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Regina Célia Veiga da Fonseca

Metodologia do Trabalho Científico


2009

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© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por
escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

F676 Fonseca, Regina Célia Veiga da. / Metodologia do Trabalho


Científico. / Regina Célia Veiga da Fonseca.
— Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
92 p.

ISBN: 978-85-7638-731-2

1. Ciência – Metodologia. 2. Pesquisa. 3. Redação Técnica.


4. Metodologia. 5. Trabalhos Científicos. I. Título.

CDD 001.42

Todos os direitos reservados.

IESDE Brasil S.A


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

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Regina Célia Veiga da Fonseca
Mestre em Engenharia de Produção com
concentração em Mídia e Conhecimento pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Graduada em Letras Português-Inglês
pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
Graduada em Psicologia pela UTP. Professora
de Metodologia Científica e Comunicação
Empresarial em cursos de graduação e pós-
graduação. Seus estudos e pesquisas situam-
se no âmbito das Ciências Sociais Aplicadas,
Humanas e da Saúde.

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sumário
sumári O pensamento evolutivo:
metodologia, raciocínio e conhecimento
09 | A base do pensamento evolutivo
10 | O raciocínio lógico
11 | Raciocínio dedutivo
9

11 | Raciocínio indutivo
12 | O conhecimento de senso comum
13 | O conhecimento científico
14 | A metodologia científica

19
O método científico e a pesquisa
20 | Método experimental
21 | O caráter provisório da ciência
21 | Pesquisa

O tema de uma pesquisa, 27


problema, hipóteses e variáveis
27 | A escolha do tema
28 | Predicados de um bom tema
29 | Como formular um problema?
30 | Como construir hipóteses?
30 | Variáveis
mário

Métodos quantitativos, 35
qualitativos e coleta de dados
35 | Método quantitativo
35 | Método qualitativo
36 | Coleta de dados

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Estrutura de 45
um projeto e técnicas de leitura
46 | Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa
49 | Técnicas de leitura

Estilo e redação de um texto, 55


observação e linguagem científica
55 | Parágrafo
56 | Frases curtas
56 | Vocabulário
57 | Palavras desnecessárias ou vícios de linguagem
58 | Coesão
59 | Coerência
61 | Estrutura de um texto
62 | Observação e linguagem científica

69
Estrutura de uma monografia
69 | Elementos pré-textuais
70 | Elementos textuais
74 | Elementos pós-textuais

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sumário
sumári Normas da ABNT
79

79 | Digitação e estrutura de um trabalho acadêmico


82 | Notas de rodapé
83 | Citações
85 | Referências

91
Referências
mário

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Introdução
Prezado aluno,

Metodologia do Trabalho Científico


a Metodologia Científica procura colocar à
sua disposição um conjunto de diretrizes para
auxiliá-lo na tarefa de pesquisa em diferentes
conteúdos científicos, na coleta e organização
de dados, na elaboração e na apresentação de
textos científicos.
Espera-se que, a partir da teoria aqui
apresentada, você possa reconhecer a
importância da Metodologia Científica como
um facilitador do pensamento científico sob
todos os aspectos, além de identificá-la como
base para a atividade profissional que, por
definição, precisa ser ordenada, metódica e
lógica.
Como resultado, o trabalho aqui exposto
caracteriza-se por uma apresentação
simples, clara e lógica, a fim de favorecer
o desenvolvimento de competências que
melhorem a capacidade de pensar e agir com
cientificidade, seja no âmbito
acadêmico ou profissional.
Esta obra começa falando sobre a base do
pensamento evolutivo, que teve início com a
curiosidade inata da natureza humana e foi
se aprimorando com o passar dos séculos,
encantando o homem com a vastidão de tudo
o que pode ser conhecido no mundo.
Em seguida, apresenta algumas diretrizes
para a organização desse pensar e as
regras estabelecidas para tornar possíveis
tanto a ordenação quanto o repasse desse
conhecimento acumulado para todos que
por ele se interessarem. Isso é a Metodologia
Científica!

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O pensamento evolutivo:
metodologia, raciocínio
e conhecimento

A base do pensamento evolutivo


A partir do momento em que o homem tomou conhecimento de sua
existência no mundo, começou a explicar os fenômenos com os quais se
deparava constantemente. Inicialmente, o fez de uma forma intuitiva, criando
mitos para justificar aquilo que não compreendia. Durante algum tempo,
essas explicações bastaram ao homem, porém, a sua capacidade pensante
fez surgir nele a necessidade de uma outra explicação, que fosse racional,
sobre si próprio, sobre o mundo e os seus inúmeros fenômenos.

Dessa necessidade nasceu a filosofia, na Grécia, por volta do século VI a.C.


Por meio de um longo processo histórico, ela surgiu promovendo a passagem
daquele saber intuitivo e superficial para um saber racional e mais seguro.
Isso, no entanto, aconteceu sem o rompimento brusco com todos os conhe-
cimentos do passado. Assim, durante muito tempo, os primeiros filósofos
gregos compartilharam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam
o conhecimento racional que caracterizaria a filosofia.

O homem queria uma nova explicação para o mundo, por isso partiu em
busca de verdades decorrentes de um pensamento lógico e coerente. Essa
busca o tornou cada vez mais exigente com o conhecimento que adquiria e
transmitia.

No início, o saber filosófico designava a totalidade do conhecimento


racional desenvolvido pelo homem. Abrangia os mais diversos tipos de
conhecimento que hoje entendemos como pertencentes à Matemática, à
Astronomia, à Física, à Biologia, à Lógica, à Ética etc. Todo o conjunto dos
conhecimentos racionais integrava o universo do saber filosófico.

Com o passar dos anos, muitos desses conhecimentos foram conquistando


autonomia e se desprenderam do saber filosófico. Assim, essas ciências
passaram a direcionar suas investigações a certos campos delimitados da
realidade, e o fazem ainda hoje de forma cada vez mais “localizada”. Esse
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Metodologia do Trabalho Científico

processo continua evoluindo, de tal maneira, que o mundo atual caracteriza-


se como a “era dos especialistas”. Essa especialização, no entanto, também
pode constituir-se num problema, pois conduz a uma pulverização do saber
e à perda da visão mais ampla do conhecimento humano (COTRIM, 1999).

Hoje, o homem busca um conhecimento que, além de ser verdadeiro,


deve ser específico nas diferentes áreas de interesse.

Todo o acúmulo e a especificidade do conhecimento geram a necessidade,


cada vez maior, de que o estudioso utilize mecanismos que facilitem e
colaborem com o seu trabalho de investigação, para que o conhecimento a
ser adquirido possa estar cada vez mais próximo da verdade.

O raciocínio lógico
O raciocínio lógico é a arte de bem pensar e, de acordo com Hegel (apud
CHAUÍ, 1998, p.80), “de modo algum podemos renunciar ao pensamento”.
Para se ter uma idéia mais clara a respeito de raciocínio lógico, vejamos,
sinteticamente, o que é raciocínio e o que é lógica.

O raciocínio é um processo mental que consiste em encadear logicamente


dois ou mais juízos antecedentes, em busca de um juízo novo, denominado
conclusão ou inferência. Em lógica, tem o nome de argumentação, que é um
tipo de operação discursiva do pensamento. A argumentação consiste em
encadear logicamente juízos e deles tirar uma conclusão. Tradicionalmente,
dividimos os argumentos em dois tipos: os dedutivos e os indutivos.

A lógica é uma parte da filosofia, é a ciência do pensamento. Sua definição


geral pode ser a seguinte: “ciência que tem por objetivo determinar, por
entre todas as operações intelectuais que tendem para o conhecimento do
verdadeiro, as que são válidas, e as que não o são” (COTRIM, 1999, p.303).

Para o filósofo grego Aristóteles (séc. IV a.C) a lógica é um instrumento


para pensar melhor e, embora alguns filósofos anteriores a ele tenham
estabelecido algumas leis do pensamento, nenhum o fez com tal amplitude
e rigor. Por essa razão, “a lógica Aristotélica permaneceu através dos séculos
até os nossos dias” (ARANHA; MARTINS, 1999, p.85). Essas contribuições
foram incorporadas e desenvolvidas pelos modernos métodos da lógica
matemática ou simbólica.

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O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

Raciocínio dedutivo
É o argumento cuja conclusão é inferida necessariamente de duas
premissas. É o raciocínio que nos permite tirar, de uma ou várias proposições,
uma conclusão que delas decorre logicamente. A Matemática, por exemplo,
usa predominantemente processos dedutivos de raciocínio.

O argumento dedutivo é aquele que se desenvolve de premissas gerais


para chegar a uma conclusão particular. Exemplo:

Premissa A: Todos os homens são mortais.


Premissa B: Epaminondas é homem.
Conclusão: Logo, Epaminondas é mortal.

A conclusão particular de que Epaminondas é mortal é necessária porque


deriva das premissas anteriores de que “todos os homens são mortais” e de
que “Epaminondas é homem”.

Raciocínio indutivo
É o raciocínio ou forma de conhecimento pelo qual passamos do
particular ao universal, do especial ao geral, do conhecimento dos fatos ao
conhecimento das leis.

O argumento indutivo é aquele que parte de proposições particulares


para chegar a uma conclusão geral. Exemplo:

Proposição A: O cobre, o zinco e a prata conduzem energia.


Proposição B: Ora, o cobre, o zinco e a prata são metais.
Conclusão: Logo, todo metal é condutor de energia.

Partindo da observação e análise dos fatos e fenômenos, podemos elaborar proposições


particulares verdadeiras. Com base nessas proposições, o argumento indutivo tende a
chegar a conclusões gerais apenas provavelmente verdadeiras, mas não seguramente
verdadeiras (COTRIM, 1999, p.312).

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Metodologia do Trabalho Científico

Chauí (1998, p. 67) diz que a “indução realiza um caminho exatamente


contrário ao da dedução. Com a indução partimos de casos particulares
iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria
geral que explica e subordina todos esses casos particulares”.

O conhecimento de senso comum


O conhecimento de senso comum é a forma mais usual que o homem
utiliza para interpretar a si mesmo, seu mundo e o universo como um todo.
Essa produção de interpretações significativas, isto é, esse conhecimento, é o
do senso comum. Também é chamado de conhecimento ordinário, popular,
comum ou empírico (KÖCHE, 1997). O conhecimento do senso comum
é o “conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É
ametódico e assistemático.” (CERVO; BERVIAN, 1996, p.7)

Esse conhecimento surge como conseqüência da necessidade do homem


de resolver problemas imediatos, que aparecem na vida prática e decorrem
do contato direto com os fatos e fenômenos que vão acontecendo no dia-
a-dia. Na idade pré-histórica, por exemplo, o homem soube fazer uso das
cavernas para abrigar-se das intempéries e proteger-se da ameaça dos animais
selvagens. Progressivamente, foi aprendendo a dominar a natureza, inventou
a roda, meios mais eficazes de caça e de pesca, canoas para navegar nos lagos
e rios, instrumentos para o cultivo do solo e tantos outros. O uso da moeda,
o carro puxado por animais, o uso de remédios caseiros utilizando ervas
hoje classificadas como medicinais, a fabricação de utensílios domésticos,
o estabelecimento de normas e leis que regulamentavam a convivência dos
indivíduos no grupo social, são exemplos que demonstram como o homem
evoluiu historicamente buscando e produzindo um conhecimento útil
gerado pela necessidade de produzir soluções para os seus problemas de
sobrevivência (KÖCHE, 1997).

O conhecimento do senso comum é o resultado da necessidade de


resolver os problemas diários. Não é, portanto, programado ou planejado
antecipadamente. À medida que a vida vai acontecendo, ele se desenvolve,
seguindo a ordem natural dos acontecimentos. Nele, há uma tendência de
manter o sujeito que o elabora como um espectador passivo da realidade,
sem uma reflexão acerca do assunto. Por isso, o conhecimento do senso
comum caracteriza-se por ser elaborado de forma espontânea e instintiva.
Segundo Buzzi (apud KÖCHE, 1997, p.24), “o conhecimento do senso comum
é um viver sem conhecer”.
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O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

Esse conhecimento permanece num nível superficial. Um viver sem conhecer


significa que o senso comum, quando busca informações e elabora soluções
para os seus problemas imediatos, não especifica as razões ou fundamentos
teóricos que demonstram ou justificam o seu uso, sua possível correção ou
confiabilidade, por não compreender e não saber explicar as relações que há
entre os fenômenos. No senso comum se utilizam, geralmente, conhecimentos
que funcionam razoavelmente bem na solução dos problemas imediatos,
apesar de não se compreender ou de se desconhecer as explicações a respeito
de seu sucesso. Esses conhecimentos, pelo fato de darem certo, t­ ransformam-
se em convicções, em crenças que são repassadas de um indivíduo para o
outro e de uma geração para a outra (KÖCHE, 1997).

O conhecimento científico
O “conhecimento científico vai além do empírico, procurando conhecer
além do fenômeno, suas causas e leis” (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7).

O conhecimento científico surge da necessidade de o homem


compreender os fenômenos de forma clara, o mais próxima da verdade.
Ele sai de uma posição meramente passiva. “Cabe ao homem, otimizando o
uso da sua racionalidade, propor uma forma sistemática, metódica e crítica
da sua função de desvelar o mundo, compreendê-lo, explicá-lo e dominá-lo”
(KÖCHE, 1997, p.24). O autor diz,
o que impulsiona o homem em direção à ciência é a necessidade de compreender a cadeia de
relações que se esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou fenômenos,
captadas pela percepção sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva e a crítica
pelo senso comum. O homem quer ir além dessa forma de ver a realidade imediatamente
percebida e descobrir os princípios explicativos que servem de base para a compreensão
da organização, classificação e ordenação da natureza em que está inserido. Não é a
simples organização ou classificação que caracterizam um conhecimento científico, mas
a organização e classificação sustentadas em princípios explicativos. O catálogo de um
bibliotecário é um trabalho de grande valor e utilidade, sem, contudo, poder ser chamado
de ciência.

Através desses princípios, a realidade passa a ser percebida pelos olhos


da ciência não de uma forma desordenada e fragmentada, como ocorre
na visão subjetiva do senso comum, mas sob o enfoque de um princípio
explicativo que esclarece e proporciona a compreensão do tipo de relação
que se estabelece sobre os fatos, coisas e fenômenos, unificando a visão de
mundo. Nesse sentido, o conhecimento científico é expresso sob a forma de
enunciados que explicam as condições que determinam a ocorrência dos
fatos e dos fenômenos relacionados a um problema (KÖCHE, 1997).

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Metodologia do Trabalho Científico

O conhecimento científico é um produto resultante da investigação


científica. Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para
problemas de ordem prática da vida diária, característica do conhecimento
do senso comum, mas do desejo e da necessidade de fornecer explicações
sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas.
É um produto da necessidade de se alcançar um conhecimento “seguro”.
Pode surgir como problema de investigação, também das experiências e crenças do senso
comum [...] A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos
existentes, originários das crenças do senso comum, das religiões ou da mitologia,
são insuficientes e impotentes para explicar os problemas e as dúvidas que surgem. A
investigação científica é a construção e a busca de um saber que acontece no momento
em que se reconhece a ineficácia dos conhecimentos existentes, incapazes de responder de
forma consistente e justificável às perguntas e dúvidas levantadas. (KÖCHE, 1997, p.24)

A metodologia científica
A metodologia trata das formas de se fazer ciência. Cuida dos
procedimentos, das ferramentas e dos caminhos para se atingir a realidade
teórica e prática, pois essa é a finalidade da ciência (DEMO, 1985).

