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Estratégia de Investimentos

O efeito manada
Historicamente, agosto é um mês ruim para a Bolsa de Valores e este ano não fugiu a regra. O mês
mal começou e os mercados ao redor do mundo caem entre 10% e 20%.

Esta forte oscilação causada principalmente pelas ordens frenéticas de zeragem de posições, saídas
dos ativos de risco a qualquer preço e busca por “proteção” em ativos como o ouro, me fez lembrar
de um excelente artigo que li na revista “The Economist” no início do ano.

O artigo começava mais ou menos assim (traduzindo para nossa realidade): Quando vemos uma
multidão em uma loja de luxo em um Shopping Center, que normalmente só fica cheia de funcionári-
os solícitos, é razoável assumir que há uma grande promoção. Ou quando vemos no noticiário,
especialmente se for portenho, uma fila enorme num banco, é de se supor que trata-se de clientes
aflitos tentando retirar sua poupança. Nestes dois casos, o comportamento das pessoas é um sinal
útil que deve ser seguido por você caso queira comprar um terno Ferragamo por um bom preço ou
for correntista de um banco argentino.

Mas será que esta “sabedoria” das multidões se aplica para os investimentos? Nos extremos, nor-
malmente os grandes lucros são obtidos por aqueles que se posicionam contrários nos picos e vales
do mercado. As bolhas ocorrem quando a população desenvolve um certo entusiasmo para uma
determinada classe de ativos, como foi o caso das ações de tecnologia no final da década de 90, ou
o preço dos imóveis americanos em meados da década passada. Quem ainda não ouviu falar da fa-
mosa história sobre como identificar uma bolha no mercado acionário quando um engraxate começa
a lhe dar dicas de papéis de segunda linha?

Como no mercado financeiro não há almoço de graça, identificar estes pontos é bastante difícil.
Basta ver o mercado de ações japonês, que cai há mais de 20 anos. Com exceção do período mais
recente, quando o FED (Banco Central Americano) começou com a política de taxas de juros reais
muito baixas ou negativas, as bolhas econômicas não eram tão frequentes. No curso normal dos
eventos, seguir a tendência pode ser lucrativo. Por exemplo, os gestores do mercado de renda fixa
mantêm um olhar atento sobre as tendências de inflação e os próximos movimentos do Banco Cen-
tral.

Para investigar o comportamento dos investidores de fundos americanos, a revista “The Economist”
pediu um estudo interessante para a Morningstar, uma empresa de avaliação de fundos de investi-
mentos, que mostra o fluxo de movimentações (aplicações e resgates) e de performance de fundos
mútuos de investimentos americanos. Para realizar a pesquisa, foram aplicados testes com per-
guntas simples, tais como: será que os investidores colocam seus recursos nos fundos que tiveram
performance muito boa nos últimos 12 meses? E em caso afirmativo, esta decisão foi acerta para os
12 meses subsequentes? Os resultados mostraram que o efeito manada foi mais perdedor (foolish-
ness of the crowds) do que ganhador (wisdom of the crowds).

Na própria SulAmérica Investimentos foi interessante observar o comportamento de um fundo que foi
bastante ganhador na época de grandes crises no mercado brasileiro , cuja estratégia estava ligada
ao aumento da volatilidade das ações. Alguns investidores aumentavam seus recursos no fundo
após seis meses de boa performance e resgatavam investimentos depois de um período similar de
performance ruim. O que não fazia muito sentido, uma vez que a volatilidade do mercado é bastante
cíclica. Se calcularmos a taxa interna de retorno (TIR) das movimentações do fundo com certeza
será pior do que a evolução da cota no mesmo período.

Talvez as pessoas estejam cognitivamente programadas para seguir o “rebanho”. Uma anedota con-
hecida no mercado conta que certa vez um empresário do setor de petróleo faleceu e foi barrado por
São Pedro no portão dos céus, pois a cota de empresários já estava lotada. O sujeito, então muito
esperto, se estica e grita “Ei, rapazes, descobriram petróleo lá no inferno”. A multidão então sai cor-
rendo e São Pedro, surpreso, faz sinal para ele entrar. Mas para seu espanto maior, o empresário
responde “Não, obrigado. Vou dar uma checada neste boato, afinal quem sabe não há um fundinho
de verdade nisto”.
Redator: Leopoldo Barreto

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