço prestado;
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela concessionária na prestação
do serviço;
VI - contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através dos quais lhes são
prestados os serviços.

Competência

São de competência exclusiva do Estado, não podendo delegar a prestação à iniciativa privada: os
serviços postais e correio aéreo nacional.

Art. 21, CF Compete à União:


( )
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional

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Além desses casos, veja estes incisos ainda trazidos no mesmo artigo constitucional:

Art. 21, CF Compete à União:


( )
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou
que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

Titularidade não-exclusiva do Estado: os particulares podem prestar, independentemente de


concessão, são os serviços sociais. Ex: serviços de saúde, educação, assistência social.

De acordo com nossa Lei maior compete aos Estados e ao Distrito Federal:

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

Ao Distrito Federal:

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios.
[...]

O artigo 30 da Constituição Federal, traz os serviços de competência dos municípios, destacando-se


o disposto no inciso V

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos
de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação
infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à
saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual.

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Formas de prestação do serviço público

a. Prestação Direta: É a prestação do serviço pela Administração Pública Direta, que pode se realizar
de duas maneiras:
- pessoalmente pelo Estado: quando for realizada por órgãos públicos da administração direta.
- com auxílio de particulares: quando for realizada licitação, celebrando contrato de prestação de
serviços. Apesar de feita por particulares, age sempre em nome do Estado, motivo pelo qual a reparação
de eventual dano é de responsabilidade do Estado.
b. Prestação Indireta por outorga: nesse caso a prestação de serviços públicos pode ser realizada
por pessoa jurídica especializada criada pelo Estado, se houver lei específica. Este tipo de prestação é
feita pela Administração Pública Indireta, ou seja, pelas autarquias, fundações públicas, associações
públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. A responsabilidade pela reparação de
danos decorrentes da prestação de serviços, neste caso, é objetiva e do próprio prestador do serviço,
mas o Estado (Administração Direta) tem responsabilidade subsidiária, caso a Administração Indireta não
consiga suprir a reparação do dano. Outrossim, a remuneração paga pelo usuário tem natureza de taxa.
c. Prestação Indireta por delegação: é realizada por concessionários e permissionários, após regular
licitação. Se a delegação tiver previsão em lei específica, é chamada de concessão de serviço público e
se depender de autorização legislativa, é chamada de permissão de serviço público.
A prestação indireta por delegação só pode ocorrer nos chamados serviços públicos uti singuli e a
responsabilidade por danos causados é objetiva e direta das concessionárias e permissionárias, podendo
o Estado responder apenas subsidiariamente.
Outrossim, a natureza da remuneração para pelo usuário é de tarifa ou preço público.
Vale lembrar, que o poder de FISCALIZAÇÃO da prestação de serviços públicos é sempre do Poder
Concedente.

Regime de convênios administrativos

O artigo 175 da Constituição Federa, traz as maneiras tradicionais de execução do serviço público,
execução direita e indireta. Com a reforma administrativa e na busca mais eficiente da prestação de
serviços, a EC 19/98 reforçou a ideia de se buscar meios para efetivação do Federalismo Cooperativo,
com previsão no artigo 23 da CF. A previsão que se tem é que os entes deverão contratar além dos
consórcios públicos, os convênios de cooperação.
Os convênios nada mais são do que ajustes entre órgão ou entidades do poder público ou entre estes
e entidades privadas, com a finalidade de realizar projetos ou atividades de interesse comum, em regime
de mútua cooperação.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2009, p. 319) ensina que convênio é um dos instrumentos de que o
Poder Público se utiliza para associar-se quer com outras entidades públicas quer com entidades
privadas.
Partindo dessas premissas podemos considerar que os convênios visam a cooperação ou mútua
colaboração, diferente do que ocorre em contratos administrativos, que espera a entrega ou prestação de
um produto em troca da remuneração. O objeto visado no convênio diz respeito a todos os envolvidos

Regimes de parceria

Parceria entre o Estado e a iniciativa privada: Para a execução das tarefas em prol da sociedade
há funções precípuas do Estado e da iniciativa privada. Via de regra, admite-se que compete ao Estado
prover a educação pública, segurança e administração da Justiça, arrecadação de impostos. As tarefas
a serem executadas com o setor privado varia de país para país, de acordo com as tendências de cada
um. O Estado poderá acompanhar, fiscalizar e até mesmo intervir no que o setor privado esteja
executando no lugar do Estado.
Surgiram várias parcerias da Administração Pública através dos variados instrumentos de cooperação
entre a Administração e particulares para que tenha eficiência nas atividades públicas e aumento da
qualidade. Podemos citar as parcerias público-privadas (Lei n. 11.079/2004), concessões e permissões
de serviço público (Lei n. 9.897/99), termos de parceria firmados com organizações da sociedade civil de
interesse público (9.790/99), contratos de franquia etc.
As parcerias realizadas entre os setores público e privado são fundamentais para garantia de
viabilização de políticas públicas, através da escassez de recursos públicos que são destinados para
prover as demandas sociais existentes no Brasil. Os acordos bilaterais entre a iniciativa privada e o Poder

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Público permitem a viabilização de investimentos economicamente rentáveis aos parceiros privados e
estratégicos para os Estados.
O Estado poderá delegar seus serviços aos particulares por meio da permissão e concessão de serviço
público:
As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões de serviços públicos reger-
se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, pela lei 8.987/95, pelas normas legais pertinentes
e pelas cláusulas dos indispensáveis contratos. Vamos conferir a redação do artigo 175 da Constituição
Federal:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial
de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Note-se que o dispositivo não faz referência à autorização de serviço público, talvez porque os
chamados serviços públicos autorizados não sejam prestados a terceiros, mas aos próprios particulares
beneficiários da autorização; são chamados serviços públicos, porque atribuídos à titularidade exclusiva
do Estado, que pode, discricionariamente, atribuir a sua execução ao particular que queira prestá-lo, não
para atender à coletividade, mas às suas próprias necessidades.
Parceria Público Privada: As parcerias público-privadas surgiram como instrumento regulador dos
diversos setores da sociedade, uma nova modalidade de concessão, criadas com o objetivo de incentivar
o investimento privado em obras públicas de infraestrutura estratégica, mediante a garantia de retorno do
capital investido ao parceiro privado, corrigindo as distorções provocadas com a ingerência direta do
Estado no setor econômico.
No Brasil, apesar de abrir um campo largo para a criação de projetos, o regime de PPP tem limites na
Lei de Licitações, na Lei de Concessões e na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Portanto, o sucesso dos contratos de PPP depende de uma estabilização legal e regulatória, que
reduza os riscos e ofereça garantias consistentes ao capital privado, para que a confiança na
sustentabilidade do crescimento possa auxiliar no estabelecimento de uma política industrial consistente
e em uma estabilidade institucional no plano político-social.
Regime de contrato de gestão: A parceria realizada entre a Administração Pública e a Organização
Social é feita através do contrato de gestão, que tem como base a Lei nº 9637/98, podendo ser
conceituado como: “o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
Organização Social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de
atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1º.”
Hely Lopes assevera que os contratos de gestão são o instrumento jurídico básico dessa forma de
parceria entre o setor público e o privado. Já para Celso Antonio Bandeira de Mello os contratos de gestão
são pura e simplesmente contratos administrativos.
O que é defendido por todos é que o contrato de gestão possui natureza jurídica de parceria, pois se
trata de uma forma de substituir a relação de hierarquia presentes nas relações entre o Poder Público e
o particular.
A elaboração deste contrato de gestão deve respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, economicidade.

Formas de Delegação do Serviço Público

As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões de serviços públicos reger-


se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, pela lei 8.987/95, pelas normas legais pertinentes
e pelas cláusulas dos indispensáveis contratos. Vamos conferir a redação do artigo 175 da Constituição
Federal:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

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Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial
de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Note-se que o dispositivo não faz referência à autorização de serviço público, talvez porque os
chamados serviços públicos autorizados não sejam prestados a terceiros, mas aos próprios particulares
beneficiários da autorização; são chamados serviços públicos, porque atribuídos à titularidade exclusiva
do Estado, que pode, discricionariamente, atribuir a sua execução ao particular que queira prestá-lo, não
para atender à coletividade, mas às suas próprias necessidades.
Concessão de serviço público: É a delegação da prestação do serviço público feita pelo poder
concedente, mediante licitação na modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas
que demonstrem capacidade de desempenho por sua conta e risco, com prazo determinado. Essa
capacidade de desempenho é averiguada na fase de habilitação da licitação. Qualquer prejuízo causado
a terceiros, no caso de concessão, será de responsabilidade do concessionário – que responde de forma
objetiva (art. 37, § 6.º, da CF) tendo em vista a atividade estatal desenvolvida, respondendo a
Administração Direta subsidiariamente. É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato de
concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder concedente. A subconcessão corresponde
à transferência de parcela do serviço público concedido a outra empresa ou consórcio de empresas. É o
contrato firmado por interesse da concessionária para a execução parcial do objeto do serviço concedido.
Extinção da concessão de serviço público e reversão dos bens
São formas de extinção do contrato de concessão:
- Advento do termo contratual (art. 35, I da Lei 8987/95).
- Encampação (art. 35, II da Lei 8987/95).
- Caducidade (art. 35, III da Lei 8987/95).
- Rescisão (art. 35, IV da Lei 8987/95).
- Anulação (art. 35, V da Lei 8987/95).
- Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso
de empresa individual (art. 35, VI da Lei 8987/95).
Assunção (reassunção) é a retomada do serviço público pelo poder concedente assim que extinta a
concessão. – “Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente,
procedendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessários” (art. 35, §2º da Lei 8987/95).
Reversão é o retorno de bens reversíveis (previstos no edital e no contrato) usados durante a
concessão. - “Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e
privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no contrato” (art. 35,
§1º da Lei 8987/95); “O edital de licitação será elaborado pelo poder concedente, observadas, no que
couber, os critérios e as normas gerais da legislação própria sobre licitações e contratos e conterá,
especialmente: a indicação dos bens reversíveis” (art. 18, X da Lei 8987/95). “São cláusulas essenciais
do contrato de concessão as relativas: aos bens reversíveis” (art. 23, X, da Lei 8987/95).
a) Advento do termo contratual: É uma forma de extinção dos contratos de concessão por força do
término do prazo inicial previsto. Esta é a única forma de extinção natural.
b) Encampação: É uma forma de extinção dos contratos de concessão, mediante autorização de lei
específica, durante sua vigência, por razões de interesse público. Tem fundamento na supremacia do
interesse público sobre o particular.
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o fará de forma unilateral, pois um dos
atributos do ato administrativo é a autoexecutoriedade. - O concessionário terá direito à indenização.
“Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da
concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento
da indenização na forma do artigo anterior” (art. 37 da Lei 8987/95).
c) Caducidade: É uma forma de extinção dos contratos de concessão durante sua vigência, por
descumprimento de obrigações contratuais pelo concessionário.
“A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder concedente, a declaração da
caducidade da concessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste
artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes” (art. 38 da Lei 8987/95).
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o fará de forma unilateral, sem a necessidade
de ir ao Poder Judiciário. - O concessionário não terá direito a indenização, pois cometeu uma

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irregularidade, mas tem direito a um procedimento administrativo no qual será garantido contraditório e
ampla defesa.
“A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da inadimplência da
concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa” (art. 38, §2º da Lei
8987/95); “Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de comunicados à
concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais referidos no §1 deste artigo, dando-lhe
um prazo para corrigir as falhas e transgressões e para o enquadramento nos termos contratuais” (art.
38, §3º da Lei 8987/95). “Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a
caducidade será declarada por decreto do poder concedente, independentemente de indenização prévia,
calculada no decurso do processo” (art. 38, §4º da Lei 8987/95).
“Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de
responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com
empregados da concessionária” (art. 38, §6º da Lei 8987/95).
d) Rescisão é uma forma de extinção dos contratos de concessão, durante sua vigência, por
descumprimento de obrigações pelo poder concedente.
O concessionário tem a titularidade para promovê-la, mas precisa ir ao Poder Judiciário. – “O contrato
de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das
normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse
fim” (art. 39 da Lei 8987/95).
Nesta hipótese, os serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou
paralisados até decisão judicial transitada em julgado (art. 39, parágrafo único da Lei 8987/95).
O artigo 78 da Lei 866/93 traz motivos que levam à rescisão do contrato, tais como: XV- Atraso superior
a 90 dias do pagamento devido pela Administração, decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou
parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação
da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento
de suas obrigações até que seja normalizada a situação; XIV- Suspensão da execução do serviço público
pela Administração Pública por prazo superior a 120 dias, sem a concordância do concessionário, salvo
em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra.
O artigo 79 da Lei 8666/93 prevê três formas de rescisão dos contratos administrativo, sendo elas:
Rescisão por ato unilateral da Administração; Rescisão amigável, Rescisão judicial. Entretanto, na lei de
concessão é diferente, existindo apenas uma forma de rescisão do contrato, ou seja, aquela promovida
pelo concessionário no caso de descumprimento das obrigações pelo poder concedente.
e) Anulação: É uma forma de extinção os contratos de concessão, durante sua vigência, por razões
de ilegalidade.
Tanto o Poder Público com o particular podem promover esta espécie de extinção da concessão,
diferenciando-se apenas quanto à forma de promovê-la. Assim, o Poder Público pode fazê-lo
unilateralmente e o particular tem que buscar o poder Judiciário.
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais,
porque deles não originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial, é o que dispõe
a Súmula do STF nº 473.
f) Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no
caso de empresa individual:
- Falência: É uma forma de extinção dos contratos de concessão, durante sua vigência, por falta de
condições financeiras do concessionário. - Tanto o Poder Público com o particular podem promover esta
espécie de extinção da concessão.
- Incapacidade do titular, no caso de empresa individual: É uma forma de extinção dos contratos de
concessão, durante sua vigência, por falta de condições financeiras ou jurídicas por parte do
concessionário.

No que tange a extinção da concessão, para complemento do estudo vamos conferir que prevê a Lei
8.987/95:

Capítulo X
DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO

Art. 35. Extingue-se a concessão por:


I - advento do termo contratual;
II - encampação;

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III - caducidade;
IV - rescisão;
V - anulação; e
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso
de empresa individual.
§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e
privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no contrato.
§ 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-
se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessários.
§ 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder concedente,
de todos os bens reversíveis.
§ 4o Nos casos previstos nos incisos I e II deste artigo, o poder concedente, antecipando-se à extinção
da concessão, procederá aos levantamentos e avaliações necessários à determinação dos montantes da
indenização que será devida à concessionária, na forma dos arts. 36 e 37 desta Lei.

Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das parcelas dos
investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido
realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido.

Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da
concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento
da indenização, na forma do artigo anterior.

Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder concedente, a
declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as
disposições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente quando:
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas,
critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares
concernentes à concessão;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes
de caso fortuito ou força maior;
IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a
adequada prestação do serviço concedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos;
VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de regularizar a
prestação do serviço; e
VII - a concessionária não atender a intimação do poder concedente para, em 180 (cento e oitenta)
dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art.
29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. (Redação dada pela Lei nº 12.767, de 2012)
§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da inadimplência
da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa.
§ 3o Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de comunicados à
concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais referidos no § 1º deste artigo, dando-
lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento, nos termos
contratuais.
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a caducidade será declarada
por decreto do poder concedente, independentemente de indenização prévia, calculada no decurso do
processo.
§ 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devida na forma do art. 36 desta Lei e do
contrato, descontado o valor das multas contratuais e dos danos causados pela concessionária.
§ 6o Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de
responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com
empregados da concessionária.

Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de
descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial especialmente
intentada para esse fim.

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Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os serviços prestados pela concessionária
não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.

Permissão de Serviço Público: É a delegação a título precário, mediante licitação feita pelo poder
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstrem capacidade de desempenho por sua conta e
risco.
A Lei n. 8.987/95 é contraditória quando se refere à natureza jurídica da permissão: menciona que é
“precária”, mas que será precedida de “licitação”, o que pressupõe um contrato e um contrato não pode
ser precário.
Em razão disso, diverge a doutrina.
Para Hely Lopes Meirelles, Maria Sylvia Zanella di Pietro e Celso Antonio Bandeira de Mello,
concessão é uma espécie de contrato administrativo destinado a transferir a execução de um serviço
público para terceiros; permissão é ato administrativo unilateral e precário.
Nada obstante, a Constituição Federal iguala os institutos quando a eles se refere (art. 223, §§ 4.º e
5.º):

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o
serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos
sistemas privado, público e estatal.
[...]
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão
judicial.
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze
para as de televisão.