Quando nos decidimos a fazer ciência, é importante chegarmos a um


determinado lugar, previamente proposto. Para tanto, a metodologia oferece
vários caminhos. Cabe ao estudioso, ao cientista escolher e usar a alternativa
mais adequada ao seu trabalho.

É essencial entendermos a importância da metodologia para a formação


do cientista; ela é condição fundamental de seu amadurecimento como
personalidade científica. Quando o cientista segue um método específico,
promove o espírito crítico, capaz de realizar a autoconsciência do trajeto
feito e por fazer. Também delimita sua criatividade e sua potencialidade no
espaço de trabalho. A ciência propõe-se a captar e manipular a realidade
assim como ela é. Segundo Demo (1985), a metodologia desenvolve a
preocupação em torno de “como” chegar a essa realidade.

Mais do que uma disciplina, a metodologia científica nos introduz no


mundo dos procedimentos sistemáticos e racionais, base da formação tanto
do estudioso quanto do profissional, pois ambos atuam, além da prática, no
mundo das idéias. Pode-se afirmar até que a prática nasce da concepção
sobre o que deve ser realizado e qualquer tomada de decisão fundamenta-
se naquilo que se afirma como o mais lógico, racional, eficiente e eficaz.

Os trabalhos científicos mais comuns são:

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O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

Resenha. Resumo crítico de determinado livro. Geralmente é requerida


como tarefa intermediária complementar a uma disciplina de curso ou
é solicitada como artigo para divulgação em publicações periódicas
especializadas.

Revisão bibliográfica. Discute as contribuições de vários autores sobre


um tema específico. Geralmente, é preparada logo após a conclusão do
projeto de pesquisa e poderá figurar como um capítulo do trabalho
final.

Projeto de pesquisa. É o planejamento da pesquisa propriamente dito,


dele constando elementos como delimitação, fontes, metodologia,
cronograma, entre outros. É solicitado como a primeira etapa de
qualquer pesquisa a ser desenvolvida.

Monografia. É o relato de uma pesquisa, geralmente escrita como


tarefa final de uma disciplina, de um curso de graduação ou de
especialização.

Dissertação. É o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de


mestrado.

Tese. É o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de


doutorado.

As diretrizes aqui apresentadas facilitam o procedimento na elaboração


de trabalhos científicos. Presume-se, portanto, que a sua ausência dificulta
o trabalho do estudante, transtorna a tarefa dos professores, complica a
catalogação e armazenagem dos textos e prejudica a disseminação da
informação. “Elas não devem ser tomadas como uma ´camisa de força`, mas
como um conjunto de orientações a serem seguidas.” (AZEVEDO, 2000, p. 10)

Síntese
O estudo da Metodologia Científica estimula a reflexão, que propicia
a descoberta da realidade que nos rodeia.
Os fundamentos da Metodologia Científica fornecem instrumentos
para a comprovação de hipóteses que fazemos sobre a realidade.
Os procedimentos em Metodologia Científica orientam-nos na análise
e na apresentação dos resultados da investigação científica.

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Metodologia do Trabalho Científico

Ampliando seus conhecimentos

A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o sentido do mistério. É


a fonte de toda verdadeira arte e de toda verdadeira ciência. Quem nunca experi-
mentou essa sensação, encontra-se como que morto: seus olhos estão fechados. [...]
Saber que aquilo, que para nós é impenetrável, existe realmente e se manifesta com
a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza que os nossos pobres sentidos con-
seguem perceber somente em suas formas primitivas, essa consciência, esse senti-
mento, é a essência da verdadeira religiosidade.
Albert Einstein

Atividades de aplicação
1. Vídeo: A Guerra do Fogo (França/Canadá, 1981, 96 min.). Direção
Jean-Jacques Annaud. Por causa de uma briga, apaga-se o fogo de
uma tribo pré-histórica, que só sabia conservá-lo, não reproduzi-lo. O
filme apresenta as principais hipóteses de evolução da humanidade a
partir, ou em função, da descoberta da tecnologia do fogo. Assista ao
filme e reflita sobre a evolução do homem.

2. Pense e discuta com os seus colegas:

a. Qual é o sentido do ser humano pensar sobre seus problemas e


seus questionamentos?

b. É possível entender um problema sem saber a resposta dele?

c. Existe um método para desvendar mistérios?

d. Qual é a sua atitude diante do mistério?

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O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento

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O método científico e a pesquisa

Na Grécia antiga, a palavra methodos significava “caminho para se chegar


a um fim”. Hoje, depois de tantos anos, o seu significado estendeu-se um
pouco mais e vários autores apresentaram diferentes definições para essa
palavra. No entanto, o conceito de método continua tendo uma ligação
muito forte com o sentido grego original, e é precisamente esse ponto que
nos interessa: falar do método como um caminho para se chegar a um fim.

Todos nós conhecemos muitos métodos. Eles fazem parte da nossa vida.
Galliano (1986, p.4) diz que “qualquer pessoa civilizada é uma espécie de ilha
cercada de métodos por todos o lados, ainda que nem sempre tenha cons-
ciência disso”. Do momento em que acordamos pela manhã, todas as nossas
ações seguem métodos para que possam ser realizadas adequadamente.
Desde preparar uma refeição, dirigir um carro, até estudar ou trabalhar, o
método está sempre presente em nossas vidas.

O método, portanto, constitui um dos pontos centrais nas formas de co-


nhecimento do ser humano. Ao levarmos esse conceito para a aquisição do
conhecimento em ciência, teremos um método chamado científico. Este, por
sua vez, caracteriza-se por um conjunto de procedimentos racionais e preesti-
pulados de que o pesquisador se utiliza para atingir uma determinada meta.

Em linhas gerais, o método científico é um instrumento utilizado pela ciên­


cia na sondagem da realidade, e para tanto, os cientistas adotam os seguin­
tes passos:

proposição de uma pergunta;

formulação de uma hipótese (por indução);

testes por meio de experimentos ou de novas observações;

conclusões sobre a validade ou não da hipótese.

Existem vários tipos de métodos científicos, mas vamos analisar apenas


um deles, o método experimental.

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Metodologia do Trabalho Científico

Método experimental
Em tese, o método experimental se caracteriza pelas seguintes etapas:
observação, hipótese, experimentação, generalização (lei e teoria). Na
prática, porém, o processo não se realiza necessariamente nessa ordem, po-
dendo variar conforme as circunstâncias.

Observação e hipótese – nem sempre o pesquisador começa o seu


trabalho pela observação dos fatos, para depois realizar a seleção de
dados.
Dentre os tantos fatos com os quais o pesquisador se depara, a ques-
tão mais importante é saber selecionar os mais relevantes. Ora, como
considerar a relevância de um fato, a não ser que já tenha algumas
hipóteses preliminares orientando o seu olhar?
Portanto, observação e hipótese se acham sempre relacionadas de
maneira recíproca. Se de início a hipótese orienta a seleção dos fatos,
em outro momento da pesquisa ela tem o papel de reorganizar esses
fatos, dando-lhes uma interpretação provisória como proposta anteci-
pada de solução do problema.
A intuição e a “iluminação súbita” (insight) nas descobertas científicas
são precedidas por longo trabalho e rigorosa elaboração conceitual.
Além disso, para ser científica, a hipótese precisa ser verificada e con-
firmada pelos fatos e validada pela comunidade intelectual (ARANHA;
MARTINS, 1999).

Confirmação da hipótese – a verificação da hipótese é feita de inú-


meras maneiras, dependendo das técnicas disponíveis e também do
tipo de ciência considerado. Por exemplo, em Astronomia, a confirma-
ção só se faz mediante nova observação. Assim, outros tipos de ciência
também terão suas formas específicas de verificação das hipóteses.

Generalização – Caso a hipótese referente à elucidação de um fenô-


meno não se confirme pela experimentação, o trabalho deve ser reco-
meçado. Somente quando o resultado for positivo, será possível fazer
generalizações ou formular leis pelas quais são descritas as regularida-
des dos fenômenos.

A grande força do método científico está na possibilidade de descoberta


das relações constantes e necessárias entre os fenômenos. Assim, se estabe-
lecem as leis que permitem a previsibilidade da natureza.

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O método científico e a pesquisa

O caráter provisório da ciência


Apesar do rigor do método científico, não convém concluir que a ciência
é um conhecimento certo e definitivo. A ciência avança em contínuo pro-
cesso de investigação que supõe alterações e ampliações necessárias diante
de novas situações e em diferentes épocas. Assim, à medida em que surgem
fatos novos, ou quando são inventados outros instrumentos de investigação,
a ciência vai se alterando e adaptando, propiciando novos conhecimentos.

Pesquisa
A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas. Assim,
ela parte de uma dúvida ou de um problema, buscando uma resposta ou
solução, com o uso do metódo científico. Pesquisa também é uma forma
de obtenção de conhecimentos e descobertas acerca de um determinado
assunto ou fato. Existem vários tipos de pesquisa:

Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica deve ser somada, necessariamente, a todo e qual-


quer outro tipo de pesquisa ou trabalho científico, constituindo uma base
teórica para o desenvolvimento de todo trabalho de investigação em ciên-
cia. Ela abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de
estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesqui-
sas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação
orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão.
Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi
escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências
seguidas de debates que tenham sido transcritas de alguma forma, quer pu-
blicadas quer gravadas.

A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito


sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou
abordagem, chegando a conclusões inovadoras. É necessário refletir sobre
ela para que se possa articular e correlacionar as informações obtidas com o
objeto de estudo.

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Metodologia do Trabalho Científico

Pesquisa documental
A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados
está restrita a documentos, escritos ou não. Estas podem ser feitas no mo-
mento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. São compiladas pelo
autor. Exemplos: estatísticas, cartas, contratos, fotografias, filmes, mapas etc.

Pesquisa descritiva
A pesquisa descritiva, conforme diz o próprio nome, descreve uma reali-
dade tal como esta se apresenta, conhecendo-a e interpretando-a por meio
da observação, do registro e da análise dos fatos ou fenômenos (variáveis).
Ela procura responder questões do tipo “o que ocorre” na vida social, política,
e econômica, sem, no entanto, interferir nessa realidade.

Os dados dessa pesquisa ocorrem em seu habitat natural. Eles precisam


ser coletados e registrados ordenadamente para seu estudo. A pesquisa des-
critiva pode ter os objetivos de:

familiarizar-se com um fenômeno ou descobrir nova percepção do


mesmo;
saber atitudes, pontos de vista e preferências das pessoas;
conhecer a motivação das pessoas para determinadas ações;
fazer um estudo de caso sobre um determinado indivíduo, comunida-
de ou empresa.

Pesquisa experimental
É aquela que manipula deliberadamente algum aspecto da realidade, a
partir de condições anteriormente definidas. Esse tipo de pesquisa busca es-
tabelecer relações de causa e efeito, ou seja, procura responder “por quê” um
fenômeno ocorre. Para desenvolver uma pesquisa experimental é preciso
­realizar um experimento, que deverá acontecer em ambiente natural (pes-
quisa de campo), ou em laboratório (pesquisa de laboratório).

Pesquisa de campo
Esse tipo de pesquisa consiste na observação de fatos e fenômenos tal
como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no
registro de variáveis que se presumem relevantes para os analisar. Não deve
ser confundida com a simples coleta de dados.
22

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O método científico e a pesquisa

O objetivo da pesquisa de campo é conseguir informações e/ou conheci-


mentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de
uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenôme-
nos ou as relações entre eles.

As fases da pesquisa de campo requerem a realização de uma pesqui-


sa bibliográfica. Esta permitirá que se estabeleça um modelo teórico inicial
de referência, que auxiliará na determinação das variáveis e elaboração do
plano geral da pesquisa. Devem-se determinar as técnicas que serão empre-
gadas na coleta de dados e na determinação da amostra, que deverá ser re-
presentativa e suficiente para apoiar as conclusões.

Por último, antes que se realize a coleta de dados é preciso estabelecer


tanto as técnicas de registro desses dados como as técnicas que serão utili-
zadas em sua análise posterior.

Pesquisa de laboratório

A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação mais difícil,


porém mais exato. Ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações
controladas. Exige instrumental específico, preciso, e ambientes adequados.

O objetivo da pesquisa de laboratório depende daquilo que o pesquisa-


dor se propôs a alcançar e que deve ser previamente estabelecido. As técni-
cas utilizadas também variam de acordo com o estudo a ser feito.

Na pesquisa de laboratório, as experiências são efetuadas em recintos fe-


chados (casas, laboratórios, salas) ou ao ar livre; em ambientes artificiais ou
reais, de acordo com o campo da ciência que está realizando-as, e se restrin-
gem a determinadas manipulações.

A pesquisa de laboratório pode ser feita com pessoas, animais, vegetais


ou minerais.

No laboratório, o cientista pode observar, medir e chegar a certos resulta-


dos, sejam eles esperados ou inesperados (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Não existe um método de pesquisa perfeito. Cabe ao pesquisador anali-


sar cuidadosamente o seu objeto de pesquisa bem como os seus propósitos,
para melhor definir a sua escolha metodológica.

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Metodologia do Trabalho Científico

Ampliando seus conhecimentos

Generalidades introdutórias sobre o método


João Álvaro Ruiz, 2002.

O método constitui característica tão importante da ciência que, não raro, indenti-
ficamos ciência com seu método. Cumpre, pois, que o destaquemos para um breve
estudo.
A palavra método é de origem grega e significa o conjunto de etapas e proces-
sos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da
verdade.
Os diversos passos do método científico não foram estabelecidos aprioristicamen-
te; de fato, os homens procuraram agir cientificamente e só depois pararam para
examinar o caminho que conduzira seu trabalho ao êxito. Assim, surgiu o método
ou o traçado fundamental do caminho a percorrer na pesquisa científica.
Não foi somente com o método que tal fenômeno de reflexão e sistematização
ocorreu, pois o homem primeiro viveu, e só depois estudou a vida: primeiro viveu
moralmente, e só depois sistematizou a moral, primeiro raciocinou com lógica es-
pontânea ou natural, e só depois definiu as leis do raciocínio; assim, também, o
homem primeiro agiu metodicamente, e só depois estruturou os passos e exigên-
cias do método científico.

A importância do método
O método confere segurança e é fator de economia na pesquisa, no estudo, na
aprendizagem. Estabelecido e aprimorado pela contribuição cumulativa dos ante-
passados, não pode ser ignorado hoje, em seus delineamentos gerais, sob pena de
insucesso.
Entretanto, se, por um lado, pode ser aceita a opinião de que “um espírito medío-
cre, mas guiado por um bom método, fará muitas vezes mais progressos nas ciên-
cias que outro mais brilhante que caminha ao acaso”, por outro lado, é preciso não
exagerar a importância do método ou sua eficácia incondicional. O método é um
extraordinário instrumento de trabalho que ajuda, mas não substitui por si só o ta-
lento do pesquisador. O melhor será que o espírito talentoso não caminhe ao acaso
ou às apalpadelas, mas aceite a contribuição do método para conseguir progressos
nas ciências.

