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Estudo de Deusas Negras

Deusa Escura

Tentativas sérias de transformação interna não podem ser abordadas ou alcançadas sem o
encontro com a deusa escura, a verdade por trás de toda manifestação, uma realidade mais
profunda, além de toda forma. Como uma força primordial, ela tem sido ignorada e
suprimida, com profundos efeitos negativos, tanto para a humanidade quanto para o planeta
Terra.
Compreender a deusa escura nos leva a um equilíbrio sexual e a uma maturidade em todos
os níveis de consciência, incluindo aqueles que transcendem o gênero, escreve Caitlín
Matthews em Sophia, Goddess of Wisdom.
Na base do conhecimento espiritual, sua imagem continuamente aparece em muitas
tradições como a Deusa Velada, a Virgem Negra, a Irmã Renegada, a Viúva Enlutada, a
Escura Mulher do Conhecimento. Nossa própria procura pela Deusa começa na escuridão e
no desconhecimento. Iniciamos com a sábia ignorância da criança no útero materno, que
teme as forças que a fazem nascer para um mundo desconhecido. Mas uma vez fora do
útero, o que nos assusta é o confronto com nossas origens, estes tesouros do divino
feminino que estão profundamente dentro de nós, esperando para serem descobertos.
Na tradição celta do Mundo Profundo, há dois aspectos da Deusa que são especialmente
relevantes e poderosos: a Deusa Luminosa que habita acima e a Deusa Escura que habita
abaixo. Elas são as duas faces de uma unidade que, na prática, quando meditamos ou
visualizamos, são encontradas muito próximas uma da outra. “Mas elas não são
intercambiáveis de um modo fácil, através da arbitragem humana”, nos alerta R.J.Stewart
em Earth Light.
A deusa escura é a casa de força que alimenta nossa espiritualidade, mesmo se a
desconhecemos. Tememos a deusa escura, porque projetamos nossos temores em qualquer
coisa que não conhecemos e que permanece escondido de nós. Mas houve um tempo em
que a natureza e a deusa estavam integradas na nossa visão do mundo, antes que surgisse o
desprezo pela matéria, por nossos próprios corpos e suas funções. Quando nos aventuramos
no caminho que leva a ela, chegamos invariavelmente à deusa das estrelas, a deusa
luminosa que é sua outra faceta.
Sua imagem foi afastada por muito tempo, mas agora a encontramos para onde quer que
olharmos, pois ela assume a face da natureza, a face do mundo, para nos lembrar de nossa
responsabilidade pela criação. Para entrar em contato com a Deusa Negra precisamos seguir
o caminho das sensações, contornando o hábito de pensar. Chegamos a ela através do
próprio corpo, pois ela é a matéria da qual nossos corpos são feitos.
Os físicos e astrônomos, que exploram a vasta e escura extensão do universo na busca de
uma compreensão científica da nossa origem, têm afirmado que a Via Láctea é formada por
matéria que reflete a luz, denominada de bariônica (composta de elétrons e prótons), aquela
que somos capazes de detectar e conhecer por meio de instrumentos altamente sofisticados
e de tecnologia avançada. Mas as pesquisas mais recentes têm chegado à conclusão de que
esta matéria bariônica constitui apenas a décima parte da matéria que compõe o universo, as
outras nove partes sendo de uma matéria escura, desconhecida e de difícil detecção, pois
não reflete a luz. Sabemos de sua existência por causa de seus efeitos sobre a matéria
luminosa.
Não bastasse o mistério desta matéria escura, os pesquisadores se depararam com algo mais
misterioso ainda: a energia escura, responsável pela acelerada expansão do universo.
Conhecida e desconhecida, escura ou não, a matéria responde por um total de 27,5% do
universo, dos quais apenas 4,8% é matéria comum. Os restantes 72,5% são energia escura,
cuja pressão produz uma espécie de antigravidade, ou seja, ela afasta os corpos celestes,
criando espaço entre eles. É neste espaço que precisamos penetrar, para encontrar nossa
origem.
Enquanto a ciência tenta descobrir o mistério da matéria e da energia escura, dando
continuidade à busca alquímica pela prima matéria, a matéria primordial, caótica e
misteriosa, com a qual se iniciava a grande obra da transformação, ela sempre esteve
presente na imaginação de todos os povos como a Deusa Negra.
Os mitos arcaicos falam da Escuridão Primordial, do Grande Profundo, que originou o
mundo que conhecemos. Os gregos denominaram este caos primordial de Gaia, a mãe de
todos os deuses. No Egito pré-dinástico era Nun, o oceano primordial. Entre os sumérios,
era chamada de Nammu, o abismo aquoso.
As grandes deusas arcaicas sempre se apresentavam em um aspecto duplo, regendo sobre o
mundo da luz e sobre o mundo da escuridão. A Ísis Negra, mais antiga e primitiva, regia as
horas noturnas, quando a divindade solar masculina se defrontava com seus maiores
inimigos. Sua contraparte era Hathor, aquela que regia as horas diurnas.
Na mitologia sumeriana, encontramos a Deusa Negra na figura de Ereshkigal, a Rainha do
Grande Abaixo, a quem foi atribuída o domínio do submundo, o mundo do não retorno. Sua
contraparte é Inanna, a jovem deusa vestida de estrelas.
Também Deméter, a deusa mãe grega responsável pelos campos arados, possuía seu aspecto
claro e escuro. Como Deméter Olímpica, era a mãe de Plutão/Hades, doadora de riqueza.
Na Arcádia, como a deusa que vagueia, ela foi raptada por Poseidon e, tendo ficado muito
furiosa, os habitantes locais a chamaram de Fúria. As Fúrias são mulheres do submundo,
representadas como anciãs, tendo serpentes como cabelo, cabeça de cachorro, corpos
negros, asas de morcego e olhos tintos de sangue. Sua função é vingarem danos feitos às
mães e, quando elas se tornam aflições de consciência, são capazes de matar um homem
que brutal ou inadvertidamente quebra um tabu.
Sophia, a Deusa da Sabedoria, era a matéria prima com que os alquimistas começavam sua
grande obra. Sua condição original era o estado da rubedo(vermelhidão), o fogo interior que
aquecia e inspirava a todos. Após a queda da humanidade, transformou-se em
nigredo(negritude), a Escura Mãe da Terra, tão antiga quanto o tempo e denominada Sophia
Nigrans. Em seu esforço para ascender, ela representa a Sophia Stellarum, a Brilhante
Virgem do Céu, tão jovem quanto a eternidade. A tintura que buscavam obter os
alquimistas era o sangue sagrado, que representa o elo entre os seres humanos, a fagulha do
espírito na matéria.
Na tradição celta, são muitas as mulheres feias, negras, desfiguradas. Em contraposição às
belas donzelas, elas têm sempre um papel ativo, sua função principal sendo a de desafiar os
de boa índole a irem em busca do verdadeiro valor da alma, valor este que está oculto na
escuridão e que, ao emergir, traz a luz A deusa escura representa os mistérios do
inconsciente, seja pessoal, seja coletivo, razão pela qual pode parecer ameaçadora,
especialmente para a consciência egóica defensiva, obcecada com sua própria
independência. Apesar de ser uma função útil e peculiar do ser humano, uma função e
extensão da psique total, é preciso que o ego reconheça e aceite a deusa escura como um
fator positivo da totalidade, caso contrário ele corta suas próprias raízes e rapidamente seca
e colapsa.
As tentativas da consciência egóica para alcançar independência, baseada na demonização
da deusa escura, é o erro principal da era patriarcal, sua correção sendo uma tarefa urgente
para nosso tempo, se quisermos criar um mundo de harmonia.
Como um portal para a consciência em expansão, a Deusa Escura é acessível através de
nossas sensações. Quando prestamos atenção ao que acontece em nosso corpo, podemos
vislumbrar sua orientação e nos abrirmos para outras dimensões em consciência.
A negritude da deusa se deve ao fato dela ser “o símbolo de todas as coisas que podemos
saber na escuridão além da visão. Porque ela representa todas as forças que nos envolvem e
que não são percebidas com os olhos, mas que se estendem do espectro visível até os modos
inexplorados de ser. Porque ela é a Deusa da visão da noite, do sonho e de todas as coisas
que vemos com a luz interior, quando nossos olhos estão fechados”.
Extraído dos arquivos do Gaia Religare
O RETORNO DAS DEUSAS - INTRODUÇÃO
Segundo a teoria junquiana, as deusas são arquétipos, fontes derradeiras de padrões
emocionais que fluem de nossos pensamentos, sentimentos, instintos e comportamentos,
caracterizados e tipificados como puramente "femininos". Tudo que realizamos e gostamos,
toda a paixão, desejo e sexualidade, tudo que nos impele à coesão social e à proximidade
humana, assim como todos os impulsos, tipo absorver, reproduzir e destruir, são associados
ao arquétipo universal feminino.
Jung chama o arquétipo das deusas de "Transformadoras", porque tendem a surgir em
momentos de mudança em nossa vida, como na adolescência, casamento, morte de um ente
querido, modificando totalmente nossos sentimentos, percepções e comportamentos. Uma
vez que a mulher se torne consciente das forças que a influenciam, adquire total poder sobre
este conhecimento.
Os homens também são influenciados pelas várias deusas. Descomplicando, os homens
vivenciam as deusas projetando-as nas mulheres de sua vida e nas imagens específicas da
mídia que lhes causem deleite ou aversão. Uma melhor compreensão sobre as deusas, fará
com que este mesmo homem compreenda o porque de sua atração por certas mulheres e o
fracasso com outras, permitindo então, que ele comece a fazer as escolhas certas.
Muito embora as culturas guerreiras tenham dominado vasto período do história, o culto à
Deusa Mãe sobreviveu e floresceu até a época dos romanos. Esta Grande Deusa era
venerada como progenitora e destruidora da vida, responsável pela fertilidade e
destrutibilidade da natureza.
As deusas diferem uma da outra. Cada uma delas têm traços positivos e outros negativos.
Estamos testemunhando um discreto redespertar do feminino, uma sublevação profunda no
âmago da consciência das mulheres
A adoração à Deusa foi a primeira Religião estabelecida pelos seres humanos. Muitas
evidências arqueológicas, que incluíam estátuas, amuletos, cerâmicas, pinturas na cavernas
e outras imagens indicando a veneração à Deusa, foram descobertas comprovando a
existência de um culto primordial, no qual uma Divindade Criadora feminina era adorada.
Claramente o parto, a maternidade e a sexualidade feminina eram considerados sagrados.
Isso nos mostra que essas culturas tiveram pouco ou nenhum conhecimento do papel do
homem na reprodução. Para todos, a mulher concebia o bebê por ela mesma. Sexo não era
associado com o parto, e as mulheres foram consideradas as doadoras exclusivas da vida.
A relação de pai/filho e Deus/Jesus é a chave do Cristianismo, embora a figura da mãe
tenha conseguido persistir, aparecendo no Catolicismo na figura de Maria, que
instigantemente é chamada de “A Mãe de Deus”.
A Deusa é a Criadora de todas as coisas e, ao mesmo tempo, a Destruidora. Tudo vem Dela
e tudo retornará a Ela.
OS MISTÉRIOS OBSCUROS
. O mito dos Mistérios Obscuros se reflete em mitos como os de Deméter e
Perséfone. Nesse antigo mito, encontramos o tema da Deusa que se
encontra com o senhor do Submundo, a princípio resistindo ele e em
seguida submetendo-se a seu amor por Ela. Nele, Perséfone representa a
semente que desce às trevas subterrânea onde sua energia fértil é
despertada. O Submundo representa a misteriosa força que impele o
broto para cima, rumo à renovação. Deméter representa a energia que
alimenta o crescimento da nova planta.
O corvo era associado à morte e ao Submundo por sua ligação com o Culto aos Mortos.
Acreditava-se que as almas da bruxas escocesas partiam na forma de um corvo durante um
transe. Em tempos remotos, acreditava-se que o sangue de porco era o mais puro entre todos
os animais e que tinha o poder de purificar a alma, eliminando o ódio e o mal. Era associado
ao Culto aos Mortos, e muitos locais de sepultamento incluíam porcos ofertados às deidades
do Submundo. Outra criatura associada aos Mistérios Obscuros é a rã. As secreções de
certas rãs contêm bufotenina, poderoso psicotrópico alucinógeno. Suas secreções eram
utilizadas no preparo de certas poções empregadas na indução a estados de transe e viagens
astrais. Certos cogumelos, como claviceps purpúrea e amanita muscaria, também eram
empregados com as secreções de rãs. É interessante notar que o claviceps purpúrea se forma
nos grãos de centeio e sobrevive na farinha, onde é chamado de cravagem (contendo
ergonovina, de onde o LSD foi sintetizado). Aqui encontramos um elo com a utilização de
pão e vinho no antigo Sabah das bruxas.
LUA MINGUANTE
A luz refletida da lua começa
progressivamente a diminuir. Na primeira
fase da Lua minguante. ela ainda é bastante
visível, mas, aos poucos, vai extinguindo
seu brilho. É a fase de menor força de
atração gravitacional da lua sobre a terra, é
o mais baixo nível de volume de água no
organismo e no planeta. O período sugere
mais recolhimento e interiorização. Os
resultados do ciclo inteiro devem ser
revistos, avaliados e resumidos aqui. O que
não aconteceu até agora não terá mais
forças para acontecer. Não devemos nos
desgastar portanto com situações que
podem ser retomadas á frente. Não temos a
menor condição para Lima reviravolta.
Em compensação. conflitos e crises
perdem igualmente força e podem se
apaziguar e até desaparecer por completo ou perder totalmente o impacto sobre nós. lemos
mais facilidade de abandonar as coisas, pois estamos menos afetadas por elas. As pessoas
que não têm o hábito da introspecção e da auto-análise podem reagir negativamente a esta
fase e sofrer um pouco de depressão. Não é recomendável divulgação, lançamento de
produtos ou promulgação de leis. Eles podem passar despercebidos.
Não se começa coisa alguma. mas é preciso acabar com todas as pendências, senão elas vão
perdurar no mês seguinte. Nesses últimos quatro dias da Lua minguante, um clima propicio
á reflexão nos invade naturalmente. Não é um período brilhante para entrevistas de trabalho.
pois falta clareza e objetividade na expressão e definição do que se pretende realizar.
BOM PARA:
© Dietas de emagrecimento (intensivas para perder peso rápido).
© Dietas de desintoxicação.
© Processos diurético e de eliminação.
© Cortar cabelo para conservar o corte e para aumentar volume (fios mais grossos, pois o
crescimento é lento).
© Tintura de cabelo.
© Depilação (retarda o crescimento dos pelos).
© Limpeza de pele.
© Tratamento para rejuvenescimento.
© Cirurgias.
© Cicatrização mais rápida.
© Tratamentos dentários.
© Cortar hábitos, vícios e condicionamentos.
© Encerrar relacionamentos.
© Dispensar serviços e funcionários.
© Arrumar a casa.
© Jogar papéis e outras coisas Fora.
© Conserto de roupas.
© Pintar paredes e madeira (a absorção e a adesão da tinta são melhores).
© Dedetização.
© Combater todos os tipo de pragas.
© Colher frutos (os que não forem colhidos até aqui não vão crescer).
© Comprar frutas, legumes e verduras maduros (retarda a deterioração). Cuidado para não
compra-los já secos.
© Comprar flores desabrochadas (retarda a deterioração). Cuidado para não comprá-las já
secas.
© Poda.
© Tudo que cresce debaixo da terra.
© Plantio de hortaliças.
© Corte de madeira.
© Adubagem.
© Desumidificação, secagem e desidratação.
© Capinar e aparar a grama.
© Balanço financeiro do mês.
© Corte de despesas.
© Pegar empréstimo.
© Terminar todas as pendências.
© Romances começados nesta fase transformam as pessoas envolvidas.
© Finalizar relacionamentos.
© Quitar pagamentos.
© Fazer conservas de frutas e legumes.
© Cultivo de ervas medicinais.
© Retardar crescimento.
DESACONSELHÁVEL:
O Inseminação, fertilização, concepção e gestação.
O Atividades direcionadas ao grande público (freqüência baixa).
O Divulgação.
O Poupança e investimentos,
O Abrir negócios.
O lançamentos, vernissage, noite de autógrafos, exibições, estréias, exposições,
inauguração.
O Conservação de frutas, verduras, legumes e flores.
O Comprar frutas, legumes e verduras verdes (ressecam antes de amadurecer).
O Comprar flores em botão (ressecam antes de desabrochar).
O Começar qualquer coisa (é uma energia de fim).