Autorização: É um ato administrativo unilateral, discricionário e precário, pelo qual o Poder Público
transfere por delegação a execução de um serviço público para terceiros. O ato é precário porque não
tem prazo certo e determinado, possibilitando o seu desfazimento a qualquer momento.
O que diferencia, basicamente, a autorização da permissão é o grau de precariedade. A autorização
de serviço público tem precariedade acentuada e não está disciplinada na Lei n. 8.987/95. É aplicada
para execução de serviço público emergencial ou transitório (Exemplo: serviço de táxi; serviços de
despachantes; serviço de guarda particular em estabelecimentos; serviços de pavimentação de ruas pela
própria população etc.).
Relativamente à permissão de serviço público, as suas características assim se resumem:
1. é contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente pelo poder concedente (em
conformidade com o art. 1 75, parágrafo único, inciso I, da Constituição, e do art. 40 da Lei nº 8987/95),
embora tradicionalmente seja tratada pela doutrina como ato unilateral, discricionário e precário, gratuito
ou oneroso, intuitu personae.
2. depende sempre d e licitação, conforme artigo 1 75 da Constituição;
3. seu objeto é a execução d e serviço público, continuando a titularidade do serviço com o Poder
Público;
4. o serviço é executado e m nome d o permissionário, por sua conta e risco;
5. o permissionário sujeita-se à s condições estabelecidas pela Administração e a sua fiscalização;
6. como ato precário, pode ser alterado ou revogado a qualquer momento pela Administração, por
motivo de interesse público;
7. não obstante seja de sua natureza a outorga sem prazo, tem a doutrina admitido a possibilidade de
fixação de prazo, hipótese em que a revogação antes do termo estabelecido dará ao permissionário direito
à indenização; é a modalidade que Hely Lopes Meirelles denomina de permissão condicionada e
Cretella Júnior de permissão qualificada.

Intervenção no domínio econômico. Formas de atuação. Fomento.

Essas contribuições não se sujeitam ao princípio da anterioridade do exercício financeiro seguinte,


assim podem ser cobradas no mesmo exercício financeiro em que foram instituídas ou majoradas.
Contudo, devem respeitar ao princípio da anterioridade nonagesimal.
O Supremo Tribunal Federal classifica como contribuições sociais gerais aquelas que são destinadas
para outras áreas de atuação da União, como por exemplo, o salário-educação.
Ainda pertencem a essa categoria as contribuições para financiar os serviços sociais autônomos, como
o SESI e o SENAI.

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As contribuições para intervenção no domínio econômico possuem natureza extrafiscal, pois sua
principal função é a intervenção no domínio econômico por meio da destinação da arrecadação para uma
determinada atividade, configurando assim, um incentivo.
As contribuições corporativas tem natureza parafiscal, visto que sua função é a arrecadação de
recursos para financiar atividades de interesses de instituições que representam e fiscalizam as
categorias profissionais e econômicas.
A contribuição sindical encontra amparo no art. 8º, IV da Constituição. É obrigatória para todos os
aqueles que exercem atividade dentro de uma categoria econômica ou profissional, bem como para os
profissionais liberais. É destinada aos sindicados ou às federações sindicais, na ausência dos primeiros.
Somente estão dispensados do pagamento desse tributo os aposentados.
A contribuição para o custeio da iluminação pública – COSIP – encontra previsão no art. 149-A da CF,
o qual atribui competência para os Municípios e o Distrito Federal institui-la.
A própria Constituição vinculou o valor arrecadado à sua finalidade, ou seja, ao custeio da iluminação
pública, de sorte que é defeso ao administrador utilizar esse recurso para outra finalidade.

Assim diz a Constituição Federal:


Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação
nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no
art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores,
para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não
será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
III - poderão ter alíquotas:
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de
importação, o valor aduaneiro.
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa
jurídica, na forma da lei.
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez.

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas
leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo
de energia elétrica.

Da leitura dos dispositivos supra, extrai-se que a União é a única competente para instituir as
contribuições sociais, as contribuições de intervenção no domínio econômico e as contribuições de
interesse de categorias profissionais ou econômicas. A única exceção consta do § 1º do mesmo artigo.
O § 2º declara que as receitas decorrentes da exportação são imunes às contribuições sociais e às
contribuições de intervenção no domínio econômico. Logo, os exportadores estão imunes ao pagamento
do PIS, da COFINS e de qualquer outra contribuição que incida sobre a receita originária da exportação.
As contribuições sociais dividem-se em contribuições de seguridade social, contribuições sociais
gerais e outras contribuições sociais.
As contribuições sociais para o financiamento da seguridade social são reguladas pelo art. 195 da
Constituição, veja-se:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;

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II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos
responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não
poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido
sem a correspondente fonte de custeio total.
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa
dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto
no art. 150, III, "b".
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os
respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases
de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do
porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de
assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos
I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar.
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na
forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da
contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento.

O perfil moderno do serviço público.

Atualmente deve-se desmistificar a ideia negativa do servidor público, de que o servidor está do lado
oposto do cidadão, sem querer auxiliá-lo ou ajuda-lo. O servidor, na realidade deve ser valorizado, pois a
regra que temos é que todos os servidores conseguem atender bem a pessoa que vá procurar pelo auxílio
do Estado, o qual se dá na figura do servidor.
Em termos de legislação, o perfil moderno foi traçado com a criação do Decreto Lei de 1967, que para
melhor desempenho de suas atividades, coordenação, supervisão e controle, transferiu para particulares
o controle, surgindo, a partir daí a descentralização administrativa no direito positivo.
Em 1995, o Ministério da Administração Federal lançou o Plano Diretor da Reforma Administrativa do
Estado, com a desestatização e publicização do Estado
Atualmente, o governo federal tem almejado melhorar a qualidade na prestação do serviço público, a
qualificação do servidor público tem aumentado significativamente, o atendimento ao público tem sido
feito com mais profissionalismo e alguns procedimentos passaram a ser mais simples, sem tanta
burocratização.
Os concursos estão sendo mais bem elaborados, aprimorando-se a cobrança na prova com a função
que o servidor irá exercer. Os próprios editais estão sendo mais bem elaborados e claros para que o
servidor possa entender o que de fato se busca dele.
O servidor deve pensar que o serviço público é um serviço como qualquer outro, que deve ser prestado
com dedicação.

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Centralização e descentralização

A execução do serviço público poderá ser por:


Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo feita pela Administração direta do Estado
(ex.: Secretarias, Ministérios etc.). Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular do serviço público,
como o prestador do mesmo, o próprio estado é quem centraliza a atividade.
Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que não se confundem com a
Administração direta do Estado. Esses terceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública.
Se estiverem dentro da Administração Pública, poderão ser autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista (Administração indireta do Estado). Se estiverem fora da Administração,
serão particulares e poderão ser concessionários, permissionários ou autorizados.
Assim, descentralizar é repassar a execução e a titularidade, ou só a execução de uma pessoa para
outra, não havendo hierarquia. Por exemplo, quando a União transferiu a titularidade dos serviços
relativos à seguridade social à autarquia INSS.
Na esfera federal, a Administração Direta ou Centralizada é composta por órgãos subordinados à
Presidência da República e aos Ministérios, como o Departamento da Polícia Federal, Secretaria do
Tesouro Nacional ou a Corregedoria-Geral da União.

Questões

01. (IF/BA - Assistente em Administração – FUNRIO/2016). Representa característica da permissão


de serviço público
(A) constituir ato bilateral e discricionário.
(B) não depender de licitação.
(C) constituir ato unilateral, discricionário e precário.
(D) não poder ser alterada ou revogada.
(E) impedir o Poder Público de fiscalizar o permissionário.

02. (Prefeitura de Suzano/SP - Procurador Jurídico – VUNESP). São exemplos de serviços públicos
uti singuli:
(A) iluminação pública, calçamento e fornecimento de gás.
(B) energia elétrica, iluminação pública e saúde.
(C) telefonia, energia elétrica e fornecimento de água.
(D) educação, saúde e policiamento.
(E) transporte coletivo, defesa civil e educação.

03. (ANS - Ativ. Tec. de Suporte – Direito – FUNCAB). Marque a opção correta, a respeito do serviço
público.
(A) Sobre as concessões de serviços público e de obras públicas e as permissões de serviços públicos
reger-se-ão, exclusivamente, nos termos da lei que trata das licitações e contratos administrativos.
(B) Sobre a concessão de serviço público precedida da execução de obra pública, a construção, total
ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público,
delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência e tomada de preço,
à pessoa física e jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização,
por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado
mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado.
(C) Sobre a concessão de serviço público, a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa física ou jurídica, ou consórcio de empresas
que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.
(D) Sobre o poder concedente, são eles a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município ou o território,
em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública e
licitação, objeto de concessão ou permissão.
(E) Sobre a permissão de serviço público, a sua delegação, a título precário, mediante licitação, da
prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

04. (CRC/RO – Contador – FUNCAB) Serviços públicos classificados como “uti universí' ou gerais:
(A) são prestados a usuários determinados.
(B) são custeados pela receita de impostos.

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(C) podem ser dados em concessão.
(D) são prestados por entes privados.
(E) podem ser remunerados por taxas.

05. (MPE/SP – Analista de Promotoria – Vunesp) A respeito da encampação nos contratos de


concessão de serviço público, é correto afirmar que:
(A é medida facultativa da concessionária.
(B) deve ser precedida de lei autorizativa específica e de pagamento da indenização.
(C) não é permitida por lei.
(D) é medida impositiva do poder concedente após o término da concessão.
(E) ocorre durante a concessão, por motivo de interesse público, sem direito à indenização.

06. (TJ/SP - Juiz Substituto – VUNESP). Sobre os serviços públicos, assinale a alternativa correta.
(A) As tarifas de remuneração da prestação de serviços públicos concedidos deverão ser fixadas pelo
preço da proposta vencedora da licitação nos termos de sua proposta e sua cobrança poderá ser
condicionada à existência de serviço alternativo e gratuito para o usuário.
(B) A prestação de serviço público diretamente pelo poder público é imune à aplicação do regime de
proteção contido no Código de Defesa do Consumidor por caracterizar relação de prestação ao usuário
e não relação de consumo.
(C) Os serviços públicos previstos na Constituição que sejam passíveis de concessão aos particulares
só poderão ser remunerados por meio de tarifas.
(D) A prestação do serviço público não pode ser interrompida por inadimplemento do usuário no
pagamento das tarifas, pois sendo um serviço essencial, o corte fere o princípio da dignidade da pessoa
humana.

07. (TJ/BA - Técnico Judiciário - Área Administrativa – FGV). Em tema de serviços públicos, a
doutrina de Direito Administrativo ensina que se aplica especificamente o princípio da:
(A) autotutela, o qual indica que a Administração Pública ou o concessionário (no caso de delegação),
ao prestar os serviços públicos, gozam de liberdade de gestão, podendo aumentar unilateralmente as
tarifas para manter a lucratividade da atividade;
(B) modicidade, segundo o qual os serviços públicos devem ser remunerados a preços módicos,
devendo o Poder Público calcular o valor das tarifas com vistas à eficiência e lucros máximos;
(C) supremacia do interesse público, segundo o qual as atividades administrativas e os serviços
públicos são prestados pelo Estado para benefício do particular individualmente considerado em
detrimento da coletividade;
(D) continuidade, o qual indica que os serviços públicos não devem sofrer interrupção, ou seja, sua
prestação deve ser contínua para evitar que a paralisação provoque colapso nas múltiplas atividades
particulares;
(E) indisponibilidade, o qual indica que a Administração Pública ou o concessionário (no caso de
delegação), ao prestar os serviços públicos, tem a livre disposição dos bens e interesses públicos.

08. (TER/SE -Técnico Judiciário - Área Administrativa – FCC). A cortesia constitui um dos princípios
que regem os serviços públicos. Exemplo de sua aplicação é
(A) modicidade das tarifas, de modo a não onerar os usuários dos serviços públicos.
(B) isenção de tarifas para administrados que assim necessitem.
(C) tratamento educado, prestativo e respeitoso aos usuários dos serviços públicos.
(D) eficiência na prestação dos serviços públicos.
(E) trazer ao conhecimento público e geral dos administrados a forma como o serviço foi prestado, os
gastos e a disponibilidade de atendimento.

09. (TRT - 23ª REGIÃO (MT) -Juiz do Trabalho Substituto – FCC). O conceito de serviço público
sofreu sucessivas atualizações em seu conteúdo ao longo do tempo, sendo essa expressão citada em
inúmeros artigos na Constituição Federal, tal como no artigo 175, que assim dispõe “incumbe ao Poder
Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
licitação, a prestação de serviços públicos”. Não obstante os variados conceitos e entendimentos
doutrinários,
(A) o critério subjetivo não define serviço público, mas é imprescindível que o Poder Público remanesça
prestando diretamente alguma parcela de determinada atividade assim definida, característica que não

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se mostra presente naquele conceito no caso de delegação da totalidade da prestação para a iniciativa
privada.
(B) o critério material é insuficiente para definir serviço público, pois se limita a identificar os
destinatários finais da atividade para analisar se há fruição coletiva, condição para enquadramento
naquele conceito.
(C) o conceito de serviço público sofreu alteração em seu conteúdo para que passasse a ser
identificado não pela legislação, mas também pelo critério formal, tendo em vista que somente podem ser
prestados pelo regime jurídico de direito público, vedada inferência do direito comum.
(D) o conteúdo de serviço público é contemporaneamente definido pela presença do viés social, na
medida em que o serviço de interesse econômico geral afastou-se daquele conceito quando se tornou
possível delegá-lo à iniciativa privada.
(E) remanescem abrangidas pelo conceito de serviço público as atividades previstas em lei que tenham
interesse econômico, podendo se tornar atrativas para o mercado privado, tal como nas concessões e
permissões previstas no dispositivo supra indicado, critério subjetivo que não altera o conteúdo da
definição.

10. (PC/TO - Agente de Polícia – Aroeira). Contrato por meio do qual a Administração Pública delega
a execução material de serviços públicos a pessoas jurídicas ou consórcio de empresas, mediante prévia
licitação na modalidade concorrência, por prazo determinado, normalmente pelo tempo necessário para
amortização dos investimentos. Essa definição se ajusta à figura da:
(A) concessão
(B) permissão.
(C) privatização
(D) autorização.

11. (SEGER/ES - Analista Executivo – Direito – CESPE). Caso determinada comunidade, desejando
comemorar o aniversário de seu bairro, decida solicitar o fechamento de uma rua para realizar uma festa
comunitária, ela deve obter do poder público
(A) autorização.
(B) permissão.
(C) delegação.
(D) convênio.
(E) concessão.

12. (TCE/AP - Analista de Controle Externo - Meio Ambiente – FCC). Os serviços públicos
(A) devem ser sempre prestados pelo poder público, em face de seu caráter essencial.
(B) podem ter sua titularidade transferida a entidade privada, quando de natureza econômica, mediante
concessão.
(C) podem ser prestados por particular, apenas a título precário, mediante permissão.
(D) não são passíveis de cobrança de tarifa, exceto quando submetidos, por lei, ao regime de
concessão.
(E) constituem obrigação do poder público, que pode prestá-los diretamente ou mediante concessão
ou permissão, sempre através de licitação.

Gabarito

01.C/ 02.C/ 03.E/ 04.B/ 05.B/ 06.A/ 07.D/ 08.C/ 09.E/ 10.A/ 11.A/ 12.E.

Comentários

01. Resposta: C
Permissão: é ato precário, discricionário, intuito personae (pessoal) e exige a realização de
procedimento licitatório. Grande parte dos doutrinadores o considera como unilateral, embora haja a
celebração de um contrato de adesão entre a Administração e o licitante vencedor;

02. Resposta: C
Os serviços públicos uti singuli, ou serviços individuais, são prestados de modo a criar benefícios
individuais a cada usuário, podendo ser concedidos e custeados pela cobrança de taxas.

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03. Resposta: E
Lei nº 8987/1995
Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
( )IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação
de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade
para seu desempenho, por sua conta e risco.

04. Resposta: B
Os serviços gerais são prestados para a sociedade como um todo, portanto não há destinatário
específico. Justamente por isso são custeados pelos impostos.

05. Resposta: B
A alternativa correta está de acordo com o art. 37 da Lei nº 8.987/95.

06. Resposta: A
Art. 9º, Lei 8987/1995. A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta
vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato.