Método é um “conjunto de normas padrão que devem ser satisfeitas, caso se


deseje que a pesquisa seja tida por adequadamente conduzida e capaz de levar a
conclusões merecedoras de adesão racional.”

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O método científico e a pesquisa

Atividades de aplicação
Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta:

a) Um problema de seu interesse para estudo.

b) Quais os tipos de pesquisas adequados para a possível solução desse


problema?

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Livro_metod_do_trabalho_cientifico.indb 26 11/2/2009 17:19:22
O tema de uma pesquisa,
problema, hipóteses e variáveis

Toda pesquisa tem o seu início estabelecido a partir da escolha de um


tema. Esse tema, por sua vez, deve ter algumas características que viabilizem
a realização da pesquisa. Somente após a realização dessa etapa é que o pes-
quisador pode dar início à elaboração do plano de trabalho.

A escolha do tema
A escolha do tema deve estar ligada à área de atuação profissional,
ou que faça parte da experiência pessoal do estudante. Isso torna o traba-
lho de desenvolvimento monográfico muito mais interessante e eficiente,
porque o estudante já possui conhecimentos prévios que poderão facilitar
a interpretação de textos, idéias e jargões da área, além de orientar a busca
de bibliografia e consulta a profissionais especializados.

A pesquisa de material escrito, livros, revistas, periódicos, jornais etc.,


representa uma excelente fonte de idéias para escolha do tema/assunto
a ser pesquisado. Pode-se iniciar a busca consultando os próprios livros,
lembrando­ que cada nova leitura de um texto traz novas idéias, análises e
interpretações (MARTINS; LINTZ, 2000).

Algumas fontes de idéias para a escolha de um tema:

experiências individuais;
material escrito em livros, revistas, periódicos etc.;
diálogos com professores, autoridades e colegas de curso;
observação direta do comportamento de fenômenos e fatos;
senso comum;
participação em seminários, encontros, congressos etc.;
reflexão.

Uma vez perguntaram a Newton como ele havia descoberto a lei da gra-
vidade, e ele respondeu: “Pensando sobre ela”. Assim, percebe-se que a refle-
xão é, sem dúvida, uma rica fonte de idéias. Com apoio na reflexão, podem
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Metodologia do Trabalho Científico

surgir hipóteses sobre relações imprevistas, dúvidas de entendimento, des-


coberta de falhas ou subjetividades em certas teorias, e tantas outras ques-
tões relevantes.

O senso comum, apesar de ser chamado de inimigo da ciência, também


pode trazer idéias para serem pesquisadas cientificamente.

Predicados de um bom tema


Quando da escolha de um tema é preciso estar ciente de que tal assunto
necessita de discussão, investigação, decisão ou solução. Assim, deve-se
refle­tir se o foco de estudo possui:
Viabilidade: o tema escolhido deve estar relacionado às evidências
empíricas que permitam observações, testes e validações.
Importância: o tema é importante quando, de alguma forma, está re-
lacionado a uma questão que polariza, ou afeta, um segmento subs-
tancial da sociedade.
Originalidade: um tema é original quando há indicadores de que seus
resultados irão causar alguma surpresa. Isto é, se “há possibilidades
de encontrar novos resultados ainda não disseminados no ambiente
científico-profissional.” (MARTINS; LINTZ, 2000, p. 24)

Por fim, é de suma importância que o tema tenha um foco de estudo res-
trito. Isso proporcionará ao pesquisador mais segurança e facilidade na rea-
lização da pesquisa.

Martins e Lintz (2000) comparam o processo de escolha de um tema de


pesquisa com “a elaboração de um roteiro para iluminação de uma peça
­teatral.” (p.25) Os autores afirmam que, com criatividade e perspicácia, deve-
se escolher onde “jogar a luz” (ou a câmera), ou seja, “buscar uma perspectiva
que possibilite dizer algo que ainda não foi dito, ou rever sob outra visão, o
que já foi dito sobre o tema que você pretende investigar.” (p.25)

Evite:

Tema que fale de muitas coisas;


Questões que envolvam juízo de valor;
Simples suspeitas, vagas sensações, primeiras impressões.

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O método científico e a pesquisa

Como formular um problema?


Não é fácil formular um problema. Para alguns, isso implica o exercício
de certa capacidade que não é muito comum nos seres humanos. Todavia,
não há como deixar de reconhecer que o treinamento desempenha papel
fundamental nesse processo.

Existem algumas condições que facilitam essa tarefa, tais como: imersão
sistemática no objeto, estudo da literatura existente e discussão com ­pessoas
que acumulam muita experiência prática no campo de estudo.

Algumas regras práticas para a formulação de problemas científicos:


(GIL,1996, p.29)

O problema deve ser formulado como pergunta


Exemplo: Se alguém disser que vai pesquisar a “falência das empre-
sas”, pouco estará dizendo. Mas, se propuser: “Que fatores provocam a
falência das empresas?”, então estará efetivamente propondo um pro-
blema de pesquisa.

O problema deve ser claro e preciso


Exemplo: “Como funciona a mente?” Esse não é um problema claro, e
também não é preciso, portanto, não pode ser proposto. Ele deve ser
reformulado para: “Que mecanismos psicológicos podem ser identifi-
cados no processo de memorização?”

O problema deve ser empírico


Os problemas científicos não devem se referir a valores. Exemplo:
“Os alunos de escolas particulares são mais inteligentes que os alunos
de escolas públicas?”. Problemas desse tipo conduzem a julgamentos
morais e, conseqüentemente, a considerações subjetivas, invalidando
os propósitos da investigação científica, a qual deve ser objetiva.

O problema deve ser suscetível de solução


Para formular adequadamente um problema é preciso que se tenha
idéia de como seria possível coletar os dados necessários à sua reso-
lução. Exemplo: “Ligando-se o nervo ótico às áreas auditivas do cérebro,
a visão seria sentida auditivamente?”. Essa pergunta só poderia ser res-
pondida se a tecnologia dispusesse de instrumentos capazes de obter
tais dados, portanto, não é possível de ser realizada.

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Metodologia do Trabalho Científico

O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável


Exemplo: “Em que pensam os jovens?” É um problema muito amplo.
Seria necessário delimitar a população de jovens a serem pesquisados:
faixa etária, localidade abrangida etc. (GIL, 1996, p.32)

Caso o problema proposto não se adapte a essas regras, não precisa ser
afastado. O melhor é proceder à sua reformulação ou esclarecimento.

Como construir hipóteses?


Após a colocação de um problema solucionável, o passo seguinte con-
siste em oferecer uma solução possível, através de uma proposição que será
declarada verdadeira ou falsa ao final da pesquisa. A essa proposição dá-se o
nome de hipótese. Assim, a hipótese é a proposição testável que pode vir a
ser a solução do problema.

Como ilustração considere-se o seguinte problema: Quem se interessa


por Marketing? A hipótese poderia ser a seguinte: “Pessoas que trabalham
em campanhas publicitárias tendem a manifestar interesse por Marketing”.
Suponha-se que mediante a coleta e a análise dos dados a hipótese tenha
sido confirmada. Nesse caso, o problema terá sido solucionado porque a per-
gunta formulada pôde ser respondida. Pode ocorrer, no entanto, que não se
consiga obter informações claras que indiquem ser aquela qualidade fator
determinante no interesse por Marketing. “Neste caso, a hipótese não terá
sido confirmada e, conseqüentemente, o problema não terá sido soluciona-
do.” (GIL, 1996, p.35)

Não há regras para se construir hipóteses. Seu processo de elaboração


é de natureza criativa, por essa razão, é freqüentemente associado a certa
qualidade de “gênio”. Entretanto, em boa parte dos casos a qualidade mais
requerida do pesquisador é a experiência na área (GIL, 1996).

Variáveis
O pesquisador científico precisa determinar quais são os componentes
dos elementos que serão investigados bem como a precisão utilizada para
a mensuração do objeto de estudo. Para tanto, é necessário determinar as
variáveis da pesquisa para que estas possam permitir maior clareza e confia-
bilidade nos resultados da pesquisa.

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O método científico e a pesquisa

O termo variável é muito empregado na linguagem científica. Seu ob-


jetivo é o de conferir maior precisão aos enunciados científicos, sejam eles
hipóteses, teorias, leis, princípios ou generalizações (GIL, 1996).

O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes


aspectos, valores e posições, segundo os casos particulares ou as circunstân-
cias. Assim, a idade é uma variável porque pode abranger diferentes valores.
Outros exemplos de variáveis podem ser estatura, peso, sexo, temperatura,
classe social, salário, profissão, cor etc., desde que se destaquem os valores
que contêm.

Podem-se destacar as variáveis de duas formas específicas. A primeira é


aquela em que as variáveis não descrevem nenhuma função. Esse tipo de
variável é chamada de genérica. É o que acontece na pesquisa descritiva, em
que não existem relações entre as diversas variáveis. Exemplo:

“O conceito que os alunos de Economia têm sobre desenvolvimento


econômico.”
Variáveis: nível social da família, religião, contato anterior com a área.

A segunda forma de se nomear as variáveis é aquela que considera sua


função na relação causa-efeito. É o que acontece na pesquisa experimental,
em que existem relações entre as variáveis, que podem ser de causa, depen-
dência, influência etc. Exemplo:

“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos


filhos.”
Variável independente (VI): classe social
Variável dependente (VD): tempo de amamentação

De acordo com a sua função na relação causa-efeito, as variáveis podem


ser classificadas em três tipos: variável independente, variável dependente e
variável interveniente.

Variável Independente (VI) é o fator que, provavelmente, será o res-


ponsável (causa) pelas modificações em outro fenômeno observado e
sempre antecede o efeito no tempo. É aquilo que se supõe ser a causa.
Recebe a denominação de variável independente por não possuir ne-
nhuma condição anterior necessária para a sua ocorrência.

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Metodologia do Trabalho Científico

Variável Dependente (VD) é o fator que, provavelmente, será altera-


do pelo experimento (efeito). O efeito recebe a nomenclatura de va-
riável dependente, uma vez que depende diretamente da causa (VI).
Existe uma relação direta de dependência desta variável em relação à
variável independente (VI). Sem a ocorrência da VI não haverá ocor-
rência da VD.

Variável Interveniente (VIn) é o fator que modifica a variável depen-


dente sem que tenha havido modificação na variável independente.
Apesar de não ser manipulada ou deliberadamente incluída pelo pes-
quisador, ocorreu (ou pode vir a ocorrer) e influenciou na variabilida-
de dos dados assumidos pela VD. A variável interveniente recebe esse
nome uma vez que, quando ocorre, ela intervém na relação entre a VI e
a VD, alterando essa relação. A variável interveniente só ocorre por dois
motivos: por conta do acaso ou por erro do pesquisador. (CAMPOS,
2001). Exemplo:

“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação


dos filhos.”
Suponha-se que nesta experiência, depois de um número “x” de
participantes, o pesquisador já tenha os dados indicando a validade
da sua experiência. Entretanto, na testagem das próximas 5 partici-
pantes, o pesquisador percebe que nem houve amamentação porque
as mães eram portadoras do vírus HIV (condição não observada no
restante do grupo). Neste caso, a experiência falhou, e revelou a “con-
taminação pelo HIV” como uma variável interveniente (VIn).

A percepção acerca da função das variáveis é fundamental nas relações


causais, sendo importante que o pesquisador garanta que os resultados não
sejam explicados pela ocorrência de uma variável interveniente. É preciso
tomar cuidado e garantir que não haja nenhuma interferência externa que
possa influir na relação que se deseja testar.

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O método científico e a pesquisa

Atividades de aplicação
1. Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta um tema para
estudo, extraído da sua área de atuação profissional. Após a discussão,
cada aluno defende a sua idéia, explicando a importância do tema e a
sua viabilidade de estudo ou pesquisa.

2. Imagine que numa pesquisa a respeito do analfabetismo, temos a se-


guinte hipótese: “Países economicamente desenvolvidos apresentam
baixos índices de analfabetismo”. A partir dessa hipótese, aponte as
variáveis existentes e explique o porquê.

3. Leitura do livro: GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pes-


quisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
Nessa obra o autor expõe, de maneira clara e direta, vários procedi-
mentos pertinentes à elaboração de um projeto de pesquisa. As orien-
tações são práticas, uma vez que esclarecem e facilitam o trabalho de
pesquisa do estudante.

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Métodos quantitativos,
qualitativos e coleta de dados

Método quantitativo
É aquele que se baseia em dados mensuráveis das variáveis, procurando
verificar e explicar sua existência, relação ou influência sobre outra variável.
Quando uma pesquisa se vale desse tipo de método, ela busca analisar a
freqüência de ocorrência para medir a veracidade ou não daquilo que está
sendo investigado.

Esse método utiliza técnicas específicas de mensuração, tais como ques-


tionários com respostas de múltipla escolha, por exemplo. Faz uso de cálcu-
los de média e proporções, elaboração de índices e escalas, procedimentos
estatísticos.

Esse caminho de investigação exige um número significativo de partici-


pantes para que se possa produzir dados. A pesquisa quantitativa procura
estabelecer uma regra, um princípio, algo que reflita a uniformidade do fe-
nômeno (ou parte dele), preocupando-se com o que é comum à maioria das
situações (CAMPOS, 2001). A pesquisa quantitativa é adequada para a regu-
laridade de um fenômeno e não as suas possíveis exceções.

Método qualitativo
Recebe esse nome pelo fato de se fundamentar em uma estratégia baseada
em dados coletados em interações sociais ou interpessoais, analisadas a
partir dos significados que participantes e/ou pesquisador atribuem ao fato
(CHIZZOTI, apud CAMPOS, 2001). Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador se
propõe a participar, compreender e interpretar as informações.

Os recursos disponíveis para esse tipo de método são entrevistas, ob-


servações, questionários abertos, interpretação de formas de expressão
visual como fotografias e pinturas, e estudos de caso. Os procedimentos são
interpretativos.

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Metodologia do Trabalho Científico

O método qualitativo recebe muitas críticas por se considerar que o pes-


quisador, como única fonte de interpretação dos dados, pode não ter um
nível de compreensão científica significativa exigida para tal desempenho.
Além disso, ele pode imprimir a sua subjetividade na análise dos resultados
impedindo, dessa forma, a sua replicação, uma vez que outro pesquisador
não observará necessariamente os mesmos aspectos do pesquisador origi-
nal. Todas essas questões poderiam comprometer a cientificidade das con-
clusões do estudo.

De qualquer maneira, é o pesquisador que deve decidir, de acordo com a


natureza da sua pesquisa, qual método adotar. O importante nessa escolha
é o rigor científico aplicado ao longo da experiência e a coerência absoluta
com os seus objetivos preestabelecidos. Ademais, sabe-se que os dois
métodos têm a possibilidade de se complementar, oferecendo resultados
que possam ser cruzados em diferentes etapas de uma outra pesquisa. Por
exemplo: dados decorrentes de análises quantitativas podem contribuir com
estudos qualitativos.

