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Aula 03.

A “Eireli” e a parte geral Código Civil: um necessário diálogo com o Direito


Empresarial

Professor João Glicério

joao@joaoglicerio.com

Inserção de um novo tipo de pessoa jurídica no Código Civil.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº


12.441, de 2011) (Vigência)

§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das


organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro
dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de
22.12.2003)

§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às


sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei
nº 10.825, de 22.12.2003)

§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei


específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

Teoria dos atos do comércio


TEORIA DOS ATOS DO COMÉRCIO, «de acordo com essa teoria, comerciante era todo
aquele que praticava atos de mercancia, os quais vinham previstos na legislação, o que
acarretou num período objetivo do Direito Comercial, vez que só era considerado
comerciante quem praticava os atos devidamente previstos no ordenamento legal,
deixando de fora atividades econômicas importantes, como por exemplo, a prestação
de serviço e as que envolviam ramo imobiliário ou rural»[C 1]. Cf. ato de mercancia.

Índice
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• 1 Conceito
• 2 Críticas à teoria francesa
• 3 Surgimento da teoria italiana da empresa
• 4 Referências
o 4.1 Citações

Conceito
A criação da teoria dos atos do comércio, marcou a divisão do ramo do direito
privado, separando o direito civil comum e o novo direito comercial, que
regulamentava as relações mercantis. André Ramos ensina que: «(...) tinha como uma
de suas funções essenciais a de atribuir, a quem praticasse os denominados atos de
comércio, a qualidade de comerciante, o que era pressuposto para a aplicação das
normas do Código Comercial. O direito comercial regularia, portanto, as relações
jurídicas que envolvessem a prática de alguns atos definidos em lei como atos de
comércio. Não envolvendo a relação a prática destes atos, seria ela regida pelas normas
do Código Civil»[C 2]. Em ato continuo, André Ramos diferencia as duas fases do Direito
Comercial, a primeira subjetiva, que aplicava o direito ao sujeito que era membro
da Corporação de ofício e a nova fase objetiva, que se preocupava em dizer o que era
ato de comércio.

Críticas à teoria francesa


Por se tratar de um sistema que buscava dizer o que era comércio ou não, era
forçoso ou impossível acompanhar o desenvolvimento das diversas atividades
econômicas. Ramos destaca que a doutrina na época criticava fortemente o sistema,
dizendo que nunca foi satisfatória a conceituação do que era atos do comércio[C 3]. Já do
ponto de vista de Suhel Sarhan: «era inevitável que com o crescimento do comércio em
todo mundo e com sua expansão para os mais diversos setores negociais, a teoria
francesa não poderia prosperar por muito tempo, haja vista seu caráter limitador e
ineficiente em abranger novas formas mercantis que se desenvolvesse ao longo dos
anos»[C 4]. Fábio Ulhoa, destaca que muitas atividades que eram importantes atividades
comerciais da época não eram atos de comércio, como por exemplo, prestações de
serviço, serviços bancários, atividade de empréstimo e industriária[C 5], demonstrando
que a teoria francesa não era compatível com o desenvolvimento das atividades da
época, estando fadada ao fracasso.

Surgimento da teoria italiana da empresa


Por conta do caráter limitador da teoria francesa, a Itália desenvolveu a Teoria da
Empresa que se adapta com o tempo e se preocupa em dizer o que é um empresário.
Essa teoria é hoje adotada pela ordenamento jurídico brasileiro e se encontra
positivada no Código Civil Brasileiro de 2002.

Teoria da Empresa

A teoria da empresa
1. Teoria da empresa

O Segundo Livro do Código Civil Brasileiro, artigos 966 ao 1.195, é dedicado ao Direito de Empresa, onde
se encontram as disposições relativas aos empresários, as sociedades simples e empresárias, ao
estabelecimento empresarial e institutos complementares.

O Código Civil promulgado em 2002 adotou a chamada teoria da empresa em substituição a ultrapassada
teoria dos atos de comércio de origem francesa, que adotava como forma de distinção entre as
sociedades civis e comerciais unicamente a natureza da atividade desenvolvida pelo empreendedor.

Na antiga teoria dos atos do comércio, base do Código Comercial Brasileiro de 1850, era necessário
verificar se a atividade explorada pelo comerciante era um ato comercial ou um ato civil para, assim,
defini-lo. Como exemplo, uma sociedade agrícola, mesmo possuindo organização dos fatores de
produção, não era considerada sociedade comercial por ser, a agricultura, uma atividade civil. Eram
considerados atos de comércio as operações de câmbio, banco, corretagem, os seguros, fretamentos,
espetáculos públicos, entre outras.