07. Resposta: D
O princípio da continuidade compreende que os serviços públicos não podem sofrer interrupção para
que sua paralisação não cause colapso nas atividades realizadas pelos particulares.

08. Resposta: C
O princípio da cortesia constitui direito do usuário e dever do fornecedor de proporcionar um tratamento
educado, prestativo e respeitoso ao usuário.

09. Resposta: E
Remanescem abrangidas pelo conceito de serviço público as atividades previstas em lei que tenham
interesse econômico, podendo se tornar atrativas para o mercado privado, tal como nas concessões e
permissões previstas no dispositivo supra indicado, critério subjetivo que não altera o conteúdo da
definição. Em caso de interesse coletivo o Estado pode prestar serviços natureza privada, concorrendo
em igualdade os particulares. (art. 175, CF).

10. Resposta: A
Art. 2º, Lei 8987/95: Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
( )
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

11. Resposta: A
A autorização apresenta três modalidades:

a) autorização de uso – em que um particular é autorizado a utilizar bem público de forma especial,
como na autorização de uso de uma rua para realização de uma quermesse.

b) autorização de atos privados controlados – em que o particular não pode exercer certas atividades
sem autorização do poder público, são atividades exercidas por particulares mas consideradas de
interesse público.

· autorização é diferente de licença, termos semelhantes. A autorização é ato discricionário, enquanto


a licença é vinculado. Na licença o interessado tem direito de obtê-la, e pode exigi-la, desde que preencha
certos requisitos, ex. licença para dirigir veículo.

c) autorização de serviços públicos – coloca-se ao lado da concessão e da permissão de serviços


públicos, destina-se a serviços muito simples, de alcance limitado, ou a trabalhos de emergência.

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12. Resposta: E
Art. 175, CF Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

24 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; 25


controle judicial; 26 controle legislativo;

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Administração Pública se sujeita a controle por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário, além de
exercer, ela mesma, o controle sobre os próprios atos.
Embora o controle seja atribuição estatal, o administrado participa dele à medida que pode e deve
provocar o procedimento de controle, não apenas na defesa de seus interesses individuais, mas também
na proteção do interesse coletivo.
A Emenda Constitucional nº 19/98 inseriu o § 3º no artigo 37, prevendo lei que discipline as formas de
participação do usuário na administração pública direta e indireta: é o chamado controle popular. Essa
lei ainda não foi promulgada.
Atualmente, uma instituição que desempenha importante papel no controle da Administração Pública
é o Ministério Público. Além da tradicional função de denunciar autoridades públicas por crimes no
exercício de suas funções, ainda atua como autor da ação civil pública, seja para defesa de interesses
difusos e coletivos, seja para repressão à improbidade administrativa.
O controle abrange a fiscalização e a correção dos atos ilegais e, em certa medida, dos inconvenientes
ou inoportunos.
Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua “o controle da Administração
Pública como o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário,
Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que
lhe são impostos pelo ordenamento jurídico”.

Classificação

Vários critérios existem para classificar as modalidades de controle.


Quanto ao órgão que o exerce, o controle pode ser administrativo, legislativo ou judicial.
Conforme a origem: O controle ainda pode ser interno ou externo.
É interno o controle que cada um dos Poderes exerce sobre seus próprios atos e agentes. Exemplo:
os chefes que possuem controle sobre seus funcionários.
Exercido de forma integrada entre os Poderes com responsabilidade solidária dos responsáveis pelo
controle interno, assim que deixam de dar ciência ao TCU sobre alguma irregularidade que tenha ocorrido.

Art. 74, Constituição Federal Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da
aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

É externo o controle exercido por um dos Poderes sobre o outro, como também o controle da
Administração Direta sobre a Indireta. Exemplo: quando o ato da Administração é anulado judicialmente.

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A Constituição Federal prevê o controle externo a cargo do Congresso Nacional, com o auxílio do
Tribunal de Contas (art. 71) e o controle interno que cada Poder exercerá sobre seus próprios atos (arts.
70 e 74). No artigo 74 é prevista a responsabilidade solidária dos responsáveis pelo controle quando, ao
tomarem conhecimento de irregularidade, deixarem de dar ciência ao Tribunal de Contas.
Conforme o momento a ser exercido: Quanto ao momento em que se efetua, pode ser prévio,
concomitante ou posterior.
Controle prévio ou preventivo: é feito antes de se consumar a conduta administrativa.
Exemplo: a previsão constitucional de necessidade de autorização ou aprovação prévia do Congresso
Nacional para determinados atos do Poder Executivo (art. 49, II, III, XV, XVI e XVII; art. 52, III, IV e V).
Controle concomitante: acompanha a situação administrativa no momento em que ela se verifica.
Exemplo: o acompanhamento da execução orçamentária pelo sistema de auditoria.
Controle posterior ou corretivo: tem por finalidade a revisão de atos já praticados, para corrigi-los,
desfazê-los ou, somente, confirmá-los. Atinge atos como os de aprovação, homologação, anulação,
revogação ou convalidação. -
Exemplo: a anulação de um ato administrativo ilegal.
Conforme a amplitude: Quanto à amplitude, o controle pode ser hierárquico ou finalístico.
Para Hely Lopes Meirelles, é aquele “que resulta automaticamente do escalonamento vertical dos
órgãos do Executivo, em que os inferiores estão subordinados aos superiores”. O controle é hierárquico
sempre que os órgãos superiores (dentro de uma mesma estrutura hierárquica) possuírem competência
para controlar e fiscalizar os atos praticados por seus subordinados.
Por sua vez, o controle finalístico é o controle que é exercido pela Administração Direta sobre as
pessoas jurídicas integrantes da Administração Indireta. É um controle que depende de lei que o
estabeleça, determine os meios de controle, as autoridades responsáveis pela sua realização, bem como
as suas finalidades.
Conforme a natureza:
- Controle de legalidade: pode ser exercitado pela Administração de ofício ou mediante provocação,
o Legislativo apenas efetiva nos casos previstos na Constituição e o Judiciário de acordo com a ação
adequada. O ato que for ilegal ou ilegítimo pode ser anulado, mas nunca revogado.
- Controle do mérito: ocorre em virtude da verificação de conveniência e oportunidade da conduta
administrativa. Via de regra a competência para exercê-lo é da Administração, admitindo-se
excepcionalmente, se houver previsão na Constituição, o poder de controle conferido ao Legislativo, mas
não ao Judiciário.

Controle Administrativo

O controle administrativo é o que decorre da aplicação do princípio do autocontrole, ou autotutela, do


qual emerge o poder com idêntica designação (poder de autotutela). A Administração tem o dever de
anular seus próprios atos, quando eivados de nulidade, podendo revogá-los ou alterá-los, por
conveniência e oportunidade, respeitados, nessa hipótese, os direitos adquiridos. É o poder de
fiscalização e correção que a Administração Pública (em sentido amplo) exerce sobre sua própria
atuação, sob os aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante provocação.
O controle sobre os órgãos da Administração Direta é um controle interno e decorre do poder de
autotutela que permite à Administração Pública rever os próprios atos quando ilegais, inoportunos ou
inconvenientes, sendo amplamente reconhecido pelo Poder Judiciário (Súmulas 346 e 473 do STF).
Controle Administrativo Exercitado de Ofício: O controle é exercitado de ofício, pela própria
Administração, ou por provocação. Na primeira hipótese, pode decorrer de: fiscalização hierárquica;
supervisão superior; controle financeiro; pareceres vinculantes; ouvidoria; e recursos administrativos
hierárquicos ou de ofício.
a) fiscalização hierárquica: Procede do poder hierárquico, que faculta à Administração a
possibilidade de escalonar sua estrutura, vinculando uns a outros e permitindo a ordenação, coordenação,
orientação de suas atividades.
Delas derivam as prerrogativas ao superior hierárquico de delegar e avocar atribuições, assim também
o dever de obediência. A fiscalização hierárquica pode ser realizada a qualquer tempo, antes ou depois
da edição do ato, e independentemente de qualquer provocação.
b) supervisão superior: Difere da fiscalização hierárquica porque não pressupõe o vínculo de
subordinação, ficando limitada a hipóteses em que a lei expressamente admite a sua realização. No
âmbito da Administração Pública Federal é nominada de “supervisão ministerial” e aplicável às entidades
vinculadas aos ministérios

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c) controle financeiro: O art. 74 da Constituição Federal determina que os Poderes mantenham
sistema de controle interno com a finalidade de “avaliar o cumprimento das metas previstas no plano
plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; comprovar a legalidade e
avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos
órgãos e entidades da Administração Federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades
de direito privado; exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos
e haveres da União; apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional”.
d) pareceres vinculantes: Trata-se de controle preventivo sobre determinados atos e contratos
administrativos realizado por órgão técnico integrante da Administração ou por órgão do Poder Executivo
(como ocorre com a Procuradoria-Geral do Estado).
e) ouvidoria: limita-se a proceder ao encaminhamento das reclamações que recebe. Ouvidoria tem-
se dedicado a receber reclamações de populares e usuários dos serviços públicos.
f) recursos administrativos hierárquicos ou de ofício: por vezes a lei condiciona a decisão ao
reexame superior, carecendo ser conhecida e eventualmente revista por agente hierarquicamente
superior àquele que decidiu. O reexame é decorrente do poder hierárquico, que consagra prerrogativas
próprias do agente superior (delegar atribuição, avocá-las, fiscalizar, rever decisões).
Controle Administrativo Exercitado Por Provocação: Nesta hipótese de controle interno, ou
administrativo (por provocação), pode decorrer de: direito de petição; pedido de reconsideração;
reclamação administrativa; e recurso administrativo.
a) direito de petição: A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento
de taxas, “o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder” (art. 5º, XXXIV, a).
O direito individual consagrado no inciso XXXIV é amplo, e seu exercício não reclama legitimidade ou
interesse comprovado. Pode, assim, ser a petição individual ou coletiva subscrita por brasileiro ou
estrangeiro, pessoa física ou jurídica, e ser endereçada a qualquer dos Poderes do Estado.
Enquanto o direito de petição é utilizado para possibilitar o acesso a informações de interesse coletivo,
o direito de certidão é utilizado para a obtenção de informações que dizem respeito ao próprio requerente.
O sigilo é lícito na administração pública em situações nas quais a publicidade possa acarretar lesão
a outro direito protegido constitucionalmente.
b) pedido de reconsideração: Próximo do recurso administrativo, o pedido de reconsideração abriga
requerimento que objetiva a revisão de determinada decisão administrativa. Diferentemente do “direito de
petição”, exige a demonstração de interesse daquele que o subscreve, podendo ser exercido por pessoa
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que detentora de interesse. O prazo para sua
interposição deve estar previsto na lei que autoriza o ato; no seu silêncio, a prescrição opera-se em um
ano, contado da data do ato ou decisão.
c) reclamação administrativa: Trata-se de pedido de revisão que impugna ato ou atividade
administrativa. É a oposição solene, escrita e assinada, a ato ou atividade pública que afete direitos ou
interesses legítimos do reclamante. Dessas reclamações são exemplos a que impugna lançamentos
tributários e a que se opõe a determinada medida punitiva.
Esta modalidade de recurso administrativo tem a finalidade de conferir à oportunidade do cidadão
questionar a realização de algum ato administrativo.
As reclamações administrativas, na maioria das vezes são julgadas por um órgão especifico da
administração pública, criados com este intuito.
Caso não ocorra outro prazo previsto pela legislação, a reclamação deve ser interposta perante o
órgão da administração pública dentro de até um ano, contados da realização do ato eivado de vício.
A reclamação administrativa, de acordo com Meirelles:
“É a oposição expressa a atos da Administração que afetem direitos ou interesses legítimos do
administrado.”
O prazo interposto para interpor a reclamação administrativa é fatal e peremptório para o administrado,
permitindo que a Administração não tome conhecimento do pedido se feito fora do prazo determinado.
Porém, nada impede que a Administração reconheça a reclamação extemporaneamente, desde que
não tenha ocorrido a prescrição da ação e a reclamação seja procedente.
d) recurso administrativo: Recurso é instrumento de defesa, meio hábil de impugnação ou
possibilitador de reexame de decisão da Administração. Os recursos administrativos podem ser: a)
provocados ou voluntários; b) hierárquicos ou de ofício. Quanto aos efeitos: a) suspensivos; b) meramente
devolutivos.
Assim, recurso provocado é o interposto pelo interessado, pelo particular, devendo ser dirigido à
autoridade competente para rever a decisão, contendo a exposição dos fatos e fundamentos jurídicos da
irresignação.

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O recurso implicará o exame da matéria já decidida, devendo tal decisão ser fundamentada, seja para
o acolhimento das razões recursais, seja para o não provimento do recurso (STF, RDA, 80/147). O
reexame será amplo, podendo ir além do pedido e mesmo ser decidido contra o recorrente (admite-se a
reformatio in pejus), salvo se se tratar de recurso hierárquico ou de ofício. Nada impede, ainda, que,
presente o recurso, julgue o administrador conveniente a revogação da decisão, ou a sua anulação, ainda
que o recurso não objetive tal providência. Os recursos sempre produzem efeitos devolutivos, permitindo
o reexame da matéria decidida (devolve à Administração a possibilidade de decidir), e excepcionalmente
produzirão efeitos suspensivos, obstando a execução da decisão impugnada.
O Recurso administrativo ou hierárquico é o pedido de reexame do ato dirigido à autoridade superior
à que o proferiu. Só podem recorrer os legitimados, que, segundo o artigo 58 da Lei federal 9784/99, são:
I – os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; II – aqueles cujos direitos ou
interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida; III – organizações e associações
representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV – os cidadãos ou associações, quanto a
direitos ou interesses difusos. Pode-se, em tese, recorrer de qualquer ato ou decisão, salvo os atos de
mero expediente ou preparatórios de decisões.
O recurso hierárquico tem sempre efeito devolutivo e pode ter efeito suspensivo, se previsto em lei.
Atente-se que, se cabe recurso administrativo com efeito suspensivo e esse for interposto, é vedada a
impetração de mandado de segurança, conforme estabelece o art. 5º, I da Lei federal nº 1.533/51, que
regula o mandado de segurança, até que seja decidido.
O recurso hierárquico pode ser voluntário ou de ofício.
Na decisão do recurso, o órgão ou autoridade competente tem amplo poder de revisão, podendo
confirmar, desfazer ou modificar o ato impugnado. Entretanto, a reforma não pode impor ao recorrente
um maior gravame (reformatio in pejus).
Pedido de revisão é o recurso utilizado pelo servidor público punido pela Administração, visando ao
reexame da decisão, no caso de surgirem fatos novos suscetíveis de demonstrar a sua inocência. Pode
ser interposto pelo próprio interessado, por seu procurador ou por terceiros, conforme dispuser a lei
estatutária. É admissível até mesmo após o falecimento do interessado.
Coisa julgada administrativa: Quando inexiste, no âmbito administrativo, possibilidade de reforma
da decisão oferecida pela Administração Pública, está-se diante da coisa julgada administrativa. Esta não
tem o alcance da coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração Pública é tão-só um
ato administrativo decisório, destituído do poder de dizer do direito em caráter definitivo. Tal prerrogativa,
no Brasil, é só do Judiciário.
A imodificabilidade da decisão da Administração Pública só encontra consistência na esfera
administrativa. Perante o Judiciário, qualquer decisão administrativa pode ser modificada, salvo se
também essa via estiver prescrita.
Portanto, a expressão “coisa julgada”, no Direito Administrativo, não tem o mesmo sentido que no
Direito Judiciário. Ela significa apenas que a decisão se tornou irretratável pela própria Administração.

Controle Legislativo

O controle legislativo, ou parlamentar, é exercido pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional, Senado
Federal, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas, Câmara Distrital e Câmara de Vereadores),
tendo em mira a administração desempenhada pelos Poderes Executivo e Judiciário.
O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Administração Pública limita-se às hipóteses
previstas na Constituição Federal. Alcança os órgãos do Poder Executivo, as entidades da Administração
Indireta e o próprio Poder Judiciário, quando executa função administrativa.
O exercício do controle constitui uma das funções típicas do Poder Legislativo, ao lado da função de
legislar.
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI): As Comissões Parlamentares de Inquérito são
constituídas pelo Senado ou pela Câmara, em conjunto ou separadamente, para investigar fato
determinado e por prazo certo. Exige-se que o requerimento para a instalação contenha um terço de
adesão dos membros que compõem as Casas Legislativas, sendo suas conclusões encaminhadas,
quando for o caso, ao Ministério Público.
Têm-se, pois, os seguintes requisitos para a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito.
- Quanto à competência para constituí-la, pode ser:
a) do Congresso Nacional;
b) do Senado Federal;
c) da Câmara dos Deputados e, pelo princípio da simetria, das Assembleias Legislativas e da Câmara
de Vereadores.

