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-f: > Eric Erikson

.Capítulo 10—.
Eric Erikson nasceu na Suécia.
em 1902, e viveu a primeira parte da
sua vida na Europa. Após terminar seu
curso de formação geral, viajou pelo
FSICQSQCIAL: EBJC E R j L continente, como era moda entre os
jovens da classe alta, no seu tempo.
Ele adotou a profissão de pintor
de retratos, como uma atividade que
lhe desse algum ganho e lhe permi-
tisse certa flexibilidade para viajar.
Sendo talentoso, logo ganhou reputa-
ção de artista promissor, especialmen-
Eric Erikson, discípulo de Freud, apresenta em seu livro Infância te por seus retratos de crianças.
e sociedade uma descrição do desenvolvimento abrangendo toda a Durante esse período de viagens, viveu uma experiência
vida humana. Sua teoria do desenvolvimento psicossocial é conhecida decisiva, quando foi convidado para fazer um retrato de criança
como as oito idades do homem. numa residência, na Áustria. O pai da menina era Sigmund Freud.
Enquanto realizava seu trabalho de pintura, Erikson teve oportu-
Sprinthall e Sprinthall (op. cit., p. 190) apresentam num quadro nidade de manter muitas conversas informais com Freud. Poucas
o cronograma do desenvolvimento de Erikson, juntamente com os semanas, depois, recebeu um convite escrito de Freud para ins-
estágios de Freud: crever-se no Instituto Psicanalítico de Viena e estudar para ser H
analista de crianças. Erikson aceitou o convite, deixou as viagens
e a pintura e comprometeu-se com a Psicologia. Foi uma decisão
iO
muito feliz para a compreensão atual da criança e do adolescente.
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PESSOAL Após terminar seu treinamento, ele emigrou para os Estados
Unidos (1936) onde desenvolveu significativa carreira universi-
tária. 2
Anos Erikson Freud
Seu trabalho representa uma grande contribuição para o en- ui
O a 1 e meio confiança x desconfiança fase oral tendimento do crescimento psicológico saudável, durante todo o
ciclo da vida. Ele mostra, através da história pessoal, como os Q
1 e meio a 3 autonomia x vergonha fase anal eventos e. as reacões durante a infância preparam as pessoas
para serem adultos.
3 a6 iniciativa x culpa fase fálica

\i
; (Adaptado de: SPRINTHALL. R. C. e SPRIN-
7a 12 domínio x inferioridade fase de latência THALL, N. A. Op. cit, p. 192.)

12a 18 identidade x confusão de papéis


18 a 30 intimidade x isolamento 1. Primeira idade: confiança x desconfiança
30 a 60
fase genital
generatividade x auto-absorcão
Erikson chama de idade da confiança versus desconfiança o
60 integridade do ego x desesperança período do nascimento aos 18 meses. Essa idade corresponde ao estágio
oral de Freud.
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* Essa é a fase da vida em que a criança vai ter experiências que Reaé Spitz realizou pesquisas clínicas igualmente dramáticas. Ele
a levarão a confiar ou a não confiar em sua mãe e, por generalização, estudou os efeitos das experiências de orfanato em bebés. Mesmo que
tarflbcm nas outras pessoas. as criancinhas recebam cuidado físico adequado, banho, alimento e
.Assim, o bebé que é atendido prontamente em suas necessidades, que sejam conservadas em quartos quentes e limpos, há uma falta
que é alimentado, banhado e vestido sempre com carinho, desenvol- quase completa de contato e de calor humanos (abraços, carícias, con-
verá confiança em sua mãe e, mais tarde, nos outros. Essa confiança versa, colo). Isso tem efeitos prejudiciais em sua saúde física e em
se manifestará em maneiras amistosas de aproximar-se de outras pessoas. seu desenvolvimento.
Ao contrário, se o bebé não for pronta e eficientemente atendido Outros pesquisadores acompanharam o desenvolvimento de crian-
em suas necessidades, se for negligenciado por sua mãe, desenvolverá ças de orfanato até a adolescência e observaram que continuavam
um sentimento de desconfiança para com ela e, por generalização, socialmente retraídas e pouco sensíveis, evitando ligações afetivas
para com as outras pessoas. inisnsas.
Clínicos e outros estudiosos do desenvolvimento confirmam a No ambiente pobre em estímulos dos asilos, onde as enfermeiras
importância das primeiras experiências infantis. e os educadores estão muito ocupados com os cuidados físicos das
Harry Harlow (Universidade de Wisconsin) tem realizado di- crianças, resta pouco tempo para um relacionamento individual com
versos estudos, observando filhotinhos de macaco sob diferentes con- elas: falar, brincar, cantar, carregá-las no colo etc. O fenómeno que
dições de criação. Num de seus estudos, ele deu a dois grupos de decorre dessas condições — retraimento social, dificuldade de estabe-
macaquinhos "mãe substitutas" de tipos diferentes. Um grupo foi lecer ligações afetivas — é denominado efeito Kospar Hauser. Relata-se
criado por uma "mãe" de pano, quente e macia, e outro com uma que Kaspar Hauser era filho de um nobre alemão, cujos parentes o
"mãe" de arame, fria e áspera. Ambas as "mães" tinham capacidade raptaram e esconderam para excluí-lo da sucessão hereditária. Esse
de fornecer leite, mas apenas uma delas fornecia estimulação tátil caso bastante misterioso ocupou a atenção do público em 1828, aproxi-
agradável. madamente. Supõe-se que o menino cresceu, até os 5 anos, dentro de
Quando adultos, os bebés da "mãe" de arame manifestaram com- um aposento escuro, semelhante a uma prisão, sem contato com pessoas.
portamento estranho: foram incapazes de se acasalar, de explorar As ideias de Erikson de que a confiança (ou a desconfiança)
objetos desconhecidos e apresentaram muitos comportamentos que no mundo é aprendida pelo bebé através de seu relacionamento com
lembravam esquizofrenia. Por outro lado, os bebés da "mãe" de pano a mãe têm sido confirmadas por outros estudiosos.
eram capazes de enfrentar situações estranhas e aterradoras e demons-
traram habilidade em dominar seu ambiente.
2. Segunda idade: autonomia x vergonha