Coleta de dados
A coleta de dados é a fase da pesquisa que tem por objetivo obter informa-
ções sobre a realidade. Conforme as informações necessárias, existem diversos
instrumentos e formas de operá-los. Nas ciências humanas, o questionário e a
entrevista são os mais freqüentes instrumentos para coleta de dados. As suas
respostas dão ao pesquisador a informação necessária para o desenvolvimen-
to do estudo. “O conhecimento assim obtido refere-se à expressão verbal do
fato, pelo entrevistado, sendo que na maioria das vezes, o pesquisador não
observou os acontecimentos diretamente” (DENKER, 1998, p.137).

Entrevista

A entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com


um grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obtenção
de informações de pesquisa. É uma conversa orientada para um objetivo de-
finido, como receber informações relacionadas a um determinado assunto,
por exemplo.

As perguntas são feitas oralmente e as respostas são registradas pelo pes-


quisador, por escrito ou com um gravador, se o entrevistado assim o permitir.

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Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

É importante lembrar que o entrevistador deve apenas coletar dados, e não


os discutir com o entrevistado. Disso se conclui que o entrevistador deve
falar pouco e ouvir muito. A entrevista pode ser:

Estruturada

Consiste de perguntas determinadas, isto é, apresenta uma série de per-


guntas conforme um roteiro pré-estabelecido. Esse roteiro deverá ser aplica-
do a todos os entrevistados, sem alteração do teor ou da ordem das pergun-
tas, a fim de que se possam comparar as diferenças entre as respostas dos
vários entrevistados.

Não-estruturada

Consiste de uma conversação informal que pode ser alimentada por per-
guntas abertas ou de sentido genérico, proporcionando maior liberdade
para o entrevistado. Esse tipo de entrevista é mais difícil de ser tabulada. Há
uma dificuldade de contar com pesquisadores preparados para essa tarefa;
por essa razão, o mais recomendável é a utilização da entrevista estruturada.
Exemplo de pergunta não-estruturada:

1. Em sua opinião, o que é turismo e como ele pode contribuir para o de-
senvolvimento dos municípios?
2. Conhece as leis de incentivo fiscal ao turismo?
Em caso afirmativo: Qual é a sua opinião sobre esse incentivo?

Vantagens da entrevista

Por sua flexibilidade, permite maior sinceridade de expressão, adequa-


da para obter informações de indivíduos mais complexos e emotivos,
ou para comprovar os sentimentos subjacentes a uma opinião.

As perguntas são melhor entendidas e as informações são mais


precisas.

Aplicável a analfabetos.

Permite observação e registro sobre aparência, comportamento e ati-


tudes do entrevistado.

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Metodologia do Trabalho Científico

Desvantagens da entrevista

São mais dispendiosas e demoradas.

Precisam de mais habilidade para a aplicação.

O respondente tem mais inibição.

Devido à flexibilidade, é difícil a comparação entre uma entrevista e


outra.

Questionário

O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita


medir com exatidão o que se deseja. A finalidade do questionário é obter,
de maneira sistemática e ordenada, informações sobre as variáveis que in-
tervêm em uma investigação, em relação à uma população ou amostra
determinada.

Essas informações dizem respeito, por exemplo, a quem são as pessoas, o


que fazem, o que pensam, suas opiniões, sentimentos, esperanças, desejos etc.

Os questionários são impressos e respondidos pelos participantes, de-


vendo por esse motivo constar no seu início uma explicação resumida dos
objetivos da pesquisa, instrução para o preenchimento e agradecimento.
Boa parte do êxito da investigação depende da redação do questionário,
que deve conter um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas
com um problema central (DENCKER, 1998).

Como elaborar um questionário

perguntas ordenadas em seqüência lógica;

perguntas que realmente tenham relação com o objetivo de estudo;

começar com perguntas fáceis, deixando as mais difíceis para o fim;

começar com perguntas mais impessoais, deixando as de cunho mais


íntimo para o fim;

verificar se o participante tem condições de responder às questões.

No início do questionário, colocar as informações que servem para carac-


terizar o informante: sexo, idade, estado civil. No caso de solicitar-se o nome,

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Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

verificar se a identificação do respondente é necessária. Quando o partici-


pante não é identificado, as respostas são mais livres e sinceras.

Quanto ao tipo de perguntas, elas podem ser:

Fechadas: (ou com alternativas fixas) são aquelas que limitam as res-
postas às alternativas apresentadas – são muito usadas. Podem ter
apenas duas alternativas: sim e não (dicotômicas), ou várias. Desti-
nam-se a obter respostas mais precisas. Exemplo:

Seu nível de escolaridade é de:


1.º Grau 2.º Grau Graduação Pós-graduação

Abertas: destinam-se a obter uma resposta livre. Exemplo:

De que você gosta mais na cidade?

As respostas fechadas são padronizadas, de fácil aplicação, fáceis de codi-


ficar e analisar, porém oferecem dados menos exatos. As perguntas abertas
são destinadas à obtenção de respostas livres. Embora possibilitem recolher
dados ou informações mais ricas e variadas, são codificadas e analisadas com
maiores dificuldades. (CERVO; BERVIAN, 1996)

Vantagens do questionário

mais rápido;

grande número de participantes;

obtém dados de longe;

menos inibição do respondente.

Desvantagens do questionário

perguntas mal interpretadas ou dados inexatos;

não aplicável a analfabetos;

sem observações complementares.

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Metodologia do Trabalho Científico

Idas a campo

Depois de feita a opção quanto à coleta de dados, se por meio de en-


trevistas ou questionários, é preciso montar um cronograma para as idas a
campo, de forma a organizar as visitas e não se perder com os prazos pre-
estabelecidos para a apresentação dos resultados finais da pesquisa. Veja o
exemplo:

Cronograma de idas a campo


DATA HORÁRIO ATIVIDADE OBJETIVO OBSERVAÇÃO
Teste piloto/
13/08/03 10h Entrevistas Coleta de dados
2 perguntas
27/08/03 10h Entrevistas Coleta de dados 5 perguntas
10/09/03 10h Entrevistas Coleta de dados idem
24/09/03 10h Entrevistas Coleta de dados idem
08/10/03 10h Entrevistas Análise de dados idem
Redação do
22/10/03 10h Entrevistas
Relatório final
FONSECA, 2007.

Descrição dos resultados

Os resultados deverão ser apresentados de acordo com a sua análise estatís-


tica, incorporando-se no texto apenas as tabelas, os quadros, os gráficos e outras
ilustrações estritamente necessárias à compreensão do desenrolar do raciocínio;
os demais deverão constar em apêndice (MARCONI; LAKATOS, 2001).

Discussão e interpretação dos resultados

Após a descrição dos resultados, proceder à discussão e à interpretação


dos mesmos, que consiste em expressar o verdadeiro significado do material
em termos do propósito do estudo. O pesquisador deverá fazer as ligações
lógicas e comparações, enunciar princípios e fazer generalizações.

A discussão e a interpretação dos resultados devem ser realizadas à luz


das teorias científicas expostas na fundamentação teórica do estudo. É preci-
so ponderar todos os aspectos importantes revelados pela pesquisa, compa-
rando-se o que era teoricamente esperado com aquilo que foi efetivamente
observado. É importante que, nessa fase do processo, se faça uma releitura
criteriosa de todas as informações teóricas obtidas e uma reflexão acerca dos
resultados e da pesquisa como um todo.

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Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

Nessa etapa o pesquisador deve esclarecer se a hipótese inicial da pes-


quisa foi, ou não, confirmada pelos resultados obtidos, sem superestimar
ou subestimar os mesmos. Além disso, o pesquisador deve tomar medidas
que garantam a boa compreensão e discussão dos resultados: isso inclui a
elaboração de um texto bem estruturado gramaticalmente e o uso de uma
linguagem científica adequada.

Conclusões

As conclusões devem responder diretamente aos objetivos da pesquisa,


ou seja, retomar os objetivos e responder a cada um deles, de forma sintética
e direta. Após as conclusões, o pesquisador deve dar sugestões para pesqui-
sas futuras na área, com base na pesquisa que acaba de concluir.

Ampliando seus conhecimentos

O pesquisador, o problema da pesquisa, a escolha de técnicas:


algumas reflexões
Maria Isaura Pereira de Queiroz, 1992, p. 16-17.

Nas primeiras décadas do século XX, observava-se já que as ciências exatas e na-
turais não estavam mais tão certas e seguras em suas perspectivas e em seus resul-
tados quanto se imaginara. Verificava-se pouco a pouco que as descobertas consi-
deradas científicas sofriam também influências e limitações da coletividade a que o
investigador pertencia, assim como das próprias qualidades e preparo do mesmo; o
conteúdo do seu saber estava assim condicionado pela sua inserção numa socieda-
de, e também pelas circunstâncias de tempo e de espaço. A objetividade não podia
ser, em seus resultados, tão indubitável quanto se acreditara, e as técnicas quanti-
tativas não fugiam às injunções de tempo, de espaço, de predicados variados nas
conclusões a que chegavam, reunindo-se neste aspecto às qualitativas.

Admitia-se agora que em toda ciência, em todo conhecimento a ela ligado, o fator
qualidade vinha em primeiro lugar: era a qualidade que fazia uma coisa se distinguir
de todas as demais; que fazia as ciências e os conhecimentos terem suas caracterís-
ticas próprias. A qualidade, composta pelos aspectos sensíveis de uma coisa ou de
um fenômeno naquilo que a percepção pode captar, constitui assim o que é funda-
mental em qualquer estudo ou pesquisa, pois é o ponto de partida para qualquer
um deles. Todo cientista, ao determinar o tema de sua pesquisa, se encontra inserido
num universo físico, social e intelectual que a delimita; é também por meio da per-
cepção do que neste universo existe que formula o que pretende investigar. Nesta

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Metodologia do Trabalho Científico

fase primordial domina o diferenciável, isto é, aquilo que é plenamente qualitativo,


e não a uniformidade quantificável.

Para poder operar neste nível mais alto, necessita o pesquisador de uma forma-
ção específica que lhe permita a tomada consciente de uma posição determinada
no conjunto de conhecimentos que são os seus, oriundos de sua experiência, mas
ampliada pelo saber já acumulado pelas ciências em geral e por sua ciência em par-
ticular. Deve ter (...) diagnosticado sua própria posição nas diversas correntes de
pensamento de sua disciplina; distinguido a variedade de técnicas de que poderá
lançar mão no decorrer do trabalho e as limitações de cada uma, a fim de escolher
as mais eficientes na solução de seu problema. Os cientistas (...) devem, portanto, ter
uma formação teórica específica.

Atividades de aplicação
1. Em que circunstâncias torna-se necessária a utilização de questionários?

2. Quais os cuidados necessários para a elaboração de um questionário?

3. Faça uma pesquisa com sua família, com entrevistas. Anote o depoi-
mento de seus familiares acerca de um acontecimento histórico que
tenham presenciado. Compare os depoimentos entre si e com a versão
oficial existente nos livros de história. Qual é a sua conclusão?

4. Assista A lista de Schindler (EUA, 1993. Dirigido por Steven Spielberg.


Duração 195 min.). Durante a Segunda Guerra Mundial, um industrial
alemão recruta centenas de judeus para o trabalho em sua fábrica de
panelas, salvando-os dos campos de concentração nazistas. O filme é
inspirado em fatos reais.
Discuta a importância da fotografia, dos depoimentos orais e dos re-
gistros escritos para a reconstituição dos crimes nazistas retratados no
filme.

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Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados

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Estrutura de um projeto
e técnicas de leitura

Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações


desenvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas. De
modo geral concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa,
que envolve a formulação do problema, a especificação de seus objetivos,
a construção de hipóteses, a operacionalização dos conceitos etc. O plane-
jamento deve envolver também os aspectos referentes ao tempo a ser des-
pendido na pesquisa bem como aos recursos humanos, materiais e financei-
ros necessários à sua efetivação.

A moderna concepção de planejamento envolve quatro elementos ne-


cessários à sua compreensão: processo, eficiência, metas e prazos.

O projeto interessa, sobretudo, ao pesquisador e à sua equipe, já que


apresenta o roteiro das ações a serem desenvolvidas ao longo da pesquisa.
Para quem contrata os serviços de pesquisa, o projeto constitui documento
fundamental, posto que esclarece o que será pesquisado e apresenta a esti-
mativa dos custos.

Projeto de pesquisa – segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 215), “proje-


to é uma das etapas componentes do processo de elaboração, execução e
apresentação da pesquisa”. Esta necessita ser planejada com extremo rigor,
caso contrário o investigador, em determinada altura, encontrar-se-á perdido
num emaranhado de dados colhidos, sem saber como dispor dos mesmos
ou até desconhecendo seu significado e importância.

Não existem regras fixas acerca da elaboração de um projeto. Sua estru-


tura é determinada pelo tipo de problema a ser pesquisado e também pelo
estilo de seus autores. É necessário que o projeto esclareça como se proces-
sará a pesquisa, quais as etapas que serão desenvolvidas e quais os recursos
que devem ser alocados para atingir seus objetivos. “É necessário, também,
que o projeto seja suficientemente detalhado para proporcionar a avaliação
do processo de pesquisa” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 215).

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Metodologia do Trabalho Científico

Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa

Capa
Autor, título, cidade, ano.

Folha de rosto
Autor; título; texto explicativo sobre o projeto, mencionando o órgão (ou
instituição) ao qual se destina o projeto; orientador, cidade, ano.

Introdução
Expõe e delimita o tema a ser estudado/pesquisado.

Justificativa
Expõe a relevância acadêmica ou social do tema apresentado. Apresenta as
razões de ordem teórica e/ou prática que justificam a realização da pesquisa.

Problema
Deve ser apresentado como uma pergunta específica – focada e delimi-
tada – sobre o tema a ser estudado. Essa pergunta deve ser clara, objetiva e
suscetível de solução.

Hipótese(s)
Deve propor uma resposta para a pergunta estabelecida no problema.
Essa resposta deve oferecer uma solução possível ao problema, que será de-
clarada falsa ou verdadeira ao final da pesquisa.

Objetivos
Relatam o que se pretende alcançar com o desenvolvimento da pesquisa.
Os objetivos dividem-se em: geral e específicos.

Objetivo geral: relata onde se quer chegar com a pesquisa apresenta-


da, isto é, qual o resultado final (geral) que se procura alcançar. Elabo-
rado num um único parágrafo e iniciando sempre com um verbo de
ação no infinitivo. (exemplos: analisar..., avaliar..., averiguar..., compa-
rar..., compreender..., conhecer..., demonstrar..., desenvolver..., distin-
guir..., empregar..., estudar..., expor..., identificar..., interpretar..., intro-
duzir..., observar..., propor... etc.).
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Estruturas de um projeto e técnicas de leitura

Objetivos específicos: relatam os passos específicos para se alcançar


o objetivo geral. Cada objetivo deve iniciar com um verbo de ação no
infinitivo, conforme descrito no item anterior.