Já a teoria da empresa, de origem italiana, adota como critério de identificação do empresário a forma
de organização dos fatores de produção (capital, trabalho, insumos e tecnologia) para o exercício da
atividade econômica com a finalidade de produção ou circulação de bens ou serviços. Na teoria da
empresa a discussão sobre a natureza da atividade está na forma[1], ou melhor, na existência ou não de
estrutura empresarial[2], em que o empreendedor exerce a atividade econômica.

O Código Civil Brasileiro de 2002, assim como o Código Civil Italiano, também não estabeleceu o
conceito de empresa[3], mas conceituou, em seu artigo 966, o empresário como sendo aquele que
exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de
serviços. Definiu também, no artigo 1.142, que estabelecimento empresarial é o complexo de bens
organizados, para o exercício da empresa, por empresário ou sociedade empresária.

Portanto, verifica-se que, cabe ao jurista, a partir dos elementos contidos no conceito de empresário
estabelecido no artigo 966 do Código Civil, extrair o conceito de empresa.

Diante do dilema sobre a formação do conceito de empresa, o jurista italiano, Alberto Asquini[4],
apresentou empresa como sendo um “fenômeno econômico poliédrico” composto de ao menos quatro
perfis: (i) perfil subjetivo, correspondente ao empresário ou sociedade empresária; (ii) perfil funcional,
como a atividade organizada para produção e circulação de mercadorias ou serviços; (iii) perfil objetivo,
ou patrimonial como o estabelecimento; (iv) perfil corporativo, a empresa como instituição.

Erasmo Valladão[5] adverte que considerando empresa como um fenômeno poliédrico, apresentando-se
ao Direito por diversos perfis, a palavra empresa é usualmente empregada de forma ambígua, pois, ora
é utilizada no sentido de sujeito de direito, ora no sentido de estabelecimento e ora no seu sentido
técnico de atividade.

A moderna doutrina comercial, diante dos ensinamentos de Asquini, entende que o conceito de
empresa, em seu sentido técnico, encontra-se apenas no perfil funcional, visto que a empresa é tida
como “a atividade econômica organizada pelo empresário com a finalidade de produção ou circulação
de bens e serviços", apresentando-se os demais perfis como conceitos relativos a outros institutos
jurídicos próprios, tais como o empresário, descrito no perfil subjetivo e o estabelecimento empresarial
como sendo o perfil objetivo. Assim, pode se dizer que empresa, empresário e estabelecimento são
conceitos que não se confundem.

O perfil corporativo, observa a empresa como uma instituição, não deriva exatamente de um conceito
jurídico próprio, mas de ideologias, segundo as quais a empresa é unidade geradora de riquezas ao
empresário e, ao mesmo tempo, ultrapassa os interesses próprios do empresário, pois o seu exercício
atinge outros interesses conexos, tais como dos empregados, da comunidade que em que se localiza,
entre outros.

Nas palavras de Sergio Campinho[6], a empresa “manifesta-se como uma organização técnico-
econômica, ordenando o emprego de capital e trabalho para a exploração, com fins lucrativos, de uma
atividade produtiva”. No mesmo passo, Fábio Ulhoa Coelho[7] também conceitua empresa
como atividade econômica organizada de produção ou circulação de bens ou serviços e, sendo uma
atividade, a empresa não tem natureza jurídica de sujeito de direito nem de coisa. Arnoldo
Wald[8] acrescenta que a empresa “configura-se como atividade econômica e envolve uma gama muito
maior de interesses, tais como dos empregados, dos consumidores, do Fisco, etc”.

Conclui-se, portanto, que na moderna visão do direito comercial, a empresa é vista como a
atividade exercida pelo empresário, este sim, sujeito de direito[9] e obrigações, que organiza, de forma
profissional, os fatores de produção (capital, trabalho, insumos e tecnologia) com a finalidade de
produção ou circulação de bens ou serviços. A empresa, como atividade, não possui personalidade
jurídica própria, ela é apenas a atividade exercida pelo empresário ou sociedade empresária.

O artigo 966 do Código Civil, em que está positivado o conceito de empresário, traz em sua redação as
características essenciais da atividade empresarial e do empresário. In verbis:
Art. 966. Considera-se empresário quem
exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços.

Como se vê, o empresário deve exercer a sua atividade, a empresa, de forma organizada e profissional.
Ou seja, ele deve organizar o caixa da empresa, o trabalho dos seus colaboradores, a utilização da
matéria prima, entre outras necessidades da empresa para o regular exercício e, assim, produzir e
circular bens ou serviços.