LUA NEGRA

Há bruxas e bruxos que preferem


celebrar outras fases da lua, além do
plenilúnio. Em muitas tradições são
celebradas também a chamada Lua
Negra (ou Lua Balsâmica), que é a
fase de total escuridão da lua.
Nesta fase, que são os últimos três
dias da lua minguante, a lua acabou
de minguar e desapareceu totalmente,
abandonando os céus. A Deusa então
mostra-se como a Deusa Negra, a que
revela o Seu lado obscuro e terrível,
muitas vezes cruel, bem como o
nosso. Essa fase da lua é mais difícil
de ser trabalhada e não é
recomendável que alguém recém-
chegado à bruxaria já comece a
celebrá-la. Aconselha-se por volta de
seis meses de experiência com o
plenilúnio antes de se trabalhar a Lua Negra. A Lua Negra é tão poderosa quanto o
plenilúnio. Porém, o Seu poder é de uma ordem diferente.
É o poder das sombras, do terror, da face destrutiva da Divindade. Em geral, é um poder
que assusta quem começa a trabalhar com ele, mas é um poder necessário de ser
compreendido, pois faz parte da Deusa (e portanto de nós). A Bruxaria não é uma religião
de luz, mas de equilíbrio entre luz e sombras e para tal é preciso que se conheça igualmente
estes dois aspectos da realidade.
Os esbás da Lua Negra são voltados ao conhecimento do nosso lado obscuro e a sua cura,
para que transmutemos as nossas características improdutivas (nervosismo, ódio etc.) em
características produtivas (paz interior, amor etc.) e para que aprendamos a lidar com as
nossas sombras. As deusas normalmente relacionadas a esses rituais são Hécate, Ceridwen e
Lillith.
Modernamente, algumas tradições da Wicca, tais como a tradição das fadas (da qual faz
parte Starhawk) e a tradição diânica (cuja praticante mais conhecida é Laurie Cabot)
passaram a celebrar também a entrada da lua crescente e a entrada da lua minguante. Na
entrada da lua crescente, celebra-se o poder da Donzela, que aumenta dia-a-dia até se
transformar na mãe. Já na entrada da lua minguante, celebra-se o poder da Ancião, ou Velha
sábia. Em muitos casos, a celebração da Lua Negra foi substituída pela da lua minguante,
embora esses dois esbás não sejam equivalentes. Isso porque a minguante representa deusas
necessariamente "anciãs", isto é, já bem velhas, com grande experiência de vida.
Na Lua Negra, ao contrário, não há essa obrigação da "idade" das deusas. Por exemplo,
Hécate, a deusa mais comumente associada com essa fase, era normalmente retratada pelos
antigos gregos como uma mulher bem jovem. Em termos de idade, ela seria uma deusa da
época da lua crescente. Mas as suas características de Deusa Negra fazem com que ela seja
melhor associada à fase de escuridão da Lua. De qualquer forma, as celebrações das luas
crescente e minguante não é obrigatória, embora possa ser enriquecedora a quem as fizer.
Em verdade, a maior parte dos praticantes de bruxaria preferem celebrar apenas a lua cheia
e alguns também a lua negra.
Mas cada um deve fazer do modo que achar melhor e for mais produtivo para a sua vida.
Mas sempre lembrando da necessidade de conhecer todas as faces da Deusa, que se repetem
em nossas personalidades, assim como os Deuses, somos parte luz parte sombra. Para nosso
completo equilíbrio, estas forças devem interagir em nosso ser de maneira harmônica, sem
excessos.

