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Recife – 2014-2016
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Sumário
Projeto ........................................................................................................................................ 1
Objetivos: .................................................................................................................................... 4
1. Introdução ............................................................................................................................ 5
2. Justificativas para o Programa Ciranda Auditiva ........................................................................ 7
3.1 Amparo legal ......................................................................................................................... 9
4 Metodologia.........................................................................................................................10
4.1 A USF – COQUEIRAL como Unidade de Referência ao Atendimento à Pessoa com Surdez PE .....12
ANEXOS .................................................................................................................................14
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Apresentação
O Programa Ciranda Auditiva é um conjunto de ações de educação para a saúde que
visa a humanização educomunicacional dos serviços de saúde. As famílias ouvintes com crianças
surdas desconhecem como lidar com a comunicação visuogestual e a Libras – Língua Brasileira
de Sinais, segunda Língua oficial do País é desconhecida pela maioria da população.
As famílias adscritas pelas USF - Unidades de Saúde da Famíia do Estado de
Pernambuco podem contar com o apoio do Programa Ciranda Auditiva para a formação da
equipe de saúde das USF em todos o Municipios do Estado para a formação em Libras e como
lidar com a educomunicação visuogestual inerente às crianças surdas.
A Unidade de Saúde da Família – Coqueiral é a pioneira em nosso Estado para aderir ao
modelo de formação do Ciranda Auditiva. O Programa é vinculado à Universidade de
Pernambuco – UPE com apoio da FACEPE e tem como Objetivo Geral: Conhecer a realidade da
atenção familiar e das necessidades visuogestuais inerentes à criança recém-nascida com
diagnóstico de surdez até a adolescência e a vida adulta.
O Projeto de Ampliação da Rede Ciranda Auditiva para Orientação e Apoio à
Família com Criança com Deficiência Auditiva é um desmembramento do Programa e
justifica-se para orientar e apoiar as famílias com crianças com diagnóstico e/ou suspeita de
deficiência auditiva do estado de Pernambuco para a comunicação em Libras - Língua Brasileira
de Sinais – Libras como L1 para a criança com surdez severa e profunda. Assim esperamos
ampliar o número de USF em todo o Estado para que todas as crianças com deficiência auditiva
possam ser tratadas com dignidade e respeito, educação e comunicação visuogestual como
exemplo de cidadania.
Para que a Rede do Ciranda Auditiva atenda aos objetivos do Programa é preciso que a
equipe de profissionais da saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, gestores, agentes de saúde e
ambiental, dentistas, vigilantes, agentes de saúde, gestores, enfim, todos os trabalhadores da USF
sejam capacitados em Libras, bem como, quanto aos aspectos educomunicacionais necessários
ao bom desempenho das atividades da Unidade, como determina o Decreto 5626/05, Art. 26: “O
Poder Público, as empresas concessionárias de serviços públicos e os órgãos da administração
pública [...] devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado, por meio do uso e
difusão de Libras e da tradução e interpretação de Libras/Língua Portuguesa, realizados por
servidores e empregados capacitados para essa função, bem como o acesso às tecnologias de
informação.”
Essas instituições “devem dispor de, pelo menos, cinco por cento de servidores,
funcionários e empregados capacitados para o uso e interpretação de Libras [...] como meio de
assegurar às pessoas surdas ou com deficiência auditiva o tratamento diferenciado”.
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A partir do momento que a Libras em 2005 passou a ser patrimônio nacional, de todos os
brasileiros, e não mais estar restrita a grupos de surdos isolados em igrejas e em sala de aula e
associações, a aprendizagem da Libras torna-se um direito de toda a população.
É preciso aprender a comunicação sinalizada para atender ao usuário surdo sinalizante, às
crianças surdas ao longo de toda a infância, juventude e vida adulta para orientar, educar,
atender, consultar, medicar, enfim, para o desempenho de todas as atividades comuns de uma
Unidade de Saúde da Família. Desta forma, elimina-se em muitos casos a intervenção e
dependência de intermediadores que são, na maioria das vezes, alheios aos serviços.