Método
Descreve o método de abordagem, ou seja, o tipo de pesquisa a ser utili-
zado e os elementos necessários para a sua realização.

Participantes: (quem? onde? quando?) delimita o universo a ser pes-


quisado. Quem e quantos serão os indivíduos que serão estudados na
pesquisa, indicando sexo e idade. Indica, também, o local e a data da
pesquisa.

Instrumentos: (com quê?) descreve os instrumentos utilizados para


fazer a pesquisa, isto é, questionários, entrevistas, formulários, fotos.

Procedimentos: (como?) descreve como os indivíduos serão avalia-


dos, em que situação e momento a pesquisa será feita.

Análise de dados: descreve sinteticamente o modo de organização e


análise das informações encontradas. Dá uma explicação acerca da ta-
bulação dos dados (aspectos quantitativos, estatísticos) e critérios de
análise e julgamento. No caso da utilização de softwares específicos,
indicar nomes e fontes dos mesmos.

Cronograma

É um esclarecimento e um controle do tempo necessário ao desenvol-


vimento da pesquisa. Detalha as diferentes fases do projeto, apresentando
numa tabela, o período correspondente a cada atividade da execução do
projeto. Exemplo:

ATIVIDADES MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV
Pesquisa bibliográfica X X X X X X X
Redação parcial X X X X X X
Pesquisa de campo X X
Tabulação dos dados X X
Interpretação dos dados X
Conclusões X X
Redação final X X X
Apresentação final X
FONSECA, 2007.
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Metodologia do Trabalho Científico

Referencial teórico
(também chamado de Marco Teórico ou Fundamentação Teórica)

Indica a teoria ou as teorias de outros autores que fornecem a orientação


geral da pesquisa. Aqui, é necessário que o pesquisador utilize algumas téc-
nicas adequadas de leitura para obter uma fundamentação teórica consis-
tente à pesquisa. Além disso, toda e qualquer informação utilizada no traba-
lho deve indicar a fonte de onde foi retirada, conforme as normas da ABNT.

Referências

Indicam todas as obras consultadas e mencionadas no projeto, principal-


mente no Referencial Teórico. Para tanto, devem seguir as orientações nas
Normas da ABNT.

Os elementos de um projeto são, geralmente, assim distribuídos e


numerados

Capa (uma lauda)

Folha de rosto (uma lauda)

1 INTRODUÇÃO (inicia numa nova lauda)

1.1 JUSTIFICATIVA (continua na mesma lauda)

1.2 PROBLEMA (continua na seqüência da mesma lauda)

1.3 HIPÓTESE (continua na seqüência da mesma lauda)

1.4 OBJETIVO GERAL (continua na seqüência da mesma lauda)

1.4.1 Objetivos específicos (continuam na seqüência da mesma lauda)

1.5 MÉTODO (continua na seqüência da mesma lauda)

1.6 CRONOGRAMA (continua na seqüência da mesma lauda)

2 REFERENCIAL TEÓRICO (inicia numa nova lauda)

3 REFERÊNCIAS (iniciam numa nova lauda)

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Estruturas de um projeto e técnicas de leitura

Atenção para:
a ordem e a numeração dos itens.
o uso de letras maiúsculas e minúsculas.
o uso de negrito ou não-negrito.
digitação: letra Arial ou Times New Roman – 12, espaço 1,5.

De acordo com Fonseca (2007), convém lembrar que a ordem dessas


etapas não é absolutamente rígida. Em muitos casos, é possível simplificá-
la ou modificá-la. Essa é uma decisão que cabe ao pesquisador, que poderá
adaptar o esquema às situações específicas.
Um projeto só pode ser definitivamente elaborado quando se tem o problema claramente
formulado, os objetivos bem determinados, assim como o plano de coleta e análise de
dados (GIL, 1996, p. 23).

Técnicas de leitura
A leitura é um fator decisivo de estudo, não é tarefa, é cultura. A leitura
propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas
ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematiza-
ção do pensamento, o enriquecimento de vocabulário e o melhor entendi-
mento do conteúdo das obras (LAKATOS; MARCONI, 1991).

É necessário ler muito, e sempre, pois a maior parte dos conhecimentos é


obtida por intermédio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar,
distinguir os elementos mais importantes dos secundários. A leitura propor-
ciona ao leitor uma compreensão melhor do mundo, capacitando-o a criti-
car, comparar e selecionar a informação que necessita.

Na busca do material adequado para a leitura, é preciso identificar o


texto. Para tal, existem vários elementos auxiliares, como segue: (LAKATOS;
MARCONI, 1991)

Título – acompanhado ou não por subtítulo, estabelece o assunto.

A data da publicação – fornece elementos para certificar-se de sua atuali-


zação e aceitação (número de edições).

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Metodologia do Trabalho Científico

A “orelha” ou contracapa – permite verificar as credenciais ou qualifica-


ções do autor.

O índice ou sumário – apresenta tanto os tópicos abordados na obra


quanto as divisões a que o assunto está sujeito.

A introdução, prefácio ou nota do autor – propicia indícios sobre os ob-


jetivos do autor e, geralmente, da metodologia por ele empregada.

A bibliografia – tanto final quanto as citações de rodapé, permite obter


uma idéia das obras consultadas e suas características gerais.

Uma leitura deve ser proveitosa e trazer resultados satisfatórios. Para tal,
alguns aspectos são fundamentais, como: atenção, intenção, reflexão, espíri-
to crítico, análise e síntese. Uma leitura de estudo deve ser realizada com um
objetivo ou propósito para que o conhecimento gerado possa ser avaliado,
discutido e aplicado.

Objetivos da leitura

De acordo com Lakatos e Marconi (1991), existem algumas maneiras e


objetivos para lidar com um texto:

encontrar frases ou palavras-chave;

captar a idéia geral, sem entrar em minúcias;

obter uma visão ampla do conteúdo, principalmente do que interessa;

absorver o conteúdo e todos os seus significados, lendo e relendo, se


necessário;
estudar e formar um ponto de vista sobre o texto – leitura crítica.

Análise de texto

Analisar um texto significa estudar, decompor, dividir ou interpretar. A


análise de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada
realidade. Esse processo implica na decomposição das partes do texto para
um estudo mais completo, determinando as relações entre as idéias e com-
preendendo a maneira pela qual estão organizadas; estruturando as idéias
de maneira hierárquica.
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Estruturas de um projeto e técnicas de leitura

É a análise que vai permitir observar os componentes de um conjunto,


perceber suas possíveis relações, ou seja, passar de uma idéia-chave para um
conjunto de idéias mais específicas, passar à generalização e, finalmente, à
crítica (LAKATOS; MARCONI, 1991).

Existem diferentes tipos de análise de texto:

Leitura rápida: assinala-se as expressões e palavras importantes para


se ter uma visão global do texto.

Compreensão de texto: separa-se as idéias centrais das secundárias.


Procede-se a correlação entre elas e busca-se a compreensão do con-
teúdo do texto.

Interpretação e crítica: correlaciona-se as idéias do autor com outras


sobre o mesmo tema. Faz-se uma crítica fundamentada em argumen-
tos válidos, lógicos e convincentes.

Problematização: debate-se as questões do texto. Coloca-se opiniões


pessoais sobre o texto, mas fundamentadas em outras obras e autores.
Pode-se levantar novas questões pertinentes ao texto.

Ampliando seus conhecimentos

Importância da leitura
João Álvaro Ruiz, 2002, p.34-35.

Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos estudos. É preciso ler e, princi-
palmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar apon-
tamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental para os
que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas. É muito
importante participar das aulas; elas não circunscrevem, não limitam; ao contrário,
abrem horizontes para as grandes caminhadas do aluno que leva a sério seus estu-
dos e quer atingir resultados plenos de seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras
desenvolvem programas de pesquisa bibliográfica para que o aluno desenvolva
temas e reconstrua ativamente o que outros já construíram. Para elaborar trabalhos
de pesquisa, é necessário ir às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito e,
principalmente, ler bem. Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mes-
tres apresentam criteriosa bibliografia; alguns livros são básicos, ou de leitura obri-
gatória, para quem quer colher todo fruto das aulas; outros são mais especializados
ou se concentram em algum item do programa, e pode, entre os tratados gerais

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Metodologia do Trabalho Científico

de consulta obrigatória, ser indicado um, como livro de texto. A indicação do livro
de texto tem vantagens e inconvenientes cuja análise ultrapassaria os limites que
este compêndio impõe. Diremos, apenas, que o livro de texto é muito bom para a
preparação da aula, mas que o aluno não pode ater-se exclusivamente a ele. Timeo
hominem unius libri, diziam os antigos. Devemos temer o homem de um livro só. É ne-
cessário abeberar-se de outras fontes mais amplas, mais especializadas sobre cada
tema ou sobre cada pormenor dos programas.

Se não é possível pensar em fazer um bom curso sem descobrir ou fazer aparecer
espaços de tempo para o estudo extra-aula e se é necessário programar criteriosa-
mente a utilização desse tempo, não seria igualmente impossível pensar em fazer
um bom curso sem ter à mão boas fontes de leitura? É possível que se pretenda
fazer um curso universitário sem freqüentar bibliotecas ou sem adquirir, ao menos,
os livros básicos para cada programa?

A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo


cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de
comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com
formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado.
Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo
que não se atingiu. E, ao terminar um curso superior, deveríamos não só estar capa-
citados a repetir o que foi aprendido na faculdade, como também estar habilitados
a desenvolver, através de pesquisas, temas nunca abordados em aula. Deveríamos
ser uma pequena fonte, não um pequeno depósito de conhecimentos, ou mero en-
canamento por onde as coisas apenas passam.

É preciso ler, ler muito, ler bem.

É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-Io. É necessário iniciar
este trabalho com determinação e perseverar nele; o crescimento cultural tem crises
como o crescimento físico; quem não sente apetite não deve deixar de alimentar-se;
comprometeria sua saúde. Também na leitura trabalhada devemos ser perseveran-
tes; só esta perseverança garantirá aquela espécie de saltos de integração de dados,
que se vão acumulando e associando como frutos da leitura continuada.

Atividades de aplicação
a) Em grupos de três ou quatro colegas, discutam e estabeleçam a exis-
tência de um “problema” a ser resolvido em sua cidade. Em seguida
apontem uma “justificativa” para o estudo de tal problema e finalmen-
te apresentem uma “hipótese” para a solução desse problema.

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Estruturas de um projeto e técnicas de leitura

b) Selecione um livro científico qualquer de seu interesse. Identifique


neste livro, os vários elementos existentes, tais como: título, data de
publicação, contracapa, índice (ou sumário), introdução (prefácio ou
nota do autor) e bibliografia. Após a análise desses itens, apresente a
sua opinião a respeito dessa obra como fonte de leitura e informação
científica.

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Estilo e redação de um texto,
observação e linguagem científica

O texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças. Um


bom texto se produz pelo encadeamento semântico de suas sentenças e
pela relação harmoniosa entre os pensamentos ou idéias apresentadas.

A clareza de um texto, em geral, está relacionada com o uso de parágrafos


bem estruturados, com frases curtas, utilização de vocabulário simples (não
técnico) e eliminação de palavras desnecessárias. Esses itens devem estar
reunidos com coesão e coerência.

Parágrafo
O parágrafo tem, antes de tudo, uma importância visual. O texto dividido
em parágrafos “descansa” a vista do leitor, impedindo que o olhar se perca
num emaranhado sem fim de linhas. Compare as duas formas seguintes:

(a) (b)

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxx. xxxxxxxxxxxx xxxx xx xxxx xx

O parágrafo é a unidade do discurso que tem em vista atingir um objeti-


vo. Em geral, idéias novas compreendem parágrafos diversos, assim, quando
mudar de assunto, abra novo parágrafo.

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Metodologia do Trabalho Científico

A transposição de um parágrafo para outro pode ser feita mediante a re-


petição, que consiste em iniciar o novo parágrafo com o vocábulo ou com a
idéia de real importância do parágrafo anterior.

Uma das técnicas recomendadas para manter a unidade do texto é a utili-


zação do tópico frasal. Para atrair a atenção do receptor, antes da elaboração
da frase inicial do parágrafo, é necessário preocupar-se com a delimitação do
assunto. Determinar uma idéia central para um texto e procurar torná-la a
mais restrita possível. Escrever de modo que a idéia do parágrafo seja identi-
ficada rapidamente (através do tópico frasal). As frases do parágrafo devem
estar intimamente inter-relacionadas, de tal modo que todas busquem al-
cançar o objetivo predeterminado.

O tópico frasal em um parágrafo funciona como uma frase que resume


todo o pensamento que será desenvolvido no corpo do parágrafo ou nos pa-
rágrafos seguintes. Se no desenvolvimento desse parágrafo surgirem idéias
que não foram expostas na frase inicial (tópico frasal), tal fato indica que será
melhor o redator abrir novo parágrafo.

Frases curtas
A frase curta apóia-se no fato de que é mais fácil assimilar uma idéia por vez. Os períodos
recheados de orações subordinadas, em geral, contém muitas idéias, tornando-se
complexos e de difícil entendimento. Freqüentemente, frases com 10 a 15 palavras são as
de decodificação mais simples. (MEDEIROS,1998, p.57).

“Sempre que possível, é preferível transformar uma frase longa


em várias unidades menores.”

Frases curtas possibilitam rápida compreensão. Terminada sua leitura, é


provável que o leitor já a tenha assimilado. Assim, quando passar à seguin-
te, já estará pronto para novas informações. Isso, entretanto, não quer dizer
que frases curtas produzem, por si mesmas, rápido entendimento. Além da
pequena extensão, outras características são necessárias, como: frases com-
postas de sujeito, verbo e complemento; vocabulário de domínio comum;
adequada transição entre as idéias (com o uso correto de conjunções).

Vocabulário
Evite o uso de palavras abstratas ou de conotação que envolvem precon­
ceito.
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Estilo e redação de um texto, observação e linguagem científica

Palavras abstratas: felicidade, liberdade.

Palavras que encerram juízo de valor: errado, bom, mau, certo,


agradável.

Palavras amplas de referencial impreciso: reacionário, comunista,


esquerda, direita.

Deve-se evitar a generalidade de sentido das palavras, que torna o dis-


curso vago, impreciso, inexpressivo. A vantagem em converter um vocabu-
lário genérico em específico está em concretizar os fatos, tornando-os reais,
precisos. Exemplo:

Prédio feio (excessivamente vago).


Prédio abandonado, sujo (menos vago).
Prédio abandonado, com rachaduras na estrutura, desabamento da
cobertura (concretização dos fatos).

Palavras desnecessárias ou vícios de linguagem


Brevidade e correção são as palavras de ordem. Por brevidade compreen-
de-se uma informação completa e de fácil decodificação, sem o uso de pala-
vras desnecessárias, que são vazias de conteúdo. Por correção compreende-se
o respeito das normas lingüísticas que vigoram nas classes cultas, evitando-se
o uso de palavras ou expressões erradas que empobrecem o texto.