RESUMO DAS DEUSAS

Cailleach (celta) A deusa céltica tem um aspecto sombrio, o que não a impede de se
metamorfosear numa linda mulher quando deseja agradar o homem amado. Mas que ele se
acautele, pois ela sempre que o domínio, o poder.
Ceridwen (britânica) Na lenda celta, Cerridwen é chamada de A Mulher Sombria do
Conhecimento. Tem grande habilidade em mudar de forma e guarda aspectos da Iniciadora
e da Tecelã
Daena (persa) é a desafiadora, com quem as almas dos mortos têm que se encontrar antes de
passar pela ponte que definirá se irão para o céu ou para o inferno.
Dasha Mahavidyas (hindu) ou as Dez Grandes Sabedorias da Deusa Kali. Podem aparecer
sobre terríveis formas.
Dzalarhons (índios americanos) É a guardiã dos tesouros terrestres e fica furiosa quando vê
a destruição da natureza.
Ereshkigal (sumeriana) Rainha do mundo subterrâneo.
Erínias (gregas) As Erínias eram as vezes chamadas de "cães do Hades". Eram divindades
infernais, cuja missão especial era punir os parricidas e aqueles que violavam seus
juramentos. Quando um crime era cometido numa família, apareciam imediatamente, e, por
isso, ficaram conhecidas como guardiãs das leis terrenas. As erínias eram tão rigorosas no
castigo que perseguiam o criminoso até o mundo subterrâneo, para além, portanto, da
própria morte
Hathor (egípcia) Uma espeçie de fada, que às vezes aparecia no nascimento de uma criança.
Pertencia a um grupo de sete ou até nove jovens e suas predições - às vezes favoráveis e às
vezes não - nunca falhava. Hathor é também Mantenedora, Rainha do Mundo Subterrâneo e
oferece o encanto.
Hecate (grega) Divindade do Mundo Subterrâneo, Hecate era, em sua origem, uma deusa
lunar. Nascida na Trácia parecia-se, de alguns formas, com Artemis. Poderosa no céu e na
terra, Hecate dava riqueza, triunfo e sabedoria. Cuidava da prosperidade e da navegação.
Hel (nórdica) Rainha do Mundo Subterrâneo.
Inanna (sumeriana) Deusa do amor, da guerra.
Isis (egípcia) Grande Mãe, feiticeira e libertadora.
Kali (hindu) Deusa com os aspectos de Energizadora, criadora e destruidora. Uma das
Dasa-Mahavidyas.
Kausiki (hindu) Aspecto guerreiro de Kali.
Lillith (semítica) Primeira mulher de Adão, antes que ele se casasse com Eva.
Posteriromente, foi considerada rainha dos dem6onios. Seu personagem é bastante
controvertido e totalmente rejeitado em círculo religiosos ortodoxos do Ocidente.
Macha (irlandesa) Deusa que morre de parto e amaldiçoa os homens de Ulster, desejando
que eles sintam a fraqueza da mulher ao dar á luz por quatro dias e cinco noites, durante
nove gerações. Tem também o aspecto da Mediador
Morrighan (irlandesa) Deusa da gurra e também aquela que tira a morte e cura doenças.
Rhiannon (britânica) Rainha do Mundo Subterrâneo, é aquela que liberta dos fardos.
Sekhmeti (egípcia) é representada como uma mulher que tem cabeça de leão e está sentada
num trono.
ERVAS SAGRADAS DAS DEUSASCAILLEACH: trigo.
DEMÉTER: trigo, cevada, poejo, mirra, rosa, romã, feijão, papoula, vegetais cultivados.
HATHOR: murta, sicômoro, vinha, mandrágora, coentro, rosa.
HÉCATE: Salgueiro, meimedro-negro, teixo, mandrágora, cíclame, menta, cipestre,
tamareira, gergelim, dente-de-leao, alho, carvalho, cebola.
ISHTAR: acácia, zimbro, grãos.
ÍSIS: figo, urze, trigo, losna-maior, cevada, mirra, rosa, palma, lótus, cebola, íris, verbena.
KERRIDWEN: verbena, bolotas de carvalho.
PERSÉFONE: Salsa, narciso, salgueiro, romã.
"A LENDA DA DESCIDA AO MUNDO SUBTERRÂNEO"
Nos tempos antigos, nosso Senhor, o Cornudo, era (e ainda é) o Consolador, o Confortador.
Mas os homens o conheciam como o terrível Senhor das Sombras, solitário, inflexível e
justo. Mas nossa Senhora, a Deusa resolveria todos os mistérios, até mesmo o mistério da
morte; e assim ela viajou ao Mundo Subterrâneo. O Guardião dos Portais a desafiou...
"...Tira tuas vestes, põe de lado tuas jóias, pois nada tu podes trazer contigo o interior desta
nossa terra."
Assim ela se despojou de suas vestes e de suas jóias, e foi amarrada, como todos od vivos
que buscam ingressar nos domínios da Morte, a Poderosa, têm que ser.
Tal era a beleza dela, que a própria Morte se ajoelhou e depositou sua espada e coroa aos
seus pés...
... e beijou seus pés, dizendo: "Abençoados sejam teus pés, que te trouxeram por estes
caminhos. Permanece comigo, mas deixa que eu ponha minhas mãos frias sobre o teu
coração.
" E ela respondeu: "Eu não te amo. Por que fazes todas as coisas que amo e nas quais me
comprazo fenecerem e morrerem?"
"Senhora" – respondeu a Morte – "trata-se da idade e da fatalidade, contra as quais sou
impotente. A idade, o envelhecimento, leva todas as coisas a definharem; mas, quando os
homens morrem ao desfecho de seu tempo, concedo-lhes repouso, paz e força para que
possam retornar. Mas tu, tua és linda. Não retornes, permanece comigo." Mas ela
respondeu: "Eu não te amo.
" E então disse a Morte: "Se não recebem minhas mãos sobre seu coração, tens que te
curvar ao açoite da Morte." "É a fatalidade, melhor assim..." – ela disse e se ajoelhou. E a
Morte a açoitou brandamente.
E ela bradou: "Eu conheço as aflições do amor."
E a Morte se ergueu e disse: "Sejas abençoada." E lhe deu o beijo quíntuplo, dizendo:
"Assim apenas pode atingir a alegria e o conhecimento.
" Então a Morte desamarra os seus pulsos, depositando o cordel no chão.
E ele a ela ensina todos os seus mistérios e lhe dá o colar que é o círculo do renascimento.
A Deusa, então, toma a coroa e a recoloca na cabeça do Senhor do Mundo Subterrâneo.
E ela ensina a ele o mistério da taça sagrada, que é o caldeirão do renascimento.
A Deusa toma o cálice em ambas as mãos, eles se entreolham, e ele coloca ambas as mãos
nas dela.
Eles amaram e se tornaram um, pois há três grandes mistérios na vida do homem, e a magia
os controla todos. Para realizar o amor, tendes que retornar novamente no mesmo tempo e
no mesmo lugar daqueles que são os amados; e tendes que encontrá-los, conhecê-los,
lembrá-los e amarrá-los de novo.
O Senhor do Mundo Subterrâneo solta as mãos da Deusa e esta recoloca o cálice no seu
lugar. Ele toma o açoite em sua mão esquerda e a espada na sua mão direita e fica na
posição do Deus, antebraços cruzados sobre o peito, espada e açoite apontados para cima.
Ela fica na posição da Deusa, pernas escarranchadas e braços estendidos formando o
pentagrama.
Mas para renascer tendes que morrer e ser preparado para um novo corpo. E para morrer
tendes que nascer, e sem amor não podes nascer. E nossa Deusa sempre se inclina para o
amor, e o júbilo, e a ventura; e ela protege e acaricia suas crianças ocultas na vida, e na
morte ministra o caminho da comunhão com ela; e mesmo neste mundo ela lhes ensina o
mistério do Círculo Mágico, que é disposto entre os mundos dos homens e dos Deuses.
Mito tradicional da Arte.
Transcrito do livro Oito Sabás para Bruxas, Janet e Stewart Farrar, Ed.Anúbis.
MITOS,RITUAIS E INVOCAÇÃO... LILITH, INANNA (E)
ERESHKIGAL,MORRIGAN, PERSÉFONE E SEKHMET
LILITH
O nome Lilith vem, provavelmente, da Suméria e
significa: "aquela que se apoderou da Luz".
Originalmente, Lilith tinha um só aspecto, "a
terrível Deusa-Mãe". No desenrolar da evolução do
mito, ela conservou dois aspectos singulares: .
Como uma prostituta divina, ela tenta seduzir todos
os homens; . E, como a terrível mãe, ela ambiciona
prejudicar mulheres grávidas. Estes dois aspectos
de Lilith são encontrados nas escrituras babilônicas
como personificações de Camaschtu e Ishtar. Nos
textos mágicos aramaicos ela aparece como um
demônio, que causa tanto doenças corporais,
esterilidade, aborto, como também perturbação
psíquica. Dizem que ela não só aparece em sonhos
e visões como, também, os provoca. Dos Códigos
Antigos do Sacerdócio (Gênesis) consta que Lilith
foi a primeira mulher de Adão. Deus criou Lilith,
assim como Adão, do barro. Surge, assim, uma
briga entre os dois, porque Lilith, no "movimento
conjugal", não queria se deitar por baixo. Lilith se
referia à criação com o mesmo barro e desejava
igualdade de direitos. Como Adão não conseguia aceitar que Lilith se deitasse por cima, ela
o abandona e atrai para si de volta o Mar Vermelho (Deus, então, cria para Adão uma
mulher dócil - Eva. Pois ela é somente uma costela, para não poder se rebelar.). Podemos
chamar Lilith para abortar crianças indesejadas. Para fazer correr desde aquele vizinho
inoportuno, indesejável (não é à toa que um dos seus nomes é "a estranguladora"). Mas,
também podemos chamá-la para nos ajudar a quebrar tabus ou nos livrar de nossos próprios
padrões, conceitos e preconceitos
INVOCAÇÃO A LILITH :
Negra ela é, mas bela!
Seus lábios são vermelhos como a Rosa, mais doce que toda a doçura do mundo. Ela é a