Ao se estabelecer comunicação sinalizada na dualidade com segurança e entendimento
linguístico, muitos dos problemas comportamentais, psicossociais e afetivos passam a ser
tratados entre o profissional e o paciente surdo estabelecendo clima de confiança e respeito,
humildade, dignidade e empatia. Neste sentido pode-se considerar o ambiente como espaço de
humanização dos serviços que prima pela privacidade e intimidade do usuário com o profissional
que lhe assiste em toda a sua plenitude.
Para o bom desempenho do Núcleo Ciranda Auditiva é preciso conhecer a realidade da
atenção familiar e das necessidades visuogestuais inerentes à criança recém-nascida com
diagnóstico de surdez até a adolescência e a idade adulta, com os seguintes objetivos:
Objetivos:
1. Estruturar um banco de dados na USF - Unidades de Saúde da Família com registro das
famílias surdas ou ouvintes com crianças com deficiência auditiva;
4. Trabalhar com as famílias com crianças surdas os respeito e resgate dos saberes maternos
com inserção da Libras e da linguagem visuogestual;
1. Introdução
Atualmente as famílias que recebem o diagnóstico de filhos com deficiência auditiva não
são orientadas a como lidar nem de como atender às necessidades comunicacionais e
educacionais inerentes à surdez. E isto, segundo Solé (2005) repercute diretamente em todo o
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No nordeste quando uma criança aponta para o céu em busca de registrar estrelas popularmente se
fala que causa verruga como forma de represensão do gesto apontar.
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As palavras que representam a Libras enquanto SINAL serão apresentadas em caixa alta como forma
de diferenciação do que é língua escrita da língua de sinais e da LIBRAS.
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inserção do bebê surdo ao mundo humano e civilizado, sob pena de permanecer criando pessoas
com transtornos da aprendizagem e do comportamento como na cruel realidade atual por conta
da fragilidade do reconhecimento familiar que, sem compreenderem com seus filhos apreendem
e sem aprenderem a comunicação em Libras, todo o conhecimento humano é impactado e a
construção do sujeito fica comprometida intra e interpessoal.
Por outro lado, a falha na formação dos trabalhadores da educação e da saúde (médicos
pediatras, otorrinos, obstetras, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, dentistas) é mais um agente complicador que impacta a relação familiar
com a criança.
2. Justificativas para o Programa Ciranda Auditiva
Muitos profissionais de saúde não recebem informação nem formação em Língua
Brasileira de Sinais nem como abordar uma pessoa com surdez. Menos ainda de como orientar a
comunicação visuogestual sinalizada necessária à interação mãe ouvinte-bebê com diagnóstico
de surdez.
Ante a falta de informação e formação da população quanto ao potencial humano e
produtivo que poderia ser estruturante do sujeito com surdez, muitos pais, professores,
profissionais da saúde e da segurança pública ainda chamam os surdos de “mudos” e os
consideram incapazes de exercerem atividades sociais e laborais comuns aos seres humanos.
As famílias são mantidas na ignorância de como lidar com as crianças e o desespero
muitas vezes toma conta do lar. É uma violência social por omissão dos profissionais de saúde
em não orientar as famílias de como lidar com esta nova realidade educomunicacional.
Esta omissão de informação familiar tem sido institucionalizada e generalizada,
reproduzida em todos os ambientes públicos de educação e saúde pela falta/falha da formação
dos profissionais em língua de sinais e de como se comunicar e educar a pessoa surda.
É importantíssima a consciência e divulgação das possibilidades das crianças com este
nível de deficiência de que tem futuro, que não morrem cedo, que podem ser produtivas, que
podem estudar e ter profissão, de serem felizes e acolhidas pelos pais e pela sociedade, que
podem envelhecer com perspectiva profissional de futuro, estudar, fazer faculdade, dirigir, levar
uma vida normal e produtiva com estudo, formação, família, trabalho. Sem depender da tutela da
família ou do Estado pelo Benefício da Prestação Continuada como se fossem inválidos.