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- Quanto ao objeto:
a) qualquer fato certo e determinado relacionado ao exercício da função administrativa.

- Quanto à instalação e término:


a) pode ser instalada se contiver um terço da adesão dos membros das Casas Legislativas, como já
dissemos;
b) terá prazo certo e determinado para a conclusão, conquanto admita prorrogações.

- Quanto à natureza de seus atos:


a) tem amplo poder de investigação, similar à competência do Judiciário.

As Comissões detêm poderes de investigação, mas não competência para atos judiciais. Assim,
investigam com amplitude, mas não julgam e submetem suas conclusões ao Ministério Público.
Pedido de Informações: O controle exercido por “pedido de informações” está previsto no art. 50, §
2º, da Constituição Federal, podendo ser dirigido a ministro de Estado ou a qualquer agente público
subordinado à Presidência da República, a fim de aclarar matéria que lhe seja afeta. Tal pedido somente
pode ser formulado pelas Mesas da Câmara e do Senado, devendo ser atendido no prazo de trinta dias,
sujeitando o agente, no caso de descumprimento, a crime de responsabilidade. A norma é aplicável, por
simetria, aos Estados e Municípios.
Convocação de Autoridades: A Constituição Federal (art. 50) permite às Casas Legislativas e às
suas Comissões a convocação de ministros de Estado para prestarem esclarecimentos sobre matéria
previamente definida. Tais esclarecimentos, ou informações, deverão ser prestados pessoalmente e o
descumprimento, repetimos, pode corresponder à prática de crime de responsabilidade.
Nos Estados e Municípios, a Constituição Estadual e as Leis Orgânicas também disciplinam,
invariavelmente, a convocação de secretários municipais e dos dirigentes de autarquias, fundações,
sociedades de economia mista, empresas públicas ou outras entidades. Não há previsão constitucional
para a convocação do chefe do Executivo.
Fiscalização pelo Tribunal de Contas: A função desempenhada pelo Tribunal de Contas é técnica,
administrativa, e não jurisdicional. Apesar de auxiliar o Legislativo, detém autonomia e não integra a
estrutura organizacional daquele Poder.
A fiscalização não se restringe ao “controle financeiro”, mas inclui a fiscalização contábil, orçamentária,
operacional e patrimonial da Administração Pública direta e indireta, bem como de qualquer pessoa física
ou jurídica que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos (CF,
art. 70, parágrafo único).
O controle pode tanger a: legalidade, legitimidade, economicidade e aplicação de subvenções e
renúncia de receitas (CF, art. 70).
A Constituição Federal ampliou significativamente as atribuições das Cortes de Contas, dentre as quais
se destacam:
a) oferecer parecer prévio sobre contas prestadas anualmente pelo chefe do Poder Executivo;
b) examinar, julgando, as contas dos agentes públicos e administradores de dinheiros, bens e valores
públicos;
c) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, sanções
previstas em lei;
d) fiscalizar repasses de recursos efetuados pela União a Estados, Distrito Federal ou a Municípios,
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres;
e) conceder prazo para a correção de irregularidade ou ilegalidade;
f) realizar auditorias e inspeções de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial em qualquer unidade administrativa dos três Poderes, seja da Administração direta, seja da
indireta.
A atual Constituição Federal coloca o Tribunal de Contas como órgão integrante do Poder Legislativo,
já que a atribuição de fiscalizar faz parte das atribuições típicas do Poder Legislativo.
Outros afirmam que o TCU não pertence a nenhum dos Poderes e entendem que ele é um órgão
independente e autônomo, assim como o Ministério Público e que, ao auxiliar o Poder Legislativo, a ele
não se subordina.
Não obstante as várias interpretações constitucionais, o entendimento majoritário é no sentido de ser
o TCU um órgão de extração constitucional, independente e autônomo, que auxilia o Congresso Nacional
no exercício do controle externo.
Deste modo, o Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo mas não o integra. Embora o nome sugira
que faça parte do Poder Judiciário, o TCU está administrativamente enquadrado no Poder Legislativo.

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Essa é a posição adotada no Brasil, pois em outros países essa corte pode integrar qualquer dos outros
dois poderes. Sua situação é de órgão auxiliar do Congresso Nacional, e como tal exerce competências
de assessoria do Parlamento, bem como outras privativas.

Controle Judicial

O Direito brasileiro adotou o sistema de jurisdição una, pelo qual o Poder Judiciário tem o monopólio
da função jurisdicional, ou seja, do poder de apreciar, com força de coisa julgada, a lesão ou ameaça de
lesão a direitos individuais e coletivos (art. 5º, XXXV CF/88). Afastou, portanto, o sistema da dualidade
de jurisdição, em que, paralelamente ao Poder Judiciário, existem os órgãos de Contencioso
Administrativo, que exercem, como aquele, função jurisdicional sobre lides de que a Administração
Pública seja parte interessada.
O Poder Judiciário pode examinar os atos da Administração Pública, de qualquer natureza, sejam
gerais ou individuais, unilaterais ou bilaterais, vinculados ou discricionários, mas sempre sob o aspecto
da legalidade e da moralidade (art. 5º, LXXIII, e art. 37).
Quanto aos atos discricionários, sujeitam-se à apreciação judicial, desde que não invadam os aspectos
reservados à apreciação subjetiva da Administração, conhecidos sob a denominação de mérito
(oportunidade e conveniência).
Não há invasão do mérito quando o Judiciário aprecia os motivos, ou seja, os fatos que precedem a
elaboração do ato; a ausência ou falsidade do motivo caracteriza ilegalidade, suscetível de invalidação
pelo Poder Judiciário.
Os atos normativos do Poder Executivo, como Regulamentos, Resoluções, Portarias, só podem ser
invalidados pelo Judiciário por via de ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade), cujo julgamento é de
competência do STF, quando se tratar de lei ou ato normativo federal ou estadual que contrarie a
Constituição Federal; e do Tribunal de Justiça, quando se tratar de lei ou ato normativo estadual ou
municipal que contrarie a Constituição do Estado.
Nos casos concretos, poderá o Poder Judiciário apreciar a legalidade ou constitucionalidade dos atos
normativos do Poder Executivo, mas a decisão produzirá efeitos apenas entre as partes, devendo ser
observada a norma do art. 97 da Constituição Federal, que exige maioria absoluta dos membros dos
Tribunais para a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Com relação aos atos políticos, é possível também a sua apreciação pelo Poder Judiciário, desde que
causem lesão a direitos individuais ou coletivos.
Quanto aos atos interna corporis (atos administrativos que produzem efeitos internos), em regra, não
são apreciados pelo Poder Judiciário, porque se limitam a estabelecer normas sobre o funcionamento
interno dos órgãos; no entanto, se exorbitarem em seu conteúdo, ferindo direitos individuais e coletivos,
poderão também ser apreciados pelo Poder Judiciário.

Privilégios da Administração Pública: A Administração Pública, quando é parte em uma ação


judicial, usufrui de determinados privilégios não reconhecidos aos particulares:
1. Juízo privativo. Na esfera federal, é a Justiça Federal; excetuam-se apenas as causas referentes
à falência e as de acidente de trabalho (justiça comum) e as relativas à Justiça Eleitoral e Justiça do
Trabalho. Esse juízo privativo beneficia a União, entidade autárquica ou empresa pública, excluídas as
fundações de direito privado e as sociedades de economia mista.
2. Prazos dilatados. Pelo CPC/2015, a Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em prazo
em dobro para manifestar-se nos autos. A Lei nº 9.469/97 estendeu igual benefício às autarquias e
fundações públicas.
OBS: o Ministério Público possui previsão no artigo 180, CPC e a Fazenda Pública no artigo 183.
3. Duplo grau de jurisdição. O art. 496 do CPC/2015 determina que está sujeita ao duplo grau de
jurisdição, não produzindo efeitos senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença proferida contra
a União, o Estado, o DF, o Municípios e as respectivas autarquias e fundações de direito público, bem
como a que julgar improcedente, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da
Fazenda Pública.
4. Processo especial de execução. O art. 100 da Constituição prevê processo especial de execução
contra a Fazenda Federal, Estadual e Municipal, e que abrange todas as entidades de direito público.
Esse processo não se aplica aos débitos de natureza alimentícia e aos pagamentos de obrigações
definidas em lei como de pequeno valor.
Conforme o dispositivo constitucional, o Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda
expede ofício precatório à entidade devedora, que fará consignar no seu orçamento verba necessária ao

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pagamento dos débitos constantes dos precatórios judiciais apresentados até 1º de julho, fazendo-se o
pagamento até o final do exercício seguinte, com atualização monetária.

Controle pelo Tribunal de Contas

O Tribunal de Contas é competente para realizar a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial dos entes federativos, da Administração Pública direta e indireta, além das
empresas públicas e sociedades de economia mista que também estão sujeitas à fiscalização dos
Tribunais de Contas.

Composição dos Tribunais de Contas: O Tribunal de Contas da União é composto por nove
ministros que possuem as mesmas garantias, prerrogativas, vencimentos e impedimentos dos ministros
do STJ.
Os Tribunais de Contas dos Estados são formados conforme previsto nas Constituições Estaduais,
respeitando sempre a Constituição Federal. É integrado por sete conselheiros, sendo quatro escolhidos
pela Assembleia Legislativa e três pelo Governador do Estado (súmula 653 do STF).
Quanto à criação de Tribunais, Conselhos e órgãos de contas municipais, a Constituição Federal veda
a sua criação, no entanto, os municípios que possuíam estas instituições antes da Constituição de 1988
poderão mantê-las. Já para os municípios posteriores a ela terão o controle externo da Câmara Municipal
realizado com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados e Ministério Público. Veja-se o dispositivo
constitucional:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle
externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

Competências40: Os Tribunais de contas tem competência fiscalizadora e a exercem por meio da


realização de auditorias e inspeções em entidades e órgãos da Administração Pública. Também é
competente para fiscalizar os procedimentos de licitações e, nesse caso, pode o Tribunal adotar medidas
cautelares com a finalidade de evitar futura lesão ao erário, bem como para garantir o cumprimento de
suas decisões.
Cabe destacar que é da alçada do Tribunal de Contas julgar as contas anuais dos administradores e
outros responsáveis pelo erário público.
Tem ainda o Tribunal a chamada competência sancionatória, ou seja, o poder de aplicar sanções em
caso de ilegalidades nas despesas e nas contas. Suas decisões tem natureza de título executivo.
A súmula 347 do Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência do Tribunal de Contas para
apreciar a inconstitucionalidade de leis e atos do poder público, dessa forma suas atribuições não dizem
respeito somente à apreciação da legalidade, mas também da legitimidade do órgão e do princípio da
economicidade. Segue a súmula:

Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.

Natureza jurídica dos Tribunais de Contas41: Os Tribunais de Contas têm taxinomia (natureza
jurídica) de órgãos públicos primários despersonalizados. São chamados de órgãos “primários” ou
“independentes” porque seu fundamento e estrutura encontram-se na própria
Constituição Federal, não se sujeitando a qualquer tipo de subordinação hierárquica ou funcional a
outras autoridades estatais

Simetria de regime entre os Tribunais de Contas e o Poder Judiciário: Embora não pertençam a
nenhum dos três Poderes, os Tribunais de Contas tiveram aspectos do seu regime jurídico
constitucionalmente aproximados a órgãos do Poder Judiciário. É o que se pode constatar da leitura dos
dispositivos abaixo transcritos:

40
Texto baseado em artigo publicado em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198.
41
Mazza, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, editora; Saraiva, 4ª edição, 2014.

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“Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal,
quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as
atribuições previstas no art. 96” (competência dos tribunais judiciários).

“Art. 73, § 3º Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas,
impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se lhes,
quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40”

Competência fiscalizadora e corretiva em procedimentos licitatórios: O art. 113, § 2º, da Lei n.


8.666/93 confere aos Tribunais de Contas e demais órgãos integrantes do sistema de controle interno
competência para solicitar cópia de edital de licitação já publicado com o objetivo de realizar seu exame,
podendo também determinar a adoção de medidas corretivas de cumprimento obrigatório para todos os
órgãos e entidades da Administração Pública, desde que a solicitação seja motivada e casuística.

Tomada de contas ordinária e especial: A tomada de contas especial é um processo administrativo


devidamente formalizado, com rito próprio, para apurar responsabilidade por ocorrência de dano à
administração pública federal a fim de obter o respectivo ressarcimento. Essa dinâmica tem por base a
apuração de fatos, a quantificação do dano, a identificação dos responsáveis, nos termos do art. 2º da IN
TCU 71/2012.42

A instauração da tomada de contas especial, de acordo com o art. 8º da Lei 8.443/1992, tem por
pressuposto as seguintes irregularidades:
- omissão no dever de prestar contas;
- não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União;
- ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos;
- prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao erário.

Em regra, a TCE deve ser instaurada pela autoridade competente do próprio órgão ou entidade
jurisdicionada (responsável pela gestão dos recursos), em face de pessoas físicas ou jurídicas que deram
causa ou concorreram para a materialização do dano, depois de esgotadas as medidas administrativas
internas com vista à recomposição do erário ou à elisão da irregularidade.
A TCE pode igualmente ser instaurada por recomendação dos órgãos de controle interno (art. 50, III,
da Lei 8.443/92) ou por determinação do próprio Tribunal, nos casos de omissão na prestação de contas
ou inércia na instauração da TCE pelo gestor. A TCE pode ser, ainda, oriunda de conversão de outros
processos de controle externo, tais como, denúncia, representação, inspeção, auditoria e processos de
registro de atos de pessoal (art. 47 da Lei 8.443/92).
Os processos instaurados nas demais instâncias deverão ser remetidos ao Tribunal de Contas da
União, no prazo máximo de cento e oitenta dias, a contar do término do exercício financeiro de sua
instauração, conforme o art. 11 da IN TCU 71/2012.
A TCE deve ser constituída por elementos fáticos e jurídicos suficientes à comprovação da ocorrência
do dano e à identificação dos agentes responsáveis pela sua materialização (pessoas físicas e ou
jurídicas). Assim, nos termos do art. 5º, § 1º, incisos I a III, os processos de TCE devem ser
fundamentados com os seguintes elementos:
I - descrição detalhada da situação que deu origem ao dano, lastreada em documentos, narrativas e
outros elementos probatórios que deem suporte à comprovação de sua ocorrência;
II - exame da suficiência e da adequação das informações, contidas em pareceres de agentes públicos,
quanto à identificação e quantificação do dano;
III - evidenciação da relação entre a situação que deu origem ao dano e a conduta ilegal, ilegítima ou
antieconômica da pessoa física ou jurídica a quem se imputa a obrigação de ressarcir os cofres públicos,
por ter causado ou concorrido para a ocorrência de dano.

Questões

01. (TRE/PE - Técnico Judiciário – Área Administrativa – CESPE/2017). Assinale a opção correta
a respeito do controle da administração pública.
(A) As ações judiciais que tenham por objeto atos administrativos praticados por órgãos do Poder
Judiciário constituem exemplos de controle externo.

42
http://portal.tcu.gov.br/contas/tomada-de-contas-especial/conheca-a-tomada-de-contas-especial.htm

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(B) Dada a presunção de legitimidade dos atos administrativos, não se pode falar em controle
preventivo desses atos.
(C) Por força do princípio da eficiência, não cabe falar em controle concomitante de um ato
administrativo, sob risco de entraves desnecessários à consecução do interesse público.
(D) O recurso administrativo ilustra o chamado controle provocado, que se opõe ao controle de ofício,
por ser deflagrado por terceiro
(E) O controle de legalidade é prerrogativa do controle judicial.

02. (TCE/PR - Conhecimentos Básicos – CESPE/2016). A respeito do controle judicial dos atos
administrativos, assinale a opção correta.
(A) Em razão da presunção de legitimidade e autoexecutoriedade do ato administrativo, o controle
judicial deste se dá, em regra, posteriormente à sua edição, podendo, todavia, ocorrer de forma prévia, a
fim de evitar ameaça de lesão a direito.
(B) No ordenamento jurídico pátrio, inexiste hipótese em que o acesso ao Poder Judiciário somente
seja admitido após o esgotamento da instância administrativa.
(C) A ação de improbidade administrativa é meio de controle judicial de condutas de improbidade
praticadas no âmbito da administração pública, para as quais são previstas penalidades de cassação dos
direitos políticos, perda da função pública e ressarcimento ao erário, entre outras.
(D) Em razão do sistema do contencioso administrativo, adotado no Brasil, determinadas causas,
quando julgadas em última instância na esfera administrativa, não podem ser reapreciadas pelo Poder
Judiciário.
(E) Com base no princípio da inafastabilidade da jurisdição, o Poder Judiciário pode reapreciar o mérito
dos atos administrativos relativamente aos critérios de oportunidade e conveniência utilizados pelo
administrador público.