prostituta Lilith, ela que na escuridão voou do deserto para cá, para seduzir as pessoas. Ela é
a causadora de sonhos e visões prazerosas. Uma prostituta ela é! Ela é a primeira Eva, a
Deusa que combate à frente com revoluções pela liberdade. Ela é KI-SIKIL-LIL-LA-KE,
uma menina permanentemente gritante!
Lilith - Invocação em linguagem lunar :
OMARI TESSALA MARAX,
TESSALA DODI PHORNEPAX.
AMRI RADARA POLIAX
ARMANA PILIU.
AMRI RADARA PILIU SON,
MARI NARYA BARBITON
MADARA ANAPHAX SARPEDON
ANDALA HRILIU.
Tradução:
Eu sou a prostituta, aquela que abala a morte.
Este abalo dá à paz, prazer realizante.
Imortalidade nasce em meu crânio, e música na minha vulva.
Imortalidade nasce na minha vulva também, pois minha luxúria é um doce
perfume, como um instrumento de sete lados tocado para Deus, o invisível, o Todo-
soberano, que vagueia ao redor, que dá o grito estridente do Orgasmo.
MEDITANDO COM A DEUSA NEGRA
Feche os olhos.
Respire profundamente algumas vezes.
Deixe sua mente divagar por alguns instantes até você se centrar completamente.
Você agora estará indo ao encontro das muitas manifestações da Deusa Negra aquela que
destrói para construir, aquela que nos mostra as profundezas do nosso ser e nos coloca em
confronto com nossos medos, incertezas, sombras.
Visualize em sua mente uma linda floresta, com os diferentes seres do reino vegetal,
mineral e animal que a habitam.
Veja o sol acima de sua cabeça, brilhando forte e intenso.
Sinta o seu calor, a sua luz a sensação de amor e conforto que ele é capaz de proprocionar.
Veja a luz se intensificando mais e mais, até que o intenso calor provoque uma fagulha de
fogo que aos poucos queima a floresta.
Aos poucos você percebe que este fogo vai assumindo a forma de uma mulher coberta de
chamas que se move pela floresta em uma linda dança, por onde ela passa rastros de fogo se
formam, dando início a um grande incêndio na floresta. Esta é a Deusa Negra, se movendo
entre os mundos nos mostrando a dança da criação e destruição. Preste atenção ao incêndio
e perceba as atitudes dos diferentes seres da floresta. Tente fazer um link com as atitudes
destes seres e as diferentes atitudes que temos quando nossa vida parece ser incendiada pelo
fogo da destruição.
Contemple a cena por uns 3 minutos, fazendo uma acurada análise e reflexão sobre o que
está vendo em sua mente.
Aos poucos, retorne sua consciência ao normal.Respire algumas vezes, sentindo o seu
corpo.
Anote suas reflexões em seu Livro das Sombras e repita esta mesma meditação mais
algumas vezes.
INANNA
Inanna era a Deusa da Suméria responsável
pela reprodução e fecundidade,
prolongamento da tradição das "Deusas-
Mães" atávicas. Foi identificada em
Afrodite, Ísis, Isthar (seu nome
babilônio),etc. Ela era a rainha do 7
Templos, padroeira da vila de Uruk e a
portadora das Leis Sagradas.
Coube a ela roubar do deus da Sabedoria os
dons de Enki (Deus q habitava o céu). Ela
teria sido designada como mediadora entre
os deuses e os homens para que estes
pudessem aproveitar os dons divinos.
O Deus Enki, apesar da raiva e do esforço para reaver seus dons, acaba perdoando Inanna e
não a castiga, bem pelo contrário, a torna sacerdotisa. Cabe então a ela criar a relação certa,
dizer o que se deve fazer exatamente para render homenagens a cada deus, que rituais
estabelecer, etc. Inanna reinava sobre tudo, determinava a maneira de vestir, falar, viver a
sexualidade, de se comunicar e de trabalhar.
Ela estava presente em tudo, na arte, na prostituição, na taverna sagrada, na falsidade, no
medo. Era a Rainha e a alma de tudo que se vivia de bom ou ruim. Os dons vinham do céu,
dos deuses, mas somente ela iria levá-los para os seres humanos e mostrar-lhes a arte de
usá-los de modo adequado.
DESCIDA AO SUB-MUNDO
Inanna era a Rainha do Céu e da Terra, mas não sabe nada do submundo e sua missão agora
é desvendar seus segredos. Decide então fazer um passeio pelo reino dos mortos, abaixo da
Terra, domínio de sua irmã-avó Ereshkigal. Haviam sete portais que deveria cruzar rumo ao
seu objetivo final. Em cada uma destas portas se vê despojada de seus instrumentos de
poder, desde sua coroa até suas vestes. No sétimo e último portal, totalmente nua encontra-
se com Ereshkigal, sua irmã e rival.
Totalmente nua, seria a única forma com que Inanna poderia se relacionar com sua sombra.
Neste estado vulnerável, Inanna enfrenta sua irmã (sua sombra), é presa e crucificada num
poste do mundo inferior, constituindo-se numa imagem de divindade feminina agonizante.
Sozinha e na escuridão, Inanna decompõe-se. Mas nem tudo está perdido, esta experiência e
a aceitação de sua vulnerabilidade, a descoberta da necessidade do sacrifício e da morte
para que os ciclos da vida se perpetuem, aumentam o poder de Inanna, assim como sua
compreensão e beleza.
Sua irmã também aprende uma grande lição e tem agora seu coração aberto à compaixão.
Como recompensa por tal sentimento lhe foi permitido reviver a deusa Inanna. Mas Inanna
não estava livre para partir até houvesse alguém para ocupar seu lugar. A descida de Inanna
ao sub-mundo é um símbolo de ritual de iniciação nos mistérios femininos.
Quando Inanna consegue retornar, descobre que Damuzi (seu marido), em sua ausência
usurpara-lhe o lugar no trono do céu. Ficou colérica e permitiu que os demônios do inferno
lhe prendessem e o levassem. Depois sentiu pena dele e apelou a Ereshkigal para que o
liberassem. Entretanto, lhe foi permitido tão somente uma troca e a irmã de Damuzzi se
oferece para rever com ele a permanência no reino de baixo. Assim, durante o outono e
inverno, Damuzzi permanece no inferno e as colheitas não se reproduzem, enquanto que na
primavera e verão, ele sai da terra para participar do reino de cima e a colheita é farta.
Esta é a origem da celebração do ano sumeriano.
INANNA HOJE
No ciclo de Inanna há a criação, a reprodução e a destruição. Seu encontro com Ereshkigal
pode ser visualizado como uma reunião da criação e a destruição, nos mostrando os
aspectos bons e ruins da deusa. Aventure-se na escuridão do seu ser, pois é só assim que
alcançará o equilíbrio, a iluminação e a inteireza.
JORNADA AO SUB-MUNDO
Para realizar esta jornada você necessitará em primeiro lugar de um recinto fechado, de
preferência chaveado para ter o máximo de privacidade. Outros materiais:
1 vela branca (colocada à sua frente)
1 taça com água (à direita)
1 incenso (à sua escolha, pode ser colocado à esquerda).
1 espelho
Como a deusa Inanna você escolheu fazer esta viagem ao sub-mundo, portanto é necessário
tenha consigo 7 objetos para se desfazer, podem ser peças de roupa.
Crie um espaço sagrado no seu imaginário, sente-se ou fique em pé, em frente à vela e
invoque com suas próprias palavras ou diga:
Oh Inanna, Rainha do Céu e da Terra,
Que regenera nossos destinos à cada lua nova,
Nos envolva com seu manto de sabedoria e beleza
E nos guie nesta viagem, que já lhe é tão conhecida
Estou disposta(o) à descer ao sub-mundo
para compreender sua magia e mistérios,
pois estes conhecimentos são necessários
para a evolução de minha alma.
Deusa Inanna, poderosa rainha dos povos antigos
Abençoa-me na luz da sua onisciência!
Quando achar que estiver pronta(o), inspire profundamente e expire, desapegando-se de
tudo. Inspire e relaxe o corpo. Agora abra os olhos e se encare-se no espelho. Lentamente
comece a tirar sua roupa, dando a cada uma delas o nome de um elemento que é negativo
em sua vida (inveja, ciúme, raiva,etc). Diga adeus a estes elementos e deixe as vestes
caírem ao chão. Se quiser, realize estes gestos com música, o efeito é surpreendente. Feito
isso, sente-se em frente a vela.
Volte a inspirar e expirar lentamente por três vezes e sinalize então a entrada de uma
caverna. Você está diante dela e deve entrar. Lá dentro é seguro e você descerá bem fundo,
até ver uma luz no fim deste túnel. É o limiar do Inferno.
Entre sem medo e chame sua sombra. Qual é sua aparência? Como ela faz você sentir? O
que ela tem para lhe dizer? Tente conversar com ela por um determinado tempo. Se tiver
medo quando encontrar este seu lado sombrio, continue respirando profundamente e
reconheça o medo, ele está ali para ajudá-la(o). Ser capaz de testemunhar todos os aspectos
de nós mesmos, com ou sem medo, é o que nos leva à totalidade.
Agora é hora de voltar, portanto diga adeus à sua sombra e caminhe de volta ao túnel,
sentindo-se energizada(o), revigorada(o). Suba cada vez mais até chegar a entrada da
caverna. Respire fundo e, enquanto solta o ar, volte ao seu corpo. Respire fundo mais uma
vez e quando estiver pronta(o) abra os olhos. Feliz Retorno!