No segundo e terceiro ano de vida, Erikson diz que a criança


está na idade da autonomia versus vergonha e dúvida. Essa idade cor-
responde à fase anal da teoria freudiana.
Com a crescente maturação física da criança, vem o desmame, a
possibilidade de se locomover sem auxílio e a capacidade de aprender
a controlar os intestinos e a bexiga. De certa forma, a crescente matu-
ração física vai libertando a criança de sua mãe.
Todos esses progressos dão à criança um sentimento de inde-
pendência, de autonomia. Ela sente grande necessidade de autodireção,
isto é, deseja fazer sozinha várias atividades: lavar-se, calçar os sapatos,
As "mães' substituta» do desembrulhar os doces etc. Há também um grande desejo de explorar
experimento de Harlow o ambiente: pegar objetos, abrir gavetas, acender e apagar a luz etc.
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Há adultos que permitem à criança explorar livremente o ambiente com a menina: ao descobrir sua feminilidade, torna-se muito devotada
(como acontece com as mães cuidadosas em deixar fora do alcance ao pai.
da' criança os objetos frágeis e os que possam feri-la), concedendo-lhe Em famílias que permitem às crianças expressarem seus sentimen-
também a oportunidade de fazer sozinha alguma atividade, sem depois tos, sem muita censura, é comum ouvir comentários que refletem o
censurá-la por ter errado. Desse modo, tais adultos estão atendendo aparecimento da identidade sexual em cada uma. Assim, por exemplo,
à necessidade de independência da criança e alimentando seu crescente um menino disse que se sentia muito feliz quando o pai saía para
sentimento de autonomia. o trabalho; a menina disse que queria "sair de carro com o papai e
Há, porém, adultos que não deixam a criança fazer nada sozinha, deixar a mamãe em casa cuidando das outras crianças".
sufocando-lhe esse sentimento nascente de autonomia. Se vêem a criança Os adultos muitas vezes acham difícil compreender a importância
tentando abotoar o agasalho, amarrar os sapatos ou brincar com um de tais declarações. Acham absurdo que uma menina de 4 ou 5 anos
novo brinquedo, logo a interrompem e realizam a tarefa do "jeito proclame que gostaria que sua mãe fosse embora. A censura dos adultos
certo". a esses comentários infantis poderá causar .à criança fortes sentimentos
Há, ainda, os que impedem a criança de se locomover livremente, de culpa relacionados à sua identidade. Punição, ridicularização:; e
que a punem pelo desejo de ejçplorar o ambiente e__— _o mais comum sarcasmo por parte do adulto para com^a menina que expressa seu
— que a, ensinam, de modo excessivamente severo, a controlar os desejo natural de firmar-se como mulher farão com-que ela se sinta
esfíncteres. As crianças assim tratadas terão sentimentos de vergonha diminuída e culpada por ter manifestado alguns dos seus sentimentos
e de demérito pessoal e adquirem dúvida sobre sua capacidade de íntimos sobre o tipo de pessoa que espera vir a ser. Nesta época, é
dirigir o próprio comportamento. importante fazer com que as crianças se sintam seguras de que se
Nessa fase, inicia-se também a linguagem, e a criança precisa de tornarão adultos completos, e não fazê-las se sentirem culpadas por
encorajamento e modelos para progredir na fala. O adulto deverá ter expressar esses desejos.
dois cuidados: evitar responder à criança em sua linguagem de bebé, Segundo Erikson, essa é a idade em que a criança tem necessidade
pois o adulto é o modelo que ela irá imitar; não exagerar na correção de receber esclarecimento sexual, aos poucos, à medida que manifeste
da linguagem da criança, pois poderá surgir um sentimento de vergonha sua curiosidade e de acordo com sua capacidade de compreensão.
se, em suas primeiras tentativas para falar, ela for criticada por não
falar do "jeito certo".
Neste estágio, nota-se que, conforme a atuação dos adultos, a 4. Quarta idade: domínio x inferioridade
criança pode ser levada ao sentimento de autonomia ou ao de vergonha.
Isso deve ser observado não só no lar, com relação aos pais; também
os professores da escola maternal e do jardim de infância podem Para Erikson, dos 6 aos 12 anos a criança está na idade do
afetar o sentimento de autonomia de seus alunos. domínio versus inferioridade, que corresponde à fase de latência na
teoria freudiana.
A principal realização deste estágio é aprender habilidades, tanto
3. Terceira idade: iniciativa x culpa na escola como fora dela. É a idade em que a criança aprende a ler,
escrever, calcular, jogar futebol, xadrez, remar, tocar um instrumento
musical, nadar, acampar, andar de bicicleta, colecionar coisas e muitas
Após os 3 e até os 6 anos, aproximadamente, a criança está, outras habilidades. Sua energia e sua motivação para a competência
segundo Erikson, na idade da iniciativa versus culpa — que corres- são muito acentuadas nessa idade. A criança está tão interessada em
ponde à fase fálica descrita por Freud. aprender novas habilidades, que o adulto não sente necessidade de
Nesta fase, a criança vai desenvolver sua identidade como menino convencê-la a aprender o que lhe é ensinado, ..,,.:'..•*'.,£'-' •'..«,; -
ou menina. É a época em que irá identificar-se com o progenitor de Ao aprender habilidades, ao agir no muudc que a cerca, a criança
seu próprio sexo e copiar aspectos do comportamento adulto. O menino desenvolve uni sentimento de domínio. Porém, se não for encorajada
demonstrará sua crescente masculinidade procurando a atenção e a a participar das atividades de seu grupo social, se nãoJor bem. sucedida
eiçao da mãe, numa quase rivalidade com o pai. O mesmo acontece em suas tentativas de participação, esse sentimento de domínio, de