JAMAIS FALE OU ESCREVA MAS SIM


- ele é de menor... - ele é menor...
- de formas que... - de forma que, de maneira que...
- a nível de... - abandone essa expressão!!!
- pra mim fazer, pra mim comer etc. - para eu fazer, para eu comer etc.
- fazem cinco anos... - faz cinco anos...
- ela tinha chego... - ela tinha chegado...
- ela, enquanto profissional, ... - ela, como profissional, ...
- no sentido de facilitar... - para facilitar...
- vou estar trabalhando amanhã... - vou trabalhar amanhã...
- ela está meia cansada... - ela está meio cansada...
- havia menas pessoas... - havia menos pessoas...

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Metodologia do Trabalho Científico

Coesão
O texto deve apresentar um encadeamento de palavras que fazem senti-
do quando combinadas.

Para definir melhor o que seja coesão, podemos dizer que se trata de uma
forma de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sen-
tença A. Exemplo:

(A) Pegue projetos de pesquisa.


(B) Coloque os projetos de pesquisa sobre a mesa.

Acima, A e B são sentenças distintas. Agora veja:

Pegue projetos de pesquisa e coloque-os sobre a mesa.

Essas sentenças, anteriormente distintas, agora formam um texto, pois há


intertextualidade entre elas. Elas estão interligadas pela conjunção “e” e o
pronome oblíquo “os”.

Um texto torna-se bem construído e coeso quando usamos os elementos


gramaticais ou coesivos (conjunções, pronomes, preposições e advérbios),
no interior das frases, de forma adequada. Se esses elementos de ligação
forem mal empregados, o texto não apresentará noção de conjunto, ou
ainda, sua linguagem se tornará ambígua e incoerente.

Portanto a coesão refere-se à forma ou à superfície de um texto. Ela é


mantida por meio de procedimentos gramaticais, isto é, pela escolha do co-
nectivo adequado na conexão dos diversos enunciados que compõem um
texto, tais como: informações, citações etc. (SARMENTO, 1999).

Conectivos que podem ser usados para introduzir uma citação


Na opinião de... ...exemplifica... ...explicita seus pressupostos...
De acordo com... ...quando afirma... ...alega que...

Afirma... ...conceitua... ...caracteriza...

Para... Segundo... Como descrito por...

Na visão de... Como caracteriza... Outro ensinamento de...

Do ponto de vista de... No dizer de... Em... encontra-se o seguinte


esclarecimento...

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Estilo e redação de um texto, observação e linguagem científica

Conectivos que podem ser usados no texto, em geral, de acordo com as diferentes situações
adição: e, nem, também, não só... mas também, além disso, em adição, ademais, acrescentando.
alternância: ou... ou, quer... quer, seja... seja.
causa: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, pois, por (+ infinitivo).
condição: se, caso, desde que, a não ser que, a menos que.
comparação: como, assim como, tal como, do mesmo modo que.
conformidade: conforme, segundo, consoante, como.
conclusão ou conseqüência: logo, portanto, pois, tão... que, tanto... que, de modo que, de forma
que, de maneira que, assim sendo, resumindo, por outro lado.
explicação: pois, porque, porquanto, por exemplo, isto é.
finalidade: para que, a fim de que, para (+ infinitivo).
oposição: mas, porém, entretanto, embora, mesmo que, apesar de (+ infinitivo).
proporção: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos.
tempo: quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto, sempre que.
semelhança ou ênfase: do mesmo modo, igualmente.
contraste: mas, porém, entretanto, todavia, ao contrário, em vez de, por outro lado, ao passo que,
desde.

Coerência
A coerência resulta da relação harmoniosa entre os pensamentos ou
idéias apresentadas num texto sobre um determinado assunto. Refere-se,
dessa forma, ao conteúdo, ou seja, à seqüência ordenada das opiniões ou
fatos expostos.

Não havendo o emprego correto dos elementos de ligação (conectivos),


faltará a coesão e, logicamente, a coerência ao texto.

Um texto é coerente quando existe harmonia entre as palavras, isto é,


quando elas apresentam vínculos adequados de sentido, e quando a men-
sagem organiza-se de forma seqüenciada, tendo um início, um meio e um
fim (GOLD, 1999).

O que voce não deve fazer na redação de um texto científico


1. Jamais use gírias.
2. Não utilize provérbios e outros ditos populares.
3. Nunca se inclua no texto.
4. Não utilize o seu texto para propagar doutrinas religiosas.
5. Jamais analise os temas propostos movido por emoções exageradas.
6. Não utilize exemplos contando fatos ocorridos com terceiros, que não sejam
de domínio público.

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Metodologia do Trabalho Científico

7. Nunca repita várias vezes a mesma palavra.


8. Procure não inovar, por sua conta, o alfabeto da língua portuguesa.
9. Tente não analisar os assuntos propostos sob apenas um dos ângulos da
questão.
10. Não fuja ao tema proposto.

Resumindo...

Princípios básicos quanto à produção de um texto científico

Objetividade
Os assuntos devem ser tratados de maneira direta e simples.
Apoiar-se em dados e provas e não em opiniões sem confirmação.
O emprego do pronome se é o mais adequado para manter a objetividade:
“procedeu-se ao levantamento”; “buscou-se tal coisa”; “realizou-se...” etc.
Outro recurso consiste em usar verbos nas formas impessoais: “tal infor-
mação foi obtida...”; “o procedimento adotado...”
Evitar o uso de primeira pessoa (eu, nós), dar preferência para: “este traba-
lho”, “no presente estudo”, “nesta pesquisa” etc.

Clareza
Idéias expressas sem ambigüidade.
Vocabulário adequado e de frases curtas, facilitando a leitura.
Correção gramatical.

Precisão
Empregar expressões que traduzam exatidão daquilo que se quer trans-
mitir (registro de observações, medições e análises efetuadas).
Usar adjetivos que indiquem claramente a proporção dos objetos
mencionados.
Ler e revisar os textos depois de digitados.

Coerência
Manter a seqüência lógica e ordenada na apresentação das idéias.

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Estilo e redação de um texto, observação e linguagem científica

Estrutura de um texto
Quanto à estrutura de um texto, segue um exemplo adaptado de Granatic
1996, cujo título é: Terra, uma preocupação constante.

Introdução

Expõe e delimita o assunto a ser discutido no restante do texto. Recomen-


da-se, para isso, a utilização do tópico frasal que resume todo o pensamento
a ser discutido no corpo do parágrafo ou dos parágrafos seguintes, no desen-
volvimento. As idéias abordadas nos parágrafos do desenvolvimento devem
estar intimamente relacionadas com as idéias da introdução. Exemplo:

1.ª etapa

Elaboração do tópico frasal e dos argumentos relacionados a ele (o número


de argumentos pode variar; nesse caso, apenas três são apresentados).

Tópico frasal Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas
que preocupam a todos.
1 Existem populações imersas em completa miséria.
2 A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais.
3 O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

2.ª etapa

Transcrição dos argumentos acima, com a inserção de conectivos ade-


quados para transformá-los em um parágrafo:

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver


graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas
em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos inter-
nacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério
desequilíbrio ecológico.

Desenvolvimento

Explica cada um dos argumentos e, para cada argumento, faz um novo


parágrafo.

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Metodologia do Trabalho Científico

Conclusão

Compõe-se de uma expressão inicial, somada à reafirmação do tópico,


mais uma observação final. Exemplo:

Em virtude dos fatos mencionados, é possível acreditar que o homem está muito
longe de solucionar os graves problemas que afligem diretamente uma grande parcela
da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É o desejo
de todos que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para
que o ser humano possa suportar as adversidades e construir um mundo que será
mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.

(GRANATIC, 1996, p. 82)

Exemplos de expressões iniciais a serem usadas numa conclusão


Dessa forma,
Sendo assim,
Em vista dos argumentos apresentados,
Em virtude do que foi mencionado,
Assim,
Levando-se em conta o que foi observado,
Por todas essas idéias apresentadas,
Tendo em vista os aspectos observados,
Por tudo isso,
Dado o exposto,

(GRANATIC, 1996, p. 82)

Observação e linguagem científica


A observação em ciência e o uso de uma linguagem científica são impor-
tantes instrumentos de pesquisa. Por meio dos procedimentos desses ins-
trumentos, e com treino específico, é possível coletar e registrar dados para
uma pesquisa. Os dados são interpretados e os resultados são comunicados
para outros com eficácia, através de uma linguagem adequada.

A prática da observação em ciência bem como o uso da linguagem cien-


tífica justificam-se pela sua grande relevância na vida profissional do pes-

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Estilo e redação de um texto, observação e linguagem científica

quisador. A observação, em suas diferentes situações, possibilita a coleta e


o registro de dados, que permitem a socialização e a avaliação do trabalho
do cientista. Desse processo investigativo obtém-se resultados que só terão
importância quando comunicados a outros, com eficácia. Assim sendo, é
preciso usar a linguagem científica, que é desprovida da subjetividade do
pesquisador e tem como característica fundamental a objetividade.

Espera-se, com isso, que o profissional possa compreender a importân-


cia da observação e da linguagem científica nas pesquisas. Para tanto, deve
também perceber as características do processo bem como a necessidade
de um treinamento em observação. Ademais, deve ser sensível ao uso cor-
reto da linguagem científica, obedecendo as suas regras para que haja uma
comunicação real acerca dos resultados obtidos numa investigação científi-
ca (DANNA; MATOS, 1999).

A necessidade da observação em ciência

A observação em ciência possibilita ao cientista comprovar, ou não, a sua


hipótese sobre um determinado problema, a respeito de um comportamen-
to ou de uma situação ambiental.

A observação permite o registro de dados, através dos quais o pesqui-


sador poderá explicar, prever, produzir, interromper ou evitar o fenômeno,
com uma possibilidade de acerto maior do que quem usa outros recursos.

Antes de iniciar uma observação, no entanto, é preciso identificar o obje-


tivo a ser atingido, pois é ele que vai determinar os dados a serem coletados.
Além disso, a observação científica deve ser sistemática e objetiva, o que
significa ser planejada e conduzida em função daqueles objetivos anterior-
mente definidos, além de ater-se aos fatos efetivamente observados.

Baseado nas observações, o pesquisador faz o diagnóstico preliminar, isto


é, identifica as deficiências existentes e as variáveis que afetam a situação,
assim como os recursos disponíveis no ambiente. Dessa forma, é possível de-
cidir quais as técnicas e procedimentos adequados para obter os resultados
que se pretende atingir.

Para atender as características de cada observação científica, é necessário


um treino específico, o qual poderá propiciar melhor capacitação e desem-
penho do pesquisador em tais situações (DANNA; MATOS, 1999).

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Metodologia do Trabalho Científico

A importância da linguagem científica


Para que haja uma comunicação eficiente dos resultados obtidos a partir
de uma observação, é necessário usar uma linguagem científica, que possui
características específicas.
Uma dessas características fundamentais é a objetividade, isto é, os rela-
tos devem ser isentos de interpretações ou quaisquer outras subjetividades
por parte do observador. É preciso descrever exatamente as ações que ocor-
rem. Por essa razão, Danna e Matos (1999) recomendam que se evitem os
seguintes erros:

Termos de designem estados subjetivos: cansada, triste, alegre etc. Ao


invés de usar termos que descrevam o “estado” do sujeito (expressa
por um adjetivo), deve-se descrever a “ação” (expressa por um verbo).
Por exemplo, a palavra “alegre” (estado/adjetivo) deve ser substituída
por “sorrir” (ação/verbo).
Atribuição de intenções ao sujeito: ao invés de interpretar as inten-
ções do sujeito, o observador deve descrever as ações observadas. Por
exemplo: o relato “Fulano quer sair do ônibus” deve ser substituído por
“Fulano caminha em direção à porta do ônibus”.
Atribuição de finalidades à ação: o observador não deve interpretar os
motivos que levaram o sujeito a se comportar de certa maneira, deve
apenas descrever a ação e as circunstâncias em que ela ocorre. Por
exemplo: o relato “Fulano fecha a porta porque venta” deve ser substi-
tuído por “Fulano fecha a porta. Venta lá fora.”

Além dos erros acima citados, também é necessário ter clareza e precisão
lingüística, o que significa obedecer a critérios de estrutura gramatical do
idioma e evitar:
Termos que sejam ambíguos: por exemplo, a descrição “Fulano que-
brou as cadeiras”, pode gerar a dúvida: seriam móveis que servem de
assento ou ossos ilíacos?
Vocabulário com significado vago ou indefinido: por exemplo, “Fulano
falou várias vezes”, deve ser substituído por “Fulano falou cinco vezes”.
Termos amplos: por exemplo: “brincar” pode ter vários significados,
tais como, jogar bola, peteca, pular corda etc., por essa razão, ao invés
de registrar “o menino brinca com a bola”, deve-se especificar cada
uma das ações apresentadas pelo garoto, ou seja, “o menino anda em
direção à bola, pega a bola, joga-a no chão etc.”
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Estilo e redação de um texto, observação e linguagem científica

A observação em ciência e o uso da linguagem científica são procedi-


mentos imprescindíveis na atividade profissional do pesquisador. O primeiro
procedimento torna possível a coleta de dados, tão importante para a confir-
mação, ou não, de uma hipótese sobre um determinado problema. O segun-
do, permite a transmissão real, para outros, dos resultados obtidos a partir da
interpretação dos dados coletados durante a observação.

Reconhecer a importância desses processos e seguir as suas regras espe-


cíficas é trilhar por um caminho seguro, que leva o pesquisador a obter re-
sultados mais fidedignos acerca da ciência, ou mais especificamente acerca
do seu objeto de estudo.

Ampliando seus conhecimentos

Observação controlada e observação participante


Cristina Costa, 1997, p. 213.

Sendo a observação um dos procedimentos primordiais no desenvolvimento de


qualquer ciência, ela desempenhou também papel fundamental nas ciências so-
ciais. Os sociólogos procuraram estabelecer critérios fidedignos para os métodos
de observação, criando inúmeras formas de treinamento com o objetivo de dar ao
pesquisador garantias de que seus dados não seriam deturpados pela ação direta
do observador sobre o fenômeno observado. Essas técnicas estabeleciam formas de
observação à distância, observação repetida e, mais tarde, sob influência do desen-
volvimento da pesquisa antropológica, observação participante.

Esta última modalidade implica a inserção do pesquisador como elemento inte-


grante do fenômeno observado, tendo essa estratégia o objetivo de garantir menor
interferência do observador naquilo que observa. Nos anos 60 e 70 muitas pesquisas
se desenvolveram nesse sentido, nas quais os pesquisadores conviviam por deter-
minado tempo com uma comunidade. Com o intuito de observar a organização de
operários numa fábrica, por exemplo, os pesquisadores passavam a trabalhar na fá-
brica, podendo assim observar de perto e também de dentro essa realidade.

Outra forma de controle dos desvios inerentes à técnica da observação é repeti-Ia,


fazendo variar os horários e as condições do fenômeno que se quer observar. Temos
nesse caso a possibilidade de distinguir o que é essencial e o que é circunstancial
nos acontecimentos observados.