03. (Prefeitura de Matozinhos/MG - Advogado – FUMARC/2016). Acerca do controle jurisdicional


dos atos da Administração Pública, é INCORRETO afirmar que
(A) o abuso de poder e o desvio de finalidade podem sujeitar o ato administrativo a controle jurisdicional
por meio de ações individuais ou coletivas, conforme os pressupostos de cada uma.
(B) o ato administrativo que imponha punição disciplinar pode ser sujeito a controle jurisdicional se for
emitido por autoridade incompetente.
(C) os atos administrativos vinculados são, em regra, sujeitos a controle jurisdicional.
(D) qualquer ato praticado pelo chefe da Administração Pública pode ser sujeito a controle jurisdicional,
ainda que expresse no seu mérito decisão discricionária.

04. (IF/AP - Auxiliar em Administração – FUNIVERSA/2016). Acerca dos tipos e das formas de
controle da Administração Pública, é correto afirmar que o controle
(A) administrativo não pode ser exercido pelos Poderes Legislativo e Judiciário.
(B) exercido pelas comissões parlamentares de inquérito (CPI) é um exemplo de controle judicial.
(C) administrativo, o controle legislativo e o controle judicial são formas de controle da Administração
Pública.
(D) popular ou social não é uma forma de controle aceita no regime jurídico brasileiro.
(E) administrativo é exercido exclusivamente pelo Poder Executivo.

05. (UFPB - Administrador – IDECAN/2016). Quanto ao controle da administração pública, a


autotutela constitui espécie de controle:
(A) Judicial.
(B) Externo.
(C) Legislativo.
(D) Administrativo.

06. (IF/AP - Auxiliar em Administração – FUNIVERSA/2016). No que se refere a controle interno e


a controle externo na Administração Pública, assinale a alternativa correta.
(A) O controle interno é exercido por um Poder em relação aos atos administrativos praticados por
outro Poder do Estado.
(B) A supervisão ministerial é um exemplo de controle externo da Administração Pública.
(C) O controle externo não permite harmonia entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
(D) O controle interno é feito por pessoas ou órgãos da Administração Pública.
(E) Existe hierarquia entre pessoas jurídicas distintas, por exemplo, uma autarquia federal é
subordinada à União.

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07. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto – FAURGS/2016). Acerca do controle externo e interno da
Administração Pública, assinale a alternativa correta.
(A) O controle externo dos Municípios onde não houver Tribunal de Contas ou Conselhos ou Tribunais
de Contas dos Municípios será exercido pelo respectivo Tribunal de Contas do Estado de cujas decisões
cabe recurso à Câmara Municipal.
(B) As agências reguladoras integram o sistema de controle externo da administração pública direta e
indireta como auxiliares do Tribunal de Contas.
(C) A Constituição Estadual, em função da autonomia dos Estados-membros, fixará o número de
Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.
(D) O Tribunal de Contas, como auxiliar do controle externo, a cargo do Poder Legislativo e dele
integrante, será organizado segundo o modelo constitucional das corporações legislativas respectivas.
(E) Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
interno, com a finalidade de, entre outras, apoiar o controle externo no exercício da sua missão
institucional.

08. (Prefeitura de Caieiras/SP - Assistente de Patrimônio e Estoque – VUNESP). Os controles


administrativos na Administração Pública são verticais e horizontais, conforme a localização do órgão que
exerce o controle. Os controles horizontais são classificados como
(A) interno e externo.
(B) contábil e financeiro.
(C) financeiro e patrimonial.
(D) orçamentário e permanente.
(E) direto e indireto.

09. (UEG - Analista de Gestão Administrativa - Administração – FUNIVERSA). Em relação ao


controle interno e externo na administração pública brasileira, é correto afirmar que
(A) uma das funções dos tribunais e conselhos de contas é subsidiar as ações da auditoria
independente.
(B) o Poder Legislativo pode aprovar propostas de fiscalização e controle a serem implementadas pelo
controle interno das empresas estatais.
(C) o Tribunal de Contas da União está autorizado a fiscalizar as contas dos países que participem do
capital das empresas supranacionais.
(D) um dos objetivos da chamada “supervisão ministerial” é fiscalizar a aplicação e a utilização de
recursos públicos.
(E) as transferências constitucionais da União para os municípios são objeto de fiscalização pela União
e pelos respectivos estados.

10. (TCE/CE - Conselheiro Substituto (Auditor) – FCC). O controle jurisdicional de


constitucionalidade no Brasil apresenta como característica:
(A) O controle difuso no Brasil admite que qualquer juiz ou tribunal, a qualquer tempo, declare a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
(B) As formas difusa e concentrada, sendo a primeira sempre na modalidade concreta e a segunda
sempre na modalidade abstrata.
(C) As ações diretas interventivas podem se apresentar na modalidade concentrada e concreta.
(D) O controle concentrado e abstrato apresenta, como regra geral, a anulabilidade das leis e atos
normativos sindicados.
(E) O Supremo Tribunal Federal, como “Guardião da Constituição”, detém o monopólio da declaração
da inconstitucionalidade de leis e atos normativos pela via abstrata.

11. (TRT - 4ª REGIÃO/RS - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal – FCC). Nas
hipóteses de controle jurisdicional de constitucionalidade existentes no sistema brasileiro, as decisões
possuem eficácia,
(A) subjetiva erga omnes e temporal ex tunc, em se tratando de controle concentrado, atingindo todos
os atos praticados desde a vigência da norma declarada inconstitucional, salvo limitação de tais efeitos
declarada pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da lei.
(B) subjetiva erga omnes e temporal ex tunc, em se tratando de controle difuso, atingindo todos os
atos anteriores à decisão, salvo limitação declarada pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da lei.
(C) subjetiva erga omnes e temporal ex nunc, em se tratando de controle concentrado, salvo a
possibilidade da atribuição de efeitos retroativos pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da lei.

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(D) subjetiva intra partes e temporal ex nunc em se tratando de controle difuso, somente podendo
aplicar-se a atos anteriores à decisão se houver a suspensão da execução da lei pelo Senado Federal.
(E) subjetiva limitada aos legitimados para a propositura da ação e temporal ex tunc, em se tratando
de controle concentrado, alcançando todos os atos praticados desde a vigência da norma declarada
inconstitucional, salvo a limitação de tais efeitos pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da lei.

12. (TCE/PB - Procurador – CESPE). No exercício do controle político da administração pública,


compete;
(A) às CPIs apurar irregularidades e determinar sanções.
(B) ao Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar, sustando, se for o caso, seus efeitos independentemente de prévia manifestação do Poder
Judiciário.
(C) ao Senado Federal ou à Câmara dos Deputados — excetuadas suas comissões — convocar
titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República.
(D) privativamente ao Congresso Nacional e ao Senado Federal apreciar, a priori, os atos do Poder
Executivo.
(E) ao Senado Federal dispor, por proposta do presidente da República, sobre limites globais e
condições para a operação de créditos externo e interno da União, dos estados, dos municípios e do DF,
exceto das autarquias.

13. (TJ/CE - Técnico Judiciário - Área Administrativa - CESPE) Acerca do controle da administração
pública, assinale a opção correta.
(A) Controle legislativo é a prerrogativa atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar atos da
administração pública sob os critérios jurídicos, políticos e financeiros.
(B) O controle judicial incide sobre a atividade administrativa do Estado, seja qual for o Poder em que
esteja sendo desempenhada, de modo a alcançar os atos administrativos do Executivo, do Legislativo e
do próprio Judiciário.
(C) O controle da administração pública contempla os instrumentos jurídicos de fiscalização da atuação
dos agentes e órgãos públicos, não podendo haver controle sobre pessoas administrativas que compõem
a administração indireta, uma vez que aquelas são entes independentes.
(D) Um importante instrumento de controle administrativo é o direito de petição, que consiste na
obrigatoriedade que têm os indivíduos de formular pretensões aos órgãos públicos quando verificarem
uma irregularidade, sob pena de multa.
(E) Coisa julgada administrativa é a situação jurídica pela qual determinada decisão firmada pela
administração não mais pode ser modificada na via administrativa e judicial.

14. (TC/DF – Analista - CESPE) No que se refere ao controle da administração pública, julgue o item
que se segue.
O controle judicial dos atos da administração ocorre depois que eles são produzidos e ingressam no
mundo jurídico, não existindo margem, no ordenamento jurídico brasileiro, para que tal controle se dê a
priori.
( ) Certo ( ) Errado

15. (TJ/MT – Juiz - FMPRS) Com relação ao controle da Administração Pública, assinale a opção
correta.
(A) No exercício do controle externo, é possível tanto a revogação quanto a invalidação dos atos
administrativos.
(B) No exercício de suas funções, a Administração Pública sujeita-se a controle por parte do Poder
Legislativo e Poder Judiciário, além de exercer, ela mesma, o controle sobre os próprios atos.
(C) O controle exercido pelo Poder Legislativo está restrito às hipóteses previstas na Constituição
Federal e somente pode ocorrer no âmbito da Administração Pública Direta, Autarquias e Fundações
Públicas.
(D) O controle exercido pelo Poder Judiciário deverá ser precedido do esgotamento das vias
administrativas.
(E) O controle exercido pelo Poder Judiciário tanto pode revogar quanto invalidar os atos
administrativos; quanto aos efeitos, no primeiro caso, não retroage; no segundo, retroage.

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Gabarito

01. D/ 02. A/ 03. D/ 04. C/ 05. D/ 06. D/ 07. E/ 08. A/ 09. D/ 10. C/ 11. A/ 12. B/ 13. B./ 14. ERRADA/
15. B.

Comentários

01. Resposta: D
Recurso é instrumento de defesa, meio hábil de impugnação ou possibilitador de reexame de decisão
da Administração. Os recursos administrativos podem ser: a) provocados ou voluntários; b) hierárquicos
ou de ofício. Quanto aos efeitos: a) suspensivos; b) meramente devolutivos.
Assim, recurso provocado é o interposto pelo interessado, pelo particular, devendo ser dirigido à
autoridade competente para rever a decisão, contendo a exposição dos fatos e fundamentos jurídicos da
irresignação.

02. Resposta: A
O controle exercido pelo Poder Judiciário será sempre um controle de legalidade ou legitimidade do
ato administrativo. Conceitua Di Pietro (2011), pois para a autora: “(...) pela autotutela o controle se exerce
sobre os próprios atos, com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou
inoportunos, independentemente de recurso ao Poder Judiciário” (idem, p. 70). Como se nota, a autora
não procura excluir o Poder Judiciário de qualquer apreciação sobre os atos administrativos.

03. Resposta: D
O Poder Judiciário exerce controle sobre atos do Executivo, sendo que o controle será sempre de
legalidade ou legitimidade, e não de mérito. Assim, o resultado do controle jurisdicional deverá ser,
sempre, a anulação do ato controlado. Jamais sua revogação ou convalidação, sob pena de invasão do
mérito administrativo e, por conseguinte, violação do princípio da separação de poderes (art. 2º, CF/88).

04. Resposta: C
Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua “o controle da Administração
Pública como o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário,
Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que
lhe são impostos pelo ordenamento jurídico”.

05. Resposta: D
O controle administrativo é reconhecido pela Súmula STF nº 473 e é decorrente do poder de autotutela.
Por meio do poder de autotutela, as entidades e órgãos da Administração Pública controlam e corrigem
a conveniência, a oportunidade e a legalidade dos seus próprios atos.

06. Resposta: D
Controle Interno: É exercido dentro de um mesmo Poder, seja o exercido por meio de órgãos
especializados, até entre órgãos da mesma entidade, quando se manifesta relação de hierarquia. Seja
entre entidades diferentes, como ocorre com o controle que a Administração direta exerce sobre a
administração indireta de um mesmo poder.

07. Resposta: E
Constituição Federal
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:
( )
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

08. Resposta: A
Os controles administrativos são denominados genericamente de controles internos. Fazem parte da
estrutura administrativa de cada poder, tendo por função acompanhar a execução dos seus atos,
indicando, em caráter opinativo, preventivo ou corretivo, ações a serem desempenhadas com vistas ao
atendimento da legislação. Já em relação ao poder executivo, os poderes que o controlam são os
controles legislativos e de contas, denominados controles externos, ou seja, são órgãos independentes
da administração, não participando, portanto, dos atos por ela praticados, pois cabe a eles exercer a

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fiscalização. Esse conjunto de controles horizontais, internos e externos, é formalmente institucionalizado
por uma rede de órgãos autônomos.

09. Resposta: D
Decreto 200/67.
Art. 25. A supervisão ministerial tem por principal objetivo, na área de competência do Ministro de
Estado:
(...)
VIII - Fiscalizar a aplicação e utilização de dinheiros, valores e bens públicos.

10. Resposta: C
Em REGRA, no Brasil, o controle concentrado é abstrato e o controle concreto é difuso MAS existe
uma exceção: A ADINI, que, apesar de ser concentrada no caso em que algum dos 5 princípios
constitucionais sensíveis é ferido, caso esse em que, com representação do Procurador Geral da
República, o STF julga de forma concentrada um caso concreto.

11. Resposta: A
Decisão de mérito em ADI → Controle Concentrado ou Abstrato :

Efeitos:
1) Efeito retroativo (Ex-tunc)
2) Eficácia erga omnes
3) Efeito vinculante (Adm. Púb. E Poder Judiciário).
4) Efeito repristinatório

Modulação dos efeitos


1) Pressupostos
Segurança jurídica
Relevante interesse social

2) Aprovação → 2/3 dos membros do STF

3) Efeitos
Restringir os efeitos da declaração (efeito Ex-Nunc)
Eficácia somente após o transito em julgado
Eficácia somente em outro momento a ser fixado.

12. Resposta: B
Art. 49, Constituição Federal. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,
incluídos os da administração indireta;".

13. Resposta: “B”.


CORRETA - O controle judicial recai sobre a atividade administrativa do Estado, independente do
Poder em que esteja sendo desempenhada, podendo alcançar os atos administrativos do Legislativo,
Executivo, do Legislativo e Judiciário.

14. Resposta: ERRADA


Os atos da administração existem sobre um controle judicial, a priori, como por exemplo, o caso da
Ação Civil Pública, para o caso de agressão ao meio ambiente.

15. Resposta: B
A Administração Pública sujeita-se a controle por parte do Poder Legislativo e Poder Judiciário,
podendo exercer o controle sobre os próprios atos, no exercício de suas funções

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27 responsabilidade civil do Estado.

RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Por muito tempo o Estado não foi civilmente responsável por seus atos, estávamos na era do
Absolutismo em que o Rei era a figura suprema e, por isso, concentrava todo o poder em suas mãos. A
figura do rei era indissociável da figura do Estado e, em várias civilizações seu poder supremo era
fundamentado na vontade de Deus, por isso não se cogitava em responsabilizá-lo. Essa é a teoria da
irresponsabilidade do Estado.
Contudo, o funcionário do rei poderia ser responsabilizado quando o ato lesivo tivesse relação direta
com seu comportamento.
Somente no século XIX passou a se admitir a responsabilidade subjetiva do Estado. Esse tipo de
responsabilidade demanda uma análise sobre a intenção do agente pois, sem essa não se fala em
responsabilidade. Assim, por essa teoria, somente se responsabiliza o sujeito que age com dolo ou culpa.
Dado à ineficiência desse tipo de responsabilização surgiu a teoria da responsabilidade objetiva que
despreza a culpa, logo, haverá responsabilidade quando houver dano, ilícito e nexo causal.
Nexo causal é o liame subjetivo que une o dano ao ilícito, ou seja, à conduta.
Agora lhe pergunto... Você sabe me dizer onde ocorreu o primeiro caso de responsabilidade
civil do Estado?
Foi na França, quando um vagão ferroviário atingiu uma garota, sendo que esse caso ficou conhecido
como caso “Blanco”. Esse fato acabou comovendo a sociedade francesa e o Estado sofreu a
responsabilização pelo dano causado.
O estado, nessa época, agia apenas quando houvesse previsão legal específica para
responsabilidade.
Desde os tempos do Império que a Legislação Brasileira prevê a reparação dos danos causados a
terceiros pelo Estado, por ação ou omissão dos seus agentes. Problemas de omissão, abuso no
exercício de função e outros tipos de falhas sempre existiram no serviço público, o que é perfeitamente
plausível dadas as características da Administração Pública, tanto do ponto de vista da sua complexidade
quanto do seu gigantismo.
No Brasil, surgiu a criação do Tribunal de Conflitos, em 1.873, passando a evoluir à Responsabilidade
Subjetiva.
Quando falamos em responsabilidade extracontratual, devemos pensar que será excluída a
responsabilidade contratual, pois será regida por princípios próprios
As Constituições de 1824 (art. 179) e de 1891 (art. 82), já previam a responsabilização dos funcionários
públicos por abusos e omissões no exercício de seus cargos. Mas a responsabilidade era do funcionário,
vingando até aí, a teoria da irresponsabilidade do Estado.
Durante a vigência das Constituições de 1934 e 1937 passou a vigorar o princípio da
responsabilidade solidária, por ele o lesado podia mover ação contra o Estado ou contra o servidor, ou
contra ambos, inclusive a execução.
O Código Civil de 1916, em seu art. 15, já tratava do assunto, a saber: “As pessoas jurídicas de direito
público são civilmente responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem
danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o
direito regressivo contra os causadores do dano”.
Entretanto, a figura da responsabilidade direta ou solidária do funcionário desapareceu com o advento
da Carta de 1946, que adotou o princípio da responsabilidade objetiva do Estado, com a possibilidade
de ação regressiva contra o servidor no caso de culpa. Note-se que, a partir da Constituição de 1967
houve um alargamento na responsabilização das pessoas jurídicas de direito público por atos de seus
servidores. Saiu a palavra interno, passando a alcançar tanto as entidades políticas nacionais, como as
estrangeiras.
Esse alargamento ampliou-se ainda mais com a Constituição de 1988, que estendeu a
responsabilidade civil objetiva às pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços públicos,
os não essenciais, por concessão, permissão ou autorização.

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Os tipos de responsabilidade civil

A responsabilidade civil pode demonstrar-se de diversas formas, espécies e tipos e podem ser
subjetiva, objetiva, pré-contratual, contratual, pós-contratual e extracontratual.

A. Subjetiva: A responsabilidade subjetiva difere-se da responsabilidade objetiva com relação à forma,


em ambas é exigido a reparação e indenização do dano causado, diferenciando-se com relação à
existência ou não de culpa por parte do agente que tenha causado dano à vítima.
Na responsabilidade subjetiva, o dano contra a vítima foi causado por culpa do agente, já na
responsabilidade objetiva, o fundamento está contido na teoria do risco, onde não se deve provar a culpa,
para que exista o dever de indenizar.
Para que o agente repare o dano causado é necessário a plena consciência do erro causado,
caracterizando, desta forma o dolo ou até mesmo a culpa por negligência, imprudência e imperícia.
Contudo, se o dano não tiver sido causado por dolo ou culpa do agente, compete à vítima suportar os
prejuízos, como se tivessem sido causados em virtude de caso fortuito ou força maior.
B. Objetiva: Na responsabilidade objetiva, o dano ocorre por uma atividade lícita, que apesar deste
caráter gera um perigo a outrem, ocasionando o dever de ressarcimento, pelo simples fato do implemento
do nexo causal. Para tanto, surgiu a teoria do risco para preencher as lacunas deixadas pela
culpabilidade, permitindo que o dano fosse reparado independente de culpa.
Para Rui Stoco: “a doutrina da responsabilidade civil objetiva, em contrapartida aos elementos
tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade) determina que a responsabilidade civil assenta-se na
equação binária, cujos polos são o dano e a autoria do evento danoso. Sem considerar a imputabilidade
ou investigar a antijuricidade do evento danoso, o que importa, para garantir o ressarcimento, é a
averiguação de que se sucedeu o episódio e se dele proveio algum prejuízo, confirmando o autor do fato
causador do dano como o responsável.”43
C. Pré-contratual: O homem é um ser social e completo e devido a estas características, algumas
discordâncias acabam conflitando na sociedade, com opiniões, acordos e interesses opostos. Desta
forma, para que um contrato seja firmado é necessário um etapa preliminar em que as partes acordam
suas opiniões para chegar a um consenso, onde então será firmado um negócio jurídico.
O contrato gera responsabilidades e as partes contratantes reconhece essa obrigação a ser cumprida,
sob pena de responder juridicamente, seja por responsabilidade civil subjetiva ou objetiva.
Eis o entendimento de Lissandra de Ávila Lopes:
A responsabilidade pré-contratual também chamada de culpa in contrahendo, é a fase que precede a
verdadeira celebração do contrato e pode ser dividida de duas maneiras: a discussão pura e simples das
premissas do futuro contrato; momento de profunda negociação que possibilita o início de um contrato
preliminar, por meio da fixação antecipada das bases do contrato final, obrigando apenas os promitentes
contratantes a outorgarem a escritura definitiva conforme o previamente decidido no contrato inicial. No
primeiro caso, tem-se as suposições, os pactos preparatórios; no segundo, existe uma conjuntura
contratual definitiva, mesmo que a sua finalidade seja um contrato futuro.

O Código Civil, contempla em seus artigos 421 e 422:


Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

O dano pré e pós-contratual, decorrem de um dever de comportamento ligado à figura dos sujeitos do
contrato, que é regido pelo princípio da boa –fé.
D. Contratual e Extracontratual: A responsabilidade contratual decorre da inexecução de um
contrato, unilateral ou bilateral, ou seja, foi quebrado o acordo de vontade entre as partes, o que acabou
causando um ilícito contratual. Esse pacto de vontades pode se dar de maneira tácita ou expressa, uma
das partes pretende ver sua solicitação atendida e a outra, da mesma forma, assume a obrigação de
cumpri-la, mesmo que seja de forma verbal.
A responsabilidade extracontratual relaciona-se com a prática de um ato ilícito que origine dano a
outrem, sem gerar vínculo contratual entre as partes, devendo a parte lesada comprovar além do dano a
culpa e o nexo de causalidade entre ambos, o que é difícil de se comprovar. Irá se preocupar com a
reparação dos danos patrimoniais.

43 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisdicional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

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Este tipo de responsabilidade caracteriza o estado democrático de direito, conferindo liberdade
individual em face da coletividade, através de leis.
A evolução da responsabilidade extracontratual do estado, se divide basicamente em três teorias, ou
seja, teoria da irresponsabilidade, teoria civilistas e teorias publicistas.
O que ambas tem em comum é que existe a obrigação de reparar o prejuízo, ou por violação a um
dever legal, ou por violação a um dever contratual.
O Código Civil distinguiu a responsabilidade contratual e extracontratual através de seus dispositivos
legais:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
[...]
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
[...]
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos
valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
[...]
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Ao observarem os dispositivos legais supracitados, Castro e Trad (2010) dizem que os arts. 186 e 927
abordam, de maneira genérica, a responsabilidade extracontratual, e os artigos 389 e 395, de forma
novamente genérica, abordam a responsabilidade contratual.

Questões

01. (SEJUDH/MT - Psicólogo – IBADE/2017). Acerca da responsabilidade civil do Estado, assinale a


opção correta.
(A) Será objetiva tanto em relação aos usuários do serviço quanto a terceiros não usuários,
(B) Na ação regressiva, o prazo prescricional será quinquenal.
(C) Nos casos de morte de detentos, é subjetiva.
(D) Incabível ação regressiva no caso de dolo e culpa do agente público.
(E) Tratando-se de ato omissivo. é objetiva porque exige dolo ou culpa.

02. (TER/PI - Analista Judiciário – Administrativa – CESPE/2016). Acerca da responsabilidade civil


do Estado, assinale a opção correta.
(A) Se ato danoso for praticado por agente público fora do período de expediente e do desempenho
de suas funções, a responsabilidade do Estado será afastada.
(B) Os danos oriundos de ato jurisdicional ensejam a responsabilização direta e objetiva do juiz prolator
da decisão.
(C) Em razão do princípio da supremacia do interesse público, são vedados o reconhecimento da
responsabilidade e a reparação de dano extrajudicial pela administração.
(D) A responsabilidade objetiva de empresa concessionária de serviço público alcança usuários e não
usuários do serviço público.
(E) A responsabilidade objetiva do Estado não alcança atos que produzam danos aos seus próprios
agentes, hipótese em que sua responsabilidade será subjetiva.

03. (TCE/PR - Conhecimentos Básicos – CESPE/2016). Assinale a opção correta, com referência
ao tratamento constitucional conferido à responsabilidade civil do Estado.
(A) A Constituição Federal de 1988 adota como regra a teoria do risco administrativo, segundo a qual
o Estado deve arcar com o risco inerente às numerosas atividades que desempenha, inclusive quando a
culpa do dano decorrer de conduta da própria vítima.
(A) A aplicação da responsabilidade objetiva independe da verificação do elemento culpa, de modo
que, demonstrados o prejuízo pelo lesado e a relação de causalidade entre a conduta estatal e a lesão
sofrida, o dever de indenizar poderá ser reconhecido mesmo que decorra de atos lícitos estatais.
(C) Diferentemente das pessoas jurídicas de direito público, as quais respondem objetivamente pelos
danos que seus agentes causarem a terceiros, é subjetiva a responsabilidade das pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviço público, em se tratando de danos causados a terceiros não usuários
do serviço.

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(D) Por se tratar de atividade exercida em caráter privado, por delegação do poder público, o Estado
não responde por danos causados a terceiros por notários (tabeliães) e oficiais de registro.
(E) Segundo a Constituição Federal de 1988, o indivíduo que for condenado criminalmente em virtude
de sentença que contenha erro judiciário terá direito a reparação cível, desde que seja demonstrada a
conduta dolosa por parte do juiz da causa.

04. (DPU - Técnico em Assuntos Educacionais – CESPE/2016). A respeito da responsabilidade civil


do Estado e das licitações, julgue o item subsequente.
Para a configuração da responsabilidade objetiva do Estado, é necessária a demonstração de culpa
ou dolo do agente público.
( ) Certo ( ) Errado

05. (Prefeitura de Barbacena/MG - Advogado – FCM/2016). A respeito da responsabilidade civil


extracontratual da Administração Pública, pode-se afirmar que
(A) as autarquias estão submetidas ao princípio da responsabilidade civil subjetiva, conforme previsão
da Constituição Federal de 1988.
(B) na história das constituições republicanas brasileiras, jamais foi acolhida a teoria do risco integral
no tocante à responsabilidade civil do Estado.
(C) a teoria francesa da faute du service ou também denominada como falta do serviço caracteriza-se
como uma hipótese de responsabilidade civil objetiva.
(D) o direito de regresso, em face do agente público responsável pelo dano resultante em
responsabilidade civil do Estado, dá- se independentemente de existência de culpa ou dolo em sua
conduta, uma vez que a responsabilidade do agente é objetiva.

06. (ANS - Técnico Administrativo – FUNCAB/2016). No que se refere à responsabilidade civil do


Estado, é correto afirmar que:
(A) A absolvição na esfera criminal, por qualquer motivo, de um agente público faz com que não haja
responsabilidade civil por parte do Estado, já que ambas as esferas são vinculadas.
(B) o prazo prescricional para a reparação dos danos causados pelo Estado é de 5 anos, conforme o
Código Civil Brasileiro de 2002.
(C) caso o particular venha a sofrer dano por parte do Estado, são cumuláveis as indenizações por
dano material e dano moral oriundos desse mesmo fato.
(D) não há previsão constitucional quanto à responsabilidade civil do Estado por atos jurisdicionais.
(E) somente as pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.

Gabarito

01.A/ 02.D/ 03.B/ 04. Errado/ 05.B/ 06.C.

Comentários

01. Resposta: A
Como supracitado no material para Rui Stoco: “a doutrina da responsabilidade civil objetiva, em
contrapartida aos elementos tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade) determina que a
responsabilidade civil assenta-se na equação binária, cujos polos são o dano e a autoria do evento
danoso. Sem considerar a imputabilidade ou investigar a antijuricidade do evento danoso, o que importa,
para garantir o ressarcimento, é a averiguação de que se sucedeu o episódio e se dele proveio algum
prejuízo, confirmando o autor do fato causador do dano como o responsável.”44

02. Resposta: D
A responsabilidade civil objetiva das concessionárias, em razão do princípio da isonomia, se estende
aos usuários e aos não-usuários do serviço público. Assim entendeu o STF no informativo 557 (RE
591.874): O entendimento de que apenas os terceiros usuários do serviço gozariam de proteção
constitucional decorrente da responsabilidade objetiva do Estado, por terem o direito subjetivo de receber
um serviço adequado, contrapor-se-ia à própria natureza do serviço público, que, por definição, tem

44 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisdicional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

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caráter geral, estendendo-se, indistintamente, a todos os cidadãos, beneficiários diretos ou indiretos da
ação estatal.

03. Resposta: B
A responsabilidade do Estado é objetiva, mas o Estado pode deixa de responder ou ter a
responsabilidade diminuída se estiverem presentes as excludentes ou atenuente da responsabilidade:
Força maior, caso fortuito, culpa do terceiro ou da vítima.
A Constituição Federal de 1988 prevê a responsabilidade civil objetiva, ao estabelecer no seu artigo
37, § 6º, que: "As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

04. Resposta: Errado


Na responsabilidade objetiva, basta que exista o fato lesivo + nexo de causalidade entre o fato e o
dano. Dolo ou culpa do agente será necessário quando se estiver em sede de ação regressiva do estado
contra quem tenha causado o dano.

05. Resposta: B
TST - AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. AgR-
AIRR 6831520105030087 683-15.2010.5.03.0087 (TST). Data de publicação: 06/02/2013. Ementa:
ACIDENTE. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA.
ROMPIMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE. Para a caracterização do dever de indenizar, mesmo em
se tratando de responsabilidade objetiva, devem estar presentes o dano e o nexo de causalidade entre
as funções desempenhadas e o acidente. A existência de culpa exclusiva da vítima rompe o próprio nexo
causal, uma vez que não se pode ter por decorrente das funções desempenhadas pelo autor um acidente
que ele causou por negligência ou imprudência própria. Em casos tais, não há dever de reparar, uma vez
que inaplicável à seara trabalhista a teoria do risco integral, salvo nos casos constitucionalmente previstos
(art. 21, XXIII, d e 225, § 3º, da CF - danos nucleares e ambientais). Agravo regimental a que se nega
provimento. [...]."

06. Resposta: C
Segundo a Súmula 37 STJ, é possível cumular pedido de danos morais e materiais na mesma ação:
"São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato."