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'indusíriosidade, de saber fazer coisas, será substituído por um senti- ajudam o indivíduo a encontrar sua própria identidade no contexto
mento de inferioridade. social.
Nessa idade, as crianças passam na escola a maior parte do tempo Os jovens, individualmente, sentem-se perturbados pela dificuldade
em que estão acordadas. Os professores da escola de primeiro grau, em se definir quanto à profissão. Erikson notou a importância, para
portanto, estão em posição estratégica para propor atividades que os adolescentes e adultos jovens, de uma "moratória", um intervalo de
possam proporcionar à criança o sentimento de domínio, de compe- tempo entre o término do curso de formação geral e a escolha de
. tência quando realizam adequadamente as tarefas escolares. Em algumas uma carreira para a vida toda. Essa "moratória" seria um período em
crianças, o professor deverá restaurar esse sentimento. que a sociedade ainda não cobraria do jovem certas obrigações.
• r - A escola está mudando, está abandonando a aprendizagem roti- Em muitas escolas e em-outras instituições, os adolescentes são
. neira, fundada no hábito de ouvir passivamente e de valorizar a ordem forçados a permanecer ^passivos, não tendo, portanto, oportunidade de
e a. obediência. Está; atualmente, enfatizando atividades diferentes, experimentar a responsabilidade. Erikson afirma que, para ajudá-los a
projetos individuais que absorvem .muita energia do. aluno. O objetivo crescer,-necessitamos .atribuir-lhes, cada vez mais, independência e
dos professores^ será estimular na criança os sentimentos de competência responsabilidade.
e deidomínio-'èmirelácão às.atividades escolares e evitar.que nela se
instale o sentimento de inferioridade.
6. Sexta idade: intimidade x isolamento
5. Quinta idade: identidade x confusão de papéis
Entre 18 e 30 anos, aproximadamente, a pessoa vive a fase que
Erikson chama de idade da intimidade versus isolamento.
Dos 12 aos 18 anos, aproximadamente, Erikson diz que c adoles- Após ter encontrado sua identidade, o jovem se dispõe a fundir
cente está na idade da identidade versus confusão de papéis, quando sua identidade com a de outros. Ele estará preparado para a intimidade,
tem início, na deiiâiá^freudiana, a fase genital. para entregar-se a ligações às quais será fiel, mesmo que elas lhe
..-..... A principal tarefa do adolescente é responder à pergunta: "Quem imponham compromissos e sacrifícios.
sou eu?" Nisso consiste a célebre crise de identidade de que fala Só após ter firmado sua identidade, o jovem estará pronto para
Erikson.
participar de uma união sexual e afetiva duradoura, para manter uma
— Durante todo o desenvolvimento, a criança teve uma longa série amizade profunda ou para pertencer inteiramente, por exemplo, a
cie identificações, e, assim, foi adquirindo algumas características dos uma associação religiosa. Ele está preparado para abandonar a si mesmo
pais, de professores e de muitas outras pessoas. sem temor de perder sua identidade.
- Na adolescência, o indivíduo abandonará alguns aspectos de suas Conforme A. Baldwin, para enfrentar o casamento o jovem precisa
identificações anteriores, fortalecerá outros e, finalmente, deverá encon- ter um sentimento relativamente profundo de sua identidade pessoal,
trar-se, descobrir-quem é e ser capaz, enfim, de responder à pergunta pois o casamento é uma ameaça de perda da independência e do
central.
controle da própria vida.
Ao conseguir definir sua identidade, o adolescente começa a con- Temendo perder a identidade, o jovem pode evitar experiências
siderar-se uma pessoa coerente, integrada, única. Se não puder "se de auto-abandono, de intimidade, o que acarretará uma profunda sen-
encontrar", se não tiver um objetivo na vida, diremos que ele sofreu
difusão da identidade. sação de distanciamento e de isolamento.
Nessa idade, raramente o jovem se identifica com seus pais; ao
contrarie, rebela-se contra o domínio deles, seu sistema áe valores e
sua intromissão na vida particular dos filhos, pois o jovem tem de 7. Séíirna idade: gcneraíividade x estagnação
separar sua identidade da de seus pais.
"• ^v3*?0*680^6 tem u™*1 necessidade intensa de pertencer a um Dos 30 aos 60 anos, Erikson diz que o adulto, está na idade da
. grupo social. Os companheiros de idade, a roda de amigos e a "turma" generativiâade versus estagnação. Criar uma nova geração, cuidar e
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^orientar os mais novos é o significado que Erikson atribui à palavra Muus, R. Teorias da adolescência. Belo Horizonte, Interlivros, 1973.
genèratividade. SCHRAML, Walter J. Introdução à moderna teoria do desenvolvimento
para educadores. São Paulo, EPU, 1972.
Fala-se muito na dependência das crianças em relação aos adultos
e quase nada se diz sobre a grande necessidade que sentem as pessoas SPRINTHALL, R. C. e SPRINTHALL, N. A. Educational Psychology.
maduras do estímulo de se saber responsáveis por crianças e jovens. Reading, Addisoa-Wesley, 1977.
O adulto precisa sentir-se necessário. Quando isso não acontece, THEW, K. Biologia. São Paulo, Círculo do Livro, 1982.
.ocorre uma sensação de estagnação e de infecundidade. Leitura especialmente indicada:
O simples fato de ter filhos ou de querer tê-los não realiza a SHEEHY, G. Passagens — crises previsíveis da vida adulta. São Paulo,
genèratividade: pode acontecer de pais muito jovens sofrerem um atraso Círculo do Livro, 1976.
-na manifestação da capacidade de cuidado e dedicação à nova geração.
E mesmo pessoas que não têm filhos podem realizar a genèratividade
dedicando-se ao cuidado e orientação da infância. r, s.