Por não conhecerem anatomia, fisiologia nem patologia do próprio corpo e muito do que
existe em Libras ser superficial, muitos desses indivíduos com nível profundo de surdez
convivem com incertezas e conflitos nunca resolvidos ao longo da vida. Desconhecem a
composição e o funcionamento do aparelho digestório, excretório, do sistema sanguíneo, de
riscos e como funcionam métodos preventivos de adquirir doenças, de engravidar, e consideram
como fatalidade as ocorrências. Alimentam-se pelo que é gostoso e oferece prazer, independente
do que venha a produzir, “se está à venda no supermercado ou na padaria é porque pode comer”.
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Nas consultas médicas a mulher gestante surda desde sempre está acompanhada de uma
pessoa ouvinte intermediando a comunicação, o que lhe tira a privacidade, mas garante um
mínimo de entendimento quanto ao diagnóstico e pré-natal. A confiança no profissional é
fidelizada e superficial, quando o médico não descobre de imediato o diagnóstico é considerado
“fraco”.
Para os jovens surdos, desde a primeira experiência sexual à gravidez indesejada, do pré-
natal ao parto, todos são momentos vivenciados com muitas incógnitas pela falta de um diálogo
franco e direto com o profissional de saúde porque não recebem orientação para a autonomia.
Por outro lado, quando a mãe é ouvinte com filho surdo a dor diagnóstica emudece e
aprofunda o luto pelo filho “defeituoso”, pela falta de preparação por parte do profissional de
saúde de orientar como lidar com esta nova realidade de ter uma criança sinalizante.
A depender do nível de surdez, da presença de residual auditivo, pode-se recorrer a
diferentes ferramentas educativas de tecnologias assistivas. Nos casos da deficiência auditiva
nível severo e profundo, mesmo que haja indicação de implante coclear, o mais urgente é a
necessidade de se estabelecer um vínculo da linguagem com o bebê surdo.
Estabelecer de imediato a comunicação entre o bebê surdo e a mãe ouvinte é fundamental
para a estruturação do sujeito, da subjetividade e a falta/falha desenvolve distúrbios psicossociais
para toda a vida. A surdez é um “déficit orgânico que acarreta numa falha instrumental que
compromete a comunicação dificultando o desenvolvimento da linguagem e dos sentimentos”.
Para Solé (2013), no desenvolvimento do sujeito surdo existem seis momentos críticos de risco:
1. 1º ano de vida
2. Orientação linguística
3. A dor do diagnóstico
4. Polaridade com aprendizagem da leitura e da escrita
5. Adolescência
6. A vida profissional
Os profissionais da saúde: enfermeiros, médicos (pediatras e otorrinos), fonoaudiólogos,
psicólogos “assumem o risco” e compartilham diretamente com os três primeiros momentos
críticos, justamente no período quando a criança está a construir e constituir-se das relações
humanizantes.
A não inserção na linguagem afetiva e corporal convocada pela mãe desde o primeiro dia
de vida acarreta transtornos que vão aparecer na juventude como distúrbios da aprendizagem, do
comportamento, da aceitação do Eu na relação com o mundo. Tudo isto se agrava com a
superproteção que empodera o sentimento de culpa e retarda ainda mais a tutela sobre o surdo.
A falta de liberdade e de vivências sinestésicas também compromete a motricidade com
retardo da infantilização do corpo. A superproteção não insere na criança as regras da cultura
familiar. Sem regras, limites, controle, e sem inserção na linguagem a criança surda profunda não
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adquire sua civilidade e isto repercute diretamente na estruturação humana nas relações com a
vida e com a sexualidade.