Há, ainda, para garantir maior objetividade aos métodos de observação, a estraté-
gia da observação comparada de grupos de controle. Imaginemos que um sociólo-
go tenha interesse em observar a emergência de líderes em grupos sociais e esco-
lha para isso a observação de um grupo de crianças num acampamento de férias. É

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Metodologia do Trabalho Científico

possível comparar os dados obtidos com outros, resultantes da observação de outro


grupo de crianças em outra situação, por exemplo, em um trabalho em sala de aula.
Nesse caso, estaremos fazendo variar não só as condições que envolvem um mesmo
acontecimento, mas o tipo de acontecimento.

Em qualquer tipo de observação, entretanto, um elemento indispensável é o re-


gistro sistemático dos dados observados. Muitas vezes, por mais que se sustente a
regularidade dos fenômenos [...], estaremos observando situações únicas. Os regis-
tros garantirão uma sistematização daquilo que observamos e a armazenagem de
elementos importantes dessa observação.

Atividades de aplicação
1. Conforme o que você aprendeu nesta aula, qual a importância da ob-
servação para uma pesquisa científica?

2. Faça uma observação da sua sala de aula, durante alguns minutos.


Depois, reúna-se em grupos de 3 a 4 alunos e compare as observações
de cada um. Discutam a fidedignidade da linguagem utilizada.

3. Vídeo: A prova (Austrália, 1992. Dirigido por Jocelyn Moorhouse. Du-


ração 91 min.). O filme mostra como um cego descobre atitudes falsas
daqueles que o cercam por meio de um método próprio de registro da-
quilo que não vê: fotografias, que ele tira por onde anda e cuja descrição,
feita por um amigo, escreve em braile.
Estabeleça, a partir desse filme, a importância do registro de observações
na trama que envolve o cego, personagem principal do filme e elabore
um texto com Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.

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Estilo e redação de um texto, observação e linguagem científica

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Estrutura de uma monografia

“Monos (um só); graphein (escrever) – monografia é o estudo por escrito


de um único tema específico, bem delimitado” (SALOMON, apud MARTINS;
LINTZ, 2000, p.21).
As monografias são exigidas ao final de cursos de graduação, especialização ou pós-
graduação (lato sensu). Na monografia, como o próprio nome revela, escreve-se sobre um
único tema, não necessariamente novo, inédito. Entretanto, não há impedimento nenhum
que a abordagem desse tema se inter-relacione com outros e que aborde vários aspectos
de um mesmo tema. (HÜBNER, 1998, p.19)

Atualmente, apesar de muitas instituições aplicarem, inadequadamente,


a denominação Monografia para diversos trabalhos de natureza acadêmica,
há uma tendência em atribuir a denominação TRABALHO DE CONCLUSÃO
DE CURSO (TCC) aos trabalhos acadêmicos de conclusão de curso.

O requisito mínimo é que a monografia aborde com precisão, clareza e


encadeamento lógico um tema de relevância social e científica.

Ao se escrever uma monografia, realiza-se um trabalho de três partes


inevitáveis, ou seja: introdução, desenvolvimento e conclusões ou recomen-
dações. De acordo com Fonseca, (2007), essas partes estão distribuídas em
elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais:

Elementos pré-textuais
(informações que ajudam na identificação e na utilização do trabalho)
Capa.

Folha de rosto.

Dedicatória, localizada na parte inferior, à direita da página


(opcional).

Agradecimentos, localização idem ao item anterior (opcional).

Epígrafe, um pensamento que tenha relação com o trabalho. A fonte


(autor) é indicada abaixo da epígrafe. Localizada na parte inferior, à
direita da página (opcional).

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Metodologia do Trabalho Científico

Termo de aprovação, fornecido pela instituição de educação do curso


em questão.

Sumário, é a relação das partes, capítulos, itens e subitens do trabalho.

Lista de tabelas, figuras, abreviaturas ou símbolos, se houver (con-


dicionada à necessidade).

Lista de apêndices, se houver (condicionada à necessidade).

Lista de anexos, se houver (condicionada à necessidade).

Resumo é a apresentação concisa do texto destacando os aspectos de


maior interesse e importância (tema, objetivos, métodos, resultados e
conclusões). O resumo deve ser redigido por último, na mesma língua
do texto. Deve ser digitado em espaço simples, num único parágrafo e
com uma extensão de, no máximo, 250 palavras.

Abstract é o resumo escrito numa língua estrangeira, normalmente


Inglês.

Obs: cada um desses itens deve iniciar numa nova página e na ordem acima apre-
sentada, com exceção de “resumo e abstract”, que devem ficar numa mesma página.

Elementos textuais
(Compreende a introdução e os seus componentes. Também é a parte do traba-
lho onde se expõe o conteúdo da pesquisa. Sua organização depende da nature-
za do trabalho)

1 Introdução
É a explicação do autor para o leitor sobre o tema da monografia. Esta será
a primeira seção do texto (chamada seção primária), portanto, terá o indica-
tivo 1 (exemplo: 1 INTRODUÇÃO), de acordo com a norma NBR 6024:1990.
Deve ter início numa folha própria.

Essa parte inicial do trabalho tem a finalidade de dar ao leitor uma visão
clara e simples do assunto, que é apresentado como um todo, sem detalhes.
Aqui, não são mencionados os resultados alcançados, pois estes causariam
o desinteresse pela leitura integral do trabalho. A introdução poderá ser es-

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Estrutura de uma monografia

boçada no início do trabalho de pesquisa, mas só será concluída no final,


quando o autor já tiver coletado todas as informações sobre o tema objeto
de estudo.

Essa seção será subdividida em: justificativa, objetivo(s), descrição (delimi-


tação do tema)/Problema, hipótese(s), método e cronograma de atividades.

1.1 Justificativa

Explicar os motivos que levaram o autor a realizar tal pesquisa. Por que
pesquisar esse assunto e qual a sua relevância social?

1.2 Descrição do tema (delimitação do tema)/problema

A descrição ou delimitação do tema descreve o enfoque do estudo. Infor-


ma em que espaço (geográfico) e tempo (histórico) o tema será delimitado.

O problema expõe uma questão a ser solucionada com a pesquisa de


campo. Deverá ser escrito com uma frase interrogativa.

Importante: se a monografia inclui apenas pesquisa teórica (bibliográfi-


ca) sobre o tema, deve-se optar por descrição do tema ou delimitação do
tema. No entanto, se a monografia inclui uma pesquisa de campo, opta-se
por problema.

1.3 Hipótese(s)

Oferece uma ou mais respostas possíveis para a pergunta estabelecida no


item anterior (problema). Trata-se de uma ou mais afirmações que serão testa-
das mediante a evidência dos resultados empíricos e da reflexão teórica, por
meio da pesquisa de campo. São explicações provisórias, isto é, elas explicam
o assunto até que as conclusões do estudo as confirmem ou rejeitem.

Caso não haja o item problema, este item (hipótese) será omitido.

1.4 Objetivo geral

Expõe o objetivo geral do trabalho. Para quê pesquisar? Quais os propósi-


tos do estudo? Onde o autor quer chegar com esse estudo? Definição do que
se espera conseguir com a investigação e onde se pretende chegar. Deve ser
formulado em um parágrafo apenas, iniciando com um verbo de ação, no in-
finitivo (exemplos: analisar..., avaliar..., averiguar..., comparar..., compreender...,

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Metodologia do Trabalho Científico

conhecer..., demonstrar..., desenvolver..., distinguir..., empregar..., estudar...,


expor..., identificar..., interpretar..., introduzir..., observar..., propor..., etc.).

1.4.1 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são uma espécie de “divisão” do objetivo geral


em diversos passos. Esses passos são necessários e devem permitir que se
alcance o objetivo geral. Cada objetivo específico deve iniciar com um verbo
de ação no infinitivo, conforme descrito no item anterior.

1.5 Método

É o relato detalhado dos procedimentos realizados para resolver o pro-


blema exposto. É a descrição dos passos e técnicas utilizados na execução
da pesquisa. Deve conter:

Participantes: (quem? onde? quando?) delimita o universo a ser


pesquisado. Quem e quantos foram os indivíduos estudados na pes-
quisa, indicando o sexo e idade. Indica, também, o local e a data da
pesquisa.

Instrumentos: (com quê?) descreve os instrumentos utilizados para


fazer a pesquisa, isto é, questionários, entrevistas, formulários, fotos.

Procedimentos: (como?) descreve como os indivíduos foram avalia-


dos, em que situação e momento a pesquisa foi feita.

Análise de dados: descreve sinteticamente o modo de organização e


análise das informações encontradas. Dá uma explicação acerca da ta-
bulação dos dados (aspectos quantitativos, estatísticos) e critérios de
análise e julgamento. No caso da utilização de softwares específicos,
indicar nomes e fontes dos mesmos.

2 Referencial teórico
(Marco teórico ou fundamentação teórica)

É o desenvolvimento do assunto propriamente dito, realizado por meio


da busca em livros, periódicos, jornais, internet, CD-ROMs etc. A tarefa inclui,
também, a interpretação e o julgamento das informações coletadas. Está im-
plícito que essa fase requer muita leitura, e ela deve ser feita com objetivos
específicos, a fim de se obter uma fundamentação teórica consistente com
a pesquisa.
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Estrutura de uma monografia

As informações teóricas coletadas devem ser transcritas de acordo com


os critérios estabelecidos nas Normas da ABNT. É importante lembrar que
para todas essas citações, sejam indiretas, diretas, longas ou curtas, deve-se,
obrigatoriamente, mencionar a fonte de onde foram retiradas.

O desenvolvimento do trabalho pode ser dividido em mais seções, tais


como: primárias, secundárias, terciárias ou quaternárias, obedecendo para cada
uma delas, uma diferenciação na digitação das letras (veja o exemplo abaixo).

Item primário: 2 CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS (Maiúsculas, em negrito)


Item secundário: 2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA (Maiúsculas, sem negrito)
Item terciário: 2.1.1 Fontes bibliográficas (Só a primeira letra maiúscula, sem negrito)
Item quaternário: 2.1.1.1 Livros de referência (Só a primeira letra maiúscula, sem negrito)

Não se usa o título “desenvolvimento”. Os títulos aparecem de acordo com


o assunto abordado.

3 Resultados e discussão

Os resultados deverão ser apresentados de acordo com a sua análise es-


tatística, incorporando-se no texto apenas as tabelas, os quadros, os grá-
ficos e outras ilustrações estritamente necessárias à compreensão do de-
senrolar do raciocínio; os demais deverão constar em apêndice (MARCONI;
LAKATOS, 2001).

Além da descrição dos resultados, proceder a discussão e a interpretação


dos mesmos. O pesquisador deverá fazer as ligações lógicas e comparações,
enunciar princípios e fazer generalizações.

4 Conclusões e sugestões para trabalhos futuros

A conclusão é a síntese interpretativa de todos os dados coletados, teó-


ricos e práticos. Faz uma revisão dos fatos pesquisados, constitui-se numa
resposta ao objetivo enunciado na introdução e demonstra a comprovação,
ou não, da(s) hipótese(s) estabelecida(s) no início do estudo. A conclusão
deve ser breve e basear-se em dados comprovados.

No decorrer da investigação, o autor pode deparar-se com questões que


interessem ao assunto objeto de estudo, sem que façam parte dele. Assim,
após as conclusões, poderá fazer sugestões para estudos e trabalhos futuros,
com base na pesquisa que acaba de concluir.

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Metodologia do Trabalho Científico

Elementos pós-textuais
(Elementos complementares que têm relação com o texto, mas que, para
torná-lo menos denso, costumam ser apresentados após os elementos
textuais)

5 Referências

Ao longo da monografia são apresentadas citações teóricas de vários


autores. Esses autores devem ser mencionados sempre, com as respectivas
citações. Nesse item, “Referências”, todos aqueles autores mencionados na
parte teórica serão listados de forma integral (autor, título da obra, cidade,
editora, ano, entre outros), conforme as orientações nas Normas da ABNT.

6 Apêndices (condicionados à necessidade)

São textos ou documentos elaborados pelo autor (questionários, fotos,


gráficos etc.), a fim de complementar e esclarecer o estudo. Esses documen-
tos devem aparecer logo após as referências.

7 Anexos (condicionados à necessidade)

São textos ou documentos utilizados na pesquisa, mas não elaborados


pelo autor (questionários, fotos, catálogos, gráficos etc.). Constituem infor-
mações que o pesquisador julgar necessárias para melhor compreensão do
projeto. Esse material é anexado sem numeração de páginas.

8 Glossário (condicionado à necessidade)

É a lista em ordem alfabética de palavras ou expressões técnicas de uso


restrito, utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições. Fun-
ciona como um pequeno “dicionário” do trabalho monográfico.

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Estrutura de uma monografia

Estrutura de uma monografia

Glossário1

Anexos1

Apêndices1
Referências

Elementos textuais
Resumo
Listas1
Sumário1
Termo de aprovação
Epígrafe2
Agradecimentos2
Dedicatória2
Folha de Rosto
Capa1

1
Elementos condicionados à necessidade
2
Elementos opcionais

75

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Metodologia do Trabalho Científico

Exemplo de folha de rosto

AUTOR

TÍTULO

Trabalho de Conclusão de Curso


(Monografia, Tese, Dissertação) apresentado
como requisito parcial à obtenção do grau
de Bacharel (Licenciatura, Graduação,
Mestrado, Doutorado) em (especificação
do curso) (departamento) (instituição).

Orientador: Prof. Xxxxxxxx Yyyyyyyy

LOCAL (CIDADE)

ANO

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Estrutura de uma monografia

Atividades de aplicação
a. Antes de iniciar a elaboração de uma monografia, vá até uma bibliote-
ca e consulte algumas monografias já prontas. Observe os elementos
utilizados nestas monografias, e “como” eles estão dispostos ao longo
do trabalho.

“Lembre-se que nem todos os elementos de uma monografia são


obrigatórios, e que a sua estrutura não é fixa, isto é, ela pode ser mo-
dificada e determinada pelo tipo de problema pesquisado, pelo estilo
do pesquisador e pelas exigências da instituição à qual a monografia
se destina.”

b. Ao fim dessa observação, faça uma comparação entre os elementos


que foram utilizados nas monografias consultadas, e aqueles já expos-
tos em seu material (ou a serem expostos).

2) Ler o livro: FONSECA, Regina Célia Veiga da Fonseca. Como ­elaborar


projetos de pesquisa e monografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.
Capítulo VII.

Nesta obra a autora indica as várias etapas para a elaboração de uma


monografia. O Capítulo VII mostra todos os elementos necessários para
a monografia e na ordem em que devem ser dispostos no trabalho. O
material é amplo, atualizado com as Normas da ABNT (NBR’s 10520,
14724 E 6023) e apresenta orientações esclarecedoras ao estudante
pesquisador.

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Normas da ABNT

Ciência é conhecimento público. A elaboração de textos de pesquisa, o


preparo de livros e a organização de documentos com informações para pú-
blicos diferenciados são algumas das facetas importantes do vasto processo
de comunicação que sustenta permanentemente as atividades acadêmicas.

Além da comunicação direta que viabiliza o intercâmbio de idéias e expe-


riências entre as pessoas, a comunicação indireta, por meio de documentos,
assume importância cada vez maior em nossa sociedade.