SEKHMET – SENHORA DAS FERAS

Sekhmet se oferece para guiá-lo no desbravar dos segredos e mistérios da vida. Ela
saltará para o seu interior e o ajudará a entender e lidar com a RAIVA. Sehkmet vem
nos dizer que a raiva faz parte da nossa força. Portanto, não desperdice a sua raiva. Aprenda
a expressá-la de modo que ela possa ser ouvida e entendida. Aprenda a transformá-la em
algo bom, de modo que ela lhe fortaleça e lhe gere energia.
O caminho para a totalidade será vital quando você fizer da raiva uma aliada
MITOLOGIA
Rá, deus do Sol e soberano do Egito, reinava em sua cidade Annu em um esplendido
palácio a bordo de sua suntuosa barca. Mas os milênios foram passando e Rá envelheceu e
seus súditos ao vê-lo observavam:
- "Vejam como nosso Rei envelheceu! Seus ossos são prata, sua carne ouro e seus cabelos
de autêntico lápis-lazúli."
Tal desrespeito indignou tanto o Rei, que um belo dia ele resolveu punir a humanidade.
Convocou o "Concilio dos Deuses" para votarem e decidirem o que fazer.
Assim que o olho de Rá voltou-se contra os blasfemadores e eles fugiram, como previsto,
para o deserto. Rá resolveu então chamar a deusa Hator e a transformou em Sekhmet (A
Poderosa), feroz deusa da guerra com cabeça de leão, que partiu em busca dos fugitivos.
Sekhmet, ávida por sangue e fora de controle, promoveu tamanha carnificina que pôs em
risco a continuidade da humanidade. Rá preocupado, sabia que deveria agir rápido para que
tal desgraça não acontecesse. Enviou então, mensageiros a Elefantina para que colhessem
uma enorme quantidade de uma espécie de grão vermelho, que foram acrescentados a uma
grande quantidade de cerveja. Tal mistura foi imediatamente despejada e espalhada nos
campos onde a deusa pretendia prosseguir com a matança.
Na manhã seguinte, quando ela apareceu e viu a inundação e seu belo rosto refletido no
líquido, não resistiu, bebeu muito do estranho líquido e embriagada acabou dormindo.
Ao acordar, sua fúria havia passado e a terrível bebedora de sangue se transformara na gata
Bastet, a bebedora de leite.
A deusa Sekhmet, era portanto, uma Divindade de três rostos (Hathor-Sekhmet-Bastet) e
era adorada sob o nome de "Deusa do Norte", porque um de seus templos mais célebres, foi
erguido no Norte do Egito. Era a deusa do Sangue que presidia a guerra e a medicina.
Alguns sacerdotes-médicos, reivindicavam o título de "Sacerdotes-de-Sekhmet-a-Leoa" e
exerciam sua arte só no recinto do templo de Mênfis.
Sekhmet é uma divindade antiga cuja personalidade é difícil de captar, porque ela pode ser
a Vaca cósmica (Hathor) que dá à luz ao Sol e também a Leoa (Sekhmet) e a Gata (Bastet).
Em Bastet, por exemplo, o que predomina é a doçura.
DEUSA DO SOL
Sekhmet, a nossa Senhora do Sol. Ela corresponde também ao ponto cardeal SUL e ao
elemento FOGO. Sekhmet é o fogo da vida que existe em cada um de nós. A cabeça de leoa
é símbolo de força e poder de destruição de inimigos. A praga e a peste foi criação dela. No
período do ano em que os raios do Sol estão mais fracos, Sekhmet mostra seu lado mais
generoso. Ela jamais deve ser tratada sem reverência, pois Sekhmet merece o nosso maior
respeito e consideração. Segundo a lenda egípcia, ela tortura as pessoas malignas e
desrespeitosas, mas é protetora dos fracos e desassistidos. Seus poderes abrangem proteção,
banimento e destruição do negativo.