Diante da estrutura corporal e mental fragilizada e sem desenvolver criticidade a pessoa
surda é facilmente influenciada a tomar decisões em favor de terceiros, sofre Influências externas
de pastores, intérpretes, professores que acabam por destituir o saber familiar e como a
escolarização tem sido fictícia pela falta de formação de professores, muitos com surdez nível
profunda passam pela vida como marionetes, sem determinação nem reflexão crítica sobre o
mundo, tornam-se arbitrários, agressivos, sem respeitar a família e ainda tratam intérpretes como
empregados. Em resumo, muitos surdos sinalizantes não estão preparados para o mundo real
do estudo, do trabalho, da convivência.
A parcela da sociedade composta de pessoas ouvintes precisa compreender que diante de
uma pessoa surda é preciso parar e sinalizar: frente a frente. Se ele fecha os olhos o mundo
desaparece e nada aprende. Aos gritos como ocorre em muitas escolas não se ensina aos surdos.
Sem chamá-lo a participar e compartilhar saberes também não. E na sociedade inclusiva não
existe lugar para o “coitadinho”.
Além da orientação familiar, pretende-se a formação em Libras dos profissionais de
saúde para melhorar a qualidade do atendimento à mulher gestante surda nos diferentes serviços
oferecidos nas Unidades.
4 Metodologia
O Projeto de Criação do Núcleo Ciranda Auditiva para Orientação e Apoio à Família com
Criança com Deficiência Auditiva na USF de Coqueiral é uma ação inovadora que merece
atenção e investimento humano.
1. Para atender ao primeiro objetivo de estruturar um banco de dados na USF -
Unidades de Saúde da Família com registro das famílias surdas ou ouvintes com crianças
com deficiência auditiva contamos com a colaboração das Agentes de Saúde e Ambiental
para identificar e mapear cada uma das famílias com crianças surdas bem como as
famílias em que ao menos um dos pais ou responsáveis apresente deficiência auditiva.
A surdez não caracteriza deficiência cognitiva a ser tratada. Assim como as gestantes
ouvintes, a surda empodera-se do momento da maternidade carrega consigo todas as expectativas
comuns. Assim, é preciso que a equipe seja preparada e esteja sensível ao acolhimento e
atendimento em Libras.
4.1 Quadro das Ações segundo os objetivos específicos do Programa Ciranda Auditiva
EQUIPE DE TRABALHO
Programa Ciranda Auditiva
Coordenador e Pesquisador Geral Universidade de Pernambuco: Luiz Albérico Barbosa
Falcão
CPF: 372.868.974-20
Estrada do Barbalho, 417, Iputinga, Recife, Pernambuco. CEP 50800290 – Recife-PE
Endereço eletrônico: prof.luizalberico@gmail.com
PROFESSORES PESQUISADORES
2.1. Luiz Albérico Barbosa Falcão, doutor, professor assistente, CPF 372.868.974-20
Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=H783016
Este membro da equipe exerce atualmente a coordenação do Grupo de Pesquisa e do Programa
de Extensão Formação de Multiplicadores Inclusivos – Proformi. Trabalhará no
desenvolvimento das ações de formação de Libras; de pesquisar o encaminhamento das crianças
surdas e do atendimento em Libras das gestantes surdas, além de coordenar atividades de
orientação familiar e a criança com surdez.
Grupo de Pesquisa: Políticas Públicas de Acessibilidade, Inclusão e Tecnologias Assistivas:
Linhas de Pesquisa:
• Formação Profissional inclusiva e Educação de Surdos
• Estudos Sociais, Surdez e Libras.
• Estudos de Acessibilidade com Produção de Inovações Tecnológicas Assistivas
Servidor da Universidade de Pernambuco – UPE
• Instituto de Ciências Biológicas - Escola Politécnica de Pernambuco
Servidor da Secretaria Estadual de Saúde
2.1.3 João Marcelo Xavier Natário Teixeira, doutor, professor assistente, CPF 046.275.524-
08.
Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=T213807
Este membro será responsável pelas atividades administrativas do projeto. Terá a meta de
estreitar ainda mais os laços que os grupos de pesquisa da UFRPE, da UFPE e da UPE possuem
entre si.
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