Na qualidade de autor, toda pessoa tem responsabilidade na produção


normalizada de documentos, sendo também de sua alçada facilitar a iden-
tificação, o tratamento e o uso por todos quantos possam se interessar por
eles (UFPR, 1996).

Além do cuidado na produção de um texto acadêmico/científico, é pre­


ciso atender a várias outras normas acerca da sua digitação e estrutura:

Digitação e estrutura de um trabalho acadêmico


Conforme o manual “Normas para apresentação de trabalhos” da UFPR
(1996), a apresentação de trabalhos digitados deve seguir as seguintes
orientações:

Formato

Produzir o trabalho em laudas (um só lado do papel) em formato A4


(210 x 297 mm).

Folha de estilo

Folha de estilo é o conjunto de definições de formatos de apresentação


de linhas, de parágrafo e de divisões de um documento. O aplicativo Word
(Editor de texto) possui vários recursos de edição. A pré-formatação para digi-
tação de trabalhos facilita a tarefa, pois estabelece de antemão alguns itens:

margem superior de 3,0cm;

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Metodologia do Trabalho Científico

margem esquerda de 3,0cm;


margem inferior de 2,0cm;
margem direita de 2,0cm;
margem de parágrafo: geralmente 7 (sete) espaços a partir da margem
esquerda;
alinhamento: “justificado”;
entre linhas: geralmente 1,5;
tipos de letras: geralmente Arial ou Times New Roman;
tamanho da letra: geralmente fonte 12 para o texto.

Paginação

Páginas anteriores ao texto (elementos pré-textuais): A capa não é con-


tada na numeração das páginas. Todas as páginas restantes são contadas,
mas os números não ficam visíveis. A página de rosto é considerada a de
número 1.

Texto (elementos textuais e pós-textuais): as páginas são numeradas


com algarismos arábicos, colocados no canto superior direito. Geralmente,
a numeração passa a ficar visível a partir da Introdução. Todas as páginas
seguintes, incluindo as páginas dos elementos pós-textuais, são numeradas
do mesmo modo, na seqüência do corpo do trabalho.

Capa

Capa é a cobertura que reveste o trabalho. É obrigatória em teses, disser-


tações e monografias.

Folha de rosto

Folha de rosto é a folha que apresenta os elementos essenciais à identi-


ficação do trabalho. Deve conter informações idênticas e na mesma ordem
que as da capa, mas com o acréscimo de:
nota indicando a natureza acadêmica do trabalho, além da unidade de
ensino e instituição em que é apresentado.

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Normas da ABNT

Glossário*
Anexos* AUTOR
Apêndices*
Referências

Texto
Sumário* TÍTULO
Folha de Rosto
Capa*
Trabalho de Conclusão de Curso
(Monografia,Tese, Dissertação) apresentado
como requisito parcial à obtenção do grau
de Bacharel (Licenciatura, Graduação,
Mestrado, Doutorado) em (especificação
do curso) (departamento) (instituição).

Orientador: Prof. Xxxxxxxx Yyyyyyyy

LOCAL (CIDADE)

* Elementos ANO
condicionados à
necessidade.

Estrutura de um Trabalho Acadêmico. Folha de rosto de Trabalho Acadêmico.

Sumário

É a relação dos capítulos e seções do trabalho, na ordem em que aparecem.

Texto

É a parte do trabalho em que o assunto é apresentado e desenvolvido.


Pode ser dividido em capítulos e seções, ou somente em capítulos. Conforme
a finalidade a que se destina, o trabalho é estruturado de maneira distinta,
mas geralmente consiste de introdução, desenvolvimento e conclusão.

Sempre que o texto empregar: palavras e frases em língua estrangeira,


títulos de livros e periódicos, letras ou palavras que mereçam destaque ou
ênfase, estes devem ser escritos em negrito ou itálico.

Apêndices

São textos ou documentos elaborados pelo autor, a fim de complemen-


tar e esclarecer o estudo. Esses documentos, quando necessários para o tra-
balho, devem aparecer logo após as Referências bibliográficas.

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Metodologia do Trabalho Científico

Anexos

São textos ou documentos não elaborados pelo autor. Anexo é a maté-


ria suplementar, tal como leis, questionários, estatísticas, que se acrescenta
a um trabalho como esclarecimento ou documentação, sem dele constituir
parte essencial. Constituem informações que o pesquisador julgar necessá-
rias para melhor compreensão do projeto. Esse material é anexado sem nu-
meração de páginas.

Glossário

Glossário é a relação de palavras de uso restrito, acompanhadas das res-


pectivas definições, com o objetivo de esclarecer o leitor sobre o significado
dos termos empregados no trabalho. É apresentado em ordem alfabética.

Notas de rodapé
São informações que aparecem ao pé das páginas com o objetivo de
complementar alguns pontos do texto sem, no entanto, o sobrecarregar. As
notas de rodapé podem ser de referências (com indicação das fontes con-
sultadas), ou explicativas (que evitam explicações longas dentro do texto).
São utilizadas para:
indicar a fonte de uma citação, ou seja, o livro de onde se extraiu uma
frase ou do qual se utilizou uma idéia ou informação;
fornecer a tradução de uma citação importante;
fazer observações pertinentes e comentários adicionais etc.

As notas de rodapé se localizam na margem inferior da mesma página


onde aparecem com as chamadas numéricas recebidas no texto. São sepa-
radas do texto por um traço contínuo de 3cm, a partir da margem esquerda,
digitadas em espaço simples e com caracteres menores do que o usado para
o texto (geralmente fonte n.º 10). Exemplo:

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Normas da ABNT

Na opinião de Gibson1, com o surgimento da Teoria dos Stakeholders2, passou-


se a dar atenção aos interesses de outros grupos de pessoas, que não fossem apenas
os acionistas ou proprietários da empresa. Essa preocupação contribui para melhorar
a imagem da organização.
__________________
1
GIBSON, K. The moral basis of stakeholder theory. Journal of Business Ethics. Dordrecht, v. 26,
p.245-257, Aug. 2000.
2
stakeholders são todos os grupos ou indivíduos que podem afetar ou ser afetados pela empresa, ao
realizar os seus objetivos: acionistas e investidores, funcionários, clientes, fornecedores, comunida-
de, governo e sociedade em geral. (FREEMAN, 1984).

Por questões de apresentação formal do trabalho, recomenda-se que as


notas de rodapé não sejam muito longas.

Citações
São informações extraídas de fontes consultadas e mencionadas no texto,
com a função de esclarecer e sustentar o assunto abordado, complementan-
do as idéias do autor do trabalho acadêmico-científico. Para todo e qualquer
tipo de citação, direta ou indireta, é obrigatório mencionar a fonte de onde a
idéia foi retirada, isto é, o sobrenome(s) do(s) autor(es) e o ano de publicação
da obra, a saber:

se o sobrenome do autor estiver inserido no contexto, apenas o ano


de edição da obra ficará entre parênteses. Exemplo:
Conforme afirma Fonseca (2007), o homem queria uma explicação para o mundo...

se o sobrenome do autor não estiver inserido no contexto, ele deve


constar entre parênteses, seguido pelo ano de edição da obra.
Exemplo:
O homem queria uma explicação para o mundo (FONSECA, 2007)...

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Metodologia do Trabalho Científico

Utilizam-se diferentes tipos de citações:

Citações diretas

São transcrições exatas de um texto ou de parte dele, permanecendo a


pontuação, a grafia e o idioma exatamente como aparecem no original, sem
sofrer modificação alguma. Subdividem-se em:

Citações diretas curtas (até três linhas): são transcritas entre aspas,
com o mesmo tipo e tamanho da letra que está sendo utilizada no
texto. O uso das aspas delimita as citações diretas. Após uma citação
direta, além do sobrenome do autor e o ano de publicação da obra, é
necessário indicar a página em que ela se localiza. Exemplo:

O conhecimento do senso comum é o “conhecimento do povo,


obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É ametódico e assistemático.”
(CERVO; BERVIAN, 1983, p. 7).

Citações diretas longas (com mais de três linhas): são transcritas em


parágrafo distinto. Iniciam na margem de parágrafo, sem deslocamen-
to na primeira linha, e terminam na margem direita. A segunda linha e
seguintes são alinhadas sob a primeira letra do texto da citação.
O texto da citação direta longa é apresentado sem aspas, em espaço
simples e letra menor do que o restante do texto (geralmente fonte n.º
10). Esta citação, sendo direta, também requer a indicação do autor,
ano e página. Exemplo:

O conhecimento científico é um produto da necessidade de se al-


cançar um conhecimento seguro e pode surgir como problema de
investigação,
[...] a investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimen-
tos existentes, originários das crenças do senso comum, das religiões ou da
mitologia, são insuficientes e impotentes para explicar os problemas e as
dúvidas que surgem (KÖCHE, 1997, p.24).

Percebe-se, então, que o conhecimento é uma busca com raízes muito


mais profundas e antigas do que se pode imaginar.

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Normas da ABNT

Citações indiretas (ou livres)


É o texto redigido pelo autor do trabalho mas com base em idéias de
outro(s) autor(es). No entanto, deve traduzir fielmente o sentido do texto ori-
ginal. As citações indiretas devem obrigatoriamente indicar a fonte de onde
foram retiradas, mas sem mencionar a página, isto é, somente o sobrenome
do autor e o ano de publicação da obra. Exemplo: (MEDEIROS, 2000).

Citação de citação

É a transcrição textual ou conceitos de um autor sendo ditos por um


segundo autor. Usa-se para isso a expressão apud, que em Latim significa:
citado por, conforme, segundo. Veja exemplos de citação direta e indireta.

A respeito do conhecimento, Leopoldo e Silva (apud COTRIN, 2000, p. 57)


afirma:
A teoria do conhecimento pode ser definida como a investigação acerca das condições
do conhecimento verdadeiro. Neste sentido podemos dizer que existem tantas teorias
do conhecimento quantos foram os filósofos que se preocuparam com o problema, (...)
O conhecimento do senso comum caracteriza-se por ser elaborado de forma
espontânea e instintiva. Segundo Buzzi (apud KÖCHE, 1997, p. 24), “o conheci-
mento do senso comum é um viver sem conhecer”.

Citação de informações da internet

As citações de informações extraídas de textos da internet devem ser uti-


lizadas com cautela, dada a sua temporalidade e fidedignidade. Avaliar bem
o material antes de utilizá-lo. As orientações para esse tipo de citação são as
mesmas das citações anteriores.

Referências
Esse é um elemento obrigatório. É a relação das fontes utilizadas pelo
autor e que permite a identificação de documentos impressos ou registrados
em qualquer suporte físico, tais como: livros, periódicos, material audiovisual
ou internet. As Referências devem ser mencionadas em trabalhos científicos

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Metodologia do Trabalho Científico

dos mais variados tipos: trabalhos acadêmicos, monografias, dissertações,


teses etc. Elas podem aparecer em nota de rodapé, em lista bibliográfica ou
encabeçando resumos. Não confundir com bibliografia, que é a relação de
documentos sobre determinado assunto ou de determinado autor. Todas
as obras citadas no texto devem, obrigatoriamente, figurar nas referências,
de acordo com as normas da ABNT. Não se usa mais o termo REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS, usa-se somente REFERÊNCIAS, considerando-se que atual-
mente as referências podem não ser apenas de livros, mas de várias outras
fontes, ou seja, internet, CD-ROMs, vídeos etc.

A lista de referências deve estar em ordem alfabética. O sobrenome do


autor, em letras maiúsculas, deve ser seguido do seu prenome, de preferên-
cia por extenso.

Como recurso tipográfico para destaque do título das obras com a indi-
cação da autoria ou responsabilidade, a ABNT sugere o itálico, o negrito ou
o grifo.

Livros (com um só autor)

SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título. Edição, quando mencionada na


obra. Local: Editora, Ano.

Exemplo:

ARAÚJO, Jorge Sequeira de. Administração de materiais. 5. ed. São Paulo:


Atlas, 1981.

Livros (com dois, três ou mais autores)

Quando a obra tiver dois ou três autores, mencionam-se todos na entra-


da, na ordem em que aparecem na publicação, separados por ponto e vírgu-
la. Em seguida, seguem os itens restantes da obra. Exemplo:

MAMEDE, Marli Villela; CARVALHO, Emilia Campos; CUNHA, Ana Maria...

Se há mais de três autores, mencionam-se até os três primeiros, separa-


dos por ponto e vírgula, seguidos da expressão latina et alii (abrevia-se et al.),
que quer dizer “e outros”. Exemplo:

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Normas da ABNT

MAMEDE, Marli Villela et al...

Artigos de publicações periódicas (revistas)

SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Título do


periódico, local de publicação (cidade), número do volume, número do fas-
cículo, página inicial-final, mês, ano.

Exemplo:

RÉGNIER, Erna Martha. Educação/formação profissional: para além dos novos


paradigmas. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 21, n.1, p.3-13, jan./
abr. 1995.

Artigos de jornal

SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Título do


jornal, local de publicação (cidade), dia, mês, ano. Número ou título do ca-
derno, seção ou suplemento, páginas inicial-final.

Exemplo:

MORIN, Edgar. A ciência total. Folha de S. Paulo, 6 set. 1998. Caderno Mais, p.
5-11.

OBS: quando o título do jornal já contém o nome da cidade da publica-


ção, não é preciso repeti-la.

MARTINS, Fernando. IPTU deve render mais 25% a mais. Gazeta do Povo,
Curitiba, p. 9, 13 jan. 2001.

OBS: quando não houver seção, caderno ou parte, a paginação do artigo


ou matéria precede a data.

Guia
TÍTULO. Local: Editora, data, paginação.
Exemplo:

BRASIL: roteiros turísticos. São Paulo: Folha da Manhã, 1995, 319 p.

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Metodologia do Trabalho Científico

Eventos

NOME DO CONGRESSO, número., ano, Local de realização (cidade). Título...


Local de publicação (cidade): Editora, data de publicação.

Exemplo:

SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 7., 1991, Rio de Ja-


neiro. Anais... Rio de Janeiro: SIBI/UFRJ, 1992.

Catálogos de exposições, de editores e outros

INSTITUIÇÃO / AUTOR. Título. Local, ano. Nota de Catálogo.

Exemplo:

BRITISH COUNCIL. Paperbacks for universities. London, 1981. Catálogo de


exposição.

Internet

SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. (ano da publicação). Nome do artigo.


Local. Nome do periódico on-line. Disponível em: endereço da internet (data
da consulta).

Exemplo:

MORGADO, Lina. (1998) O lugar do hipertexto na aprendizagem: alguns


princípios para a sua concepção. São Paulo: Moderna Online. Fazendo Escola.
Disponível em: http://www.moderna.com.br/escola/prof/art22.htm (acesso
em: 17 set. 1999).

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Normas da ABNT

Atividades de aplicação
1. Em grupos de três ou quatro alunos discuta as conseqüências desfavo-
ráveis que podem advir da não-observância das normas da ABNT, em
um trabalho científico, com relação à...

Estrutura

Digitação

Comunicação das idéias

Identificação das informações

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Metodologia do Trabalho Científico

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Referências
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COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
DANNA, Marilda. F; MATOS, Maria A. Ensinando observação: uma introdução. 4. ed. São
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