HORÓSCOPO EGÍPCIO

CONSTELAÇÃO ÁRIES
Sekhemet, considerada "o olho de Rá", é a deusa que representa a guerra e a força. Áries
possui Marte como planeta regente, o deus da guerra romano.
Os nativos de Sekhmet têm consciência de seu enorme poder, da sua grande vitalidade e
potência física.
ARCANO DO TARÔ: A FORÇA Sekhmet
Não é através da força física que
dominamos as circunstâncias da nossas
vidas e nossos destinos, mas sim à
firmeza interior.
RITUAL DE DANÇA COM SEKHMET
Procure um lugar onde você não possa
ser interrompido e possa fazer barulho.
Necessitará de um tambor, uma almofada
ou um bastão. Você poderá sentar ou
ficar deitado, o que achar melhor.
Sente-se ou deite-se confortavelmente.
Respire e inspire bem devagar contando
até oito por três vezes. Depois respire
novamente e com os olhos fechados
visualize uma bela praia (igual a qualquer
uma de Floripa-SC!). Sinta o cheiro do
mar, escute o barulho das ondas e então
perceba-se nela. Sinta o calor do sol que
brinca sobre sua pele e a brisa fresca do
oceano que a massageia. Chame Sekhmet
e peça-lhe que venha em seu auxilio para ajudá-la a lidar com sua raiva. Ela aparecerá e se
sentará em frente a você.
Neste momento é hora de perguntar-se: "De que eu tenho raiva?", e ouça a resposta.
Sekhmet lhe dirá para você buscar sua raiva de modo tranquilo e assegura que, se você
chamar ela virá. Quando a encontrar, revivesci o incidente no qual você sentiu raiva,
enquanto repete: "Estou com muita raiva". Diga qual o motivo de sua raiva. Sekhmet
testemunhará todo o acontecimento e dirá: "Eu ouvi, você está zangada".
Ponha-se de pé em um lugar seguro da sua praia e continue repetindo: "Eu estou com muita
raiva". Se estiver com o tambor bata nele com força. Se preferir bater na almofada ou usar o
bastão para bater em algo, faça-o. Sekhmet está testemunhando toda sua raiva e gostando de
você por isso, pois a raiva é sua e você TEM O DIREITO DE SENTI-LA. Vá fundo na sua
raiva até senti-la que ela aos poucos vai se amenizando e se transformando em outra coisa.
Para encerrar, respire fundo, inalando toda a energia que você criou e transformou. Você se
sentirá energizado e revigorado e então agradeça a presença de Sekhmet. Ela lhe pedirá um
presente, que você dá de coração e em seguida seguirá seu caminho.
Respire novamente profundamente e abra os olhos.
Seja bem-vinda!