Importante destacar a lição de Túlio Ascarelli[10] que, ao analisar o conceito de atividade, deixou claro
que a atividade não significa um ato isolado, mas sim uma série de atos coordenáveis entre si, em
função de uma finalidade comum. Neste mesmo sentido, Asquini[11] diz que a atividade empresarial
reduz-se, portanto, em uma série de operações (fatos materiais e atos jurídicos) que se sucedem no
tempo, ligadas entre si por um fim comum.

O artigo 966, supra, permite enumerar quatro elementos característicos do empresário: (i)
profissionalismo; (ii) atividade de produção ou circulação de bens ou serviços; (iii) organização dos
fatores de produção; (v) economicidade.

O profissionalismo consiste na pessoalidade e organização no exercício da atividade, bem como o


domínio das informações sobre o produto ou serviço oferecido ao mercado. Engloba, também, a
habitualidade, pois é necessário que a atividade seja realizada de forma habitual, já que não se
considera atividade empresária a prática de atos isolados, mas sim a prática habitual e organizada dos
atos necessários para o exercício da atividade econômica escolhida.

Como atividade, nos termos do art. 966, temos: (i) a produção/fabricação de produtos ou mercadorias;
(ii) produção de serviços é a prestação de serviços (bancários, hospitalares, etc); (iii) a circulação de
bens corresponde: (a) a distribuição e comercialização de bens e (b) circulação de serviços é a
intermediação da prestação de serviços como, por exemplo, agência de turismo.

A atividade de produção ou circulação de bens ou serviços deve ser atividade econômica consistente na
geração de receitas ao empresário, haja vista que a atividade de produzir ou circular bens ou serviços é
passível de valoração econômica junto ao mercado consumidor e apta a geral lucro ao empresário.

Além de ser uma atividade econômica, a empresa é uma atividade organizada fundada na organização
dos fatores de produção (capital, mão-de-obra, matérias primas e tecnologia) que possibilitam a
produção ou circulação de bens ou serviços e, por consequência, gerar riqueza ao empresário. Vale
dizer, a atividade exercida pelo empresário deve ter caráter econômico.

Diante dos conceitos acima tratados, pode-se concluir que empresa é a atividade econômica organizada
profissionalmente pelo empresário com a finalidade de produção ou circulação de bens e serviços.

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente


atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão


intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa.

Profissionalismo – só é empresário quem exerce atividade econômica


de forma profissional. Tem que agregar a habitualidade (atender a demanda
periódica da atividade), pessoalidade (exercício da atividade empresarial em
nome do empresário, a mão-de-obra vai agir em nome do empresário, há
responsabilidade do empresário pelos atos dos seus prepostos, pois estavam
agindo em nome dele) e o monopólio de informações (são aquelas
informações que o empresário é obrigado a deter, pois estão relacionadas ao
consumo dos produtos ou serviços oferecidos pelo empresário – formas de
utilização do produto, riscos do produto ou serviços e etc).

Exercício da atividade econômica com intuito lucrativo – o requisito não é


ter lucro, mas perseguir lucro (com intuito lucrativo – o lucro é o fim). Obs:
fundação e associação podem ter lucro, mas tal lucro tem que ser reinvestido
na própria atividade/negócio (o lucro é meio), não podem redistribuir o lucro.

Obs: Existem atividades civis que também tem intuito lucrativo. Assim, não é
toda pessoa que tem intuito lucrativo exerce atividade empresarial.

Organização – é a articulação dos 04 fatores de produção: capital (pode ser


próprio ou alheio), insumo, mão-de-obra (direta, com vínculo empregatício, ou
indireta – que não vínculo e tecnologia (aprimoramento da técnica para atender
a demanda)

Produção de bens (atividade industrial), prestação de serviços, circulação


de bens, circulação de serviços (atividades de agenciamento – ex:
agência de turismo)

Empresário (gênero): 1- empresário individual (pessoa física que exerce a atividade


empresarial e tem responsabilidade ilimitada);2- sociedade empresária (pessoa
jurídica que exerce a atividade empresarial e é formada por sócios, que podem ter
responsabilidade limitada e ilimitada) e 3- EIRELI (é uma pessoa jurídica formada por
único integrante/titular)

4 perfis da empresa concebidos por Alberto Asquini

a) Subjetivo – é o sujeito da atividade empresarial: o empresário.


b) Objetivo – o objeto da atividade empresarial é o estabelecimento empresarial
c) Funcional – é a empresa que consiste no vínculo jurídico que liga o sujeito ao
objeto. Ou seja, empresa não é sujeito, nem objeto, é o vínculo que os une.
d) Perfil coorporativo – é composto pelos prepostos do empresário.