Teorias da Responsabilidade Extracontratual do Estado

A. Teoria da irresponsabilidade: esta teoria entende que não era possível responsabilizar o Estado
pelos atos praticados. Serve mais como um contexto histórico, já que os agentes públicos, que eram
representantes do rei não podiam ser responsabilizados por seus atos. Esta teoria foi combatida por ser
injusta.
B. Teorias civilistas: tem como alicerce os ensinamentos do Direito Civil, baseando-se na ideia de
culpa
Surgindo, a partir de então, a teoria da culpa civil ou da responsabilidade subjetiva, ou seja, onde se
aceitava a responsabilidade do Estado desde que esta demonstrasse a culpa.
C. Teorias publicistas: foi responsável por mudar a “roupagem” da teoria da culpa, passando a existir
a teoria da culpa administrativa ou teoria da culpa do serviço. Não era mais necessário identificar o agente
que cometia a falha, sendo responsabilizado, era apenas suficiente a comprovação da falha do serviço
(culpa do serviço).
Surge então a teoria do risco integral ou administrativo ou teoria da responsabilidade objetiva, segundo
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2010 – p. 646), “a ideia de culpa é substituída pela de nexo de causalidade
entre o funcionamento do serviço público e o prejuízo sofrido pelo administrado”.
D. Pós-contratual: A responsabilidade pós-contratual caracteriza-se pela obrigação de
responsabilização aos prejuízos sucedidos após a extinção do contrato, independentemente do
adimplemento do dever. É resultante do inadimplemento de deveres de proteção, lealdade e proteção
que continuam existindo mesmo após a conclusão ou extinção do contrato celebrado entre as partes.
O artigo 422 do Código Civil, diante da dificuldade da aceitação da responsabilidade pós-contratual,
consagra mais uma vez o princípio da boa-fé.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

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Teorias da responsabilidade objetiva do Estado (segundo Hely Lopes Meirelles):

a) teoria da culpa administrativa: a obrigação do Estado indenizar decorre da ausência objetiva do


serviço público em si. Não se trata de culpa do agente público, mas de culpa especial do Poder Público,
caracterizada pela falta de serviço público.
b) teoria do risco administrativo: a responsabilidade civil do Estado por atos comissivos ou
omissivos de seus agentes é de natureza objetiva, ou seja, dispensa a comprovação de culpa, bastando
assim a conduta, o fato danoso e o dano, seja ele material ou moral. Não se indaga da culpa do Poder
Público mesmo porque ela é inferida do ato lesivo da Administração.
Entretanto, é fundamental, que haja o nexo causal.
Deve-se atentar para o fato de que a dispensa de comprovação de culpa da Administração pelo
administrado não quer dizer que aquela esteja proibida de comprovar a culpa total ou parcial da vítima,
para excluir ou atenuar a indenização. Verificado o dolo ou a culpa do agente, cabe à fazenda pública
acionar regressivamente para recuperar deste, tudo aquilo que despendeu com a indenização da vítima.
Como se sabe, o Estado é realmente um sujeito político, jurídico e economicamente mais poderoso
que o administrado, gozando de determinadas prerrogativas que não se estendem aos demais sujeitos
de direito.
Em razão desse poder, o Estado teria que arcar com um risco maior, decorrente de suas inúmeras
atividades e, ter que responder por ele, trazendo, assim a teoria do Risco Administrativo.
Para excluir-se a responsabilidade objetiva, deverá estar ausente ao menos um dos seus elementos,
quais sejam conduta, dano e nexo de causalidade. A culpa exclusiva da vítima, caso fortuito e força maior
são excludentes de responsabilidade e se tratam de hipóteses de interrupção do nexo de causalidade.
c) Teoria do risco integral: a Administração responde invariavelmente pelo dano suportado por
terceiro, ainda que decorrente de culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É a exacerbação da teoria
do risco administrativo que conduz ao abuso e à iniquidade social, com bem lembrado por Meirelles.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, § 6º, diz: “As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa”.
E no art. 5º, X, está escrito: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Vê-se por esse dispositivo que a indenização não se limita aos danos materiais. No entanto, há uma
dificuldade nos casos de danos morais na fixação do quantum da indenização, em vista da ausência de
normas regulamentadoras para aferição objetiva desses danos.
Neste contexto, a responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atribuída ao Poder
Público, de compor os danos patrimoniais causados a terceiros por seus agentes públicos, tanto
no exercício das suas atribuições, quanto agindo nessa qualidade.
O Estado responde pelos danos causados com base no conceito de nexo de causalidade – na relação
de causa e efeito existente entre o fato ocorrido e as consequências dele resultantes.
Não se cogita a necessidade daquele que sofreu o prejuízo, comprovar a culpa ou o dolo, bastando
apenas a demonstração do nexo de causalidade, como se observou na leitura do art. 37, § 6º da
Constituição Federal.
Pessoas jurídicas de direito público são aquelas que integram a Administração (direta e indireta). As
empresas públicas e as sociedades de economia mista respondem quando estiverem prestando serviço
público.
Aquelas que exploram atividade econômica não se obrigam a responder de acordo com o art. 37, §
6.º, da Constituição Federal; sua responsabilidade equipara-se à das empresas privadas, ou seja, é
subjetiva, depende da demonstração de culpa.
Dessa forma, há pessoas que integram a Administração Pública e não respondem na forma do § 6.º
do art. 37 da Constituição Federal, contudo, existem pessoas que, embora não integrem a Administração
Pública, respondem a exemplo dos concessionários e permissionários que prestam serviços públicos.
Segundo Alexandre Mazza45, a teoria do risco integral, será aplicável no Brasil em situações
excepcionais, como:
a) acidentes de trabalho (infortunística): nas relações de emprego público, a ocorrência de eventual
acidente de trabalho impõe ao Estado o dever de indenizar em quaisquer casos, aplicando -se a teoria
do risco integral;

Mazza, Alexandre Manual de direito administrativo/Alexandre Mazza. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

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b) indenização coberta pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT): o pagamento da
indenização do DPVAT é efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente,
independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de
responsabilidade do segurado (art. 5º da Lei n. 6.194/74);
c) atentados terroristas em aeronaves: por força do disposto nas Leis n. 10.309/2001 e n.
10.744/2003, a União assumiu despesas de responsabilidade civil perante terceiros na hipótese da
ocorrência de danos a bens e pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados terroristas, atos
de guerra ou eventos correlatos, ocorridos no Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula
brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas as empresas de táxi-
aéreo (art. 1º da Lei n. 10.744/2003). Tecnicamente, trata-se de uma responsabilidade estatal por ato de
terceiro, mas que se sujeita à aplicação da teoria do risco integral porque não prevê excludentes ao dever
de indenizar. A curiosa Lei n. 10.744/2003 foi uma resposta do governo brasileiro à crise no setor de
aviação civil após os atentados d e 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. O objetivo dessa
assunção de responsabilidade foi reduzir o valor dos contratos de seguro obrigatórios para companhias
aéreas e que foram exorbitantemente majorados após o 11 de Setembro;
d) dano ambiental: por força do art. 225, §§ 2º e 3º, da Constituição Federal, há quem sustente que
a reparação de prejuízos ambientais causados pelo Estado seria submetida à teoria do risco integral.
Porém, considerando a posição majoritária entre os jus ambientalistas, é mais seguro defender em
concursos a aplicação da teoria do risco administrativo para danos ambientais;
e) dano nuclear: assim como ocorre com os danos ambientais, alguns administrativistas têm
defendido a aplicação da teoria do risco integral para reparação de prejuízos decorrentes da atividade
nuclear, que constitui monopólio da União (art. 177, V, da CF). Entretanto, a Lei de Responsabilidade
Civil por Danos Nucleares – Lei n. 6.653/77, prevê diversas excludentes que afastam o dever de o
operador nuclear indenizar prejuízos decorrentes de sua atividade, tais como: culpa exclusiva da vítima,
conflito armado, atos de hostilidade, guerra civil, insurreição e excepcional fato da natureza (arts. 6º e 8º).
Havendo excludentes previstas diretamente na legislação, impõe-se a conclusão de que a reparação de
prejuízos nucleares, na verdade, sujeita-se à teoria do risco administrativo.

Questões

01. (Prefeitura de Araguari/MG - Procurador Municipal – IADHED/2016). Identifique a hipótese que


não corresponde a um dos pressupostos para a caracterização da responsabilização civil do Estado:
(A) Efeito danoso;
(B) Relação de causalidade;
(C) Regra do risco integral;
(D) Fato administrativo.

02. (TJM/SP - Juiz de Direito Substituto – VUNESP/2016). A respeito da responsabilidade civil da


Administração, é possível afirmar que
(A) os órgãos e entidades públicas respondem diretamente pelos danos causados em decorrência da
divulgação não autorizada ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações pessoais,
cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou culpa.
(B) em caso de morte de torcedor em briga de torcidas, dentro do estádio de futebol, haverá o dever
de indenizar, ainda que demonstrada a culpa exclusiva da vítima.
(C) por ser objetiva a responsabilidade do Estado, deve este responder pelos danos causados por
policial militar que, em dia de folga, atropela pedestre com seu veículo, pois o agente público não se
despe dessa qualidade em função do regime de trabalho policial.
(D) o Estado tem o dever de indenizar a família de trabalhador assassinado na rua por um assaltante,
em virtude de falha na prestação do serviço de segurança pública, que é individualmente assegurado aos
cidadãos.
(E) em caso de cumprimento de mandado de reintegração de posse, quando foram utilizados os meios
necessários à execução da ordem, haverá responsabilidade em relação ao danos causados pelos
esbulhadores à propriedade privada, pois é objetiva a responsabilidade da Administração.

03. (MPOG - Atividade Técnica - Direito, Administração, Ciências Contábeis e Economia –


FUNCAB). A responsabilidade civil do Estado estará caracterizada mesmo que inexista:
(A) dano.
(B) dever originário.
(C) nexo causal.

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(D) culpa.
(E) conduta.

04. (PC/GO - Papiloscopista – FUNIVERSA). A respeito da responsabilidade civil do Estado, assinale


a alternativa correta.
(A) As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos apenas respondem
objetivamente perante os usuários dos serviços, sendo subjetiva a responsabilidade por danos causados
a não usuários dos serviços.
(B) O STJ decidiu, em sede de recurso repetitivo, que o prazo prescricional na hipótese de
responsabilidade civil do Estado é de 3 anos.
(C) O Estado responde por danos nucleares objetivamente, aplicando-se, nesta hipótese, a teoria do
risco integral.
(D) O Estado responderá objetivamente por atos praticados por seus agentes, aplicando-se em todo
caso a teoria do risco administrativo.
(E) O agente público responderá objetivamente pelos atos que causar nesta condição, cabendo ação
regressiva contra ele por parte do Estado.

05. (Prefeitura de Caieiras/SP - Assistente Legislativo - VUNESP) A responsabilidade dos agentes


públicos, quando, nesta qualidade, causam danos a terceiros, é:
(A) cumulativa e objetiva.
(B) individual e objetiva.
(C) concorrente e objetiva.
(D) regressiva e subjetiva.
(E) subsidiária e subjetiva.

Gabarito

01.C/ 02.A/ 03.D/ 04.C/ 05. D

Comentários

01. Resposta: C
Pela Teoria do Risco Integral, a Administração responde invariavelmente pelo dano suportado por
terceiro, ainda que decorrente de culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É a exacerbação da teoria
do risco administrativo que conduz ao abuso e à iniquidade social, com bem lembrado por Meirelles.

02. Resposta: A
CF
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
( )
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

03. Resposta: D
O Brasil não adota a Teoria da Culpa. Valendo-se do art. 37, § 6º, da CF, o STF consagrou o
entendimento de que são os seguintes requisitos que compõem a responsabilidade civil no Brasil:
(a) dano; (b) alteridade do dano; (c) nexo causal; (d) ato estatal; (e) ausência de causa excludente da
responsabilidade estatal.

04. Resposta: C
Nesta teoria, a indenização é sustentada mesmo nos casos de culpa exclusiva da vítima, fato de
terceiro, caso fortuito e força maior. Portanto, não admite-se, quando diante da teoria do risco integral,
qualquer forma de excludente de irresponsabilidade. A teoria do risco integral vem sido aceita em casos
onde a atividade desenvolvida pelo Estado traz consigo um risco maior do que o normal, como por
exemplo, transporte aéreo e desenvolvimento de tecnologia nuclear.

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05. Resposta: D
A responsabilidade dos agentes públicos é regressiva e subjetiva. É regressiva, uma vez que, primeiro,
as pessoas jurídicas indenizam os prejuízos causados a terceiros, depois, ingressam com ação judicial
contra os agentes se estes forem os causadores do dano. É subjetiva, porque, o servidor só indenizará
prejuízos que tenha causado em caso de dolo ou de culpa. (art. 37, §6º, da CF).

Relação de custódia

Podemos dizer que a relação de custódia são os danos causados a pessoas e bens submetidos a
relações de tratamentos especiais.
Os exemplos mais comuns são: o preso morto na cadeia por outro detento; a criança vítima de briga
dentro de escola pública; bens privados danificados em galpão da Receita Federal.
Segundo Mazza, nessas vinculações diferenciadas, a responsabilidade do Estado é mais acentuada
do que nas relações de sujeição geral, à medida que o ente público tem o dever de garantir a integridade
das pessoas e bens custodiados. Por isso, a responsabilidade estatal é objetiva inclusive quanto a atos
de terceiros.
Questão

01. (SAP e JUS/GO - Agente de Segurança Prisional – FUNIVERSA). Acerca da responsabilidade


civil do Estado, assinale a alternativa correta.
(A) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de preso sob a sua custódia,
independentemente da culpa dos agentes públicos.
(B) Em caso de suicídio de um detento, a responsabilidade do Estado é subjetiva.
(C) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de preso sob a sua custódia, mas
o fato de tratar-se de responsabilidade objetiva do Estado não dispensa a prova da culpa nesses casos.
(D) Em caso de suicídio de um detento, inexiste responsabilidade do Estado, pois este não tem a
obrigação de proteger os detentos contra si mesmos.
(E) O Estado possui responsabilidade subjetiva nos casos de homicídio de preso sob a sua custódia.

Gabarito

01.A.

Comentário

01. Resposta: A
INF. 520 STJ: A Administração Pública está obrigada ao pagamento de pensão e indenização por
danos morais no caso de morte por suicídio de detento ocorrido dentro de estabelecimento prisional
mantido pelo Estado. Nessas hipóteses, não é necessário perquirir eventual culpa da Administração
Pública. Na verdade, a responsabilidade civil estatal pela integridade dos presidiários é OBJETIVA. STJ.
2ª Turma. AgRg no REsp 1.305.259-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/4/2013.

Responsabilidade por ação e por omissão do estado

O dano indenizável pode ser material e/ou moral e ambos podem ser requeridos na mesma ação, se
preencherem os requisitos expostos.
Aquele que é investido de competências estatais tem o dever objetivo de adotar as providências
necessárias e adequadas a evitar danos às pessoas e ao patrimônio.
Quando o Estado infringir esse dever objetivo e, exercitando suas competências, der oportunidades a
ocorrências do dano, estarão presentes os elementos necessários à formulação de um juízo de
reprovabilidade quanto a sua conduta. Não é necessário investigar a existência de uma vontade psíquica
no sentido da ação ou omissão causadoras do dano.
A omissão da conduta necessária e adequada consiste na materialização de vontade, defeituosamente
desenvolvida. Logo, a responsabilidade continua a envolver um elemento subjetivo, consiste na
formulação defeituosa da vontade de agir ou deixar de agir.
Não há responsabilidade civil objetiva do Estado, mas há presunção de culpabilidade derivada da
existência de um dever de diligência especial. Tanto é assim que, se a vítima tiver concorrido para o
evento danoso, o valor de uma eventual condenação será minimizado.

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Essa distinção não é meramente acadêmica, especialmente porque a avaliação do elemento subjetivo
é indispensável, em certas circunstâncias, para a determinação da indenização devida.
A Constituição Federal de 1988, seguindo uma tradição estabelecida desde a Constituição Federal de
1946, determinou, em seu art. 37, §6º, a responsabilidade objetiva do Estado e responsabilidade subjetiva
do funcionário.
Em que pese a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva ser adotada pela Constituição Federal,
o Poder Judiciário, em determinados julgamentos, utiliza a teoria da culpa administrativa para
responsabilizar o Estado em casos de omissão. Assim, a omissão na prestação do serviço público tem
levado à aplicação da teoria da culpa do serviço público (faute du service). A culpa decorre da omissão
do Estado, quando este deveria ter agido e não agiu. Por exemplo, o Poder Público não conservou
adequadamente as rodovias e ocorreu um acidente automobilístico com terceiros.
Com relação ao comportamento comissivo ou omissivo do Estado, importante destacar o que dispõe
MAZZA46 sobre o tema:
Existem situações em que o comportamento comissivo de um agente público causa prejuízo a
particular. São os chamados danos por ação. Noutros casos, o Estado deixa de agir e, devido a tal inação,
não consegue impedir um resultado lesivo. Nessa hipótese, fala-se me dano por omissão. Os exemplos
envolvem prejuízos decorrentes de assalto, enchente, bala perdida, queda de árvore, buraco na via
pública e bueiro aberto sem sinalização causando dano a particular. Tais casos têm em comum a
circunstância de inexistir um ato estatal causador do prejuízo.
(...)
Em linhas gerais, sustenta-se que o estado só pode ser condenado a ressarcir prejuízos atribuídos à
sua omissão quando a legislação considera obrigatória a prática da conduta omitida. Assim, a omissão
que gera responsabilidade é aquela violadora de um dever de agir. Em outras palavras, os danos por
omissão são indenizáveis somente quando configura omissão dolosa ou omissão culposa. Na omissão
dolosa, o agente público encarregado de praticar a conduta decide omitir-se e, por isso, não evita o
prejuízo. Já na omissão culposa, a falta de ação do agente público não decorre de sua intenção deliberada
em omitir-se, mas deriva da negligência na forma de exercer a função administrativa. Exemplo: policial
militar que adorme em serviço e, por isso, não consegue evitar furto a banco privado.

Questão

01. (Prefeitura de Natal/RN - Advogado – IDECAN/2016). Para a doutrina e jurisprudência


dominantes, a Responsabilidade Civil do Estado é subjetiva quando:
(A) Houver dano ambiental.
(B) A sua conduta for omissiva.
(C) A sua conduta for comissiva.
(D) For o caso de danos nucleares.