MORRIGAN

Na Lua Minguante celebre a Deusa Morrigan, com velas pretas, penas pretas e
incenso de mirra e verbena. Tenha uma folha de papel alumínio e visualize
Morrigan em batalha, protegendo vc com seu escudo. Visualize que o escudo protege
vc de quaisquer perigos e ataques. Veja em detalhes o desenho do escudo especial que
Morrigan entregará a vc, protegendo-o sempre. Ao final da visualização, reproduza os
desenhos do escudo e sua forma na folha aluminizada e guarde com vc como um
escudo protetor diário. Agradeça Morrigan espalhando algumas penas pretas ao
vento.
PERSÉFONE
Nesta Lua Negra faça um ritual com
Perséfone e descubra se as opiniões
alheias estão influenciando demais
você, retirando sua capacidade de
auto-determinação. Acenda velas cor
de vinho ou pretas, use incenso de
canela, queime ramos de Artemísia.
Utilize um espelho negro, ou uma
vasilha de barro pintada de negro com
água dentro para ver as pessoas de
suas relações. Abra-se para a Visão e
se permita vislumbrar situações em
sua vida em que há gente que
influencia demais você, pressiona suas
decisões, não respeita seus direitos de
escolha. Ao ver a imagem, pegue um
bastão feito com um ramo de louro ou
roseira e faça círculos no sentido anti-
horário, desfazendo a influência negativa que essas pessoas têm, sobre vc. Celebre e
agradeça Perséfone comendo algumas sementes de romã.
MENSAGEM FINAL...
A Deusa Negra fala conosco pelas bocas de Lilith, Kali, Tiamat,
Hécate, Nix,
A Madonna Negra, Nêmesis, Morgana, Cerridwen, Perséfone, Ereskhigal,
Arianrhod, Durga, Inanna, Sekhmet, Cailleach, Rhiannon, Daena, e
muitas outras...
Descubra seu lado negro e trabalhe com as Deusas Negras para que vc
seja destruído e renasça para uma vida plena nos mistérios da Deusa. A
lua balsâmica — o último estágio da Lua minguante — é um tempo de retração,
restauração, cura e rejuvenescimento. O termo balsâmico quer dizer: elemento ou agente
que cura, suaviza e restaura. Devemos aceitar as coisas com os resultados que se
apresentam. Tudo está na sua forma final e não vai passar disso. Colhemos o que
semeamos. 1. tempo de retroceder, levantar acampamento. limpar o terreno, descansar e,
principalmente, armazenar forças para a próxima fase que em breve se inicia.
Deusas Negras
AS DEUSAS NEGRAS
Mavesper Cy Ceridwen
Uma das coisas que mais confundem e intrigam as pessoas quando iniciam um trabalho sério de
auto-transformação na wicca é o lidar com a Deusa Negra. As Deusas Negras, que se conectam
com as luas escuras sempre tem muitos atributos: são senhoras da morte e da ressurreição,
portadoras da foice que ceifa nossas vidas. Também são as senhoras da magia, uma vez que os
portais da magia somente são abertos quando passamos a conhecê-las. Por isso mesmo elas são
as Iniciadoras: somente depois de conhecê-las é que estaremos aptos a nos iniciar formalmente...
São Senhoras dos oráculos e são tecelãs, no sentido de que transformam a vida. Aliás, o caldeirão
é um atributo seu, o receptáculo da transformação. Quando lidamos com as Deusas Escuras
estamos tratando de uma coisa chamada SOMBRA, ou seja, tudo o que sua personalidade
consciente rejeitou para formar o EU que se apresenta ao mundo (que podemos chamar de ego).
Mas a personalidade de cada um de nós é formada não só pelo que vem à luz, o ego, mas em
grande parte pela sombra. Como em um iceberg, o ego é a pontinha fora da linha da água do
grande oceano do inconsciente. Porque é importante sabermos disso? Porque só tendo consciência
do que é nossa sombra poderemos conhecer a nós mesmos por inteiro. Sua sombra traz dentro
dela tudo o que você rejeitou. Se você é leal, sua sombra é desleal, se você é honesto, sua sombra
mente, se você é ordeiro, sua sombra ama a desordem... Mas a sombra tem uma riqueza potencial
enorme, porque guarda qualidades que você também não tem. Por exemplo, se você é tímido, sua
sombra é arrojada, se você é medroso, sua sombra é valente, se você é rígido, sua sombra é
flexivel e adaptável... Por ai creio que já dá para vocês imaginarem como o trabalho com a sombra
pode ser importante e rico. Ela pode fornecer a você qualidades que você não tem e que podem te
ajudar muito na vida. Já entendemos que a sombra tem riquezas a nos trazer. E como se chega a
elas? Qual é o preço a pagar? Sabemos que a sombra é algo tão profundamente rejeitado por nós,
quando não nos trabalhamos psicologicamente, que essas riquezas da sombra não estão facilmente
disponíveis... Estão profundamente enterradas no inconsciente. E como fazê-las vir à luz? Só há um
jeito: encarar sua sombra de frente. Quando as pessoas começam a ver isso, muitas se assustam e
nunca mais voltam a um trabalho mágico, muito menos à wicca. Um trabalho de auto-transformação
é um trabalho seríssimo. Especialmente para aqueles que crêem que são "bons", "guerreiros da
luz", "certinhos". Falo isso porque quanto mais uma pessoa vive essas personagens boazinhas,
anjinhas, que espalham luz e bondade onde passam, maior é o abismo que separa a sombra do
ego. Se você é daquelas pessoas que nunca se permite uma irritação, que nunca xinga, que nunca
grita e que jamais perde a paciência, se você é uma pessoa sempre legalzinha, aguentando
qualquer coisa que te façam de boca calada ou oferece a outra face, se você aparenta ser sempre
zen e que nada te perturba... bem , você é um serio candidato a ser vítima do que se chama em
psicologia uma revolta da sombra. Explico: vocês já viram aquele número de malabarismo nos
circos em que a pessoa se equilibra em uma tábua solta sobre um cilindro? Quanto maior for a
tábua, mais difícil é o equilíbrio. Quanto mais as pernas ficam próximas, mais fácil é... pois é,
imaginem que cada perna é ego e sombra e entendam o exemplo... Uma pessoa que dá vazão a
sua sombra, que morde quando é cutucada, que xinga, briga, chuta em revolta, que não dá a outra
face, que não finge que não está zangada e odeia... essa pessoa é muito mais equilibrada do que as
que fingem que nada as afeta ou que sempre passam por cima de tudo, ou pior, que se
compadecem de quem as agride... Uma explosão da sombra pode se dar de mil maneiras, desde
uma maneira bombástica como o cara bom pai de família e bom marido e trabalhador que um dia
pega uma arma , entra numa lanchonete e fuzila todo mundo, até a pessoas que não aguentam
mais e um dia mandam o casamento por espaço, os filhos para Marte e vão morar com os índios no
Xingu... Conhecer e acatar nossa sombra - nossa porção que odeia, grita, rosna, deseja vingança e
ameaça os inimigos - é parte essencial de uma psique saudável e do trabalho mágico, porque é só
aceitando nossa condição humana que seremos capazes de conhecer quem realmente somos.
Nenhum ser humana é tão evoluído ou perfeito que possa se considerar superior a essas coisas. Ao
invés de temê-las e rejeitá-las temos é que aprender a conviver com elas. Uma bruxa sabe que
aceitar as manifestações da sombra é o caminho do poder pessoal e do equilíbrio e que não há
atalhos que o evitem. Emoções como ira, raiva, ódio, cobiça, gula, luxúria, preguiça, desejo de
vingança, são HUMANAS. Nenhum de nós escapa delas, e o resto é só fingimento. Coloquei de
propósito palavras que lembram, os 7 pecados capitais dos cristãos. O que nos faz ter tanta
dificuldade com o trabalho com a sombra é justamente o arquétipo cristão: ser sempre bom, só fazer
o bem, nunca agredir ninguém, nunca se irar... A doutrina cristã é a escravidão da doutrina da
CULPA. E as sombras que se alimentam desse sentimento chamado CULPA são sempre
monstruosas... CULPA, essa coisa que tantos de nós cultivamos de forma tão cuidadosa! Quantas
vezes nos sentimos culpados por mil coisas, ficamos inventando maneiras de "expiar essa culpa",
"pagar nossos pecados"... Quantas vezes carregamos as culpas do mundo, de nossos pais, nossos
politicos, por exemplo? Como ao invés de alguém ficar revoltado com um prefeito corrupto, por
exemplo, alguém ainda diz "ah, mas a culpa é nossa de termos votado nele! Ele não tem culpa!".
Ah! Chega de bobeiras... A culpa só é util se nos ensina alguma coisa, por exemplo a não votar mais
nos corruptos. Afora isso, o que se ganha com ela? Vejamos outros sentimentos negativos em
comparação. Por exemplo, a dor da perda. Quando você se depara com uma perda, morte de uma
pessoa querida, fim um relacionamento ou um projeto, você fica triste e deprimido. Você fica de luto.
O luto tem uma função: deixar você lamentar o que perdeu e ao mesmo tempo te mostrar que aquilo
acabou. Por um ponto final para que aquilo não te atormente o resto da vida. Por isso, por exemplo,
as pessoas que têm parentes que desaparecem e estão obviamente mortos, mas nunca se
encontrou o corpo, ficam anos a fio presas à perda, porque não conseguiram viver o luto a que
tinham direito. Pois é, então depressão e tristeza em relação à perda são emoções dificeis de serem
vividas, mas são positivas, elas tem uma função na psique, elas preparam uma nova fase da vida. E
a culpa? A culpa não traz riqueza alguma. Só se interessa pela culpa quem quer manipular outra
pessoa. A culpa é o grande coringa que permite todos os tipos de manipulação psicológica e
relações doentias, de medo e submissão, de amor dependente. " Você não pode fazer isso se me
ama...", "ai, filhinha se você for viajar com seu namorado eu vou ter um ataque cardíaco e a culpa é
sua..." "Ah, você não pode viver sua vida porque seus pais te amam e precisam de você." "Se eu
sou uma pessoa espiritualizada jamais vou me alterar, senão vou trazer consequências terríveis
para mim e os que me cercam...", "ah, se eu tivesse feito isso, ah se eu não tivesse feito aquilo..."
Culpa é escravidão. Ninguém é senhor de si enquanto vive com culpas. Não existe trabalho mágico
real se estamos presos à culpa e não enfrentamos a sombra. E foi sobre esse sentimento inútil em
termos de ganho da psique que se ergueu a sociedade ocidental sob a égide do cristianismo. E o
que tem tudo isso a ver com a Deusa Negra? É justamente o arquétipo da Deusa Negra que vem
nos trazer a abençoada libertação dos padrões de pensamento e comportamento baseados na
culpa dos cristãos. Sehkmet dos egípcios, a Deusa com cabeça de Leão, é um bom exemplo para
falarmos desse tema. Ela personifica o poder do Sol, mas o poder destruidor do Sol. No Egito o Sol
tanto trazia a vida para as colheitas quanto trazia a seca mortal e a peste que vinha do deserto. Diz
a sua história que seu pai o Deus Sol estava descontente com os homens e resolveu castigá-los.
Soltou sua filha em fúria e ela foi matando pessoas. A um certo ponto da matança, Geb resolveu
interromper o castigo, que já achava suficiente. Mas o ódio de Sehkmet não era facilmente
controlável, ela continuou matando sem parar, embriagada pelo sangue. O jeito com que foi parada
é que o Deus Thot espalhou vários jarros de cerveja pintada de vermelho pelos templos do país. Ela
se embriagou, dormiu e sua ira assim diminuiu. Outra Deusa que nos traz esse conteúdo de revolta
é Pele, a Deusa havaiana dos vulcões. Ela amava um Deus e o desposou. Mas sua irmã, a Deusa
do mar, o tirou dela, traindo-a. Pele, em fúria, fez suas lavas brigarem muito tempo com o mar e do
seu ódio foi criado o Havaí (que realmente é só lava vulcânica). Por que citar essas Deusas? Para
exemplificar como se trabalha com deusas negras. Por exemplo: medite com Elas fazendo-se
perguntas: 1 o que me revolta?
2 o que me enfurece?
3 quem me traiu?
4 quem me abandonou?
5 o que é capaz de me fazer destruir alguma coisa ou alguém?