8. Oitava idade: integridade do ego x desesperança

Após os 60 anos, Erikson diz que a pessoa vive a idade da inte-


gridade do ego versus desesperança. "O adulto que tiver resolvido
satisfatoriamente todas as crises anteriores e adquirido o senso de ajuda
e solidariedade aos outros, terá atingido a integridade pessoal necessária
para encarar a crise final, ou seja, a de sua desintegração e morte".
(BIAGGIO, A. M. H. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis, Vozes,
1978, p. 100.)
Nesta fase, a falta de integração do ego leva ao desespero, ao
sentimento de que o tempo já é curto para a tentativa de experimentar
rotas alternativas de vida.
A desesperança e o temor da morte são o oposto à "integridade
do ego que leva ao senso de união com a humanidade, à sabedoria
e à esperança". (Idem, ibidem.)

Bibliografia

BALDWIN, A. Teorias do desenvolvimento da criança. São Paulo, Pio-


neira, 1973.
BIAGGIO, A. M. B. Psicologia ao Desenvolvimento. Petrópolis, Vozes,
' - 1978- • --^^:-- M-y- ^-r^-r^CV <..^'v
ERIKSON, E. H. Infância e Sociedade. Rio de Jantíiro,;ZaTiar, 1976.
MUSSEK, P. H. C desenvolvimento psicológico da~aiança.i Rio óe
Janeiro, Zahar, 1982. ív->:;

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