Quem não é empresário, ou seja, aquele que exerce a atividade civil?

4 espécies de atividade civil

a) Hipótese excludente – todo aquele que não adote qualquer um dos elementos
do art. 966, não é empresário, exerce atividade civil.
Obs: aquele que não contrata mão-de-obra alheia (empregado ou não) não
pode ser considerado empresário
b) Profissional intelectual (parágrafo único do art. 966 do CC)
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.

São os profissionais liberais em geral – músico, contador, escultor,


advogado, médico (em geral, aqueles que exercem atividade civil)

O fato de contratar auxiliares ou colaboradores não o torna empresário


(ex: médico que contra atendente, enfermeira, auxiliar de
enfermagem).

Exercício da profissão que constitui elemento de empresa – o


referencial da atividade não é o profissional, mas sim a instituição (tem
mais de uma atividade, o profissional é apenas um elemento da
empresa. Ex: hospital – exerce diversas atividades (alimentação,
hospedagem, prestação de serviços de saúde) – a atividade médica é
apenas elemento de empresa, o referencial é a INSTITUIÇÃO).

Obs: o mesmo se aplica a escritório de advocacia – o


referencial é a instituição/escritório.

c) Aqueles quem exercem atividade rural não são em regra considerados


empresários

Para quem exerce atividade rural o registro é obrigatório. Se registrar no


cartório civil (RCPJ – Registro Civil de Pessoas Jurídicas), não é empresário. Se
registrar na junta comercial, é considerado empresário. Assim, cabe àquele
que exerce rural escolher o local de registro, que tem natureza constitutiva –
define a sua natureza jurídica.
Obs: Assim, até mesmo um agricultor rural que exerce atividade familiar pode
ser considerado empresário, se for registrado na junta comercial.

d) Cooperativas (parágrafo único do art. 982) – serão sempre consideradas


sociedades simples, nunca poderá ser empresária, mesmo atendendo todos os
requisitos do art. 966. Mesmo sendo uma sociedade simples, o local do seu
registro é a junta comercial.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a


sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário
sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.

Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se


empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

Sociedade por ações é aquela sociedade divindade em ações. Dois tipos:


a) Sociedade anônima

b) Sociedade em comandita por ações


EIRELI – vide apostila

Antes da alteração legislativa, existia apenas o empresário individual e a sociedade


empresária.

O empresário individual, que ainda existe, é uma pessoa física que responde de
maneira ilimitada pelas obrigações empresariais. O patrimônio particular do
empresário individual pode ser alcançado por dívidas do negócio.

Sociedade empresária é a pessoa jurídica composta por sócios. Estes sócios podem
responder limitada ou de maneira ilimitada, a depender do tipo de sociedade/sócios.

Surgiu a discussão quanto à possibilidade de exercer atividade empresarial sozinho,


mas com limitação da responsabilidade, resguardando o patrimônio particular da
pessoa física das intempéries da atividade/risco do negócio.

Hipóteses anteriores de unipessoalidade:


a) Hipóteses temporárias
A sociedade poderá permanecer unipessoal pelo prazo de 180 (cento e
oitenta) dias. Se continuar a operar com um só cotista além do prazo de
180 (cento e oitenta) dias, o fará como sociedade em comum, respondendo
o sócio remanescente solidária e ilimitadamente.
- Numa sociedade anônima, um acionista que comprar todas as ações, assim pode
permanecer até a AGO – assembleia Geral Ordinária.

b) Hipótese permanente

Subsidiária Integral – o único acionista tem que ser necessariamente pessoa


jurídica nacional

Natureza Jurídica da EIRELI

A EIRELI foi incluída no ordenamento jurídico como uma nova pessoa jurídica. Não é
pessoa física, pois está incluída no art. 44:

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;

II - as sociedades;

III - as fundações.

IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº


12.441, de 2011) (Vigência)
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das
organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro
dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de
22.12.2003)

§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às


sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei
nº 10.825, de 22.12.2003)

§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei


específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

Na prática, o legislador institui espécie de sociedade limitada unipessoal, conforme


se observa em diversos trechos do art. 980-A, conforme entendimento do professor.
O Regime jurídico da EIRELI, a todo o instante, faz referência da EIRELI como
sociedade.

DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será


constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social,
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior
salário-mínimo vigente no País. (Incluído pela Lei nº 12.441, de
2011) (Vigência)

§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão


"EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de
responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)

§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de


responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa
dessa modalidade. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)

§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá


resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num
único sócio, independentemente das razões que motivaram tal
concentração. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)

§ 4º ( VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)

§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade


limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a
remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de
imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica,
vinculados à atividade profissional. (Incluído pela Lei nº 12.441, de
2011) (Vigência)

§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que


couber, as regras previstas para as sociedades limitadas.
REGIME JURÍDICO DA EIRELI – art. 980-A do CC

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única
pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será
inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. (Incluído pela Lei nº
12.441, de 2011) (Vigência)

Há necessidade de um capital social não inferior a 100 vezes o maior salário-mínimo vigente
no País – o referencial só pode ser o salário mínimo nacional, não pode ser o salário mínimo
estadual, mesmo nos Estados que tenha salário mínimo próprio.

O capital tem quer ser devidamente integralizado no ato de constituição (tem que ser à vista,
não pode ser integralizado à prazo).

A EIRELI será constituída por uma única PESSOA. O Caput não diz ser essa única pessoa tem
que ser pessoa física ou jurídica. Assim, além da pessoa física, em tese, o professor entendo
que é possível a instituição de EIRELI por pessoa jurídica (diferente do projeto de lei, que
previa expressamente a expressão “pessoa física”, o que reforça o entendimento do
professor).

O DREI acatou uma resolução administrativa do DNRC que proibiu a constituição de EIRELI por
pessoa jurídica Instrução Normativa 117/2001. Todavia, há diversas decisões que consideram
a instrução normativa ilegal, autorizando a constituição de EIRELI por pessoa jurídica.

1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão


"EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de
responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)

A EIRELI tanto pode utilizar firma social, quanto denominação social, desde que a
expressão “EIRELI” companha o nome empresarial.

§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade


limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.

§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar


da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio,
independentemente das razões que motivaram tal concentração. (Incluído pela Lei
nº 12.441, de 2011) (Vigência)

Pode ser o resultado de uma transformação societária. Um sociedade


unipessoal (temporária) que se transforma em EIRELI (tem 180 dias para
encontrar um novo sócio, virar empresário individual ou transformar a
sociedade em uma EIRELI)

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar
a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;

II - o consenso unânime dos sócios;


III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na
hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro
Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou
para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts.
1.113 a 1.115 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)

§ 4º ( VETADO).

§ 4º do art. 980-A, da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, inserido pelo art. 2º do


projeto de lei

"§ 4º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual
de responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer situação com o patrimônio da
pessoa natural que a constitui, conforme descrito em sua declaração anual de bens entregue
ao órgão competente."

Razões do veto

"Não obstante o mérito da proposta, o dispositivo traz a expressão 'em qualquer situação', que
pode gerar divergências quanto à aplicação das hipóteses gerais de desconsideração da
personalidade jurídica, previstas no art. 50 do Código Civil. Assim, e por força do § 6º do
projeto de lei, aplicar-se-á à EIRELI as regras da sociedade limitada, inclusive quanto à
separação do patrimônio."

§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada


constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração
decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou
voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade
profissional. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)

Possibilidade da EIRELI titularizar direitos patrimoniais do autor. O direito


moral é da pessoa física, mas a EIRELI pode titular direitos patrimoniais do
autor.

A propriedade intelectual é composta por dois ramos: direito autoral


(criações do intelecto humano voltadas ao mero deleite/ direito moral do autor,
inalienável – autoria / é possível ceder a exploração do direito autoral) e
propriedade industrial (criações do intelecto humano voltado à atividade
industrial).

§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que


couber, as regras previstas para as sociedades limitadas.
ASPECTOS POLÊMICOS DA EIRELI

1- Pode a EIRELI exercer uma atividade civil?

O professor entende que sim. Não é a nomenclatura que restringe a


utilização do instituto. É possível a existência de uma EIRELI simples,
vocacionada para o exercício de atividade civil.

2- Pode a EIRELI exercer atividade advocatícia?

Obs: A OAB já regulamentou, através do congresso, a possibilidade do


exercício da advocacia pela sociedade unipessoal de advogados.

Todavia, antes de tal regulamentação, a pergunta era relevante. O


professor entende que sim, não há nenhum óbice legal. É certo que o
advogado deve ter responsabilidade ilimitada. Assim, seria uma EIRELI com
responsabilidade ilimitada, atendendo o estatuto da advocacia.

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