6 o que aplaca minha raiva?
7 como meu ódio pode ser criador?
São as riquezas dessas respostas que a Deusa Negra tem para nos trazer. É claro que o tema é
muito mais amplo. Só quero dar uma pincelada sobre ele.
A Deusa Negra nos traz muitas qualidades da sombra.
Falemos agora da famosa Lillith, conhecida como a Lua Negra. Quem é Lilith? Lillith é uma Deusa
venerada na Mesopotâmia, onde havia culturas religiosas fortemente baseadas em uma prática que
se convencionou chamar "prostituição sagrada". Coloco o termo entre aspas porque sempre que
vemos a palavra prostituição soa em nossas mentes o alarme do conteúdo negativo que a
sociedade patriarcal deu ao termo. E o que eram essas culturas? No grande templo de Innana havia
o culto a Ela como grande Mãe, depois Deusa do amor. As sacerdotisas praticavam sexo ritual com
homens escolhidos para que a nação tivesse as bençãos do Grande Rito: fertilidade, vida,
prosperidade, boas colheitas...o coração da nação era esse templo. centenas de homens eram para
lá convidados todos os dias. Hoje muitos que escrevem sobre o tema, imbuídos de uma concepção
machista, tentam minimizar a importância da sacerdotisas que exerciam esse papel. A verdade é
que eram muito consideradas e tinham influência política e econômica imensa, influenciando
diretamente na escolha dos governantes. A porção donzela de Innana era a Deusa Lillith, e eram
chamadas de Lillith as sacerdotisas mais jovens que saiam às ruas para buscar os homens
escolhidos para as práticas rituais sexuais naquele dia. Lillith era " a mão da Deusa" que ia buscar
os homens e trazê-los aos templos. por isso ela também é chamada de a Donzela Negra. Imaginem
o choque cultural que houve quando os judeus chegaram a essa nação. Para os judeus, sexo era
um mal necessário para a procriação. A mulher, uma coisa impura quando menstruava, alias, menos
que um objeto. Podia ser apedrejada até a morte só por ter ousado falar mais alto, já que o marido
era seu dono e senhor... Imaginem o que sentiram os patriarcais judeus em uma sociedade (eles
chegaram à Babilonia como escravos) onde as mulheres eram respeitadíssimas e as sumas
sacerdotisas transavam com muitos homens e eram respeitadas por isso!!!! Não é difícil perceber
porque Lillith acabou sendo para os judeus uma "demônia" ou a "mãe de todos os demônios". È a
famosa sombra... O que se teme - no caso a liberdade sexual da mulher, o que nos ameaça - uma
mulher independente do homem- é obviamente ameaçador e deve ser "demonizado", ou seja, deve
ser execrado, desprezado, amaldiçoado, rotulado como o "mal"... Quando hoje uma cabalista, por
exemplo (doutrina de base essencialmente judaica) diz a uma aluna minha que "jamais invocaria um
demônio como Lillith", o que ela expressa é esse profundo preconceito que os cristãos tomaram
emprestado. Lillith é uma Deusa Negra que nos traz a incomparável riqueza de discutir nossa
sombra em relação à sexualidade. Todo mundo sabe como a maior parte das pessoas tem medo e
dificuldade até de falar sobre sexo... Quanto mais de questionar seus medos, preferências e
práticas...assim se compreende facilmente as fantasias e o medo de Lillith. Bem, imaginem como a
vivência do arquétipo de Lillith pode beneficiar nossa sociedade. Todos, homens e mulheres, por
ela, podem discutir suas vidas sexuais, seus relacionamentos, suas amarras, seus medos, seus
dilemas. Ela traz a redenção da culpa sexual, que nos torna presa fácil dos preconceitos, das vidas
sempre insatisfeitas, do controle de muitos... Ela pode libertar o homem e a mulher da opressão
sexual, ela pode nos ajudar a viver em um mundo de mais equilíbrio, onde um não tema o poder do
outro.
Tudo isso é o trabalho da Deusa Negra em nós.
A importância de conhecer a Deusa Negra reside no fato de que não existe real conhecimento da
Deusa se não se conhecem suas múltiplas facetas, da mesma forma que não nos conhecemos de
verdade se não conhecermos nossa sombra. O divino feminino conhecido apenas parcialmente é
aquele que persistiu nas igrejas católicas, com o culto a Maria. Maria é a Deusa, mas uma Deusa
"aleijada", ou seja, que perdeu muitos de seus atributos originários. Maria é Virgem, Mãe,
Consoladora, Protetora, mas não é Anciã, nem Senhora da Magia, nem Prostituta Sagrada, nem
Guerreira, nem Vingadora, nem a Ceifeira, todos estes últimos atributos das Deusas Negras. É
perfeitamente natural que as pessoas que começam a conhecer a wicca se adaptem facilmente a
uma Deusa Mãe, protetora, gentil e distribuidora de fartura e vida. Do mesmo modo, é natural que
admirem e aceitem rapidamente a Donzela sedutora e portadora da alegria e das flores. Mas
quando as pessoas tem que aceitar que a Deusa não é cor-de-rosa, nem é a Barbie Cósmica, que
ela tem várias faces muito difíceis de conhecer e enfrentar, tudo muda de figura. Em nossa lista de
discussão aconteceu um caso que vale a pena mencionar. Muitos devem lembrar de um jovem que
iniciou seu caminho na wicca, leu muito, aprendeu e começou a praticar. Um dia se sentiu pronto a
trabalhar com a Deusa negra e quando fez seu ritual e contatou a Senhora da Morte pela primeira
vez foi assaltado por sua formação cristã, da qual ainda era escravo. Mandou então um e-mail à lista
dizendo: "A Deusa é má! Vocês cultuam o mal, uma portadora da morte". Bem, essa reação, apesar
de ser uma das mais exageradas que já vi, é normal. Imaginem-se frente a frente com aquela
clássica figura da Morte vestida com um manto de capuz negro e uma enorme foice na mão... Agora
imaginem que Ela se aproxima de um ente querido seu, ou de vocês mesmos... Vocês conseguem,
antes de conhecê-la bem, olharem para Ela e a venerarem como a Deusa? Ah, mas Ela é tão a
Deusa quanto a Mãe que te pega no colo, ou a linda Donzela da Primavera...E agora? Agora a
resposta é compreender o papel na Ceifeira na ordem das coisas, como a Senhora da Morte é
também a Senhora dos Renascimentos. Todos nós vivemos a morte todos os dias. Imaginem
quantas células do seu corpo morrem a cada dia... Imaginem quantos seres morrem perto de você
(de microorganismos aos vegetais e animais que você usa para se alimentar) a cada semana... A
VIDA SE ALIMENTA DA MORTE. As mulheres vivem uma importante morte todos os meses: a
menstruação, aquele sangue que é sagrado porque era uma vida humana em potencial, sendo o
sangramento uma pequena morte. Sem a Ceifeira a vida em nosso planeta seria impossível... Ela, a
Senhora dos Ciclos, a Senhora dos Corvos, Senhora dos Ossos, Mãe do Pó, a Velha que se veste
de mortalhas... Ela vem nos convidar a olhar nossas vidas e ver o que precisa ser cortado. O que é
que não nos serve mais e precisamos deixar ir. Ela nos estende o espelho negro para que
possamos conhecer quem realmente somos, mesmo aquelas porções de que nos envergonhamos,
aquelas que têm sentimentos que nos fazem sentir culpados, as que não confessamos nem a nós
mesmos... Encontrá-la pode ser a um só tempo triste e angustiante, para alguns insuportável e
desesperador... Para estes, porém, daí em diante o caminho mágico estará irremediavelmente
vedado.
Só a Deusa Negra é Senhora da Magia, só Ela é capaz de abrir os portais.
Por que? Porque só ela é nossa Libertadora, só ela nos arranca as cascas do auto-engano, da auto-
ilusão, dos delírios de auto- importância, quando nos mostra nossos erros, nossa miséria, nossa
pequenez humana. Mas é justamente ao nos mostrar as falhas de nossa humanidade que a
Senhora Negra nos redime, porque afinal, para a Deusa, toda a sua criação é perfeita, inclusive nós.
E por reconhecer nossa imperfeição, que nos faz humanos, Ela nos oferece todo o seu Poder e
retomamos nosso Poder Pessoal.
HÉCATE, A DEUSA DAS BRUXAS
Na mitologia greco-romana Hécate ocupava um lugar muito especial. Embora seja muito pouco
citada nos livros de mitologia mais conhecidos, seu culto era amplo e generalizado entre o povo.
Para vocês calcularem a importância de Hécate, ela era honrada até mesmo por Zeus, como uma
Titânida dos Titãs, ou seja, uma Deusa pré-olimpiana... Hécate recebia diversos títulos, como
Kratay, e Eurybia, a Deusa Forte, em uma referência aos deuses que originaram o panteão grego.
Tudo isso leva a crer que Hécate é uma Deusa cujo culto já se havia estabelecido antes da própria
civilização grega. Uma coisa que bem revela a importância de Hécate foi o decreto de Zeus: cada
vez que alguém deitasse uma oferenda na terra sem ofertá-la a nenhum Deus específico, a
oferenda era de Hécate, o que significava que Zeus reconhecia que o que estava sobre a Terra era
dela, em principio... Hécate é a Senhora dos Mortos, líder do que se chama em muitas mitologias "
A caça selvagem". Esta se constitui de um grupo de fantasmas e animais astrais, corvos, corujas,
cachorros que uivam lugubremente, que passa na Terra ao fim de cada dia para recolher as almas
dos mortos naquele dia. Ouvir cães uivando a noite é sinal certo da presença de Hécate. Nunca fiz
um ritual para Hécate sem os uivos ou latidos de cães. Do mesmo modo que lidera a Caça
Selvagem, Hécate conduz as almas dos mortos e também os vivos, nas estradas, aos melhores
caminhos, por isso é representada com uma tocha na mão. Ela é a Senhora que Guia, e assim
podemos contatá-la. Hécate também preside os nascimentos, por isso é chamada Protiraya, a
Senhora dos Portais, sendo a vagina o portal do ingresso nesta vida. Assim, é invocada durante os
partos como condutora da alma à reencarnação, junto com Artemis (que é parteira e protetora das
crianças). Infelizmente, ao menos nos livros que conheço em português, não há referências ao culto
de Hécate como Senhora da Magia e dos Oráculos, geralmente por puro preconceito. Karl Kereny
em sua obra de mitologia grega escreve o seguinte; "Hécate Trivia era cultuada nas encruzilhadas
de Três Caminhos. O que as mulheres faziam nesses locais não é mais mitologia, pertence aos
domínios da feitiçaria e como tal não abordarei o assunto". Hécate é representada também com um
athame na mão, rezando a tradição que foi a criadora desse instrumento mágico. Como se trabalha
com Hécate? Hécate é uma Deusa muito rica, lembrando que é uma Deusa Tríplice, possuindo,
pois, aspectos de jovem, mãe e Anciã. Ela é dona do caldeirão da transformação, onde residem
todas as possibilidades. Um trabalho com Hécate pode ter mil facetas justamente por isso: vc pode
desde trabalhar os entraves na sua vida financeira, até seu caminho espiritual , suas capacidades
mágicas e oraculares até pedir a intercessão dela em um caso de morte ou nascimento difíceis;
pode pedir que Ela oriente vc ao melhor caminho nas encruzilhadas da vida... Enfim, todo o trabalho
mágico pode passar por essa Deusa maravilhosa.

Não é a toa que Hécate é chamada a Deusa de todos as Bruxas (perdoem-me os que não
usam o panteão grego). Falando em Hécate como senhora da Morte, vocês sabiam que um
wiccaniano sempre medita na própria morte? A morte não é fim, nem é castigo para nós, então
devemos nos preparar para aceitá-la como inevitável e natural. Devemos nos preparar para
olhar a Ceifeira nos olhos e dizer que a amamos. Isso não é nada fácil, especialmente em um
mundo voltado para coisas que fazem as pessoas disfarçarem a morte e o medo que têm
dela... Quando vcs puderem olhar a Senhora Negra nos Olhos e puderem dizer a Ela: eu te
amo... bem, já que vocês me perguntam tanto sobre iniciações, se eu tivesse que escolher o
que marca o nascimento de uma bruxa ou bruxo eu escolheria este momento...

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