Gabarito

01.B.

Comentário

01. Resposta: B
Responsabilidade por omissão: Teoria da culpa administrativa ou da culpa do serviço. Depende de:
omissão + dever de agir + fato da natureza ou comportamento material de terceiro + dano + nexo entre o
dano e a omissão.

Requisitos para demonstração da responsabilidade do estado

Assim, pode-se afirmar que são requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado a ação
ou omissão (ato do agente público), o resultado lesivo (dano) e nexo de causalidade.
Dano: decorre da violação de um bem juridicamente tutelado, que pode ser patrimonial ou
extrapatrimonial.
Para que seja ressarcido deve ser certo, atual, próprio ou pessoal.

46 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição. 2014.

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Insta dizer que o dano não é apenas patrimonial (atinge bens jurídicos que podem ser auferidos
pecuniariamente) ele também pode ser moral (ofende direitos personalíssimos que atingem integridade
moral, física e psíquica).
Logo, o dano que gera a indenização deve ser:
- Certo: É o dano real, efetivo, existente. Para requerer indenização do Estado é necessário que o
dano já tenha sido experimentado. Não se configura a possibilidade de indenização de danos que podem
eventualmente ocorrer no futuro.
- Especial: É o dano que pode ser particularizado, aquele que não atinge a coletividade em geral; deve
ser possível a identificação do particular atingido.
- Anormal: É aquele que ultrapassa as dificuldades da vida comum, as dificuldades do cotidiano.
- Direto e imediato: O prejuízo deve ser resultado direito e imediato da ação ou omissão do Estado,
sem quebra do nexo causal.

Reparação do dano

Quanto à reparação do dano, esta pode ser obtida administrativamente ou mediante ação de
indenização junto ao Poder Judiciário. Para conseguir o ressarcimento do prejuízo, a vítima deverá
demonstrar o nexo de causalidade entre o fato lesivo e o dano, bem como o valor do prejuízo.
Uma vez indenizada a vítima, fica a pessoa jurídica com direito de regresso contra o responsável, isto
é, com o direito de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causou o dano, desde que este
tenha agido com dolo ou culpa. Observe-se que não está sujeito a prazo prescricional a ação regressiva
contra o agente público que agiu com dolo ou culpa para a recuperação dos valores pagos pelos cofres
públicos, conforme inteligência do art. 37, parágrafo 5º da Constituição Federal:
§5º: A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

Responsabilidade primária e subsidiária

A responsabilidade primária tem relação com a centralização, ou seja, com o fato de os entes da
federação atuarem de forma direta no alcance de seus objetivos, portanto, sem delegação.
Dessa forma se presentes os requisitos para a responsabilização do Estado, a responsabilidade será
primária.
De outra banda, encontra-se a responsabilidade subsidiária que está intimamente ligada com a
descentralização.
A descentralização ocorre quando os entes da federação atuam por meio dos órgãos da administração
indireta, ou seja, das autarquias, empresas públicas, etc, e das concessionárias e permissionárias.
Nesse caso se houver um dano causado por um desses órgãos, ele será responsabilizado civilmente
e, em não sendo suficiente o seu patrimônio para o pagamento da indenização, o Estado deverá fazê-lo,
por isso diz-se que a responsabilidade é subsidiária, porque o Estado só será responsável quando o
patrimônio do primeiro responsável não for o bastante para o cumprimento da indenização.

Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do estado

A responsabilidade do Poder Público não existirá ou será atenuada quanto a conduta da Administração
Pública não der causa ao prejuízo, ou concorrerem outras circunstâncias que possam afastar ou mitigar
sua responsabilidade. Em geral, são chamadas causas excludentes da responsabilidade estatal; a força
maior, o caso fortuito, a culpa exclusiva da vítima e a culpa de terceiro.
Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano ocorrido,
a responsabilidade estatal será afastada.
A força maior pode ser definida como um evento previsível ou não, porém excepcional e inevitável.
Em regra, não há responsabilidade do Estado, contudo existe a possibilidade de responsabilizá-lo
mesmo na ocorrência de uma circunstância de força maior, desde que a vítima comprove o
comportamento culposo da Administração Pública. Por exemplo, num primeiro momento, uma enchente
que causou danos a particulares pode ser entendida como uma hipótese de força maior e afastar a
responsabilidade Estatal, contudo, se o particular comprovar que os bueiros entupidos concorreram para
o incidente, o Estado também responderá, pois a prestação do serviço de limpeza pública foi deficiente.
O caso fortuito é um evento imprevisível e, via de consequência, inevitável. Alguns autores
diferenciam-no da força maior alegando que ele tem relação com o comportamento humano, enquanto a
força maior deriva da natureza. Outros, atestam não haver diferença entre ambos.

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A regra é que o caso fortuito exclua a responsabilidade do Estado, contudo, se o dano for consequência
de falha da Administração, poderá haver a responsabilização. Ex: rompimento de um cabo de energia
elétrica por falta de manutenção ou por má colocação que cause a morte de uma pessoa.
Nos casos em que está presente a culpa da vítima, duas situações podem surgir:
a) O Estado não responde, desde que comprove que houve culpa exclusiva do lesado;
b) O Estado responde parcialmente, se demonstrar que houve culpa concorrente do lesado para a
ocorrência do dano.
Em caso de culpa concorrente, aplica-se o disposto no art. 945 do Código Civil:

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será
fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

A culpa de terceiro ocorre quando o dano é causado por pessoa diferente da vítima e do agente público.
Observe-se que cabe ao Poder Público o ônus de provar a existência de excludente ou atenuante de
responsabilidade.
Responsabilidade Judicial: Também chamada de responsabilidade civil por ato do Judiciário. A regra
é a irresponsabilidade, ou seja, o Estado não responde pelos atos do Poder Judiciário. Há, contudo, uma
única exceção prevista no art 5.º, inc. LXXV, da Constituição Federal, veja-se:

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
tempo fixado na sentença;

O erro judicial configura-se quando a sentença é dada além dos limites fixados no ordenamento
jurídico. Quando a sentença é reformada em segunda instância, não há erro judicial.
A motivação da decisão serve para verificar se a sentença ultrapassa seus limites (consiste em
mencionar o dispositivo legal aplicável e relacionar os fatos que concretamente levaram à sua aplicação).
Se a pessoa fica presa além do tempo fixado na sentença, o Estado é sempre responsabilizado não
importando que a pessoa não tenha ingressado com a ação competente para a soltura no momento
cabível. Sequer pode-se falar em culpa concorrente, visto que é obrigação do Estado libertar a pessoa
após o cumprimento da pena.
Responsabilidade Legislativa: Também chamada de responsabilidade civil por ato do Legislativo. A
regra é que não haja responsabilização do Estado, havendo, porém três exceções:
- O Estado responde por leis inconstitucionais que causarem prejuízos a terceiros, desde que a
inconstitucionalidade tenha sido declarada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle
concentrado de constitucionalidade
- O Estado responde pela omissão legislativa, ou seja, quando havia o dever de editar uma lei e o
Poder Legislativo não a fez de forma que essa omissão causou dano a alguém.
- Quando tratar-se de lei de efeito concreto, a saber, aquelas que destinam-se a regular
especificamente uma situação, ex: leis orçamentárias. Nesse caso, havendo dano, há o dever de
indenizar.
Responsabilidade dos Agentes Públicos: Com relação à responsabilidade dos agentes públicos,
podemos considerar que ao realizar funções públicas, os servidores públicos não estão desobrigados de
se responsabilizar por seus atos, podendo ser os atos públicos quanto aos atos administrativos, além dos
atos políticos, dependendo de sua função, cargo ou emprego.
Para a atividade administrativa, este tipo de responsabilidade é indispensável, ou seja, enquanto existir
exercício irregular de direito ou poder, a responsabilidade deve constar. Desta forma, mantem-se a
soberania e autenticidade dos órgãos públicos.
O entendimento pacificado do STF47 compreende que não é possível a propositura diretamente em
face do agente público causador do dano. Isso se dá, pelo fato que a Constituição Federal, em seu artigo
37, §6º, garante ao particular lesado o direito de ser indenizado pelos prejuízos que sofreu, concedendo
ao agente a garantia de só ser cobrado pelo Estado. Com isso, denominou-se a teoria da dupla garantia
(garantia à vítima e ao agente).

Art. 37. § 6° - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

47 (RE 327904 / SP - SÃO PAULO. Julgamento:15/08/2006. Órgão Julgador: Primeira Turma)

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Não se admite a propositura de ação per saltum da pessoa do agente, com base no princípio da
impessoalidade, já que não existe qualquer relação entre o agente público e o particular que foi lesado,
pelo fato que quando o agente causou o prejuízo, não o fez na condição de particular, mas sim em nome
do Estado.
O Estado terá direito de regresso contra o responsável, quando reparar o dano, ou seja, terá o direito
de recuperar o valor da indenização, juntamente com o agente que causou o dano.
Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilidade estatal, configura-se na pretensão
do Estado em buscar do seu agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez
desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização à vítima. Nesse aspecto, o direito de
regresso é o direito assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o
agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa ou dolo.

A lei dos Servidores Públicos Federais a famosa 8.112 de 90, vem e determina que o agente público
responde administrativo, penal e civilmente quando praticar irregularidades.
Afirma Alexandre Mazza, “Essa tríplice responsabilidade decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso
ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Assim, o Estatuto reforça a aplicação da
teoria subjetiva para apuração da responsabilidade do servidor nas três esferas. Em princípio, os três
processos para apuração das responsabilidades civil, penal e administrativa são independentes, razão
pela qual as sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se. Entretanto, o art. 126 da Lei n.
8.112/90, afirma que a responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição
criminal que negue a existência do fato ou sua autoria”.
Importante destacar que o art. 122, § 2º, do Estatuto prescreve que, em se tratando de dano causado
a terceiros, o servidor responderá perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. Assim, a Lei n.
8.112/90 não admite propositura de ação indenizatória diretamente contra a pessoa do servidor público,
pois vincula sua responsabilização à ação regressiva.

Questões

01. (IPSMI - Procurador – VUNESP/2016). A respeito da responsabilidade civil do Estado, é correto


afirmar que
(A) a responsabilidade civil das concessionárias por danos causados a terceiros na execução de
serviços públicos é subjetiva, ante a inexistência de relação contratual entre as partes.
(B) a prescrição da pretensão de responsabilidade civil por danos extracontratuais em face do Estado
prescreve no prazo de 3 (três) anos, conforme entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de
Justiça.
(C) são pressupostos para a responsabilização extracontratual do Estado a existência de conduta
culposa ou dolosa de agente público, dano e nexo causal.
(D) a responsabilidade civil objetiva para o Estado, prevista na Constituição Federal, aplica-se
indistintamente às suas relações contratuais e extracontratuais.
(E) são causas excludentes do nexo de causalidade o fato exclusivo da vítima, o fato de terceiro e o
caso fortuito e força maior.

02. (TCE/RJ - Auditor Substituto – FGV). Acerca da responsabilidade civil extracontratual do Estado,
é correto afirmar que:
(A) há responsabilidade do Estado por danos causados a particulares decorrentes de lei declarada
inconstitucional pelo Poder Judiciário;
(B) a responsabilidade civil das concessionárias e permissionárias de serviço público pressupõe a
existência de falha na prestação do serviço;
(C) o Estado é solidariamente responsável por quaisquer danos decorrentes de condutas das
concessionárias e permissionárias de serviços públicos;
(D) o direito de regresso é exercido pelo Estado contra seus agentes que, agindo no horário de
trabalho, tenham intencionalmente dado causa a danos a terceiros;
(E) a indenização devida pelo Estado à vítima deve ser proporcional ao grau de culpabilidade do agente
estatal causador do dano.

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03. (CRO/PR - Procurador Jurídico – Quadrix/2016). Sobre a responsabilidade civil do poder público,
assinale a alternativa incorreta.
(A) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público é objetiva, baseada no risco administrativo.
(B) As pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.
(C) A responsabilidade civil do Estado e a responsabilidade criminal dos agentes públicos estão
intimamente ligadas. Assim, a absolvição do servidor no juízo criminal afasta a responsabilidade civil do
Estado.
(D) A responsabilidade civil do Estado, embora objetiva, pode ser afastada no caso de força maior,
caso fortuito ou culpa exclusiva da vítima.
(E) Em caso de culpa exclusiva da vítima, a responsabilidade civil do Estado será excluída. Em caso
de culpa concorrente, entretanto, a responsabilidade será mitigada, e os prejuízos serão compartilhados.

Gabarito

01.E/ 02. A/ 03. C.

Comentários

01. Resposta: E
A responsabilidade do Poder Público não existirá ou será atenuada quanto a conduta da Administração
Pública não der causa ao prejuízo, ou concorrerem outras circunstâncias que possam afastar ou mitigar
sua responsabilidade. Em geral, são chamadas causas excludentes da responsabilidade estatal; a força
maior, o caso fortuito, a culpa exclusiva da vítima e a culpa de terceiro.
Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano ocorrido,
a responsabilidade estatal será afastada.

02. Resposta: A
O Estado responde pelo dano causado em decorrência de ato praticado com fundamento em lei
declarada inconstitucional. Contudo, o dever de indenizar o lesado por dano oriundo de ato legislativo ou
de ato administrativo decorrente de seu estrito cumprimento depende da declaração prévia e judicial da
inconstitucionalidade da lei correlata.

03. Resposta: C
A decisão penal, apurada por causa da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na
responsabilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo patrimonial (ilícito civil). A
responsabilidade civil do servidor será afastada se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter
sido declarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu, não tenha sido imputada sua
autoria ao servidor.

Direito de Regresso ou Ação de Regresso

Nos casos em que se verificar a existência de culpa ou dolo na conduta do agente público causador
do dano (Art. 37, §6º, CF), poderá o Estado propor ação regressiva, com a finalidade de apurar a
responsabilidade pessoal do agente, sempre partindo-se do pressuposto de que o Estado já foi
condenado anteriormente.
A entidade estatal que propuser a ação deverá demonstrar a ocorrência dos requisitos que comprovem
a responsabilidade do agente, ou seja, ato, dano, nexo e culpa ou dolo. Caso o elemento subjetivo,
representado pela culpa ou dolo, não esteja presente no caso concreto, haverá exclusão da
responsabilidade do agente público.
Note-se que a Administração Pública tem o dever de propor ação regressiva, em razão do princípio da
indisponibilidade. Outra questão importante é que não há prazo para propositura da ação regressiva, uma
vez que, por força do Art. 37, §5º da CF, esta é imprescritível.
Ensina mais Alexandre Mazza48: quando se tratar de dano causado por agente ligado a empresas
públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais, concessionários e permissionários,

48 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª edição. Ed. Saraiva. 2014.

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isto é, para pessoas jurídicas de direito privado, o prazo é de três anos (art. 206, § 3º, V, do CC) contados
do trânsito em julgado da decisão condenatória.

São pressupostos para a propositura da ação regressiva:


1) condenação do Estado na ação indenizatória;
2) trânsito em julgado da decisão condenatória;
3) culpa ou dolo do agente;
4) ausência de denunciação da lide na ação indenizatória.

Importante ressaltar a denunciação à lide, que trata-se de uma ação secundária regressiva, podendo
ser feita tanto pelo autor como pelo réu, será citada e denunciada a pessoa contra quem o denunciante
tem pretensão indenizatória ou de reembolso.
É uma espécie de garantia, permitida nos casos em que o denunciante defende em face do terceiro
interveniente, seu direito de regresso alegado ou até mesmo um direito sub-rogado.

Questão

01. (TRE/MA - Técnico Judiciário – Administrativo – IESES). Sobre a responsabilidade civil do


Estado, é correto afirmar:
(A) A Constituição afasta expressamente o dever do Estado de indenizar o condenado por erro
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.
(B) A Constituição determina que o Estado somente responda por danos decorrentes de atos ilícitos,
já que os danos decorrentes de atividade lícita do Estado não são indenizáveis, até porque não poderá
haver direito à indenização se o Estado agir conforme a lei.
(C) A Constituição prevê a responsabilidade do Estado fundada na culpa do agente, cabendo ao
Estado a responsabilidade se comprovada a ação dolosa ou culposa do agente, a ocorrência do dano e
o nexo de causalidade.
(D) Com base no risco da atividade administrativa, a Constituição prevê a responsabilidade objetiva
do Estado, pelos danos que os seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Gabarito

01.D.

Comentário
01. Resposta: D
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

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